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GEOCIÊNCIAS E GEOLOGIA AMBIENTAL - Unidade 4

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09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental
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GEOCIÊNCIAS E GEOLOGIA AMBIENTAL
CAPÍTULO 4 - COMO O MEIO AMBIENTE SE DESTACA
EM NOSSO PLANETA?
Diego Ferreira Ramos Machado
INICIAR
09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental
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Introdução
A maior parte das atividades humanas, para não dizermos todas, depende da mineração, que, muitas vezes, acaba
sendo mal vista, como se ela fosse uma cobiça da natureza humana, a qual explora o planeta de forma egoísta e
antropocêntrica, devendo ser, portanto, condenada. No entanto, não é bem assim! É preciso levar em conta que o
homo sapiens não é o único capaz de interferir e modificar o meio ambiente, como se fosse um usurpador voraz. A
espécie humana também é capaz de criar, remediar e intervir na natureza de maneira brilhante e fantástica, de
acordo com as possibilidades que a evolução nos assegurou. Cavar túneis, estabelecer fundações que possibilitem
edifícios e pontes, explorar recursos minerais que nos garantam tecnologias, como a agricultura, a vestimenta, os
meios de transportes e de telecomunicações etc., são apenas alguns exemplos de coisas do dia a dia que mostram
quão coparticipantes somos dos processos de alteração do Planeta. O que precisamos, entretanto, é ter
responsabilidade e ética, o que nos torna também, evidentemente, responsáveis pela manutenção do meio no
qual vivemos.
O meio ambiente não existe à parte do ser humano, como se fosse nós de um lado e a natureza de outro. O ser
humano (e suas obras) compõe a natureza, faz parte do ambiente. Por isso, temos de estudar como esses
processos se dão e como nós podemos, responsável e sustentavelmente, assegurar uma permanência nele por
mais tempo.
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4.1 Estrutura geológica do Estado
Ainda que boa parte do conhecimento geológico pressuponha atividades de campo e muita pesquisa in situ, sem
as quais não seria possível verificar e medir as formações, coletar amostras e estudar o que é preciso para as
caracterizações, nosso aprendizado aqui se limita ao conhecimento daquilo que grandes pesquisadores
investigaram e mapearam ao longo dos anos. É natural assegurar que a geologia (e o mapeamento geológico) não
se trata de um trabalho que pode ser desenvolvido apenas em gabinetes, em laboratórios ou em bibliotecas, mas
também (indispensavelmente) em estradas, em recortes de terrenos, em vales, dentro de rios etc., de forma que
um estudo complementa o outro. A partir de um compêndio de trabalhos anteriormente realizados, a CPRM (a
empresa pública com atribuições de Serviço Geológico do Brasil), em parceria com a Secretaria de Geologia,
Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia (CPRM, 2016), compôs os Mapas de
Geodiversidade Estaduais do Brasil.
Por que mapas estaduais? Os Estados são, quando grafados com inicial maiúscula, sempre relacionados a uma
organização política. O termo vem do latim status e poderia referir-se à “posição”, à “lugar”. Essa referência é
necessária para entendermos que, quando falamos de Estrutura Geológica do Estado, nos referimos ao Estado-
Nação (Brasil) ou a cada uma de suas Unidades Federativas (UF). Entretanto, como sabemos, as estruturas
geológicas são organizações próprias do meio ambiente, não sendo definidas por um cariz político, mas físico. É
por isso que, embora possamos desmembrar e especificar a geologia de cada uma das 26 unidades da Federação
– o que foi feito pela CPRM –, faz mais sentido entendê-la dentro de uma estrutura geológica de conjunto, isto é,
por unidades geológico-ambientais e não unidades políticas. Devido a isso os mapas apresentados são indicativos
de geodiversidade, contemplando múltiplas áreas do conhecimento.
A geologia do Brasil (figura a seguir) não faria sentido se vista fora da geologia da América do Sul nem esta, por sua
vez, faria sentido fora da tectônica global. É por isso que sabemos da necessidade da visão sistêmica que enxerga
todo o conjunto. Mas como teremos, ora ou outra, de fazer um recorte para melhor compreensão, então optamos
por abordar, en passant, as unidades geológico-ambientais dos estados, sendo que, diferente de estudar a
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geologia de uma única Unidade Federativa, abordaremos as principais feições geológicas por todo o Brasil, o que
é um desafio em um país de proporções continentais cuja área, apenas emersa, é superior a 8,5 milhões de km².
(IBGE, 2017)
 Figura 1 - Imagem
representativa das formações geológicas brasileiras. Morro do Couto, no Parque Nacional de Itatiaia
(RJ), com 2680 m de altitude. Fonte: vitormarigo, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
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Os autores dos Mapas de Geodiversidade Estaduais afirmam que eles destinam-se “a um público-alvo muito
variado, incluindo desde as empresas mineradoras tradicionais, passando pela comunidade acadêmica, gestores
públicos da área de ordenamento territorial e gestão ambiental” (CPRM, 2016, s/p). Entende-se, para efeito, que
seja consolidado o conceito de geodiversidade como propõe Peixoto (2010, p. 12): aquilo que “rompe o estigma
de uso exclusivo das informações geológicas por empresas de mineração”, de forma que o “conhecimento da
geodiversidade nos leva a identificar, de maneira melhor, as aptidões e restrições de uso do meio físico de uma
área, bem como os impactos advindos de seu uso inadequado”.
Silva e Dantas (2010, p. 13) afirmam que os mapas geoambientais “diferenciam-se da cartografia geotécnica
clássica”. Enquanto, de certa forma, a tradicional restringe-se às representações das geologias de uma dada
região, os mapas geoambientais trazem uma característica multi e interdisciplinar, uma visão sistêmica, e também
uma linguagem acessível. Servem como “subsídios técnicos para vários setores como: mineração [...], agricultura
[...], saúde pública [...], urbanismo [...], moradia [...], defesa civil [...], transporte [...], turismo [...], meio ambiente e
planejamento [...]” (SILVA; DANTAS, 2010, p. 13-14).
Os Mapas de Geodiversidade Estaduais do Brasil, que valem ser conhecidos não só pelo interesse
exploratório e econômico, mas também pela visão sistêmica e popularização do conhecimento, estão
disponíveis para serem consultados na página do Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Acesse:
<http://www.cprm.gov.br/publique/Gestao-Territorial/Geodiversidade/Mapas-de-Geodiversidade-
Estaduais-1339.html (http://www.cprm.gov.br/publique/Gestao-Territorial/Geodiversidade/Mapas-de-
Geodiversidade-Estaduais-1339.html)>. 
VOCÊ QUER LER?
http://www.cprm.gov.br/publique/Gestao-Territorial/Geodiversidade/Mapas-de-Geodiversidade-Estaduais-1339.html
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Trazendo o entendimento e a aplicação desses mapas para o nosso dia a dia dentro de um escopo didático, vamos
imaginar uma cidade qualquer que quisesse definir suas políticas públicas e planejar seu zoneamento, ela deveria
se servir de um mapeamento geoambiental. Uma cartografia geotécnica clássica poderia ser útilpara apontar,
entre outras coisas, uma região susceptível a escorregamentos onde não se deve construir, ou ainda um local cuja
formação geológica suporte uma grande obra de infraestrutura; contudo, é no mapeamento geoambiental que se
vai possibilitar analisar dados dos ambientes fisiográficos considerando os perigos da interação destes com as
ações humanas (VEDOVELLO, 2004 apud MOREIRA, 2018) e, por isso, são esses mapas que englobam “as
informações de vários temas como: geologia, recursos minerais, geomorfologia, solos, aptidão agrícola,
geoquímica, geofísica, geotecnia, riscos geológicos, uso e ocupação dos solos, cobertura vegetal, clima, águas
superficiais e subterrâneas” e “objetiva, principalmente, o planejamento, gestão e ordenamento do território”
(SILVA; DANTAS, 2010, p. 13) sendo estes os mais recomendados para o exemplo apresentado. É por isso que
também os grandes municípios apresentam seus próprios mapas geoambientais.
Em termos de Brasil, o país apresenta uma formação física muito antiga, com “representação de todas as grandes
unidades cronoestratigráficas/geocronológicas da escala do tempo geológico, à exceção do Eoarqueano”
(SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003, p. 26). Sua grandiosidade dificulta condensarmos aqui as mais de 1.200
unidades litoestratigráficas representadas no mapa geológico e, ainda, somar informações geoambientais. Por
isso, nos atemos a fazer referências condensadas por eras geológicas, de forma que a cronologia do tempo
geológico nos ajuda ao menos a compreender alguns aspectos e fenômenos.
Schobbenhaus e Brito Neves (2003, p. 18) afirmam que “uma simples análise do mapa geológico do Brasil mostra
de imediato uma subdivisão natural de dois amplos e distintos contextos geotectônicos: o domínio nor-noroeste
(Amazônia) e o domínio centro-oriental, separados pelo lineamento Transbrasiliano (SCHOBBENHAUS et al.,
1975), de Sobral-CE ao Pantanal Mato-grossense”.
VOCÊ O CONHECE?
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O geólogo e professor Setembrino Petri (1922) é um importante cientista. Comendador da Ordem
Nacional do Mérito Científico, é estudioso da área de geologia, paleontologia e micropaleontologia, tendo
defendido sua tese sobre o Devoniano (em 1948). É membro da Academia Brasileira de Ciências e possui
muitos prêmios e títulos que lhe foram concedidos por suas contribuições científicas.
Ainda assim, vamos iniciar não por essas subdivisões de contextos geotectônicos, mas por tempo geológico (figura
a seguir), o que acreditamos facilitar a compreensão dos processos. Iniciemos, portanto, pelo mais antigo: o Éon
Arqueano (> 3,6–2,5 Ga.), o qual Teixeira et al. (2009, p. 621) apresentam como “a base do registro geológico mais
antigo de rochas sedimentares”. Inclusive, Éon deriva da palavra grega αιών (aión), correspondendo a uma
unidade de tempo geológico. Segundo Schobbenhaus e Brito Neves (2003), aflora em apenas 4,6% da superfície
do Brasil, sobretudo nos estados da Bahia, Minas Gerais, Pará e Goiás. Teixeira et al. (2009) também afirmam que,
por volta dos 3.4 bilhões de anos (também denominado “Giga anos”, ou “Ga.”), surgem as rochas mais antigas da
América do Sul: o tonalito de São José do Campestre, no Rio Grande do Norte. 
É nesse éon ainda, afirmam os autores, que a atmosfera começa a se tornar oxidante (ca. 3.0 Ga.) e, por
consequência, inicia-se a deposição de grandes quantidades de ferro nos oceanos. Schobbenhaus e Brito Neves
(2003, p. 33) relatam áreas de ocorrência bastante esparsas, como também no Cráton São Francisco (bloco Jequié,
Gavião Remanso e Serrinha-Uauá) e no extremo sul do Cráton São Francisco, na porção mais estável, onde “as
exposições são notórias, pela variedade (ortognaisses, migmatitos, granulitos, greenstones), estilos estruturais
('domos gnáissicos', janelas erosionais) e pela riqueza mineral”. Na região sudeste do Brasil, está presente no
fragmento cratônico de Luís Alves e também “no Rio Grande do Sul, na zona de antepaís da Faixa Dom Feliciano”
(SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003, p. 33). Em suma, Schobbenhaus e Brito Neves (2003) acreditam que, se
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considerarmos os substratos das áreas de cobertura de todas as eras proterozoicas e fanerozoicas, podemos
mensurar que, na realidade, a área crustal é bem superior a que hoje é reconhecida, em torno de 34% maior,
dentro da margem segura de cálculo. (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003)
Há 2.5 Ga. iniciou o Éon Proterozoico. É nele que, segundo Teixeira et al. (2009, p. 622), ocorreu a “formação
ferrífera e os estromatólitos mais antigos do Brasil”, os quais se depositaram onde hoje se localiza o Quadrilátero
Ferrífero, em Minas Gerais (ca. 2.4 Ga.). Nota-se que as formações ferríferas bandadas (figura a seguir) são
chamadas habitualmente de BIF (do inglês Banded Iron Formation). Se no Arqueano a atmosfera continha muito
CO e encontrava-se sob um efeito estufa, os processos intempéricos e os organismos fotossintetizantes reduzem
esse efeito no proterozoico, criando a primeira glaciação de extensão continental. Como efeito, a atmosfera se
 Figura 2 - Tabela
representativa do tempo geológico organizado por Éon, Era e Período. Fonte: Elaborado pelo autor,
2018.
2
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torna mais oxidante, o que possibilita o surgimento de vida eucariótica simples (microalgas, 2.0 Ga.) em zonas de
águas rasas, algas marinhas pluricelulares (1.2 Ga.) e animais (600 Ma.) (TEIXEIRA et al., 2009). É também nesse
período (1.8 Ga) que se forma o primeiro supercontinente, chamado de Nuna (também conhecido por Columbia).
 Figura 3 - BIF: Banded
Iron Formation (Formações Ferríferas Bandadas). Amostra proveniente de Temagami, Ontario, com
cerca de 2 Ga. Os BIFs, como são chamados, são evidências de mudanças atmosféricas. Fonte: Adwo,
Shutterstock, 2018.
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Schobbenhaus e Brito Neves (2003), subdividindo o Éon Proterozoico em eras, afirmam que a mais antiga desse
período, a Era Paleoproterozoica, possui 15,4% da superfície do Brasil, mostrando-se a maior área aflorante do
Pré-Cambriano brasileiro. Os autores assinalam que a passagem do Arqueano para o Paleoproterozoico é marcada
por registros sedimentares, magmáticos e tectônicos, de forma que o Paleoproterozoico “registra com
propriedade os contingentes litogenéticos e metalogenéticos do Paleoproterozoico do mundo e com riqueza
invulgar de feições” (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003, p. 35).
Ao se referir a Era Mesoproterozoica, Schobbenhaus e Brito Neves (2003, p. 37) afirmam que “a mais imponente
vitrine” dessa era está no Cráton Amazonas. Eventos cratogênicos, plutonismo anorogênico, formação e
desenvolvimento de bacias sedimentares atravessam o período, com acontecimentos tectônicos a sudoeste da
Amazônia, representando 4,1% da área do Brasil. Muitos grupos e suítes intrusivas podem ser observados no
norte do Amazonas (rochas plutônicas), como também  a noroeste do Mato Grosso (rochas metassedimentares e
plutônicas), em Pernambuco e Alagoas (rochas para e/ou paraderivada), no centro-norte de Goiás, traços em
Minas Gerais e Bahia (metassedimentares), e no sudoeste de São Paulo/nordeste do Paraná (rochas
metavulcânicas e metassedimentares).
VOCÊ SABIA?
Embora muitos pensem que a Amazôniaé feita somente de planícies inundáveis, o maior
pico do Brasil é o da Neblina, com 2993,8 metros de altura, situado na Serra do Imeri, no
Amazonas, na divisa com a Venezuela, assim como o segundo maior pico, o 31 de março,
que tem 2972,7 metros.
Com a agregação final do supercontinente Rodínia e a consolidação do Gondwana (que só se consolidará mais
adiante, no Éon Fanerozoico), dá-se “forma” à Era Neoproterozoica, cuja história é “em sua essência, a história de
um ciclo supercontinental” (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003, p. 40). Na prática, essa era (de 1 Ga. até 542
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Ma.) presenciou a desagregação de um supercontinente até a fusão completa de outro. Nesse período, as
estruturas pré-Brasilianas que estudamos até agora, do Arqueano ao Mesoproterozóico, “com menor ou maior
grau de ativação/regeneração”, mantiveram-se preservadas, ao menos no interior dos crátons sinbrasilianos,
lembrando que os crátons são mais estáveis que as faixas móveis. Nessa era, a Terra enfrentou glaciações em dois
episódios e surgiu a importante biota do período Ediacarano. (TEIXEIRA et al., 2009)
Segundo Schobbenhaus e Brito Neves (2003), as estruturas litoestratigráficas do Neoproterozoico representam
11% da área do Brasil, com rochas plutônicas félsicas e rochas para e/ou ortoderivadas em todo o sudeste do país
(Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro) e sul da Bahia, plutônicas nos estados do nordeste
brasileiro (de Pernambuco até o Ceará), uma sequência metavulcanossedimentar em Pernambuco e rochas
metassedimentares em toda a área aflorante no limite da bacia do Paraná, desde o estado de Mato Grosso,
passando por Goiás e Minas Gerais até o oeste da Bahia e do Tocantins. (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003)
Schobbenhaus (2018) afirma que, durante o Neoproterozoico (entre ~950 e 490 Ma.), o ciclo geodinâmico,
denominado Ciclo Brasiliano (entre ~950 e 490 Ma.), cujo clímax orogênico ocorreu entre 670 e 550 Ma.,
foi responsável pela formação “de extensas faixas dobradas nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste
e Sul do Brasil” (SCHOBBENHAUS apud WINGE et. al.,  2001, s/p), apresentando diversos eventos
tectônicos, sedimentares, magmáticos e metamórficos, como os enumerados a seguir.  
Com o fim da era Neoproterozoica, termina o grande Superéon Pré-Cambriano, que engloba todos os éons vistos
até aqui. Nota-se, entretanto, que a Terra, que apresenta mais do que 4.5 bilhões de anos, só vai apresentar
formas de vida mais complexas a partir de então, ou seja, muito “recentemente”, há cerca de 600 milhões de anos.
Esse período do Pré-Cambriano também pode ser chamado de Criptozoico, uma vez que o prefixo κρυφός (gr. =
kryphós) significa oculto, enquanto o termo ζωή (gr. = zōḗ) significa vida, isto é, um período em que a vida é
“invisível”. Isso porque, no Pré-Cambriano, a vida era dominada por microrganismos e, a partir de então, passa a
ser mais visível (figura a seguir), macroscópica, organizada em ecossistemas mais complexos, assim como a
biosfera passa a interagir intensamente com a hidrosfera, litosfera e atmosfera. (TEIXEIRA et al., 2009)
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Regime extensional com formação de bacias do tipo ri�e (~950 a 800 Ma.).
Abertura oceânica com geração de bacias de margem passiva e arcos de ilhas intra-oceânicos (~890 a 800 Ma.).
Geração de arcos magmáticos e arcos de margem continental ativa (790 a 585 Ma.).
Evento colisional precoce (~770 Ma.).
Evento colisional principal (Orogênese Brasiliana) com importantes episódios tectônicos, metamorfismo de alta
pressão, granitogênese e formação de thrust and fold belts (670 a 550 Ma.).
Evento colisional terminal em ~520 Ma. (Orogênese Búzios).
Evento pós-colisional com o colapso dos orógenos, soerguimento regional, magmatismo bimodal e transição para
novo regime extensional (510 a 490 Ma.). 
Com o fim da era Neoproterozoica, termina o grande Superéon Pré-Cambriano, que engloba todos os éons vistos
até aqui. Nota-se, entretanto, que a Terra, que apresenta mais do que 4.5 bilhões de anos, só vai apresentar
formas de vida mais complexas a partir de então, ou seja, muito “recentemente”, há cerca de 600 milhões de anos.
Esse período do Pré-Cambriano também pode ser chamado de Criptozoico, uma vez que o prefixo κρυφός (gr. =
kryphós) significa oculto, enquanto o termo ζωή (gr. = zōḗ) significa vida, isto é, um período em que a vida é
“invisível”. Isso porque, no Pré-Cambriano, a vida era dominada por microrganismos e, a partir de então, passa a
ser mais visível (figura a seguir), macroscópica, organizada em ecossistemas mais complexos, assim como a
biosfera passa a interagir intensamente com a hidrosfera, litosfera e atmosfera. (TEIXEIRA et al., 2009) 
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A partir de 542 milhões de anos se inicia, portanto, um novo éon: o Fanerozoico (do grego φανερός / phanerós =
visível), quando inicia o que chamamos de Período Cambriano (542 a 488 Ma.), assim como a Era Paleozoica (542
a 251 Ma.). Nesse momento, o supercontinente Gondwana se consolida, e as últimas manifestações da tectônica
Brasiliana ainda estão ligadas à sedimentação fanerozoica, resultando em pelo menos três amplos ciclos
 Figura 4 - Fóssil de
trilobita, artrópode característico da Era Paleozoica, a primeira do Éon Fanerozoico, onde a vida passa a
ser macroscópica e a interagir intensamente com a hidrosfera, litosfera e atmosfera. Fonte: Merlin74,
Shutterstock, 2018.
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sedimentares (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003). Apesar das sinéclises, onde encontramos as principais
expressões desses ambientes sedimentares: Acre, Solimões, Amazonas, Parnaíba, Paraná, Chaco-Paraná, tal
sedimentação cobriu grande parte do continente Gondwana, indo da Amazônia à Patagônia. (SCHOBBENHAUS;
BRITO NEVES, 2003)
O Cambriano, portanto, ainda apresentará alguns granitoides dos orógenos nos estados de Minas Gerais, Espírito
Santo e Rio de Janeiro (Orógenos Araçuai/Rio Doce e Búzios), uma Suíte (São Vicente) no Mato Grosso, uma Suíte
(Canaã) no Rio de Janeiro e é tudo o que se tem de rochas plutônicas dessa era, devido à agregação completa do
Gondwana (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003). Sendo assim, as demais formações são de rochas
sedimentares: 
clástica do Período Cambriano ao Período Devoniano, localmente basalto, andesito, riolito e piroclástica;
predominantemente clástica do Período Carbonífero ao Período Permiano, localmente calcário, evaporito,
silexito, folhelho carbonoso e carvão;
clástica do Período Permiano ao Período Triássico. 
Toda a formação paleozoica representa, contudo, 10,1% do território do Brasil. (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES,
2003)
Durante o Período Ordoviciano (488 a 444 Ma.), instalam-se as grandes bacias (Paraná, Parnaíba, Amazonas e
Solimões), de acordo com Teixeira et al. (2009). A Era Paleozoica, que ainda apresenta os períodos Siluriano (444 a
416 Ma.), Devoniano (416 a 359 Ma.), Carbonífero (359 a 299 Ma.) e Permiano (299 a 251 Ma.), termina com três
episódios de glaciação global no decorrer do tempo, mas sobretudo com a “extinção mais severa da Terra” (Earth’s
most severe extinction), que provocou o desaparecimento de 95% dos seres vivos que habitavam o planeta.
(BURGESS et al., 2017)
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Sendo assim, dá-se início a Era Mesozoica, onde surgem os dinossauros (figura a seguir) (no Período Triássico:
251 a 200 Ma.) e, a partir deles, já no Período Jurássico (200 a 146 Ma.), as mais antigas aves (TEIXEIRA et al.,
2009). Nesse ínterim, o Gondwana começa a fissurar e a América do Sul a se separar da África, o que resulta em
“inúmeras bacias costeiras, que mais tarde virarão sítios de acumulação de petróleo” (TEIXEIRA et al., 2009, p.
623). Schobbenhaus e Brito Neves (2003) afirmam que, durante o Período Triássico, o supercontinente Pangea se
agregou por completo, iniciando um outro ciclo, o de fissão, que ainda está em andamento e que é responsável
pela formação do Atlântico (chamada de “Atividade Mesozoica” e/ou “Evento Sul-Atlantiano” (ALMEIDA;
CARNEIRO, 1989; SCHOBBENHAUS; CAMPOS, 1984 apud SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003).
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 Figura 5 - Pterossauro,
cujo gênero Anhanguera viveu no período Cretáceo e apresentava uma envergadura de 4,6 m, sendo
um dos maiores dessa espécie em seu tempo. Fonte: Linda Bucklin, Shutterstock, 2018.
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Para Schobbenhaus e Brito Neves (2003, p. 45), durante a primeira parte da Era Mesozoica (do Triássico ao
Jurássico), houve pouca ocorrência local de unidades sedimentares na geologia do Brasil, mas, a partir do final do
Jurássico, torna-se extraordinariamente rica em feições geológicas gerais, “adicionalmente marcada pela
acumulação de bens minerais estratégicos”. A Era Mesozoica conta ainda com o Período Cretáceo (146 a 65,5 Ma.)
no seu final, quando grandes derrames vulcânicos encheram a bacia do Paraná com mais de um milhão de km³ de
lavas (TEIXEIRA et al., 2009). O Período e a Era terminam com a repentina extinção em massa (a segunda pior) de
muitos animais e plantas – incluindo os dinossauros.
Começa, então, a nossa era: a Cenozoica, καινός + ζωή (gr. kainós + zōḗ = vida nova, vida recente). O primeiro
período, até tempos atrás, era chamado de Terciário (65,5 a 1,8 Ma.), quando a Terra assumiu sua configuração
atual, como a conhecemos, e a atividade vulcânica construiu o arquipélago de Fernando de Noronha e as ilhas de
Trindade, Cabo Frio e Abrolhos. Com o resfriamento do clima, os polos se cobriram de gelo, resultando em um
clima mais árido em todo o planeta (TEIXEIRA et al., 2009).
Atualmente, a International Stratigraphic Chart divide a Era Cenozoica em três períodos: o Paleógeno (65 Ma.), o
Neógeno (23,5 Ma) e o Quaternário (1,75 Ma.), no entanto a reunião do Paleógeno com o Neógeno ainda é,
informalmente, chamada de “Período Terciário” (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003, p. 47), mas não é mais
utilizado oficialmente.
Schobbenhaus e Brito Neves (2013) afirmam que o Cenozoico representa a maior extensão superficial do Brasil,
com 32,4% de área, mas, em contrapartida, dadas as regiões onde ocorrem as maiores áreas aflorantes (na
Amazônia, na fronteira com o Peru e com a Bolívia), é concomitante o fato de ser a era geológica menos conhecida
do país. Consta que algumas poucas unidades terciárias são marinhas, mas de difícil datação pelo fato de serem
afossilíferas.
VOCÊ SABIA?
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Alguns cientistas acreditam, embora não estejam de acordo nem com a data, que a Idade
Moderna já vivenciou uma “pequena era glacial”, cujo nome, por si só, não seria possível.
Alguns alegam que a Terra resfriou entre os séculos XVI e XIX, enquanto outros acreditam
que foi entre os séculos XIII e XVII.
Chama a atenção que, do Rio de Janeiro ao Pará, por milhares de quilômetros da costa brasileira, está presente o
Grupo Barreiras, resultado da elevação do interior e o abaixamento da costa. Ele é composto, entre outras
unidades, por falésias (figura a seguir) esculpidas na linha de costa, que podem ser consideradas como a primeira
unidade litoestratigráfica documentada no Brasil, haja vista que foi descrita na carta de Pero Vaz de Caminha. Por
toda a Era Cenozoica, ocorreram preenchimentos das bacias por depósitos continentais, decorrentes de
tectonismos e sedimentação desde o Paleógeno até o Quaternário, com influências de oscilações climáticas.
Destacam-se entre eles os depósitos carbonáticos de origem continental, como os calcários da bacia de Itaboraí
(Rio de Janeiro), as tufas calcárias da Serra da Bodoquena, os calcretes da formação Xaraiés (Mato Grosso do Sul)
e os da Formação Caatinga (Bahia); e os depósitos carbonáticos de origem marinha, além dos eventos
magmáticos que ocorreram tanto no continente quanto nas ilhas oceânicas. (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES,
2003)
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Embora o Período Quaternário (1,8 Ma. até os dias atuais) seja “muito breve” no tempo geológico, é nele que o
homem se espalha pelo mundo, “interferindo na natureza como nenhum outro animal antes, com consequências
positivas e negativas ainda inadequadamente desconhecidas”. (TEIXEIRA et al., 2009, p. 623)
 Figura 6 - Tabuleiro
Costeiro (Falésia) da formação do Grupo Barreira, na cidade de Beberibe, no Ceará. Foi a primeira
unidade litoestratigráfica documentada no Brasil por meio da carta de Pero Vaz de Caminha. Fonte: Nkt
UsrBr, Shutterstock, 2018.
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Nessa história geológica, o Brasil se apresenta como um país vasto territorialmente, rico em geodiversidade e com
eventos que testemunham muito do passado da Terra. É natural que, com isso, seja abundante em minérios e,
consequentemente, muito rico em biodiversidade, paisagens e ambientes, os quais merecem estudos e
investigações que possibilitem um uso sustentável melhor e mais adequado.
4.2 Geotecnia e meio ambiente
Geotecnia, em grego, é a arte, o ofício, a obra de terra. O termo tem origem na palavra grega τέχνη (téchnē).
Atualmente, a Geotecnia pode ser entendida como uma área da ciência, um segmento da engenharia, que
envolve a geologia, a geofísica, a hidrologia, a mecânica dos solos e das rochas. Portanto, diversas áreas afins se
convergem para conhecer a interação das obras humanas com o meio ambiente, de forma que a geotecnia
investiga e atua em técnicas para que se possa evitar a erosão, para podermos construir fundações, para não
contaminarmos os solos (e de remediá-los) e os aquíferos, para fazermos obras de contenção, para estabilizarmos
taludes, para construirmos barragens etc.
À medida que o homem foi desenvolvendo tecnologias, desde as mais primitivas, já fazia uso de técnicas e
modificava a Terra, já que ele compõe o Meio Ambiente e é dele sujeito. Por errôneo hábito, é costumeiro ao senso
comum enxergar o ser humano sempre à parte do meio, como se ele fosse mesmo “externo”, e lhe tivessem
colocado sobre a Terra para consumi-la e explorá-la. Contudo, o homo erectus é, tão somente, apenas uma das
muitas outras espécies do reino animal, e, como todas as outras, nasce, cresce, se alimenta, procria e morre.
Tamaio (2002, p. 22 apud MEDINA, N. M., 1994)aponta a definição de Meio Ambiente como sendo:
[...] o conjunto de componentes naturais e sociais e suas interações em um espaço e em um tempo determinados,
associado à dinâmica das interações sociedade-natureza e suas consequências no espaço em que habita o homem,
e do qual o mesmo também é parte integrante.
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Com isso o autor deixa claro que, de acordo com esse conceito, o homem é parte integrante do meio ambiente.
Tamaio (2002, p. 22) também afirma que “o conceito de meio ambiente deve contemplar o meio social, cultural,
político e não só o meio físico. Além disso, as análises que se efetuarem dos problemas ambientais devem
considerar as inter-relações do meio natural com o social”; então, isso não nos possibilitaria enxergar o ser
humano à parte do meio em que ele vive nem o meio sem o homem. Ambos estão contidos um no outro.
Entretanto, muitas visões distintas daquilo que é natureza podem surgir na sua conceituação. Ainda na linha do
que propõe Tamaio (2002), alguns apresentarão uma visão romântica do que é natureza (expressando que ela é
composta por árvores, frutos, peixes, pássaros, água limpa etc.), outros apresentarão uma visão utilitarista
(expressando que ela “serve” para os animais viverem, para dela nos servirmos etc.), outros apresentarão uma
visão científica (expressando que ela é importante para o ciclo hidrológico, para a atmosfera, para os oceanos,
para a organização do Sistema Terra, etc.), outros apresentarão uma visão generalizante (expressando que a
natureza é tudo que existe: as terras, o ar, o homem, o sol, as estrelas, os oceanos etc.), e outros apresentarão uma
visão naturalista (expressando que a natureza já existia antes do homem, e que tem uma função a cumprir). Essas
visões, contudo, não contemplam o que permite a visão socioambiental do que é natureza, na qual o homem
integra o meio ambiente e dele faz parte, mesmo que o meio ambiente seja também constituído por rios poluídos
ou prédios, por pontes, casas, asfalto, cimento, pela exploração mineral, tecnologias, celulares e assim por diante.
É por esse motivo que a exploração mineral e a geotecnia são mal vistas pela sociedade. Ainda que dependamos
todos delas para existir, a simples ideia de que o ser humano é um agente mal, um “câncer” que usurpa a natureza
e põe nela sua cobiça, fazem com que tais obras sejam vistas muitas vezes como males a serem condenados. O
paradigma está no fato de que precisamos desses artigos ou da natureza para nos vestir, nos alimentar, para
nossas existências sociais. Ainda que o planeta Terra (possivelmente e bastante provável) consiga existir muito
bem sem a presença humana, como existiu por bilhões de anos, a presença do ser humano é, para a natureza,
apenas o mesmo que a presença de todas as outras espécies: uma grande relação ambiental que, admitimos,
interage com a Terra.
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Contudo, é verdade, o tempo de renovação das coisas é próprio de cada um. Isso faz com o que a renovação do
petróleo demande muito mais anos do que a capacidade de o homem explorá-lo e consumi-lo até que se esgote –
tornando a ele um recurso não-renovável. Já os recursos cujos aproveitamentos podem ser feitos em tempos
menores, podem ser classificados de recursos renováveis.
Bettencourt et al. (2009, p. 510) vão considerar como recursos naturais renováveis “aqueles cuja velocidade de
reposição é suficiente para a sua utilização sem o perigo de seu esgotamento”. Acrescentaríamos aqui um adendo:
“para uso da espécie humana”, porque, no nosso entender, se milhões de anos se passarem a partir de agora,
ainda que o homem não mais estivesse presente, o recurso poderia ter sido reposto e hipoteticamente poderia ser
usado por alguma outra espécie. Os autores também consideram que os recursos minerais são, em sua maioria,
recursos naturais não-renováveis (BETTENCOURT et al., 2009), isto porque não apresentam tal velocidade de
reposição (para uso da espécie humana, enfatizamos novamente).
Os bens minerais são um grande patrimônio da geodiversidade, sendo sua exploração importante para um
desenvolvimento sustentável e a melhoria de vida dos brasileiros, considerando que, em 2005, a produção
mineral atingiu um total de R$ 85 bilhões. (FILHO; MARQUES, 2008)
Ao tratarmos dos recursos minerais, falamos também de sua exploração, no entanto poderíamos optar por
exemplificar com as obras de engenharia, Uma vez que a geotecnia dialoga cada vez mais com áreas
multidisciplinares (engenheiros, geólogos, biólogos, químicos etc.), ela é capaz de não só possibilitar as obras
como ajudar a evitar problemas. A isso se atribui a importância de sondagens, estudos e diálogo multidisciplinar.
CASO
Em 2007, durante o chuvoso mês de janeiro, uma cratera com 80 metros de diâmetro
e 30 metros de profundidade engoliu carros e casas, desalojou 79 famílias e matou
sete pessoas. O desmoronamento aconteceu no canteiro de obras da estação
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Pinheiros (Linha 4-Amarela do Metrô, Zona Oeste de São Paulo). Embora o caso
tenha sido investigado em sigilo pela justiça e não nos cabe o julgamento dos
culpados, os laudos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) apontaram que o
projeto previa a escavação de túneis pelo método NATM (novo método de
tunelamento austríaco, na sigla em inglês) em um terreno com faixas de rocha
alterada em meio a rochas sãs, folheamento e com fraturas em diferentes direções,
algumas preenchidas com argila mole. A geologia já era conhecida desde 1997,
quando ainda na fase do planejamento do Projeto, mas, segundo o relatório do IPT, as
investigações mostraram que durante a execução do projeto não foram consideradas
as complexas características geológicas do terreno, como a “variação lateral da
qualidade da rocha” e o “sistema de fraturamento”, somado ao fato de as alterações
feitas no andamento da obra discordar do projeto original, além de não terem sido
observados indícios durante a obra, o que poderia ter evitado o colapso do túnel.
Isso serve para nos lembrar de que é preciso estudar a geologia, fazer sondagens,
mas também acompanhar os fatores ambientais na decorrência do projeto, além de
desenvolver uma proposta de Plano de Ação Emergencial, elaborado através da
Segurança do Trabalho, para diminuir ou minimizar as perdas humanas em casos de
acidentes. 
Os problemas ambientais no âmbito da geotecnia sempre ocorreram, no entanto devemos ter em mente que eles
podem ser evitados, quando não são, devem ser minimizados e tratados (remediados). Como exemplo, podemos
citar a construção de um aterro para Resíduos Sólidos Urbanos (RSUs). Por milênios, embora em muitos lugares
do Brasil, infelizmente, ainda se faça assim, o ser humano teve a opção de criar lixões (figura a seguir) a céu
aberto, jogando todos os lixos recolhidos das casas em um terreno não muito distante das cidades, mas longe o
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suficiente para não causar ojeriza, sem, no entanto, se preocupar com as plumas contaminantes de chorume. Com
as novas técnicas, hoje somos capazes de construir aterros específicos para receber os RSUs, já que a necessidade
imposta por uma sociedade de consumo assim exige, dada a produção de resíduos majoritariamente
desnecessários.
 Figura 7 - Lixão sem
controle sanitário, vetor depoluição ambiental, contaminações e doenças. Fonte: Spaskov, Shutterstock,
2018.
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Quer por questões ambientais, quer por questões sanitárias, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
por meio da NBR 10.004:2004, “classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e
à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente”, de forma que a Lei Federal nº 12.305 de 2010
institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010). Assim, a sociedade se organiza para, em conjunto
com os técnicos, preservar o meio ambiente.
Com isso, notamos que a inter-relação do homem com o meio ambiente é inevitável no dia a dia, mas pode ser
menos prejudicial para o meio. Não porque o planeta não é capaz de suportar, afirmamos com certeza, mas
porque ao ameaçar o equilíbrio do meio ambiente, o ser humano coloca em xeque sua própria existência e a de
muitas outras espécies de animais e vegetais, admitindo que não seria, contudo, ético de sua parte.
Um livro referência para abordar o assunto de Educação Ambiental é "A formação do sujeito ecológico", de
Isabel Carvalho, publicado pela editora Cortez. A obra aborda uma construção social de uma prática
político-pedagógica.
Poderíamos apontar inúmeros problemas ambientais: poluição do solo e das águas, impactos negativos na
dinâmica dos ventos pela construção de prédios e arranha-céus, mortandade de peixes por mineração de
produtos tóxicos etc., mas nunca se esgotariam. É preferível admitir, todavia, que todas as ações – e para isso há
estudos próprios como os EIA (Estudos de Impacto Ambiental) e os RIMA (Relatórios de Impactos ao Meio
Ambiente) – geram impactos positivos e negativos, e todos eles têm consequências.
VOCÊ QUER LER?
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4.3 Mineração e ambiente
Se observarmos um mapa temático, onde sejam apontados os recursos minerais do Brasil (figura a seguir),
notamos que há uma maior predominância de recursos na faixa leste do país (regiões Sul, Sudeste e Nordeste)
quando comparada com seu interior (regiões Centro-Oeste e Norte). Isso se dá não pela ausência de recursos, mas
pela carência de informações e mapeamentos, atribuída ao histórico de ocupação territorial. Lembramos que, ao
longo da história, o litoral brasileiro foi marcado pela presença mais intensa das populações e das grandes
cidades, das Universidades e, consequentemente, da pesquisa. Tal presença resultou em inúmeras explorações,
mapeamentos e pesquisas que, em campo, mapearam mais detalhadamente a porção litorânea que o centro do
país. Entretanto, não se pode desconectar esse fato da formação geológica da área, na qual essas faixas são
coincidentes com o embasamento pré-cambriano, sobretudo com o escudo Atlântico, conforme descrito em
Schobbenhaus e Brito Neves (2003).
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 Figura 8 - Mapa
Geodiversidade do Brasil (1:2.500.000): limites estaduais e recursos minerais. Fonte: CPRM, 2018, s/p.
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Podemos notar que as cores apontadas na figura são variadas, no entanto, de acordo com a legenda do Mapa
Geodiversidade do Brasil (1:2.500.000) do CPRM (2018), destaca-se a predominância de azuis-esverdeados para
material de uso na construção civil, azuis para rochas e minerais industriais, róseos como indicativos de
recursos minerais energéticos e amarelos para metais nobres, enquanto os acastanhados são para metais não
ferrosos e semimetais.
Bettencourt et al. (2009) dão exemplos de recursos minerais:
metálicos ferrosos: ferro, manganês, cromo, molibdênio, níquel, cobalto, volfrâmio, vanádio (ferroligas);
metálicos não ferrosos: cobre, chumbo, zinco, estanho (básicos), alumínio, magnésio, titânio, berílio
(leves), ouro, prata, platina (preciosos), berílio, césio e lítio (raros);
não metálicos: areia, cascalho, rocha industrial e brita (construção civil), enxofre, fluorita, sais, pirita,
cromita (indústria química), fosfatos, potássio e nitrato (fertilizantes), calcário, argila, gipsita (cimento),
argilas, feldspato e sílica (cerâmica), cromita, magnesita, argilas e sílica (refratários), coríndon, diamante,
granada e quartzito (abrasivos), amianto e mica (isolantes), carbonatos e fluorita (fundentes), barita, ocre,
titânio (pigmentos) e diamante, rubi, turmalina (gemas).
Vale lembrar que os recursos minerais são “as concentrações minerais na crosta terrestre cujas características
fazem com que sua extração seja ou possa chegar a ser técnica e economicamente factível” (MINEROPAR, 2018,
s/p). Bettencourt et al. (2009), por sua vez, afirmam que as rochas comuns, quando enriquecidas com substâncias
minerais úteis, são denominadas minérios. Ou seja, o granito, por si só, não é um minério (embora seja um
recurso mineral), mas, se estiver enriquecido com cassiterita (SnO ), é também um minério de estanho. Já a
aluvião (areia, cascalho ou argila), se estiver enriquecida por ouro, torna-se, além de um recurso mineral (usado
na construção civil, entre outros), um minério de ouro; e assim por diante.
2
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O filme Serra Pelada (2013), dirigido por Heitor Dhalia, conta a história de dois amigos que vivenciam o
sonho do ouro no maior garimpo a céu aberto do mundo, no Pará, na extinta Serra Pelada, de onde se
extraiu, oficialmente, 30 toneladas de ouro. 
Dardenne e Schobbenhaus (2003) citam 108 localizações dos distritos e depósitos minerais mais importantes do
Brasil, sendo que Bettencourt et al. (2009) afirmam que os depósitos minerais decorrem de processos naturais, na
maioria geológicos (mas também climáticos e/ou biológicos), que enriquecem um local da crosta terrestre com
uma substância mineral.
De forma ampla, podemos apontar algumas das principais Províncias Minerais do Brasil: a do Quadrilátero
Ferrífero, em Minas Gerais, no quadrilátero formado entre as cidades de Belo Horizonte, Congonhas do Campo,
Mariana e Santa Bárbara, onde se encontra a maior produção de minério de ferro do país. A de Carajás, no Pará,
onde temos depósitos de ferro. O Maciço do Urucum, no Mato Grosso do Sul, onde se apresenta a terceira maior
reserva de ferro do país e manganês. E o depósito de manganês da Serra do Navio, no Amapá, cuja lavra chegou a
ser exaurida, mas novas tecnologias permitiram a retomada da exploração.
De acordo com o Anuário Mineral Brasileiro (2016), para o ano de 2015, 76% da produção mineral brasileira
comercializada correspondiam à classe dos minerais metálicos: ferro (61,7%), ouro (10,3%), alumínio (5,2%),
níquel (4,7%), nióbio (1%), manganês (0,9%), estanho (0,9%) e outros (1,5%), de forma que fica evidente que a
VOCÊ QUER VER?
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grande “vocação” da potência mineral, no Brasil, é para minerais metálicos. Contudo, os recursos minerais
também podem ser energéticos, tais como o petróleo, o carvão e o urânio. (BIZZI, 2003)Segundo a Mineropar (2018, s/p) a lavra, sinônimo de explotação, é a “fase da mineração representada pelo
conjunto de operações que tem como objetivo a extração econômica das diversas substâncias minerais úteis ou
fósseis de uma jazida até o seu beneficiamento primário”, enquanto o beneficiamento é “a concentração de
minério ou de minerais úteis por remoção de materiais indesejáveis por vários processos como: gravitativo,
magnético, flotação, precipitação química, etc.”. Tais definições são importantes por vários motivos, mas também
para compreender que, durante um beneficiamento ou durante uma lavra de algum minério, podem ocorrer
impactos ambientais como a acidificação das águas, por exemplo, causada pela exposição de metais que
interagem com a água e o ar.
4.4 Contaminantes orgânicos e inorgânicos
A Geoquímica, enquanto ciência que estuda a distribuição e a quantidade dos elementos químicos na Terra e a
circulação dos elementos na natureza (MINEROPAR, 2018 apud Goldschmidt, 1954), é muito importante na
compreensão dos sistemas regolito/aquífero e no entendimento dos seus processos poluidores desses.
A poluição, segundo a Mineropar (2018), pode ser entendida como a interferência prejudicial aos usos das águas,
do ar e do solo, enquanto a contaminação, termo muitas vezes utilizado como sinônimo, é “quase sempre
empregado em relação direta a efeitos sobre a saúde do homem” (MINEROPAR, 2018, s/p), porque há existência de
microrganismos patogênicos em um meio qualquer.
Tal diferenciação nos leva a compreender que, para o uso das águas subterrâneas, por exemplo, de acordo com o
uso e ocupação do solo (se por indústria, moradias, atividades recreativas etc.) e suas propriedades (formação
geológica, topografia, clima, entre outras), um contaminante ou agente poluidor pode impossibilitar o uso da
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água e, inclusive, do solo. A toxicidade, entretanto, depende diretamente da dose do contaminante e do tempo de
exposição, de forma que, se for presente em doses altas em um tempo curto, causa uma toxidez aguda, e se for
presente em doses baixas por longos períodos de tempo, causa uma toxidez crônica. (KERL, 2007)
Os contaminantes orgânicos diferenciam-se dos inorgânicos. Os primeiros são biodegradáveis e provêm da
agricultura, de restos de seres vivos e de atividades domésticas (por exemplo, o esgoto), com isso, se a água
estiver em um corpo livre (lago, rio, lagoa, mar), podem causar a eutrofização da água por excesso de nutrientes,
acelerando o crescimento de algas e, consequentemente, diminuindo o oxigênio presente nela, o qual é
consumido pelos vegetais. Os inorgânicos, por sua vez, são os metais pesados (chumbo, mercúrio, bário, cromo,
zinco etc.) e os organoclorados, que se acumulam na cadeia alimentar. Os contaminantes também podem ser
biológicos, de forma que os microrganismos, como bactérias, fungos, vírus e protozoários, são capazes de
provocar doenças.
Os sistemas hídricos, sejam de águas livres ou subterrâneas, podem ser contaminados por ações humanas ou
causas naturais (como as fitoplancto-toxinas, o pólen e os terpenos). Entretanto, vale lembrar, que, dadas as
características de formação e drenagem das águas submersas, a contaminação/poluição delas pode ser drástica
se não for evitado, pois, em muitos casos, não podem ser tratadas/remediadas.
Síntese
Vimos, ao longo deste capítulo 4, um pouco da História da Terra, dando ênfase para a geologia que resultou na
América do Sul e, particularmente, no Brasil. Abordamos assuntos muito complexos e de difícil compreensão a
princípio, mas conseguimos, ao final, criar um entendimento sistêmico.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
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aprender sobre a geologia do Brasil;
aprender sobre éons, eras e períodos geológicos;
aprender, por fim, sobre como surgiu a geodiversidade do nosso país;
entender a relação do ser humano com o meio ambiente;
entender a importância da geotecnia e do diálogo multidisciplinar;
analisar a atividade mineradora no Brasil;
compreender como se diferenciam os contaminantes e poluentes no nosso meio.
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