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Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 2 Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” Temas de reflexão: - Abordagem Reggio Emilia na Educação Infantil - Idealizador da Abordagem Reggio Emilia - Biografia de Loris Malaguzzi - Pedagogia da escuta - Espaço e organização Importância da organização dos espaços para favorecer a aprendizagem infantil. Como devem ser organizados os espaços e ambientes nas escolas da infância? Tempo Rotina - Papel do professor - Processo de aprendizagem - Planejamento de contextos - Pequenos grupos -Ateliê Finalidade do ateliê e sua importância - Documentação pedagógica Estratégias metodológicas da documentação pedagógica O que é documentação pedagógica? Objetivo da Documentação Pedagógica Pilares da Documentação Pedagógica Instrumentos que podem ser utilizados para registrar - Mini-histórias O que são mini-histórias? Sua importância Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 3 Querido leitor Vamos iniciar esta nova aventura? Prepara-se, é um caminho sem volta! Seu olhar nunca mais será o mesmo para as crianças. Vamos trilhar novos caminhos por esta Abordagem que não terá fim. Mas sim, será o início de um lindo percurso que você poderá percorrer para compreender melhor os meninos e meninas que atravessam nossos caminhos e olhares. Que estas reflexões possam viabilizar novas experiências em sua prática como professor, atravessando as suas certezas, viabilizando assim um novo olhar e uma tomada de decisão de mudança! Vamos começar? Lembre-se, é só o início! Se possível estude também o material sugerido para maior aprofundamento e compressão das reflexões aqui apresentadas. Observação: Esta apostila é o resultado dos meus estudos a respeito da Abordagem Reggio Emilia. Selecionei de cada livro da bibliografia aqui mencionada, trechos importantes para melhor compreensão da abordagem. Organizei estes trechos por temas, onde faço provocações para refletirmos a nossa prática. Também sugiro outros materiais de estudo: vídeos, textos e livros. Para compreendermos e relacionarmos a teoria com a prática. Sugiro também links de vídeos e imagens para nos inspirarmos. Não para reproduzi-los, mas para construirmos conexões entre a teoria e a prática, pois elas são indissociáveis. Atenciosamente, Aline Negri Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 4 Abordagem Reggio Emilia na Educação Infantil Reggio Emilia é uma cidade de 130.000 habitantes na região próspera e progressista de Emilia Romagna, no nordeste da Itália. Seu sistema municipal de educação para a primeira infância tornou-se reconhecido e aclamado como um dos melhores sistemas de educação no mundo. Atualmente, a cidade financia e opera 11 escolas pré-primárias para crianças de 3-6 anos, bem como 13 centros para crianças de 0-3 anos. Nos últimos 30 anos, o sistema criou um conjunto singular e inovador de suposições filosóficas, currículo e pedagogia, método de organização escolar e desenho de ambientes que, tomados como um todo unificado, chamamos de abordagem de Reggio Emilia. Essa abordagem incentiva o desenvolvimento intelectual das crianças por meio de um foco sistemático sobre a representação simbólica. As crianças pequenas são encorajadas a explorar seu ambiente e a expressar a si mesmas através de todas as suas “linguagens” naturais ou modos de expressão, incluindo palavras, movimento, desenhos, pinturas, montagens, escultura, teatro de sombras, colagens, dramatizações e música. Levando-as a níveis surpreendentes de habilidades simbólicas e de criatividade, a abordagem ocorre não em um contexto de elite, protegido, de educação particular, mas, em vez disso, em um sistema municipal de cuidados infantis operando em dois turnos, aberto a todos, incluindo crianças com necessidades especiais. Uma vez que o sistema surgiu a partir de um movimento de colaboração entre pais, houve, desde o início, um reconhecimento explícito da relação ou da parceria entre os pais, os educadores e as crianças. As salas de aula são organizadas para apoiar a aprendizagem por meio de um enfoque altamente cooperativo de solução de problemas. Outras características importantes são o uso de pequenos grupos na aprendizagem de projetos, a continuidade de professores/alunos (dois professores trabalham juntos com a mesma classe por três anos) e o método de gerenciamento baseado na comunidade. Em Reggio Emilia, a educação é vista como uma atividade comunitária e uma participação na cultura através da exploração conjunta entre as crianças e adultos que, juntos, abrem tópicos à peculação e à discussão. Em Reggio, as escolas e creches da infância são consideradas lugares onde documentar a aprendizagem humana, onde as vozes das crianças encontram escuta, são respeitadas e compartilhadas com toda a comunidade. As escolas se baseiam em uma rede de relações. A curiosidade, a abertura e a capacidade de ultrapassar limites deixaram Reggio, em diversas ocasiões, à frente do seu tempo. Teorias e filosofias que hoje começam a ser amplamente utilizadas em discussões sobre educação, mas que ainda não são muito visíveis e incorporadas nas práticas pedagógicas, chegam a ser bastante visíveis e incorporadas em Reggio durante algum tempo. Os educadores em Reggio no início se inspiraram em teorias e teóricos, mas não foram restringidos por isso; mais do que produzir teses alheias, utilizaram-nas para construir as próprias perspectivas. Se inspiraram no pensamento de Piaget, Vygotsky, Dewey e Montessori. Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 5 A escola é um local de aprendizado comum sobre o mundo real e sobre os mundos possíveis da imaginação. Sugestão de vídeo: Reportagem especial - As Escolas de Educação Infantil de Reggio Emilia, Itália https://www.youtube.com/watch?v=4j8mtA_iDss&feature=youtu.be Sugestões de vídeos de escola inspirada na Abordagem Reggio Emilia: https://www.youtube.com/watch?v=bBjAbxfg7OA&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=Hg7WjzebKhs&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=-uvuFoYJ-bY&feature=youtu.be Sugestões de vídeos de escolas inspiradas na Abordagem Reggio Emilia no Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=Z2CTr-5Bnsc&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=OwdsQ3Tbr6s&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=4j8mtA_iDss&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=bBjAbxfg7OA&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=Hg7WjzebKhs&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=-uvuFoYJ-bY&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=Z2CTr-5Bnsc&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=OwdsQ3Tbr6s&feature=youtu.be Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 6 Idealizador da Abordagem Reggio Emilia Loris Malaguzzi foi o fundador da filosofia educativa de Reggio Emilia e, juntamente com a prefeitura e muitos administradores locais, participou do nascimento e construção da rede de pré-escolas e creches municipais de Reggio Emilia. Malaguzzi graduou-se em pedagogia e começou sua carreira como professor de escola primária em 1946. Em 1950, ele se qualificou como psicólogo educacional e fundou o Centro Psicopedagógico Municipal de Reggio Emilia, onde trabalhou por mais de vinte anos. Em 1963, começou a trabalhar com a administração municipal inaugurando as primeiras pré- escolas municipais. Em 1967, essa rede de escolas assume também as "Asili del Popolo", Escolas do Povo fundadas no final da guerra, e em 1971 também foram acrescentadas as creches. Malaguzzi dirigiu essa rede de escolas por vários anos com outros colegas próximos e definiu seu projeto cultural. Foi conselheiro do Ministério da Educação,diretor das revistas Zerosei e Bambini e, em 1980, fundou, em Reggio Emilia, o Gruppo Nazionale Nidi Infanzia. Idealizador das mostras L’occhio salta il muro e As cem linguagens das crianças, Loris Malaguzzi foi o incansável promotor de uma inovadora filosofia da educação que, com sua teoria das cem línguas, valoriza as potencialidades, os recursos e as muitas inteligências das crianças. Fonte: http://www.escoladespertar.com.br/site/com_conteudos.aspx?id=259&itemID=208 Sugestão de livro: http://www.escoladespertar.com.br/site/com_conteudos.aspx?id=259&itemID=208 Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 7 Biografia de Loris Malaguzzi A criança é feita de cem. A criança tem cem mãos cem pensamentos cem modos de pensar de jogar e de falar. Cem sempre cem modos de escutar de maravilhar e de amar. Loris Malaguzzi nasceu em Correggio (Itália) em1920, formou-se em Pedagogia na Universidade de Urbino. Em 1940 ele começou a ensinar nas escolas primárias 1941-1943 em Sologno, uma cidade perto de Reggio Emilia, no município de Villa Minozzo. Com fim da Segunda Guerra e frente a uma cidade devastada, a comunidade de Reggio Emilia começou a reerguer a cidade. Todos de mãos dadas e, uma das primeiras ações era construir uma escola onde os filhos pudessem ficar. A escola foi erguida com a venda de um tanque de guerra, cavalos e caminhões, deixados pelos alemães. Esse movimento nasceu do desejo de reconstrução da própria história e da possibilidade de uma vida melhor para seus filhos. Então, desde sua origem, Reggio Emilia é uma escola diferente, enraizada na vontade das famílias de construir um mundo melhor por meio da educação. Loris Malaguzzi, ao tomar conhecimento do que ocorria na cidade vizinha, pegou sua bicicleta e seguiu para Reggio Emilia com o intuito de contribuir com uma proposta de educação que se diferenciasse das já existentes. Esta ideia pareceu-me incrível! Corri até lá em minha bicicleta e descobri que tudo aquilo era verdade. Encontrei mulheres empenhadas em recolher e lavar pedaços de tijolos. As pessoas haviam-se reunido e decidido que o dinheiro para começar a construção viria da venda de um tanque abandonado de guerra, uns poucos caminhões e alguns cavalos deixados para trás pelos alemães em retirada. (MALAGUZZI, 1999, p.59) Para Malaguzzi, a criança possui múltiplas formas de se expressar e todas devem ser validadas, ressaltadas e respeitadas. Por isso, chamou sua pedagogia de pedagogia da escuta. Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 8 A escola é comparada a um canteiro de obras, em um laboratório permanente onde os processos de crianças e adultos de investigação estão interligados tão forte, viva e em evolução diária. Fonte: https://www.vilamalaguzzi.com.br/loris-malaguzzi https://www.vilamalaguzzi.com.br/loris-malaguzzi Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 9 As cem linguagens da criança A criança é feita de cem. A criança tem cem mãos cem pensamentos cem modos de pensar de jogar e de falar. Cem, sempre cem modos de escutar de maravilhar e de amar. Cem alegrias para cantar e compreender. Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar. Cem mundos para sonhar. A criança tem cem linguagens (e depois cem, cem, cem) mas roubaram-lhe noventa e nove. A escola e a cultura lhe separam a cabeça do corpo. Dizem-lhe: de pensar sem as mãos de fazer sem a cabeça de escutar e de não falar de compreender sem alegrias de amar e de maravilhar-se só na Páscoa e no Natal. Dizem-lhe: de descobrir um mundo que já existe e de cem roubaram-lhe noventa e nove. Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho a realidade e a fantasia a ciência e a imaginação o céu e a terra a razão e o sonho são coisas que não estão juntas. Dizem-lhe enfim: que as cem não existem. A criança diz: Ao contrário, as cem existem. Loris Malaguzzi “As cem linguagens são uma metáfora para o potencial extraordinário das crianças, sua construção do conhecimento e seus processos criativos, as múltiplas formas com as quais a vida se manifesta e o conhecimento é construído”. (INDICATIONS..., 2010, p. 20) Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 10 As cem linguagens das crianças representam uma estratégia para a construção de conceitos e para a consolidação do entendimento. Acima de tudo, elas são uma afirmação da dignidade e da importância idêntica de todas as linguagens, e não apenas ler, escrever e contar, que se tornaram cada vez mais obviamente necessárias para a construção do conhecimento. Reflexões: - Reggio Emilia é um método? - Como aplicá-la? Reggio Emilia não é um método que se possa aplicar, imitar e obter resultados. Reggio Emilia é uma abordagem que deve inspirar nossas práticas. Não devemos tentar imitar ou copiar. Temos a nossa realidade, história, contexto e particularidades. O trabalho desenvolvido em Reggio é resultado de muitos anos de estudo, pesquisas e reflexões das práticas desenvolvidas. Toda a comunidade é envolvida e políticas públicas colocam a criança como foco e protagonista de sua aprendizagem. Em nosso país, infelizmente não encontramos grandes avanços políticos e públicos em favorecimento de nossas crianças. Reggio Emilia nos ensina a importância de uma rede de colaboração e diálogo entre diversos responsáveis pela educação, não somente a escola, o professor. Dificilmente iremos obter grandes resultados em nossas escolas se não envolvermos a comunidade e as famílias. Todos são responsáveis pela educação de nossos meninos e meninas, oportunizando a eles vivências significativas e não mais resultado de uma educação preparatória ou transmissiva de conhecimento. Aprendemos com esta abordagem que a criança é potente, capaz e tem voz; basta oportunizarmos contextos em que ela possa se desenvolver e construir assim significados que irá levar para a vida. É muito comum na educação, o professor copiar práticas, pegar atividades na internet e reproduzi-las sem reflexão. Cabe a nós uma prática consciente, embasada na concepção de criança que temos. Qual é a nossa concepção? Uma criança passiva, sem voz, que está constantemente à espera do seu professor dizer o que deve fazer? Ou uma criança capaz e com voz? Devemos reeducar o nosso olhar em relação aos nossos meninos e meninas e tornar visível a sua imagem e potencialidade! “Reggio não é uma semente que possa ser exportada e transplantada. No máximo, Reggio pode ser emprestada para a metáfora de um espelho no qual se vê a imagem de si mesmo”. Carla Rinaldi Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 11 Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil: Criança: Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (Disponível no link do curso DCNEI) Sugestão de vídeo: Educação infantil e as Cem Linguagens https://www.youtube.com/watch?v=2s8h1rbA4Vg&feature=youtu.be Sugestão de vídeo: As cem linguagens da criança de Loris Malaguzzi https://www.youtube.com/watch?v=geVRUGpXqNg&feature=youtu.be Sugestões de livros: https://www.youtube.com/watch?v=2s8h1rbA4Vg&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=geVRUGpXqNg&feature=youtu.be Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 12 Pedagogia da escuta A abordagem de Reggio Emilia centra-se em ouvir as crianças e observar o seu trabalho. Para escutar é preciso aprender a observar os modos comoa criança se relaciona com o mundo, como ela produz suas teorias. Antes de planejar o seu trabalho, o professor deve realizar a escuta das crianças. Não somente dos sons, mas de todos os sentidos da criança. Observá-las para planejar relançamentos. Exemplo: o professor planeja um contexto e observa a ação da criança. Depois planeja o mesmo contexto com algumas mudanças de acordo com a sua observação ou novos contextos. Escutar é uma atitude que requer a coragem de se entregar à convicção de que o nosso ser é só uma pequena parte de um conhecimento mais amplo; escutar é uma metáfora para estar aberto aos outros, ter sensibilidade para ouvir e ser ouvido, em todos os sentidos. Escutar é dar a si próprio e aos outros um tempo para ouvir. Por trás de cada ato de escuta, há um desejo, uma emoção, uma abertura às diferenças, a valores e pontos de vista distintos. “Por trás de um ato de escuta há, frequentemente, uma curiosidade, um desejo, uma dúvida, um interesse; há sempre uma emoção. A escuta é emoção, é gerada por emoções e provoca emoções”. Escutar é dar valor ao outro; não importa se você concorda ou não com ele. Aprender a escutar é uma tarefa difícil; é preciso se abrir para os outros, e todos nós necessitamos disso. A escuta competente cria uma profunda abertura e uma forte predisposição à mudança. Escutar é uma premissa para qualquer relacionamento de aprendizado. É claro que o aprendizado é algo individual, mas também sabemos que é possível elevá-lo a um patamar mais alto quando existe a possibilidade de agir e refletir sobre o mesmo. A escuta deve ser: - Escuta ativa que dá direcionamento. - Escuta tenta, sensível. Sem antecipar fases, permitir que a criança possa ser. - Escuta dos interesses das crianças. - Escuta para todos. - Escuta como sensibilidade às estruturas que conectam, àquilo que nos conecta aos outros. - Escuta do tempo – tempo da escuta, um tempo fora do tempo cronológico. - Escuta interior de nós mesmos. - Escuta como acolhimento das diferenças. - Escuta que não produz respostas, mas constrói perguntas. - Escuta como base da relação de aprendizagem. Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 13 - Escuta para aprender a escutar e a narrar. - Escuta que legitima a criança. - Escuta como verbo ativo, que interpreta, dando significado. - Escuta que prevê diálogo atento, cuidadoso e marcado pelo respeito. A escuta permite dar voz às crianças, sendo um exercício de estar atento ao outro. A capacidade de construir compreensão. A escuta não é fácil. Exige profunda consciência e a suspensão de nossos julgamentos e, acima, de nossos preconceitos; demanda aberta à mudança. Requer que tenhamos claro em nossa mente o valor desconhecido e que sejamos capazes de superar a sensação de vazio e precariedade que experimentamos sempre que nossas certezas são questionadas. A observação que está na base do conhecimento, não é a mesma coisa que olhar, já que olhar é apenas um ato visual que fazemos quando colocamos a vista durante alguns segundos sobre um objeto. O ato de observar requer colocar atenção no objeto observado, entrar em diálogo com ele, detendo o olhar de maneira prolongada, com uma atitude perceptiva mais firme. Observar é: - Observar é coletar dados ou informações sobre o observado. - Observar é conhecer. - Observar não é um ato passivo. - Observar é uma fonte de conhecimento. - Observar não é algo casual. - Observar é criar relações. Reflexões: - Temos dado voz às nossas crianças? - Temos escutado todos os sentidos das crianças? - Como temos registrado esta escuta? Quais estratégias utilizamos para este registro? “A pedagogia da escuta contesta uma ideia cada vez mais abrangente da educação como transmissão e reprodução”. “Crianças são portadoras do inédito”. Loris Malaguzzi “O ato de observar implica repensar, pensar sem pré-conceitos”. Observação – documentação – interpretação Escuta – observação – interpretação – documentação Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 14 As crianças escutam a vida em todas as suas formas e cores, e escutam os outros (adultos e colegas). Elas logo percebem que o ato de escutar (observando, mas também tocando, cheirando, sentindo o gosto, pesquisando) é essencial para a comunicação. As crianças são biologicamente predispostas a se comunicar, a existir em relação, a viver em relação. Desde o princípio, as crianças demonstram uma notável exuberância, criatividade e inventividade diante de tudo que as rodeia, assim como uma consciência autônoma e coerente. Sugestão de vídeo: Christian Dunker e Paulo Fochi - A escuta como experiência de encontro e constituição da identidade https://www.youtube.com/watch?v=gsmpsKhYSQQ&feature=youtu.be Sugestão de vídeo: Paulo Fochi - A escuta da criança e as contribuições para nosso aprendizado sobre a infância https://www.youtube.com/watch?v=RmE9bZdZjYI&feature=youtu.be Sugestão de vídeo: Escutar as crianças em tempos de quarentena https://www.youtube.com/watch?v=49qTH6GnIPo Sugestão de leitura: “Pedagogia da Escuta”: a escola sob uma perspectiva malaguzziana https://lunetas.com.br/pedagogia-da-escuta/ Sugestão de leitura: Pedagogia da Escuta: o que é e como exercitá-la na Educação Infantil? http://pedagogiaeinfancia.com.br/pedagogia-da-escuta/ Sugestão de leitura: Escuta e infância: viver o cotidiano sensível. https://www.blogculturainfantil.com.br/post/escuta-e-inf%C3%A2ncia-viver-o-cotidiano- sens%C3%ADvel Sugestão de livro: https://www.youtube.com/watch?v=gsmpsKhYSQQ&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=RmE9bZdZjYI&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=49qTH6GnIPo https://lunetas.com.br/pedagogia-da-escuta/ http://pedagogiaeinfancia.com.br/pedagogia-da-escuta/ https://www.blogculturainfantil.com.br/post/escuta-e-inf%C3%A2ncia-viver-o-cotidiano-sens%C3%ADvel https://www.blogculturainfantil.com.br/post/escuta-e-inf%C3%A2ncia-viver-o-cotidiano-sens%C3%ADvel Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 15 Espaço e organização O termo “espaço” refere-se aos locais onde as atividades são realizadas e caracteriza-se pela presença de elementos, como objetos, móveis, materiais didáticos e decoração. O termo “ambiente”, por sua vez, diz respeito ao conjunto desse espaço físico e às relações que nele se estabelecem, as quais envolvem os afetos e as relações interpessoais dos indivíduos envolvidos nesse processo, ou seja, adultos e crianças. Essa organização do espaço se constitui em um elemento do currículo. As escolas em Reggio Emilia, preocupam-se com a estética dos ambientes. As paredes em Reggio testemunham os percursos de aprendizagens das crianças, onde são expostas as documentações produzidas. A estética, com frequência, determina as escolhas das crianças. A beleza e o prazer estão fortemente entrelaçados nos processos de construção do conhecimento. O prazer, a estética e a brincadeira são fundamentais em qualquer ato de aprendizado e a construção do conhecimento. O aprendizado deve ser prazeroso, atraente e divertido. A dimensão estética, por conseguinte, se torna uma qualidade pedagógica do espaço escolar e educativo. O espaço físico é um elemento constitutivo da formação do pensamento. A leitura do espaço físico é multissensorial e envolve tanto os sensores remotos (olho, ouvido e nariz) quando os receptores e imediatos do ambiente circundante (pele, membranas e músculos). A percepção do espaço é subjetiva e holística (tátil, visual, olfativa e sinestésica). Os ambientes nas escolas de Reggio são espécies de paisagens de possibilidades e de sugestões. Todo o espaço da escola favorece as relações das crianças entre si e com os materiais. As salas em Reggio, são abertas, arejadas e muito claras. São salas interconectadas que também estão ligadas às áreas de serviço(cozinha, refeitório, banheiros) e não são separadas por corredores, mas também espaços menores, que incentivam a experiência de trabalho em pequenos grupos ou individualmente. Essas escolhas estimulam o ambiente de relação/interação também sugerem a necessidade de transparência no interior (paredes de vidro e janelas que permitam às pessoas se orientar pela visão e que mantenham a relação espacial) e em direção ao exterior. O projeto pedagógico deve ser entrelaçado com o projeto arquitetônico, a fim de dar suporte aos processos que ocorrem nesse espaço, processos de aprendizagem, ensino, partilha e compreensão, da parte de todos os protagonistas: crianças, equipe e pais. Todo o pessoal da escola está atento ao cuidado e à estética do ambiente. Cuidar do ambiente testemunha um senso de pertencimento e respeito também para quem vive lá: é uma parte integrante do processo educativo. Os tempos da escola não são marcados por sirene ou campainha. Se alguém está finalizando um jogo com atenção e interesse, pode fazer isso e, logo depois, juntar-se ao grupo na assembleia de manhã. Momento realizado com as crianças no início do dia, onde as crianças podem se subdividir em grupos e Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 16 trabalhar em seus projetos, ou escolher entre as atividades propostas naquela manhã, como também propor experiências não previstas. O que decide o início ou a conclusão de uma discussão ou atividade de grupo de crianças, são, principalmente, os seus interesses e desejos. As regras são úteis, mas a flexibilidade também. As crianças se movimentam com muita segurança e liberdade por toda a escola, ocupando quase todos os espaços. A organização, que decide condições de trabalho, tempo, espaços, tarefas e processos de decisão, define, portanto, as possibilidades e as realidades de uma escola. Reflexões: - Como temos organizado a nossa rotina na educação infantil? - Temos respeitado o tempo de nossas crianças? O tempo de explorar, experimentar, teorizar seus pensamentos e testá-los? Tempo de brincar? Tempo de vivenciar relações? Tempo de ser criança? É muito importante refletirmos a nossa rotina. Será que ela está a serviço da criança, ou o contrário? Você tem uma rotina de trabalho engessada? Nesta rotina há espaço para o inesperado? Devemos lutar por uma rotina que atenda às necessidades das nossas crianças, seus interesses; mas jamais esquecer que o nosso foco principal são as crianças. Não a desrespeitar em nome de uma rotina engessada que tem horários rígidos a serem cumpridos, decorrentes de um currículo morto, sem levar em consideração a criança e conteúdos fixos, sem vida. Como Loris Malaguzzi disse: “Nunca sem alegria”. O currículo deve ser vivo, em uma escola pulsante! A escola é vista como um “organismo vivo” que pulsa, muda, se transforma, cresce e amadurece. “A rotina precisa ser flexível, considerando as necessidades e o tempo das crianças”. “Garantir tempo de experiência e investigação para as crianças”. “Garantir tempo às crianças para as diversas oportunidades educativas que acontecem em uma instituição, sem apressá-los, sem artificializar os modos que eles podem apreender o mundo, é um aspecto central na invenção da docência”. Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 17 “Hoje em dia, fala-se muito pouco sobre escolas e tempo. Para mim, se uma escola é um lugar de vida, é importante que ela necessite do tempo de vida, e esse tempo de vida é diferente, por exemplo, do tempo de produção. Na produção, o elemento mais importante é o produto. Mas, como já dissemos, numa escola o que importa é o processo, o caminho que desenvolvemos. A relação educacional precisa ser capaz de fazer tempo, ele tem de ser lento, é necessário haver tempo vago. Uma escola que forma é uma escola que dá tempo – para as crianças, para os educadores; tempo para ficarmos juntos. O tempo molda a forma. Nós escolhemos. Buscamos dar tempo para as crianças e para nós mesmos. Dissemos não a qualquer forma de precocidade, de fazer a criança começar cedo na escola primária ou a ler e escrever. Devemos garantir às crianças um tempo em que não sejam pressionadas. As crianças precisam de tempo para meditar e experimentar por conta própria, mas, acima de tudo, com seus pares”. Carla Rinaldi Como devem ser organizados os espaços e ambientes nas escolas da infância? - O ambiente deve ser convidativo. - Flexibilização dos tempos e locais. - Espaço que estimula a experiência. - As crianças precisam habitar os espaços. Sentimento de pertencimento. - Deve oportunizar investigações para pesquisas. - Promover continuidade nas pesquisas das crianças. Contextos em continuação, em processo. - Ter cuidado com a aparência do ambiente e com os detalhes. - Deve favorecer relacionamentos e interações. - O espaço deve comunicar as concepções que temos. Ele não é neutro. Através dele comunicamos as nossas concepções e imagem de criança que temos. - Deve promover experiências que atravessam. - Espaço que permite o erro, a dúvida. - Preparar os espaços com olhar sensível. - Deve potencializar a ação da criança. - Deve causar encantamento nas crianças. - Deve ser planejado com intencionalidade. - O ambiente educa e é flexível. - O ambiente é um sistema vivo em transformação. - O ambiente deve ser o terceiro educador (em Reggio em cada sala trabalham 2 professores). - O ambiente deve promover acolhimento e sedução estética. - O ambiente precisa tornar visível a ação da criança. Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 18 - O ambiente deve promover a autonomia da criança. É importante que a organização ofereça permanentemente contextos de aprendizagens variados, permitindo que as crianças desenvolvam pesquisas também variadas; que lhes suscite diferentes estratégias e habilidades para a solução de problemas, encadeamento de ações e pensamentos, e que acolha suas potencialidades, bem como seus ritmos. O espaço precisa apresentar situações pelas quais as crianças se sintam instigadas, provocadas, convocadas a pensar e agir a fim de compreendê-las e relacioná-las, operar sobre eles e criar, a cada nova intervenção, nova oportunidade de continuar investigando. Propõe-se a organização das salas de referência por meio de contextos de aprendizagens compostos com diferentes tipos de objetos e materiais, estruturados e não estruturados, intencionalmente distribuídos e dispostos, a fim de oferecer às crianças condições significativas para o processo de construção de conhecimento. Ao organizar uma sala, de maneira geral, é importante levar em consideração a qualidade das experiências vividas pelas crianças, em grupo ou individualmente, de maneira autônoma ou acompanhadas pelo adulto, de forma que a aprendizagem não fique vinculada exclusivamente à presença de um adulto condutor. Uma experiência de boa qualidade permitirá conexões e desdobramentos diversificados, permitirá que a criança faça comparações e análises, conecte ações em um ou mais contextos, possa desconectá-las e reconectá-las da mesma forma ou de formas diferentes, formule teorias, investigue, teste os efeitos. São necessários espaços que permitam ao pensamento acontecer e à vontade de agir. Espaços onde exista abertura à experimentação, pesquisa e reflexão contínua, crítica e argumentação. Tornando possível aos professores sustentar a aprendizagem das crianças, ao mesmo tempo em que os professores aprendem com o processo de construção do conhecimento das crianças. Por esta razão, não basta apenas observar, embora a observação possa ser refinada e perceptiva. Como sabemos que observar significa interpretar, precisamos deixar traços de nossa observação – traços suscetíveis de interpretação. Apostila: “Reflexões sobre a AbordagemReggio Emilia” 19 Material Complementar (trechos do livro) Livro: Brincar e interagir nos espaços da escola infantil. Autora: Maria da Graça Horn A organização dos espaços na educação infantil, em muitas realidades, ainda sofre influências advindas das várias identidades que, ao longo de sua trajetória, foram sendo construídos, que vão desde o assistencialismo até o espelhamento na escola de ensino fundamental. “... para efetivação de seus objetivos, as propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil deverão prever condições para o trabalho coletivo e para a organização de materiais, espaços e tempos ... DCNEI, 2010, p.19” O espaço revela concepções da infância, da criança, da educação, do ensino e da aprendizagem que se traduzem no modo como se organizam os móveis, os brinquedos e os materiais com os quais os pequenos interagem. Sua construção, portanto, nunca é neutra. A organização dos espaços é um importante elemento do currículo. Ela tem contribuição significativa nas aprendizagens realizadas pelas crianças. As crianças ao interagirem nesse meio e com os outros parceiros, aprendem por meio da própria interação e imitação. Portanto, a forma como organizamos o espaço será decisiva, pois, quanto mais esse espaço for desafiador e promover atividades conjuntas entre parceiros, quanto mais permitir que as crianças se descentrem da figura do adulto, mais fortemente se constituirá como propulsor de novas e significativas aprendizagens. O professor deverá ter intencionalidade na seleção dos materiais, tendo como norte, as características do grupo de crianças, a sua faixa etária, a cultura na qual estão inseridas, suas necessidades e seus interesses e as diferentes linguagens a serem construídas. Os espaços deverão possibilitar, portanto, a exploração por meio de todos os sentidos, a descoberta de características e relações dos objetos ou materiais mediante experiências direta, manipulação, transformação e combinação de materiais variados, a utilização do corpo com propriedade, a interação com outras crianças, enfim, a oportunidade de construir a própria autonomia na resolução de suas necessidades. A criança como agente de seu próprio conhecimento, como protagonista e ativa, alguém que aprende por meio da interação com o meio e com outros parceiros. Essa interação introduz a criança no ambiente, estimulando-a a participar, a construir e a ser protagonista em uma atitude participativa, que acontecerá na vida que partilha com o grupo. Os espaços e materiais atuam como mediadores externos para as ações das crianças. Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 20 O espaço converte-se em um parceiro pedagógico. As ações desenvolvidas pela criança serão descentralizadas de sua figura e norteadas pelos desafios dos materiais, dos brinquedos e do modo como organizamos o espaço. Em um contexto pensado e organizado, promovemos a construção da autonomia moral e intelectual das crianças, estimulamos sua curiosidade, auxiliamos a formarem ideias próprias acerca das coisas e do mundo que as cercam, possibilitando-lhes estabelecer interações cada vez mais complexas. O papel do professor é o de organizar as oportunidades de apoio às experiências das crianças. Nessa abordagem, portanto, não existe espaço para resultados predeterminados, característica de um currículo definido como um programa de ações para atingir determinados fins. Se entendermos a criança a partir de uma nova perspectiva, consequentemente, teremos de situá-la em uma nova ideia de currículo. Autores como Malaguzzi (2016) e Goodson (2001), têm defendido uma perspectiva curricular determinadas “currículo emergente ou narrativo”, que tem, como foco principal, a criança ativa e protagonista. Em vez de a escola infantil ser um lugar para aplicação de técnicas e atividades contidas em apostilas, será um ambiente para adultos e crianças partilharem a vida cotidiana. A aprendizagem a partir dessa perspectiva, é uma ação eminentemente social, em que há entrelaçamento entre as ações das pessoas, dos materiais disponibilizados, das interações dos parceiros mais experientes e da própria organização do espaço. O modo de organizar o espaço incide diretamente sobre as questões relacionadas ao protagonismo das crianças. Um dos aportes importantes nessa perspectiva diz respeito a uma organização em espaços circunscritos. Segundo Carvalho e Rubiano (1994), a principal característica das zonas circunscritas é seu fechamento em pelo menos três lados, seja qual for o material que o educador coloca lá dentro ou o que as próprias crianças levam para brincar. Para que a criança realmente viva nesse espaço, estabeleça relações e construa conhecimento, é importante considerarmos o tempo dado a elas. Segundo Malaguzzi (2016), é necessário respeitar o tempo de amadurecimento e de desenvolvimento das ferramentas do fazer e da compreensão, da emergência total, lenta, extravagante, lúcida e mutante das capacidades das crianças: é uma medida de sabedoria cultural e biológica. Portanto, a disponibilidade de um tempo capaz de permitir às crianças iniciarem, darem continuidade e concluírem seus projetos é fator decisivo no entendimento de uma criança protagonista, na medida em que lhe possibilita fazer escolhas de acordo com seu interesse, refletir sobre os materiais escolhidos, manipulá-los elaborando conceitos, para construir toda a sequência de ações, do início ao fim. Todos os espaços da instituição de educação infantil educam. O princípio norteador de sua organização é convidar as crianças estar neles, a acolhê-las, a permitir estar junto uns com os outros. Em todos eles, destacam-se as necessidades afetivas, fisiológicas, de autonomia, de movimento, de socialização, de descoberta, de exploração e conhecimento que elas Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 21 possuem. Portanto, todos esses espaços e ambientes devem facilitar o crescimento infantil em todas as suas potencialidades, respondendo às necessidades da criança de se sentir completa em termos biológicos e culturais. O espaço oferece um retrato vivo das concepções de educação infantil de seus educadores. A possibilidade de transformação sempre terá de ser viabilizada, pois as necessidades e os interesses das crianças vão mudando em função de sua maturidade, do contexto familiar e do próprio cotidiano da escola. Esses espaços devem representar um equilíbrio entre privacidade e socialização, tranquilidade e movimento, priorizando atividades em grupo e individuais. Sempre que possível, convém deixar uma das áreas de trabalho com espaço suficiente para permitir encontros com o grande grupo. Deve-se considerar que todas as áreas que poderão estar contempladas nem sempre ocuparão um lugar fixo em sua disponibilização. A sugestão é de que esses espaços tenham móveis e equipamentos que permitam grande flexibilização e possibilidade de transformação. A organização dos espaços apresenta diferentes dimensões – temporal, física, funcional e relacional – que norteiam o olhar do educador para o espaço que tem disponibilizado. A possibilidade de transformar e redimensionar a ocupação dos espaços sempre deverá nortear a disponibilização dos móveis e dos materiais. É primordial organizarmos contextos significativos para as crianças também nos espaços externos, onde elas possam colocar-se em relação umas com as outras e sintam-se desafiadas a interagir com diferentes materiais, legitimando princípio de que todos os espaços são potencialmente promotores da brincadeira e da interação. Muitas das atividades propostas para serem realizadas nas salas de referência podem e devem ser realizadas nos pátios e demais espaços externos. Partimos da premissa de que o meio, aqui entendido como espaço no qual acontecem as relações entre pares e o uso dos materiais e as atividades,constitui um fator preponderante para o desenvolvimento dos indivíduos, fazendo parte constitutiva desse processo. As crianças, ao interagirem nesse meio com outros parceiros, aprendem pela própria interação e imitação. Nesse sentido, podemos afirmar que o espaço externo e o espaço interno são promotores das aprendizagens infantis. É importante educar as crianças no sentido de observar, categorizar, escolher e propor, possibilitando-lhes interações com diversos elementos, não estamos somente nos referindo a ações realizadas em espaços internos. Essa ideia é igualmente válida para os espaços externos. Entendemos, então, que o espaço externo deve ser utilizado como um prolongamento das salas de atividades. Se pensarmos em um espaço ideal ou se minimamente pudermos nos aproximar disso, a comunicação direta entre as salas de atividade e os espaços externos, unindo os dois ambientes, é de fundamental importância. Essa estrutura possibilita às crianças o estar dentro e fora, podendo interagir de forma autônoma e independente, Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 22 O espaço externo acrescenta uma dimensão que qualifica o processo de aprendizagem, como apontam Arribas et al. (2004): - o espaço externo coloca a criança em situação de adaptar-se a novas experiências que exigem dela novas respostas. A diversidade baseia-se nas possibilidades. Nesse ambiente, são propiciados vários e ricos intercâmbios, sendo amplamente contemplados os processos de socialização e de cooperação, oportunizando trocas com outros grupos de crianças, de diferentes faixas etárias; - a possibilidade de estar em contato com a natureza é oferecida, o que na vida moderna torna-se bastante restrito às crianças, incluindo-se atividades como brincar com terra, água, plantas e animais; - a possibilidade de exercitar-se em amplos movimentos também é proporcionada às crianças, como correr, saltar, subir em árvores. Portanto, é de suma importância que materiais diversificados e desafiadores sejam disponibilizados às crianças nos espaços externos, que permitam interações e brincadeiras significativas, realizadas de forma autônoma e independente. A possibilidade de organização em áreas diferenciadas proporcionará condições para que essas interações sejam realizadas de maneira qualificada, possibilitando aprendizagens prazerosas e necessárias. Organizar de modo satisfatório os espaços, oferecendo possibilidades de brincadeiras, movimentos, investigações, produção de teorias provisórios pelas crianças, descentralização da figura adulta, é, sem dúvida, aspecto-chave para a formação da identidade dessa etapa da educação. Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 23 Reflexões: - Temos organizado espaços que promovem a ação da criança, despertando a sua curiosidade? - Como temos organizado os espaços nas nossas escolas? - As crianças habitam os espaços com sentimento de pertencimento ou repreensão? Sugestão de vídeo: Rotinas na Educação Infantil - com Maria Carmen Barbosa https://www.youtube.com/watch?v=Z3OifP7RdbE&app=desktop Sugestão de vídeo: Espaços, crianças e relações: o cotidiano da educação infantil https://www.youtube.com/watch?v=1mR_zU3iInM&feature=youtu.be Sugestão de leitura: O lugar do conhecimento na criação do ambiente https://www.dialogosviagenspedagogicas.com.br/blog/o-lugar-do-conhecimento-na-criacao-do- ambiente?utm_campaign=Embalados&utm_content=146472470&utm_medium=social&utm_source= facebook&hss_channel=fbp-243587595697444 Sugestão de leitura: Organização da Ação Pedagógica: Educação Infantil Disponível no link do curso. Sugestão de livro: https://www.youtube.com/watch?v=Z3OifP7RdbE&app=desktop https://www.youtube.com/watch?v=1mR_zU3iInM&feature=youtu.be https://www.dialogosviagenspedagogicas.com.br/blog/o-lugar-do-conhecimento-na-criacao-do-ambiente?utm_campaign=Embalados&utm_content=146472470&utm_medium=social&utm_source=facebook&hss_channel=fbp-243587595697444 https://www.dialogosviagenspedagogicas.com.br/blog/o-lugar-do-conhecimento-na-criacao-do-ambiente?utm_campaign=Embalados&utm_content=146472470&utm_medium=social&utm_source=facebook&hss_channel=fbp-243587595697444 https://www.dialogosviagenspedagogicas.com.br/blog/o-lugar-do-conhecimento-na-criacao-do-ambiente?utm_campaign=Embalados&utm_content=146472470&utm_medium=social&utm_source=facebook&hss_channel=fbp-243587595697444 Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 24 Professor Dois educadores trabalhando juntos são necessários em toda turma, de modo que se possa observar, de pontos de vista diferentes, os processos envolvidos no aprendizado das crianças, para documentá-los e interpretá-los, e para usar suas descobertas como pistas para o planejamento de possíveis desenvolvimentos do projeto. Esses elementos do papel do educador são essenciais, e a copresença dos dois, planejando e compartilhando ideias e decisões, é uma condição absolutamente fundamental para o trabalho. Toda semana os funcionários da escola se reúnem para dialogar e discutir sobre suas hipóteses acerca do trabalho em andamento em cada turma, examinando a documentação em conjunto. Tendo em vista que o grupo é formalmente reunido, também é abordada uma variedade mais ampla de questões relacionadas ao funcionamento geral da escola e do sistema como um todo. Assim, fica disponibilizado um horário para essas reuniões (duas horas e meia por semana), no cronograma de trabalho. Um papel fundamental e complexo, em que o professor assume a função de mediador entre a criança e o saber, criando um clima adequado em um espaço e com contextos que permitam às crianças explorar, experimentar, transformar, relacionar, relacionar-se, inventar, ter novas ideias, ou seja, um professor capaz, que possibilite e transforme o ordinário em extraordinário. Cada contexto preparado pelo professor é vivido como um laboratório de aprendizagem de criação. Papel do professor - Todos os funcionários que trabalham diretamente com as crianças são identificados como “educadores”. - O professor deve deixar um pouco o ensino de lado e permitir espaço para aprender e observar as crianças. Deve ser observador e pesquisador. - Os professores seguem as crianças e não planos. Os objetivos são importantes e não serão perdidos de vista, mas o porquê e como se chega até eles são mais importantes. - O professor deve ajudar as crianças a encontrarem respostas e não as entregar prontas. - O papel do professor: provocação de oportunidades de descobertas e guiar a aprendizagem de um grupo. - Permitir que as crianças repitam as atividades para refletirem e que possam melhorar suas habilidades e entendimento. - Documentar os processos de aprendizagens das crianças, dando visibilidade a estes processos. - O professor precisa planejar contextos para observar e compreender como as crianças produzem conhecimento. - O professor precisa estar aberto ao inesperado. Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 25 - O papel do professor é observar e interpretar as ações das crianças. - O professor deve acolher as representações e as teorias das crianças. - Uma das tarefas do professor é conseguir coletar e relançar as ideias mais interessantes que surgem das discussões das crianças. - Planejar além das propostas, os espaços que elas irão acontecer. - Não ser mais o foco, mas sim a criança. - Planejar possibilidades de aprendizagens. - Oferecer possibilidade de escolha para a criança. - Deve promover experiências que despertam a curiosidade e perguntas nas crianças. - Deve seguir o pensamento e interesse das crianças. Todos os lugares na escola e todas as pessoas ali são educadores, estão “educando”. Por conseguinte, assim como não existem espaços de primeira e de segunda categoria– nesse sentido, a arquitetura edificou cozinhas visíveis, eliminou os corredores e os espaços sob as escadas, e colocou tudo no mesmo nível, em termos reais e também em termos bastante metafóricos – também não há equipes de primeira e de segunda categoria. O papel do educador (e da equipe de educadores) também inclui o constante levantamento de hipóteses acerca dos desenvolvimentos possíveis para o projeto educativo, e isso se vincula intimamente a outros aspectos que caracterizam o trabalho do educador: escuta, observação, documentação e interpretação. Em Reggio, a criança tem uma imagem baseada na compreensão de que todas as crianças são inteligentes, o que quer dizer que todas as crianças atribuem significado ao mundo, num processo constante de construção de conhecimento, identidade e valores. Seguindo essa construção social, luta-se para mostrar as potencialidades de cada criança e para dar a cada uma delas o direito democrático de ser escutada e de ser reconhecida como cidadã na comunidade. A criança é definida por nós pelo nosso modo de olhá-la e vê-la. No entanto, como vemos aquilo que conhecemos, a imagem da criança é aquilo que sabemos e aceitamos sobre elas. Essa imagem vai determinar nossa maneira de nos relacionarmos com elas, nossa maneira de elaborar nossas expectativas em relação a elas e ao mundo que somos capazes de construir para elas. Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 26 Reflexões: - Estamos favorecendo o processo de aprendizagem de nossas crianças, colocando-as como protagonistas em sua ação sobre o mundo? - Estamos descentralizando o foco que antes era dado a nós como educadores? - Temos dado voz aos nossos meninos e meninas? Acolhendo essas crianças com respeito e escuta sensível de sua ação? Os professores são vistos como aqueles que tem o fio, que constroem e constituem os entrelaçamentos e as conexões, a rede de relacionamentos, para transformá-los em experiências significantes de interação e comunicação. Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 27 Processo de aprendizagem Em Reggio, a criança tem uma imagem baseada na compreensão de que todas as crianças são inteligentes, o que quer dizer que todas as crianças atribuem significado ao mundo, num processo constante de construção de conhecimento, identidade e valores. Seguindo essa construção social, luta-se para mostrar as potencialidades de cada criança e para dar a cada uma delas o direito democrático de ser escutada e de ser reconhecida como cidadã na comunidade. O aprendizado não ocorre de forma linear, determinada e determinista, em estágios e previsíveis; pelo contrário, é construído por meio de avanços simultâneos, paralisações e “recuos” que tomam diversas direções. É semelhante a uma imagem de conhecimento como um rizoma que brota em todas as direções, sem começo nem fim, mas sempre no meio e se abrindo para outros destinos e lugares. É uma multiplicidade que funciona por meio de conexão e heterogeneidade, uma multiplicidade que não é dada, mas construída. O pensamento, assim, é uma questão de experimentação e problematização. O projeto de trabalho cresce em direções distintas sem nenhum princípio ordenador geral, desafiando a ideia corrente de que a aquisição do conhecimento se dá numa progressão linear. O aprendizado não acontece por transmissão ou reprodução. É um processo de construção, no qual cada indivíduo constrói para si mesmo as razões, os “porquês”, os significados das coisas, dos outros, da natureza, dos acontecimentos, da realidade e da vida. O processo de aprendizado é certamente individual, mas, com as razões, as explicações, as interpretações e os significados dos outros não são indispensáveis para construir nosso conhecimento, é também um processo de relações, um processo de construção social. Portanto, consideramos o conhecimento um processo de construção realizado pelo indivíduo na relação com os outros, um verdadeiro ato de construção. Para o educador, a capacidade de refletir sobre a forma com que se dá o aprendizado significa que ele pode buscar não aquilo que deseja ensinar, mas aquilo que a criança deseja aprender. Desse modo, ele aprende a ensinar e, junto com as crianças, busca a melhor maneira de proceder. As escolas em Reggio Emilia não desprezam o conhecimento técnico, nem ignoram aspectos de organização e estrutura. Mas os colocam em seus devidos lugares: como bases de apoio para um projeto educacional que compreende a escola, antes e acima de tudo, como espaço público e como local para a prática ética e política – um lugar de encontro e conexão, interação e diálogo entre cidadãos, sejam jovens ou velhos, que vivem juntos na comunidade. Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 28 “A aprendizagem é o surgir daquilo que antes não havia, é uma pesquisa do único, do Outro, dos Outros que se encontram em volta de um assunto”. “A imaginação e a criatividade não são separadas dos aspectos cognitivos”. “O saber é uma aventura a ser vivida por meio de investigações pessoais e de grupo, em diferentes tempos de elaboração pessoal e de grupo”. “O erro é aceito como elemento natural e, às vezes, torna-se motor de uma nova aprendizagem”. “A escola concebida como um grande laboratório, uma oficina de aprendizagem e saber”. “Não há conhecimento sem ação”. “A aprendizagem deve ser o cerne do ensino e da aprendizagem”. “A escola é lugar para aprender e produzir conhecimento”. “O objetivo do ensino não é produzir aprendizagem, mas criar as condições para a aprendizagem, esse é o ponto focal, a qualidade da aprendizagem”. “Aprender é a emergência daquilo que não existia antes”. “A escola não é preparação para a vida, mas um pedaço dela”. Jerome Bruner. “O processo de aprendizagem é um processo criativo”. Loris Malaguzzi “Jamais ensine a uma criança algo que ela possa aprender sozinha”. Loris Malaguzzi Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 29 Planejamento O planejamento é entendido no sentido de preparação e organização dos espaços, dos materiais, dos pensamentos, das situações e das ocasiões de aprendizagens. Planejamento envolve essencialmente a formulação de hipóteses e a previsão de contextos, instrumentos, oportunidades e relevância dos processos de aprendizagem e dos desejos das crianças. O planejamento deve ocorrer com outros colegas e com as famílias. Todos da equipe reúnem-se uma vez por semana para a discussão e ampliação de ideias. As famílias encontram-se sozinhas ou com os professores em reuniões coletivas ou individualmente. Constante existe participação das famílias, inclusive para manutenção, confecção de móveis; ou seja, família atuante no planejamento, discussão do currículo, gestão de todos os processos na escola. A participação das famílias é tão essencial quanto a participação das crianças e dos educadores. A família é uma unidade pedagógica que não pode ser separada da escola. A educação em Reggio é baseada no relacionamento e na participação. Pois todo o conhecimento emerge no processo de construção social e de si mesmo. Os professores em Reggio, para projetarem o trabalho na escola, usam diversos instrumentos de trabalho. Como regra geral, fazem previsões mensais e semanais relativas a novos projetos iniciados anteriormente. Essas hipóteses projetuais são relativas não somente às crianças, mas, também, às famílias e às atualizações do pessoal da escola. O instrumento não está pronto e não é padronizado para todas as escolas e creches. Ao logo do trabalho, as sugestões das crianças orientam fases posteriores. Em cada grupo de escolas, tem um profissional chamado pedagogista que tem alto nívelde formação em psicologia e pedagogia, e cada um deles trabalha com um pequeno número de escolas municipais, a fim de ajudar a desenvolver o entendimento dos processos de aprendizagem e do trabalho pedagógica. Nas escolas em Reggio não existem lições pré-especificadas formais que todas as crianças devem aprender. As crianças não são sujeitas à instrução ao mesmo tempo. Planejamento de contextos e agrupamentos O espaço da escola não tem hierarquia. É um espaço para ser vivido por todas as crianças e todos os adultos, e tudo nele é concebido como educativo. Todos os espaços comunicam por meio de documentações, dos seus materiais e objetos que não apenas tem implicações estéticas, mas também cognitivas. Os espaços são projetados com intencionalidade pedagógica. Desenvolver os sentidos e as habilidades cognitivas por meio da interação com o espaço é um dos propósitos dos ambientes preparados. Preparar contextos requer cuidados dos espaços e ambientes da escola. Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 30 Contextos com propostas estruturadas, mas que não determinam como devem fazê-lo, mas, sim, que permitam às crianças realizar ações autônomas que favoreçam a exploração e a descoberta, que acolham os interesses e os processos das crianças. Os contextos devem ser ricos e variados em suas propostas, são geradores de processos que se dão diariamente na escola e que são consequência de determinada maneira de entender o papel do professor na organização dos contextos. Contexto deriva de um vocabulário latino, contextus, e se refere a tudo aquilo que rodeia um acontecimento, seja física, seja simbolicamente. Com base no contexto portanto, pode-se interpretar ou entender um fato. O contexto pode ser material ou simbólico e está formado por uma série de circunstância como o tempo e o espaço. É importante contemplar a estética como uma dimensão do conhecimento que pressupõe um olhar que descobre, que admira, que desperta curiosidade, que é parte da estrutura do pensamento e que deve ocorrer com a dimensão lúdica. Contextos: - Contextos entendidos como uma estrutura capaz de apoiar a estrutura do projeto. - Contextos como lugar aberto de investigação e de exploração, em que a estética é um ativador de aprendizagens. - Contextos organizados, não apenas no aspecto físico de distribuição de materiais, como também um espaço que cuida das relações entre as crianças, testa habilidades, constrói novas relações, fecunda ideias novas. - Contextos que levam em conta as necessidades das crianças, a quantidade de materiais, a diversidade de ferramentas que convidam à criação de novas investigações. - Contextos que permitam a autogestão. - Contextos como espaços multiplicados, com diversas possibilidades de exploração. - Contextos como espaços de ideias, em que combinam elementos de sensibilização e de indagação. - Contextos plurais em que a criança possa escolher de maneira autônoma materiais e ferramentas para comunicar suas ideias. Um contexto deve ter a sua organização pensada com antecedência. Há, em cada proposta, um modo atrativo para apresentá-los, seja por sua predisposição, seja por sua intencionalidade, seja pela qualidade do material. Essa organização sempre comunica algo. Os materiais e sua disposição são uma investigação aberta para explorar, indagar, experimentar; permitem trocas e interações entre as crianças, entre si e entre os materiais, construindo, assim, uma rede de conexões e bastante autonomia. Pelo uso dos materiais, as crianças podem comunicar suas ideias, seus pensamentos. Trata-se de um modo de expressão e de comunicação. Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 31 Os pequenos grupos tem valor como modalidade organizativa. O trabalho em pequeno grupo possibilita às crianças: - Uma melhor dinâmica das relações entre as crianças. - Uma melhor qualidade de vínculos interpessoais que permitem melhorar a aprendizagem e gerar desenvolvimento cognitivo. - Uma maior proximidade com o objeto de aprendizagem. - Uma maior liberdade de escolha, que permite a liberdade de ação, em que as crianças entram em diálogo com a proposta, entrelaçando novas aprendizagens que permitem renovar e sustentar seus projetos. - Uma propagação de estratégias e de ideias brilhantes em um processo criativo e pessoal. - A possibilidade de ver as produções de seus colegas, observá-las, compará-las, valorizá-las, desfrutá-las, usá-las como fontes de inspiração, o que reforça a experiência tanto individual como coletiva. Isso estimula o desenvolvimento das habilidades sociais. O trabalho em pequeno grupo possibilita aos professores: - Uma escuta mais sensível. - Uma escuta que capte os interesses das crianças. - Uma escuta que habilite fazer variações no contexto. - Uma escuta que permita cuidar das relações. - Uma escuta que consiste em observar e respeitar os ritmos e os tempos das crianças. - A possibilidade de acompanhar a experiência da criança. - Uma atitude de cumplicidade com as crianças. Trabalhar em pequenos grupos facilita as relações sociais, as construções cognitivas, verbais, simbólicas, culturais, mas, sobretudo, o trabalho em pequeno grupo concede `as crianças a possibilidade de escolher o que fazer, com que, estar, onde e em que momento. Quando as crianças estão em pequeno grupo, constroem projetos juntas, exploram, trocam ideias, experimentam, fazem negociações, dialogam e constroem aprendizagens. Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 32 Sugestão de vídeo: Planejamento do OBECI (Observatório da Cultura Infantil) - parte 2 https://www.youtube.com/watch?v=njOeIYTmgi4&t=3s Sugestão de vídeo: Planejamento - Página Escutatoria https://www.youtube.com/watch?v=8e3ZpbAFC3Y&list=RDCMUCDqV9ceBL2MomdsrI_YP4Tg& index=7 https://www.youtube.com/watch?v=njOeIYTmgi4&t=3s https://www.youtube.com/watch?v=8e3ZpbAFC3Y&list=RDCMUCDqV9ceBL2MomdsrI_YP4Tg&index=7 https://www.youtube.com/watch?v=8e3ZpbAFC3Y&list=RDCMUCDqV9ceBL2MomdsrI_YP4Tg&index=7 Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 33 Projetos A palavra “projeto” evoca a ideia de processo dinâmico de itinerário. A duração de um projeto, assim, pode ser curta, média ou longa, contínua ou descontínua, com pausas, suspensões e recomeços. O projeto pode iniciar da ideia de um adulto, da ideia de uma criança ou a partir de um evento, mas sempre respeitando os interesses das crianças. O professor pode ter ideias de projetos e lançar para as crianças para observar o interesse e indícios que elas trazem ao tema. O professor sabe onde inicia o projeto, mas não sabe os caminhos que ele irá tomar e como irá terminar. Sem tempo definido para terminar o projeto. Ele caminhará segundo os interesses das crianças. A abordagem metodológica de projetos proposta por Malaguzzi requer dos educadores práticas instrumentais que caminham para uma reflexão intencional, além de flexibilidade para trocar experiências, observações e relatos, que viabilizam a tomada de consciência de uma nova visão de criança na contemporaneidade: um sujeito potente, protagonista de suas buscas, pesquisador de seus interesses, produtor de cultura e coautor do trabalho realizado no dia a dia da escola. Sugestão de vídeo: LIVE Planejamento na Educação Infantil - Paulo Fochi e Maíra Dourado https://www.youtube.com/watch?v=cvuOI-qO1yg&feature=youtu.be Sugestão de vídeo: Educar em busca de sentido https://www.instagram.com/tv/CE5D51eF_u_/?igshid=eon50pknfklw Sugestão de vídeo: Espaços, crianças e relações: o cotidiano da educação infantil https://www.youtube.com/watch?v=1mR_zU3iInM&t=2659s Sugestão de livro: https://www.youtube.com/watch?v=cvuOI-qO1yg&feature=youtu.be https://www.instagram.com/tv/CE5D51eF_u_/?igshid=eon50pknfklwhttps://www.youtube.com/watch?v=1mR_zU3iInM&t=2659s Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 34 Ateliê Em todas as escolas de educação infantil incluindo as creches em Reggio Emilia, tem um ateliê e um atelierista. É previsto em lei municipal desde a década de 70. Ateliê é espaço para sensibilizar o senso estético. Motivando a exploração de projetos pelas crianças, permitindo que elas expressem suas teorias e pensamentos. A criança pode explorar e se comunicar através das diferentes linguagens. O ateliê é um espaço metafórico nas escolas que, como um todo, objetiva apoiar o desenvolvimento da comunicação e das cem linguagens. Em Reggio Emilia, o ateliê acabou se desenvolvendo cada vez mais como uma metáfora, não para linguagens criativas, mas para uma estratégia de conhecer, uma forma de estruturar o conhecimento e organizar o aprendizado. O ateliê tem duas funções. Em primeiro lugar, é um espaço onde as crianças podem tornar-se mestres em todos os tipos de técnicas como pintura, desenho e trabalho em argila – todas as linguagens simbólicas. Também auxilia os adultos a compreender os processos de como as crianças aprendem. O profissional que trabalha no ateliê se chama atelierista, cuja formação em geral é em artes visuais, trabalha com os professores nas escolas municipais de Reggio, onde apoiam e ajudam a desenvolver as linguagens visuais de adultos e crianças, como parte de um complexo processo de construção do conhecimento. Também auxilia o professor no desenvolvimento dos projetos. Estes partem dos interesses das crianças. Sempre buscando a solução de um problema ou teoria das crianças. O ateliê expõe as ideias das crianças, manifestando através do uso dos materiais. Estes que são utilizados pelas crianças para testar suas teorias e se transformam em linguagens. A criança tem liberdade de escolher diferentes caminhos para se expressar e testar suas teorias. Os materiais são selecionados prestando atenção aos tipos de processos cognitivos, emocionais e estéticos que podem provocar. O produto resultante das práticas no ateliê revela os pensamentos das crianças. Elas tem a oportunidade em testar suas teorias, interpretar e representar o mundo através de múltiplas linguagens. Elas escolhem os materiais e técnicas que irão utilizar para expressar seu pensamento e sentimentos. O ateliê promove contextos de aprendizagens, onde as crianças podem livremente experimentar os materiais e técnicas. São desenvolvidos diversos tipos de contextos, por exemplo: modelagem com argila ou arame; desenho, pintura de observação ou imaginação; exploração e pesquisa da luz e sombra com a utilização de retroprojetor ou data show; ou seja, a criança utiliza as diferentes linguagens para reinterpretar o mundo. É muito presente nas escolas de Reggio Emilia a pesquisa de elementos naturais, principalmente no ateliê. “As crianças utilizam as linguagens visuais como construção de pensamentos e sentimentos”. Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 35 “As crianças podem comunicar suas ideias, seus sentimentos, seu entendimento, sua imaginação e suas observações através das linguagens gráficas”. “Quando trabalham com uma variedade de materiais e ferramentas, as crianças tornam-se mais capazes de interpretar e reinterpretar o mundo ao seu redor de maneiras particularmente significativas para si”. Pauline Baker Finalidade do ateliê e sua importância - A escola é um grande ateliê, podendo utilizar diferentes espaços para a pesquisa e realização de contextos. - Traz um novo olhar para as coisas. - Conector de linguagens. - Permite que a criança conheça as diferentes materialidades. - Promove pesquisa, pensamento, hipóteses e teorias. - Promove provocação estética. - Oferece materiais que levam à pesquisa que são chamados “materiais inteligentes”. - Promove valorização do processo e não do produto. - É um espaço de trabalho e aprendizagens. - Laboratório para pensar. - As práticas desenvolvidas no ateliê trazem visibilidade à expressão criativa da criança. - Através dos materiais oferecidos no ateliê, as crianças podem utilizá-los como forma de expressão. - O ateliê deve ser preparado com intencionalidade. - Promove experiências com todos os tipos de técnicas e pesquisas. - Promove manipulação ou experimentação das linguagens visuais. - Promove o protagonismo da criança. - É um laboratório do pensamento. - Promove a curiosidade da criança, sendo importante manter esta curiosidade espontânea da criança. Reflexões: - Como podemos trazer essa ideia de ateliê para as nossas escolas? - Como podemos oferecer os materiais às nossas crianças? - Temos disponibilizado diversidade de materiais e recursos para que as crianças possam explorar e utilizar múltiplas linguagens para se expressar e comunicar suas teorias e testá-las? Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 36 Ateliê espaço de ressignificação Aline Negri Ateliê, ambiente planejado com a intenção de despertar provocações e encantamentos nas crianças. Sentimentos estes que são permitidos e vivenciados como forma de comunicação, tornando visível uma criança capaz, potente e protagonista de sua aprendizagem. A criança é convidada através da organização estética e harmônica do espaço, a atuar sobre o ele, expressando-se e comunicando-se através de múltiplas linguagens. Sua curiosidade é aguçada pelos contextos que são organizados com intencionalidade pelo professor, que previamente escuta e coleta os indícios que as crianças foram apresentando, logo, oportunizando a elas o papel de protagonistas de sua própria aprendizagem. A escuta ativa do professor em relação a criança, coloca-a como centro do currículo. Sendo este vivo em uma escola pulsante que se torna um grande ateliê. Onde suas paredes testemunham os percursos de aprendizagens das crianças. Os espaços são habitados por crianças que tem a liberdade de explorar, pesquisar e atuar sobre os materiais. Através dos materiais, a criança comunica as suas ideias, sentimentos e hipóteses. Ateliê, laboratório de pesquisa e criação onde a estética desperta na criança a oportunidade de ser criança, tecendo relações na construção de experiências para a vida!!! Obs. Fotos retiradas da internet. Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 37 Sugestões de livros: Apostila: “Reflexões sobre a Abordagem Reggio Emilia” 38 Sugestão de leitura: Apostila intuitiva de pigmentos naturais. https://drive.google.com/file/d/0B7u8ZE- vXclLbVAycm1HLUlBSWVaT2ZhZHZ1S0lYajZaOXZB/view Sugestão de leitura: Desemparedamento da infância https://criancaenatureza.org.br/acervo/desemparedamento/ Sugestão de vídeo: Materiais não estruturados https://www.youtube.com/watch?v=cTQq9C5kMIQ&feature=youtu.be Sugestões de vídeos inspirados na Abordagem Reggio Emilia: Um olhar sobre as diferentes linguagens: TINTAS NATURAIS https://www.youtube.com/watch?v=84dWhyW6VKk Um olhar sobre as diferentes linguagens: PINTURA https://www.youtube.com/watch?v=OYpJ4STxqW0 Um olhar sobre as diferentes linguagens: MÚSICA https://www.youtube.com/watch?v=mAQRdMZjA1A&t=61s Um olhar sobre as diferentes linguagens: Grafismo https://www.youtube.com/watch?v=S0GH5FBAJKc&t=4s Um olhar sobre as diferentes linguagens: NATUREZA https://www.youtube.com/watch?v=Uuur42zIyJY&list=RDCMUCJun0tjjmNPQnyXVIXOzAWg&in dex=16 Um olhar sobre as diferentes linguagens: ATELIÊ POR DENTRO DA MATERIALIDADES https://www.youtube.com/watch?v=bFoWGiJQbXE&list=RDCMUCJun0tjjmNPQnyXVIXOzAWg &index=17 Um olhar sobre as diferentes linguagens: MATERIAIS E MATERIALIDADES https://www.youtube.com/watch?v=b4VGq2D26g8&list=RDCMUCJun0tjjmNPQnyXVIXOzAWg &index=19 Um olhar sobre as diferentes linguagens: FOTOGRAFIA https://www.youtube.com/watch?v=Z0DBip8DACc&list=RDCMUCJun0tjjmNPQnyXVIXOzAWg&index=23 Um olhar sobre as diferentes linguagens: LUZ E SOMBRA https://www.youtube.com/watch?v=5wDwD0LVx4o&list=RDCMUCJun0tjjmNPQnyXVIXOzAWg &index=30 Sugestões: https://fb.watch/1xtOG9tKRu/ https://fb.watch/1xtRtYc7iF/ https://fb.watch/1xtV22jAL_/ https://fb.watch/1xtXyMHEO3/ https://fb.watch/1xt_JgVGYh/ https://www.facebook.com/eugostoderegistrar/videos/746330432658485/?sfnsn=wiwspwa https://fb.watch/1xu4GvvcmW/ https://fb.watch/1xu6KH8WHV/ 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https://www.facebook.com/1389603354628833/posts/2763691947219960/?sfnsn=wiwspmo Argila https://www.facebook.com/1389603354628833/posts/2771859563069865/?sfnsn=wiwspmo https://www.facebook.com/1389603354628833/posts/2782093952046426/?sfnsn=wiwspmo Desenho de observação https://www.facebook.com/1389603354628833/posts/2757447087844446/?sfnsn=wiwspmo https://www.facebook.com/1389603354628833/posts/2757446057844549/?sfnsn=wiwspmo Investigando a natureza https://www.facebook.com/1389603354628833/posts/2758170801105408/?sfnsn=wiwspmo Sugestões relacionadas à natureza: https://www.youtube.com/watch?v=ICRSG6CYrp4&feature=youtu.be https://www.facebook.com/1870775556495358/posts/2759253337647571/?sfnsn=wiwspmo https://www.facebook.com/1870775556495358/posts/2757294497843455/?sfnsn=wiwspmo https://www.facebook.com/1870775556495358/posts/2756341897938715/?sfnsn=wiwspmo https://www.facebook.com/1870775556495358/posts/2756337997939105/?sfnsn=wiwspmo https://www.facebook.com/1870775556495358/posts/2755639608008944/?sfnsn=wiwspmo https://www.facebook.com/1870775556495358/posts/2752297601676478/?sfnsn=wiwspmo https://www.facebook.com/143900545713423/posts/2821217297981721/?sfnsn=wiwspmo https://www.facebook.com/143900545713423/posts/2837517073018410/?sfnsn=wiwspmo https://www.facebook.com/665668460570172/posts/1100690197067994/?sfnsn=wiwspmo https://www.facebook.com/100055328323647/posts/162314145622862/?sfnsn=wiwspwa https://www.facebook.com/106899361081237/posts/181012247003281/?sfnsn=wiwspwa https://www.instagram.com/p/CGj93pmjZCt/?igshid=w1r7cy9560u3 https://www.facebook.com/753943324725918/posts/3466128590174031/?sfnsn=wiwspmo https://www.facebook.com/447307285279763/posts/4950297801647333/?sfnsn=wiwspmo https://www.youtube.com/watch?v=Qt5SKlUGDxQ&feature=youtu.be https://www.facebook.com/173683606075461/posts/3229915447118913/?sfnsn=wiwspmo https://fb.watch/1xu8Nbt0Fb/ https://fb.watch/1xucoDmvW2/ https://fb.watch/1xueNYTtB0/ 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