Buscar

TCC COMPLETO Alvenaria Estrutural

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 133 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 133 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 133 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Rodrigo Felipe Santos 
Samanta de Oliveira Alves Torres 
Beatryz Cardoso Mendes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROJETO DE EDIFÍCIO EM ALVENARIA 
ESTRUTURAL PARA ATENDER À DEMANDA 
ESTUDANTIL DA CIDADE DE VIÇOSA - MG 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal de Viçosa 
Curso de Graduação em Engenharia Civil 
Viçosa-MG 
2016 
 
 
2
0
1
6
/I
 
 
 
 
 
 
 
 
 P
R
O
JE
TO
 D
E 
ED
IF
ÍC
IO
 E
M
 A
LV
EN
A
R
IA
 E
ST
R
U
TU
R
A
L 
P
A
R
A
 A
TE
N
D
ER
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
N
o
 1
5
3
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 À
 D
EM
A
N
D
A
 E
ST
U
D
A
N
TI
L 
D
A
 C
ID
A
D
E 
D
E 
V
IÇ
O
SA
 -
 M
G
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 N
o
. 
D
o
 g
ru
p
o
 
Rodrigo Felipe Santos 
Samanta de Oliveira Alves Torres 
Beatryz Cardoso Mendes 
 
 
 
 
 
PROJETO DE EDIFÍCIO EM ALVENARIA 
ESTRUTURAL PARA ATENDER À DEMANDA 
ESTUDANTIL DA CIDADE DE VIÇOSA - MG 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho Final de Curso apresentado ao 
Departamento de Engenharia Civil da 
Universidade Federal de Viçosa, como parte 
das exigências da conclusão do curso de 
graduação em Engenharia Civil. 
Orientador: Rita de Cássia Silva Sant’Anna 
Alvarenga – 6514-5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal de Viçosa 
Curso de Graduação em Engenharia Civil 
Viçosa-MG 
2016 
Rodrigo Felipe Santos 
Samanta de Oliveira Alves Torres 
Beatryz Cardoso Mendes 
 
 
 
 
 
PROJETO DE EDIFÍCIO EM ALVENARIA 
ESTRUTURAL PARA ATENDER À DEMANDA 
ESTUDANTIL DA CIDADE DE VIÇOSA - MG 
 
 
 
 
Trabalho Final de Curso apresentado ao 
Departamento de Engenharia Civil da 
Universidade Federal de Viçosa, como parte 
das exigências da conclusão do curso de 
graduação em Engenharia Civil. 
Orientador: Rita de Cássia Silva Sant’Anna 
Alvarenga – 6514-5 
 
Aprovada em: 01 de julho de 2016. 
 
 
 
 
José Maria Franco de Oliveira 
Membro da Banca Examinadora 
 
 
 
 
Reginaldo Carneiro da Silva 
Membro da Banca Examinadora 
 
 
 
 
Rita de Cássia Silva Sant’Anna Alvarenga 
Orientador 
 
RESUMO 
 
A alvenaria estrutural é definida como um sistema construtivo racionalizado, no qual 
componentes industrializados de cerâmica, concreto ou silico-calcário são ligadas por 
argamassa, tornando o conjunto monolítico. As alvenarias desse sistema são resistentes 
às ações atuantes, de tal modo que dispensam os pilares e vigas de concreto armado 
característicos das edificações convencionais. Esse modo de construir é bem antigo, 
remontando à pré-história da humanidade, sem contudo perder sua aplicação nos dias 
atuais. Desde que bem planejada e projetada, possui inúmeras vantagens como rapidez 
de execução, menor custo e diminuição de desperdícios de materiais. Assim, este 
trabalho teve como objetivo a elaboração de um projeto de edifício de alvenaria 
estrutural sobre pilotis de concreto armado para o município de Viçosa. Tal construção 
atenderia à grande demanda estudantil por moradia, já que se trata de uma cidade 
universitária. A metodologia consistiu inicialmente na elaboração de um projeto 
arquitetônico e de modulação. Em seguida, efetuou-se o projeto estrutural de acordo 
com a ABNT NBR 15961-1:2011, considerando as ações verticais e horizontais 
pertinentes. As paredes foram dimensionadas quanto à flexo-compressão e 
cisalhamento, sendo também verificadas quanto à compressão simples. Além disso, 
dimensionaram-se as vigas em alvenaria quanto à flexão simples. Assim, chegou-se ao 
uso de blocos de 6 MPa nos três primeiros pavimentos tipos e de 4 MPa nos demais. Ao 
fim do trabalho obteve-se o projeto de um edifício que atendia à realidade viçosense e 
apresentava todas as vantagens inerentes do processo construtivo em alvenaria 
estrutural. 
 
 
Palavras-chave: alvenaria estrutural, racionalização, blocos de concreto, 
dimensionamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Pirâmides de Gizé. ......................................................................................... 15 
Figura 2 - Parthenon, Grécia........................................................................................... 15 
Figura 3 - Catedral de Notre-Dame, Paris. ..................................................................... 16 
Figura 4 - Edifício Monadnock, Chicago. ...................................................................... 17 
Figura 5 - Edifício “Park Mayfair East”. ........................................................................ 18 
Figura 6 - Hotel Excalibur, Las Vegas, USA. ................................................................ 18 
Figura 7 - Casa de taipa. ................................................................................................. 19 
Figura 8 - Conjunto habitacional “Central Parque da Lapa”. ......................................... 20 
Figura 9 - Edifício Jardim Prudência. ............................................................................. 20 
Figura 10 - Edifícios construídos no Brás, SP. ............................................................... 21 
Figura 11 - Canteiro de obra feita em alvenaria estrutural. Fonte: Google Imagens, 2016.
 ........................................................................................................................................ 24 
Figura 12 - Família de blocos 29. Fonte: Júnior, 2012. .................................................. 28 
Figura 13 - Família de blocos 39. Fonte: Júnior, 2012. .................................................. 28 
Figura 14 - Tipos de juntas de argamassa. Fonte: Santos, 1998. .................................... 30 
Figura 15 - Dimensões do bloco de concreto. ................................................................ 33 
Figura 16 - Modulação de piso à teto. Fonte: Ramalho; Côrrea, 2003........................... 34 
Figura 17 - Modulação de piso à piso. Fonte: Ramalho; Côrrea, 2003. ......................... 35 
Figura 18 - Amarração indireta. ..................................................................................... 36 
Figura 19 - Amarração direta.......................................................................................... 36 
Figura 20 - Dispersão das ações verticais. Fonte: ABNT NBR 15961-1:2011 .............. 38 
Figura 21 - Espalhamento do carregamento em parede plana e parede em L. ............... 39 
Figura 22 - Interação no canto de uma parede em L. ..................................................... 40 
Figura 23 - Interação entre paredes numa região com abertura de janela. ..................... 40 
Figura 24 - Exemplo de grupos de paredes isoladas definidas por aberturas. ................ 43 
Figura 25 - Ação do vento e distribuição para os painéis de contraventamento. ........... 45 
Figura 26 - Desaprumo global. Fonte: ............................................................................ 46 
Figura 27 - Força horizontal equivalente para a consideração do desaprumo................ 46 
Figura 28 - Representação de uma parede isolada. ........................................................ 47 
Figura 29 - (a) Parede com aberturas. (b) Representação em pórtico. ........................... 49 
Figura 30 - Detalhes do bloco “chaminé”,utilizado para a passagem das prumadas. .... 51 
Figura 31 - Bloco Elétrico. ............................................................................................. 51 
Figura 32 - Detalhamento das instalações elétricas. ....................................................... 52 
Figura 33 e 34- Shafts hidráulicos. ................................................................................. 53 
Figura 35 - Representação 3D da edificação ..................................................................54 
Figura 36 - Planta baixa do pavimento tipo. ................................................................... 56 
Figura 37 - Corte do prédio. ........................................................................................... 57 
Figura 38: Planta de modulação da primeira fiada. ........................................................ 58 
Figura 39: Planta de modulação da segunda fiada. ........................................................ 59 
Figura 40: Parede Nº 1 em elevação. .............................................................................. 60 
Figura 41: Parede Nº 14 em elevação. ............................................................................ 60 
Figura 42 – Enumeração das lajes e linhas de ruptura em um dos apartamentos e no hall 
do edifício. ...................................................................................................................... 69 
Figura 43 - Grupos de paredes do pavimento-tipo. ........................................................ 70 
Figura 44 - Fator topográfico S1. Fonte: ABNT NBR 6123:1988 ................................. 84 
Figura 45 - Atuação das forças devido ao vento no eixo x............................................. 86 
Figura 46 - Atuação das forças devido ao vento no eixo y............................................. 87 
Figura 47 - Atuação das forças devido ao desaprumo – Direções X e Y (kN) .............. 90 
Figura 48 - Painéis de Contraventamento na direção X. ................................................ 91 
Figura 49 - Painéis de Contraventamento na direção Y. ................................................ 91 
Figura 50 - Diagrama de tensões devido ao vento no painel Y16. ............................... 118 
Figura 51 - Vigas no pavimento tipo. ........................................................................... 119 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Requisitos para resistência característica à compressão, absorção e retração. 
Fonte: ABNT NBR 6136:2014. ...................................................................................... 27 
Tabela 2 - Peso específico dos principais tipos de alvenaria .......................................... 38 
Tabela 3 - Resistência ao cisalhamento .......................................................................... 64 
Tabela 4 - Resistência característica à tração na flexão ................................................. 66 
Tabela 5- Valores mínimos das sobrecargas verticais. ................................................... 70 
Tabela 6 – Ações no pavimento tipo. ............................................................................. 73 
Tabela 7 –Ações no sétimo pavimento. .......................................................................... 75 
Tabela 8 – Ações no oitavo pavimento. ......................................................................... 77 
Tabela 9 – Peso próprio das paredes no pavimento tipo. ............................................... 78 
Tabela 10 –Peso próprio das paredes no oitavo pavimento............................................ 79 
Tabela 11 - Tensões totais nos grupos de paredes dos pavimentos 1 a 6. ...................... 80 
Tabela 12 - Tensões totais nos grupos de paredes do pavimento 7. ............................... 81 
Tabela 13 - Tensões totais no grupo de parede do oitavo pavimento............................. 82 
Tabela 14 - Parâmetros para cálculo de S2..................................................................... 84 
Tabela 15 - Cálculo do coeficiente de arrasto. ............................................................... 85 
Tabela 16 - Cálculo da força de arrasto para o eixo x. ................................................... 86 
Tabela 17 - Cálculo da força de arrasto para o eixo y. ................................................... 86 
Tabela 18 - Peso Próprio das Paredes dos pavimentos 1 ao 6 ........................................ 88 
Tabela 19 - Peso Próprio das Paredes do pavimento 7 ................................................... 88 
Tabela 20 - Carga Total Permanente das Lajes dos pavimentos 1 ao 6 ......................... 88 
Tabela 21 - Carga Total Permanente das Lajes por pavimento ...................................... 89 
Tabela 22 - Peso dos Pavimentos 1 ao 6 ........................................................................ 89 
Tabela 23 - Peso do Pavimento 7 ................................................................................... 89 
Tabela 24 - Propriedades geométricas dos painéis da direção X ................................... 92 
Tabela 25 - Propriedades geométricas dos painéis da direção Y ................................... 92 
Tabela 26 - Rigidez relativa de cada painel da direção X .............................................. 93 
Tabela 27 - Rigidez relativa de cada painel da direção Y .............................................. 94 
Tabela 28 - Esforços horizontais na direção X, devidos ao vento e desaprumo ............ 94 
Tabela 29 – Distribuição dos esforços horizontais por painel, na direção X, devidos ao 
vento e desaprumo .......................................................................................................... 95 
Tabela 30 - Esforços horizontais na direção Y, devidos ao vento e desaprumo ............ 95 
Tabela 31 – Distribuição dos esforços horizontais por painel, na direção Y, devidos ao 
vento e desaprumo .......................................................................................................... 96 
Tabela 32 – Estabilidade global na direção X. ............................................................... 97 
Tabela 33 – Estabilidade global na direção Y. ............................................................... 97 
Tabela 34 - Resistência à compressão dos blocos do 7° pavimento. .............................. 98 
Tabela 35 - Resistência à compressão dos blocos do 6° pavimento. .............................. 98 
Tabela 36 - Resistência à compressão dos blocos do 5° pavimento. .............................. 98 
Tabela 37 - Resistência à compressão dos blocos do 4° pavimento. .............................. 99 
Tabela 38 - Resistência à compressão dos blocos do 3° pavimento. .............................. 99 
Tabela 39 - Resistência à compressão dos blocos do 2° pavimento. .............................. 99 
Tabela 40 - Resistência à compressão dos blocos do 1° pavimento. ............................ 100 
Tabela 41 - Verificação ao cisalhamento na direção x. ................................................ 100 
Tabela 42 - Verificação ao cisalhamento na direção y. ................................................ 101 
Tabela 43 – Verificação da tração máxima na direção X. ............................................ 102 
Tabela 44 – Verificação da tração máxima na direção Y. ............................................ 104 
Tabela 45 – Verificação da compressão máxima na direção X com o vento como ação 
variável principal. ......................................................................................................... 108 
Tabela 46 – Verificação da compressão máxima na direção X com a sobrecarga como 
ação variável principal. ................................................................................................. 110 
Tabela 47 - Verificação da compressão máxima na direção Y com o vento como ação 
variável principal. ......................................................................................................... 112 
Tabela 48 - Verificação da compressão máxima na direção Y com a sobrecarga como 
ação variável principal. ................................................................................................. 115 
Tabela 49 – Primeira parte do dimensionamento. ........................................................ 122 
Tabela 50 - Continuação do dimensionamento. ...........................................................122 
Tabela 51 - Verificação ao cisalhamento das vigas. ..................................................... 124 
Tabela 52 - Verificação do coxim. ............................................................................... 125 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12 
2. OBJETIVOS............................................................................................................ 14 
2.1. OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 14 
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................. 14 
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 15 
3.1. HISTÓRICO ........................................................................................................ 15 
3.1.1. A alvenaria estrutural no mundo ...................................................................... 15 
3.1.2. A alvenaria estrutural no Brasil ....................................................................... 19 
3.2. ASPECTOS TÉCNICOS E ECONÔMICOS ...................................................... 21 
3.2.1. Vantagens ......................................................................................................... 23 
3.2.2. Desvantagens ................................................................................................... 24 
3.3. COMPONENTES DA ALVENARIA ESTRUTURAL ..................................... 25 
3.3.1. Blocos .............................................................................................................. 25 
3.3.2. Argamassa ........................................................................................................ 28 
3.3.3. Graute ............................................................................................................... 30 
3.3.4. Armaduras ........................................................................................................ 31 
3.4. PROCESSO CONSTRUTIVO ............................................................................ 32 
3.4.1. Modulação ....................................................................................................... 32 
3.4.2. Amarração ........................................................................................................ 35 
3.5. ANÁLISE ESTRUTURAL ................................................................................. 36 
3.6. AÇÕES VERTICAIS .......................................................................................... 37 
3.6.1. Ações das lajes ................................................................................................. 37 
3.6.2. Peso próprio das paredes .................................................................................. 37 
3.6.3. Dispersão das ações verticais e interação de paredes ...................................... 38 
3.6.4. Uniformização do carregamento vertical ......................................................... 41 
3.6.5. Modelos de distribuição de cargas verticais .................................................... 41 
3.6.5.1. Modelo de paredes isoladas.......................................................................... 42 
3.6.5.2. Modelo de grupo de paredes isoladas .......................................................... 42 
3.6.5.3. Modelo de grupos de paredes com interação ............................................... 43 
3.6.5.4. Modelagem tridimensional em elementos finitos ........................................ 44 
3.7. AÇÕES HORIZONTAIS .................................................................................... 44 
3.7.1. Ação do vento .................................................................................................. 44 
3.7.2. Desaprumo ....................................................................................................... 45 
3.7.3. Distribuição das ações horizontais ................................................................... 47 
3.7.3.1. Paredes isoladas............................................................................................ 47 
3.7.3.2. Paredes com aberturas .................................................................................. 49 
3.8. DIMENSIONAMENTO DE EDIFICAÇÕES DE ALVENARIA ESTRUTURAL
 ..............................................................................................................................50 
3.9. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E HIDROSSANITÁRIAS ................................ 50 
3.9.1. Instalações Elétricas e de Comunicação .......................................................... 50 
3.9.2. Instalações Hidrossanitárias ............................................................................. 52 
4. PROJETOS DESENVOLVIDOS ........................................................................... 54 
4.1. ASPECTOS TÉCNICOS ..................................................................................... 54 
4.2. PROJETO ARQUITETÔNICO .......................................................................... 55 
4.3. PROJETO DE MODULAÇÃO ........................................................................... 56 
4.4. PROJETO ESTRUTURAL ................................................................................. 61 
4.4.1. Lajes ................................................................................................................. 61 
4.4.2. Ações verticais ................................................................................................. 61 
4.4.3. Ações horizontais ............................................................................................. 62 
4.4.4. Dimensionamento ............................................................................................ 62 
4.4.4.1. Compressão simples .......................................................................................... 63 
4.4.4.2. Cisalhamento ..................................................................................................... 63 
4.4.4.3. Flexão composta ou flexocompressão ............................................................... 64 
4.4.5. Estabilidade global ........................................................................................... 67 
4.5. MEMORIAL DE CÁLCULO ............................................................................. 68 
4.5.1. Determinação das ações verticais .................................................................... 68 
4.5.1.1. Reações das lajes .......................................................................................... 68 
4.5.1.2. Peso próprio das paredes .............................................................................. 77 
4.5.3. Ações horizontais ............................................................................................. 82 
4.5.3.1. Ação do vento............................................................................................... 82 
4.5.3.2. Desaprumo ................................................................................................... 87 
4.5.4. Distribuição das ações horizontais ................................................................... 90 
4.5.5. Estabilidade global ........................................................................................... 96 
4.5.6. Dimensionamento ............................................................................................ 97 
4.5.6.1. Compressão Simples .................................................................................... 97 
4.5.6.2. Verificação ao cisalhamento ...................................................................... 100 
4.5.6.3. Verificação da resistência à flexocompressão ............................................ 101 
4.5.6.4. Verificaçãodas vigas ................................................................................. 118 
5. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 126 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 128 
7. APÊNDICE ........................................................................................................... 133 
 
12 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A indústria da Construção Civil apresenta um conjunto particular de 
características, tanto de natureza do processo de produção, como do próprio mercado 
em que se insere (BARROS; SABBATINI, 2003). Os métodos construtivos tradicionais 
no Brasil apresentam ainda muitos aspectos que necessitam de uma evolução 
tecnológica, principalmente no que se refere a custos, geração de resíduos e 
racionalização. 
Diante deste panorama, tornou-se crescente a busca e o estudo de outros 
sistemas que pudessem conduzir ao avanço necessário, dentre os quais se destaca a 
alvenaria estrutural. Este processo consiste no emprego de paredes de blocos 
funcionando simultaneamente como estrutura e vedação. Desta forma, elimina-se da 
edificação a execução de pilares e vigas em concreto armado. 
A alvenaria estrutural apresenta inúmeras vantagens que justificam o seu uso. 
Dentre estas, destaca-se o grande potencial de racionalização de todas as etapas de 
construção, através da otimização do uso de recursos temporais, materiais e humanos 
(MEDEIROS; SABBATINI, 1993). A racionalização é consequência da modulação, já 
que todas as dimensões da estrutura seguem o padrão modular dos blocos. Evita-se, 
portanto, o corte dos blocos, desperdício de material e mão-de-obra e improvisos no 
canteiro de obras. 
A padronização e o alto nível de planejamento inerentes ao sistema, leva ao 
aumento da flexibilidade e rapidez na execução, o que resulta na melhoria da 
produtividade e da qualidade do produto final. 
Além disso, os métodos construtivos empregados contribuem para a diminuição 
dos custos da obra, gerando uma economia de até 20% em relação aos sistemas 
tradicionais (SILVESTRE, 2013). Estes tornam possível a produção de construções com 
maior facilidade de execução aliada a baixos custos. Outro aspecto positivo é que o 
sistema pode ser aplicado tanto em residências simples como em edifícios de múltiplos 
andares. 
Assim, a alvenaria estrutural passou a ser largamente utilizada no país, mesmo 
quando não se dispunha de normalizações técnicas e métodos eficientes para o controle 
de qualidade da execução e produção dos materiais envolvidos. A falta de tais 
conhecimentos acarretou o surgimento de patologias em inúmeros edifícios em 
alvenaria estrutural, levando muitos a associarem o sistema a obras de má qualidade. 
13 
 
Ressalta-se que atualmente existem normas e tecnologias que, se aplicadas da 
maneira adequada, asseguram a execução de edificações em alvenaria estrutural que 
atendem aos requisitos de qualidade e funcionalidade exigidos e mantêm as vantagens 
oferecidas pelo sistema. 
Tendo em vista todos os pontos favoráveis encontrados, a Alvenaria Estrutural 
configura-se como uma excelente alternativa, sendo viável tanto economicamente 
quanto tecnicamente. Esta é ideal sobretudo para a realidade brasileira, a qual apresenta 
um grande déficit habitacional e boa parte da população com baixo poder aquisitivo. 
No presente trabalho é apresentada uma proposta de projeto de um edifício em 
alvenaria estrutural sobre pilotis de concreto. A edificação é composta por sete 
pavimentos, sendo quatro apartamentos por andar, totalizando vinte e oito unidades 
residenciais. Esta será implantada no município de Viçosa – MG e visa atender ao 
público universitário, predominante na cidade. Utilizou-se o processo construtivo de 
alvenaria estrutural em blocos de concreto, sendo realizado o dimensionamento dos 
elementos de acordo com as normas vigentes que dizem respeito ao assunto. O 
desenvolvimento dos projetos arquitetônico, de modulação e estrutural mostra que a 
escolha do sistema construtivo é perfeitamente viável e adequada ao contexto proposto. 
 
 
14 
 
2. OBJETIVOS 
 
2.1. OBJETIVO GERAL 
 
Estudar o sistema construtivo em alvenaria estrutural, ampliando e completando 
deste modo os conhecimentos adquiridos ao longo do curso de graduação em 
Engenharia Civil pela Universidade Federal de Viçosa. 
 
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
Com vistas em se alcançar e validar o objetivo geral proposto, estipularam-se os 
seguintes objetivos específicos: 
 Elaborar o projeto arquitetônico de uma edificação dotada de sete pavimentos 
tipo com quatro apartamentos por andar. 
 Efetuar a modulação do edifício de alvenaria estrutural, apresentando como 
resultados a primeira e segunda fiada de blocos de concreto, além das elevações 
das paredes. 
 Elaborar o projeto estrutural, tomando como base a ABNT NBR 15961-1:2011. 
 
 
 
15 
 
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
3.1. HISTÓRICO 
 
3.1.1. A alvenaria estrutural no mundo 
 
 A alvenaria estrutural é um sistema construtivo tradicional e sua utilização data 
de milhares de anos atrás, desde a Pré-História. 
 Inicialmente utilizaram-se blocos de rocha como o principal elemento de 
alvenaria, encontrados em abundância na natureza para extração, por meio de técnicas 
bastante rudimentares. A partir do ano 4.000 a.C. notou-se que a argila era um material 
que, se úmido, podia ser moldada e possuía propriedades plásticas. Então, a argila 
passou a ser trabalhada, ocasionando na produção dos tijolos. 
 Ao longo dos séculos, foram produzidas várias obras em alvenaria estrutural, 
algumas delas de grande importância histórica em cunho mundial. Podem ser citadas as 
pirâmides de Guizé no Egito (Figura 1), construídas em blocos de pedra que datam de 
aproximadamente 2600 a.C.; o Parthenon na Grécia (Figura 2), construído entre 480 
a.C. e 323 a.C.; e a Muralha da China, construída no período de 1368 a 1644. 
O sistema construtivo desenvolveu-se através do simples empilhamento de 
unidades, tijolos ou blocos; os vãos eram executados com peças auxiliares. As primeiras 
alvenarias apresentavam grandes espessuras em suas obras mais imponentes, face ao 
desconhecimento das características resistentes dos materiais e de procedimentos 
racionais de cálculo (CAVALHEIRO, 2012). 
 
Figura1 - Pirâmides de Gizé. 
Fonte: Portugal Mundial, 2016. 
 
Figura2 - Parthenon, Grécia. 
Fonte: Arquitetando teoria, 2011 apud Tavares, 
2011
16 
 
 Ao passar do tempo, foi descoberta uma alternativa para a execução dos vãos: os 
arcos. Estes seriam obtidos através do arranjo entre as unidades. Assim foram executadas 
pontes e outras obras de grande beleza, obtendo maior qualidade à alvenaria estrutural 
(KALIL, 2007). Um exemplo é a parte superior da Catedral de Notre Dame, em Paris, 
mostrada na Figura 3. 
 
 
Figura3 - Catedral de Notre-Dame, Paris. 
Fonte: Paris Museum Pass, 2016. 
 
 Segundo Kalil (2007), até o final do século XIX a alvenaria predominou como 
material estrutural, porém devido à falta de estudos e de pesquisas na área, não se tinha 
conhecimento de técnicas de racionalização. As teorias de cálculos eram feitas de forma 
empírica, com isso não se tinha plena garantia da segurança da estrutura, forçando um super-
dimensionamento das mesmas. Ao mesmo tempo, com o aprimoramento do cimento e o 
domínio do aço, as estruturas em concreto armado foram marcantes no início do século XX e 
se tornaram, juntamente com as edificações metálicas, os sistemas estruturais predominantes 
até a metade do século, não só pela menor área útil ocupada, mas igualmente pelo custo mais 
baixo em relação às pesadas obras em alvenaria estrutural (CAVALHEIRO, 2012). 
 Um marco na história da alvenaria estrutural foi a construção do Edifício Monadnock 
(Figura 4). Foi construído em Chicago de 1889 a 1891 e tornou-se um símboloclássico da 
moderna alvenaria estrutural. Com seus 16 pavimentos e 65 m de altura, foi considerado uma 
obra ousada, como se explorasse os limites dimensionais possíveis para edifícios de alvenaria. 
17 
 
Entretanto, por causa dos métodos empíricos de dimensionamento empregados até então, as 
paredes na base têm 1,80 m de espessura. Acredita-se que se fosse dimensionado pelos 
procedimentos utilizados atualmente, com os mesmos materiais, essa espessura seria inferior a 
30 cm (RAMALHO; CÔRREA, 2003). 
 
 
Figura4 - Edifício Monadnock, Chicago. 
Fonte: Pinterest, 2016. 
 
 Por volta de 1950 começam a surgir normas que permitem calcular a espessura 
necessária das paredes e a resistência das alvenarias, em bases de cálculo mais racionais e 
experimentações laboratoriais, principalmente na Suíça (CAVALHEIRO, 2012). Estes 
empreendimentos foram bem-sucedidos, de modo que levou ao ressurgimento do sistema 
construtivo em alvenaria estrutural na Europa a partir desta década. Foram então construídos 
prédios altos, com paredes esbeltas. Um exemplo é um edifício construído em 1950, por Paul 
Haller, na Basiléia, Suíça. O edifício, com 13 pavimentos e 42 m de altura, foi executado em 
alvenaria estrutural não-armada. A espessura das paredes é de 15 cm, para paredes internas, e 
37,5 cm, para as paredes externas (RAMALHO; CÔRREA, 2003). 
 Os anos 60 e 70 foram marcados por intensas pesquisas experimentais e 
aperfeiçoamento de modelos matemáticos de cálculo, objetivando projetos resistentes não só a 
ações estáticas e dinâmicas de vento e sismo, mas também a ações de caráter excepcional, 
como explosões e retiradas de paredes estruturais (CAVALHEIRO, 2012). 
18 
 
 No ano de 1966 foi erguido, em Denver, Colorado, o edifício mais arrojado em 
alvenaria armada até aquele momento. Com o nome de “Park Mayfair East” (Figura 5), 
destacou-se por ser o primeiro edifício de grande altura (17 pavimentos) a ser construído em 
zona sísmica somente em alvenaria estrutural. Possui lajes protendidas que vencem vãos de 
até 11 metros. 
 
 
Figura5 - Edifício “Park Mayfair East”. 
Fonte: Silva, 2004. 
 
 Outro exemplo da aplicação das técnicas e conhecimento científico desenvolvidos foi 
a construção do Hotel Excalibur, em Las Vegas, USA (Figura 6). O mesmo possui 28 
pavimentos e todas as paredes estruturais, do primeiro ao último andar, foram feitas com 
blocos de 19 cm de espessura. 
 
 
Figura6 - Hotel Excalibur, Las Vegas, USA. 
Fonte: Excalibur Hotel&Cassino, 2016. 
 
19 
 
3.1.2. A alvenaria estrutural no Brasil 
 
 A história brasileira registra que a técnica da utilização da taipa, aqui chegada nos 
primórdios da colonização, difundiu-se largamente representando elemento preponderante na 
construção de prédios em que a durabilidade era a preocupação maior. A taipa (Figura 7) é 
uma terra simplesmente apiloada, socada (SILVA, 2004). Para adquirir a rigidez necessária a 
uma estrutura, ela requer espessura um tanto exagerada, diminuindo os espaços da edificação. 
O desenvolvimento impunha a modernização das paredes para a obtenção de maiores espaços 
úteis. 
 
 
Figura7 - Casa de taipa. 
Fonte: Russas News, 2014. 
 
 Os primeiros avanços na técnica construtiva são marcados, já no Império, pelo uso do 
tijolo de barro cozido, a partir de 1850, proporcionando construções com maiores vãos e mais 
resistentes à ação das águas, sepultando a técnica da taipa de terra socada (CAVALHEIRO, 
2012). 
 Em 1966 foram construídos os primeiros prédios em alvenaria estrutural, com 4 
pavimentos em alvenaria armada de blocos de concreto, no Conjunto Habitacional “Central 
Parque da Lapa” (KALIL, 2007). Os blocos apresentavam 19 cm de espessura. O conjunto é 
mostrado na Figura 8. Estima-se que entre 1964 e 1966 foram executadas mais de dois 
milhões de unidades habitacionais em alvenaria estrutural. 
Segundo TAVARES (2011), até 1972 os projetistas brasileiros não ousavam elaborar 
projetos de edifícios com mais de quatro pavimentos para serem construídos com blocos de 
concreto. Essa ousadia só foi estimulada após a passagem do projetista norte-americano Green 
20 
 
Ferver pelo Brasil, que foi contratado como consultor pela empresa Regional, responsável 
pela construção do Central Parque Lapa. 
 
 
Figura8 - Conjunto habitacional “Central Parque da Lapa”. 
Fonte: Arroba Casa, 2016. 
 
 Em alvenaria estrutural não armada, o pioneiro foi o Edifício Jardim Prudência (Figura 
9), erguido em São Paulo em 1977. Ele possui 9 pavimentos com paredes resistentes de 
alvenaria de blocos sílico-calcários de 24 cm (SILVA, 2004). 
 
 
Figura9 - Edifício Jardim Prudência. 
Fonte: Comunidade da Construção, 2016. 
 
Com o aprimoramento das técnicas com a utilização dos blocos estruturais, o mercado 
começa a dar espaço para novas edificações (SILVA, 2004). O auge do sistema construtivo no 
Brasil se deu na década de 80, com a disseminação dos conjuntos habitacionais. Em 1988, 
foram construídos 12 edifícios em São Paulo, no bairro do Brás, todos com 19 pavimentos 
21 
 
(Figura 10). Foram, por um bom tempo, os edifícios mais altos já construídos no Brasil, em 
alvenaria estrutural armada. 
 
 
Figura10- Edifícios construídos no Brás, SP. 
Fonte: Comunidade da Construção, 2016. 
 
 A alvenaria estrutural oferece grande potencial de redução de custos, levando muitas 
construtoras e produtoras de blocos a investirem nesta tecnologia a fim de torná-la mais 
vantajosa. No entanto, devido à inexperiência dos profissionais, alguns erros de execução nas 
obras foram cometidos e assim muitas patologias surgiram neste tipo de edificação. A 
utilização do sistema construtivo desacelerou; mas, ainda assim, as vantagens econômicas 
proporcionadas pela alvenaria estrutural incentivaram algumas construtoras a permanecerem 
no sistema e buscar as melhorias necessárias para uma melhor execução. 
 
3.2. ASPECTOS TÉCNICOS E ECONÔMICOS 
 
 Para a escolha e execução adequada de qualquer sistema construtivo, sobretudo a 
alvenaria estrutural, deve-se ter conhecimento suficiente acerca das vantagens e desvantagens 
oferecidas pelo sistema, bem como das características da edificação considerada; não é 
correto afirmar que um sistema construtivo seja adequado a qualquer edifício. 
 Alguns parâmetros da edificação devem ser observados em relação à adoção da 
alvenaria estrutural, para que esse sistema não se torne mais oneroso para a produção da 
estrutura. Dentre estes, destacam-se: 
 
 
 
 
22 
 
a) Altura da edificação 
 
 A alvenaria estrutural é indicada para edifícios de no máximo 15 ou 16 pavimentos, 
considerando-se a realidade brasileira. Um número maior de pavimentos demandaria blocos 
com resistência superior à encontrada no mercado, exigindo que a obra fosse executada por 
meio de um grauteamento generalizado, elevando os custos. Além disso, segundo Ramalho e 
Corrêa (2003), as ações horizontais provocariam tensões de tração significativas. Isso levaria 
à utilização de armaduras e graute, comprometendo a economia da obra. 
 
b) Arranjo arquitetônico 
 
 Para a correta concepção estrutural do sistema, é necessário que haja simetria. O 
projeto arquitetônico deve ser o mais simétrico possível em todos os seus aspectos, como, por 
exemplo, na geometria: tanto em planta baixa quanto na elevação, na distribuição das paredes 
no pavimento e na disponibilização das aberturas (BUSI, 2009). Dessa forma, consegue-se 
desenvolver mais facilmente a modulação e evita-se, ainda, torções e trações acentuadas na 
edificação. 
 
c) Tipo de uso da edificação 
 
 Em edifícios comerciais ou residenciais de alto padrão, onde seja necessário a 
utilização de vãos grandes, este sistema construtivo não é adequado (RAMALHO; CORREA, 
2003). Além disso, edificações comerciais usualmente apresentam a necessidade de rearranjo 
das paredes, e a alvenaria estrutural não proporciona esta flexibilidade sem que se 
comprometa a estrutura.Por isso, o sistema é mais adequado a edifícios residenciais de médio 
ou baixo padrão, cujos vãos são relativamente pequenos. 
 A alvenaria estrutural se apresenta como uma tecnologia racionalizada, que 
proporciona dentre outras vantagens, a redução de custos e de prazos de execução 
(NASCIMENTO, 2007 apud HOFFMANN, 2012). No entanto, como qualquer outro sistema 
construtivo, apresenta também pontos negativos que devem ser reduzidos ao máximo ou 
eliminados do projeto. 
 
 
23 
 
3.2.1. Vantagens 
 
 A principais vantagens associadas ao sistema construtivo em alvenaria estrutural, em 
comparação com o sistema convencional, estão relacionadas a seguir. Entende-se por sistema 
convencional aquele que contempla as estruturas em concreto armado (pilares, vigas e lajes). 
 
a) Diminuição dos custos da obra 
 
 Ao se optar pela execução de uma edificação em alvenaria estrutural pode-se ter uma 
redução dos custos, uma vez que muitos serviços feitos no sistema convencional não são 
empregados. Por exemplo, não há o uso de formas para a concretagem de pilares e vigas, o 
que diminui a mão de obra de carpinteiros e armadores além da economia de materiais. 
 Outro fator que merece ser destacado é o fato de se encontrar hoje, no mercado, blocos 
cerâmicos ou de concreto com variadas resistências. Dessa maneira, pode-se utilizar blocos 
com menores resistências nos pavimentos superiores, contribuindo também para a economia. 
 
b) Racionalização 
 
 A alvenaria estrutural é, sem dúvidas, um processo construtivo racionalizado. O 
sistema traz para a construção civil a linha de produção, padronização e o alto nível de 
planejamento, sendo a obra totalmente conduzida por projetos integrados entre si. Eliminam-
se as decisões durante a execução, pois os detalhes construtivos e soluções necessárias são 
discutidos antecipadamente na fase de projeto. 
 A redução do desperdício, decorrente da modulação, detalhamento do projeto e melhor 
aproveitamento dos recursos levam à diminuição do entulho gerado, tornando o canteiro mais 
limpo e organizado, como pode ser visto na Figura 11. 
24 
 
 
Figura11 - Canteiro de obra feita em alvenaria estrutural. Fonte: Katiuscia, 2016. 
 
c) Flexibilidade e rapidez de execução da obra 
 
 A aplicação da alvenaria estrutural reduz as etapas executivas da obra, simplifica os 
procedimentos de execução e possibilita diferentes níveis de mecanização. Dessa forma, o 
ritmo de execução se torna mais flexível. Por exemplo, não é necessário esperar o tempo de 
cura dos elementos estruturais para a realização de outros serviços, fato que ocorre nas 
estruturas convencionais. 
 A melhoria na produtividade garantida pelo sistema, associada à sua flexibilidade, 
fazem com que haja um ganho considerável de rapidez na execução da edificação. Ressalta-se 
que a produtividade e, consequentemente, a rapidez, irão depender diretamente do 
treinamento e qualificação da mão de obra empregada. 
 
3.2.2. Desvantagens 
 
 Como afirma Ramalho e Corrêa (2003), apesar de as vantagens apresentadas serem de 
grande relevância, não se pode esquecer de algumas desvantagens da alvenaria estrutural em 
relação às estruturas convencionais em concreto armado. São estas: 
 
a) Limitações do projeto 
 
 Sabe-se que, na alvenaria estrutural, as paredes não só exercem a função de vedação, 
mas também são elementos estruturais. Dessa forma, há uma grande dificuldade de adaptação 
25 
 
da arquitetura para novo uso, já que não é possível a remoção ou alteração de paredes já 
executadas. Essa limitação é um grande inibidor de vendas de imóveis. 
 Outras limitações são o comprimento dos vãos, que devem ser relativamente pequenos 
(5 a 6 metros), e a execução de formas arredondadas, visto que os blocos são padronizados em 
formato retangular. 
 
b) Interferência entre projetos 
 
 Em se tratando da alvenaria estrutural, a interferência entre os projetos arquitetônicos, 
estruturais e de instalações é muito grande. Isto se deve, principalmente, à manutenção do 
módulo, que afeta diretamente o projeto arquitetônico, e à impossibilidade de furar as paredes, 
o que condiciona a passagem e posicionamento das instalações elétricas e hidráulicas. 
 
c) Mão-de-obra qualificada 
 
 O desempenho da alvenaria é altamente influenciado por fatores inerentes à maneira 
como ela é executada, por isso exige controle de qualidade eficiente, tanto dos materiais como 
da mão-de-obra empregada (TAVARES, 2011). 
 Pastro (2007) expõe que é muito difícil encontrar equipes especializadas que saibam 
dos detalhes e das necessidades do sistema construtivo, de modo a executar a obra do jeito 
que foi pensada e projetada. Constata-se, na área, carência e necessidade de treinamentos, o 
que desmotiva alguns empresários devido ao tempo e custos demandados. 
 Caso as equipes de trabalho não tenham o conhecimento necessário do sistema e das 
ferramentas aplicadas, os riscos de falhas que comprometam a segurança da edificação 
crescem sensivelmente (RAMALHO; CORRÊA, 2003). 
 
3.3. COMPONENTES DA ALVENARIA ESTRUTURAL 
 
3.3.1. Blocos 
 
 Os blocos são as unidades básicas da alvenaria estrutural, sendo os principais 
responsáveis pela definição das características relacionadas à resistência da estrutura. Os 
26 
 
blocos influenciam em diversas características do projeto, sendo estas a modulação, a 
coordenação dimensional e a passagem de tubulações. 
 Em relação ao material componente, as unidades mais comuns no Brasil para 
edificações executadas em alvenaria estrutural são, em ordem decrescente de utilização: 
unidades de concreto, unidades cerâmicas e unidades sílico-calcárias. No desenvolvimento do 
presente trabalho, será utilizado o bloco de concreto. 
 O bloco de concreto “é a unidade de alvenaria constituída pela mistura homogênea, 
adequadamente proporcionada, de cimento Portland, agregado miúdo e graúdo, conformado 
através de vibração e prensagem, que possui dimensões superiores a (250x120x55) mm 
(comprimento, largura e altura).” (MEDEIROS; SABBATINI, 1993). 
 Os blocos estruturais utilizados no sistema construtivo em alvenaria estrutural 
apresentam valores de resistência à compressão e peso muito diferentes. Se por algum motivo 
a classe de resistência do bloco for alterada ocasionam-se modificações em todo o cálculo 
estrutural do projeto. Os blocos de concreto estrutural apresentam altas resistências, que 
variam entre 12 e 20 MPa e permitem construções em alvenaria estrutural com um número 
maior de pavimentos. Na Tabela 1 é apresentada a classificação dos blocos de concreto 
conforme a ABNT NBR 6136:2014. 
 Os blocos da Classe A possuem função estrutural e são utilizados em elementos de 
alvenaria acima ou abaixo do nível do solo. Já os blocos da classe B e C possuem função 
estrutural, porém, são utilizados em elementos de alvenaria acima do nível do solo. 
 Para facilitar a modulação, as medidas dos blocos devem, usualmente, ser múltiplas; 
por isso, os blocos de concreto mais utilizados são divididos em duas famílias, a família 39 e 
a família 29. 
 Os blocos da família 29, mostrados na Figura 12, possuem modulação de 15 cm tanto 
no comprimento quanto na largura. Existe o bloco de 14x19x29 que é o mais utilizado nos 
comprimentos das paredes, o meio bloco desta medida é o 14x19x14, muito usado em vãos de 
portas e janelas, onde a amarração da alvenaria precisa terminar em prumo, e o 14x19x44 
usado nos encontros de parede e “T”. (PASTRO, 2007). 
 
 
 
 
27 
 
Tabela1 - Requisitos para resistência característica à compressão, absorção e retração. Fonte: ABNT NBR 
6136:2014. 
 
 
 A família 39 (Figura 13) possui dimensão em módulo de 20 cm diferente da largura 
que é de 15cm, por isso precisam-se de blocos com a finalidade de modular estas medidas, o 
de 14x19x34 usado nos cantos e o 14x19x54 usado nos encontros de paredes em “T”. Tem-se 
o 14x19x39 que é o mais utilizado nos comprimentosdas paredes e o meio bloco desta 
medida que é o 14x19x19, muito usado em vãos de portas e janelas, onde a amarração da 
alvenaria precisa terminar em prumo. (PASTRO, 2007). 
 Sendo assim, ao se projetar usando blocos da família 39, usa-se uma diversidade de 
componentes muito maior do que quando se usa os blocos da família 29. (SIQUEIRA et al., 
2015). 
 
28 
 
 
Figura12 - Família de blocos 29. Fonte: Júnior, 2012. 
 
 
 
Figura13 - Família de blocos 39. Fonte: Júnior, 2012. 
 
3.3.2. Argamassa 
 
 Na obtenção de uma alvenaria de qualidade, além do controle das condições do tijolo 
ou bloco é preciso também controlar a argamassa utilizada. (KALIL, 2007). 
29 
 
 A argamassa de assentamento é responsável pela solidarização das unidades, 
transmissãoe uniformização das tensões entre as unidades de alvenaria, absorção de pequenas 
deformações e prevenção da entrada de água e de vento nas edificações. Geralmente é 
composta de areia, cimento, cal e água, e deve reunir boas características de trabalhabilidade, 
resistência, plasticidade e durabilidade para o desempenho de suas funções. É bom ressaltar 
que mais importante que a resistência é a plasticidade, permitindo que as tensões sejam 
transferidas de modo uniforme de uma unidade à outra. 
 Na produção da argamassa são utilizados Cimentos Portland Comum (CP-I), 
Composto (CP-II) e Alta Resistência Inicial (CPV-ARI). Podem ser utilizados ainda outros 
tipos de cimento, como o Cimento Portland Pozolânico (CP-IV) e Alto-Forno (CP-III). Os 
cimentos com maior superfície específica tornam as argamassas mais trabalháveis e com 
maior retenção de água. As argamassas produzidas com os cimentos CP-III e CP-IV tem a 
tendência de ser tecnicamente melhores do que as argamassas executadas com os outros tipos 
de cimento, devido ao seu endurecimento mais lento, propiciando argamassas com maior 
capacidade de absorver pequenas deformações (KALIL, 2007). 
 Segundo Sabbatini (1984), as argamassas de assentamento não têm forma definida, 
mas possuem uma função específica: destinam-se ao assentamento de unidades de alvenaria. 
A argamassa de assentamento produz a junta de argamassa que é um componente com forma 
e funções bem definidas. 
 A junta de argamassa “é a lâmina ou cordão de argamassa endurecida, intercalado e 
aderente às unidades de alvenaria, que garante a monoliticidade da alvenaria” 
(CAVALHEIRO,1996). 
 Existem dois tipos de juntas horizontais de argamassa utilizadas na alvenaria de blocos 
vazados de concreto: a com preenchimento total (longitudinal e transversal) e a com 
preenchimento parcial (longitudinal). 
 Além das juntas horizontais existem as juntas verticais, sendo que estas podem ou não 
ser preenchidas por argamassa na fase de execução. Na maioria dos casos a junta vertical não 
recebe a devida atenção pelos projetistas, porém a mesma confere propriedades importantes 
para a alvenaria estrutural. Na Figura 14 mostram-se os diferentes tipos de juntas. 
 A ausência de argamassa nas juntas verticais (“juntas secas”) repercute na resistência 
ao cisalhamento da alvenaria, à resistência ao fogo, ao desempenho termoacústico, à 
resistência a cargas laterais e à capacidade de redistribuição das tensões desenvolvidas nas 
paredes. Santos (2001) corrobora com esta proposição argumentando que “o não 
30 
 
preenchimento de juntas verticais com argamassa indica, claramente, que esta prática não 
contribui para a melhoria do desempenho estrutural das edificações em alvenaria’. Segundo 
Roman et al. (1999), “o não preenchimento das juntas verticais tem pouco efeito na 
resistência à compressão, mas afeta a resistência à flexão e ao cisalhamento da parede”. Sendo 
assim, não se recomenda em nenhuma circunstância à adoção de “juntas secas” nas alvenarias 
estruturais (THOMAZ; HELENE, 2000). 
 
 
Figura14 - Tipos de juntas de argamassa. Fonte: Santos, 1998. 
 
 
3.3.3. Graute 
 
 O graute pode ser definido como um concreto com agregados de pequena dimensão, 
possuindo alta fluidez e baixa retração. A fluidez é eventualmente necessária para que ocorra 
o preenchimento dos vazios dos blocos. O graute tem como função o aumento da área da 
seção transversal das unidades e/ou a solidarização dos blocos com eventuais armaduras 
posicionadas nos seus vazios. Além disso, pode ser utilizado como reforço estrutural nas 
zonas de concentração de tensões e quando necessita-se armar as estruturas. 
31 
 
 Utilizado para preenchimento de blocos e canaletas, os grautes constituem-se em 
materiais peculiares, com propriedades e comportamento distintos dos concretos em geral. 
Após a mistura, devem apresentar fluidez, consistência do tipo bombeável, baixa ou nenhuma 
retração e ausência de segregação e exsudação (BAUER, 2005). 
 Em relação à sua composição, o graute pode ser fino (cimento + areia) ou grosso 
(cimento + brita + areia), sendo responsável pelo aumento da área útil em cerca de 50%. Além 
disso, o aumento de resistência é da ordem de 30 a 40%. 
 Parsekian et al (2010) recomenda as seguintes dosagens básicas de graute para obras 
de pequeno vulto. 
 
 Graute fino: 1 saco de cimento; até 35 dm³ de cal; até 88 dm³ de agregado miúdo; até 
37 litros de água. Em volume de material seco esta dosagem corresponde a um traço 
de 1:3 a 4. 
 Graute grosso: 1 saco de cimento, até 35 dm³ de cal, até 66 dm³ de agregado miúdo, 
até 35 litros de água. O traço correspondente é 1:2 a 3; 1 a 2. 
 
 De acordo com a ABNT NBR 15961:2011, a dimensão máxima do agregado deve ser 
de 10 mm ou 20 mm, conforme o cobrimento de armadura, se for 15 mm (cobrimento 
mínimo) ou 25 mm, respectivamente. Os agregados devem ter dimensão inferior a 1/3 da 
menor dimensão dos vazados a serem preenchidos. 
 A resistência à compressão da alvenaria é resultado da combinação da resistência à 
compressão do graute, em conjunto com as propriedades mecânicas dos blocos e da 
argamassa. Assim, com a utilização do graute, pode-se aumentar a capacidade resistente da 
alvenaria à compressão ou permitir que as armaduras resistam às tensões de tração que a 
alvenaria não teria condições de resistir. 
 Analogamente ao que acontece com o concreto armado, considera-se que na alvenaria 
estrutural, o conjunto bloco, graute e armadura trabalhem monoliticamente. Para que isso 
ocorra, é necessário que o graute envolva completamente as armaduras e tenha aderência 
tanto a ela quanto ao bloco, formando um conjunto único. 
 
3.3.4. Armaduras 
 
32 
 
 As barras de aço utilizadas nas construções em alvenaria são as mesmas utilizadas nas 
estruturas de concreto armado, mas, neste caso, serão sempre envolvidas por graute, para 
garantir o trabalho conjunto com o restante dos componentes da alvenaria. Uma exceção é 
feita para as armaduras colocadas nas juntas das argamassas de assentamento. Nesse caso, 
é importante ressaltar que o diâmetro deve ser de no mínimo 3,8 mm, não ultrapassando a 
metade da espessura da junta. (RAMALHO; CÔRREA, 2003). 
 O sistema construtivo em alvenaria armada é mais adequado quando se deseja atribuir 
ductilidade à estrutura, aumentar o limite de esbeltez das paredes ou quando se necessita de 
acréscimo localizado de resistência. 
 
3.4. PROCESSO CONSTRUTIVO 
 
3.4.1. Modulação 
 
 Para o bom desenvolvimento de um projeto de alvenaria estrutural é essencial a 
definição dos elementos estruturais, a modulação da alvenaria em função do projeto 
arquitetônico e a adequação desta às dimensões modulares dos componentes. O ideal é que o 
projeto arquitetônico seja desenvolvido com base na modulação, evitando-se assim ajustes 
durante as fases de execução do projeto. 
 “Modular uma alvenaria é projetar utilizando-se de uma ‘unidade modular’, que é 
definida pelas medidas dos blocos, comprimento e espessura. Essas medidas podem ou não 
ser múltiplas uma das outras. Quando as medidas não são múltiplas, a modulação é 
‘quebrada’ e para compensá-la precisa-se lançarmão de elementos especiais chamados de 
elementos compensadores da modulação.” (ABCP, 2015). 
 É de grande importância que o comprimento e a largura sejam iguais ou múltiplos, 
assim tem-se um único módulo em planta, facilitando a amarração entre as paredes, 
resultando em uma melhor otimização do sistema construtivo. 
 Após ter sido definido o módulo, a partir do bloco de concreto disponível no mercado, 
todo o processo de modulação ocorrerá naturalmente, e todos os ambientes do projeto terão 
suas medidas internas e externas definidas pelo módulo de referência adotado. 
 A unidade é o componente básico da alvenaria. Uma unidade é definida por três 
dimensões: comprimento, largura e altura (Figura 15). O comprimento e a largura definem o 
módulo horizontal. Já a altura define o módulo vertical a ser adotado nas elevações. 
33 
 
 
 
Figura15 - Dimensões do bloco de concreto. 
Fonte: Ramalho e Côrrea, 2003. 
 
 Um fator muito importante que deve ser observado é à distância do fornecedor dos 
blocos até a obra, esta deve ser relativamente pequena de forma que se viabilize 
economicamente o empreendimento. Distâncias grandes, acima de 200 km, tornam o frete 
inviabilizado. Além disso, é necessário que existam no mínimo dois fornecedores viáveis para 
uma determinada edificação, a menos que os blocos estejam sendo produzidos no canteiro de 
obras. (RAMALHO; CÔRREA, 2003). 
 
a) Modulação Horizontal 
 
 O módulo horizontal é igual ao comprimento real do bloco mais a espessura de uma 
junta. Ao se adotar um determinado módulo (M), esse módulo refere-se ao comprimento real 
do bloco mais a espessura de uma junta (J). As demais fiadas devem evitar ao máximo as 
juntas a prumo, para isso as juntas devem estar defasadas de uma distância M. 
 No processo de modulação da alvenaria estrutural trabalha-se com as famílias 
modulares de blocos. As principais famílias utilizadas já mencionadas anteriormente são a 
família 39 (módulo horizontal de 20 cm) e a família 29 cm (módulo horizontal de 15 cm). 
 O primeiro conceito que deve ser esclarecido é que o bloco possui três comprimentos. 
De acordo com a ABNT NBR 6136:2014 para o bloco M15, o comprimento nominal é de 14 
cm, o real é de 14,2 cm e o modular é de 15 cm. Para essas dimensões modulares e reais estão 
sendo consideradas juntas de assentamento de 1 cm, que são as mais utilizadas. (RAMALHO; 
CÔRREA, 2003). 
 
34 
 
b) Modulação Vertical 
 
 Já quanto à modulação vertical, a situação é bem mais simples. É necessário apenas 
ajustar a distância de piso a teto ou de piso a piso, para que esta seja um múltiplo do módulo 
vertical a ser adotado, normalmente igual a 20 cm, já que os blocos são fabricados com altura 
nominal de 19 cm. 
 A modulação vertical dificilmente atrapalha o arranjo arquitetônico da edificação. 
Existem duas formas de se fazer a modulação vertical. A primeira trata de ser considerada a 
altura do pavimento de piso a teto. Neste caso as paredes externas terminarão com um bloco J 
com uma das laterais maior que a outra, de forma a acomodar a laje. As paredes internas 
terminarão com um bloco canaleta, conforme ilustrado na Figura 16. Já a segunda modulação, 
apresentada na Figura 17, considera a altura do pavimento de piso a piso. A diferença dos dois 
sistemas está na utilização dos blocos canaleta. Enquanto que no primeiro caso é usado um 
bloco padronizado com altura igual aos demais, no segundo caso o bloco deve ser 
compensador para que junto com a espessura da laje dê continuidade na modulação, que 
geralmente é 20 cm (RAMALHO; CORRÊA, 2003, p.22). 
 
 
Figura16 - Modulação de piso à teto. Fonte: Ramalho; Côrrea, 2003. 
 
35 
 
 
Figura17 - Modulação de piso à piso. Fonte: Ramalho; Côrrea, 2003. 
 
3.4.2. Amarração 
 
 Accetti (1999) afirma que é altamente recomendado, na planta de um prédio, amarrar 
duas ou mais paredes que se encontrem. Esta amarração permite a uniformização das cargas, 
transmitindo ações de uma parede para outra, o que alivia uma parede muito carregada e 
acrescenta tensões em outra menos carregada. Esta uniformização é ótima para a economia, 
uma vez que a resistência dos blocos de um pavimento é dada pela tensão atuante na parede 
mais solicitada, já que não é comum ser usados blocos com resistências diferentes em um 
mesmo pavimento, por razões operacionais. 
 Amarração direta é o entrosamento alternado de fiadas. É a tendência de 
uniformização de tensões que ocorre ao longo da altura do edifício. Essa tendência é 
altamente benéfica ao comportamento estrutural das paredes, pois significa que as mais 
carregadas servem-se das menos solicitadas para aliviarem os seus excessos (CORRÊA; 
RAMALHO, 1994). Amarração direta consiste na disposição dos blocos nas fiadas desde que 
50% deles penetrem alternadamente na parede interceptada, enquanto que a amarração 
indireta é obtida com o auxílio de barras ou telas metálicas. Nas Figuras 18 e 19 
exemplificam-se os dois tipos de amarração. 
 
36 
 
 
Figura18 - Amarração indireta. 
Fonte: Helena Júnior, 2012. 
 
 
 
Figura19 - Amarração direta. 
Fonte: Helena Júnior, 2012. 
 
 
3.5. ANÁLISE ESTRUTURAL 
 
 A análise estrutural compreende três etapas: levantamento das ações que atuarão na 
edificação ao longo de sua vida útil; verificação do seu comportamento mediante a atuação 
dessas ações; e quantificação dos esforços solicitantes e deslocamentos na estrutura. Nesse 
processo é importante que seja escolhido um modelo matemático adequado que se aproxime 
do comportamento real da estrutura, que as ações sejam determinadas de forma correta e que 
se considere adequadamente as não linearidades físicas e geométricas do sistema estrutural 
quando for o caso (REBOREDO, 2013). 
 Neste trabalho serão consideradas as ações verticais e horizontais na análise estrutural, 
as quais serão mais bem explicadas nos tópicos seguintes. 
 
37 
 
3.6. AÇÕES VERTICAIS 
 
 As ações verticais a serem consideradas no projeto vão depender do tipo de estrutura e 
sua finalidade. Como exemplo, em edifícios industriais pode ser necessário levar em conta a 
carga de uma ponte rolante, e já em edificações residenciais este já não seria o caso. Em se 
tratando de edifícios de alvenaria estrutural são consideradas principalmente as ações das lajes 
e os pesos próprios das paredes como ações verticais (RAMALHO; CÔRREA, 2003). 
 
3.6.1. Ações das lajes 
 
 Nas lajes podem atuar dois tipos de ações: permanentes e variáveis. Como definido na 
ABNT NBR 15961:2011, as ações permanentes são aquelas que atuam na estrutura ao longo 
de toda sua vida útil e cujos valores praticamente não mudam. No caso de lajes, as principais 
cargas permanentes atuantes são o peso próprio, contrapiso, revestimento ou piso e paredes 
não estruturais. O peso próprio irá variar conforme o tipo e material empregado na confecção 
das lajes e as demais cargas citadas podem ser consultadas na ABNT NBR 6120:1980 ou 
bibliografia específica. 
 Já ações variáveis verticais atuantes nas lajes são caracterizadas por cargas acidentais 
previstas durante o uso da construção, e por sobrecargas de utilização como peso de pessoas, 
móveis, materiais diversos, veículos, entre outros. No caso específico de edifícios 
residenciais, assumem-se os valores de 1,5 kN/m2 para dormitórios, sala, copa, cozinha e 
banheiro, 2,0 kN/m2 para despensa, área de serviço e lavanderia, e 3,0 kN/m2 para escadas 
com acesso ao público (ABNT, 1980). 
 Essas cargas, permanentes e variáveis, serão descarregadas das lajes para as paredes 
estruturais, e destas para os pilotis ou fundações (RAMALHO, CÔRREA, 2003). 
 
3.6.2. Peso próprio das paredes 
 
 O peso próprio das paredes é obtida mediante a seguinte expressão (1): 
𝑝 = 𝛾𝑒ℎ (1) 
 
sendo que: 
𝑝 = peso da parede por unidade de comprimento 
38 
 
𝛾 = peso específico da parede 
𝑒 = espessurada parede, incluindo bloco e revestimento 
ℎ = altura da parede 
 O peso específico vai depender do tipo e materiais da alvenaria, tendo-se como valores 
adotados para os principais tipos de paredes presentes em edifícios residenciais os 
apresentados na Tabela 2. 
 
Tabela2- Peso específico dos principais tipos de alvenaria 
 
Fonte: Ramalho e Côrrea, 2003. 
 
3.6.3. Dispersão das ações verticais e interação de paredes 
 
 Na análise estrutural quanto ao carregamento vertical, a ABNT NBR 15961-1:2011 
adota como premissa básica que qualquer ação vertical concentrada ou distribuída sobre um 
trecho de parede plana assumirá uma dispersão ao longo desse elemento segundo uma 
inclinação de 45°, como indicado na Figura20. 
 
Figura 20 - Dispersão das ações verticais. Fonte: ABNT NBR 15961-1:2011 
 
 
39 
 
 Esse tipo de espalhamento também pode ser estendido para cantos e bordas com 
amarração direta (Figura 21), já que sua configuração se assemelha bastante com a própria 
parede plana e propicia o desenvolvimento de forças de interação nessa região, como 
observado na Figura 22 (RAMALHO; CÔRREA, 2003). Já em outras situações de ligação 
que não a de amarração direta, a ABNT NBR 15691-1:2011 estabelece que a interação de 
paredes no canto só poderá ser considerada caso haja comprovação experimental de sua 
existência. 
 Em regiões de parede com aberturas costuma haver interação de elementos, conferindo 
um espalhamento e uniformização de cargas, como indicado na Figura 23. Porém, a ABNT 
NBR 15691-1:2011 estabelece que as interações de paredes em regiões de abertura não sejam 
consideradas, a menos que haja comprovação experimental da sua eficiência. 
 
Figura21 - Espalhamento do carregamento em parede plana e parede em L. 
Fonte: RAMALHO; CÔRREA, 2003. 
 
 
 
 
40 
 
 
Figura22 - Interação no canto de uma parede em L. 
Fonte: RAMALHO; CÔRREA, 2003. 
 
 
Figura23 - Interação entre paredes numa região com abertura de janela. 
Fonte: Ramalho e Côrrea, 2003. 
 
 É importante que se avalie como se dá o espalhamento de cargas verticais e a 
ocorrência de interação entre paredes na estrutura projetada, impedindo que se faça 
considerações que não condizem com a realidade. Além disso, quanto maiores as forças de 
interação entre os elementos, maior será o espalhamento do carregamento vertical e, portanto, 
melhor será a uniformização das cargas entre as paredes (RAMALHO; CÔRREA, 2003). 
 
 
 
 
41 
 
3.6.4. Uniformização do carregamento vertical 
 
 Usualmente, num mesmo pavimento da edificação, as cargas verticais que atuam nas 
paredes podem assumir valores bem diferentes. No entanto, os blocos adotados para a 
confecção dessas paredes têm sua resistência determinada pela alvenaria mais carregada. Isso 
ocorre por motivos de segurança, uma vez que o emprego de blocos com diferentes 
resistências num mesmo andar elevaria o risco de uma possível troca, levando ao uso de um 
material menos resistente numa parede mais solicitada. 
 Outra alternativa seria empregar blocos com uma resistência menor nas paredes mais 
carregadas e fazer uso de pontos grauteados nesses locais, aumentando assim a resistência. 
Porém, isso tem implicações econômica e técnica, já que o grauteamento usado de forma 
extensiva se mostra mais oneroso e de difícil execução. 
 Nesse contexto, tendo uma melhor uniformização do carregamento vertical, as 
diferentes categorias de resistência a se empregar no pavimento seriam reduzidas em número, 
levando a uma economia. No entanto, deve ficar claro que o estudo sobre essa uniformização 
deve ser feito com cuidado, evitando que se comprometa a segurança da obra ao se fazer 
considerações errôneas. 
 Alguns procedimentos podem ser adotados visando a existência de forças de interação 
elevadas entre os elementos, colaborando consequentemente para a uniformização das cargas 
verticais. Entre esses métodos estão a amarração direta das paredes em cantos e bordas, a 
existência de cintas sob a laje do pavimento e à meia altura, e o emprego de pavimento em 
laje maciça. Dessas práticas, porém, a mais importante é a primeira, sendo que nas demais 
tem-se dificuldade de se quantificar sua influência benéfica devido às diferentes formas e 
dimensões com que podem ser executadas. Já em aberturas, o emprego de vergas e 
contravergas com uma penetração adequada nas paredes também contribui para o 
desenvolvimento de forças de interação (RAMALHO; CÔRREA, 2003). 
 
3.6.5. Modelos de distribuição de cargas verticais 
 
 Conforme a tipo de amarração entre os blocos nas paredes da edificação de alvenaria 
estrutural, diferentes modelos podem ser adotados, os quais serão detalhados a seguir. 
 
 
42 
 
3.6.5.1. Modelo de paredes isoladas 
 
 Neste modelo cada parede é considerada como um elemento isolado, não possuindo 
interação com as demais. Dessa forma, quando uma carga é aplicada neste elemento, ela será 
transmitida pelo apoio apenas por esta parede (PARSEKIAN; SOARES, 2010). 
 Umas das vantagens desse modelo é sua simplicidade, já que para encontrar a carga 
numa parede em certo nível basta multiplicar o valor encontrado para um pavimento pelo 
número de pavimentos que estão acima do nível em questão. Além disso, é um modelo a 
favor da segurança pois resulta no dimensionamento de blocos com maiores resistências, uma 
vez que a uniformização não é considerada. Já como pontos negativos tem-se um maior custo 
da edificação por se empregar blocos de maiores resistências que a necessária, e não ser um 
modelo condizente com a realidade, já que a maioria das edificações apresentam interação 
entre as suas paredes (RAMALHO; CÔRREA, 2003). 
 O modelo de paredes isoladas é recomendado para estruturas sem amarração direta das 
paredes e em edificações de pequeno porte, onde os pontos negativos citados são minimizados 
(PERSEKIAN, 2012; RAMALHO; CÔRREA, 2003). 
 
3.6.5.2. Modelo de grupo de paredes isoladas 
 
 Diferente do anterior, neste modelo consideram-se paredes que se cruzam como sendo 
de um mesmo grupo e constituindo uma só estrutura. Assume-se que a interação entre bordas 
e cantos é suficiente para que haja espalhamento e uniformização das cargas em uma pequena 
altura (RAMALHO; CÔRREA, 2003). 
 Os limites entre os grupos são definidos em extremidades de portas ou janelas, ou em 
grandes extensões de paredes sem aberturas (Figura 24). Definindo-se os diferentes grupos é 
feita a uniformização das cargas, onde somam-se as cargas de todas as paredes do grupo e 
divide-se pelo comprimento total deste grupo, resultando num carregamento distribuído nessa 
extensão considerada. Com este carregamento basta apenas multiplica-lo pelo número de 
pavimentos que se encontram acima do nível considerado e promover a verificação 
(PARSEKIAN; SOARES, 2010; RAMALHO; CÔRREA, 2003). 
 
43 
 
 
Figura24 - Exemplo de grupos de paredes isoladas definidas por aberturas. 
Fonte: Ramalho e Côrrea, 2003 
 
Como vantagem esse método se mostra de simples implementação, embora não tão 
simples quanto o modelo anterior, havendo a necessidade do projetista definir os grupos de 
paredes. Além disso, esse modelo pode ser considerado seguro contanto que a escolha dos 
grupos seja feita corretamente. E por fim, promove uma redução dos gastos pois leva a 
escolha de blocos de menor resistência que os obtidos com o modelo de paredes isoladas 
(RAMALHO; CÔRREA, 2003). 
 
3.6.5.3. Modelo de grupos de paredes com interação 
 
 Este modelo é uma extensão do anterior, porém há interação entre um grupo e outro de 
paredes, ou seja, nas aberturas também se considera interação da estrutura. Dessa forma, sua 
utilização não é tão simples, e para se evitar erros é recomendado a utilização de planilhas 
eletrônicas ou programas computacionais. 
 Sua vantagem reside na economia obtida, pois a consideração de interação nas 
aberturas conduz a adoção de blocos menos resistentes em relação aos modelosdiscutidos 
anteriormente, especialmente quando a estrutura apresenta paredes de pequena extensão e 
isoladas por aberturas. Porém, quanto à segurança, esse modelo exige uma maior experiência 
do projetista no que diz respeito a divisão dos grupos e na taxa de interação adotada entre os 
grupos (RAMALHO; CÔRREA, 2003). 
 
 
 
44 
 
3.6.5.4. Modelagem tridimensional em elementos finitos 
 
 Nesse tipo de modelagem o carregamento é colocado em cada nível de pavimento e a 
estrutura é modelada com elementos de membrana e chapas, sendo a uniformização dada 
mediante a compatibilização dos deslocamentos dos nós. 
 Embora seja um dos métodos mais precisos e abrangentes quando se trata de análise 
estrutural, seu emprego nem sempre é justificado já que demanda elevado esforço 
computacional e tempo de processamento de dados (PALÁCIO, 2001). 
 
3.7. AÇÕES HORIZONTAIS 
 
 As ações horizontais atuantes em edificações de alvenaria estrutural são associadas ao 
vento, ao desaprumo da estrutura, aos empuxos desequilibrados do solo e aos abalos sísmicos. 
No Brasil, devem ser consideradas obrigatoriamente as duas primeiras e eventualmente a 
terceira. Abalos sísmicos são levados em conta apenas em regiões muito localizadas do Brasil, 
tal como na região próxima à cordilheira dos Andes (extremo oeste do Amazonas e Acre) e, 
de forma simplificada, nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará. 
 Como esse tipo de ação pode gerar tensões de tração nas paredes da edificação e a 
alvenaria é um material com baixa resistência a esse tipo de esforço, se faz importante a 
análise das ações horizontais nos projetos de alvenaria estrutural (OLIVEIRA, 2009). 
 
 
3.7.1. Ação do vento 
 
 Como observado na Figura 25, considera-se que o vento atue de forma perpendicular 
às paredes da estrutura, que são transferidas para as lajes (hipoteticamente adotadas como 
diafragmas rígidos no seu plano) e por sua vez as transferem para os painéis de 
contraventamento e destes para as fundações (SILVA, 1996). 
 
45 
 
 
Figura25 - Ação do vento e distribuição para os painéis de contraventamento. 
Fonte: Bastos, 2009. 
 
 As considerações das forças estáticas e dinâmicas do vento para fins de cálculo de 
edificações são fixadas pela ABNT NBR 6123:1988. 
 
3.7.2. Desaprumo 
 
 De acordo com a ABNT NBR 15961-1:2011, o desaprumo global para edifícios de 
múltiplos andares é considerado através do ângulo de desaprumo 𝜃𝑎 (Figura 26), em 
radianos, dada pela expressão (2)e considerando a seguinte restrição: 
 
𝜃𝑎 =
1
100√𝐻
≤ 
1
40𝐻
 (2) 
 
onde H é a altura total da edificação em metros. 
 
46 
 
 
Figura26 - Desaprumo global. Fonte: 
Fonte: ABNT NBR 15961-1:2011 
 
 Uma consideração prática é se usar uma ação horizontal equivalente (𝐹𝑑) que 
resultaria no desaprumo em questão (Figura27). Para isso, tem-se a expressão (3): 
 
𝐹𝑑 = ∆𝑃𝜃𝑎 (3) 
 
onde ∆𝑃 é o peso total do pavimento considerado. 
 
 
Figura27 - Força horizontal equivalente para a consideração do desaprumo. 
Fonte: Ramalho eCôrrea, 2003. 
 
47 
 
3.7.3. Distribuição das ações horizontais 
 
 Ao se considerar a atuação de ações horizontais, deve-se atentar quanto à simetria da 
edificação, o que influenciará nas respostas da estrutura. Assim, quando as forças horizontais 
atuam no sentido do eixo de simetria da edificação ocorrerá apenas translação das lajes. 
Porém, no caso de não ocorrer essa simetria também irão surgir rotações nos pavimentos. 
Dessa forma, Ramalho e Côrrea (2003) aconselham que se evite assimetrias significativas, 
pois estas tornam a distribuição das ações mais complexa e geram maiores tensões nas lajes, 
afetando negativamente o funcionamento da estrutura. 
 Seguindo essa recomendação, optou-se por se trabalhar neste projeto com uma 
edificação duplamente simétrica. Por ser esse o caso, será descrito adiante os dois principais 
modelos de distribuição de esforços horizontais para contraventamentos simétricos. 
 
3.7.3.1. Paredes isoladas 
 
 Neste método, janelas e portas são considerados delimitadores de paredes, tornando-as 
elementos isolados que podem ser vistos como vigas engastadas em sua base e livres na outra 
extremidade, sendo as ações horizontais aplicadas no nível de cada pavimento (Figura 28). 
Como as lajes são tidas como diafragmas rígidos, os deslocamentos horizontais são os 
mesmos ao nível de cada pavimento (Vieira et al., 2012). 
 
 
Figura28 - Representação de uma parede isolada. 
 Fonte: Oliveira, 2009. 
 
48 
 
De acordo com Drysdale et al. (1994), para um nível de aplicação da força, pode-se 
calcular o deslocamento devido às parcelas de flexão e cisalhamento pela equação (4), que é 
exclusiva para o esquema representado na Figura 10: 
 
∆ = ∆𝑓 + ∆𝑐 = 
𝐹𝐻3
3𝐸𝐼
+ 𝜆
𝐹𝐻
𝐴𝐺
 (4) 
sendo que: 
F é a força solicitante 
∆ é o deslocamento devido à força F 
∆𝑓 é a parcela de deslocamento devido à flexão 
∆𝑐 é a parcela de deslocamento devido ao cisalhamento 
H é a altura do edifício 
A é a área da seção transversal da parede 
I é a inércia transversal da parede 
G é o módulo de elasticidade transversal 
E é o modulo de elasticidade longitudinal 
𝜆 é o fator de forma da seção, função da seção transversal da parede 
 
 Quando o deslocamento devido a flexão for predominante, pode-se desprezar a ação 
de cisalhamento e nesse caso a rigidez relativa da parede é dada pela razão entre a rigidez de 
cada painel e a soma das rigidezes de todos os painéis (equação 5). Logo, a força horizontal 
que cada painel absorve é dada pela equação 6. 
 
𝑅𝑖 = 
𝐼𝑖
∑ 𝐼𝑗
𝑛
𝑗=1
 (5) 
 
𝐹𝑖 = 𝐹𝑡𝑜𝑡𝑅𝑖 (6) 
 
onde: 
𝑅𝑖 é a rigidez relativa do paineli; 
𝐼𝑖 o momento de inércia do painel i; 
𝐼𝑗 o momento de inércia de cada painel j; 
𝐹𝑖 é a parcela da ação horizontal que o painel iabsorve; 
𝐹𝑡𝑜𝑡 é a ação horizontal total em cada pavimento. 
49 
 
 
 Por fim, uma vez calculada a parcela da ação horizontal atuante em cada painel 
podem-se obter os momentos fletores gerados e através da expressão clássica da resistência 
dos materiais (7) chegar às tensões normais na parede. 
𝜎 = 
𝑀
𝑊
 (7) 
 
3.7.3.2. Paredes com aberturas 
 
 Neste modelo os painéis paralelos à direção dos esforços horizontais passam a ser 
vistos como pórticos, onde as paredes são consideradas como pilares e os lintéis sobre as 
aberturas como vigas (Figura 29). Nesse esquema ainda persiste a característica dos painéis 
absorverem as ações horizontais proporcionalmente às suas rigidezes. E no caso do painel não 
possuir abertura, este será então considerado como uma parede isolada, como foi descrito 
anteriormente (OLIVEIRA, 2009; RAMALHO; CÔRREA, 2003). 
 
 
Figura29 - (a) Parede com aberturas. (b) Representação em pórtico. 
Fonte: Ramalho e Côrrea, 2003. 
 
 Por ser um modelo um pouco mais complexo que o de paredes isoladas, sua utilização 
implica no emprego de recursos computacionais, até mesmo se a estrutura em análise for 
simétrica. 
 
 
 
50 
 
 
3.8. DIMENSIONAMENTO DE EDIFICAÇÕES DE ALVENARIA ESTRUTURAL 
 
 Uma estrutura segura consiste naquela capaz de suportar as ações previstas ao longo 
de sua vida útil, mantendo o desempenho do papel para o qual foi construída. Para garantir 
essa segurança pode-se empregar os métodos das tensões admissíveis e a dos estados limites 
(RAMALHO; CÔRREA, 2003). 
 Para fins de dimensionamento de edificações em alvenaria estrutural em blocos de 
concreto tem-se a ABNT NBR 15961-1:2011, que se baseia no método dos estados limites e 
será adotada neste projeto. 
 
3.9. INSTALAÇÕES

Outros materiais