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09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 1/35 GEOCIÊNCIAS E GEOLOGIA AMBIENTAL CAPÍTULO 4 - COMO O MEIO AMBIENTE SE DESTACA EM NOSSO PLANETA? Diego Ferreira Ramos Machado INICIAR 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 2/35 Introdução A maior parte das atividades humanas, para não dizermos todas, depende da mineração, que, muitas vezes, acaba sendo mal vista, como se ela fosse uma cobiça da natureza humana, a qual explora o planeta de forma egoísta e antropocêntrica, devendo ser, portanto, condenada. No entanto, não é bem assim! É preciso levar em conta que o homo sapiens não é o único capaz de interferir e modificar o meio ambiente, como se fosse um usurpador voraz. A espécie humana também é capaz de criar, remediar e intervir na natureza de maneira brilhante e fantástica, de acordo com as possibilidades que a evolução nos assegurou. Cavar túneis, estabelecer fundações que possibilitem edifícios e pontes, explorar recursos minerais que nos garantam tecnologias, como a agricultura, a vestimenta, os meios de transportes e de telecomunicações etc., são apenas alguns exemplos de coisas do dia a dia que mostram quão coparticipantes somos dos processos de alteração do Planeta. O que precisamos, entretanto, é ter responsabilidade e ética, o que nos torna também, evidentemente, responsáveis pela manutenção do meio no qual vivemos. O meio ambiente não existe à parte do ser humano, como se fosse nós de um lado e a natureza de outro. O ser humano (e suas obras) compõe a natureza, faz parte do ambiente. Por isso, temos de estudar como esses processos se dão e como nós podemos, responsável e sustentavelmente, assegurar uma permanência nele por mais tempo. 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 3/35 4.1 Estrutura geológica do Estado Ainda que boa parte do conhecimento geológico pressuponha atividades de campo e muita pesquisa in situ, sem as quais não seria possível verificar e medir as formações, coletar amostras e estudar o que é preciso para as caracterizações, nosso aprendizado aqui se limita ao conhecimento daquilo que grandes pesquisadores investigaram e mapearam ao longo dos anos. É natural assegurar que a geologia (e o mapeamento geológico) não se trata de um trabalho que pode ser desenvolvido apenas em gabinetes, em laboratórios ou em bibliotecas, mas também (indispensavelmente) em estradas, em recortes de terrenos, em vales, dentro de rios etc., de forma que um estudo complementa o outro. A partir de um compêndio de trabalhos anteriormente realizados, a CPRM (a empresa pública com atribuições de Serviço Geológico do Brasil), em parceria com a Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia (CPRM, 2016), compôs os Mapas de Geodiversidade Estaduais do Brasil. Por que mapas estaduais? Os Estados são, quando grafados com inicial maiúscula, sempre relacionados a uma organização política. O termo vem do latim status e poderia referir-se à “posição”, à “lugar”. Essa referência é necessária para entendermos que, quando falamos de Estrutura Geológica do Estado, nos referimos ao Estado- Nação (Brasil) ou a cada uma de suas Unidades Federativas (UF). Entretanto, como sabemos, as estruturas geológicas são organizações próprias do meio ambiente, não sendo definidas por um cariz político, mas físico. É por isso que, embora possamos desmembrar e especificar a geologia de cada uma das 26 unidades da Federação – o que foi feito pela CPRM –, faz mais sentido entendê-la dentro de uma estrutura geológica de conjunto, isto é, por unidades geológico-ambientais e não unidades políticas. Devido a isso os mapas apresentados são indicativos de geodiversidade, contemplando múltiplas áreas do conhecimento. A geologia do Brasil (figura a seguir) não faria sentido se vista fora da geologia da América do Sul nem esta, por sua vez, faria sentido fora da tectônica global. É por isso que sabemos da necessidade da visão sistêmica que enxerga todo o conjunto. Mas como teremos, ora ou outra, de fazer um recorte para melhor compreensão, então optamos por abordar, en passant, as unidades geológico-ambientais dos estados, sendo que, diferente de estudar a 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 4/35 geologia de uma única Unidade Federativa, abordaremos as principais feições geológicas por todo o Brasil, o que é um desafio em um país de proporções continentais cuja área, apenas emersa, é superior a 8,5 milhões de km². (IBGE, 2017) Figura 1 - Imagem representativa das formações geológicas brasileiras. Morro do Couto, no Parque Nacional de Itatiaia (RJ), com 2680 m de altitude. Fonte: vitormarigo, Shutterstock, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 5/35 Os autores dos Mapas de Geodiversidade Estaduais afirmam que eles destinam-se “a um público-alvo muito variado, incluindo desde as empresas mineradoras tradicionais, passando pela comunidade acadêmica, gestores públicos da área de ordenamento territorial e gestão ambiental” (CPRM, 2016, s/p). Entende-se, para efeito, que seja consolidado o conceito de geodiversidade como propõe Peixoto (2010, p. 12): aquilo que “rompe o estigma de uso exclusivo das informações geológicas por empresas de mineração”, de forma que o “conhecimento da geodiversidade nos leva a identificar, de maneira melhor, as aptidões e restrições de uso do meio físico de uma área, bem como os impactos advindos de seu uso inadequado”. Silva e Dantas (2010, p. 13) afirmam que os mapas geoambientais “diferenciam-se da cartografia geotécnica clássica”. Enquanto, de certa forma, a tradicional restringe-se às representações das geologias de uma dada região, os mapas geoambientais trazem uma característica multi e interdisciplinar, uma visão sistêmica, e também uma linguagem acessível. Servem como “subsídios técnicos para vários setores como: mineração [...], agricultura [...], saúde pública [...], urbanismo [...], moradia [...], defesa civil [...], transporte [...], turismo [...], meio ambiente e planejamento [...]” (SILVA; DANTAS, 2010, p. 13-14). Os Mapas de Geodiversidade Estaduais do Brasil, que valem ser conhecidos não só pelo interesse exploratório e econômico, mas também pela visão sistêmica e popularização do conhecimento, estão disponíveis para serem consultados na página do Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Acesse: <http://www.cprm.gov.br/publique/Gestao-Territorial/Geodiversidade/Mapas-de-Geodiversidade- Estaduais-1339.html (http://www.cprm.gov.br/publique/Gestao-Territorial/Geodiversidade/Mapas-de- Geodiversidade-Estaduais-1339.html)>. VOCÊ QUER LER? http://www.cprm.gov.br/publique/Gestao-Territorial/Geodiversidade/Mapas-de-Geodiversidade-Estaduais-1339.html 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 6/35 Trazendo o entendimento e a aplicação desses mapas para o nosso dia a dia dentro de um escopo didático, vamos imaginar uma cidade qualquer que quisesse definir suas políticas públicas e planejar seu zoneamento, ela deveria se servir de um mapeamento geoambiental. Uma cartografia geotécnica clássica poderia ser útilpara apontar, entre outras coisas, uma região susceptível a escorregamentos onde não se deve construir, ou ainda um local cuja formação geológica suporte uma grande obra de infraestrutura; contudo, é no mapeamento geoambiental que se vai possibilitar analisar dados dos ambientes fisiográficos considerando os perigos da interação destes com as ações humanas (VEDOVELLO, 2004 apud MOREIRA, 2018) e, por isso, são esses mapas que englobam “as informações de vários temas como: geologia, recursos minerais, geomorfologia, solos, aptidão agrícola, geoquímica, geofísica, geotecnia, riscos geológicos, uso e ocupação dos solos, cobertura vegetal, clima, águas superficiais e subterrâneas” e “objetiva, principalmente, o planejamento, gestão e ordenamento do território” (SILVA; DANTAS, 2010, p. 13) sendo estes os mais recomendados para o exemplo apresentado. É por isso que também os grandes municípios apresentam seus próprios mapas geoambientais. Em termos de Brasil, o país apresenta uma formação física muito antiga, com “representação de todas as grandes unidades cronoestratigráficas/geocronológicas da escala do tempo geológico, à exceção do Eoarqueano” (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003, p. 26). Sua grandiosidade dificulta condensarmos aqui as mais de 1.200 unidades litoestratigráficas representadas no mapa geológico e, ainda, somar informações geoambientais. Por isso, nos atemos a fazer referências condensadas por eras geológicas, de forma que a cronologia do tempo geológico nos ajuda ao menos a compreender alguns aspectos e fenômenos. Schobbenhaus e Brito Neves (2003, p. 18) afirmam que “uma simples análise do mapa geológico do Brasil mostra de imediato uma subdivisão natural de dois amplos e distintos contextos geotectônicos: o domínio nor-noroeste (Amazônia) e o domínio centro-oriental, separados pelo lineamento Transbrasiliano (SCHOBBENHAUS et al., 1975), de Sobral-CE ao Pantanal Mato-grossense”. VOCÊ O CONHECE? 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 7/35 O geólogo e professor Setembrino Petri (1922) é um importante cientista. Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, é estudioso da área de geologia, paleontologia e micropaleontologia, tendo defendido sua tese sobre o Devoniano (em 1948). É membro da Academia Brasileira de Ciências e possui muitos prêmios e títulos que lhe foram concedidos por suas contribuições científicas. Ainda assim, vamos iniciar não por essas subdivisões de contextos geotectônicos, mas por tempo geológico (figura a seguir), o que acreditamos facilitar a compreensão dos processos. Iniciemos, portanto, pelo mais antigo: o Éon Arqueano (> 3,6–2,5 Ga.), o qual Teixeira et al. (2009, p. 621) apresentam como “a base do registro geológico mais antigo de rochas sedimentares”. Inclusive, Éon deriva da palavra grega αιών (aión), correspondendo a uma unidade de tempo geológico. Segundo Schobbenhaus e Brito Neves (2003), aflora em apenas 4,6% da superfície do Brasil, sobretudo nos estados da Bahia, Minas Gerais, Pará e Goiás. Teixeira et al. (2009) também afirmam que, por volta dos 3.4 bilhões de anos (também denominado “Giga anos”, ou “Ga.”), surgem as rochas mais antigas da América do Sul: o tonalito de São José do Campestre, no Rio Grande do Norte. É nesse éon ainda, afirmam os autores, que a atmosfera começa a se tornar oxidante (ca. 3.0 Ga.) e, por consequência, inicia-se a deposição de grandes quantidades de ferro nos oceanos. Schobbenhaus e Brito Neves (2003, p. 33) relatam áreas de ocorrência bastante esparsas, como também no Cráton São Francisco (bloco Jequié, Gavião Remanso e Serrinha-Uauá) e no extremo sul do Cráton São Francisco, na porção mais estável, onde “as exposições são notórias, pela variedade (ortognaisses, migmatitos, granulitos, greenstones), estilos estruturais ('domos gnáissicos', janelas erosionais) e pela riqueza mineral”. Na região sudeste do Brasil, está presente no fragmento cratônico de Luís Alves e também “no Rio Grande do Sul, na zona de antepaís da Faixa Dom Feliciano” (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003, p. 33). Em suma, Schobbenhaus e Brito Neves (2003) acreditam que, se 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 8/35 considerarmos os substratos das áreas de cobertura de todas as eras proterozoicas e fanerozoicas, podemos mensurar que, na realidade, a área crustal é bem superior a que hoje é reconhecida, em torno de 34% maior, dentro da margem segura de cálculo. (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003) Há 2.5 Ga. iniciou o Éon Proterozoico. É nele que, segundo Teixeira et al. (2009, p. 622), ocorreu a “formação ferrífera e os estromatólitos mais antigos do Brasil”, os quais se depositaram onde hoje se localiza o Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais (ca. 2.4 Ga.). Nota-se que as formações ferríferas bandadas (figura a seguir) são chamadas habitualmente de BIF (do inglês Banded Iron Formation). Se no Arqueano a atmosfera continha muito CO e encontrava-se sob um efeito estufa, os processos intempéricos e os organismos fotossintetizantes reduzem esse efeito no proterozoico, criando a primeira glaciação de extensão continental. Como efeito, a atmosfera se Figura 2 - Tabela representativa do tempo geológico organizado por Éon, Era e Período. Fonte: Elaborado pelo autor, 2018. 2 Deslize sobre a imagem para Zoom 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 9/35 torna mais oxidante, o que possibilita o surgimento de vida eucariótica simples (microalgas, 2.0 Ga.) em zonas de águas rasas, algas marinhas pluricelulares (1.2 Ga.) e animais (600 Ma.) (TEIXEIRA et al., 2009). É também nesse período (1.8 Ga) que se forma o primeiro supercontinente, chamado de Nuna (também conhecido por Columbia). Figura 3 - BIF: Banded Iron Formation (Formações Ferríferas Bandadas). Amostra proveniente de Temagami, Ontario, com cerca de 2 Ga. Os BIFs, como são chamados, são evidências de mudanças atmosféricas. Fonte: Adwo, Shutterstock, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 10/35 Schobbenhaus e Brito Neves (2003), subdividindo o Éon Proterozoico em eras, afirmam que a mais antiga desse período, a Era Paleoproterozoica, possui 15,4% da superfície do Brasil, mostrando-se a maior área aflorante do Pré-Cambriano brasileiro. Os autores assinalam que a passagem do Arqueano para o Paleoproterozoico é marcada por registros sedimentares, magmáticos e tectônicos, de forma que o Paleoproterozoico “registra com propriedade os contingentes litogenéticos e metalogenéticos do Paleoproterozoico do mundo e com riqueza invulgar de feições” (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003, p. 35). Ao se referir a Era Mesoproterozoica, Schobbenhaus e Brito Neves (2003, p. 37) afirmam que “a mais imponente vitrine” dessa era está no Cráton Amazonas. Eventos cratogênicos, plutonismo anorogênico, formação e desenvolvimento de bacias sedimentares atravessam o período, com acontecimentos tectônicos a sudoeste da Amazônia, representando 4,1% da área do Brasil. Muitos grupos e suítes intrusivas podem ser observados no norte do Amazonas (rochas plutônicas), como também a noroeste do Mato Grosso (rochas metassedimentares e plutônicas), em Pernambuco e Alagoas (rochas para e/ou paraderivada), no centro-norte de Goiás, traços em Minas Gerais e Bahia (metassedimentares), e no sudoeste de São Paulo/nordeste do Paraná (rochas metavulcânicas e metassedimentares). VOCÊ SABIA? Embora muitos pensem que a Amazôniaé feita somente de planícies inundáveis, o maior pico do Brasil é o da Neblina, com 2993,8 metros de altura, situado na Serra do Imeri, no Amazonas, na divisa com a Venezuela, assim como o segundo maior pico, o 31 de março, que tem 2972,7 metros. Com a agregação final do supercontinente Rodínia e a consolidação do Gondwana (que só se consolidará mais adiante, no Éon Fanerozoico), dá-se “forma” à Era Neoproterozoica, cuja história é “em sua essência, a história de um ciclo supercontinental” (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003, p. 40). Na prática, essa era (de 1 Ga. até 542 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 11/35 Ma.) presenciou a desagregação de um supercontinente até a fusão completa de outro. Nesse período, as estruturas pré-Brasilianas que estudamos até agora, do Arqueano ao Mesoproterozóico, “com menor ou maior grau de ativação/regeneração”, mantiveram-se preservadas, ao menos no interior dos crátons sinbrasilianos, lembrando que os crátons são mais estáveis que as faixas móveis. Nessa era, a Terra enfrentou glaciações em dois episódios e surgiu a importante biota do período Ediacarano. (TEIXEIRA et al., 2009) Segundo Schobbenhaus e Brito Neves (2003), as estruturas litoestratigráficas do Neoproterozoico representam 11% da área do Brasil, com rochas plutônicas félsicas e rochas para e/ou ortoderivadas em todo o sudeste do país (Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro) e sul da Bahia, plutônicas nos estados do nordeste brasileiro (de Pernambuco até o Ceará), uma sequência metavulcanossedimentar em Pernambuco e rochas metassedimentares em toda a área aflorante no limite da bacia do Paraná, desde o estado de Mato Grosso, passando por Goiás e Minas Gerais até o oeste da Bahia e do Tocantins. (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003) Schobbenhaus (2018) afirma que, durante o Neoproterozoico (entre ~950 e 490 Ma.), o ciclo geodinâmico, denominado Ciclo Brasiliano (entre ~950 e 490 Ma.), cujo clímax orogênico ocorreu entre 670 e 550 Ma., foi responsável pela formação “de extensas faixas dobradas nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil” (SCHOBBENHAUS apud WINGE et. al., 2001, s/p), apresentando diversos eventos tectônicos, sedimentares, magmáticos e metamórficos, como os enumerados a seguir. Com o fim da era Neoproterozoica, termina o grande Superéon Pré-Cambriano, que engloba todos os éons vistos até aqui. Nota-se, entretanto, que a Terra, que apresenta mais do que 4.5 bilhões de anos, só vai apresentar formas de vida mais complexas a partir de então, ou seja, muito “recentemente”, há cerca de 600 milhões de anos. Esse período do Pré-Cambriano também pode ser chamado de Criptozoico, uma vez que o prefixo κρυφός (gr. = kryphós) significa oculto, enquanto o termo ζωή (gr. = zōḗ) significa vida, isto é, um período em que a vida é “invisível”. Isso porque, no Pré-Cambriano, a vida era dominada por microrganismos e, a partir de então, passa a ser mais visível (figura a seguir), macroscópica, organizada em ecossistemas mais complexos, assim como a biosfera passa a interagir intensamente com a hidrosfera, litosfera e atmosfera. (TEIXEIRA et al., 2009) 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 12/35 Regime extensional com formação de bacias do tipo ri�e (~950 a 800 Ma.). Abertura oceânica com geração de bacias de margem passiva e arcos de ilhas intra-oceânicos (~890 a 800 Ma.). Geração de arcos magmáticos e arcos de margem continental ativa (790 a 585 Ma.). Evento colisional precoce (~770 Ma.). Evento colisional principal (Orogênese Brasiliana) com importantes episódios tectônicos, metamorfismo de alta pressão, granitogênese e formação de thrust and fold belts (670 a 550 Ma.). Evento colisional terminal em ~520 Ma. (Orogênese Búzios). Evento pós-colisional com o colapso dos orógenos, soerguimento regional, magmatismo bimodal e transição para novo regime extensional (510 a 490 Ma.). Com o fim da era Neoproterozoica, termina o grande Superéon Pré-Cambriano, que engloba todos os éons vistos até aqui. Nota-se, entretanto, que a Terra, que apresenta mais do que 4.5 bilhões de anos, só vai apresentar formas de vida mais complexas a partir de então, ou seja, muito “recentemente”, há cerca de 600 milhões de anos. Esse período do Pré-Cambriano também pode ser chamado de Criptozoico, uma vez que o prefixo κρυφός (gr. = kryphós) significa oculto, enquanto o termo ζωή (gr. = zōḗ) significa vida, isto é, um período em que a vida é “invisível”. Isso porque, no Pré-Cambriano, a vida era dominada por microrganismos e, a partir de então, passa a ser mais visível (figura a seguir), macroscópica, organizada em ecossistemas mais complexos, assim como a biosfera passa a interagir intensamente com a hidrosfera, litosfera e atmosfera. (TEIXEIRA et al., 2009) 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 13/35 A partir de 542 milhões de anos se inicia, portanto, um novo éon: o Fanerozoico (do grego φανερός / phanerós = visível), quando inicia o que chamamos de Período Cambriano (542 a 488 Ma.), assim como a Era Paleozoica (542 a 251 Ma.). Nesse momento, o supercontinente Gondwana se consolida, e as últimas manifestações da tectônica Brasiliana ainda estão ligadas à sedimentação fanerozoica, resultando em pelo menos três amplos ciclos Figura 4 - Fóssil de trilobita, artrópode característico da Era Paleozoica, a primeira do Éon Fanerozoico, onde a vida passa a ser macroscópica e a interagir intensamente com a hidrosfera, litosfera e atmosfera. Fonte: Merlin74, Shutterstock, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 14/35 sedimentares (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003). Apesar das sinéclises, onde encontramos as principais expressões desses ambientes sedimentares: Acre, Solimões, Amazonas, Parnaíba, Paraná, Chaco-Paraná, tal sedimentação cobriu grande parte do continente Gondwana, indo da Amazônia à Patagônia. (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003) O Cambriano, portanto, ainda apresentará alguns granitoides dos orógenos nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro (Orógenos Araçuai/Rio Doce e Búzios), uma Suíte (São Vicente) no Mato Grosso, uma Suíte (Canaã) no Rio de Janeiro e é tudo o que se tem de rochas plutônicas dessa era, devido à agregação completa do Gondwana (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003). Sendo assim, as demais formações são de rochas sedimentares: clástica do Período Cambriano ao Período Devoniano, localmente basalto, andesito, riolito e piroclástica; predominantemente clástica do Período Carbonífero ao Período Permiano, localmente calcário, evaporito, silexito, folhelho carbonoso e carvão; clástica do Período Permiano ao Período Triássico. Toda a formação paleozoica representa, contudo, 10,1% do território do Brasil. (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003) Durante o Período Ordoviciano (488 a 444 Ma.), instalam-se as grandes bacias (Paraná, Parnaíba, Amazonas e Solimões), de acordo com Teixeira et al. (2009). A Era Paleozoica, que ainda apresenta os períodos Siluriano (444 a 416 Ma.), Devoniano (416 a 359 Ma.), Carbonífero (359 a 299 Ma.) e Permiano (299 a 251 Ma.), termina com três episódios de glaciação global no decorrer do tempo, mas sobretudo com a “extinção mais severa da Terra” (Earth’s most severe extinction), que provocou o desaparecimento de 95% dos seres vivos que habitavam o planeta. (BURGESS et al., 2017) 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambientalhttps://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 15/35 Sendo assim, dá-se início a Era Mesozoica, onde surgem os dinossauros (figura a seguir) (no Período Triássico: 251 a 200 Ma.) e, a partir deles, já no Período Jurássico (200 a 146 Ma.), as mais antigas aves (TEIXEIRA et al., 2009). Nesse ínterim, o Gondwana começa a fissurar e a América do Sul a se separar da África, o que resulta em “inúmeras bacias costeiras, que mais tarde virarão sítios de acumulação de petróleo” (TEIXEIRA et al., 2009, p. 623). Schobbenhaus e Brito Neves (2003) afirmam que, durante o Período Triássico, o supercontinente Pangea se agregou por completo, iniciando um outro ciclo, o de fissão, que ainda está em andamento e que é responsável pela formação do Atlântico (chamada de “Atividade Mesozoica” e/ou “Evento Sul-Atlantiano” (ALMEIDA; CARNEIRO, 1989; SCHOBBENHAUS; CAMPOS, 1984 apud SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003). 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 16/35 Figura 5 - Pterossauro, cujo gênero Anhanguera viveu no período Cretáceo e apresentava uma envergadura de 4,6 m, sendo um dos maiores dessa espécie em seu tempo. Fonte: Linda Bucklin, Shutterstock, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 17/35 Para Schobbenhaus e Brito Neves (2003, p. 45), durante a primeira parte da Era Mesozoica (do Triássico ao Jurássico), houve pouca ocorrência local de unidades sedimentares na geologia do Brasil, mas, a partir do final do Jurássico, torna-se extraordinariamente rica em feições geológicas gerais, “adicionalmente marcada pela acumulação de bens minerais estratégicos”. A Era Mesozoica conta ainda com o Período Cretáceo (146 a 65,5 Ma.) no seu final, quando grandes derrames vulcânicos encheram a bacia do Paraná com mais de um milhão de km³ de lavas (TEIXEIRA et al., 2009). O Período e a Era terminam com a repentina extinção em massa (a segunda pior) de muitos animais e plantas – incluindo os dinossauros. Começa, então, a nossa era: a Cenozoica, καινός + ζωή (gr. kainós + zōḗ = vida nova, vida recente). O primeiro período, até tempos atrás, era chamado de Terciário (65,5 a 1,8 Ma.), quando a Terra assumiu sua configuração atual, como a conhecemos, e a atividade vulcânica construiu o arquipélago de Fernando de Noronha e as ilhas de Trindade, Cabo Frio e Abrolhos. Com o resfriamento do clima, os polos se cobriram de gelo, resultando em um clima mais árido em todo o planeta (TEIXEIRA et al., 2009). Atualmente, a International Stratigraphic Chart divide a Era Cenozoica em três períodos: o Paleógeno (65 Ma.), o Neógeno (23,5 Ma) e o Quaternário (1,75 Ma.), no entanto a reunião do Paleógeno com o Neógeno ainda é, informalmente, chamada de “Período Terciário” (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003, p. 47), mas não é mais utilizado oficialmente. Schobbenhaus e Brito Neves (2013) afirmam que o Cenozoico representa a maior extensão superficial do Brasil, com 32,4% de área, mas, em contrapartida, dadas as regiões onde ocorrem as maiores áreas aflorantes (na Amazônia, na fronteira com o Peru e com a Bolívia), é concomitante o fato de ser a era geológica menos conhecida do país. Consta que algumas poucas unidades terciárias são marinhas, mas de difícil datação pelo fato de serem afossilíferas. VOCÊ SABIA? 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 18/35 Alguns cientistas acreditam, embora não estejam de acordo nem com a data, que a Idade Moderna já vivenciou uma “pequena era glacial”, cujo nome, por si só, não seria possível. Alguns alegam que a Terra resfriou entre os séculos XVI e XIX, enquanto outros acreditam que foi entre os séculos XIII e XVII. Chama a atenção que, do Rio de Janeiro ao Pará, por milhares de quilômetros da costa brasileira, está presente o Grupo Barreiras, resultado da elevação do interior e o abaixamento da costa. Ele é composto, entre outras unidades, por falésias (figura a seguir) esculpidas na linha de costa, que podem ser consideradas como a primeira unidade litoestratigráfica documentada no Brasil, haja vista que foi descrita na carta de Pero Vaz de Caminha. Por toda a Era Cenozoica, ocorreram preenchimentos das bacias por depósitos continentais, decorrentes de tectonismos e sedimentação desde o Paleógeno até o Quaternário, com influências de oscilações climáticas. Destacam-se entre eles os depósitos carbonáticos de origem continental, como os calcários da bacia de Itaboraí (Rio de Janeiro), as tufas calcárias da Serra da Bodoquena, os calcretes da formação Xaraiés (Mato Grosso do Sul) e os da Formação Caatinga (Bahia); e os depósitos carbonáticos de origem marinha, além dos eventos magmáticos que ocorreram tanto no continente quanto nas ilhas oceânicas. (SCHOBBENHAUS; BRITO NEVES, 2003) 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 19/35 Embora o Período Quaternário (1,8 Ma. até os dias atuais) seja “muito breve” no tempo geológico, é nele que o homem se espalha pelo mundo, “interferindo na natureza como nenhum outro animal antes, com consequências positivas e negativas ainda inadequadamente desconhecidas”. (TEIXEIRA et al., 2009, p. 623) Figura 6 - Tabuleiro Costeiro (Falésia) da formação do Grupo Barreira, na cidade de Beberibe, no Ceará. Foi a primeira unidade litoestratigráfica documentada no Brasil por meio da carta de Pero Vaz de Caminha. Fonte: Nkt UsrBr, Shutterstock, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 20/35 Nessa história geológica, o Brasil se apresenta como um país vasto territorialmente, rico em geodiversidade e com eventos que testemunham muito do passado da Terra. É natural que, com isso, seja abundante em minérios e, consequentemente, muito rico em biodiversidade, paisagens e ambientes, os quais merecem estudos e investigações que possibilitem um uso sustentável melhor e mais adequado. 4.2 Geotecnia e meio ambiente Geotecnia, em grego, é a arte, o ofício, a obra de terra. O termo tem origem na palavra grega τέχνη (téchnē). Atualmente, a Geotecnia pode ser entendida como uma área da ciência, um segmento da engenharia, que envolve a geologia, a geofísica, a hidrologia, a mecânica dos solos e das rochas. Portanto, diversas áreas afins se convergem para conhecer a interação das obras humanas com o meio ambiente, de forma que a geotecnia investiga e atua em técnicas para que se possa evitar a erosão, para podermos construir fundações, para não contaminarmos os solos (e de remediá-los) e os aquíferos, para fazermos obras de contenção, para estabilizarmos taludes, para construirmos barragens etc. À medida que o homem foi desenvolvendo tecnologias, desde as mais primitivas, já fazia uso de técnicas e modificava a Terra, já que ele compõe o Meio Ambiente e é dele sujeito. Por errôneo hábito, é costumeiro ao senso comum enxergar o ser humano sempre à parte do meio, como se ele fosse mesmo “externo”, e lhe tivessem colocado sobre a Terra para consumi-la e explorá-la. Contudo, o homo erectus é, tão somente, apenas uma das muitas outras espécies do reino animal, e, como todas as outras, nasce, cresce, se alimenta, procria e morre. Tamaio (2002, p. 22 apud MEDINA, N. M., 1994)aponta a definição de Meio Ambiente como sendo: [...] o conjunto de componentes naturais e sociais e suas interações em um espaço e em um tempo determinados, associado à dinâmica das interações sociedade-natureza e suas consequências no espaço em que habita o homem, e do qual o mesmo também é parte integrante. 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 21/35 Com isso o autor deixa claro que, de acordo com esse conceito, o homem é parte integrante do meio ambiente. Tamaio (2002, p. 22) também afirma que “o conceito de meio ambiente deve contemplar o meio social, cultural, político e não só o meio físico. Além disso, as análises que se efetuarem dos problemas ambientais devem considerar as inter-relações do meio natural com o social”; então, isso não nos possibilitaria enxergar o ser humano à parte do meio em que ele vive nem o meio sem o homem. Ambos estão contidos um no outro. Entretanto, muitas visões distintas daquilo que é natureza podem surgir na sua conceituação. Ainda na linha do que propõe Tamaio (2002), alguns apresentarão uma visão romântica do que é natureza (expressando que ela é composta por árvores, frutos, peixes, pássaros, água limpa etc.), outros apresentarão uma visão utilitarista (expressando que ela “serve” para os animais viverem, para dela nos servirmos etc.), outros apresentarão uma visão científica (expressando que ela é importante para o ciclo hidrológico, para a atmosfera, para os oceanos, para a organização do Sistema Terra, etc.), outros apresentarão uma visão generalizante (expressando que a natureza é tudo que existe: as terras, o ar, o homem, o sol, as estrelas, os oceanos etc.), e outros apresentarão uma visão naturalista (expressando que a natureza já existia antes do homem, e que tem uma função a cumprir). Essas visões, contudo, não contemplam o que permite a visão socioambiental do que é natureza, na qual o homem integra o meio ambiente e dele faz parte, mesmo que o meio ambiente seja também constituído por rios poluídos ou prédios, por pontes, casas, asfalto, cimento, pela exploração mineral, tecnologias, celulares e assim por diante. É por esse motivo que a exploração mineral e a geotecnia são mal vistas pela sociedade. Ainda que dependamos todos delas para existir, a simples ideia de que o ser humano é um agente mal, um “câncer” que usurpa a natureza e põe nela sua cobiça, fazem com que tais obras sejam vistas muitas vezes como males a serem condenados. O paradigma está no fato de que precisamos desses artigos ou da natureza para nos vestir, nos alimentar, para nossas existências sociais. Ainda que o planeta Terra (possivelmente e bastante provável) consiga existir muito bem sem a presença humana, como existiu por bilhões de anos, a presença do ser humano é, para a natureza, apenas o mesmo que a presença de todas as outras espécies: uma grande relação ambiental que, admitimos, interage com a Terra. 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 22/35 Contudo, é verdade, o tempo de renovação das coisas é próprio de cada um. Isso faz com o que a renovação do petróleo demande muito mais anos do que a capacidade de o homem explorá-lo e consumi-lo até que se esgote – tornando a ele um recurso não-renovável. Já os recursos cujos aproveitamentos podem ser feitos em tempos menores, podem ser classificados de recursos renováveis. Bettencourt et al. (2009, p. 510) vão considerar como recursos naturais renováveis “aqueles cuja velocidade de reposição é suficiente para a sua utilização sem o perigo de seu esgotamento”. Acrescentaríamos aqui um adendo: “para uso da espécie humana”, porque, no nosso entender, se milhões de anos se passarem a partir de agora, ainda que o homem não mais estivesse presente, o recurso poderia ter sido reposto e hipoteticamente poderia ser usado por alguma outra espécie. Os autores também consideram que os recursos minerais são, em sua maioria, recursos naturais não-renováveis (BETTENCOURT et al., 2009), isto porque não apresentam tal velocidade de reposição (para uso da espécie humana, enfatizamos novamente). Os bens minerais são um grande patrimônio da geodiversidade, sendo sua exploração importante para um desenvolvimento sustentável e a melhoria de vida dos brasileiros, considerando que, em 2005, a produção mineral atingiu um total de R$ 85 bilhões. (FILHO; MARQUES, 2008) Ao tratarmos dos recursos minerais, falamos também de sua exploração, no entanto poderíamos optar por exemplificar com as obras de engenharia, Uma vez que a geotecnia dialoga cada vez mais com áreas multidisciplinares (engenheiros, geólogos, biólogos, químicos etc.), ela é capaz de não só possibilitar as obras como ajudar a evitar problemas. A isso se atribui a importância de sondagens, estudos e diálogo multidisciplinar. CASO Em 2007, durante o chuvoso mês de janeiro, uma cratera com 80 metros de diâmetro e 30 metros de profundidade engoliu carros e casas, desalojou 79 famílias e matou sete pessoas. O desmoronamento aconteceu no canteiro de obras da estação 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 23/35 Pinheiros (Linha 4-Amarela do Metrô, Zona Oeste de São Paulo). Embora o caso tenha sido investigado em sigilo pela justiça e não nos cabe o julgamento dos culpados, os laudos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) apontaram que o projeto previa a escavação de túneis pelo método NATM (novo método de tunelamento austríaco, na sigla em inglês) em um terreno com faixas de rocha alterada em meio a rochas sãs, folheamento e com fraturas em diferentes direções, algumas preenchidas com argila mole. A geologia já era conhecida desde 1997, quando ainda na fase do planejamento do Projeto, mas, segundo o relatório do IPT, as investigações mostraram que durante a execução do projeto não foram consideradas as complexas características geológicas do terreno, como a “variação lateral da qualidade da rocha” e o “sistema de fraturamento”, somado ao fato de as alterações feitas no andamento da obra discordar do projeto original, além de não terem sido observados indícios durante a obra, o que poderia ter evitado o colapso do túnel. Isso serve para nos lembrar de que é preciso estudar a geologia, fazer sondagens, mas também acompanhar os fatores ambientais na decorrência do projeto, além de desenvolver uma proposta de Plano de Ação Emergencial, elaborado através da Segurança do Trabalho, para diminuir ou minimizar as perdas humanas em casos de acidentes. Os problemas ambientais no âmbito da geotecnia sempre ocorreram, no entanto devemos ter em mente que eles podem ser evitados, quando não são, devem ser minimizados e tratados (remediados). Como exemplo, podemos citar a construção de um aterro para Resíduos Sólidos Urbanos (RSUs). Por milênios, embora em muitos lugares do Brasil, infelizmente, ainda se faça assim, o ser humano teve a opção de criar lixões (figura a seguir) a céu aberto, jogando todos os lixos recolhidos das casas em um terreno não muito distante das cidades, mas longe o 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 24/35 suficiente para não causar ojeriza, sem, no entanto, se preocupar com as plumas contaminantes de chorume. Com as novas técnicas, hoje somos capazes de construir aterros específicos para receber os RSUs, já que a necessidade imposta por uma sociedade de consumo assim exige, dada a produção de resíduos majoritariamente desnecessários. Figura 7 - Lixão sem controle sanitário, vetor depoluição ambiental, contaminações e doenças. Fonte: Spaskov, Shutterstock, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 25/35 Quer por questões ambientais, quer por questões sanitárias, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da NBR 10.004:2004, “classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente”, de forma que a Lei Federal nº 12.305 de 2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010). Assim, a sociedade se organiza para, em conjunto com os técnicos, preservar o meio ambiente. Com isso, notamos que a inter-relação do homem com o meio ambiente é inevitável no dia a dia, mas pode ser menos prejudicial para o meio. Não porque o planeta não é capaz de suportar, afirmamos com certeza, mas porque ao ameaçar o equilíbrio do meio ambiente, o ser humano coloca em xeque sua própria existência e a de muitas outras espécies de animais e vegetais, admitindo que não seria, contudo, ético de sua parte. Um livro referência para abordar o assunto de Educação Ambiental é "A formação do sujeito ecológico", de Isabel Carvalho, publicado pela editora Cortez. A obra aborda uma construção social de uma prática político-pedagógica. Poderíamos apontar inúmeros problemas ambientais: poluição do solo e das águas, impactos negativos na dinâmica dos ventos pela construção de prédios e arranha-céus, mortandade de peixes por mineração de produtos tóxicos etc., mas nunca se esgotariam. É preferível admitir, todavia, que todas as ações – e para isso há estudos próprios como os EIA (Estudos de Impacto Ambiental) e os RIMA (Relatórios de Impactos ao Meio Ambiente) – geram impactos positivos e negativos, e todos eles têm consequências. VOCÊ QUER LER? 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 26/35 4.3 Mineração e ambiente Se observarmos um mapa temático, onde sejam apontados os recursos minerais do Brasil (figura a seguir), notamos que há uma maior predominância de recursos na faixa leste do país (regiões Sul, Sudeste e Nordeste) quando comparada com seu interior (regiões Centro-Oeste e Norte). Isso se dá não pela ausência de recursos, mas pela carência de informações e mapeamentos, atribuída ao histórico de ocupação territorial. Lembramos que, ao longo da história, o litoral brasileiro foi marcado pela presença mais intensa das populações e das grandes cidades, das Universidades e, consequentemente, da pesquisa. Tal presença resultou em inúmeras explorações, mapeamentos e pesquisas que, em campo, mapearam mais detalhadamente a porção litorânea que o centro do país. Entretanto, não se pode desconectar esse fato da formação geológica da área, na qual essas faixas são coincidentes com o embasamento pré-cambriano, sobretudo com o escudo Atlântico, conforme descrito em Schobbenhaus e Brito Neves (2003). 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 27/35 Figura 8 - Mapa Geodiversidade do Brasil (1:2.500.000): limites estaduais e recursos minerais. Fonte: CPRM, 2018, s/p. Deslize sobre a imagem para Zoom 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 28/35 Podemos notar que as cores apontadas na figura são variadas, no entanto, de acordo com a legenda do Mapa Geodiversidade do Brasil (1:2.500.000) do CPRM (2018), destaca-se a predominância de azuis-esverdeados para material de uso na construção civil, azuis para rochas e minerais industriais, róseos como indicativos de recursos minerais energéticos e amarelos para metais nobres, enquanto os acastanhados são para metais não ferrosos e semimetais. Bettencourt et al. (2009) dão exemplos de recursos minerais: metálicos ferrosos: ferro, manganês, cromo, molibdênio, níquel, cobalto, volfrâmio, vanádio (ferroligas); metálicos não ferrosos: cobre, chumbo, zinco, estanho (básicos), alumínio, magnésio, titânio, berílio (leves), ouro, prata, platina (preciosos), berílio, césio e lítio (raros); não metálicos: areia, cascalho, rocha industrial e brita (construção civil), enxofre, fluorita, sais, pirita, cromita (indústria química), fosfatos, potássio e nitrato (fertilizantes), calcário, argila, gipsita (cimento), argilas, feldspato e sílica (cerâmica), cromita, magnesita, argilas e sílica (refratários), coríndon, diamante, granada e quartzito (abrasivos), amianto e mica (isolantes), carbonatos e fluorita (fundentes), barita, ocre, titânio (pigmentos) e diamante, rubi, turmalina (gemas). Vale lembrar que os recursos minerais são “as concentrações minerais na crosta terrestre cujas características fazem com que sua extração seja ou possa chegar a ser técnica e economicamente factível” (MINEROPAR, 2018, s/p). Bettencourt et al. (2009), por sua vez, afirmam que as rochas comuns, quando enriquecidas com substâncias minerais úteis, são denominadas minérios. Ou seja, o granito, por si só, não é um minério (embora seja um recurso mineral), mas, se estiver enriquecido com cassiterita (SnO ), é também um minério de estanho. Já a aluvião (areia, cascalho ou argila), se estiver enriquecida por ouro, torna-se, além de um recurso mineral (usado na construção civil, entre outros), um minério de ouro; e assim por diante. 2 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 29/35 O filme Serra Pelada (2013), dirigido por Heitor Dhalia, conta a história de dois amigos que vivenciam o sonho do ouro no maior garimpo a céu aberto do mundo, no Pará, na extinta Serra Pelada, de onde se extraiu, oficialmente, 30 toneladas de ouro. Dardenne e Schobbenhaus (2003) citam 108 localizações dos distritos e depósitos minerais mais importantes do Brasil, sendo que Bettencourt et al. (2009) afirmam que os depósitos minerais decorrem de processos naturais, na maioria geológicos (mas também climáticos e/ou biológicos), que enriquecem um local da crosta terrestre com uma substância mineral. De forma ampla, podemos apontar algumas das principais Províncias Minerais do Brasil: a do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, no quadrilátero formado entre as cidades de Belo Horizonte, Congonhas do Campo, Mariana e Santa Bárbara, onde se encontra a maior produção de minério de ferro do país. A de Carajás, no Pará, onde temos depósitos de ferro. O Maciço do Urucum, no Mato Grosso do Sul, onde se apresenta a terceira maior reserva de ferro do país e manganês. E o depósito de manganês da Serra do Navio, no Amapá, cuja lavra chegou a ser exaurida, mas novas tecnologias permitiram a retomada da exploração. De acordo com o Anuário Mineral Brasileiro (2016), para o ano de 2015, 76% da produção mineral brasileira comercializada correspondiam à classe dos minerais metálicos: ferro (61,7%), ouro (10,3%), alumínio (5,2%), níquel (4,7%), nióbio (1%), manganês (0,9%), estanho (0,9%) e outros (1,5%), de forma que fica evidente que a VOCÊ QUER VER? 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 30/35 grande “vocação” da potência mineral, no Brasil, é para minerais metálicos. Contudo, os recursos minerais também podem ser energéticos, tais como o petróleo, o carvão e o urânio. (BIZZI, 2003)Segundo a Mineropar (2018, s/p) a lavra, sinônimo de explotação, é a “fase da mineração representada pelo conjunto de operações que tem como objetivo a extração econômica das diversas substâncias minerais úteis ou fósseis de uma jazida até o seu beneficiamento primário”, enquanto o beneficiamento é “a concentração de minério ou de minerais úteis por remoção de materiais indesejáveis por vários processos como: gravitativo, magnético, flotação, precipitação química, etc.”. Tais definições são importantes por vários motivos, mas também para compreender que, durante um beneficiamento ou durante uma lavra de algum minério, podem ocorrer impactos ambientais como a acidificação das águas, por exemplo, causada pela exposição de metais que interagem com a água e o ar. 4.4 Contaminantes orgânicos e inorgânicos A Geoquímica, enquanto ciência que estuda a distribuição e a quantidade dos elementos químicos na Terra e a circulação dos elementos na natureza (MINEROPAR, 2018 apud Goldschmidt, 1954), é muito importante na compreensão dos sistemas regolito/aquífero e no entendimento dos seus processos poluidores desses. A poluição, segundo a Mineropar (2018), pode ser entendida como a interferência prejudicial aos usos das águas, do ar e do solo, enquanto a contaminação, termo muitas vezes utilizado como sinônimo, é “quase sempre empregado em relação direta a efeitos sobre a saúde do homem” (MINEROPAR, 2018, s/p), porque há existência de microrganismos patogênicos em um meio qualquer. Tal diferenciação nos leva a compreender que, para o uso das águas subterrâneas, por exemplo, de acordo com o uso e ocupação do solo (se por indústria, moradias, atividades recreativas etc.) e suas propriedades (formação geológica, topografia, clima, entre outras), um contaminante ou agente poluidor pode impossibilitar o uso da 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 31/35 água e, inclusive, do solo. A toxicidade, entretanto, depende diretamente da dose do contaminante e do tempo de exposição, de forma que, se for presente em doses altas em um tempo curto, causa uma toxidez aguda, e se for presente em doses baixas por longos períodos de tempo, causa uma toxidez crônica. (KERL, 2007) Os contaminantes orgânicos diferenciam-se dos inorgânicos. Os primeiros são biodegradáveis e provêm da agricultura, de restos de seres vivos e de atividades domésticas (por exemplo, o esgoto), com isso, se a água estiver em um corpo livre (lago, rio, lagoa, mar), podem causar a eutrofização da água por excesso de nutrientes, acelerando o crescimento de algas e, consequentemente, diminuindo o oxigênio presente nela, o qual é consumido pelos vegetais. Os inorgânicos, por sua vez, são os metais pesados (chumbo, mercúrio, bário, cromo, zinco etc.) e os organoclorados, que se acumulam na cadeia alimentar. Os contaminantes também podem ser biológicos, de forma que os microrganismos, como bactérias, fungos, vírus e protozoários, são capazes de provocar doenças. Os sistemas hídricos, sejam de águas livres ou subterrâneas, podem ser contaminados por ações humanas ou causas naturais (como as fitoplancto-toxinas, o pólen e os terpenos). Entretanto, vale lembrar, que, dadas as características de formação e drenagem das águas submersas, a contaminação/poluição delas pode ser drástica se não for evitado, pois, em muitos casos, não podem ser tratadas/remediadas. Síntese Vimos, ao longo deste capítulo 4, um pouco da História da Terra, dando ênfase para a geologia que resultou na América do Sul e, particularmente, no Brasil. Abordamos assuntos muito complexos e de difícil compreensão a princípio, mas conseguimos, ao final, criar um entendimento sistêmico. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: 09/02/2021 Geociências e Geologia Ambiental https://fmu.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_666644_1&PARENT_ID=_16500184_1&CONTENT_ID=_16500198_1 32/35 aprender sobre a geologia do Brasil; aprender sobre éons, eras e períodos geológicos; aprender, por fim, sobre como surgiu a geodiversidade do nosso país; entender a relação do ser humano com o meio ambiente; entender a importância da geotecnia e do diálogo multidisciplinar; analisar a atividade mineradora no Brasil; compreender como se diferenciam os contaminantes e poluentes no nosso meio. Bibliografia Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10004: 2004. Resíduos sólidos - Classificação, Rio de Janeiro, 2014. BETTENCOURT, J. S.; MORESCHI, J. B.; TOLEDO, M. C. M. de. Recursos minerais da Terra. In: TEIXEIRA, W.; FAIRCHILD, T. R.; TOLEDO, M. C. M. de.; TAIOLI, F. Decifrando a Terra. 2. ed. 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