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Introdução de Imunologia

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@enf.studies.br 
Propriedades e Visão Geral das Res-
postas Imunes 
Imunologia 
↳É o estudo das respostas imunes nesse 
sentido mais amplo, e dos eventos celulares 
e moleculares que ocorrem após um orga-
nismo encontrar microrganismos e outras 
macromoléculas estranhas. 
Imunidade 
↳é derivado da palavra latina imunitas, a qual 
se refere à proteção contra processos legais 
oferecida aos senadores romanos durante 
seus mandatos. 
↳imunidade significa proteção contra doença 
e, mais especificamente, doença infecciosa. 
Sistema imune 
↳São células e moléculas responsáveis pela 
imunidade; 
↳A função fisiológica do sistema imune é a 
defesa contra microrganismos infecciosos; 
entretanto, mesmo substâncias estranhas 
não infecciosas e produtos de células danifi-
cadas podem elicitar respostas imunes. 
↳O sistema imune de cada indivíduo é capaz 
de reconhecer, responder e eliminar muitos 
antígenos estranhos (não próprios), mas nor-
malmente não reage contra antígenos e te-
cidos do próprio indivíduo. Diferentes meca-
nismos são usados pelos sistemas imunes 
inato e adaptativo para prevenir reações con-
tra células próprias sadias. 
↳Além disso, os mecanismos que normal-
mente protegem os indivíduos contra uma 
infecção e eliminam substâncias estranhas 
também são capazes de causar lesão tecidual 
e doença em algumas situações. Portanto, 
uma definição mais inclusiva de resposta 
imune é uma reação aos microrganismos, as-
sim como às moléculas, que são reconheci-
das como estranhas, independentemente da 
consequência fisiológica ou patológica de tal 
reação. Sob certas situações, mesmo molé-
culas próprias podem elicitar respostas imu-
nes (as chamadas doenças autoimunes). 
Resposta imune 
↳Resposta coletiva e coordenada à entrada 
de substâncias estranhas 
↳Em decorrência da capacidade de linfócitos 
e de outras células imunes em circular pelos 
tecidos, a imunidade é sistêmica. Isso significa 
que uma resposta imune iniciada em um local 
poderá conferir proteção em locais distantes. 
Essa característica é, obviamente, essencial 
para o sucesso da vacinação — uma vacina 
administrada no tecido subcutâneo ou mus-
cular do braço pode proteger contra infec-
ções em qualquer tecido. 
↳As respostas imunes são reguladas por um 
sistema de alças de feedback positivo que 
amplificam a reação e por mecanismos de 
controle que previnem reações inapropriadas 
ou patológicas. Quando ativados, os linfócitos 
disparam mecanismos que aumentam ainda 
mais a magnitude da resposta. Esse feed-
back positivo é importante para capacitar o 
@enf.studies.br 
pequeno número de linfócitos, que são espe-
cíficos para qualquer microrganismo, a gera-
rem a ampla resposta necessária à erradica-
ção daquela infecção. Muitos mecanismos de 
controle se tornam ativos durante as respos-
tas imunes e previnem a ativação excessiva 
dos linfócitos, o que poderia causar dano co-
lateral aos tecidos normais, além de preveni-
rem respostas contra os autoantígenos. 
Histórico 
• Edward Jenner 
↳Vacinação contra varíola; 
↳Percebeu que ordenhadoras que tinham se 
recuperado da varíola bovina nunca contra-
íam a varíola humana, forma mais grave da 
doença. Com base nessa observação, ele in-
jetou o material de uma pústula de varíola 
bovina no braço de um menino de 8 anos. 
Quando esse menino foi posteriormente ino-
culado com a varíola humana, a doença não 
se desenvolveu. 
↳O tratado de Jenner, um marco sobre va-
cinação (do latim vaccinus, ou derivado de va-
cas) foi publicado em 1798. O tratado levou à 
aceitação geral desse método para a indução 
da imunidade contra doenças infecciosas, e a 
vacinação permanece o método mais efetivo 
para a prevenção de infecções. 
Imunidade Inata e Adaptativa 
↳A defesa contra microrganismos é mediada 
por respostas sequenciais e coordenadas que 
são denominadas imunidade inata e adapta-
tiva 
↳A imunidade inata (também chamada 
de imunidade natural ou imunidade nativa) é 
essencial para a defesa contra microrganis-
mos nas primeiras horas ou dias após a infec-
ção, antes que as respostas imunes adaptati-
vas tenham se desenvolvido. A imunidade 
inata é mediada por mecanismos que já exis-
tem antes da ocorrência de uma infeção (por 
isso inata) e que facilitam rápidas respostas 
contra microrganismos invasores. 
↳Muitas células da imunidade inata, tais como 
macrófagos, DCs e mastócitos, estão sempre 
presentes na maioria dos tecidos, onde 
atuam como sentinelas em busca de micror-
ganismos invasores. A resposta imune inata 
combate microrganismos por meio de duas 
reações principais — pelo recrutamento de 
fagócitos e outros leucócitos que destroem 
os microrganismos, no processo chamado in-
flamação; e pelo bloqueio da replicação viral 
ou pelo killing de células infectadas por vírus, 
sem a necessidade de uma reação inflamató-
ria. 
 
@enf.studies.br 
 
 
↳A resposta imune adaptativa é mediada por 
células chamadas linfócitos e seus produ-
tos. Os linfócitos expressam receptores alta-
mente diversos que são capazes de reco-
nhecer um vasto número de antígenos. Há 
duas populações principais de linfócitos, deno-
minadas linfócitos B e linfócitos T, os quais 
medeiam diferentes tipos de respostas imu-
nes adaptativas. Iremos primeiro resumir as 
importantes propriedades do sistema imune 
adaptativo e então retornaremos aos diferen-
tes tipos de respostas imunes adaptativas. 
↳Em contraste à imunidade inata, há outras 
respostas imunes que são estimuladas pela 
exposição a agentes infecciosos e que au-
mentam em magnitude e capacidades defen-
sivas após cada exposição sucessiva a um mi-
crorganismo em particular. Uma vez que essa 
forma de imunidade se desenvolve em res-
posta à infecção e a ela se adapta, é deno-
minada imunidade adaptativa (também 
chamada imunidade específica ou imunidade 
adquirida). 
↳O sistema imune adaptativo reconhece e 
reage a um grande número de substâncias 
microbianas e não microbianas chamadas an-
tígenos. Embora muitos patógenos tenham 
evoluído de maneira a resistir à res-
posta imune inata, as respostas imunes adap-
tativas, sendo mais fortes e mais especializa-
das, são capazes de erradicar até mesmo es-
sas infecções. Também existem numerosas 
conexões entre as respostas imunes inata e 
adaptativa. 
↳A resposta imune inata aos microrganismos 
fornece os primeiros sinais de perigo que es-
timulam as respostas imunes adaptativas. 
↳Por outro lado, as resposta imunes adapta-
tivas frequentemente trabalham intensifi-
cando os mecanismos protetores da imuni-
dade inata, tornando-os mais capazes de 
combater efetivamente os microrganismos. 
↳O sistema imune de cada indivíduo é capaz 
de reconhecer, responder e eliminar muitos 
antígenos estranhos (não próprios), mas nor-
malmente não reage contra antígenos e te-
cidos do próprio indivíduo. Diferentes meca-
nismos são usados pelos sistemas imunes 
inato e adaptativo para prevenir reações con-
tra células próprias sadias. 
 
Características Fundamentais das 
Respostas Imunes Adaptativas 
• Especificidade e diversidade. Respostas 
imunes são específicas para antígenos distin-
tos e, frequentemente, para diferentes 
@enf.studies.br 
porções de um único complexo proteico, po-
lissacarídico ou de outra macromolécula. As 
porções de antígenos complexos especifica-
mente reconhecidas por linfócitos individuais 
são denominadas determinantes ou epítopos. 
Essa especificidade fina existe porque os lin-
fócitos individuais expressam receptores de 
membrana que podem distinguir diferenças 
sutis na estrutura de epítopos distintos. Clo-
nes de linfócitos com diferentes especificida-
des estão presentes em indivíduos não imu-
nizados e são capazes de reconhecer e res-
ponder aos antígenos estranhos. Esse con-
ceito fundamental é denominado seleção clo-
nal e foi claramente enunciado por Macfar-
lane Burnet, em 1957, como uma hipótese 
para explicar de que modo o sistema imune 
poderia respondera um grande número e 
variedade de antígenos. De acordo com essa 
hipótese, a qual é hoje uma característica 
comprovada da imunidade adaptativa, clones 
de linfócitos antígeno-específicos se desen-
volvem antes e independentemente da ex-
posição ao antígeno. Um antígeno introdu-
zido se liga (seleciona) às células do clone an-
tígeno-específico preexistente e as ativa. 
Como resultado, as células específicas para o 
antígeno proliferam para gerar milhares de 
descendentes com a mesma especificidade, 
um processo chamado expansão clonal. O 
número total de especificidades antigênicas 
dos linfócitos em um indivíduo, chamado re-
pertório dos linfócitos, é extremamente 
grande. Estima-se que o sistema imune de 
um indivíduo possa discriminar 107 a 109 deter-
minantes antigênicos distintos. Essa capaci-
dade do repertório de linfócitos para reco-
nhecer um grande número de antígenos (a 
chamada diversidade) é resultado da 
variabilidade nas estruturas dos sítios de liga-
ção ao antígeno dos receptores antigênicos 
dos linfócitos. Em outras palavras, existem 
muitos clones distintos de linfócitos e cada 
clone possui um único receptor antigênico e, 
consequentemente, uma única especificidade 
antigênica, contribuindo para um repertório 
total extremamente diverso. A expressão de 
diferentes receptores antigênicos em distin-
tos clones de células T e B é a razão pela 
qual esses receptores são ditos clonalmente 
distribuídos. A diversidade é essencial se o sis-
tema imune existe para defender os indiví-
duos contra os diversos potenciais patógenos 
presentes no ambiente. 
• Memória. A exposição do sistema imune 
a um antígeno estranho aumenta sua capaci-
dade de responder novamente àquele antí-
geno. As respostas a uma segunda exposição 
ou exposições subsequentes ao mesmo an-
tígeno, chamadas respostas imunes secundá-
rias, são normalmente mais rápidas, de maior 
magnitude e, com frequência, quantitativa-
mente diferentes da primeira resposta imune 
(ou primária) àquele antígeno. A memória 
imunológica ocorre porque cada exposição a 
um antígeno gera células de memória de vida 
longa específicas para o antígeno. Há duas 
razões pelas quais a resposta secundária é 
tipicamente mais forte do que a resposta 
imune primária — as células de memória se 
acumulam e tornam-se mais numerosas do 
que os linfócitos naive específicos para o an-
tígeno existentes no momento da exposição 
inicial ao antígeno; e células de memória rea-
gem mais rápida e vigorosamente ao desafio 
antigênico do que os linfócitos naive. A me-
mória permite que o sistema imune produza 
respostas aumentadas a exposições 
@enf.studies.br 
persistentes ou recorrentes ao mesmo antí-
geno e, assim, combata infecções por mi-
crorganismos prevalentes no meio ambiente 
e encontrados repetidamente. 
• Não reatividade ao próprio (autoto-
lerância). Uma das propriedades mais mar-
cantes do sistema imune de cada indivíduo 
normal é sua capacidade de reconhecer, res-
ponder e eliminar muitos antígenos estranhos 
(não próprios) enquanto não reage prejudici-
almente aos antígenos do próprio indivíduo. 
A não responsividade imunológica é também 
chamada de tolerância. A tolerância aos antí-
genos próprios, ou autotolerância, é mantida 
por diversos mecanismos. Estes incluem a eli-
minação de linfócitos que expressam recep-
tores específicos para alguns autoantígenos, 
inativando os linfócitos autorreativos ou supri-
mindo essas células pela ação de outras cé-
lulas (reguladoras). Anormalidades na indução 
ou manutenção da autotolerância levam a 
respostas imunes contra os autoantígenos 
(antígenos autólogos), as quais podem resul-
tar em distúrbios denominados doenças au-
toimunes. 
Imunidade Humoral e Mediada por 
Células 
Existem dois tipos de respostas imunes adap-
tativas, denominadas imunidade humoral e 
imunidade mediada por células, as quais são 
induzidas por diferentes tipos de linfócitos e 
atuam para eliminar diferentes tipos de mi-
crorganismos. A imunidade humoral é medi-
ada por moléculas no sangue e em secre-
ções mucosas, denominadas anticorpos, os 
quais são produzidos pelos linfócitos B. Os an-
ticorpos reconhecem antígenos microbianos, 
neutralizam a infectividade dos microrganis-
mos e marcam microrganismos para sua eli-
minação pelos fagócitos e pelo sistema com-
plemento. A imunidade humoral é o principal 
mecanismo de defesa contra os microrganis-
mos e suas toxinas, localizados fora das célu-
las (p. ex.: no lúmen dos tratos gastrintestinal 
e respiratório, e no sangue), uma vez que os 
anticorpos secretados podem se ligar a esses 
microrganismos e toxinas, neutralizando-os, 
além de auxiliar na sua eliminação. 
 
 
 
@enf.studies.br 
A imunidade mediada por células, também 
denominada imunidade celular, é mediada pe-
los linfócitos T. Muitos microrganismos são in-
geridos, mas sobrevivem dentro dos fagóci-
tos, e alguns, particularmente os vírus, infec-
tam e se replicam em diversas células do hos-
pedeiro. Nesses locais, os microrganismos são 
inacessíveis aos anticorpos circulantes. A de-
fesa contra tais infecções é uma função da 
imunidade mediada por células, a qual pro-
move a destruição de microrganismos den-
tro dos fagócitos e a morte das células infec-
tadas para eliminar os reservatórios da infec-
ção. 
A imunidade protetora contra um micror-
ganismo normalmente pode ser fornecida 
tanto pela resposta do hospedeiro ao micror-
ganismo quanto pela transferência de anticor-
pos que defendem contra o microrganismo. 
A forma de imunidade induzida pela exposi-
ção a um antígeno estranho é chamada imu-
nidade ativa, porque o indivíduo imunizado 
tem papel ativo na resposta ao antígeno. In-
divíduos e linfócitos que nunca encontraram 
um antígeno particular são considera-
dos naive, implicando que ambos são imuno-
logicamente inexperientes. Indivíduos que 
responderam a um antígeno microbiano e 
estão protegidos de exposições subsequen-
tes àquele microrganismo são ditos imunes. 
 
A imunidade também pode ser conferida 
a um indivíduo pela transferência de anticor-
pos de um indivíduo imunizado para um indi-
víduo que nunca encontrou o antígeno. O re-
ceptor de tal transferência se torna imune ao 
antígeno em particular sem nunca ter sido 
exposto nem ter respondido àquele antí-
geno. Portanto, essa forma de imunização é 
chamada de imunidade passiva. Um exemplo 
fisiologicamente importante de imunidade 
passiva é a transferência de anticorpos ma-
ternos através da placenta para o feto, a 
qual permite aos recém-nascidos o combate 
a infecções por vários meses antes que eles 
próprios desenvolvam a capacidade de pro-
duzir anticorpos. A imunização passiva é tam-
bém um método útil na medicina por conferir 
resistência rapidamente, sem a necessidade 
de esperar pelo desenvolvimento de uma 
resposta imune ativa. A imunização passiva 
contra toxinas potencialmente letais pela ad-
ministração de anticorpos de animais ou pes-
soas imunizadas é um tratamento que salva 
vidas em infecções rábicas ou picadas por 
serpentes. Pacientes com algumas doenças 
de imunodeficiências genéticas são imuniza-
das passivamente pela transferência de 
um pool de anticorpos de doadores saudá-
veis. 
A primeira demonstração de imunidade hu-
moral foi feita por Emil von Behring e Shiba-
saburo Kitasato, em 1890, usando uma estra-
tégia de imunização passiva. Eles mostraram 
que se o soro de animais que haviam sido 
imunizados com uma forma atenuada de to-
xina diftérica fosse transferido a animais naive, 
os receptores se tornavam resistentes espe-
cificamente à infecção diftérica. Os compo-
nentes ativos do soro foram chamados 
@enf.studies.br 
antitoxinas, porque neutralizaram os efeitos 
patológicos da toxina diftérica. Esse resultado 
levou ao tratamento da infecção diftérica, até 
então letal, pela administração da antitoxina, 
uma realização que foi reconhecida pelo pri-
meiro Prêmio Nobel em Fisiologia ou Medi-
cinaconcedido para von Behring. Na década 
de 1890, Paul Ehrlich postulou que as células 
imunes utilizam receptores, a que chamou 
cadeias laterais, para reconhecer toxinas mi-
crobianas e, subsequentemente, secretá-los 
para combater microrganismos. Ele também 
cunhou o termo anticorpos (do alemão an-
tikörper) para designar as proteínas séricas 
que se ligam a substâncias estranhas, tais 
como toxinas, enquanto as substâncias que 
geraram os anticorpos foram denomina-
das antígenos. A definição moderna de antí-
genos inclui substâncias que se ligam a re-
ceptores específicos em linfócitos, quer esti-
mulem ou não respostas imunes. De acordo 
com definições estritas, substâncias que esti-
mulam as respostas imunes são chama-
das imunógenos, embora o termo antígeno 
seja frequentemente usado de forma inter-
cambiável com imunógeno. 
Iniciação e Desenvolvimento das Res-
postas Imunes Adaptativas 
 
As respostas imunes adaptativas se desenvol-
vem em diversas etapas, iniciando pela cap-
tura do antígeno, seguida pela ativação de 
linfócitos específicos. 
A maioria dos microrganismos e outros antí-
genos entram no organismo através das bar-
reiras epiteliais, e as respostas imunes adap-
tativas a esses antígenos se desenvolvem em 
órgãos linfoides periféricos (secundários). A 
iniciação das respostas imunes adaptativas re-
quer que os antígenos sejam capturados e 
expostos aos linfócitos específicos. As células 
que realizam essa função são chamadas cé-
lulas apresentadoras de antígeno (APCs, do 
inglês, antigen-presenting cells). As APCs mais 
especializadas são as células dendríticas, as 
quais capturam antígenos microbianos que 
entram no organismo a partir do ambiente 
externo, transportam esses antígenos aos ór-
gãos linfoides e os apresentam aos linfócitos 
T naive para iniciar as respostas imunes. Ou-
tros tipos celulares atuam como APCs em 
diferentes estágios das respostas imunes hu-
morais e mediadas por células. 
Os linfócitos que nunca responderam ao an-
tígeno são chamados naive. A ativação des-
ses linfócitos pelo antígeno leva à prolifera-
ção dessas células, resultando em um au-
mento no número de clones antígeno-espe-
cíficos, denominado expansão clonal. Esse 
processo é seguido pela diferenciação dos 
linfócitos ativados em células capazes de eli-
minar o antígeno, as quais são chamadas cé-
lulas efetoras porque medeiam o efeito final 
da resposta imune, e em células de memória, 
que sobrevivem por longos períodos e mon-
tam fortes respostas após encontros repeti-
dos com o antígeno. A eliminação do 
@enf.studies.br 
antígeno frequentemente requer a participa-
ção de outras células não linfoides, tais como 
macrófagos e neutrófilos, as quais por vezes 
são chamadas células efetoras. Esses passos 
da ativação dos linfócitos tipicamente demo-
ram alguns dias, o que explica porque a res-
posta imune adaptativa desenvolve-se de 
maneira lenta e há a necessidade de a imuni-
dade inata inicialmente conferir proteção. 
Uma vez que a resposta imune adaptativa 
tenha erradicado a infecção, o estímulo para 
a ativação dos linfócitos se dissipa e a maior 
parte das células efetoras morrem, resul-
tando no declínio da resposta. As células de 
memória permanecem, prontas para respon-
der vigorosamente se a mesma infecção se 
repetir. 
As células do sistema imune interagem 
umas com as outras e com outras células do 
hospedeiro durante os estágios de iniciação 
e efetor das respostas imunes inata e adap-
tativa. Muitas dessas interações são mediadas 
pelas citocinas. As citocinas constituem um 
amplo grupo de proteínas secretadas com 
diversas estruturas e funções, as quais regu-
lam e coordenam muitas atividades das célu-
las da imunidade inata e adaptativa. Todas as 
células do sistema imune secretam pelo me-
nos algumas citocinas e expressam recepto-
res de sinalização específicos para diversas 
citocinas. Entre as muitas funções das citoci-
nas que discutiremos ao longo deste livro, es-
tão a promoção de crescimento e diferenci-
ação das células imunes, ativação das funções 
efetoras de linfócitos e fagócitos, e estimula-
ção de movimento direcionado das células 
imunes a partir do sangue para os tecidos e 
dentro dos tecidos. Um grande subgrupo de 
citocinas estruturalmente relacionadas que 
regulam a migração e o movimento celular 
são conhecidas como quimiocinas. Alguns dos 
fármacos mais efetivos desenvolvidos para 
tratar doenças imunológicas têm como alvo 
as citocinas, o que reflete a importância des-
sas proteínas nas respostas imunes. 
Imunidade Humoral 
Linfócitos B que reconhecem antígenos pro-
liferam e se diferenciam em plasmócitos que 
secretam diferentes classes de anticorpos 
com funções distintas. Cada clone de células 
B expressa um receptor antigênico de su-
perfície celular, o qual é uma forma de anti-
corpo ligado à membrana, com uma especi-
ficidade antigênica única. Diferentes tipos de 
antígenos, incluindo proteínas, polissacarí-
deos, lipídeos e moléculas pequenas, são ca-
pazes de elicitar respostas de anticorpos. A 
resposta das células B aos antígenos protei-
cos requer sinais de ativação (auxílio) das cé-
lulas T CD4+ (esta é a razão histórica pela 
qual chamamos essas células T de células au-
xiliares). As células B podem responder a vá-
rios antígenos não proteicos sem a participa-
ção de células T auxiliares. Cada plasmócito 
secreta anticorpos que têm o mesmo sítio 
de ligação ao antígeno, uma vez que é o re-
ceptor antigênico da superfície celular que 
primeiro reconheceu o antígeno. Polissacarí-
deos e lipídeos estimulam a secreção princi-
palmente do anticorpo da classe denominada 
imunoglobulina M (IgM). Antígenos proteicos 
induzem a produção de anticorpos de dife-
rentes classes (IgG, IgA, IgE) a partir de um 
único clone de células B. Essas diferentes clas-
ses de anticorpos servem a funções distintas, 
mencionadas adiante. Células T auxiliares 
@enf.studies.br 
também estimulam a produção de anticorpos 
com afinidade aumentada ao antígeno. Esse 
processo, chamado maturação de afinidade, 
melhora a qualidade da resposta imune hu-
moral. 
A resposta imune humoral combate micror-
ganismos de várias maneiras. Os anticorpos 
se ligam aos microrganismos e os impedem 
de infectar as células, assim neutralizando-os. 
De fato, a neutralização mediada por anticor-
pos é o único mecanismo da imunidade adap-
tativa que detém uma infecção antes que ela 
se estabeleça; esta é a razão pela qual a eli-
citação da produção de anticorpos potentes 
é um objetivo-chave da vacinação. Anticor-
pos IgG recobrem os microrganismos e os 
marcam para a fagocitose, porque os fagóci-
tos (neutrófilos e macrófagos) expressam re-
ceptores para partes das moléculas de IgG. O 
sistema complemento é ativado por IgM e 
IgG e os produtos do complemento promo-
vem a fagocitose e a destruição dos micror-
ganismos. A IgA é secretada pelo epitélio da 
mucosa e neutraliza microrganismos no lú-
men dos tecidos de mucosa, tais como os 
tratos respiratório e gastrintestinal, preve-
nindo assim que os microrganismos inalados 
e ingeridos infectem o hospedeiro. A IgG ma-
terna é ativamente transportada através da 
placenta e protege o recém-nascido até que 
o sistema imune do bebê se torne maduro. 
A maior parte dos anticorpos IgG tem meia-
vida na circulação de aproximadamente 3 se-
manas, enquanto outras classes de anticorpos 
têm meias-vidas de apenas poucos dias. Al-
guns plasmócitos secretores de anticorpos 
migram para a medula óssea ou tecidos de 
mucosa e vivem por anos, produzindo conti-
nuamente baixos níveis de anticorpos. Os 
anticorpos secretados por esses plasmócitos 
de vida longa fornecem proteção imediata se 
o microrganismo reinfectar o indivíduo. Uma 
proteção mais efetiva é fornecida pelas célu-
las de memória, que são ativadas pelo micror-
ganismo e rapidamente se diferenciam para 
gerar grandes números de plasmócitos. 
Imunidade Mediada por Células 
Os linfócitosT, células da imunidade celular, 
reconhecem os antígenos dos microrganis-
mos associados às células e diferentes tipos 
de células T auxiliam os fagócitos a destruir 
esses microrganismos ou matar as células in-
fectadas. As células T não produzem molé-
culas de anticorpo. Seus receptores antigêni-
cos são moléculas de membrana distintas, 
mas estruturalmente relacionadas aos anti-
corpos. Os linfócitos T têm uma especifici-
dade restrita para antígenos; eles reconhe-
cem peptídeos derivados das proteínas es-
tranhas que estão ligadas às proteínas do 
hospedeiro denominadas complexo principal 
de histocompatibilidade (MHC, do inglês, ma-
jor histocompatibility complex), as quais são 
expressas nas superfícies de outras células. 
Como resultado, essas células T reconhecem 
e respondem aos antígenos associados à su-
perfície celular, mas não aos antígenos solú-
veis. 
Os linfócitos T consistem em populações fun-
cionalmente distintas, dentre as quais as mais 
bem definidas são as células T auxiliares e 
os linfócitos T citotóxicos ou citolíticos (CTLs, 
do inglês, cytotoxic T lymphocytes). As fun-
ções das células T auxiliares são mediadas 
principalmente pela secreção de citocinas, 
enquanto os CTLs produzem moléculas que 
matam outras células. Alguns linfócitos T, 
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denominados células T reguladoras, atuam 
principalmente na inibição das respostas imu-
nes. Diferentes classes de linfócitos podem 
ser distinguidas pela expressão de proteínas 
de superfície celular, muitas das quais são de-
nominadas por um único número “CD” (do 
inglês, cluster of differentiation, tais como 
CD4 ou CD8. 
Após a ativação nos órgãos linfoides secun-
dários, os linfócitos T naive se diferenciam 
em células efetoras e muitas destas migram 
para os sítios de infecção. Quando essas cé-
lulas T efetoras encontram novamente os 
microrganismos associados a células, são ati-
vadas e realizam as funções responsáveis 
pela eliminação dos microrganismos. Algumas 
células T auxiliares CD4+ secretam citocinas 
que recrutam leucócitos e estimulam a pro-
dução de substâncias microbicidas nos fagó-
citos. Assim, essas células T auxiliam os fagó-
citos a matar os patógenos infecciosos. Ou-
tras células T auxiliares CD4+ secretam cito-
cinas que ajudam as células B a produzir um 
tipo de anticorpo chamado IgE e ativam leu-
cócitos chamados eosinófilos, os quais são ca-
pazes de matar parasitas grandes demais 
para serem fagocitados. Algumas células T 
auxiliares CD4+ permanecem nos órgãos lin-
foides e estimulam respostas de células B. 
CTLs CD8+ matam as células que abrigam 
microrganismos no citoplasma. Esses micror-
ganismos podem ser vírus que infectam mui-
tos tipos celulares ou bactérias que são inge-
ridas pelos macrófagos, mas escapam das ve-
sículas fagocíticas no citoplasma (onde são 
inacessíveis à maquinaria de morte dos fagó-
citos, amplamente confinadas às vesículas). 
Com a destruição das células infectadas, os 
CTLs eliminam os reservatórios da infecção. 
Os CTLs também matam as células tumorais 
que expressam antígenos reconhecidos 
como estranhos. 
Resumo 
✹ A imunidade protetora contra microrga-
nismos é mediada pelas reações iniciais da 
imunidade inata e pelas respostas posteriores 
da imunidade adaptativa. As respostas imunes 
inatas são estimuladas por estruturas molecu-
lares compartilhadas por grupos de microrga-
nismos e pelas moléculas expressas por cé-
lulas lesadas do hospedeiro. A imunidade 
adaptativa é específica para diferentes antí-
genos microbianos e não microbianos e é au-
mentada por exposições repetidas ao antí-
geno (memória imunológica). 
✹ Muitas características da imunidade 
adaptativa são de fundamental importân-
cia para suas funções normais. Estas in-
cluem especificidade para diferentes antí-
genos, um repertório diverso capaz de 
reconhecer uma grande variedade de an-
tígenos, memória à exposição antigênica 
e a capacidade de discriminar entre antí-
genos estranhos e antígenos próprios. 
✹ A imunidade pode ser adquirida por 
uma resposta a um antígeno (imunidade 
ativa) ou conferida pela transferência de 
anticorpos ou células efetoras (imunidade 
passiva). 
✹ Os linfócitos são as únicas células ca-
pazes de reconhecer antígenos especifi-
camente e são, assim, as principais células 
da imunidade adaptativa. A população total 
de linfócitos consiste em muitos clones, 
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cada um com um único receptor antigê-
nico e especificidade. As duas principais 
subpopulações de linfócitos são as células 
B e as células T, que diferem em seus 
receptores antigênicos e em suas fun-
ções. 
✹ A resposta imune adaptativa é iniciada 
pelo reconhecimento de antígenos estra-
nhos pelos linfócitos específicos. As APCs 
especializadas capturam antígenos micro-
bianos e os apresentam para o reconhe-
cimento pelos linfócitos. Os linfócitos res-
pondem proliferando e se diferenciando 
em células efetoras, cuja função é elimi-
nar o antígeno, e em células de memória, 
as quais possuem respostas aumentadas 
em encontros subsequentes com o antí-
geno. A eliminação dos antígenos fre-
quentemente necessita da participação 
de diversas células efetoras. 
✹ A imunidade humoral é mediada por 
anticorpos secretados pelos linfócitos B e 
é o mecanismo de defesa contra micror-
ganismos extracelulares. Anticorpos neu-
tralizam a infectividade dos microrganis-
mos e promovem sua eliminação pelos 
fagócitos e pela ativação do sistema com-
plemento. 
✹ A imunidade mediada por células é 
mediada por linfócitos T e seus produtos, 
tais como citocinas, sendo importante 
para a defesa contra microrganismos in-
tracelulares. Os linfócitos T auxiliares 
CD4+ ajudam macrófagos a eliminar os 
microrganismos ingeridos e ajudam célu-
las B a produzir anticorpos. Os CTLs 
CD8+ matam as células que abrigam 
patógenos intracelulares, eliminando, as-
sim, reservatórios da infecção. 
ANOTAÇÕES: 
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REFERÊNCIA 
Abbas, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv.. Imunologia celular e molecular. 8. 
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.

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