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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/283853274 Ansiedade: Intervenções de enfermagem. Article · January 2014 CITATIONS 0 READS 20,944 2 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Positive Mental Health Program (PMHP)// Programa de Promoção de Saúde Mental Positiva (PPSM+) View project Literacia, Primeira Ajuda e Saúde Mental Positiva View project José Carlos Carvalho Escola Superior de Enfermagem do Porto - CINTESIS 68 PUBLICATIONS 91 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by José Carlos Carvalho on 26 November 2015. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/283853274_Ansiedade_Intervencoes_de_enfermagem?enrichId=rgreq-93ba23a5042fefcd649299245dff728e-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4Mzg1MzI3NDtBUzozMDAwNzcyNjk3MDA2MTNAMTQ0ODU1NTQwNDQ2NA%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/283853274_Ansiedade_Intervencoes_de_enfermagem?enrichId=rgreq-93ba23a5042fefcd649299245dff728e-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4Mzg1MzI3NDtBUzozMDAwNzcyNjk3MDA2MTNAMTQ0ODU1NTQwNDQ2NA%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Positive-Mental-Health-Program-PMHP-Programa-de-Promocao-de-Saude-Mental-Positiva-PPSM?enrichId=rgreq-93ba23a5042fefcd649299245dff728e-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4Mzg1MzI3NDtBUzozMDAwNzcyNjk3MDA2MTNAMTQ0ODU1NTQwNDQ2NA%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Literacia-Primeira-Ajuda-e-Saude-Mental-Positiva?enrichId=rgreq-93ba23a5042fefcd649299245dff728e-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4Mzg1MzI3NDtBUzozMDAwNzcyNjk3MDA2MTNAMTQ0ODU1NTQwNDQ2NA%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-93ba23a5042fefcd649299245dff728e-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4Mzg1MzI3NDtBUzozMDAwNzcyNjk3MDA2MTNAMTQ0ODU1NTQwNDQ2NA%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Jose_Carlos_Carvalho2?enrichId=rgreq-93ba23a5042fefcd649299245dff728e-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4Mzg1MzI3NDtBUzozMDAwNzcyNjk3MDA2MTNAMTQ0ODU1NTQwNDQ2NA%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Jose_Carlos_Carvalho2?enrichId=rgreq-93ba23a5042fefcd649299245dff728e-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4Mzg1MzI3NDtBUzozMDAwNzcyNjk3MDA2MTNAMTQ0ODU1NTQwNDQ2NA%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Jose_Carlos_Carvalho2?enrichId=rgreq-93ba23a5042fefcd649299245dff728e-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4Mzg1MzI3NDtBUzozMDAwNzcyNjk3MDA2MTNAMTQ0ODU1NTQwNDQ2NA%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Jose_Carlos_Carvalho2?enrichId=rgreq-93ba23a5042fefcd649299245dff728e-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4Mzg1MzI3NDtBUzozMDAwNzcyNjk3MDA2MTNAMTQ0ODU1NTQwNDQ2NA%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf 11/3/2015 PRESENCIA revista de enfermería de salud mental ISSN 18850219 http://www.indexf.com/presencia/n20/p10060.php 1/7 ANESM Números publicados Búsqueda documentos REVISIONES Ansiedade: Intervenções de enfermagem Sofia Rebelo,1 José Carlos Carvalho2 1Licenciada em Enfermagem pela Escola Superior de Enfermagem do Porto, Portugal. 2Doutor em ciências de enfermagem pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar; Funções de professor na Escola Superior de Enfermagem do Porto, Portugal Manuscrito recibido el 1.10.2014 Manuscrito aceptado el 27.10.2014 Presencia 2014 juldic; 10(20) Cómo citar este documento Rebelo, Sofia; Carvalho, José Carlos. Ansiedade: Intervenções de enfermagem. Rev Presencia 2014 juldic, 10(20). Disponible en <http://www.indexf.com/presencia/n20/p10060.php> Consultado el 11 de Marzo de 2015 Resumo A temática da ansiedade está cada vez mais presente e prevalente na sociedade, em consequência do ritmo de vida mais stressante e face às expectativas colocadas ao indivíduo todos os dias. Sendo a ansiedade uma emoção que estimula a realização de qualquer tipo de atividade de vida, quando se torna excessiva, a probabilidade de esta se manifestar e poder ser considerada como patológica aumenta. Nesta perspetiva, este artigo tem como objetivo refletir sobre a prática de enfermagem e, simultaneamente, constituir um exemplo a seguir na padronização das possíveis intervenções a adotar quando estamos perante uma pessoa que manifesta sinais e/ou sintomas de ansiedade, na sistematização de estratégias que a minimizem. As intervenções de enfermagem enunciadas constituem uma viável resposta a este diagnóstico. Descritores: Ansiedade/ Enfermeiro/ Diagnóstico de enfermagem/ Intervenções de enfermagem. Abstract (Anxiety: Nursing interventions) The theme of anxiety is becoming more present and prevalent in our society in as a result of the more stressful pace of life and meet the expectations placed on individual everyday. Being anxiety an emotion that stimulates the performance of any type of life activity, when it becomes excessive, the probability of this manifest and how pathological increases can be considered. In this perspective this article aims to reflect the practice of nursing and simultaneously, can be an example to follow in the standardization of the possible interventions to adopt when we are dealing with a person who manifests signs and/or symptoms of anxiety, systematize strategies that minimize. Nursing interventions of states constitute a possible answer to this diagnosis. Descriptors: Anxiety/ Nurse/ Nursing Diagnosis/ Nursing interventions. Resumen (Ansiedad: Intervenciones de enfermería) El tema de la ansiedad es cada vez más presente y frecuente en sociedad como consecuencia del ritmo más estresante de la vida y satisfacer las expectativas puestas en la vida cotidiana. Al ser la ansiedad, una emoción que estimula la realización de cualquier tipo de actividad de la vida, cuando se vuelve excesiva, la probabilidad de que este manifiesto y cómo aumenta patológica. En esta perspectiva este artículo tiene como objetivo reflejar la práctica de la enfermería y simultanéamente, puede ser un ejemplo a seguir en la estandarización de las posibles intervenciones a adoptar cuando se trata de una persona que manifiesta mailto:secretaria@ciberindex.com http://www.index-f.com/presencia/n20/p9725.php http://www.index-f.com/presencia/n20/sumario.php http://www.index-f.com/presencia/n20/p9994.php http://www.index-f.com/presencia/revista.php mailto:zecarlos@esenf.pt http://www.index-f.com/ http://www.index-f.com/hemeroteca.php http://www.anesm.net/anesm/ 11/3/2015 PRESENCIA revista de enfermería de salud mental ISSN 18850219 http://www.indexf.com/presencia/n20/p10060.php 2/7 signos y/o síntomas de ansiedad, sistematizar estrategias que minimicen. Intervenciones de enfermería de los estados constituyen una posible respuesta a este diagnóstico. Descriptores: Ansiedad/ Enfermera/ Diagnóstico de enfermería/ Intervenciones de enfermería. Introdução A ansiedade é uma emoção experienciada por qualquer ser humano nas mais variadas situações e conotada, muitas vezes como negativa, sendo parte integrante da condição humana. Representase através de um conjunto de emoções que funcionam de forma positiva quando nos alertam para algo que necessita de preocupação. A ansiedade ajuda o indivíduo a responder de modo mais adequado a estímulos, uma vez que acelera os reflexos e concentra a atenção.1 A ansiedade não patológica caracterizase como um alarme protetor desencadeando respostas automáticas e imediatas que estimulam o ser humano a agir em modo de defesa. E quando ultrapassa a linha do saudável e se torna patológica? Ansiedade patológica é caracterizada, segundo a AmericanPsychiatric Association (APA) como uma "preocupação (apreensão expectante) exagerada acerca de um conjunto de acontecimentos ou atividades que ocorrem em mais de metade dos dias por um período de pelo menos seis meses. São acompanhadas de pelo menos três sintomas adicionais de uma lista que inclui: inquietação, fatigabilidade, dificuldade em concentrarse, irritabilidade, tensão muscular e perturbação do sono".2 A tentativa de definição de ansiedade vem desde a Era antes de Cristo. "Hipócrates e Aristóteles definiamna como uma doença; Platão e Espinoza como um problema filosófico; Soren Kierkegaard consideravaa como uma questão espiritual; autores como Wystan Auden, David Riesman e Albert Camus questionavam se a ansiedade poderia ser um sinal cultural dos tempos e da estrutura da sociedade".3 Stossel afirma que "todos têm razão, que a ansiedade é ao mesmo tempo um efeito da biologia e da filosofia, do corpo e do espírito, do instinto e da razão, da personalidade e da cultura. Ainda que a ansiedade seja sentida a um nível espiritual e psicológico, é cientificamente mensurável a nível molecular e fisiológico. É um fenómeno psicológico e um fenómeno sociológico".3 Nos Estados Unidos da América (EUA), a ansiedade apresentase como a doença mental mais vulgar. Estimase que cerca de 40 milhões de americanos em fase adulta, em algum momento da vida sofram de algum tipo de distúrbio de ansiedade de acordo com o Instituto Nacional de Saúde Mental, o que se traduz claramente para custos associados.4 Em meados do século XX, os médicos dos cuidados de saúde primários referem que a ansiedade é uma das razões de maior procura, sendo mais prevalente do que as gripes sazonais. No Reino Unido, cerca de uma em cada quatro pessoas sofrerá de algum tipo de patologia mental, e uma pessoa em cada seis poderá vir a sofrer de ansiedade ou depressão. Esta realidade tem vindo a aumentar ao longo das últimas duas décadas.1 Em Portugal, a realidade não difere muito daquilo já demonstrado nos EUA e no Reino Unido. Segundo dados estatísticos da Direção Geral de Saúde (DGS) de 2013, a análise da prevalência da ansiedade em Portugal indicanos que cerca 16,5% da população é atingida, números próximos dos EUA, que apresentam uma média de 18,5%. Na Europa, os países com uma menor taxa de incidência desta patologia são a Itália e a Espanha, a qual ronda os 5,8 e 5,9% respetivamente.4 Tornase ainda relevante mencionar o facto da população com idades compreendidas entre os 16 e os 24 anos apresentarem taxas de ansiedade maiores que os indivíduos de idade adulta, e que quatro em cada dez indivíduos sofrem de ansiedade devido ao trabalho. Tal facto comprova que a era moderna é por si só um fator multifatorial gerador de ansiedade, que desencadeia um ciclo. Atualmente, na vertente profissional tudo é gerido com o fator pressão, onde os profissionais são obrigados a cumprir determinado(s) objetivo(s). Contudo, esta pressão extravasa o campo profissional provocando o efeito "bola de neve". Quando a ansiedade não é diagnosticada e consequentemente não tratada, tornase debilitante tanto a nível físico como psíquico, além de que a probabilidade de desenvolver doenças crónicas acresce em cerca de quatro vezes mais.4 Nesta perspetiva, o pessoal de enfermagem apresenta competências para coordenar a sistematização de estratégias que minimizem a ansiedade e para avaliar o indivíduo do ponto de vista holístico. Definição de ansiedade Desde a antiguidade que o conceito de ansiedade se tenta definir, intensificandose posteriormente no início do século XX. Freud foi dos autores que deu um grande passo em direção à definição complexa do conceito, tentando explicála dos pontos de vista filosófico e psicanalítico. O International Council of Nurses (ICN) definia em 2005, ansiedade como uma "emoção com características específicas: sentimentos de ameaça, perigo ou angústia sem causa conhecida, acompanhados de pânico, diminuição da autoconfiança, aumento da tensão muscular e do pulso, pele pálida, aumento da transpiração, suor na palma das mãos, pupilas dilatadas e voz trémula".5 A APA define ansiedade como "a futureoriented mood state associated with preparation for possible, upcoming negative events".2 O Internacional Council of Nurses define em 2013 ansiedade como uma "emoção negativa: sentimentos de ameaça, perigo ou 11/3/2015 PRESENCIA revista de enfermería de salud mental ISSN 18850219 http://www.indexf.com/presencia/n20/p10060.php 3/7 angústia".5 A definição deste conceito vai para além daquilo que é possível ler através da literatura. Ansiedade não é apenas um conceito com uma perspetiva negativa. Ansiedade é uma emoção que pode ser também definida com uma perspetiva positiva, uma vez que é a responsável pelas atividades quotidianas a que o ser humano atribui menor importância como o simples levantar da cama. Se não existir um estímulo, o indivíduo não se propõe a cumprir nem a desempenhar a atividade proposta. Da colheita de dados à nomeação do diagnóstico Das características detetadas diretamente de um indivíduo em situação ansiosa destacamse vários domínios: somático, cognitivo, emocional e comportamental. Entendese por manifestações diretas, alterações que o profissional de saúde, e em particular a enfermagem consegue detetar de forma objetiva. Por outro lado, no domínio das características detetadas indiretamente existe a diferenciação através de instrumentos de avaliação, de modo a tornar a avaliação mais rigorosa. No domínio hospitalar, o enfermeiro é o profissional de saúde que mais tempo está com o doente, as alterações somáticas que advêm de uma causa real ou imaginária e que antecipam algum acontecimento podem traduzir uma crise ansiosa. A presença de características a nível somático como alterações gastrointestinais: xerostomia, flatulência, indigestão, diarreia, perda de apetite, cólicas ou náuseas; alterações cardiovasculares: palpitações, lipotimia, sensação de asfixia, sensação de aperto na garganta, dor ou malestar précordial; alterações respiratórias: hiperventilação, suspiro, dispneia; aumento da frequência urinária; sudorese; tensão muscular; tremores; tinnitus; vertigens; visão turva; fadiga; perda de energia; peso nos membros, costas ou cabeça; cefaleias; lombalgias; mialgias podem traduzir uma crise ansiosa.6 A ansiedade também pode conduzir a alterações cognitivas como dificuldade de concentração, bloqueio de pensamento, capacidade diminuída para a resolução de problemas, capacidade diminuída de perceção, capacidade diminuída de aprendizagem e esquecimento; alterações emocionais e comportamentais como o cansaço, sentimentos de perigo ou infelicidade sem causa conhecida, acompanhado de pânico, sentimentos de inadequação, falta de confiança, sentimentos de aflição e nervosismo, incertezas, medo de consequências inespecíficas, preocupação, alerta exagerado, irritabilidade, sensação de excitação ou euforia, frustração, comportamento de isolamento social, choro e/ou tendência compulsiva.6 A presença de vários tipos de manifestações de foro somático, cognitivo, emocional ou comportamental são dados relevantes para a nomeação do foco: ansiedade como área de intervenção em enfermagem. Não há consenso sobre o número quantitativo de dados necessários para a nomeação do diagnóstico, é certo que quantas mais manifestações forem evidenciadas e detetadas, mais sustentado e robusto se apresenta o diagnóstico de enfermagem. Perante um cenário em que o enfermeiro já validou dados relevantes ou sintomas anteriores para a nomeação do diagnóstico, através da vigilância/observação do comportamentodo doente, da monitorização/avaliação dos sinais vitais, pode posteriormente recorrer à observação indireta com a utilização de um instrumento de avaliação da ansiedade de modo a quantificar a sua gravidade. Os instrumentos que frequentemente são utilizados para avaliação da ansiedade são a Escala de Avaliação de Ansiedade de Hamilton, a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS), o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), entre outros. A escala de avaliação de Ansiedade de Hamilton, originalmente desenvolvida em 1959 por Hamilton, foi o primeiro questionário de uso clínico para detetar e quantificar esta patologia e aplicase aos mais diversos contextos. Contém 14 itens de sintomas, sendo atribuído a cada um deles a pontuação entre zero e quatro pontos. Por fim, a análise final traduz uma ansiedade que pode ser qualificada entre ansiedade ligeira, ansiedade ligeiramoderada, ansiedade moderadagrave ou ansiedade grave.7 Posteriormente, em 1963, Zigmond e Snaith desenvolveram a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão que foi validada para a população portuguesa em 2007 por PaisRibeiro [et al], e permite detetar e determinar os níveis de ansiedade e depressão que o doente experimenta através de sete itens que se referem à ansiedade e mais sete referentes à depressão, posteriormente, o nível de ansiedade é qualificado como: sem perturbação de ansiedade, perturbação da ansiedade ligeira, perturbação da ansiedade moderada ou perturbação da ansiedade grave.7 Em 1993, Beck criou e desenvolveu o Inventário de Ansiedade de Beck constituído por 21 questões de autorresposta de escolha múltipla usada para detetar e quantificar a gravidade da ansiedade em quatro níveis: nível mínimo de ansiedade, ansiedade ligeira, ansiedade moderada ou ansiedade grave.7 A par da colheita de dados, importa analisar também o regime terapêutico do doente, detetando se o doente tem ingerido algum tipo de medicação que contribua para a diminuição do nível de ansiedade, assim como também, emerge questionar e avaliar o recurso ao uso de substâncias como tabaco, álcool, cafeína, ou outras drogas, uma vez que o consumo deste tipo de substâncias contribui, por um lado para a minimização do estado de ansiedade do doente quando ele se encontra sob efeitos delas, mas por outro aumenta o nível de ansiedade quando há privação das mesmas. Detetada esta emoção no doente que se constate ser impeditiva na realização das atividades de vida diária, compete ao enfermeiro colher novos dados com o objetivo de reduzir o nível de ansiedade do mesmo. O pessoal de enfermagem deve então diversificar o seu foco de atenção para outros domínios com o objetivo de minimizar o estado de ansiedade. Paralelamente, tornase importante avaliar o conhecimento que o cliente apresenta sobre a mesma, porque o nível de consciencialização será premissa na adequação das intervenções a serem implementadas. Assim, caso o doente apresente uma consciencialização facilitadora do processo, o profissional de enfermagem deve avaliar, o nível de conhecimento do cliente sobre o conceito de ansiedade, sobre os seus fatores causadores, sobre os estímulos ambientais que a provoquem, e se há por parte do mesmo procura de informação sobre como atenuar o desenvolvimento da emoção. Ora, caso não haja o 11/3/2015 PRESENCIA revista de enfermería de salud mental ISSN 18850219 http://www.indexf.com/presencia/n20/p10060.php 4/7 conhecimento, mas verificase a necessidade do doente na procura de soluções para o enfrentamento do problema; o enfermeiro terá um papel ativo nesta variante, atuando com objetivo de atenuar os níveis sentidos, e, ao mesmo tempo, dotando o doente de conhecimento para reduzir a mesma. Por outro lado, se é um doente que demonstra uma consciencialização dificultadora face à presença de ansiedade, compete ao enfermeiro intervir de modo a facilitar o processo de adaptação nesta situação. Há ainda outro domínio que deve ser valorizado pelo enfermeiro. A capacidade do doente para atenuar a ansiedade, através das estratégias de coping adaptativas. Esta deve ser sempre valorizada e potencializada pelo enfermeiro de modo a que o doente seja capaz de a controlar por mecanismos autónomos. A suportar o diagnóstico de ansiedade, surgem frequentemente outras condições associadas denominadas de focos, às vezes também designadas de diagnósticos pelo ICN e que concorrem para este fenómeno de enfermagem, tais como: a insegurança, a angústia, a tristeza, o stresss e/ou o medo. Aliás, este surge frequentemente relacionado com a ansiedade, por facilmente se confundirem. A diferença é que o medo é uma resposta a uma ameaça externa de alguma coisa, isto é mais objetivamente uma emoção negativa prendida com o facto de "sentirse ameaçado, em perigo ou perturbado devido a causas conhecidas ou desconhecidas, por vezes acompanhado de uma resposta fisiológica do tipo lutar ou fugir",5 a ansiedade é um sinal de alerta mais geral e relacionado com mais do que um facto. Na complexidade que é a definição do diagnóstico, existem condições necessárias para a sustentação do mesmo, como as quatro condições seguintes: consciencialização facilitadora face ao seu estado de saúde, disponibilidade para aprender efetiva, volição efetiva, cognição efetiva, se é um indivíduo em que todas as condições anteriores foram validadas, então apresenta potencial para aprendizagem sobre ansiedade, aprendizagem essa definida como "pensamento: processo de adquirir conhecimentos ou competências por meio de estudo sistemático, instrução, prática, treino ou experiência",5 podendo esta subdividirse entre a cognitiva e a de capacidades, sendo então o seu enunciado sujeito à individualização dos cuidados do cliente. Caso alguma das condições anteriores falhe, é primordial trabalhar primeiramente com o doente a condição falhada e só depois avançar para o potencial de desenvolvimento de capacidades para lidar com a ansiedade. Do diagnóstico aos objetivos de enfermagem Definido o diagnóstico, os objetivos de enfermagem são: 1. Promoção da tranquilidade no doente, de modo que sejam verbalizadas em menor número e detetadas menos manifestações físicas de ansiedade, e também que haja uma redução de manifestações comportamentais; 2. Diminuição da ansiedade do doente, com a finalidade do doente verbalizar a diminuição da frequência, duração, manifestações físicas e comportamentais dos episódios de ansiedade; 3. Promoção do autocontrolo ansiedade, com o critério de resultado do doente ser capaz de identificar se existe ou não melhorias no estado de ansiedade; que o doente seja capaz de identificar e reduzir estímulos ambientais quando se sente ansioso; que o doente verbalize que consegue controlar a reação à ansiedade e que verbaliza a diminuição dos episódios da mesma, como anteriormente referido. Dos objetivos às intervenções de enfermagem Após a identificação do diagnóstico e a delineação de objetivos exequíveis, passemos agora à parte práticaintervenções de enfermagem que visam dar resposta ao problema do doente, como também a concretização de alguns objetivos de enfermagem, todos em prol da melhoria da qualidade de vida do doente, descritos no timing (horário da intervenção) que o enfermeiro considerar mais pertinente. Gerir ambiente físico A concretização desta intervenção descrevese através de atividades que concretizam a intervenção como: Ajustar o ambiente seguro para o doente; Reduzir estímulos ambientais aquando de estados ansiosos; Eliminar percursores de ansiedade; Controlar ou prevenir ruídos indesejáveis ou excessivos; Adequar a iluminação; Providenciar objetos que transmitam segurança e/ou diminuam a ansiedade; Individualizar as restrições às visitas parasatisfazer as necessidades do doente; Providenciar meios imediatos e contínuos que possibilitem chamar o enfermeiro; Disponibilizar presença Demonstrar disponibilidade, sem favorecer, no entanto, comportamentos de dependência; Demonstrar uma atitude de escuta e aceitação, procurando ouvir as preocupações do doente e exprimir interesse; Proporcionar uma segurança otimista, mas sempre realista; Oferecer escuta ativa Encorajar a expressão verbal de sentimentos, perceções e medos; Atentar ao tom, ritmo e volume de voz, mensagens verbais e nãoverbais, evitando até barreiras à comunicação; Identificar os temas predominantes no discurso, mantendo uma postura de compreensão e receção da mensagem, no decurso da interação, e demonstrar empatia e compreensão; Promover suporte emocional 11/3/2015 PRESENCIA revista de enfermería de salud mental ISSN 18850219 http://www.indexf.com/presencia/n20/p10060.php 5/7 Permanecer com o doente, proporcionando sentimentos de segurança durante os períodos de maior ansiedade; Motivar a utilização de mecanismos de defesa mais apropriados; Ajudar a reconhecer sentimentos, como a ansiedade, o medo e a tristeza; Encorajar doente a expressar sentimentos como a ansiedade, o medo ou a tristeza, auxiliando o doente a explorar as causas do problema e discutir as consequências de não lidar com a ansiedade; Ajudar a identificar situações que precipitem ansiedade; Gerir comunicação Falar calma e pausadamente, adquirindo uma postura de serenidade e proximidade; Gerir e respeitar os momentos de silêncio; Manter o contacto visual com o doente; Proporcionar conforto Evitar insistir na tomada de decisões do doente; Apoiar os mecanismos de resolução presentes demonstrando empatia para com ele; Encorajar doente a relacionarse com os outros Estabelecer estratégias e limites da comunicação; Acompanhar o doente nos primeiros contactos com os outros doentes; Elogiar positivamente o doente; Facilitar a distração; Executar técnicas de relaxamento Incentivar a utilização de estratégias como banhos mornos para relaxar; Incentivar a execução de massagens nas costas; Incentivar a colocação de música ambiente; Providenciar um lugar calmo ao doente, limitando o contacto com doentes ansiosos e estímulos externos; Promover a participação do doente em atividades de distração/incentivar a participação de doentes em atividades de distração Explicar os benefícios das mesmas, assim como descodificar quais as técnicas de distração que o doente gosta, sugerindo a leitura, a música, a televisão, o passeio, a ginástica, os jogos de cartas, entre outras; Planear atividades de distração Agendar o momento; Providenciar material lúdico permitindo a distração do doente. Estas intervenções, constituídas por atividades que as concretizam não devem ser aplicadas a todos os doentes. Cada uma deve ser analisada de acordo com o caso clínico de modo a individualizar o planeamento de cuidados terapêuticos ao indivíduo, além de que a estas podem haver o acréscimo de outras. É importante também salientar que o enfermeiro deve sempre informar o doente das intervenções que irá realizar, principalmente se envolverem o uso de técnicas não tão frequentes, uma vez que é essencial transmitirlhe serenidade e calma. Quando o enfermeiro ensina ou instrói alguma competência relacionada a curto ou a longo prazo com a alteração do estado de ansiedade no domínio do conhecimento ou capacidade, deve identificála e descrevêla clinicamente, pois será algo que contribuirá para a alteração do diagnóstico do cliente, carecendo sempre a necessidade de haver integridade referencial com o diagnóstico. Demonstrado o modelo de intervenções de enfermagem, é necessário avaliar o estado geral de ansiedade do doente e o efeito das intervenções de enfermagem, e como se pode operacionalizar? Através de atividades de avaliação: 1. Avaliar o estado de ansiedade através de uma escala de avaliação que o enfermeiro tenha utilizado inicialmente, de modo a quantificar o nível de ansiedade, comparandoo com a qualificação que resultou da atividade diagnóstica. Pode ser utilizado o instrumento de avaliação após a realização de uma intervenção de enfermagem sendo assim bitolado o efeito terapêutico da mesma; 2. Vigiar o comportamento do doente, através das atividades de vigilância o enfermeiro consegue identificar a alteração de comportamento perante uma situação de ansiedade; Ambas as atividades são importantes para redefinir o diagnóstico de enfermagem, avaliar os objetivos atingidos, rever as intervenções e assim definir a próxima etapa. Este processo é cíclico e só através da concretização destes passos é que o enfermeiro pode realizar uma correta avaliação da ansiedade do doente. Relevância para a prática clínica Esta orientação crítica tem como objetivo oferecer aos enfermeiros diretrizes com a delineação do processo de enfermagem do indivíduo com ansiedade. Inicialmente pretendese colher novos dados relevantes para a nomeação ou negação do foco de enfermagem. Após a validação do problema é identificado o diagnóstico. O enfermeiro é o profissional competente para dar resposta ao problema, preferencialmente em equipa com o médico, devemse definir objetivos realistas que a curto ou a longo 11/3/2015 PRESENCIA revista de enfermería de salud mental ISSN 18850219 http://www.indexf.com/presencia/n20/p10060.php 6/7 prazo traduzirão um critério de resultado. Para a sua concretização é necessário a prescrição de intervenções de enfermagem. Durante o artigo estão descritas intervenções cruciais que devem ser adequadas ao plano de cuidados individualizado do doente. Por fim, é necessário a avaliação das intervenções de enfermagem de modo a determinar o efeito terapêutico das mesmas, para isso recorremse a atividades de avaliação. Conclusão A perceção da ansiedade tem uma prevalência cada vez maior na sociedade. O papel do enfermeiro é preponderante na análise comportamental do indivíduo no internamento de modo a identificar a emoção como diagnóstico de enfermagem. As intervenções de enfermagem descritas visam minimizar a incidência e a promover estratégias de coping para que os doentes possam lidar com a patologia, adequandose às circunstâncias. É importante salientar o trabalho em equipa multidisciplinar para que se possam atingir resultados favoráveis para o doente. A linha de orientação de um plano de cuidados de um doente com ansiedade tem como objetivo um olhar críticoreflexivo dos enfermeiros sobre os cuidados que estão padronizados, mas que a singularidade torna cada processo único, de modo que se restabeleça a normal dinâmica e que se obtenham os tão desejados ganhos em saúde! Bibliografia 1. Mental Health Foundation; Living with Anxiety; Undarstanding the role and impacto f anxiety in our lives; Mental Health Awareness Week, 2014. 2. American Psychiatric Association; DSMIVTR: manual de diagnóstico e estatística das perturbações mentais; 2.ª Reimpressão; 4ª Edição Lisboa: Climepsi; 2011. 3. Stossel, Scott; Sobreviver à Ansiedade; Público (Portugal edição online) de Janeiro de 2014 [acesso: 2014/09]. Disponível em: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/sobreviveraansiedade1621701. 4. Direção Geral da Saúde Portugal, Saúde Mental em Números Programa Nacional para a Saúde Mental; Lisboa; 2013. 5. 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