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Artigo para análise de três reportagens relacionadas a educação: 1ª reportagem: Metade dos alunos brasileiros não sabe fazer contas, nem entende o que lê. Fonte: https://www.huffpostbrasil.com/2016/12/06/metade-dos-alunos-brasileiros-nao-sabe- fazer-contas-nem-entende_a_21700801/ 2ª reportagem: “Se você quer que ele seja um delinquente, trate-o como um” Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/30/cultura/1443615217_680875.html 3ª reportagem: Metade da população entre 13 e 15 anos sofre agressões na escola, diz informe. Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/06/internacional/1536229417_606822.html As análises dos artigos caminham por três prismas, a educação escolar dada pelo governo, a atuação da família e do professor em prol da educação e a violência interna e externa à escola. O declínio do aprendizado dos alunos discorre, no mínimo, há 16 anos e encontra-se hoje, estagnada, segundo avaliações do Pisa de 2015 e 2018. O Brasil, na primeira avaliação “competia” com 70 países, na segunda com 80 e a situação oscila entre dados insignificantes. Nos últimos anos tivemos governos que pouco investiam em educação, mas segundo análises, outros países, como México, Columbia, Uruguai e Chile, que investiram menos que o Brasil ou igual, tiveram índices melhores que os dos estudantes brasileiros, em contrapartida, alunos com maior nível socioeconômico tendem a tirar notas maiores. Estes dados nos levam a refletir que, talvez a questão não seja o quanto é investido, mas como é investido. Pouco é direcionado à formação dos professores, a aprendizagem e leitura dos alunos tem dado lugar a campanhas ideológicas por parte de muitos professores, infelizmente. Como salienta o método de ensino paulofreiriano, que propõe uma prática de sala de aula que possa desenvolver a criticidade dos alunos e sua curiosidade, esquece-se, porém, da importância do básico, que é fazer contas, a prática de leitura e curiosidade em aprender sobre as disciplinas específicas da escola. Hoje o aluno é voz ativa para argumentar com o professor, mas aquieta-se quando lhe perguntam para responder em voz alta quanto é 9x7, aquieta-se porque, lamentavelmente não sabe a resposta sem o auxílio da calculadora, quando mal consegue fazer com lápis e papel, ou ainda, até soletrar ou escrever corretamente uma frase encontra dificuldades, mas é ávido para argumentar sobre posições políticas e morais em suas mídias sociais, com erros gramáticos grotescos. Os alunos precisam saber pensar por si próprios, escolher com base em suas próprias reflexões, mas no período escolar precisam aprender as ferramentas necessárias para que na sua fase adulta, façam suas análises de vida de forma coerente. Assim, vemos que a estrutura educacional do Brasil peca por poucos recursos socioeconômicos, mas também por criar um método de ensino que não prioriza o aprendizado em si, mas a tal criticidade do educando, ignorando até mesmo o respeito àquele que em outras épocas era aplaudido como mestre, “o professor” e que hoje, além de não ser valorizado, corre risco de morte nas salas de aula por conta de alunos violentos. Isto nos relaciona ao artigo sobre violência nas escolas contra os alunos, sem sombra de dúvidas o aluno deve encontrar segurança na ida, permanência e saída da escola, mas segundo o próprio artigo, o risco encontra-se em ações violentas que não estão diretamente relacionadas ao professor ou a escola, ou seja, vão bem além dos “golpes nas mãos com a régua que o professor dava”, hoje enfrentamos perigos reais de violência que levam a morte e suicídio de alunos e não a tentativa de disciplinar, como era o pensamento dos professores do passado. Não se deve https://www.huffpostbrasil.com/2016/12/06/metade-dos-alunos-brasileiros-nao-sabe-fazer-contas-nem-entende_a_21700801/ https://www.huffpostbrasil.com/2016/12/06/metade-dos-alunos-brasileiros-nao-sabe-fazer-contas-nem-entende_a_21700801/ https://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/30/cultura/1443615217_680875.html correr o risco de avaliar essa questão de forma anacrônica. Hoje sabemos que existem outras opções menos severas de disciplinas. Temos questões realmente sérias de violência que nem se comparam a uma palmatória, como percebemos no relato da própria diretora-executiva do Unicef, “Todos os dias, muitos estudantes, seja pessoalmente ou através da Internet, enfrentam uma série de perigos [...]. Essas situações afetam a aprendizagem no curto prazo e no longo prazo podem provocar depressão, ansiedade e até levá-los ao suicídio. ” Aqui no Brasil os casos de castigo corporal são praticamente nulos, mas não se deve descartar ações isoladas num país tão grande e tão diverso. Essas ações devem sim, ser combatidas em cada país, pelos seus respectivos governantes, assim como a violência aplicada aos professores por parte dos alunos. Entretanto, apesar de análises sérias a respeito da violência contra estudantes, não é possível concordar na íntegra com a posição de Javier Martos, diretor geral da Unicef Espanha, que diz “Os pais precisam entender que isso não é uma coisa de criança e não pertence à esfera privada, mas é uma questão pública”. Se o que ele afirma é que a questão da violência contra os alunos, seja por parte de outros alunos (bullyings) ou por parte de adultos (assédio moral e sexual) é algo de questão somente pública e não privada - disto entendo: família, - existe um equívoco, obviamente, é inegável que, “a escola deve ser um lugar seguro para as crianças”, como ele mesmo cita em outra parte do artigo, mas dentro da esfera privada, a familiar, é imprescindível que crianças e adolescentes tenham confiança de se comunicar com os pais caso aja uma situação de violência, seja ela qual for, e o devido esclarecimento por parte deles, ensinando o que não se deve fazer com o colega, nenhuma violência física ou moral de qualquer tipo a qualquer criança. A família é o pilar de proteção e educação de uma criança, não se deve ser delegada à escola ou ao poder público esta função nata à família. Os professores precisam ser orientados neste quesito, assim como as famílias de forma social. O governo precisa dar a população condições de se ter uma vida segura, pensar no macro, para que as famílias, dentro de seus lares, orientem seus filhos, cuidem do micro, do particular e específico dentro da família. Este tema se encadeia com o último artigo a ser analisado. Um filme cubano que exalta a bela relação de uma professora e de seu aluno que no contexto do drama é visto como criança- problema até pela própria mãe, mas não pela professora. O papel da escola como um dos braços de apoio à família por meio do aluno é importante, e no filme cubano essa relação parece ser a única coisa que o aluno possui. Falar disto num contexto como o de Cuba é bem complicado, visto que a estrutura política do Brasil ainda que não seja das melhores, não chega perto das de Cuba. Como a própria repórter escreveu sobre “um país idealizado por quem o desconhece”. Vemos dois paralelos, o de um filme que exalta o protagonismo de uma professora cubana e o de professores brasileiros que afirmam ser um erro “transformar o professor numa espécie de herói...” e “O protagonismo do professor é não ser protagonista”. Um outro professor acredita que o mau comportamento muitas vezes advém da falta de autonomia dada às crianças, porém vemos hoje que as crianças possuem até mais autonomia dentro das escolas que antes, “benefício” deste método novo de se ensinar. Alunos opinam, argumentam, são críticos numa tal medida que extrapolou o respeito e a hierarquia: professor e estudante, esta hierarquia não tem valor no ponto de vista dos criadores dos métodos modernos de educação, como o sociocronstrutivista. Não se trata de regredir, pois um país que se desenvolve precisa de conhecimento, técnicas, ferramentas novas em vários setores, mas trata- se de considerarvalores importantes que regem a formação do ser humano e que pouco tem sido levado em conta. A imagem do professor não tem sido desvalorizada somente no quesito financeiro, mas por eles próprios que deixaram sua “cadeira de honra” para colocar o aluno, o aprendiz. O professor é o que possui os conhecimentos que devem ser passados, não como ensinamentos ditatoriais, mas como aquele que os detém e que preparará o indivíduo para difundir um conhecimento próprio, assim como era a relação de grandes filósofos que formaram outros grandes filósofos, de pensamentos autônomos e inovadores. O Estado, como já citado, deve dar o suporte à população, e as famílias dão suporte aos seus, ao que acontece dentro de seus lares. O que é do Estado, do Estado. O que é das escolas e dos professores, das escolas e dos professores. O que é das famílias, das famílias. Assim não precisaremos de “professores heróis”, mas de professores admirados e respeitados, não precisaremos de um Estado que faça as vezes das ações de uma família, mas de um Estado democrático que pensa no todo, para que todos tenham suas necessidades básicas respeitadas, e, por fim, não teremos uma família que por falta de conhecimento ou necessidade de paternalismo estatal deixa suas funções essenciais e naturais para que outros ou um Estado os faça. Ellen S. Rios.
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