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!∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 2 ∀# 123 1- INTRODUÇÃO – ASPECTOS COMUNS AOS REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS: Quando uma mercadoria é importada ou exportada, a regra geral é que deverá ocorrer a incidência tributária e serem cobrados os tributos devidos. No entanto, em algumas situações especiais, por razões de ordem econômica, logística ou mesmo facilitação de comércio, as mercadorias importadas ou exportadas podem fugir à regra geral. Nesses casos, quando não se aplica às mercadorias importadas ou exportadas o regime comum de importação, dizemos que as mercadorias são submetidas a regimes aduaneiros especiais. Com efeito, quando uma mercadoria entra no país, ela pode se submeter a três tipos de regimes aduaneiros: o regime comum, regimes aduaneiros especiais ou regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais. As mercadorias submetidas ao regime comum de importação são aquelas que entram a título definitivo no país, ou seja, são nacionalizadas. Seria o caso, por exemplo, de automóveis importados por uma empresa que irá revendê-los no país. Nesse tipo de importação, haverá recolhimento tributário integral, sendo as mercadorias despachadas para consumo. Os bens beneficiados com isenção e imunidade, por entrarem a título definitivo no país, também sofrem despacho para consumo e, portanto, estão sujeitos ao regime comum de importação. As mercadorias submetidas a regimes aduaneiros especiais na importação, por sua vez, entram no país com a exigibilidade do crédito tributário suspensa. Há, ainda, uma situação em que a mercadoria entra com isenção tributária: o regime aduaneiro de drawback, na modalidade isenção. Os regimes aduaneiros especiais representam, portanto, uma exceção à regra geral do recolhimento tributário. Destaque-se que a suspensão ou isenção do crédito tributário ocorrerá devido a características especiais da operação que está sendo realizada. São inúmeros os Regimes Aduaneiros Especiais previstos na legislação brasileira, sendo estes discriminados no Decreto nº 6759/2009. Neste tipo de regime, as mercadorias sofrem despacho para admissão, com exceção das mercadorias importadas ao amparo do drawback, que sofrem despacho para consumo. Assim, embora o drawback seja um regime aduaneiro especial, as mercadorias nele admitidas não sofrerão despacho para admissão, mas sim despacho para consumo. “Ricardo, você pode dar um exemplo da aplicação de um regime aduaneiro especial a uma situação em concreto?” !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 4 ∀# 123 Claro, meu amigo! Vamos lá! Suponha que será realizada uma exposição de obras de arte no Brasil e que, para isso, serão importadas esculturas e quadros de artistas estrangeiros. Essas obras de arte permanecerão no país durante o período de realização da exposição e depois retornarão ao exterior. Será que os tributos serão exigidos pela Receita Federal do Brasil nesta operação? Não, a importação dessas obras de artes será feita ao amparo do regime aduaneiro especial de admissão temporária. Dessa forma, a entrada desses bens no país será realizada com suspensão dos tributos incidentes. Percebam, no entanto, que a entrada desses bens com suspensão de tributos está condicionada ao regresso para o exterior. Moral da história: esses bens permanecerão no país apenas por um período de tempo determinado. Conseguiu entender esse exemplo, meu amigo? “Entendi, Ricardo! Agora falta você explicar o que são regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais.” Os regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais são aqueles que existem em áreas específicas do território nacional com o objetivo de promover o desenvolvimento regional. Como exemplos de regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais, citamos a Zona Franca de Manaus, as Zonas de Processamento de Exportações (ZPE’s) e as Áreas de Livre Comércio. A Zona Franca de Manaus é uma área de livre comércio de importação e exportação cuja criação teve por objetivo o estabelecimento de um pólo regional em Manaus, promovendo seu desenvolvimento. Assim, em face de condições especiais daquela região (grande distância dos principais centros consumidores), esta recebe incentivos governamentais. Para que vocês não fiquem com dúvidas com relação aos tipos de despacho aduaneiro, vale a pena recordamos mais uma vez! Há três tipos de modalidades de despacho aduaneiro: i) despacho para consumo; ii) despacho para admissão e; iii) despacho para internação. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 5 ∀# 123 Os bens submetidos ao regime de importação comum sofrem despacho para consumo. Nesse caso, em regra, há recolhimento tributário integral. No caso de bens importados com isenção ou imunidade, também se aplica o despacho para consumo. Com efeito, o despacho para consumo está ligado ao ânimo de definitividade da importação. Por sua vez, os bens submetidos a regimes aduaneiros especiais sofrem despacho para admissão. Há, todavia, uma exceção importante: o drawback. Em que pese o drawback ser um regime aduaneiro especial, os bens a ele submetidos sofrem despacho para consumo. Os bens que ingressam na ZFM com isenção tributária também sofrem despacho para admissão; os bens que entram na ZFM sem isenção tributária sofrem despacho para consumo. Já o despacho de internação é o que ocorre quando bens que tenham ingressado na Zona Franca de Manaus com o benefício de isenção são internalizados no território brasileiro. Considerando-se que a entrada de bens na ZFM recebe isenção tributária, o ingresso desses bens na ZFM sofrerá despacho para admissão. Caso esses bens sejam vendidos a empresa situada em outro lugar do Brasil, sofrerão despacho para internação, havendo recolhimento tributário. a) Mercadorias submetidas ao regime comum de importação: despacho para consumo b) Mercadorias submetidas a regime aduaneiro especial: despacho para admissão, à exceção do drawback, que sofre despacho para consumo. c) Mercadorias ingressadas na ZFM: despacho para admissão (quando receberem isenção tributária) ou despacho para consumo (quando não receberem isenção tributária). d) Mercadorias vendidas da ZFM para qualquer outra parte do território brasileiro: despacho para internação. Mais adiante em nosso curso, trataremos individualmente de cada um dos regimes aduaneiros especiais e, ainda, da Zona Franca de Manaus e das Zonas de Processamento de Exportações. Antes disso, porém, vamos falar sobre algumas regras gerais aplicáveis a todos os regimes aduaneiros especiais, as quais estão definidas pelos art.307 a 314 do Decreto nº 6759/2009 (Regulamento Aduaneiro). !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 6 ∀# 123 Os art. 307 e 308 definem como funciona a suspensão de tributos em razão da aplicação de regimes aduaneiros especiais: Art. 307. O prazo de suspensão do pagamento das obrigações fiscais pela aplicação dos regimes aduaneiros especiais, na importação, será de até um ano, prorrogável, a juízo da autoridade aduaneira, por período não superior, no total, a cinco anos. § 1o A título excepcional, em casos devidamente justificados, o prazo de que trata este artigo poderá ser prorrogado por período superior a cinco anos, observada a regulamentação editada pelo Ministério da Fazenda. § 2o Quando o regime aduaneiro especial for aplicado a mercadoria vinculada a contrato de prestação de serviço por prazo certo, de relevante interesse nacional, o prazo de que trata este artigo será o previsto no contrato, prorrogável na mesma medida deste. § 3o Nas hipóteses de que trata o § 2o, o prazocontratual prevalece sobre aqueles referidos no caput, no § 1o, e em dispositivos específicos deste Título. Art. 308. Ressalvado o disposto no Capítulo VII, as obrigações fiscais suspensas pela aplicação dos regimes aduaneiros especiais serão constituídas em termo de responsabilidade firmado pelo beneficiário do regime, conforme disposto nos arts. 758 e 760. Conforme é possível perceber a partir da leitura dos dispositivos supratranscritos, a suspensão de tributos não ocorre por prazo indeterminado. Ao contrário, no momento em que concede o regime aduaneiro especial, a autoridade aduaneira define o prazo pelo qual o crédito tributário ficará suspenso. Cada um dos regimes aduaneiros especiais possui regras específicas quanto ao prazo de concessão. No entanto, a regra geral é que as obrigações fiscais poderão ficar suspensas por até 1 (um) ano. Cabe à autoridade aduaneira, a seu juízo (ato discricionário), decidir se é cabível prorrogação, que não poderá ultrapassar 5 (cinco) anos. “Mas, Ricardo, é possível prorrogar a concessão de um regime aduaneiro especial por mais de 5 (cinco) anos?” Sim, meu amigo! Mas isso só poderá ocorrer em casos excepcionais devidamente justificados, conforme regulamentação do Ministério da Fazenda. A Portaria MF nº 320/2006 estabelece que o prazo de suspensão do pagamento das obrigações fiscais pela aplicação dos regimes aduaneiros especiais, na importação, poderá ser prorrogado por período superior a cinco anos, em caráter excepcional e desde que devidamente justificado quando se tratar de: i) protótipos ou unidades pré-séries, adaptados em decorrência dos ensaios e testes para o desenvolvimento de outros produtos, conforme exigido no programa de certificação e que não farão parte dos produtos seriados; e ii) motivo alheio à vontade do beneficiário do !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 7 ∀# 123 regime, que venha a impedir o adimplemento do compromisso assumido, dentro do prazo estabelecido. Ainda quanto a prazos de concessão de regimes aduaneiros especiais, vale destacar que quando uma mercadoria importada estiver vinculada a contrato de prestação de serviço por prazo certo, de relevante interesse nacional, nenhuma das regras acima expostas será aplicável. O prazo de concessão do regime aduaneiro especial, nesse caso, será o mesmo prazo do contrato, prorrogável na mesma medida deste. Como exemplo, imagine que sejam importadas ao amparo de um contrato de aluguel, várias máquinas para serem utilizadas em uma obra de construção civil. Tais máquinas são, então, submetidas ao regime de admissão temporária. E aí, qual será o prazo de concessão do regime? Considerando queque as mercadorias estão vinculadas a um contrato de prestação de serviço por prazo certo (digamos que sejam 3 anos!), o prazo de concessão será o mesmo prazo do contrato. Cabe destacar que se o contrato puder ser prorrogado por mais 3 anos, também poderá ser prorrogado por igual período o prazo de concessão do regime. Questão controversa é a que permeia a ocorrência ou não do fato gerador do imposto de importação na entrada de bens no território nacional ao amparo de regimes aduaneiros especiais. Afinal, ocorre fato gerador do imposto de importação quando um bem é admitido em um regime aduaneiro especial? O posicionamento dominante, embora não-unânime, é o de que ocorre o fato gerador no momento em que o bem é admitido em um regime aduaneiro especial. Isso é o que se depreende da leitura do art. 311 do Regulamento Aduaneiro, que dispõe o seguinte: Art. 311. No caso de descumprimento dos regimes aduaneiros especiais de que trata este Título, o beneficiário ficará sujeito ao pagamento dos tributos incidentes, com acréscimo de juros de mora e de multa, de mora ou de ofício, calculados da data do registro da declaração de admissão no regime ou do registro de exportação, sem prejuízo da aplicação de penalidades específicas. Vamos entender esse dispositivo! Interpretando o art. 311 do R/A, parte da doutrina afirma que, quando um bem é admitido em um regime aduaneiro especial, ocorre o fato gerador dos tributos e há incidência tributária. No entanto, a exigibilidade do crédito tributário fica suspensa. Com efeito, a suspensão do pagamento dos tributos de mercadorias admitidas em regimes aduaneiros especiais está sujeita a uma condição resolutória, que é o descumprimento dos requisitos para concessão do regime. Nesse sentido, caso ocorra a condição resolutória (descumprimento do regime), os !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 8 ∀# 123 tributos se tornarão exigíveis. Destaque-se que condição resolutória é aquela cujo implemento tem por efeito resolver (desfazer) uma situação jurídica. Vejamos um exemplo! Uma máquina entra no país ao amparo do regime aduaneiro especial de admissão temporária. No momento em que ela é admitida nesse regime, ocorre o fato gerador do imposto de importação. No entanto, o crédito tributário fica suspenso, condicionado ao cumprimento do regime (retorno da mercadoria ao exterior dentro do prazo legal). Temos aí uma condição resolutória (descumprimento do regime), que, caso ocorra, tem por efeito desfazer a suspensão tributária. 1 Assim, caso o beneficiário do regime descumpra um regime aduaneiro especial, ele ficará sujeito, nos termos do art. 311 do Regulamento Aduaneiro, ao pagamento dos tributos incidentes, acrescidos de juros de mora e de multa (de mora ou de ofício) calculados da data do registro da declaração de admissão no regime ou do registro de exportação. Percebe-se, nesse sentido, que o Regulamento Aduaneiro definiu, como momento da ocorrência do fato gerador, o registro da declaração de admissão no regime (no caso de importação) ou do registro de exportação (no caso de exportação). Mas como eu havia dito, nem tudo são flores... Parcela da doutrina considera que a entrada de bens no país ao amparo de regimes aduaneiros especiais não é fato gerador do imposto de importação. No concurso de Auditor Fiscal RFB (2009), a ESAF adotou esse entendimento na prova de Direito Tributário, ao considerar correta questão que afirmava o seguinte 2: 1 Por oportuno, cabe recordar o que dispõe o art. 117, inciso II, do CTN, segundo o qual os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados, sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio. 2 Apesar desse entendimento da ESAF na prova de AFRFB 2009, historicamente, há certas questões de Comércio Internacional e Legislação Aduaneira em que essa mesma banca, apesar de não deixar explícita sua posição, nos faz crer que seu entendimento é diverso. Assim, a recomendação que faço é que vocês saibam os dois entendimentos e, diante de uma questão de múltipla escolha, decidam qual posição adotar. Ao longo da aula, utilizaremos o entendimento de que a entrada de bens no território nacional ao amparo de regimes aduaneiros especiais é fato gerador do imposto de importação. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 9 ∀# 123 “A simples entrada em território nacional de um quadro para exposição temporária num museu ou de uma máquina para exposição em feira, destinados a retornar ao país de origem, não configuram importação, e, por conseguinte não constituem fato gerador.” (Perceba, caro amigo, que a ESAF entendeu que a entrada de um bem no território nacional ao amparo do regime aduaneiro especial de admissão temporária não constitui fato gerador do imposto de importação). O mais problemático desse enunciado, no entanto, foi dizer que a admissão temporária não configura importação,o que consideramos um verdadeiro absurdo... Entendimentos “esafianos”!☺ Para que seja concedido um regime aduaneiro especial, é necessário que seja informado, pelo Ministério dos Transportes, a suspensão ou isenção do pagamento do AFRFMM (Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante). A informação sobre a suspensão ou isenção de AFRMM poderá ser feita eletronicamente; sem essa informação, a autoridade aduaneira não irá liberar a declaração para admissão no regime. É esse o entendimento que se deve ter a partir da leitura do art. 309, do Regulamento Aduaneiro: Art. 309. A aplicação dos regimes aduaneiros especiais fica condicionada à informação da suspensão ou isenção do pagamento do adicional ao frete para renovação da marinha mercante, pelo Ministério dos Transportes. § 1o A informação a que se refere o caput poderá ser prestada eletronicamente. Os tributos, como pudemos verificar, ficam suspensos durante o prazo de concessão dos regimes aduaneiros especiais. Mas será que existe algum documento que serve de garantia para que o governo possa exigir tais tributos? Sim, existe! As obrigações fiscais suspensas ficam constituídas em um Termo de Responsabilidade. Segundo o art. 760 do R.A, o Termo de Responsabilidade é título representativo de direito líquido e certo da Fazenda Nacional em relação às obrigações fiscais nele constituídas. “Mas, Ricardo, o que significa dizer que o Termo de Responsabilidade é título representativo de direito líquido e certo da Fazenda Nacional” Excelente pergunta! Dizer que o Termo de Responsabilidade é título representativo de direito líquido e certo da Fazenda Nacional significa afirmar que não é necessário um processo administrativo para determinar o montante do crédito tributário que ficou suspenso. Nesse sentido, o Termo de !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& : ∀# 123 Responsabilidade possui presunção de certeza (há pleno conhecimento dos sujeitos da relação, natureza do direito e do objeto devido) e liquidez (sabe-se o quantum debeatur dos tributos suspensos). Vale a pena ressaltar que o Termo de Responsabilidade somente não será exigido em dois regimes aduaneiros especiais: o entreposto aduaneiro e o RECOF (estudaremos mais à frente sobre isso!) A autoridade aduaneira poderá exigir, além da constituição do Termo de Responsabilidade, que o beneficiário do regime aduaneiro especial preste uma garantia real ou pessoal. Tal garantia poderá ser prestada na forma de depósito, fiança idônea ou seguro aduaneiro em favor da União. Percebam que, como regra geral, a exigência de prestação de garantia é ato discricionário da autoridade aduaneira. Quando é concedido um regime aduaneiro especial, é como se o beneficiário assumisse um compromisso. Assim, os tributos ficam suspensos, mas isto fica condicionado ao cumprimento do compromisso assumido. Caso as condições da concessão do regime aduaneiro especial não sejam cumpridas, o beneficiário vai ter que se “virar” com a RFB. O crédito consignado no Termo de Responsabilidade se tornará objeto de exigência, juntamente com os acréscimos legais cabíveis. Vejamos como funciona: 1) Caso o beneficiário do regime aduaneiro especial descumpra as condições do regime, a RFB intima o responsável para, no prazo de 10 dias, manifestar-se sobre o descumprimento total ou parcial do regime. Se o interessado não apresentar suas alegações dentro dos 10 (dez) dias, o crédito tributário se torna automaticamente exigível. A concessão de oportunidade para se manifestar ao beneficiário do regime aduaneiro especial tem como objetivo assegurar-lhe o direito à ampla defesa e ao contraditório, cláusula pétrea prevista no texto constitucional. 2) A RFB procede à revisão do processo vinculado ao Termo de Responsabilidade para decidir se o beneficiário tem ou não razão, para fins de ratificação ou liquidação do crédito. Essa revisão ocorrerá na hipótese de o beneficiário do regime aduaneiro especial ter apresentado suas alegações dentro do prazo de 10 dias que lhe foi concedido. 3) Decidindo a RFB que o beneficiário não tem razões, o crédito tributário se torna exigível. A exigência do crédito tributário poderá, então, ser efetuada de duas formas diferentes: - Conversão do depósito em renda da União, na hipótese de prestação de garantia sob a forma de depósito em dinheiro: Se o beneficiário do regime aduaneiro especial tiver prestado garantia na forma de depósito, este será convertido em renda. A conversão do depósito em renda é uma das hipóteses de extinção do crédito tributário previstas no Código Tributário Nacional (CTN). !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 13 ∀# 123 - Intimação do responsável para efetuar o pagamento, no prazo de 30 (trinta) dias, na hipótese de dispensa de garantia, ou da prestação de garantia sob a forma de fiança idônea ou de seguro aduaneiro: Quando não for prestada garantia, o beneficiário do regime será chamado a pagar o crédito tributário suspenso em um prazo de 30 dias. Pode ocorrer, todavia, que a garantia seja prestada na forma de fiança idônea ou seguro aduaneiro. No primeiro caso, serão intimados o beneficiário e o fiador para honrar o pagamento; no segundo caso serão intimados o beneficiário e a seguradora. 4) Caso não seja efetuado o pagamento do crédito tributário, este é encaminhado à Procuradoria da Fazenda Nacional, para inscrição em Dívida Ativa. A cobrança do crédito tributário tornar-se-á, a partir daí, uma cobrança judicial. De acordo com o art.311 do R.A, na hipótese de descumprimento dos regimes aduaneiros especiais, o beneficiário ficará sujeito ao pagamento dos tributos incidentes, de juros e multa, os quais são calculados a contar da data do registro da declaração para admissão no regime ou do registro de exportação. Destaque-se que os juros e a multa não ficam consubstanciados no Termo de Responsabilidade, sendo exigíveis mediante auto de infração lavrado por Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil. Esse é o entendimento que devemos ter da leitura do § 2o do art.758 do R/A, segundo o qual “as multas por eventual descumprimento do compromisso assumido no termo de responsabilidade não integram o crédito tributário nele constituído.” Da mesma forma, o crédito tributário apurado em procedimento posterior à formalização do Termo de Responsabilidade, em decorrência de ajuste no cálculo do tributo devido, será constituído mediante auto de infração. O art. 766 do R/A é bem explícito quanto a isso, estabelecendo que a exigência de crédito tributário decorrente de aplicação de penalidade ou de ajuste no cálculo de tributo será feita por meio de auto de infração. Esquematizando: !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 11 ∀# 123 Quando uma mercadoria é importada ao amparo de regimes aduaneiros especiais, os tributos exigíveis ficam, portanto, suspensos e constituídos no Termo de Responsabilidade. Acho que quanto a isso ninguém mais tem dúvidas, não é mesmo? Todavia, não é porque uma mercadoria foi admitida ao amparo de um regime aduaneiro especial que ela não pode ser transferida para outro regime. Isso é sim uma prática possível! A IN/SRF nº 121/2002 regula o !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 12 ∀# 123 assunto, dispondo sobre a transferência de mercadoria importada e admitida em um regime aduaneiro especial para outro. Dessa forma, a RFB poderá autorizar a transferência de mercadoria admitida em um regime aduaneiro especial ou aplicado em área especial para outro. Todavia, as condições de admissão no novo regime deverão sercumpridas. Art. 310. Poderá ser autorizada a transferência de mercadoria admitida em um regime aduaneiro especial ou aplicado em área especial para outro, observadas as condições e os requisitos próprios do novo regime e as restrições estabelecidas em ato normativo da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Art. 314. A Secretaria da Receita Federal do Brasil fica autorizada a estabelecer hipóteses em que, na substituição de beneficiário de regime aduaneiro suspensivo, o termo inicial para o cálculo de juros e multa de mora relativos aos tributos suspensos passe a ser a data da transferência da mercadoria. Para visualizarmos a hipótese prevista no art.310, nada melhor do que um exemplo! Imagine que uma máquina para construção civil foi admitida no regime de entreposto aduaneiro. O entreposto aduaneiro é um regime aduaneiro especial que permite a armazenagem de um bem em recinto alfandegado com suspensão dos tributos incidentes. Pois bem, passado um tempo, uma empresa de construção civil decide, ao invés de comprar, alugar essa máquina entrepostada. A empresa solicita, então, à RFB, a concessão do regime de admissão temporária para a máquina. Assim, ocorre a transferência do regime de entreposto aduaneiro para admissão temporária. As condições do novo regime foram cumpridas, uma vez que, para a admissão em entreposto aduaneiro, o bem deve ter sido importado sem cobertura cambial, o que também se aplica à admissão temporária. De acordo com a IN/SRF nº 121/2002, a transferência de mercadoria de um regime para outro ocorrerá em relação à totalidade ou parte da mercadoria e com ou sem mudança de beneficiário. Assim, existem várias hipóteses possíveis de transferência de regime: 1) São admitidas em entreposto aduaneiro 10 (dez) prensas em nome da empresa “X”. Todas as 10 prensas poderão ser transferidas para o regime de admissão temporária em nome da empresa “X”. Ou então, as 10 prensas poderão ser transferidas para o regime de admissão temporária em nome da empresa “Y”. 2) São admitidas em entreposto aduaneiro 10 (dez) prensas em nome da empresa “X”. Podem ser transferidas 8 (oito) prensas para o regime !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 14 ∀# 123 de admissão temporária em nome da empresa “X”, enquanto outras duas são nacionalizadas (despachadas para consumo). Ou então, 8 (oito) prensas podem ser transferidas para o regime de admissão temporária em nome da empresa “Y”, enquanto as outras são nacionalizadas. 3) São importadas ao amparo do regime de admissão temporária 10 (dez) prensas em nome da empresa “X”. As 10 (prensas) poderão continuar admitidas temporariamente, com transferência de titularidade do regime para a empresa “Y”. Ou então, 8 (oito) prensas podem continuar admitidas temporariamente (com transferência de titularidade do regime para a empresa “Y”), enquanto 2(duas) são nacionalizadas. Quando um regime aduaneiro é descumprido, os tributos suspensos serão cobrados, juntamente com os juros e multas, os quais serão calculadas a partir da data do registro da declaração de admissão no regime ou do registro de exportação. Em outras palavras, a cobrança retroage à data da admissão dos bens no regime aduaneiro especial. Isso nós já vimos! Todavia, quando há transferência de um regime aduaneiro especial para outro, seria mais justo que o termo inicial para o cálculo de juros e multa, no caso de descumprimento, fosse a data de transferência. A RFB foi autorizada pela Lei nº 10.833/2003 a estabelecer, por ato próprio, hipóteses em que o termo inicial passará a ser a data de transferência. Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova! 1. (AFRFB-2012) Os regimes aduaneiros especiais se distinguem do regime comum pela suspensão ou isenção de tributos incidentes nas operações de comércio exterior. Comentários: A suspensão ou isenção de tributos incidentes nas operações de comércio exterior é característica dos regimes aduaneiros especiais, que os distingue do regime comum. Questão correta. 2. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) A aplicação dos regimes aduaneiros especiais está condicionada à informação do pagamento do adicional ao frete para renovação da marinha mercante - AFRMM, pelo Ministério dos Transportes e a apresentação de certidões negativas quanto ao pagamento de tributos federais. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 15 ∀# 123 Comentários: Segundo o art. 309, do R/A, a aplicação dos regimes aduaneiros especiais fica condicionada à informação da suspensão ou isenção (e não ao pagamento!) do pagamento do adicional ao frete para renovação da marinha mercante, pelo Ministério dos Transportes. Questão errada. 3. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Os regimes aduaneiros especiais constituem exceção à regra geral do regime aduaneiro comum. Comentários: A regra geral é que, na importação de mercadorias estrangeiras, ocorra o recolhimento tributária. Tal regra, entretanto, não se aplica a mercadorias importadas ao amparo de regimes aduaneiros especiais. Os regimes aduaneiros especiais são, portanto, exceção à regra geral. As mercadorias a eles submetidas entram no País com suspensão tributária. Questão correta. 4. (Questão Inédita) No caso de descumprimento dos regimes aduaneiros especiais, o beneficiário ficará sujeito ao pagamento dos tributos incidentes, com acréscimo de juros de mora e de multa, de mora ou de ofício, calculados da data do descumprimento do regime, sem prejuízo da aplicação de penalidades específicas. Comentários: Os tributos serão calculados da data do registro da declaração de admissão no regime ou do registro de exportação. Questão errada. 5. (Questão Inédita) O termo de responsabilidade é o documento no qual são constituídas obrigações fiscais cujo adimplemento fica suspenso sob condição suspensiva. Trata-se de título representativo de direito líquido e certo da Fazenda Nacional. Comentários: A aplicação dos regimes aduaneiros especiais faz com que os tributos fiquem suspensos sob condição resolutiva. Questão errada. 6. (Questão Inédita) A exigência do crédito tributário constituído em Termo de Responsabilidade é precedida de intimação ao responsável para que, no prazo de 10 dias, efetue o recolhimento dos tributos suspensos e das penalidades cabíveis. Comentários: !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 16 ∀# 123 Os 10 (dez) dias são para que o beneficiário apresente suas alegações quanto aos fatos que o levaram o descumprir o regime aduaneiro especial. Questão errada. 7. (Questão Inédita) A exigência de crédito tributário apurado em procedimento posterior à apresentação do termo de responsabilidade, em decorrência de aplicação de penalidade ou de ajuste no cálculo de tributo devido, será formalizada em auto de infração, lavrado por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil. Comentários: As penalidades ou ajustes no cálculo de tributo devido são exigidos mediante auto de infração. Questão correta. 8. (Questão Inédita) Quando ocorre o descumprimento de regime aduaneiro especial e não é efetuado o pagamento do crédito tributário dentro do prazo de 30 dias, o beneficiário será objeto de execução administrativa, sem prejuízo de sua responsabilidade penal. Comentários: Não há execução administrativa. Caso não seja feito o pagamento dos tributos, o processo é encaminhado à Procuradoria da Fazenda Nacional para inscrição em dívida ativa. Questão errada. 9. (Questão Inédita) O prazo de suspensão do pagamento das obrigações fiscais pela aplicação dos regimes aduaneiros especiais, na importação, será de até um ano, prorrogável, a juízo da autoridade aduaneira, por período nãosuperior, no total, a cinco anos Comentários: Esse é o prazo de suspensão dos tributos incidentes sobre bens admitidos em regimes aduaneiros especiais: 1 ano, prorrogável por período não superior, no total a 5 anos. Questão correta. 10. (Questão Inédita) A Secretaria da Receita Federal do Brasil fica autorizada a estabelecer hipóteses em que, na substituição de beneficiário de regime aduaneiro suspensivo, o termo inicial para o cálculo de juros e multa de mora relativos aos tributos suspensos passe a ser a data da transferência da mercadoria. Comentários: É o que dispõe o art. 314, do R/A: !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 17 ∀# 123 Art. 314. A Secretaria da Receita Federal do Brasil fica autorizada a estabelecer hipóteses em que, na substituição de beneficiário de regime aduaneiro suspensivo, o termo inicial para o cálculo de juros e multa de mora relativos aos tributos suspensos passe a ser a data da transferência da mercadoria Em razão disso, a questão está correta. 2- Trânsito Aduaneiro: 2.1- Conceito e Modalidades de Trânsito Aduaneiro: Imaginemos que você é dono de uma distribuidora de eletrodomésticos situada em Campinas e que seus produtos (geladeiras, fogões, microondas) sejam importados. Esses equipamentos entram no Brasil pelo Porto de Santos, que é o porto mais próximo de Campinas. Para proceder ao despacho aduaneiro desses bens, você terá duas opções: i) fazer o despacho aduaneiro no próprio Porto de Santos ou; ii) fazer o despacho aduaneiro em um porto seco3 ( que pode ser em Campinas). Por razões logísticas, pode ser mais interessante que você realize o despacho aduaneiro em um porto seco localizado em Campinas. De fato, levar as mercadorias para Campinas permitirá maior agilidade no desembaraço aduaneiro, uma vez que este será realizado em local próximo ao estabelecimento do importador. Além disso, os custos de armazenagem de mercadorias em portos e aeroportos (enquanto se espera o desembaraço aduaneiro) são mais elevados do que os custos de armazenagem em um porto seco. Dessa forma, vale a pena levar os bens importados para sofrerem despacho aduaneiro em Campinas. Para isso, é necessário, então, submetê- los ao regime aduaneiro especial de trânsito aduaneiro. Assim, os bens serão transportados desde o Porto de Santos até o porto seco de Campinas, com suspensão dos tributos incidentes sobre a operação. Os tributos somente serão recolhidos por ocasião do despacho para consumo, que será realizado no porto seco em Campinas. A definição de trânsito aduaneiro está prevista no art. 315 do R/A, que estabelece que este regime aduaneiro especial é o que permite o transporte de mercadoria, sob controle aduaneiro, de um ponto a outro do território nacional, com suspensão do pagamento de tributos. 3 Porto Seco é um recinto alfandegado de uso público situado, em regra, na zona secundária. Recorde-se que existem os portos secos de fronteira, os quais estão situados em zona primária. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 18 ∀# 123 Para entender o regime de trânsito aduaneiro, é importante ter conhecimento de uma nomenclatura específica: i) local de origem; ii) local de destino; iii) unidade de origem e; iv) unidade de destino. Voltando ao exemplo anterior, os bens (eletrodomésticos) chegaram ao Porto de Santos e lá foram descarregados. Eles serão, então, transportados até o porto seco de Campinas. Nessa situação, o local de origem do trânsito, isto é, o ponto inicial do itinerário, será o Porto de Santos. O local de destino (ponto final do itinerário) será o porto seco de Campinas. A unidade de origem será a URF que possui jurisdição sobre o local de origem do trânsito. A unidade de destino será a URF que jurisdiciona o local de destino do trânsito. Segundo o art. 316, do R/A o regime de trânsito aduaneiro subsiste do local de origem ao local de destino e desde o momento do desembaraço para trânsito aduaneiro pela unidade de origem até o momento em que a unidade de destino conclui o trânsito aduaneiro. Em outras palavras, quando a mercadoria é desembaraçada para trânsito pela unidade de origem, tem início o trânsito aduaneiro; a unidade de destino, por sua vez, será responsável pela conclusão do trânsito aduaneiro. O art. 318 do R/A prevê sete modalidades para o regime de trânsito aduaneiro, quais sejam: 1) O transporte de mercadoria procedente do exterior, do ponto de descarga no território aduaneiro até o ponto onde deva ocorrer outro despacho. Essa modalidade é o chamado “trânsito de importação”. A mercadoria estrangeira é descarregada no Porto de Santos, sendo transportada de lá até um porto seco em Campinas (onde ocorrerá o despacho) 2) O transporte de mercadoria nacional ou nacionalizada, verificada ou despachada para exportação, do local de origem ao local de destino, para embarque ou para armazenamento em área alfandegada para posterior embarque. Essa modalidade é o chamado “trânsito de exportação”. A mercadoria nacional ou nacionalizada é transportada a partir de um porto seco em Campinas (onde sofreu despacho para exportação) até o Porto de Santos (onde embarcará para o exterior). O trânsito de exportação poderá também ter início no próprio estabelecimento da empresa exportadora, o que seria, logisticamente, a melhor situação. 3) O transporte de mercadoria estrangeira despachada para reexportação, do local de origem ao local de destino, para embarque ou armazenamento em área alfandegada para posterior embarque. Aqui também temos um caso de “trânsito de exportação”. A única diferença é que, nessa hipótese, a mercadoria é estrangeira (ela está no Brasil, mas não !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 19 ∀# 123 foi nacionalizada). Logo, não cabe falar em “exportação”, mas sim em “reexportação”. 4) O transporte de mercadoria estrangeira de um recinto alfandegado situado na zona secundária a outro. Essa modalidade é conhecida como “trânsito interno”. A mercadoria estrangeira é transportada de um porto seco (recinto alfandegado de zona secundária) para outro porto seco. 5) A passagem, pelo território aduaneiro, de mercadoria procedente do exterior e a ele destinada. Esse é o “trânsito internacional”. Seria o caso, por exemplo, em que uma mercadoria procedente da Alemanha chega ao Porto de Santos, tendo como destino a Argentina. O trânsito na modalidade de passagem só poderá ser aplicado à mercadoria declarada para trânsito no conhecimento de carga correspondente, ou no manifesto ou declaração de efeito equivalente do veículo que a transportou até o local de origem. Em outras palavras, só se aplica o trânsito internacional quando no conhecimento de carga (documento que materializa o contrato de frete) já estava previsto que a mercadoria se destinaria a outro país, isto é, que só passaria pelo Brasil. 6) O transporte, pelo território aduaneiro, de mercadoria procedente do exterior, conduzida em veículo em viagem internacional até o ponto em que se verificar a descarga. Aqui também temos um caso de “trânsito de importação”. Nessa situação, um veículo procedente do Uruguai leva mercadorias até um porto seco situado em Uberlândia, onde será feita a descarga e o despacho aduaneiro. 7) O transporte, pelo território aduaneiro, de mercadoria estrangeira, nacional ou nacionalizada, verificada ou despachada para reexportação ou para exportação e conduzida em veículo com destino ao exterior. Aqui temos um “trânsito de exportação”. Nessa situação, um veículo parte de Uberlândia com destino ao Uruguai levando mercadorias já despachadas para exportação (mercadorias nacionais ounacionalizadas) ou para reexportação (mercadorias estrangeiras). 2.2 – Beneficiários do Regime: O art. 321 do R/A lista os beneficiários do regime aduaneiro especial de trânsito aduaneiro. São eles: a) no trânsito de importação: o importador b) no trânsito de exportação: o exportador !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 1: ∀# 123 c) no trânsito interno: o depositante d) no trânsito internacional: o representante, no País, de exportador estrangeiro ou importador estrangeiro domiciliado no exterior. e) em qualquer caso: i) o permissionário ou concessionário de recinto alfandegado (exceto no trânsito internacional); ii) o operador de transporte multimodal (OTM), iii) o transportador e ; iv) o agente credenciado a efetuar operações de unitização ou desunitização de cargas em recintos alfandegados. Segundo o Prof. Rodrigo Luz4, é mais adequado dizer que as pessoas listadas no art.321 do R/A são aquelas que podem solicitar o regime especial de trânsito aduaneiro, isto é, podem registrar a Declaração de Trânsito Aduaneiro (DTA). 2.3- Autorização para o transporte: Para que uma empresa possa transportar mercadorias em trânsito aduaneiro, é necessário sua prévia habilitação perante a Receita Federal do Brasil. Assim, em regra, somente empresas credenciadas pela RFB poderão operar no regime de trânsito aduaneiro. Esse é o exato teor do art. 322 do R/A, que estabelece que “a habilitação das empresas transportadoras será feita previamente ao transporte de mercadorias em regime de trânsito aduaneiro e será outorgada, em caráter precário, pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.” Assim, não é qualquer um que poderá operar o regime de trânsito aduaneiro. As empresas interessadas em transportar mercadorias sob o regime de trânsito aduaneiro precisarão se habilitar na unidade de fiscalização aduaneira, solicitando o cadastramento no sistema e apresentando o Termo de Responsabilidade para Trânsito Aduaneiro (TRTA). A concessão da habilitação pela RFB é feita a título precário, isto é, em caráter temporário (por tempo determinado). Para a concessão ou renovação da habilitação para operar o regime de trânsito aduaneiro, serão levados em conta fatores direta ou indiretamente relacionados com os aspectos fiscais, a conveniência administrativa, a situação econômico-financeira e a tradição da empresa transportadora. 4 LUZ, Rodrigo Teixeira. Comércio Internacional e Legislação Aduaneira, 3ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 23 ∀# 123 Cabe destacar que algumas pessoas jurídicas não necessitam de habilitação prévia para operar o regime de trânsito aduaneiro, por serem consideradas idôneas por natureza. São elas: i) empresas públicas e sociedades de economia mista que explorem serviços de transporte e; ii) os outros beneficiários do regime (habilitados no SISCOMEX), quando não sendo empresas transportadoras, utilizarem veículos próprios. A RFB possui competência, ainda, para estabelecer outras hipóteses de dispensa de habilitação prévia. 2.4- Despacho para Trânsito: Quando uma carga chega no Porto de Paranaguá e o importador quer levá-la a um porto seco localizado em Curitiba (onde será feito o desembaraço aduaneiro), ele deverá solicitar o regime de trânsito aduaneiro. Mas como é feita a solicitação do regime de trânsito aduaneiro? A solicitação da aplicação do regime de trânsito aduaneiro é feita mediante requerimento à autoridade aduaneira competente da unidade de origem. Tal requerimento é realizado por meio do SISCOMEX-Trânsito. O despacho para trânsito aduaneiro é, assim, processado por meio de uma declaração para trânsito aduaneiro (que poderá ser a DTA, MIC-DTA, TIF- DTA, DTT ou a DTC, dependendo da situação).5 Pela especificidade do assunto, considero que não há necessidade (para a prova) de se saber em que situações é utilizada cada uma dessas declarações. O registro da declaração para trânsito aduaneiro no SISCOMEX caracteriza o início do despacho de trânsito aduaneiro e, ao mesmo tempo, o fim da espontaneidade do beneficiário relativamente às informações prestadas. A declaração de trânsito aduaneiro é a forma pela qual o interessado requer a concessão e a aplicação do regime de trânsito aduaneiro à autoridade aduaneira. Segundo o art. 325, sem prejuízo de controles especiais determinados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, independe de despacho para trânsito a remoção de mercadorias de uma área ou recinto para outro, situado na mesma zona primária. Assim, se a mercadoria for deslocada de um recinto alfandegado situado no Porto de Santos para outro recinto alfandegado também localizado no Porto de Santos, não haverá necessidade 5 DTA- Declaração de Trânsito Aduaneiro MIC-DTA - Manifesto Internacional de Carga - Declaração de Trânsito Aduaneiro TIF-DTA- Conhecimento-Carta de Porte Internacional - Declaração de Trânsito Aduaneiro DTT- Declaração de Trânsito de Transferência DTC- Declaração de Trânsito de Contêiner !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 21 ∀# 123 de que se proceda ao despacho para trânsito. Isso não quer dizer, todavia, que não podem existir controles especiais determinados pela RFB em relação a essa carga. Uma vez registrada a declaração para trânsito aduaneiro, ela será direcionada para o canal verde (desembaraço automático) ou para o canal vermelho (exame documental e conferência física). O direcionamento de uma declaração para trânsito para o canal verde ou vermelho será feito com base em critérios de seleção e amostragem definidos pela RFB. Quando a declaração for selecionada para conferência (direcionada para o canal vermelho), a concessão do regime de trânsito aduaneiro caberá a Auditor Fiscal da Receita Federal (AFRFB) designado pelo titular da unidade de origem (URF que jurisdiciona o local de origem do trânsito). A conferência para trânsito tem por finalidade i) identificar o beneficiário; ii) verificar a mercadoria; iii) verificar a correção das informações relativas à sua natureza e quantificação e; iv) em caso de mercadorias sujeitas a controle prévio, verificar se houve a liberação por outros órgãos da administração pública. A verificação para trânsito será realizada na presença do beneficiário do regime e do transportador. Nela, o AFRFB ou ATRFB (sob supervisão de um AFRFB) irá observar se o peso, a quantidade e as características dos volumes estão condizentes com os documentos que instruem a declaração para trânsito. Além disso, deverá ser observado se o veículo transportador oferece condições adequadas de segurança fiscal. Ao conceder o regime de trânsito aduaneiro, a autoridade aduaneira sob cuja jurisdição se encontrar a mercadoria a ser transportada estabelecerá a rota a ser cumprida, fixará os prazos para execução da operação e para comprovação da chegada da mercadoria ao destino e adotará as cautelas julgadas necessárias à segurança fiscal. Quanto ao estabelecimento de rota e prazo para conclusão do trânsito aduaneiro, estes poderão ser objeto de proposta do transportador ou do beneficiário. Se essa proposta não for aceita pela unidade de origem dentro de 15 dias, ela será automaticamente cancelada. Destaque-se que, mesmo havendo rota legal preestabelecida, poderá ser aceita rota alternativa proposta por beneficiário. O trânsito por via rodoviária será feito preferencialmente pelas vias principais, onde houver melhores condições de segurança e policiamento, utilizando-se, sempre que possível, o percurso mais direto. Todos esses procedimentos,por sinal bastante rígidos, têm como objetivo promover a segurança fiscal , já que, durante todo o trajeto do !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 22 ∀# 123 trânsito aduaneiro, os tributos estarão com a exigibilidade suspensa. A RFB, portanto, informa ao beneficiário do regime qual o caminho ele deverá percorrer e em quanto tempo. Além disso, poderá adotar cautelas fiscais, cujo objetivo é impedir a violação do veículo, da unidade de carga e dos volumes que estiverem em trânsito. De acordo com a IN SRF nº 248/2002, as cautelas fiscais que podem ser adotadas são a lacração (colocação de lacres), a sinetagem (colocação de símbolos nos lacres), a cintagem (colocação de cintas nos volumes), a marcação (colocação de marcas nos volumes) e o acompanhamento fiscal (designação de um veículo para acompanhar o trânsito aduaneiro). Ressalte-se que o acompanhamento fiscal somente será realizado em casos excepcionais, em que, por exemplo, o transportador seja reincidente em infrações à legislação aduaneira. Ainda sobre as cautelas fiscais, cabe destacar que os dispositivos de segurança somente poderão ser rompidos ou suprimidos na presença da fiscalização, salvo disposição normativa em contrário. Agora me respondam o seguinte: será que o regime de trânsito aduaneiro poderá ser indeferido pela RFB? Sim. O AFRFB designado para proceder à conferência para trânsito poderá indeferir a solicitação, desde que o faça com base em decisão fundamentada. Todavia, uma vez indeferido o trânsito aduaneiro, o beneficiário poderá interpor recurso ao titular da unidade de origem no prazo de 10 (dez) dias, a contar da ciência do indeferimento. O ato final do despacho para trânsito é o desembaraço, que é quando a unidade da RFB de origem efetivamente concede o regime de trânsito aduaneiro ao beneficiário. Nesse momento, em que se encerra o despacho para trânsito, tem início o regime de trânsito aduaneiro. Após o AFRFB registrar no Sistema a aplicação dos dispositivos de segurança, ocorrerá automaticamente o desembaraço. Quando os dispositivos de segurança tiverem sido dispensados, o desembaraço ocorrerá após o carregamento do veículo pelo transportador. No caso de transporte multimodal de carga, na importação ou na exportação, quando o desembaraço não for realizado nos pontos de entrada ou de saída do País, a concessão do regime de trânsito aduaneiro será considerada válida para todos os percursos no território aduaneiro, independentemente de novas concessões. Isso significa que, em se tratando de transporte multimodal, se for concedido o regime de trânsito aduaneiro em um porto seco em Campinas, o regime será válido para qualquer tipo de percurso no território aduaneiro. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 24 ∀# 123 2.5- Garantias e Responsabilidades: Segundo o art. 337 do R/A, as obrigações fiscais suspensas em virtude da aplicação do regime de trânsito aduaneiro ficarão constituídas em Termo de Responsabilidade, firmado na data do registro da declaração de admissão no regime, que assegure sua eventual liquidação e cobrança. Por sua vez, o art. 20 da IN SRF Nº 248/2002, com o fito de operacionalizar a constituição do Termo de Responsabilidade, dispôs que a responsabilidade pelo cumprimento das obrigações fiscais suspensas em decorrência da aplicação do regime de trânsito aduaneiro será formalizada em Termo de Responsabilidade para Trânsito Aduaneiro (TRTA), com validade de três anos, firmado pelo transportador. Juntamente com a constituição de Termo de Responsabilidade, é necessária a prestação de garantia das obrigações fiscais suspensas. A garantia poderá ser prestada na forma de depósito em dinheiro, fiança idônea ou seguro aduaneiro, a critério do transportador. Há alguns casos especiais em que não se exige a prestação de garantia como, por exemplo, quando o transportador possui patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). Ok! O trânsito aduaneiro foi concedido pela RFB, os tributos suspensos ficaram consignados no Termo de Responsabilidade e, ainda, foi apresentada uma garantia. Mas e se acontecer alguma coisa no trajeto? De quem é a responsabilidade pelas mercadorias em trânsito aduaneiro? De acordo com o art. 338 do R/A, “o transportador de mercadoria submetida ao regime de trânsito aduaneiro responde pelo conteúdo dos volumes, nos casos previstos no art. 661”. Por sua vez, o art. 661 dispõe que: Art. 661. Para efeitos fiscais, é responsável o transportador quando: I - constatado que houve, após o embarque, substituição de mercadoria; II - houver extravio de mercadoria em volume descarregado com indícios de violação; ou III - o volume for descarregado com peso ou dimensão inferior ao constante no conhecimento de carga, no manifesto ou em documento de efeito equivalente. Interpretando os dois dispositivos em conjunto, podemos verificar que o transportador possui responsabilidade exclusiva pelas mercadorias em trânsito aduaneiro. Assim, caso ocorra avaria, extravio ou alteração de mercadoria, a RFB exigirá dele os tributos e multas cabíveis. Percebam, meus !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 25 ∀# 123 amigos, que todas as situações relacionadas no art. 661 do R/A representam casos em que o transportador recebeu uma mercadoria intacta e, ao chegar no destino, apresentou-a modificada (seja na quantidade ou qualidade). Durante o trajeto referente ao trânsito aduaneiro, há outras ocorrências possíveis, como, por exemplo: i) chegada do veículo fora do prazo fixado pela RFB; ii) violação de dispositivo de segurança; iii) desvio da rota autorizada; iv) substituição do veículo transportador sem autorização da RFB. Cada uma das infrações possíveis possui uma pontuação (como se fosse carteira de motorista!). Ao atingir 20 pontos, o transportador sofrerá advertência; ao somar ou ultrapassar 40 pontos, o transportador terá sua habilitação suspensa. Nos termos do art. 339, § 1o, do R/A, quando o transportador não apresentar a mercadoria no local de destino, na forma e no prazo previsto, ele ficará sujeito ao cumprimento das obrigações assumidas no Termo de Responsabilidade, sem prejuízo das penalidades cabíveis. Os tributos serão os vigentes na data da assinatura do Termo de Responsabilidade com acréscimos legais. 2.6- Interrupção e Conclusão do Trânsito: Vamos imaginar que a autoridade aduaneira tenha concedido o regime de trânsito aduaneiro para o transporte de uma carga desde o Porto de Suape até um porto seco localizado em Caruaru. No entanto, no meio do trajeto, o veículo que transportava a carga se envolve em um acidente de trânsito. E aí, o que acontece? Nesse caso, meus amigos, ocorrerá a interrupção do trânsito aduaneiro, em razão da ocorrência de um evento que impede o prosseguimento do trânsito e, ainda, que, muito provavelmente, provocou avarias nas mercadorias transportadas. O art. 340 do R/A lista as hipóteses em que poderá haver interrupção do trânsito aduaneiro: “Art. 340. O trânsito poderá ser interrompido pelos seguintes motivos: I - ocorrência de eventos extraordinários que comprometam ou possam comprometer a segurança do veículo ou equipamento de transporte; II - ocorrência de eventos que resultem ou possam resultar em avaria ou extravio da mercadoria; III - ocorrência de eventos que impeçam ou possam impedir o prosseguimento do trânsito; IV - embargo ou impedimento oferecido por autoridade competente; !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 26 ∀# 123 V - rompimento ou supressão de dispositivo de segurança; e VI- outras circunstâncias alheias à vontade do transportador, que justifiquem a medida. “ Mas o que deve fazer o transportador se houver a interrupção do trânsito aduaneiro? Nesse caso, o transportador deverá imediatamente comunicar o fato à unidade aduaneira que jurisdiciona o local onde se encontrar o veículo, a fim de que esta possa adotar as providências cabíveis. A autoridade aduaneira também poderá determinar a interrupção do trânsito aduaneiro, ainda que não tenha ocorrido nenhuma das hipóteses previstas no art. 340 do R/A. Isso ocorrerá em razão de denúncia, suspeita ou mesmo em função da conveniência da fiscalização. Caso não haja qualquer tipo de problema no trânsito aduaneiro, o transportador irá apresentar a carga à unidade da RFB que jurisdiciona o local de destino. Para fins de conclusão do trânsito aduaneiro, a unidade da RFB de destino procederá ao exame dos documentos e à verificação do veículo, dos dispositivos de segurança e da integridade da carga. Se estiver tudo certo, o trânsito aduaneiro será concluído e será dada baixa no Termo de Responsabilidade junto à unidade de origem. 2.7- Avaria e Extravio no Trânsito Aduaneiro: Antes da publicação do Decreto nº 8.010/2013, existia a possibilidade de que fosse realizado o processo de vistoria aduaneira no trânsito. Com o novo decreto, a vistoria aduaneira deixou de existir. A vistoria aduaneira era o processo administrativo tendente a apurar a responsabilidade pelo extravio ou avaria de mercadoria. Atualmente, na hipótese de extravio de mercadoria, a autoridade aduaneira deverá proceder a lançamento de ofício, exigindo do responsável os tributos e direitos (inclusive multas). Não há um processo administrativo prévio; caberá à autoridade aduaneira lavrar o auto de infração, que terá o condão de exigir do responsável pelo extravio os valores devidos. No caso de avaria, haverá uma redução do valor aduaneiro, proporcionalmente ao prejuízo. No caso do trânsito aduaneiro, a constatação de extravio ou avaria poderá ocorrer no local de origem, durante o percurso ou mesmo após a conclusão do trânsito aduaneiro. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 27 ∀# 123 Segundo o art. 345, do R/A, quando a constatação de extravio ou avaria ocorrer no local de origem, a autoridade aduaneira poderá, não havendo inconveniente, permitir o trânsito aduaneiro da mercadoria avariada ou da partida com extravio, após a determinação da quantidade extraviada. Da mesma maneira, caso o extravio ou avaria ocorram no percurso do trânsito, a autoridade aduaneira, após comunicada, poderá autorizar o prosseguimento do trânsito até o local de destino, adotadas as cautelas cabíveis. O lançamento de ofício poderá ser dispensado, em qualquer caso, sendo autorizado o início ou prosseguimento do trânsito, na hipótese de o beneficiário do regime assumir espontaneamente o pagamento dos créditos decorrentes do extravio. Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova! 11. (AFRFB – 2014) No Regime de Trânsito Aduaneiro, objetivando garantir o pagamento dos créditos tributários correspondentes, quando a constatação de extravio ou avaria ocorrer no local de origem, a autoridade aduaneira não poderá permitir o trânsito aduaneiro da mercadoria avariada ou da partida com extravio. Comentários: Segundo o art. 345, R/A, “quando a constatação de extravio ou avaria ocorrer no local de origem, a autoridade aduaneira poderá, não havendo inconveniente, permitir o trânsito aduaneiro da mercadoria avariada ou da partida com extravio, após a determinação da quantidade extraviada.” Questão incorreta. 12. (AFRFB – 2012) O regime de trânsito aduaneiro permite o transporte de mercadorias, sob controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão de tributos. Comentários: Essa é a exata definição do regime de trânsito aduaneiro! Trata-se de regime aduaneiro especial que permite o transporte de mercadorias, sob controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro. Nesse trajeto, as mercadorias serão transportadas com suspensão de tributos. Questão correta. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 28 ∀# 123 13. (ATRFB – 2012) Sem prejuízo de controles especiais determinados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, depende de despacho para trânsito a remoção de mercadorias de uma área ou recinto para outro, situado na mesma zona primária. Comentários: Independe de despacho para trânsito a remoção de mercadorias de uma área ou recinto para outro, situado na mesma zona primária (art. 325, § 2º, do R/A). Questão errada. 14. (ATRFB – 2012) No caso de transporte multimodal de carga internacional, na importação ou na exportação, quando o desembaraço não for realizado nos pontos de entrada ou de saída do País, a concessão do Regime Especial de Trânsito Aduaneiro será considerada válida para todos os percursos no território nacional, independentemente de novas concessões. Comentários: Exatamente o que dispõe o art. 325, § 3º, do R/A. No caso de transporte multimodal de carga, na importação ou na exportação, quando o desembaraço não for realizado nos pontos de entrada ou de saída do País, a concessão do regime de trânsito aduaneiro será considerada válida para todos os percursos no território aduaneiro, independentemente de novas concessões. Questão correta. 15. (ATRFB – 2012) A concessão e a aplicação do Regime Especial de Trânsito Aduaneiro serão requeridas à autoridade aduaneira competente da unidade de destino. Comentários: A concessão do trânsito aduaneiro compete à unidade de origem. À unidade de destino compete a conclusão do trânsito aduaneiro. Questão errada. 16. (ATRFB – 2012) O Regime Especial de Trânsito Aduaneiro é o que permite o transporte de mercadoria, sob controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão do pagamento de tributos. Comentários: A ESAF repetiu a mesma assertiva na prova de Auditor e de Analista! Essa é a definição do regime de trânsito aduaneiro. Trata-se de regime aduaneiro especial que permite o transporte de mercadoria, sob controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão do pagamento de tributos. Questão correta. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 29 ∀# 123 17. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Em uma Declaração de Trânsito Aduaneiro (DTA) de entrada, o Operador de Transporte Multimodal (OTM) poderá ser beneficiário do regime. Comentários: O OTM poderá ser beneficiário do regime de trânsito aduaneiro em qualquer uma de suas modalidades. Questão correta. 18. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) O registro de Declaração de Trânsito Aduaneiro (DTA) caracteriza o fim da espontaneidade do beneficiário, relativamente às informações por ele prestadas na declaração. Comentários: O registro da DTA caracteriza o fim da espontaneidade do beneficiário do regime de trânsito aduaneiro em relação às informações por ele prestadas. Questão correta. 19. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) A concessão do regime de especial trânsito aduaneiro é automático para as Declarações de Trânsito Aduaneiro (DTA) cujo canal de conferência sejam verde, no Siscomex Trânsito, porém, ainda assim, a carga poderá ser submetida à conferência, pela Aduana no destino. Comentários: As Declarações de Trânsito Aduaneiro (DTA) direcionadas para o canal verde são automaticamente desembaraçadas, sem qualquer exame documental ou verificação física. Mesmo assim, por ocasião da conclusão do trânsito aduaneiro, a URF de destino poderá proceder à conferência da mercadoria. Questão correta. 20. (Exame Despachante Aduaneiro– 2012) Um trânsito aduaneiro, seguindo em um caminhão lacrado pela RFB, pode ser interrompido pela Policia Rodoviária Federal, com o subsequente rompimento dos lacres para averiguação da carga, sem a presença de prepostos da Receita Federal do Brasil, no caso de indícios de tráfico de drogas. Comentários: Os dispositivos de segurança somente poderão ser rompidos ou suprimidos na presença da fiscalização, salvo disposição normativa em contrário. Questão errada. 21. (Questão Inédita) O agente credenciado a efetuar operações de unitização ou desunitização da carga em recinto alfandegado poderá ser !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 2: ∀# 123 beneficiário do regime de trânsito aduaneiro em qualquer de suas modalidades, ressalvado o trânsito de passagem. Comentários: O agente de unitização e desunitização poderá ser beneficiário do regime de trânsito aduaneiro em todas as suas modalidades, inclusive no trânsito internacional (trânsito aduaneiro de passagem). Questão errada. 22. (Questão Inédita) Ao conceder o regime, a autoridade aduaneira sob cuja jurisdição se encontrar a mercadoria a ser transportada estabelecerá a rota a ser cumprida; fixará os prazos para execução da operação e para comprovação da chegada da mercadoria ao destino; e adotará as cautelas julgadas necessárias à segurança fiscal. Comentários: A autoridade aduaneira, ao conceder o regime de trânsito, fixará rota, determinará prazo e adotará cautelas fiscais que julgar necessárias. Questão correta. 23. (Questão Inédita) A autoridade aduaneira não poderá aceitar rota proposta pelo beneficiário do regime de trânsito aduaneiro quando houver rota legal preestabelecida. Comentários: Mesmo havendo rota legal preestabelecida, poderá ser aceita rota alternativa proposta por beneficiário (art. 329, § 1o, do R/A). Questão errada. 24. (Questão Inédita) O despacho para trânsito completa-se com o desembaraço aduaneiro Comentários: O ato final do despacho para trânsito é o desembaraço aduaneiro. Tendo sido desembaraçadas as mercadorias, terá início o trânsito aduaneiro. Questão correta. 3- Admissão Temporária: 3.1- Conceito e Generalidades: Vocês se lembram das Olimpíadas do Rio em 2016? Naquela oportunidade, várias delegações de diversos países se instalaram no Brasil durante o período de realização dos jogos, não foi? Pois bem, essas delegações !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 43 ∀# 123 trouxeram uma enorme parafernália, envolvendo materiais esportivos e bagagem de atletas e técnicos. Lembram-se também da última vez que Paul McCartney veio ao Brasil fazer um show? Para realizar o show, o cantor trouxe grande quantidade de material ao país, como equipamentos de som e iluminação, estrutura e equipamentos de efeitos especiais. Agora eu lhes pergunto: será que houve recolhimento tributário sobre os bens trazidos pelas delegações estrangeiras por ocasião dos Jogos Pan- Americanos em 2016? E em relação ao material destinado ao show do Paul McCartney? Não, meus amigos! Nos dois casos, os bens foram submetidos ao regime de admissão temporária. Eles permaneceram no Brasil durante um prazo determinado, com suspensão de tributos, regressando posteriormente ao exterior. O art. 353 do R/A define o regime de admissão temporária como sendo o regime aduaneiro especial que permite a importação de bens que devam permanecer no País durante prazo fixado, com suspensão total do pagamento de tributos, ou com suspensão parcial, no caso de utilização econômica. Um detalhe importante que precisamos perceber a partir da leitura da definição de admissão temporária é que a suspensão de tributos poderá ser total ou parcial. No caso de bens importados temporariamente para participar de uma competição esportiva, de uma exposição ou de um show, a suspensão de tributos será total. Entretanto, quando os bens admitidos temporariamente forem destinados à utilização econômica, a suspensão será parcial. Seria o caso, por exemplo, da admissão temporária de máquinas que ingressam no País para serem utilizadas na prestação de um serviço de construção civil. O Decreto nº 8.010/2013 alterou a definição de “utilização econômica”. Antes, considerava-se utilização econômica o emprego dos bens na prestação de serviços ou na produção de outros bens. Com a nova redação, considera-se utilização econômica o emprego dos bens na prestação de serviços a terceiros ou na produção de outros bens destinados a venda. Resta claro, com a nova redação, que os bens importados ao amparo do regime de admissão temporária para utilização econômica não poderão ser !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 41 ∀# 123 utilizados em proveito próprio pelo beneficiário do regime. Quando um bem é admitido temporariamente no País, não podemos dizer que ocorreu sua nacionalização, pois sua entrada não possui ânimo de definitividade. Ao contrário, ele ficará no país durante um tempo, retornando ao exterior. Os tributos ficam suspensos durante a estadia desses bens no País justamente porque eles regressarão ao exterior Na hipótese de admissão temporária para utilização econômica, o pagamento dos tributos federais será proporcional ao tempo de permanência do bem no território nacional. Mais especificamente, será aplicado o percentual de 1% (um por cento) relativamente a cada mês compreendido no prazo de concessão do regime, sobre o montante dos tributos originalmente devidos. Essa parcela dos tributos será recolhida, permanecendo o restante suspenso no Termo de Responsabilidade. Se, futuramente, o beneficiário decidir ficar em caráter definitivo com a mercadoria, ele poderá proceder ao despacho para consumo, efetuando a nacionalização. Nesse caso, os tributos originalmente devidos deverão ser recolhidos deduzido o montante já pago. Vamos imaginar um guindaste cujo valor aduaneiro seja R$ 500.000,00 e que esteja sujeito a uma alíquota de 30% do Imposto de Importação (II). Caso ele fosse importado a título definitivo e houvesse recolhimento integral, o valor a ser pago a título de II seria de R$ 150.000,00. No entanto, caso ele entrasse no Brasil ao amparo do regime aduaneiro de admissão temporária e fosse ser utilizado economicamente durante 10 meses, o valor a ser recolhido a título de imposto de importação seria de R$15.000,00 (10% de R$150.000,00). Nesse caso, seriam recolhidos R$ 15.000,00 e os outros R$135.000,00 ficariam suspensos no Termo de Responsabilidade. Se, posteriormente, a empresa decidir nacionalizar os guindastes, ela deverá proceder ao despacho para consumo, recolhendo os tributos originalmente devidos (R$ 150.000,00) deduzidos os montantes já pagos (R$ 15.000,00). Assim, em caso de nacionalização, a empresa deverá recolher R$ 135.000,00. 3.2- Requisitos para a concessão do regime de admissão temporária: A concessão do regime aduaneiro especial é de competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB). De acordo com o art.358 do R/A, a autoridade aduaneira observará, para a concessão do regime, o cumprimento cumulativo das seguintes condições: !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 42 ∀# 123 1) Importação em caráter temporário, comprovada esta condição por qualquer meio julgado idôneo. Quando um bem é admitido temporariamente no País, não podemos dizer que ocorreu sua nacionalização, pois sua entrada não possui ânimo de definitividade. Ao contrário, ele ficará no país durante um tempo, retornando ao exterior. Os tributos ficam suspensos durante a estadia desses bens no País justamente porque eles regressarãoao exterior. Nesse sentido, a Receita Federal do Brasil (RFB) somente concede o regime de admissão temporária a bens que permanecerão no Brasil em caráter temporário. O art. 355 do R/A estabelece que o regime de admissão temporária poderá ser aplicado aos bens relacionados em ato normativo da Secretaria da Receita Federal do Brasil e aos admitidos temporariamente ao amparo de acordos internacionais. A IN SRFB nº 1.600/2015, por sua vez, disciplinando a aplicação do regime aduaneiro especial de admissão temporária, estabeleceu um rol de situações em que os bens poderão ser submetidos ao regime aduaneiro especial de admissão temporária. Como exemplo, cito os bens destinados a eventos esportivos e os animais para exposições. Alguém já me perguntou em sala de aula: “Ricardo, e as aeronaves e embarcações que entram no país? Elas também se submetem ao regime aduaneiro especial de admissão temporária?” Essa é uma boa pergunta! De acordo com a IN RFB nº 1.600/2015, os veículos terrestres, aeronaves e embarcações utilizados no transporte internacional de cargas ou passageiros serão automaticamente submetidos ao regime de admissão temporária. Questão importante é saber se o regime de admissão temporária se aplica aos bens amparados por contrato de leasing! De início, cumpre-nos esclarecer que há diversas modalidades de leasing, entre elas o leasing financeiro e o leasing operacional. O leasing financeiro se caracteriza pela presença de uma instituição financeira que realiza o financiamento da operação. De acordo com os costumes comerciais brasileiros, quando se faz a opção pelo leasing financeiro, o que se quer é a compra do bem. Assim, um bem que entra no país ao amparo de um contrato de leasing financeiro, está ingressando com ânimo de definitividade, sendo tratado, portanto, como uma importação comum. Por sua vez, no leasing operacional, o bem é arrendado por certo período, sem que ainda tenha sido feita a opção de compra no final, não havendo a intermediação de uma instituição financeira. Dessa forma, o bem que entra no país ao amparo de um contrato de leasing operacional, está !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 44 ∀# 123 ingressando com ânimo de temporariedade, sendo, portanto, aplicável o regime de admissão temporária. 2) Importação sem cobertura cambial: Dizer que um bem ingressou no País sem cobertura cambial significa que ele foi importado sem uma contrapartida em divisas. Em outras palavras, o bem admitido temporariamente no País não foi objeto de compra. A compra de um bem caracteriza o ânimo de definitividade da permanência deste no território nacional, o que é inadequado ao regime de admissão temporária. Logo, uma condição sine qua non para a admissão de um bem em admissão temporária é a inexistência de cobertura cambial. Apesar de as doações serem operações sem cobertura cambial, elas não poderão ser admissões temporárias. Isso porque existe ânimo de definitividade na importação de bens que ingressam no país ao amparo de doações. E, conforme já sabemos, a admissão temporária pressupõe a temporariedade da permanência dos bens no País. 3) Adequação dos bens à finalidade para a qual foram importados: Quando um bem ingressa no País a título de admissão temporária, existe alguma motivação para isso (realização de uma exposição, show, feira, etc), a qual deverá estar prevista nos arts. 3º, 4º e 5º, da IN RFB nº 1.600/2015. Caso o bem seja utilizado em finalidade diversa daquela para a qual foi importado, fica caracterizado o descumprimento do regime aduaneiro especial de admissão temporária, o que dá ensejo à execução do Termo de Responsabilidade (art. 369, inciso IV do R/A). !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 45 ∀# 123 Antes da edição do Decreto nº 8.010/2013, o art. 358, do Regulamento Aduaneiro mencionava outros dois requisitos para a concessão do regime aduaneiro especial de admissão temporária: i) constituição das obrigações fiscais em Termo de Responsabilidade e; ii) identificação dos bens. Com o novo decreto, esses dois requisitos passaram para o art. 363, do Regulamento Aduaneiro: Art. 363. A aplicação do regime de admissão temporária ficará condicionada à: I - utilização dos bens dentro do prazo fixado e exclusivamente nos fins previstos; II - constituição das obrigações fiscais em termo de responsabilidade; e III - identificação dos bens. Mas qual foi, afinal, o objetivo dessa mudança? O art. 358 tem como objetivo relacionar requisitos a serem observados pela autoridade aduaneira antes de conceder o regime de admissão temporária (são obrigações de verificação pela autoridade aduaneira). Já o art. 363 lista obrigações do beneficiário do regime aduaneiro especial de admissão temporária. Assim, nada mais natural que as duas condições acima mencionadas (“constituição das obrigações fiscais em Termo de Responsabilidade” e “identificação dos bens”) passem a integrar o art. 363. Quando uma mercadoria entra no país ao amparo do regime aduaneiro especial de admissão temporária, os tributos suspensos ficarão consignados em Termo de Responsabilidade. Cabe destacar que, quando a suspensão de tributos for parcial, o crédito tributário referente à parcela de tributos suspensos deverá também ser constituído em Termo de Responsabilidade. Junto com o Termo de Responsabilidade, o beneficiário do regime de admissão temporária deverá apresentar uma garantia das obrigações fiscais. Quando os bens admitidos no regime forem danificados, em virtude de sinistro, poderá haver redução da garantia (proporcional ao prejuízo), desde que seja solicitado pelo beneficiário do regime. A Secretaria da Receita Federal disporá sobre os casos em que poderá ser dispensada a garantia. O bem admitido temporariamente no País deve ser o mesmo bem a retornar ao exterior. Logo, é fundamental que seja possível fazer sua !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 46 ∀# 123 identificação, através, por exemplo, do número de série. Se for admitida temporariamente no País uma empilhadeira com número de série 3323, é essa mesma empilhadeira 3323 que deverá regressar ao exterior. Para a concessão do regime de admissão temporária para utilização econômica, deverá ser observado, ainda, que o tratamento administrativo será o mesmo aplicado a uma importação definitiva, ressalvados os casos estabelecidos em ato normativo da SECEX. Essa é uma novidade criada pelo Decreto nº 8.010/2013 (até então, essa regra não existia). 3.3- Prazo de concessão do regime: Quando a autoridade aduaneira concede o regime de admissão temporária, ela deverá fixar o prazo de vigência do regime, isto é, o prazo pelo qual os tributos permanecerão com a exigibilidade suspensa. O prazo de vigência do regime começa a contar a partir do desembaraço aduaneiro. Mas como a autoridade aduaneira fixa o prazo de vigência do regime? Quais são os critérios para a fixação de prazo? No ato da concessão do regime, a autoridade aduaneira irá fixar o prazo de vigência do regime, que será contado do desembaraço aduaneiro. Na fixação do prazo de vigência do regime, a autoridade aduaneira deverá levar em consideração o provável período de permanência dos bens no País. Se uma determinada exposição terá duração de 1 mês, seria um total contrassenso que a autoridade aduaneira concedesse a admissão temporária por apenas 15 dias! As normas gerais para a concessão do regime de admissão temporária são as mesmas aplicáveis a todos os regimes aduaneiros especiais, as quais deverão ser observadas pela autoridade aduaneira na fixação do prazo de vigência (art.361 R/A). Segundo a IN RFB nº 1.600/2015, o prazo do regime de admissão
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