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INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 1 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 2 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA S Prezado (a) Aluno (a); Henri Wallon nasceu na França em 1879. Antes de chegar à psicologia passou pela filosofia e medicina e ao longo de sua carreira foi cada vez mais explicitada à aproximação com a educação. Em 1902, com 23 anos, formou-se em filosofia pela Escola Normal Superior, cursou também medicina, formando-se em 1908. Viveu num período marcado por instabilidade social e turbulência politica. Henry Wallon além de elaborar uma teoria sobre o desenvolvimento humano, em virtude de sua preocupação com a educação, escreveu também sobre suas ideias pedagógicas apontando bases que a psicologia pode oferecer À atuação pedagogia e o uso que a pedagogia pode fazer dessas bases, além de se nutrir da experiência pedagógica. Wallon deixou-nos uma nova concepção ao da motricidade, da emotividade, e da inteligência humana, sobretudo, uma maneira original de pensar a Psicologia Infantil e reformular os seus problemas. Dessa forma, o INSTITUTO WALLON, não apenas faz uma homenagem a este tão importante ícone da educação, mas, também, reforça a necessidade de buscarmos uma educação cada dia melhor. Você está recebendo este material didático, na certeza de contribuirmos para sua formação acadêmica e, consequentemente, propiciando oportunidade para melhoria de seu desempenho profissional. Todos nós, da equipe WALLON, esperamos retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de uma estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua. O presente material didático foi produzido criteriosamente, por meio de coletâneas, compilações e pesquisas, pelos Professores e Coordenadores do Instituto Wallon, para que os referidos conteúdos e objetivos sejam atingidos com êxito. Esperamos que este seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu conhecimento teórico e para o aperfeiçoamento de sua prática. Leia com muita atenção as orientações a seguir e um ótimo estudo! Abraços! Direção Geral INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 3 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA SUMÁRIO Unidade 1 - Psicofarmacologia....... .................................................................... 4 Unidade 2 - Uma Explic. mais didática do Mec.de Ação dos Psicofármacos. .. 13 Unidade 3 - Drogas Psicoativas (psicofármacos) ........................................... ..23 Unidade 4 - Os Psicofármacos e a Neuropedagogia.........................................31 Referências Bibliográficas..................................................................................44 Atividade 1..........................................................................................................45 Atividade 2..........................................................................................................46 INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 4 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA UNIDADE 1 – PSICOFARMACOLOGIA A psicofarmacologia é um ramo da farmacologia, cujo objetivo é o estudo dos fármacos que afetam as funções mentais e emocionais. A história da psicofarmacologia começou há muito tempo, claro que não como conhecemos hoje, embora algumas das medicações usadas naquela época ainda tenham lugar no arsenal terapêutico. Há relatos do uso do haxixe como anestésico entre os chineses no século II a.C., do laudanum (ópio) como sedativo e da mandrágora como afrodisíaca. Mais recentemente, Freud estudou e indicou o uso de cocaína para tratamento de dependentes de morfina, após um período voltou atrás, ao descobrir o potencial aditivo da cocaína O início da psicofarmacologia moderna para alguns autores pode ser marcado pela descoberta das propriedades do Ácido Lisérgico (LSD) por Albert Hoffmann. O uso de LSD associado à mescalina foi sugerido por Jean Delay, ao propor a oniro-análise. A maior parte dos autores considera o inicio da psicofarmacologia moderna a publicação de um artigo sobre o efeito da Clorpromazina por Delay, Deniker e Harl. 1.1 – MARCOS DA PSICOFARMACOLOGIA Apresentamos aqui alguns dos principais marcos da Psicofarmacologia. 1864 síntese do hidrato de cloral, usado como hipnótico-sedativo síntese do ácido barbitúrico por Friedrich von Baeyer. Foi chamado barbitúrico em homenagem a Santa Bárbara, padroeira do dia de sua síntese 1873 Hammond descreve o efeito do brometo de lítio para episódios maníacos, no entanto creditava a efetividade ao brometo 1884 Freud publicou um livro em 1884 onde abordava váriosusos terapêuticos para a cocaína, mas após algum tempo percebeu o potencial de causar dependência desta substância 1886 Lange & Lange descrevem o efeito profilático do Lítio para a depressão. 1887 síntese do paraldeído, utilizado como hipnótico-sedativo síntese da anfetamina 1912 síntese do fenobarbital (Gardenal®) 1937 uso da bezedrina (anfetamina) no tratamento de crianças hiperativas INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 5 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA 1943 Albert Hofmann descoberta do Ácido Lisérgico quando estava pesquisando uma medicação com o objetivo de melhorar a circulação sanguínea, no entanto os resultados não foram satisfatórios para este fim. Acidentalmente o pesquisador ingeriu a substância, e percebeu seus efeitos alucinatórios. Foi utilizado no tratamento do alcoolismo, adição a opióides, transtornos sexuais e psiconeuroses. 1947 síntese da prometazina (Fenergan®) 1949 o lítio era usado desde 1840, no tratamento de cálculos renais e gota. Cade, observa o efeito de causar letargia quando o lítio era injetado em animais e em 1949 descreve a utilidade do Lítio (Carbolitium®) na excitação maníaca. Nas décadas de 50 e 60 Schou demonstra a eficácia do lítio sobre o transtorno bipolar. O lítio passou a ser usado na Europa em 1956 e nos EUA em 1970 1950 Paul Charpentier sintetizou a Clorpromazina (Amplictil®), derivada da Prometazina (Fenergan®). A clorpromazina pertence ao grupo das fenotiazinas, que eram usadas como anti-helmínticos em Veterinária e antisépticos urinários em humanos. Inicialmente a clorpromazina foi utilizada em anestesia, por Laborit. Pierre Deniker e Jean Delay passam a utilizá-la em pacientes agitados 1952 publicação de artigo sobre a clorpromazina (Amplictil®) por Delay, Deniker e Harl, este estudo é considerado o início da Psicofarmacologia moderna 1954 síntese do meprobamato (ansiolítico) síntese da reserpina, posteriormente utilizada nos quadros de mania, abandonada por apresentar como efeitos adversos depressão e idéias suicidas síntese do clordiazepóxido (Psicosedin®) por Sternbach 1956 criação da disciplina de Psicofarmacologia por Delay e Deniker descrita a ação estimulante do fosfato de iproniazida, um dos primeiros antidepressivos. Esta substância era usada no tratamento da tuberculose, causando euforia, conforme estudo de Crane (1956); posteriormente Klineconfirma esta ação, em 1958 1957 descrição da ação antidepressiva da imipramina (Tofranil®) por Kunh 1958 síntese do haloperidol (Haldol®) por Paul Janssen 1959 síntese do diazepam (Valium®) por Sternbach 1966 relato do uso de valproato (Depakene®) no transtorno de humor bipolar (Lambert) 1967 relato do uso de clomipramina (Anafranil®) no Transtorno Obsessivo- Compulsivo por Fernandez & Lopez-Ibor 1971 relato do uso de carbamazepina (Tegretol®) no Transtorno de Humor Bipolar, por Tekezaki & Hanaoka 1974 descoberta dos neurotransmissores 1987 Fluoxetina (Prozac®)é aprovada para tratamento da depressão 1988 relato do uso da clozapine (Leponex®) em esquizofrenia refratária (Kane et al.) INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 6 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA 1.2 – FARMACOCINÉTICA/FARMACODINÂMICA É necessário em nossa caminhada pela Neuropedagogia conhecer oprocesso farmacocinético, que compreende a absorção, a circulação, a chegada aos locais afetados, o metabolismo e a eliminação da droga; e o processo farmacodinâmico ou mecanismo intrínseco de ação da droga que de uma forma ou outra afetam de forma significativa a vida de nossos alunos. Nos idosos, estes mecanismos têm aspectos peculiares, resultantes do envelhecimento dos diversos órgãos e sistemas, assim como alterações dos sistemas enzimáticos. Farmacocinética O início de um tratamento medicamentoso se faz pela liberação e absorção do fármaco contido no comprimido, cápsula ou ampola. O primeiro fator a ser considerado deve ser a via de administração, que irá influenciar diretamente na biodisponibilidade. Apenas, a via intravenosa propicia biodisponibilidade de 100% do fármaco. 1.Absorção Os medicamentos de liberação controlada podem ter seu comportamento alterados se expostos a pH gástrico alterado, ou a administração concomitante de álcool, que pode afetar a integridade do “revestimento” do comprimido ou cápsula e acelerar a liberação do fármaco. Outro fator a ser considerado na absorção do medicamento é a velocidade do trânsito intestinal, podendo prolongar ou abreviar o tempo de contato com as células intestinais (enterócitos) do jejuno. Nos enterócitos, as glicoproteínas P funcionam como http://blog.saudegeriatrica.com.br/wp-content/uploads/2010/02/fcitocromo.jpg INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 7 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA uma barreira que devolve as drogas ao lúmen gastrointestinal, e aumentam seu tempo de exposição a ação das enzimas P450, que atuam como uma segunda barreira a absorção. 2.Distribuição Uma vez absorvido, o medicamento necessita atingir o local onde se dará a sua ação. A distribuição dos medicamentos é influenciada por diversos fatores: 1. a afinidade por lípides confere à facilidade em atravessar barreiras biológicas (substâncias lipossolúveis). Embora esta característica possa parecer positiva, por facilitar o deslocamento até os alvos, em alguns casos a afinidade excessiva pode facilitar a remoção do medicamento do órgão alvo, e redução de seus efeitos farmacológicos. A afinidade do medicamento pela água (hidrossolúvel) tem efeito inverso dos lipossolúveis: dificulta a travessia de barreiras (membranas) biológicas e facilita a excreção. As proteínas plasmáticas (especialmente albumina) funcionam como reservatório e transportadoras de drogas no plasma. Apenas a fração livre, não ligada a estas proteínas, é capaz de atingir os alvos para ação. Este fato, nos mostra, que os idosos desnutridos, com doenças (cardíaca, renais, hepáticas, pulmonares) em fase avançada, e neoplasias terminais, com baixo valor de proteína plasmática, necessitam ter a dose do medicamento ajustada (diminuída) para se obter o mesmo resultado terapêutico. Pois, se tivermos poucas proteínas plasmáticas, teremos mais fração livre do medicamento, expondo estes pacientes a nível tóxico do medicamento. Também, um medicamento que tenha alta ligação as proteínas plasmáticas, tem baixa disponibilidade. Exemplo, a sertralina (antidepressivo), possui 98% de ligação as proteínas, deixando somente 2% da droga na forma livre. Ou seja, de cada 100 mg de sertralina absorvida, apenas 2 mg são eficazmente ativa. Quando duas drogas com altos índices de ligação com as proteínas plasmáticas são administradas simultaneamente, elas irão competir entre si pelos locais de ligação, e terão suas ações farmacológicas prejudicadas. Nos idosos, duas outras ocorrências, comumente encontradas, dificultam a distribuição do fármaco: a deficiência cardiocirculatória (cardiopatia) e, a diminuição da circulação periférica (aterosclerose). 3.Metabolismo O metabolismo de um fármaco ocorre em duas etapas: a primeira realizada principalmente pelas enzimas do citocromo P450, e pode envolver a ativação de pró- INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 8 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA fármacos, ou a formação de metabólitos ativos ou inativos; e a segunda etapa realizada pelas UGT (Uridina-Difosfato-Glicuronosil-Transferases), que efetuam a conjugação dos medicamentos com o ácido glicurônico, e inclui também outras enzimas responsáveis pela sulfatação, acetilação e metilação das drogas. 4.Eliminação A última etapa farmacocinética é a de eliminação ou excreção da droga inatura ou inativada como produtos do metabolismo. A grande maioria dos fármacos tem eliminação renal, porém, existe eliminação, pelo trato gastrointestinal, pelos pulmões e pelas secreções da pele (sudorese). O conhecimento da vida média das substâncias, especialmente, com ação no sistema cardiocirculatório é fundamental. Os fármacos com vida médica curta atingem o estado de equilíbrio rapidamente e podem ser mais facilmente interrompidos, ex. diuréticos. Os medicamentos de vida média longa tem maior possibilidade de acumular no organismo e causar intoxicações, Ex. digital. Considerando, que o idoso apresenta normalmente uma diminuição da função renal, sempre que vamos utilizar um ou mais medicamentos com eliminação via renal, devemos fazer um estudo do clearence renal. Com isso, podemos prever e quantificar as doses ideais para cada paciente. Esta prática contribuirá para a diminuição dos graves riscos da iatrogenia, responsável pela 3 causa de óbito nos EUA. Farmacodinâmica A farmacodinâmica, é uma infinidade de modos dos quais as substâncias afetam o corpo, após serem engolidos, injetados ou absorvidos através da pele, quase todos os medicamentos entram na corrente sanguínea e circulam pelo corpo, interagindo diversos locais-alvos. Seletividade da Ação dos Medicamentos - Alguns medicamentos são relativamente não seletivos, atuando em muitos tecidos ou órgãos diferentes. Exemplificando, a atropina, uma substância administrada com o objetivo de relaxar os músculos no trato gastrointestinal, também pode relaxar os músculos do olho e do trato respiratório, além de diminuir a secreção das glândulas sudoríparas e mucosas. Outros medicamentos são altamente seletivos e afetam principalmente um órgão ou sistema isolado. Um Encaixe Perfeito - Um receptor de superfície celular tem uma configuração que permite a uma substância química específica, por exemplo, um medicamento, hormônio ou INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 9 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA neurotransmissor, se ligar ao receptor, porque a substânciatem uma configuração que se encaixa perfeitamente ao receptor. Exemplificando, a digital, uma droga administrada a pessoas com insuficiência cardíaca, atua principalmente no coração para aumentar sua eficiência de bombeamento. Drogas soníferas se direcionam a certas células nervosas do cérebro. Drogas anti-inflamatórias não esteroides como a aspirina e o ibuprofen são relativamente seletivas, porque atuam em qualquer local onde esteja ocorrendo inflamação. Como as drogas sabem onde exercer seus efeitos? A resposta está em como elas interagem com as células ou com substâncias como as enzimas. Receptores - Muitas drogas aderem (se ligam) às células por meio de receptores existentes na superfície celular. A maioria das células possui muitos receptores de superfície, o que permite que a atividade celular seja influenciada por substâncias químicas como os medicamentos ou hormônios localizados fora da célula. O receptor tem uma configuração específica, permitindo que somente uma droga que se encaixe perfeitamente possa ligar-se a ele como uma chave que se encaixa em uma fechadura. Frequentemente a seletividade da droga pode ser explicada por quão seletivamente ela se fixa aos receptores. Algumas drogas se fixam a apenas um tipo de receptor; outras são como chaves-mestras e podem ligar-se a diversos tipos de receptores por todo o corpo. Provavelmente a natureza não criou os receptores para que, algum dia, os medicamentos pudessem ser capazes de ligar-se a eles. Os receptores têm finalidades naturais (fisiológicas), mas os medicamentos tiram vantagem dos receptores. Exemplificando, morfina e drogas analgésicas afins ligam-se aos mesmos receptores no cérebro utilizados pelas endorfinas (substâncias químicas naturalmente produzidas que alteram a percepção e as reações sensitivas). Uma classe de drogas chamadas agonistas ativa ou estimula seus receptores, disparando uma resposta que aumenta ou diminui a função celular. Exemplificando, o agonista carbacol liga-se a receptores no trato respiratório chamados receptores colinérgicos, fazendo com que as células dos músculos lisos se contraiam e causando broncoconstrição (estreitamento das vias respiratórias). Outro agonista, albuterol, liga-se a outros receptores no trato respiratório, chamados receptores adrenérgicos, fazendo com que as células dos músculos lisos relaxem e causando broncodilatação (dilatação das vias respiratórias). Outra classe de drogas, chamadas antagonistas, bloqueia o acesso ou a ligação dos agonistas a seus receptores. Os antagonistas são utilizados principalmente no bloqueio ou diminuição das respostas celulares aos agonistas (comumente neurotransmissores) INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 10 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA normalmente presentes no corpo. Exemplificando, o antagonista de receptores colinérgicos ipratrópio bloqueia o efeito broncoconstritor da acetilcolina, o transmissor natural dos impulsos nervosos colinérgicos. Os agonistas e os antagonistas são utilizados como abordagens diferentes, mas complementares, no tratamento da asma. O agonista dos receptores adrenérgicos albuterol, que relaxa os músculos lisos dos bronquíolos, pode ser utilizado em conjunto com o antagonista dos receptores colinérgicos ipratrópio, que bloqueia o efeito broncoconstritor da acetilcolina. Um grupo muito utilizado de antagonistas é o dos beta-bloqueadores, como o propranolol. Esses antagonistas bloqueiam ou diminuem a resposta excitatória cardiovascular aos hormônios do estresse - adrenalina e noradrenalina; esses antagonistas são utilizados no tratamento da pressão sanguínea alta, angina e certos ritmos cardíacos anormais. Os antagonistas são mais efetivos quando a concentração local de um agonista está alta. Esses agentes operam de forma muito parecida à de uma barreira policial em uma autoestrada. Um número maior de veículos é parado pela barreira na hora do "rush" que às 3 horas da madrugada. Do mesmo modo, betabloqueadores em doses que têm pouco efeito na função cardíaca normal podem proteger o coração contra elevações súbitas dos hormônios do estresse. Enzimas – Além dos receptores celulares, outros alvos importantes para a ação dos medicamentos são as enzimas, que ajudam no transporte de substâncias químicas vitais, regulam a velocidade das reações químicas ou se prestam a outras funções de transporte, reguladoras ou estruturais. Enquanto as drogas que se direcionam para os receptores são classificadas como agonistas ou antagonistas, as drogas direcionadas para as enzimas são classificadas como inibidoras ou ativadoras (indutoras). Exemplificando, a droga lovastatina, utilizada no tratamento de algumas pessoas que têm níveis sanguíneos elevados de colesterol, inibe a enzima HMG-CoAredutase, fundamental na produção de colesterol pelo corpo. Quase todas as interações entre drogas e receptores ou entre drogas e enzimas são reversíveis - depois de certo tempo a droga "se solta" e o receptor ou enzima reassume sua função normal. Às vezes uma interação é em grande parte irreversível (como ocorre com omeprazol, uma droga que inibe uma enzima envolvida na secreção do ácido gástrico), e o efeito da droga persiste até que o corpo manufature mais enzimas. Afinidade e Atividade Intrínseca - Duas propriedades importantes para a ação de uma droga são a afinidade e a atividade intrínseca. A afinidade é a atração mútua ou a força da ligação entre uma droga e seu alvo, seja um receptor ou enzima. A atividade INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 11 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA intrínseca é uma medida da capacidade da droga em produzir um efeito farmacológico quando ligada ao seu receptor. Medicamentos que ativam receptores (agonistas) possuem as duas propriedades; devem ligar-se efetivamente (ter afinidade) aos seus receptores, e o complexo droga- receptor deve ser capaz de produzir uma resposta no sistema-alvo (ter atividade intrínseca). Por outro lado, drogas que bloqueiam receptores (antagonistas) ligam-se efetivamente (têm afinidade com os receptores), mas têm pouca ou nenhuma atividade intrínseca - sua função consiste em impedir a interação das moléculas agonistas com seus receptores. Potência e Eficácia - A potência refere-se à quantidade de medicamento (comumente expressa em miligramas) necessária para produzir um efeito, como o alívio da dor ou a redução da pressão sanguínea. Exemplificando, se 5 miligramas da droga B alivia a dor com a mesma eficiência que 10 miligramas da droga A, então a droga B é duas vezes mais potente que a droga A. Maior potência não significa necessariamente que uma droga é melhor que a outra. Os médicos levam em consideração muitos fatores ao julgar os méritos relativos dos medicamentos, como seu perfil de efeitos colaterais, toxicidade potencial, duração da eficácia (e, consequentemente, número de doses necessárias a cada dia) e custo. A eficácia refere-se à resposta terapêutica máxima potencial que um medicamento pode produzir. Exemplificando, o diurético furosemida elimina muito mais sal e água por meio da urina, que o diurético clorotiazida. Assim, furosemida tem maior eficiência, ou eficácia terapêutica, que a clorotiazida. Da mesma forma que no caso da potência, a eficácia é apenas um dos fatores considerados pelos médicos ao selecionar o medicamento mais apropriado para determinado paciente. Tolerância - A administração repetida ou prolongada de alguns medicamentos resulta em tolerância - uma resposta farmacológica diminuída. Tolerância ocorre quando o corpo adapta-se à contínua presença da droga. Comumente, são dois os mecanismosresponsáveis pela tolerância: (1) o metabolismo da droga é acelerado (mais frequentemente porque aumenta a atividade das enzimas que metabolizam os medicamentos no fígado) e (2) diminui o número de receptores ou sua afinidade pelo medicamento. O termo resistência é utilizado para descrever a situação em que uma pessoa não mais responde satisfatoriamente a um medicamento antibiótico, antiviral ou quimioterápico INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 12 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA para o câncer. Dependendo do grau de tolerância ou resistência ocorrente, o médico pode aumentar a dose ou selecionar um medicamento alternativo. INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 13 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA UNIDADE 2 – UMA EXPLICAÇÃO MAIS DIDÁTICA DO MECANISMO DE AÇÃO DOS PSICOFÁRMACOS As drogas psicoativas atuam afetando temporariamente a neuroquímica do indivíduo, o que leva a mudanças de humor, cognição, percepção e comportamento. Há muitas maneiras pelas quais as drogas psicoativas podem afetar o cérebro. Cada droga tem uma ação específica em um ou mais neurotransmissores ou neurorreceptores cerebrais. Ilustração dos principais elementos da neurotransmissão. Dependendo do mecanismo de ação, uma substância psicoativa pode bloquear os receptores nos dendritos do neurônio pós-sináptico, bloquear a recaptação ou afetar a síntese de neurotransmissores no axônio do neurônio pré-sináptico. As drogas que aumentam a atividade em certos sistemas neurotransmissores são chamadas agonistas, aumentando a síntese de um ou mais neurotransmissores ou http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Synapse_Illustration2_tweaked.svg INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 14 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA reduzindo sua recaptação nas sinapses. As drogas que reduzem a atividade neurotransmissora são chamadas de antagonistas, e interferem na síntese ou bloqueiam os receptores pós-sinápticos de modo que os neurotransmissores não se liguem a eles. A exposição a substâncias psicoativas podem causar mudanças na estrutura e no funcionamento dos neurônios, enquanto o sistema nervoso tenta restabelecer a homeostase alterada pela presença da droga. A exposição a antagonistas para um determinado neurotransmissor aumenta o número de receptores para ele, e os receptores ficam mais sensíveis. Isso é chamado de sensibilização. Ao contrário, o sobrestímulo dos receptores por um determinado neurotransmissor causa uma diminuição em número e sensibilidade desses receptores, um processo chamado de dessensibilização ou tolerância. Sensibilização e dessensibilização são mais prováveis de ocorrer em exposições prolongadas, embora possam acontecer após uma só exposição. Acredita-se que esses processos subjazem ao vício. 2.1 – SISTEMAS NEUROTRANSMISSORES AFETADOS A seguir há uma pequena tabela de drogas conhecidas e seus principais neurotransmissores, receptores ou mecanismos de ação. Note-se que muitas drogas agem em mais de um neurotransmissor ou receptor no cérebro. Neurotransmissor/receptor Classificação Exemplos Acetilcolina Colinérgico (agonistas da acetilcolina) nicotina, piracetam Anticolinérgicos (antagonistas da acetilcolina) escopolamina, dimenidrinato, difenidramina, atropina, a maioria dos tricíclicos Adenosina Antagonistas do receptor de adenosina[25] cafeína, teobromina, teofilina Inibidores da recaptação de dopamina (IRDs) cocaína, metilfenidato, anfetamina, bupropiona Liberadores de dopamina anfetamina Agonistas dopaminérgicos pramipexol, Levodopa agonistas do receptor de haloperidol, droperidol, vários antipsicóticos http://pt.wikipedia.org/wiki/Acetilcolina http://pt.wikipedia.org/wiki/Agonista_muscar%C3%ADnico http://pt.wikipedia.org/wiki/Nicotina http://pt.wikipedia.org/wiki/Piracetam http://pt.wikipedia.org/wiki/Anticolin%C3%A9rgico http://pt.wikipedia.org/wiki/Escopolamina http://pt.wikipedia.org/wiki/Dimenidrinato http://pt.wikipedia.org/wiki/Difenidramina http://pt.wikipedia.org/wiki/Atropina http://pt.wikipedia.org/wiki/Tric%C3%ADclico http://pt.wikipedia.org/wiki/Adenosina http://pt.wikipedia.org/wiki/Droga_psicoativa#cite_note-24#cite_note-24 http://pt.wikipedia.org/wiki/Cafe%C3%ADna http://pt.wikipedia.org/wiki/Teobromina http://pt.wikipedia.org/wiki/Teofilina http://pt.wikipedia.org/wiki/Coca%C3%ADna http://pt.wikipedia.org/wiki/Metilfenidato http://pt.wikipedia.org/wiki/Anfetamina http://pt.wikipedia.org/wiki/Bupropiona http://pt.wikipedia.org/wiki/Anfetamina http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pramipexol&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Levodopa http://pt.wikipedia.org/wiki/Haloperidol http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Droperidol&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Antipsic%C3%B3tico http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Acetylcholine.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Adenosine.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Dopamine2.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Acetylcholine.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Adenosine.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Dopamine2.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Acetylcholine.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Adenosine.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Dopamine2.svg INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 15 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA Dopamina dopamina GABA Inibidores da recaptação de GABA tiagabina Agonistas dos receptores de GABA etanol, barbitúricos, diazepam e outros benzodiazepínicos, muscimol, ácido isobotênico Agonistas GABA tujona, bicuculina Noradrenalina Inibidores da recaptação de noradrenalina a maioria antidepressivos não-ISRS como a amoxapina, atomoxetina, bupropiona, venlafaxina e os tricíclicos Liberadores de noradrenalina mianserina, mirtazapina Serotonina Agonistas dos receptores de serotonina LSD, psilocibina, mescalina, DMT Inibidores da recaptação de serotonina a maioria antidepressivos, inclusive os tricíclicos como a amitriptilinaandISRSs como a fluoxetina, a sertralinaand o citalopram Liberadores de serotonina MDMA (ecstasy), mirtazapina, dextrometorfano receptor AMPA Antagonistas de receptores AMPA ácidocinurênico, NBQX Receptor canabinóide Agonistas de receptores canabinóides THC Agonistas inversos dos receptores canabinóides Rimonabanto Receptor de melanocortina Agonistas dos receptores de melanocortina bremelanotide Receptor NMDA Antagonistas do receptor de NMDA etanol, cetamina, PCP, dextrometorfano, óxido nitroso Receptor GHB Agonistas do receptor de GHB GHB, T-HCA Receptor opióide Agonistas do receptor µ- opióide morfina, heroína, oxicodona, codeína µ-opioid receptor Agonistas inversos do receptor µ-opióide naloxona, naltrexona Agonistas do receptor κ- opióide salvinorin A, butorfanol, nalbufina Agonistas inversos do receptor κ-opióide buprenorfina Monoamina oxidase Inibidores da monoamina oxidase (IMAOs) fenelzina, iproniazida Ligam-se à proteína transportadora de MAO anfetamina, metanfetamina Os fármacos podem agir de diversas formas: Receptores com canais iônicos – Os fármacos agem por meio de alterações de polaridade da membrana por trânsito de íons entre o exterior e o interior da célula,e vice- http://pt.wikipedia.org/wiki/Dopamina http://pt.wikipedia.org/wiki/GABA http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Tiagabina&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Etanol http://pt.wikipedia.org/wiki/Barbit%C3%BArico http://pt.wikipedia.org/wiki/Diazepam http://pt.wikipedia.org/wiki/Benzodiazep%C3%ADnico http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Muscimol&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=%C3%81cido_isobot%C3%AAnico&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Tujona http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Bicuculina&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Noradrenalina http://pt.wikipedia.org/wiki/Antidepressivo http://pt.wikipedia.org/wiki/ISRS http://pt.wikipedia.org/wiki/Amoxapina http://pt.wikipedia.org/wiki/Atomoxetina http://pt.wikipedia.org/wiki/Bupropiona http://pt.wikipedia.org/wiki/Venlafaxina http://pt.wikipedia.org/wiki/Tric%C3%ADclico http://pt.wikipedia.org/wiki/Mianserina http://pt.wikipedia.org/wiki/Mirtazapina http://pt.wikipedia.org/wiki/Serotonina http://pt.wikipedia.org/wiki/LSD http://pt.wikipedia.org/wiki/Psilocibina http://pt.wikipedia.org/wiki/Mescalina http://pt.wikipedia.org/wiki/Dimetiltriptamina http://pt.wikipedia.org/wiki/ISRS http://pt.wikipedia.org/wiki/ISRS http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Antidepressivos&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Tric%C3%ADclico http://pt.wikipedia.org/wiki/Amitriptilina http://pt.wikipedia.org/wiki/ISRS http://pt.wikipedia.org/wiki/Fluoxetina http://pt.wikipedia.org/wiki/Sertralina http://pt.wikipedia.org/wiki/Citalopram http://pt.wikipedia.org/wiki/MDMA http://pt.wikipedia.org/wiki/Mirtazapina http://pt.wikipedia.org/wiki/Dextrometorfano http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Receptor_AMPA&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=%C3%81cido_cinur%C3%AAnico&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=NBQX&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Receptor_canabin%C3%B3ide&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/THC http://pt.wikipedia.org/wiki/Rimonabanto http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Melanocortina&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Bremelanotide http://pt.wikipedia.org/wiki/Receptor_NMDA http://pt.wikipedia.org/wiki/Etanol http://pt.wikipedia.org/wiki/Cetamina http://pt.wikipedia.org/wiki/Cicloexilpiperidina http://pt.wikipedia.org/wiki/Dextrometorfano http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93xido_nitroso http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93xido_nitroso http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Receptor_GHB&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/GHB http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=T-HCA&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Receptor_opi%C3%B3ide http://pt.wikipedia.org/wiki/Morfina http://pt.wikipedia.org/wiki/Hero%C3%ADna http://pt.wikipedia.org/wiki/Oxicodona http://pt.wikipedia.org/wiki/Code%C3%ADna http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Agonista_inverso&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Naloxona http://pt.wikipedia.org/wiki/Naltrexona http://pt.wikipedia.org/wiki/Salvinorin_A http://pt.wikipedia.org/wiki/Butorfanol http://pt.wikipedia.org/wiki/Nalbufina http://pt.wikipedia.org/wiki/Buprenorfina http://pt.wikipedia.org/wiki/Monoamina_oxidase http://pt.wikipedia.org/wiki/Inibidor_da_MAO http://pt.wikipedia.org/wiki/Inibidor_da_MAO http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Fenelzina&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Iproniazida&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Anfetamina http://pt.wikipedia.org/wiki/Metanfetamina http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Gamma-Aminobutters%C3%A4ure_-_gamma-aminobutyric_acid.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Noradrenaline_chemical_structure.png http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Serotonin.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Tetrahydrocannabinol.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Gamma-Aminobutters%C3%A4ure_-_gamma-aminobutyric_acid.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Noradrenaline_chemical_structure.png http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Serotonin.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Tetrahydrocannabinol.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Gamma-Aminobutters%C3%A4ure_-_gamma-aminobutyric_acid.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Noradrenaline_chemical_structure.png http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Serotonin.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Tetrahydrocannabinol.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Gamma-Aminobutters%C3%A4ure_-_gamma-aminobutyric_acid.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Noradrenaline_chemical_structure.png http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Serotonin.svg http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Tetrahydrocannabinol.svg INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 16 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA versa. Exemplo é o receptor GABA, que possui um canal de cloro. Exemplo. Os benzodiazepínicos agem por meio da alteração da permeabilidade dos canais iônicos, com efeito quase imediato. A administração de benzodiazepínicos facilita a entrada de íons cloro pelo receptor GABA, de carga negativa, no interior da célula, que se torna hiperpolarizada e menos excitável imediatamente. Este é o fundamento da pronta ação ansiolítica dos benzodiazepínicos. Receptores ligados as proteínas G – Os receptores ligados às proteínas G exercem sua função por meio de mensageiros intracelulares, que poderão atuar em nível citoplasmático por meio da fosforilação de enzimas e alteração de sua atividade ou pela mobilização de estoques intracelulares de cálcio, que pode atuar como segundo mensageiro ou alterar a polaridade da célula e facilitar sua despolarização, já que possui carga positiva. Outras ações dependem da difusão para o núcleo ou da ativação de fatores de transcrição, e consequentes alterações da expressão genética neuronal. Por este motivo as drogas que exercem sua ação direta ou indiretamente por meio de receptores ligados às proteínas G possuem efeitos terapêuticos mais lentos. 2.2 – MEDICAMENTOS (PSICOFÁRMACOS) Planejamento e Desenvolvimento dos Medicamentos - Muitos dos medicamentos em uso corrente foram descobertos por pesquisas experimentais e pela observação em animais e seres humanos. As abordagens mais recentes ao desenvolvimento de um medicamento baseiam-se na determinação das alterações bioquímicas e celulares anormais causadas pela doença e no planejamento de compostos que possam impedir ou corrigir especificamente essas anormalidades. Quando um novo composto mostra-se promissor, INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 17 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA comumente ele é modificado muitas vezes para otimizar sua seletividade, potência, afinidade pelos receptores e eficácia terapêutica. Também são considerados outros fatores ao longo do desenvolvimento dos medicamentos, como se o composto é absorvido pela parede intestinal e se é estável nos tecidos e líquidos do corpo. Idealmente, o medicamento deve ser efetivo ao ser tomado por via oral (para a conveniência da autoadministração), bem absorvido pelo trato gastrointestinal e razoavelmente estável nos tecidos e líquidos do corpo, de modo que uma dose por dia seja adequada. O medicamento deve ser altamente seletivo para seu local-alvo, de modo que tenha pouco ou nenhum efeito nos outros sistemas do organismo (efeitos colaterais mínimos ou ausentes). Além disso, o medicamento deve ter potência e eficácia terapêutica em alto grau para que seja efetivo em baixas doses, mesmo nos transtornos de difícil tratamento. Não existe o remédio que seja perfeitamente efetivo e completamente seguro. Portanto, os médicos avaliamos benefícios e riscos potenciais dos medicamentos em cada situação terapêutica que exija tratamento com medicamento de receita obrigatória. Mas às vezes alguns transtornos são tratados sem a supervisão de um médico; por exemplo, pessoas fazem auto tratamento com medicamentos de venda livre para pequenas dores, insônia, tosses e resfriados. Nesses casos, essas pessoas devem ler a bula fornecida com o medicamento, seguindo explicitamente as orientações para seu uso. 2.3 – MEDICAMENTOS (PSICOFÁRMACOS): USA OU NÃO USAR? O surgimento dos medicamentos eficazes causou uma verdadeira revolução no tratamento das doenças psiquiátricas, diminuindo o número e o tempo de hospitalizações e devolvendo qualidade de vida aos pacientes. Vários problemas psiquiátricos são beneficiados com o uso de medicamentos chamados psicofármacos, no entanto algumas pessoas, mesmo tendo indicação médica de fazer uso destas medicações são “resistentes”, achando que deveriam “dar conta” sozinhas dos sintomas. Mesmo com benefícios inquestionáveis, algumas vezes o uso destas medicações é visto de forma ideológica, gerando debates passionais, como se neste campo específico da medicina fosse possível abrir mão das evidências científicas, o que não é discutível em outras especialidades médicas. Alguns destes conceitos pré- estabelecidos de que o certo é melhorar sozinho, por conta própria e que a melhora é INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 18 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA “falsa” por ter sido obtida com a medicação acaba causando constrangimento nas pessoas que optam por fazer o tratamento prescrito. Não há como avaliar o sofrimento mental de forma reducionista, isto é, basta tomar a medicação e tudo está resolvido; a relação médico-paciente é de extrema importância (como em qualquer outra área), mas não há por que abrir mão de uma estratégia terapêutica estabelecida através de critérios bem definidos. Não dizemos para portadores de patologias cardíacas, endocrinológicas ou outras, que eles deveriam rejeitar o uso de anti-hipertensivos ou hipoglicemiantes (quando indicados), pois a melhora obtida com estes fármacos seria falsa, o mesmo critério deve ser utilizado quando falamos de patologias que atingem o cérebro e todo o seu complexo funcionamento. Não são todas as perturbações mentais que têm indicação do uso de fármacos, para algumas apenas outras estratégias terapêuticas estão disponíveis, por este motivo siga a prescrição de seu médico, quando ele indicar tratamento exclusivamente psicoterápico ou quando ele prescrever tratamento combinado o que significa uso de medicação associada a alguma abordagem psicoterápica. Discuta com ele todos os seus temores: de ficar dependente, de ficar “diferente”, sedado, etc. Seu médico, ao fazer seu diagnóstico e plano terapêutico vai avaliar sua história médica, das doenças atuais e passadas. Em várias situações será necessário fazer exames laboratoriais para afastar patologias que podem apresentar sintomas psiquiátricos, como diabetes, hipotireoidismo, hipertireoidismo etc. Os exames também podem ser necessários para afastar outros problemas que podem não ser a origem dos sintomas, mas influenciar a escolha da medicação, situações como insuficiência renal ou danos hepáticos são exemplos. Outro fator que será considerado é a presença de gestação ou se a mulher está amamentando, pois isto influencia a escolha da medicação, uma vez que algumas são contraindicadas e outras são consideradas seguras nestas fases. Quando você fizer uso de qualquer medicação prescrita por outro médico informe, pois as interações medicamentosas precisam ser avaliadas. Existem várias classes de psicofármacos, como os antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos (neurolépticos), hipnóticos (indutores do sono), moduladores do humor entre outros. Apresentamos os medicamentos psiquiátricos utilizados no Brasil, na primeira coluna está o nome farmacológico e na segunda os nomes comerciais. É possível que você use um medicamento com o nome comercial não encontrado nesta tabela. Na coluna Ação, estão descritas as principais ações dos fármacos, no entanto, seu médico pode ter prescrito uma medicação para outra finalidade, por exemplo, um INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 19 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA anticonvulsivante com o objetivo de modular o humor, mesmo que você nunca tenha tido uma convulsão, é o que se chama prescrição “off label” isto é, não baseada no que está na bula da medicação e além da finalidade para a qual foi aprovado pelas agências reguladoras, mas esta prescrição geralmente está de acordo com estudos científicos. Fármaco Nome comercial no Brasil Ação Acamprosato Campral Alcoolismo ÁcidoValpróico Depakene®, Valpakene®, Epilenil®, Valprene®, Zyvalprex® anticonvulsivante Agomelatina Valdoxan® antidepressivo Alprazolam Frontal®, Apraz® Ansiolíticos Amineptina Survector® Amitriptilina Tryptanol®, Amytril®, antidepressivo Aripiprazol Abilify® antipsicótico Biperideno Akineton® antiparkinsoniano Bromazepan Lexotan® Ansiolíticos Bupropiona Wellbutrin®, Zyban®, Zetron®, Bup® antidepressivo Buspirona Buspar®, Ansitec® Buspanil® ansiolíticos Carbamazepina Tegretol®, Tegretard® anticonvulsivante Carbonato de lítio Carbolitium®, Carbolim®, Neurolithium® estabilizador do humor Citalopram Cipramil®, Procimax®, Citta®, Denyl®, Maxapram®, Celapram®, Zycitapram®, Alcitam® antidepressivo Clobazam Frisium®, Urbanil® Ansiolítico Clomipramina Anafranil® antidepressivo Clonazepam Rivotril®, Clonotril® Ansiolítico Clorazepato Tranxilene Ansiolíticos Clordiazepóxido Psicosedin®, Limbitrol® Ansiolítico Clorpromazina Amplictil®, Clorpeomaz® antipsicótico Cloxazolan Olcadil®, Clozal® Ansiolítico INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 20 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA Clozapina Leponex® antipsicótico Desvenlafaxina Pristiq® antidepressivo Diazepam Valium®, Dienpax®, Ansiliv®, Kiatrium®, Menostress®, Relapax®, Somaplus®, Calmociteno, Diazefast®, Noan® Ansiolítico Divalproato de Sódio Depakote® anticonvulsivante Dissulfiram Antietanol®, Sarcotom® Alcoolismo Duloxetina Cymbalta® antidepressivo Estazolam Noctal® Hipnótico Escitalopram Lexapro® antidepressivo Flunitrazepam Rohypnol®,Rohydorm® Hipnótico Fluoxetina Prozac® , Verotina®, Daforin®, Psiquial®, Fluox®, Fluxene®, Depress®, Eufor®, Prozen®, Depoflox®, Zyfloxin® antidepressivo Paroxetina Paxil®, Aropax®, Cebrilin®, Paxan®, Paxtrat®, Benepax®, Roxetin®, Pondera®, Arotin® antidepressivo Pimozida Orap® antipsicótico Quetiapina Seroquel® antipsicótico Risperidona Risperidal®,Zargus®, Risperidon®, Respidon®, Riss®, Viverdal® antipsicótico Sertralina Zoloft®, Tolrest®, Assert®, Dieloft®, Serenata®, Sered®, Zoltralina® antidepressivo Sulpirida Equilid®, Dogmatil®, Sulpan®, Bromopiran® antipsicótico Tianeptina Stablon® antidepressivo Tioridazina Melleril® antipsicótico INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 21 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA Tranilcipromina Parnate® antidepressivo Triazolam Halcion® Hipnótico Topiramato Topamax®, Toptil®, Amato® anticonvulsivante Trazodona Donaren®, Donaren Retard® antidepressivo Triexifenidil Artane® antiparkinsoniano Vareniclina Champix® anti-tabaco Venlafaxina Efexor®,Venlift®, Alenthus®, Venlaxin® antidepressivo Ziprazidona Geodon® antipsicótico Zolpidem Stilnox®, Lioram® indutor sono Zopiclone Imovane® indutor sono Zuclopentixol Clopixol® antipsicótico Planejamento e Desenvolvimento dos Medicamentos - Muitos dos medicamentos em uso corrente foram descobertos por pesquisas experimentais e pela observação em animais e seres humanos. As abordagens mais recentes ao desenvolvimento de um medicamento baseiam-se na determinação das alterações bioquímicas e celulares anormais causadas pela doença e no planejamento de compostos que possam impedir ou corrigir especificamente essas anormalidades. Quando um novo composto mostra-se promissor, comumente ele é modificado muitas vezes para otimizar sua seletividade, potência, afinidade pelos receptores e eficácia terapêutica. Também são considerados outros fatores ao longo do desenvolvimento dos medicamentos, como se o composto é absorvido pela parede intestinal e se é estável nos tecidos e líquidos do corpo. Idealmente, o medicamento deve ser efetivo ao ser tomado por via oral (para a conveniência da autoadministração), bem absorvido pelo trato gastrointestinal e razoavelmente estável nos tecidos e líquidos do corpo, de modo que uma dose por dia seja adequada. O medicamento deve ser altamente seletivo para seu local-alvo, de modo que tenha pouco ou nenhum efeito nos outros sistemas do organismo (efeitos colaterais mínimos ou ausentes). Além disso, o medicamento deve ter potência e eficácia terapêutica em alto grau para que seja efetivo em baixas doses, mesmo nos transtornos de difícil tratamento. Não existe o remédio que seja perfeitamente efetivo e completamente seguro. INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 22 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA Portanto, os médicos avaliam os benefícios e riscos potenciais dos medicamentos em cada situação terapêutica que exija tratamento com medicamento de receita obrigatória. Mas às vezes alguns transtornos são tratados sem a supervisão de um médico; por exemplo, pessoas fazem auto tratamento com medicamentos de venda livre para pequenas dores, insônia, tosses e resfriados. Nesses casos, essas pessoas devem ler a bula fornecida com o medicamento, seguindo explicitamente as orientações para seu uso. INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 23 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA UNIDADE 3 – DROGAS PSICOATIVAS (PSICOFÁRMACOS) Droga (do francês drogue, provavelmente do neerlandês droog, "seco, coisa seca"), narcótico, entorpecente ou estupefaciente são termos que denominam substâncias químicas que produzem alterações dos sentidos. Droga, em seu sentido original, é um termo que abrange uma grande quantidade de substâncias, que pode ir desde o carvão à aspirina. Contudo, há um uso corrente mais restritivo do termo (surgido após quase um século de repressão ao uso de certas substâncias), remetendo a qualquer produto alucinógeno (ácido lisérgico, mescalina etc.) que leve à dependência química e, por extensão, a qualquer substância ou produto tóxico (tal como o fumo, álcool etc.) de uso excessivo, sendo um sinônimo assim para entorpecentes. Pode – se então infereir que Droga é toda e qualquer substância, natural ou sintética que introduzida no organismo modifica suas funções. As drogas naturais são obtidas através de determinadas plantas, de animais e de alguns minerais. Exemplo a cafeína (do café), a nicotina (presente no tabaco), o ópio (na papoula) e o THC tetrahidrocanabiol (da cannabis). As drogas sintéticas são fabricadas em laboratório, exigindo para isso técnicas especiais. O termo droga, presta-se a várias interpretações, mas ao senso comum é uma substância proibida, de uso ilegal e nocivo ao indivíduo, modificando-lhe as funções, as sensações, o humor e o comportamento. Do ponto de vista jurídico, segundo prescreve o parágrafo único do art. 1.º da Lei n.º 11.343, de 23 de agosto de 2006 (Lei de Drogas): "Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União". Isto significa dizer que as normas penais que tratam do usuário, do dependente e do traficante são consideradas normas penais em branco. Atualmente, no Brasil, são consideradas drogas todos os produtos e substâncias listados na Portaria n.º SVS/MS 344/98. INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 24 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA As drogas estão classificadas em três categorias: as estimulantes, os depressores e os perturbadores das atividades mentais. O termo droga envolve os analgésicos, estimulantes, alucinógenos, tranquilizantes e barbitúricos, além do álcool e substâncias voláteis. As psicotrópicas, são as drogas que tem tropismo e afetam o Sistema Nervoso Central, modificando as atividades psíquicas e o comportamento. Essas drogas podem ser absorvidas de várias formas: por injecção, por inalação, via oral ou injeção intravenosa. Tipos •Depressivas - diminuem a atividade cerebral e podem dificultar o processamento das mensagens que são enviadas ao cérebro. Exemplos: álcool, barbitúricos, maconha, diluentes, quetamina, cloreto de etila ou lança perfume, clorofórmio, ópio, morfina, heroína, e inalantes em geral (cola de sapateiro etc). •Alucinógenas Psicodistropticas ou (drogas pertubadoras) – têm por característica principal a despersonalização em maior ou menor grau. Exemplos cogumelos, LSD, MDMA ou ecstasy e DMT. •Psicotrópticas ou estimulantes - produzem aumento da atividade pulmonar, diminuem a fadiga, aumentam a percepção ficando os demais sentidos ativados. Exemplos: cocaína, crack, cafeína, teobromina (presentes em chocolates), GHB, metanfetamina, anfetaminas (bolinha, arrebite) etc. Quanto à forma de produção do indivíduo no comportamento cerebral podendo atrapalhar o processamento ou não, classificam-se como: • Naturais - Uma droga é considerada natural quando ela pode ser extraída, através de vários processos, de uma determinada planta. A afirmação (corriqueira) onde "uma droga natural não contém produtos químicos", é falsa, pois qualquer droga (tanto droga natural, como droga semi-sintética ou droga sintética) é definida por uma estrutura química específica (pelo que se concluí que todas as drogas contêm produtos químicos). A diferença surge, portanto, na obtenção da determinada droga (por extracção de plantas, ou por síntese laboratorial). • Semi-sintéticas - Drogas semi-sintéticas são produzidas a partir de drogas naturais com alterações químicas feitas artificialmente em laboratório.Como o crack,cocaína,cristais de haxixe,etc. • Sintéticas - Drogas sintéticas são substâncias ou misturas de substâncias exclusivamente psicoativas produzidas através de meios químicos cujos principais componentes ativos não são encontrados na natureza. INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 25 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA A maioria das drogas sintéticas apresenta efeitos alucinógenos, podendo serem estimulantes ou depressores do sistema nervoso central (SNC). As principais drogas sintéticas são: • Anfetamina: (“Bolinha” ou “arrebite”). Droga produzida desde 1927 como vasoconstrictor, com ação semelhante à cocaína. Muitasdrogas sintéticas são derivadas de anfetaminas. • LSD 25 (Dietilamida de ácido lisérgico). Sintetizado em 1938, e usado como alucinógeno a partir da década de 1950. • Quetamina (Special-K): Anestésico de uso veterinário e humano na forma líquida ou cristal branco que é aspirado. Foi produzido nos anos a partir da década de 1960. • GHB (ácido gama-hidroxibutírico): É usado na forma de sal ou diluído em água (conhecido como “ecstasy líquido”). Inicialmente foi produzido como anestésico, e a partir da década de 1960 como droga alucinógena. • GLB (Gama-butirolactona ). Derivado do GHB, utilizado com a mesma finalidade. • PCP (Cloridrato de eniciclidina ). Pó branco cristalino solúvel em água que surgiu nos anos 70. É inalado, ingerido ou injetado • Cetamina. Droga anestésica derivada do PCP para uso veterinário e humano produzida em 1965, utilizado logo como alucinógeno. • DOB (2,5-dimetoxi-4-bromoanfetamina ). Conhecida desde 1967. É um derivado da anfetamina, podendo ser usado como base para a produção do ecstasy. • PMA (Para-metoxianfetamina ) . Afetamina modificada. • PMMA (Para-metoximetilanfetamina ). Anfetamina modificada produzida com o nome de “mitsubishi”. • 2-CB (4-bromo-2,5-dimetoxifenetilamina). Conhecida como “nexus” tem efeito psicodélico semelhante ao LSD. • 2-CT-7 (2,5-dimetoxi-4(n)-propiltiofenetilamina) com efeito psicodélico semelhante ao LSD. O D-CB e o 2-CT-7 foram produzidos na década de 70. • MDMA( Ecstasy , extase ) : Um derivado de anfetamina. Comprimido ingerido por via oral.O ecstasy foi sintetizado em 1912, e o seu uso como entorpecente iniciou-se na década de 70 nos EUA. • 4-MTA (4-metiltioanfetamina ) ( “flatliner” ) é uma anfetamina modificada produzida nos anos 70. •Ice. Uma anfetamina modificada. Um cristal branco semelhante ao gelo. Pode ser injetado, ingerido ou inalado. Surgiu nos anos 80. INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 26 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA •Anabolizante: Versão sintética da testosterona. Comprimidos ou ampolas. Via oral ou intramuscular para aumentar a massa corporal. •MPTP (1-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetrahidropiridina ) – Surgiu na década de 80 provocando sintomas semelhantes ao mal de Parkinson. 3.1 – USO DE DROGAS É comum distinguir o abuso do uso de drogas de seu consumo normal. Esta classificação refere-se à quantidade e periodicidade em que ela é usada. Outra classificação, se refere ao uso das drogas em desvio de seu uso habitual, como por exemplo o uso de cola, gasolina, benzina, éter, dentre outras substâncias químicas. Os usuários podem ser classificados em: experimentador, usuário ocasional, habitual e dependente. Motivos associados ao uso - Os motivos que normalmente levam alguém a provar ou a usar ocasionalmente drogas incluem: • Problemas pessoais, sociais, financeiros; • Influência de amigos,assim como da sociedade e publicidade de fabricantes de drogas lícitas; • Sensação imediata de prazer que produzem; • A facilidade de acesso e obtenção; • Desejo ou impressão de que elas podem resolver todos os problemas, ou aliviar as ansiedades; • Estimular; • Acalmar; • Ficar acordado ou dormir profundamente; • Tentar parecer fixe; • Emagrecer ou engordar; • Esquecer ou memorizar algo; INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 27 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA •Fugir ou enfrentar; •Inebriar; •Inspirar; •Fortalecer; •Aliviar dores, tensões, angústias, depressões, solidões; •Aguentar situações difíceis, privações e carências; •Encontrar novas sensações, novas satisfações ,novas perspectivas; •Sentimento de Poder e sentir-se acima dos outros •Busca por autoconhecimento •Espiritualização Droga psicoativa ou substância psicotrópica é a substância química que age principalmente no sistema nervoso central, onde altera a função cerebral e temporariamente muda a percepção, o humor, o comportamento e a consciência. Essa alteração pode ser proporcionada para fins: recreacionais (alteração proposital da consciência), rituais ou espirituais (uso de enteógenos), científicos (funcionamento da mente) ou médico-farmacológicos (como medicação). Tais alterações subjetivas da consciência e do humor podem, contudo, ser interpretadas como fonte de prazer (ex. a euforia) ou vantagem (ex. o aumento da atenção), razão pela qual se observam abusos dessas substâncias. O uso recorrente de alguma delas pode levar à dependência física ou psicológica, promovendo um ciclo progressivamente mais difícil de ser interrompido. A impossibilidade física ou psicológica de interrupção desse ciclo caracteriza o vício em drogas, ou drogadição/toxicodependência. A reabilitação de drogadictos/toxicodependentes geralmente envolve uma combinação de psicoterapia, grupos de apoio e até mesmo o uso de outras substâncias psicoativas que ajudam a interromper o ciclo de dependência. A ética relativa ao uso dessas drogas é assunto de um contínuo debate, em parte por causa desse potencial para abuso e dependência. Muitos governos têm imposto restrições sobre a produção e a venda dessas substâncias na tentativa de diminuir o abuso de drogas. INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 28 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA 3.2 – HISTÓRIA DAS DROGAS PSICOATIVAS O uso de drogas é uma prática desde tempos pré-históricos. Há provas arqueológicas do uso de substâncias psicoativas a 10 mil anos atrás, e evidência histórica de uso cultural desde 5 mil anos. Embora o uso pareça ter sido mais frequentemente medicinal, sugeriu-se que o desejo de alterar a consciência é tão primeiro quando o ímpeto de saciar a sede, a fome ou o desejo sexual. Outros sugerem que a propaganda, a disponibilidade ou a pressão da vida moderna são algumas das razões pelas quais as pessoas usam drogas psicoativas no quotidiano. Contudo, a longa história do uso de drogas e mesmo o desejo da criança de rodar, balançar ou escorregar indicam que o ímpeto de alterar a percepção é universal. Essa relação não se limita ao homem. Alguns animais consomem diferentes plantas, frutos, frutos fermentados e outros animais como fonte de substâncias psicoativas, como por exemplo os gatos e sua predileção pela nepeta. Lendas tradicionais sobre plantas sagradas frequentemente contêm referências a animais que apresentaram aos homens o uso das plantas. A Biologia sugere uma conexão evolutiva entre animais e plantas psicoativas, por causa da existência dessas substâncias e seus respectivos receptores no sistema nervoso. Durante o século XX, muitos países inicialmente responderam ao uso recreacional das drogas banindo seu uso e considerando criminosos o uso, o armazenamento ou a venda. Usos As substâncias psicoativas são usadas para diferentes propósitos. Os usos variam grandemente entre as diferentes culturas. Algumas substâncias são de uso controlado ou ilegal, enquanto algumas podem ser usadas para propósitos xamânicos, e outras são usadas de modo terapêutico. Outros exemplos seriam o consumo social de álcool e os soníferos. A cafeína é a substância psicoativa mais consumida no mundo; mas ao contrário de muitas outras, seu uso é legal e irrestrito em praticamente todas as jurisdições. No Brasil, maior produtor e segundo maior consumidor de café do mundo, 85% das pessoas consomem café no desjejum. Anestesia - (do grego antigo αν-, an-, "ausência"; e αἲσθησις, aisthēsis, "sensação") tradicionalmente significa a condição de ter a sensibilidade (incluindo a dor) bloqueadaou temporariamente removida. Isso permite que os pacientes passem por cirurgias e outros procedimentos sem a angústia e a dor que experienciariam de outra maneira. A palavra foi INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 29 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA cunhada por Sr. Oliver Wendell Holmesem 1846. Outra definição é uma "ausência de consciência reversível", seja uma ausência total de consciência (e.g., uma anestesia geral) ou uma ausência de consciência de uma parte do corpo como causam uma anestesia axial ou outro bloqueio de nervo. Anestesia é um estado farmacologicamente induzido de amnesia, analgesia, perda de responsividade, perda de reflexos musculares esqueléticos e diminuída resposta a estresse. Os anestésicos são uma classe de drogas psicoativas usadas em pacientes para bloquear a dor e outras sensações. A maioria dos anestésicos induz à inconsciência, o que permite o paciente submeter-se a procedimentos médicos tais como a cirurgia sem dor física ou trauma emocional. Para induzir à inconsciência, os anestésicos afetam os sistemas GABA e NMDA. Por exemplo, o halotano é um agonista GABA, e a cetamina é um antagonista para o receptor de NMDA. Analgésicos - é um termo coletivo para designar qualquer membro do diversificado grupo de drogas usadas para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os anti- inflamatóriosnão esteroides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol e o demerol. Drogas psicoativas são frequentemente prescritas para manutenção da dor. Como a experiência subjetiva da dor é regulada por peptídiosopióides endógenos, a dor pode ser controlada usando psicoativos que operam nesse sistema neurotransmissor como agonistas dos receptores opióides. Esta classe de drogas incluem narcóticos opiáceos, como a morfina e a codeína. AINEs, como a aspirina e o ibuprofeno, são uma segunda classe de analgésicos. Eles reduzem a inflamação mediada por eicosanóides ao inibir a enzima ciclo-oxigenase. 3.3 – USO RECREACIONAL DA DROGA Muitas substâncias psicoativas são usadas pelos efeitos de alteração do humor e da percepção, inclusive aquelas com uso aceito pela medicina e psiquiatria. Os tipos de drogas usadas frequentemente para uso recreacional incluem: • Estimulantes, que ativam o sistema nervoso central. São usadas INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 30 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA recreacionalmentepelos efeitos eufóricos. • Alucinógenos (psicodélicos, dissociativos e delirantes), que induzem a distorções percepcionais e cognitivas. • Hipnóticos, que são usados recreacionalmente pela euforia que causam. • Analgésicos, utilizados também pelo efeito eufórico. • Inalantes, sob a forma de aerossóis ou solventes, que são inalados por causa de seu efeito estupefaciente. Muitos inalantes também se incluem em alguma categoria acima (como o óxido nitroso, que também tem efeito analgésico). Em algumas subculturas, o uso de drogas é visto como símbolo de status, o que ocorre em lugares como casas noturnas, boates, raves e festas. Isso é fato histórico em muitas culturas; as drogas têm sido consideradas símbolos de status desde a antiguidade. Por exemplo, no Antigo Egito, eram comuns as representações de deuses segurando plantas alucinógenas. Por causa da controvérsia sobre o regulamento das drogas recreacionais, existe um debate sobre a proibição das drogas. Críticos da proibição acreditam que a regulamentação do uso de drogas recreacionais é uma violação da autonomia pessoal e da liberdade. 3.4 – CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS PSICOATIVAS (PSICOFÁRMACOS) Existem 6 classes assim divididas • Antidepressivos, que são usados para tratar diversos males, tais como depressão nervosa, epilepsia, ansiedade, transtornos alimentares e transtorno de personalidade limítrofe. • Estimulantes, usados para tratar distúrbios como o transtorno do déficit de atenção e como supressores do apetite. • Antipsicóticos, que são usados para tratar psicoses, esquizofrenia e mania. • Estabilizador do humor, utilizados para tratar o transtorno bipolar e o transtorno esquizoafetivo. •Ansiolíticos, usados para tratar transtornos da ansiedade. •Depressores, que são utilizados como hipnóticos, sedativos e anestésicos. INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 31 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA UNIDADE 4 – OS PSICOFÁRMACOS E A NEUROPEDAGOGIA Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). O que é o TDAH? O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD. Existe mesmo o TDAH? Ele é reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola. Não existe controvérsia sobre a existência do TDAH? Não, nenhuma. Existe inclusive um Consenso Internacional publicado pelos mais renomados médicos e psicólogos de todo o mundo a este respeito. Consenso é uma publicação científica realizada após extensos debates entre pesquisadores de todo o mundo, incluindo aqueles que não pertencem a um mesmo grupo ou instituição e não compartilham necessariamente as mesmas ideias sobre todos os aspectos de um transtorno. INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 32 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA Por que algumas pessoas insistem que o TDAH não existe? Pelas mais variadas razões, desde inocência e falta de formação científica até mesmo má-fé. Alguns chegam a afirmar que “o TDAH não existe”, é uma “invenção” médica ou da indústria farmacêutica, para terem lucros com o tratamento. No primeiro caso se incluem todos aqueles profissionais que nunca publicaram qualquer pesquisa demonstrando o que eles afirmam categoricamente e não fazem parte de nenhum grupo científico. Quando questionados, falam em “experiência pessoal” ou então relatam casos que somente eles conhecem porque nunca foram publicados em revistas especializadas. Muitos escrevem livros ou têm sítios na Internet, mas nunca apresentaram seus “resultados” em congressos ou publicaram em revistas científicas, para que os demais possam julgar a veracidade do que dizem. Os segundos são aqueles que pretendem “vender” alguma forma de tratamento diferente daquilo que é atualmente preconizado, alegando que somente eles podem tratar de modo correto. Tanto os primeiros quanto os segundos afirmam que o tratamento do TDAH com medicamentos causa consequências terríveis. Quando a literatura científica é pesquisada, nada daquilo que eles afirmam é encontrado em qualquer pesquisa em qualquer país do mundo. Esta é a principal característica destes indivíduos: apesar de terem uma “aparência” de cientistas ou pesquisadores, jamais publicaram nada que comprovasse o que dizem. O TDAH é comum? Ele é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Ele ocorreem 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo em que já foi pesquisado. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos. Até hoje é comum que se diga que o TDAH é um distúrbio essencialmente infantil. Não é raro que médicos digam aos pais de uma criança com TDAH que "isto vai desaparecer com o tempo". Sabemos hoje em dia que isto não é verdade: a maioria das crianças com TDAH na infância terão sintomas por toda a vida. Estes sintomas poderão ou não interferir de modo significativo com suas vidas profissionais, sociais e familiares. INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 33 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA Quais são os sintomas de TDAH? O TDAH se caracteriza por uma combinação de dois tipos de sintomas: 1) Desatenção 2) Hiperatividade-impulsividade O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como "avoadas", "vivendo no mundo da lua" e geralmente "estabanadas" e com "bicho carpinteiro" ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites. Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem como com a memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), vivem mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos ("colocam os carros na frente dos bois"). Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à sua volta. São frequentemente considerados “egoístas”. Eles têm uma grande frequência de outros problemas associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão. Quais são as causas do TDAH? Já existem inúmeros estudos em todo o mundo - inclusive no Brasil - demonstrando que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões, o que indica que o transtorno não é secundário a fatores culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), o modo como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos. Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento. O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios). INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 34 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA Existem causas que foram investigadas para estas alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões. A) Hereditariedade: Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma predisposição ao TDAH. A participação de genes foi suspeitada, inicialmente, a partir de observações de que nas famílias de portadores de TDAH a presença de parentes também afetados com TDAH era mais frequente do que nas famílias que não tinham crianças com TDAH. A prevalência da doença entre os parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população em geral (isto é chamado de recorrência familial). Porém, como em qualquer transtorno do comportamento, a maior ocorrência dentro da família pode ser devido a influências ambientais, como se a criança aprendesse a se comportar de um modo "desatento" ou "hiperativo" simplesmente por ver seus pais se comportando desta maneira, o que excluiria o papel de genes. Foi preciso, então, comprovar que a recorrência familial era de fato devida a uma predisposição genética, e não somente ao ambiente. Outros tipos de estudos genéticos foram fundamentais para se ter certeza da participação de genes: os estudos com gêmeos e com adotados. Nos estudos com adotados comparam-se pais biológicos e pais adotivos de crianças afetadas, verificando se há diferença na presença do TDAH entre os dois grupos de pais. Eles mostraram que os pais biológicos têm 3 vezes mais TDAH que os pais adotivos. Os estudos com gêmeos comparam gêmeos univitelinos e gêmeos fraternos (bivitelinos), quanto a diferentes aspectos do TDAH (presença ou não, tipo, gravidade etc...). Sabendo-se que os gêmeos univitelinos têm 100% de semelhança genética, ao contrário dos fraternos (50% de semelhança genética), se os univitelinos se parecem mais nos sintomas de TDAH do que os fraternos, a única explicação é a participação de componentes genéticos (os pais são iguais, o ambiente é o mesmo, a dieta, etc.). Quanto mais parecidos, ou seja, quanto mais concordam em relação àquelas características, maior é a influência genética para a doença. Realmente, os estudos de gêmeos com TDAH mostraram que os univitelinos são muito mais parecidos (também se diz "concordantes") do que os fraternos, chegando a ter 70% de concordância, o que evidencia uma importante participação de genes na origem do TDAH. A partir dos dados destes estudos, o próximo passo na pesquisa genética do TDAH foi começar a procurar que genes poderiam ser estes. É importante salientar que no TDAH, como na maioria dos transtornos do comportamento, em geral multifatoriais, nunca INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 35 www.institutowallon.com.br WALLON INSTITUTO EDUCACIONAL FUNDAMENTOS DA PSICOFARMACOLOGIA devemos falar em determinação genética, mas sim em predisposição ou influência genética. O que acontece nestes transtornos é que a predisposição genética envolve vários genes, e não um único gene (como é a regra para várias de nossas características físicas, também). Provavelmente não existe, ou não se acredita que exista, um único "gene do TDAH". Além disto, genes podem ter diferentes níveis de atividade, alguns podem estar agindo em alguns pacientes de um modo diferente que em outros; eles interagem entre si, somando-se ainda as influências ambientais. Também existe maior incidência de depressão, transtorno bipolar (antigamente denominado Psicose Maníaco- Depressiva) e abuso de álcool e drogas nos familiares de portadores de TDAH. B) Substâncias ingeridas na gravidez: Tem-se observado que a nicotina e o álcool quando ingeridos durante a gravidez podem causar alterações em algumas partes do cérebro do bebê, incluindo-se aí a região frontal orbital. Pesquisas indicam que mães alcoolistas têm mais chance de terem filhos com problemas de hiperatividade e desatenção. É importante lembrar que muitos destes estudos somente nos mostram uma associação entre estes fatores, mas não mostram uma relação de causa e efeito. C) Sofrimento fetal: Alguns estudos mostram que mulheres que tiveram problemas no parto que acabaram causando sofrimento fetal tinham mais chance de terem filhos com TDAH. A relação de causa não é clara. Talvez mães com TDAH sejam mais descuidadas e assim possam estar mais predispostas a problemas na gravidez e no parto. Ou seja, a carga genética que ela própria tem (e que passa ao filho) é que estaria influenciando a maior presença