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Indaial – 2020 Projeto de Instalações HIdrossanItárIas e PreventIvas Profª Ma. Suzan Costa Zilli 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Profª Ma. Suzan Costa Zilli Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: Z69p Zilli, Suzan Costa Projeto de instalações hidrossanitárias. / Suzan Costa Zilli. – Indaial: UNIASSELVI, 2020 189 p.; il. ISBN 978-65-5663-058-8 1. Instalações hidrossanitárias. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 620 aPresentação Querido acadêmico, que satisfação poder escrever para você sobre um assunto tão importante e que faz toda a diferença na vida das pessoas e do planeta! Esse material da disciplina de Projeto de Instalações Hidrossanitárias e Preventivas vem trazer informações importantes e ensinamentos práticos e teóricos para a elaboração de projetos de instalações hidrossanitárias de água fria e quente, instalações hidrossanitárias de esgoto sanitário e de águas pluviais e instalações prediais de prevenção e combate a incêndio. Nesse apanhado de orientações e da indicação das normas técnicas que devem ser seguidas, esperamos que você possa absorver os conceitos e as ideias de como os projetos devem ser elaborados com vista à segurança e conforto dos usuários, seguindo as normativas. Esperamos, ainda, sermos capazes de traduzir essas informações da melhor maneira possível para um melhor entendimento. Para boa leitura e estudo, o material foi dividido em três unidades. A Unidade 1 trata das Instalações Hidrossanitárias de Água Fria e Quente. Nela serão apresentados os conceitos e definições necessárias para compreensão dos sistemas de abastecimento de águas fria e quente em uma edificação. Apresentam-se também as normas brasileiras que norteiam a elaboração dos projetos para um atendimento eficiente, confortável e seguro dos ocupantes e suas demandas por água fria ou quente. Na Unidade 2, abordaremos as Instalações Hidrossanitárias de Esgoto Sanitário e de Águas Pluviais. Esse tema aborda as medidas necessárias para afastar as águas utilizadas na edificação (esgoto) de forma adequada e ambientalmente correta e as águas da chuva que passam pela área da edificação. Apresentam-se as normas e suas exigências e recomendações para cada tipo de projeto, com objetivo de coletar e transportar essas águas da forma mais adequada para segurança e garantia de saúde dos ocupantes e das áreas vizinhas. A Unidade 3 é intitulada Instalações Prediais de Prevenção e Combate a Incêndio e aborda as questões relacionadas a fogos e incêndios em edificações, com enfoque no sistema de combate a incêndio, suas definições e dimensionamentos. Trata-se também de sistema de abastecimento predial de gás combustível, sua elaboração e dimensionamento. Diante disso, esperamos que você tenha um ótimo período de estudo e aprendizagem. Que esse material seja de grande valia na sua formação acadêmica e profissional. Boa leitura! Bons estudos! Profª Ma. Suzan Costa Zilli Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumárIo UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE ........... 1 TÓPICO 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA ..................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 NOÇÕES GERAIS E OBJETIVOS E EXIGÊNCIAS DO PROJETO (NBR 5626/1998) ........... 3 3 SISTEMA DE ABASTECIMENTO E DISTRIBUIÇÃO ............................................................... 6 4 PARTES CONSTITUINTES ............................................................................................................ 10 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 15 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 16 TÓPICO 2 — DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA FRIA ..................................................................... 17 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 17 2 DIMENSIONAMENTO DOS COMPONENTES ........................................................................ 17 2.1 ALIMENTADOR PREDIAL ........................................................................................................ 17 2.2 RESERVATÓRIO ........................................................................................................................... 18 2.3 TUBULAÇÕES DE RECALQUE E DE SUCÇÃO .................................................................... 19 2.4 REDE DE DISTRIBUIÇÃO .......................................................................................................... 20 2.5 SUB-RAMAIS ................................................................................................................................ 22 2.6 RAMAIS ......................................................................................................................................... 23 2.6.1 Consumo máximo possível ................................................................................................ 24 2.6.2 Consumo máximo provável ............................................................................................... 24 2.7 COLUNAS ..................................................................................................................................... 27 2.7.1 Velocidade ............................................................................................................................. 28 2.7.2 Pressões estáticae dinâmica ............................................................................................... 28 2.7.3 Perda de carga ...................................................................................................................... 29 2.7.4 Roteiro de dimensionamento das colunas ....................................................................... 34 2. 8 BARRILETE .................................................................................................................................. 38 2.8.1 Observações importantes.................................................................................................... 39 3 MATERIAIS EMPREGADOS ........................................................................................................ 42 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 44 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 45 TÓPICO 3 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA QUENTE ............................ 47 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 47 2 NOÇÕES GERAIS E EXIGÊNCIAS DO PROJETO ................................................................... 47 3 SISTEMAS DE AQUECIMENTO .................................................................................................. 48 3.1 AQUECEDORES ........................................................................................................................... 49 3.1.1 Aquecedor elétrico ............................................................................................................... 50 3.1.2 Aquecedor a gás ................................................................................................................... 50 4 AQUECEDORES SOLARES ............................................................................................................ 53 4.1 MATERIAIS EMPREGADOS ...................................................................................................... 53 5 DIMENSIONAMENTO DA REDE DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA QUENTE ............. 54 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 56 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 63 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 64 UNIDADE 2 — INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS DE ESGOTO SANITÁRIO E DE ÁGUAS PLUVIAIS............................................................... 65 TÓPICO 1 —INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS DE ESGOTO SANITÁRIO ............... 67 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 67 2 NOÇÕES GERAIS E OBJETIVOS DO PROJETO ...................................................................... 67 3 COMPONENTES DO SISTEMA DE COLETA PREDIAL E MATERIAIS UTILIZADOS . 68 4 DESTINO FINAL DO ESGOTO SANITÁRIO ............................................................................ 73 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 77 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 78 TÓPICO 2 — DIMENSIONAMENTO DAS INSTALAÇÕES .................................................... 79 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 79 2 ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE ESGOTO SANITÁRIO ................ 79 3 DIMENSIONAMENTO DOS COMPONENTES ........................................................................ 80 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 99 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 100 TÓPICO 3 — INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS DE ESGOTO PLUVIAL ................. 101 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 101 2 NOÇÕES GERAIS E OBJETIVOS DO PROJETO .................................................................... 101 3 COMPONENTES DO SISTEMA E DIMENSIONAMENTO ................................................. 103 3.1 VAZÃO DE PROJETO ................................................................................................................ 103 3.2 DIMENSIONAMENTO DAS CALHAS .................................................................................. 108 3.3 CONDUTORES VERTICAIS ..................................................................................................... 111 3.4 CONDUTORES HORIZONTAIS .............................................................................................. 113 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 122 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 123 UNIDADE 3 — INSTALAÇÕES PREDIAIS DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO .................................................................................... 125 TÓPICO 1 — NOÇÕES GERAIS SOBRE FOGO E INCÊNDIO ............................................... 127 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 127 2 GENERALIDADES E CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS ................................................ 127 2.1 O FOGO E AS OPÇÕES DE COMBATE ................................................................................. 127 2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS ..................................................................................... 130 2.3 A ÁGUA COMO AGENTE EXTINTOR .................................................................................. 131 2.4 CONCEITOS E DEFINIÇÕES IMPORTANTES ABORDADOS NA NORMA NBR 13714:2000 .......................................................................................................... 131 3 CLASSIFICAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES .................................................................................... 133 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 139 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 140 TÓPICO 2 — SISTEMA PREDIAL DE COMBATE A INCÊNDIO .......................................... 141 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 141 2 SISTEMAS DE COMBATE A INCÊNDIO ................................................................................. 141 2.1 POR TUBULAÇÃO SOB COMANDO – MANGOTINHOS OU HIDRANTES ................ 141 3 COMPOSIÇÃO DOS SISTEMAS ............................................................................................... 144 3.1 SISTEMAS SOB COMANDO COM RESERVATÓRIO SUPERIOR OU ELEVADO ......... 145 3.2 SISTEMAS SOB COMANDO COM RESERVATÓRIO INFERIOR ...................................... 146 4 DIMENSIONAMENTO DOS COMPONENTES DE SISTEMAS DE HIDRANTES E MANGOTINHOS ...............................................................................................................................147 4.1 RESERVATÓRIO ........................................................................................................................ 147 4.1.1 Reservatório elevado ......................................................................................................... 149 4.1.2 Reservatório enterrado ou apoiado ................................................................................. 149 4.2 BARRILETE E COLUNAS DE INCÊNDIO ........................................................................... 152 4.3 ABRIGOS OU CAIXAS DE INCÊNDIO ................................................................................. 153 4.4 VÁLVULAS DE ABERTURA PARA HIDRANTES OU MANGOTINHOS ...................... 153 5 DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO DA REDE ................................................................ 153 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 162 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 163 TÓPICO 3 — DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA PREDIAL DE GÁS ............................. 165 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 165 2 GENERALIDADES E DEFINIÇÕES IMPORTANTES ........................................................... 165 3 PARÂMETROS E DIMENSIONAMENTO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO ..................... 170 3.1 REDE DE DISTRIBUIÇÃO ........................................................................................................ 170 4 EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO ...................................................................................... 175 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 183 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 185 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 186 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 187 1 UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • descrever os componentes das instalações prediais de água fria e de água quente; • apresentar as normas que regem a elaboração de projetos e suas principais e mais importantes recomendações e exigências; • demonstrar o processo de dimensionamento das unidades das instalações hidrossanitárias de água fria e quente; • capacitar o educando para dimensionamento dos sistemas. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA TÓPICO 2 – DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA FRIA TÓPICO 3 – INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA QUENTE Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA 1 INTRODUÇÃO A água é o principal item para a sobrevivência humana. A disponibilidade de água em condições adequadas e em quantidade suficiente é de extrema importância para a manutenção da saúde e da qualidade de vida das pessoas. Dentro de uma edificação, seja qual for a atividade nela exercida, é fundamental que exista um bom projeto de abastecimento de água, seja para o consumo da atividade em si (produção, limpeza, operação) ou para o consumo humano dos trabalhadores/ocupantes da edificação. Em função da importância da disponibilidade de água e sua relação com a saúde, diversos parâmetros norteiam os projetos, a fim de garantir a qualidade desse recurso e o conforto do usuário. Neste tópico, veremos quais são os conceitos mais importantes ligados ao nosso tema, as informações e as exigências presentes na norma NBR 5626:1998, bem como as partes que constituem o sistema. Formaremos nossa base para discutir e aprender, nos próximos tópicos, a elaboração do dimensionamento em si. 2 NOÇÕES GERAIS E OBJETIVOS E EXIGÊNCIAS DO PROJETO (NBR 5626/1998) O abastecimento de água é uma das principais prioridades das populações, pela importância relacionada ao atendimento das necessidades ligadas à saúde e ao desenvolvimento econômico (TSUTIYA, 2006). Mas a água é um veículo de propagação de doenças, quando não tratada de forma adequada. Por isso, a importância do tratamento para assegurar a qualidade da água distribuída à população. Atualmente, principalmente a água que abastece as populações urbanas precisa passar por tratamento para se tornar potável e garantir seu uso seguro, principalmente quando seu manancial é um recurso hídrico superficial (rio, arroio, lago), comumente mais contaminado que os recursos subterrâneos (lençol freático). De forma geral, o tratamento de água de manancial superficial consiste em um processo de várias etapas. São elas: captação, adução, coagulação, floculação, decantação, filtragem, desinfecção e reservação. A figura a seguir apresenta um sistema de tratamento de água, segundo a SABESP (s.d.). UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE 4 FIGURA 1 – SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA FONTE: <https://bit.ly/3iQFU84>. Acesso em: 22 ago. 2019. Na figura anterior, os números representam as etapas de tratamento elucidadas a seguir, conforme a SABESP (s.d.). 1) Manancial de captação: é a fonte de água que será tratada e distribuída. 2) Captação e bombeamento: em que um sistema de bombas transporta a água captada até a estação de tratamento. 3) Pré-cloração: é uma primeira adição de cloro à água para facilitar os próximos processos de retirada de matéria orgânica e metais. Essa etapa não é utilizada em todas as estações. Sua necessidade varia em função da qualidade da água do manancial. 4) Pré-alcalinização: é a adição de um produto alcalino (cal ou soda) para elevar o pH a valores exigidos para as próximas etapas. 5) Coagulação: que é a adição do coagulante (geralmente sulfato de alumínio ou cloreto férrico) seguida de forte agitação mecânica da água, para facilitar a desestabilização elétrica das partículas de sujeira, o que resulta na aglutinação dessas partículas (formação dos coágulos). 6) Floculação: etapa em que se reduz a velocidade da água para permitir que os coágulos se aglutinem ainda mais, formando flocos. 7) Decantação: etapa em que, com a velocidade da água ainda mais baixa, os flocos que estão maiores e mais pesados, vão se depositando no fundo do decantador (acontece a separação das fases sólida – floco – e líquida – água). 8) Filtração: é a etapa em que a água, chamada de decantada, passa por filtros compostos de camadas de areia e carvão ativado que retém o restante das partículas sólidas que não sedimentaram na etapa anterior. Nesse momento, a água está clarificada. TÓPICO 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA 5 9) Cloração: etapa em que se adiciona cloro na água com a finalidade de inativar os microrganismos patogênicos e garantir a proteção à saúde da população que será abastecida. 10) Fluoretação: é a adição do flúor, em resposta à exigência de legislação, com finalidade de reduzir a incidência de cárie dentária na população. 11) Reservação: é o sistema de armazenamento da água tratada para posterior distribuição. 12) Distribuição: é o sistema que transporta a água do reservatório para demais reservatórios na cidade e para a rede de distribuição. 13) Rede de distribuição é o sistema de canalizações que transportam a água dos reservatóriospara os consumidores (residências, prédios, escolas etc.). 14) Cidade abastecida de água tratada pela rede de distribuição. No site da SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) você pode assistir a uma animação sobre o tratamento de água e todas as etapas envolvidas até que a água seja distribuída para a população: http://site.sabesp.com.br/site/ interna/Default.aspx?secaoId=47. DICAS Os projetos de instalações hidrossanitárias de água fria são normatizados pela Norma Brasileira NBR 5626:1998, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Para que um projeto esteja de acordo com a normatização, ele deve seguir todos os parâmetros estabelecidos por essa norma. Nela, o sistema predial é considerado parte do sistema de abastecimento público e, por isso, deve seguir as mesmas especificações para a manutenção da potabilidade da água que chega da rede de distribuição (no caso de instalações de água potável), bem como atender padrões de qualidade da instalação, verificados por avaliações de desempenho. Diante disso, podemos resumir que os princípios que regem a NBR 5626:1998 são o bom desempenho da instalação e a garantia de potabilidade da água. Além disso, o projeto deve ser realizado de forma a promover a economia de água e de energia, evitar níveis incômodos de ruído nos ambientes ocupados, proporcionar um sistema de fácil e econômica manutenção e proporcionar conforto aos usuários. A rede pública, de forma geral, é quem abastece as edificações nos centros urbanos. A qualidade dessa água é garantida até a chegada à edificação. Garantir a qualidade dessa água e em quantidade adequada é o principal objetivo do projeto de instalações prediais de água fria. O projeto completo de instalações hidráulicas, conforme Creder (2006), deve conter os seguintes itens: UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE 6 • Planta, cortes, detalhes e vistas isométricas, com dimensionamento e traçado dos condutores. • Memórias descritivas, justificativas e de cálculo. • Especificações do material e normas para a sua aplicação. • Orçamento, compreendendo o levantamento das quantidades e dos preços (unitário e global) da obra. O autor ainda afirma a importância da indicação clara da localização das caixas d’água, da rede de abastecimento do prédio, das bombas e dos diversos pontos de consumo. 3 SISTEMA DE ABASTECIMENTO E DISTRIBUIÇÃO Para iniciar o projeto das instalações de água fria, é necessário que se avalie qual será a fonte de abastecimento de água da edificação. Áreas urbanas, geralmente contam com abastecimento da rede pública. Mas é possível que haja uma fonte particular como nascentes e poços, desde que sua qualidade seja garantida (CREDER, 2006). Em casos específicos, pode-se utilizar um sistema de abastecimento misto, ou seja, da rede pública e particular. Ao iniciar o projeto, Carvalho Júnior (2014) salienta a importância de consultar a concessionária de abastecimento local para obtenção de informações a respeito do abastecimento, como pressão, regularidade e a existência de rede pública no local. O tipo de abastecimento é de fundamental importância no projeto, pois dele depende a garantia de atendimento da demanda em quantidade de água e em qualidade para atendimento da população da edificação. Iniciaremos com a definição do cálculo de volume de abastecimento, ou consumo predial diário, ou seja, a estimativa do volume que a população da edificação deve utilizar ao longo de um dia. Para isso, é preciso estimar o número total de pessoas que devem ocupar a edificação e qual o consumo de água per capita. O consumo diário (CD) é dado por: CD = P . q Onde: CD = consumo diário P = população que ocupará a edificação q = consumo per capita (l/dia) Para Creder (2006), para se estimar o número de pessoas da edificação, se considera que cada quarto social é ocupado por 2 pessoas e cada quarto de serviço, por 1. Para locais em que não há definição de ocupação, utiliza-se o quadro a seguir para a estimativa. TÓPICO 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA 7 QUADRO 1 – TAXA DE OCUPAÇÃO EM FUNÇÃO DA NATUREZA DA EDIFICAÇÃO Natureza do local Taxa de ocupação Residências e apartamentos Duas pessoas por dormitório Bancos Uma pessoa por 5 m² de área Escritórios Uma pessoa por 6 m² de área Lojas (pavimento térreo) Uma pessoa por 2,5 m² de área Lojas (pavimento superior) Uma pessoa por 5 m² de área Shopping centers Uma pessoa por 5 m² de área Museu e bibliotecas Uma pessoa por 5,5 m² de área Salões de hotéis Uma pessoa por 5,5 m² de área Restaurantes Uma pessoa por 1,4 m² de área Teatro, cinema e auditório Uma cadeira para cada 0,7 m² de área FONTE: Creder (2006, p. 9) Com o número de pessoas a ser atendido pelo abastecimento, pode-se calcular o volume a ser disponibilizado. Creder (2006) disponibiliza o seguinte quadro, com estimativa de consumo per capita diário para diversos tipos de edificações e atividades nelas desenvolvidas. QUADRO 2 – CONSUMO DE ÁGUA PER CAPITA EM FUNÇÃO DA ATIVIDADE EXERCIDA NA EDIFICAÇÃO Prédio Consumo (em litros) Alojamento provisório 80 per capita Casas populares ou rurais 120 per capita Residências 150 per capita Apartamentos 200 per capita Hotéis (sem cozinha e lavanderia) 120 por hóspede Hospitais 250 por leito Escolas –– internatos 150 per capita Escolas –– externatos 50 per capita Quarteis 150 per capita Edifícios públicos ou comerciais 50 per capita Escritórios 50 per capita Cinemas e teatros 2 por lugar Templos 2 por lugar Restaurantes e similares 25 por refeição Garagens 50 por automóvel Lavanderias 30 por kg de roupa seca Mercados 5 por m² de área UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE 8 Matadouros - animais de grande porte 300 por cabeça abatida Matadouros - animais de pequeno porte 150 por cabeça abatida Fábricas em geral (uso pessoal) 70 por operário Jardins 1,5 por m² FONTE: Creder (2006, p. 9) Per capita é uma expressão de origem latina que significa “por cabeça” ou “por indivíduo”. Assim, quando se lê “150 litros per capita” entende-se “150 litros por pessoa”. NOTA De posse das informações sobre o tipo de edificação/atividade, número de ocupantes e consumo per capita, é possível determinar o Consumo Diário. Exemplo: Um prédio residencial de 20 apartamentos, com 3 quartos sociais cada. Qual é o volume a ser disponibilizado para alimentar o sistema predial de água fria? P = 3x2= 6 pessoas/apartamento x 20 apartamentos = 120 pessoas q = 200l/pessoa.dia CD = P . q CD = 120 . 200 = 24000 l/dia O consumo diário desse prédio é de 24000 litros ou 24 m³. Definida a fonte de abastecimento da edificação, avalia-se como será realizada a distribuição da água após sua chegada. Os sistemas de distribuição, conforme Creder (2006), podem ser de três formas. São elas: • Sistema direto da distribuição: é utilizado nos casos em que a pressão da rede pública é suficiente para abastecer a edificação, sem necessidade de reservação. Nesse caso, o abastecimento é ascendente. TÓPICO 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA 9 FIGURA 2 – ESQUEMA DE SISTEMA DE ABASTECIMENTO DIRETO FONTE: Creder (2006, p. 7) • Sistema indireto de abastecimento, sem bombeamento: nesses casos, a pressão da rede é suficiente, mas o abastecimento é intermitente, ou seja, é inconstante. Assim, se faz necessário a previsão de um reservatório superior que abasteça a edificação (de forma descendente). Comumente utilizado em edificações de até dois pavimentos. FIGURA 3 – ESQUEMA DE ABASTECIMENTO INDIRETO E SEM BOMBEAMENTO FONTE: Creder, (2006, p. 7) • Sistema indireto de abastecimento, com bombeamento: esse sistema se faz necessário em casos em que a pressão não é suficiente e/ou o abastecimento não é contínuo. Para garantir o abastecimento nesses casos, deve-se prever dois reservatórios: um inferior que recebe a água da rede pública; e um superior que recebe água do reservatório anterior, por meio de bombeamento, e que vai abastecer a edificaçãode forma descendente. UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE 10 FIGURA 4 – ESQUEMA DE ABASTECIMENTO INDIRETO E COM BOMBEAMENTO FONTE: Creder (2006, p. 8) 4 PARTES CONSTITUINTES Neste item, serão apresentadas as partes principais das instalações de água fria: ramal predial, cavalete, alimentador predial, reservatório inferior, conjuntos elevatórios, tubulações de sucção e recalque, reservatório superior, barrilete, colunas e ramais de distribuição. A figura a seguir, ilustra uma edificação com todas as partes identificadas para facilitar o entendimento. • Ramal predial é a tubulação que faz ligação entre a rede pública de abastecimento de água e a extremidade ao montante do alimentador predial (se houver reservatório) ou da rede predial de distribuição. A empresa responsável pela distribuição de água local é quem define o ponto onde encerra o ramal predial. • Cavalete é a estrutura onde se instala o hidrômetro. Suas especificações são definidas pela concessionária. • Alimentador predial é a tubulação que interliga o ramal predial ao reservatório/ cavalete ao reservatório inferior ou superior para o abastecimento da edificação. FIGURA 5 – SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO DA EDIFICAÇÃO PELA REDE PÚBLICA FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 30) TÓPICO 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA 11 • Reservatório inferior é o reservatório que recebe a água da rede pública e a armazena para posterior recalque para o reservatório superior (em casos de abastecimento indireto com bombeamento). • Conjunto elevatório, ou sistema de recalque é o sistema responsável por elevar a água até o reservatório superior. É composto por duas bombas centrífugas (uma de reserva), motores elétricos de indução (um para cada bomba), tubulação de sucção e de recalque, registro de gaveta, válvulas de retenção na tubulação de sucção (“válvula de pé”, com crivo) e na tubulação de recalque, comando automático de liga/desliga e quadros elétricos de comando. • Reservatório superior é o reservatório que fica elevado, no topo da edificação, a determinada altura que garanta pressão em todos os pontos de utilização de água, já que ele vai abastecer a rede predial. Devem compor o sistema de reservação, a tubulação que conduz a água do alimentador para o reservatório (ponto de suprimento), a tubulação para o consumo com sistema de ventilação (acima do nível de água interna do reservatório), a tubulação para a limpeza e outra de extravazão. FIGURA 6 – RESERVATÓRIO SUPERIOR E SEUS COMPONENTES FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 36) A tubulação que abastece o reservatório deve conter uma torneira de boia (ou outro semelhante) para garantir o suprimento necessário para manutenção do nível desejado de água no reservatório. A montante do reservatório, nessa tubulação, é recomendável a instalação de um registro que permita interromper a entrada de água para casos de manutenção/limpeza. A tubulação de tomada de água para consumo, por recomendação da NBR 5626, deve estar a certa altura do fundo do reservatório para garantia da potabilidade da água reservada. Esta orientação é importante, visto que as impurezas da água (mesmo que tratada) acabam se depositando no fundo e formando uma espécie de lodo (em função disso também é importante a limpeza periódica). Para reservatórios pequenos (residências unifamiliares ou pequenos prédios) e de fundo plano e liso, a recomendação é que a altura seja de 2 cm. Para reservatórios maiores de fibrocimento, a norma específica NBR 5649 recomenda 3 cm. UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE 12 • Barrilete é a tubulação que inicia no reservatório superior e de onde partem as colunas de distribuição. No caso de abastecimento direto, é a tubulação diretamente ligada ao ramal predial ou diretamente ligada à fonte de abastecimento particular. Segundo Carvalho Júnior (2014), o barrilete pode ser formatado de duas maneiras: concentrado ou ramificado. Na primeira modulação, os registros de operação ficam em uma área restrita, mais próximos à saída do reservatório; na segunda, é possível a utilização de uma quantidade menor de tubulações junto ao reservatório e os registros são mais espaçados e localizados antes do início das colunas de distribuição. FIGURA 7 – DUAS CONFIGURAÇÕES DE BARRILETE: CONCENTRADO (EM CIMA); RAMIFICADO (EMBAIXO) FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 46) TÓPICO 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA 13 • Colunas de distribuição são as tubulações verticais derivadas do barrilete e que alimentam os ramais. Devem conter registro de gaveta a montante do primeiro ramal (CARVALHO JÚNIOR, 2014). O autor também indica que no caso de utilização de válvula de descarga na edificação, seja projetada uma coluna de distribuição apenas para atendimento desses pontos de utilização. No caso de utilizar uma coluna que abasteça ramais e válvula de descarga, a NBR 5626:1998 recomenda a utilização de sistema de ventilação nessa coluna. • Ramais de distribuição são as tubulações de ligação entre as colunas e os sub- ramais, que, por fim, alimentam os pontos de utilização de água fria. FIGURA 8 – PARTES CONSTITUINTES DAS INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 19) UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE 14 Em um abastecimento descendente, a água percorre o seguinte caminho a partir do reservatório superior: barrilete, coluna de distribuição, ramal de distribuição, sub- ramal e, por fim, chega ao ponto de utilização. ATENCAO 15 Neste tópico, você aprendeu que: RESUMO DO TÓPICO 1 • São diversas as partes que constituem as instalações prediais de água fria e que existe uma norma que devemos ter como base para o projeto. • As formas de abastecimento de uma edificação podem variar de acordo com a disponibilidade de água da rede pública ou altura da edificação. • O cálculo da demanda de água de uma edificação é o norteador do projeto e aprendeu a obter esse dado a partir do levantamento inicial dos dados. 16 1 O sistema de abastecimento de água fria de uma edificação é de extrema importância para a garantia de mínimas condições de higiene e de saúde e para o conforto dos seus habitantes. Para tanto, deve-se estimar de forma adequada o volume de água que deve alimentar essa edificação. Essa quantidade de água que deve ser disponibilizada à edificação ao longo do dia chama-se: a) ( ) Consumo per capita. b) ( ) Consumo predial diário. c) ( ) Abastecimento direto. d) ( ) Abastecimento indireto. 2 Um sistema de abastecimento de água fria é formado por vários componentes, cada qual com uma função específica. De acordo com o que vimos no livro didático até aqui, assinale Verdadeiro ou Falso nas seguintes afirmações: a) ( ) Ramal predial é a tubulação que interliga o cavalete ao reservatório inferior. b) ( ) Barrilete é a tubulação que parte do reservatório superior e transporta água para as colunas de distribuição. c) ( ) Colunas de distribuição são aquelas tubulações que conduzem a água diretamente às peças de utilização. d) ( ) Ramal de distribuição é a tubulação que parte da coluna de alimentação e conduz a água ao sub-ramal. AUTOATIVIDADE 17 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA FRIA 1 INTRODUÇÃO O sistema de abastecimento de água fria em uma edificação é uma garantia de conforto no que diz respeito às tarefas domésticas e de higiene. Dimensionar esse sistema de forma a garantir a manutenção dessas condições e ainda disponibilizar água em quantidade e pressão adequadas é o que vamos aprender e discutir nesse tópico. Vamos conversar sobre os parâmetros a ser considerados de acordo com a norma que rege esse dimensionamento e como fazemos para atendê-los. Serão vistos diversos parâmetros hidráulicos que embasam o dimensionamento: velocidade, vazão, perda de carga, pressões. E para esclarecer e fixar melhor o conteúdo, teremos exemplos de exercícios resolvidos. 2 DIMENSIONAMENTODOS COMPONENTES Como visto no tópico anterior, é necessário estimar o volume de água que as pessoas que ocupam a edificação vão consumir por dia. A partir dessa estimativa (consumo diário predial) passa-se a dimensionar os próximos componentes. 2.1 ALIMENTADOR PREDIAL O ramal predial e cavalete são definidos pela concessionária de fornecimento de água. Já o alimentador predial, que conduz a água a partir do cavalete para a edificação pode ser dimensionado baseado no consumo diário, seguindo a equação: Q = CD 86400 Onde: Q = vazão mínima de abastecimento em l/s. CD = consumo diário da edificação em l/dia. 18 UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE A partir da vazão e considerando a velocidade máxima recomendada pela NBR 5626 de 1,0 m/s determinamos o diâmetro pela seguinte equação: Onde: d = diâmetro interno da tubulação em mm; v = velocidade em m/s; Q = vazão em l/s. Exemplo: Considerando o exemplo anterior, em que o CD é de 24000 litros, qual deve ser o diâmetro da tubulação do alimentador predial? Iniciamos com o cálculo da vazão: Depois, aplicamos a fórmula do diâmetro (considerando a recomendação de velocidade de 1,0 m/s): = 18,8mm, adotamos 20mm (diâmetro maior, que garante que a velocidade não seja maior que 1,0 m/s). 2.2 RESERVATÓRIO O volume do reservatório, de acordo com a NBR 5626, deve ser o suficiente para um dia de consumo na edificação, no mínimo. Por conveniência há autores, como Creder (2006), que orientam prever uma reservação de 48 horas de consumo, considerando a possibilidade de intermitências recorrentes na rede pública de abastecimento. Uma consulta prévia à concessionária para conhecer o histórico de abastecimento é a indicada para esse dimensionamento. Em sistema de abastecimento indireto com bombeamento, o volume de reservação deve ser divido em 3/5 para o reservatório inferior e 2/5 para o superior (CREDER, 2006), ou seja, 60% e 40%, respectivamente. Além do volume de consumo, deve- se prever um acréscimo de 15 a 20% para reserva de incêndio. Salienta-se que é interessante que os volumes inferior e superior de reservação sejam divididos em 2 reservatórios cada, para possibilitar as limpezas periódicas e manutenções sem afetar o abastecimento da edificação. Essa recomendação não inclui as residências unifamiliares, em função do pequeno volume reservado. TÓPICO 2 — DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA FRIA 19 O cálculo do volume a ser disponibilizado foi demonstrado no item anterior (consumo diário). Para relembrar: deve-se prever o número de pessoas que vão habitar ou ocupar a edificação e considerar o volume per capita tabelado de consumo diário, de acordo com o tipo de edificação. Exemplo: Considerando o exemplo anterior de um prédio residencial de 20 apartamentos, com 3 quartos sociais cada, temos que o consumo diário deve ser de 24000 l/dia. A partir desse dado pode-se calcular o volume dos reservatórios (reserva de incêndio de 20%): 24000 l/dia. 1,2 (reserva de incêndio) = 28800 l Reservatório inferior: 24000 l . 0,6 = 14400 l + reserva de incêndio 14400 l + 0,2 (24000) = 19200 l Reservatório superior: 24000 l . 0,4 = 9600 l Em caso de reservatórios prontos, utilizam-se unidades com volume mais aproximado, disponíveis comercialmente. 2.3 TUBULAÇÕES DE RECALQUE E DE SUCÇÃO Para dimensionar as tubulações de recalque e sucção do sistema de recalque da água do reservatório inferior para o superior, calcula-se, inicialmente, a vazão das bombas. Considerando que ela deve funcionar por um tempo correspondente a 20% do período de abastecimento (24h), costuma-se utilizar o tempo de 5h de funcionamento para as bombas de recalque. Em caso de residências unifamiliares, o tempo de enchimento do reservatório não deve ser superior a 1h. O dimensionamento é baseado na fórmula de Forchheimer (CREDER, 2006) (deve-se atentar para as unidades de cada variável): Para a tubulação de sucção, o usual é utilizar um diâmetro comercial acima do calculado para a tubulação de recalque. Exemplo: 20 UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE Considerando o exemplo anterior de um prédio residencial de 20 apartamentos, com 3 quartos sociais cada, temos que o consumo diário deve ser de 24000 l/dia e os reservatórios tem os volumes de 19200 l (inferior) e 9600 l superior (total de 28000 l ou 28 m³). Quais devem ser os diâmetros da tubulação de recalque e de sucção? Dados para a fórmula: Q = 28 m³/24h = 1,16m³/h = 3,2 x 10 -4 m³/s X = 5h / 24h = 0,208 Substituindo na fórmula temos D = 0,015 m ou 15 mm. Esse é o diâmetro da tubulação de recalque do sistema de bombeamento. A tubulação de sucção deve ser de 20mm. 2.4 REDE DE DISTRIBUIÇÃO Para o cálculo dos diâmetros da rede de distribuição predial, deve- se determinar todos os pontos de água que estarão disponíveis na edificação, bem como o traçado dessa rede: reservatórios, tubulação de saída, barrilete, colunas, ramais e sub-ramais. A partir do traçado com a definição e indicação dos pontos de utilização e comprimento dos trechos é possível iniciar os cálculos para dimensionamento. A norma indica a utilização de uma planilha para esse processo, onde se indica os trechos de rede de abastecimento, o somatório dos pesos relativos em cada trecho, vazão e velocidade da água. A pressão dinâmica não deve ser inferior a 10 kPa. As exceções são o ponto de caixa de descarga, que podem ser iguais ou menores que 5 kPa, e o ponto da válvula de descarga de bacia sanitária que não deve ser menor que 15 kPa. A pressão estática em qualquer ponto de utilização da rede não deve ultrapassar 400 kPa. As vazões mínimas disponíveis em cada peça devem ser as estabelecidas pela NBR 5626 (Quadro 3), para o bom funcionamento e atendimento da necessidade do usuário, mas deve-se atentar para os limites máximos de vazão e de velocidade para evitar ruídos nas tubulações e problemas ao longo da sua vida útil. O Quadro 4, expressa as velocidades e vazões máximas permitidas em tubulações de acordo com o diâmetro da mesma. QUADRO 3 – VAZÕES MÍNIMAS EXIGIDAS PELA NBR 5626 PARA CADA PEÇA DE UTILIZAÇÃO Aparelho sanitário Peça de utilização Vazão de projeto (l/s) Bacia sanitária Caixa de descarga 0,15 Válvula de descarga 1,70 Banheira Misturador (água fria) 0,30 TÓPICO 2 — DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA FRIA 21 Bebedouro Registro de pressão 0,10 Bidê Misturador (água fria) 0,10 Chuveiro ou ducha Misturador (água fria) 0,20 Chuveiro elétrico Registro de pressão 0,10 Lavadora de pratos ou de roupas Registro de pressão 0,30 Lavatório Torneira ou misturador (água fria) 0,15 Mictório cerâmico com sifão integrado Válvula de descarga 0,50 sem sifão integrado Caixa de descarga, registro de pressão ou válvula de descarga para mictório 0,15 Mictório tipo calha Caixa de descarga ou registro de pressão 0,15 por metro de calha Pia Torneira ou misturador (água fria) 0,25 Torneira elétrica 0,10 Tanque Torneira 0,25 Torneira de jardim ou lavagem em geral Torneira 0,20 FONTE: NBR 5626 (1998, p. 13) QUADRO 4 – VELOCIDADE E VAZÃO MÁXIMA DA ÁGUA EM FUNÇÃO DO DIÂMETRO DA TUBULAÇÃO Diâmetro nominal Velocidade máxima Vazão máxima DN (Ref.) (m/s) (l/s) (mm) (pol) 15 (1/2) 1,6 0,2 20 (3/4) 1,95 0,6 25 (1) 2,25 1,2 32 (1 1/4) 2,5 2,5 40 (1 1/2) 2,5 4,0 50 (2) 2,5 5,7 60 (2 1/2) 2,5 8,9 75 (3) 2,5 12,0 100 (4) 2,5 18,0 125 (5) 2,5 31,0 150 (6) 2,5 40,0 FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 71) 22 UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE Nos itens seguintes, serão apresentadas metodologias de cálculo e dimensionamento da rede de distribuição por tipo e função de tubulação: sub- ramais, ramais, colunas e barrilete. Peça de utilização é aquele componente logo após o sub-ramal que é manipulado pelo usuário e que pelos movimentos de abrir e fechar permite a utilização da água. Exemplo: torneira, válvula de descarga, chuveiro(NBR 5626). NOTA 2.5 SUB-RAMAIS Os sub-ramais, segundo a NBR 5626, tem um valor mínimo de diâmetro que deve ser considerado para o bom atendimento das peças de utilização. Estão apresentados na tabela a seguir. Como ele é a tubulação que liga o ramal à peça de utilização, basta que respeite essa determinação de diâmetro mínimo. QUADRO 5 – DIÂMETROS MÍNIMOS PARA SUB-RAMAIS Diâmetros mínimos dos sub-ramais Peças de utilização Diâmetro mm pol Aquecedor de baixa pressão 20 3/4 Aquecedor de alta pressão 15 1/2 Bacia sanitária com caixa de descarga 15 1/2 Bacia sanitária com válvula de descarga 32 1 1/4 Banheira 15 1/2 Bebedouro 15 1/2 Bidê 15 1/2 Chuveiro 15 1/2 Filtro de pressão 15 1/2 Lavatório 15 1/2 Máquina de lavar pratos ou roupa 20 3/4 Mictório autoaspirante 25 1 Mictório de descarga descontínua 15 1/2 Pia de despejo 20 3/4 Pia de cozinha 15 1/2 Tanque de lavar roupa 20 3/4 FONTE: Creder (2006, p. 19) TÓPICO 2 — DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA FRIA 23 Exemplo: Consideramos um banheiro em que está previsto um ramal para abastecer um lavatório e um chuveiro elétrico, quais devem ser os diâmetros dos sub-ramais para atender essas peças? Segundo a tabela, ambos diâmetros devem ser de 15 mm. É importante observar, ao traçar e dimensionar o sistema, que há alturas recomendadas para a localização de cada ponto de utilização, registros ou outros elementos (CARVALHO JÚNIOR, 2018). O Quadro 6 apresenta as peças de utilização e alturas mais utilizadas. QUADRO 6 – ALTURA RECOMENDADA PARA INSTALAÇÃO DAS PEÇAS OU APARELHOS Simbologia Aparelho ou peça Altura (cm) BS bacia sanitária com válvula 33 BCA bacia sanitária com caixa acoplada 20 DC ducha higiênica 50 BI bidê 20 BH banheira de hidromassagem 30 CH chuveiro ou ducha 220 LV lavatório 60 MIC mictório 105 MLR máquina de lavar roupa 90 MLL máquina de lavar louça 60 PIA pia 110 TQ tanque 115 TL torneira de limpeza 60 TJ torneira de jardim 60 RP registro de pressão 110 RG registro de gaveta 180 VD válvula de descarga 110 FONTE: Adaptado de Carvalho Júnior (2018, p. 60) 2.6 RAMAIS Para o cálculo dos diâmetros dos ramais a serem utilizados, há duas metodologias (CREDER, 2006): pelo consumo máximo possível ou pelo consumo máximo provável. 24 UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE 2.6.1 Consumo máximo possível Este método é utilizado, geralmente, em locais onde todos os pontos de utilização podem ser utilizados ao mesmo tempo (como vestiários de clubes ou de indústrias). Assim, o dimensionamento deve considerar a soma das vazões necessárias para o uso simultâneo em todos os pontos. Para isso, considera- se o método das seções equivalentes, em que os diâmetros dos trechos são dimensionados em função das suas equivalências em relação ao diâmetro de ½ polegada (15 mm). O método utiliza duas tabelas: uma que estabelece os diâmetros mínimos necessários para a alimentação dos aparelhos e outra que estabelece os diâmetros equivalentes para utilização dos critérios. 2.6.2 Consumo máximo provável Nesse sistema de cálculo considera-se o uso simultâneo pouco provável, que é a situação mais recorrente nas edificações. Essa situação acaba sendo mais econômica, visto que os diâmetros empregados podem ser menores que no método anterior. Para o dimensionamento, nesse caso, utiliza- se o método dos pesos equivalentes. A seguir, apresenta-se a tabela de pesos equivalentes a ser considerados para o cálculo. QUADRO 7 – PESOS RELATIVOS CORRESPONDENTES A CADA PEÇA DE UTILIZAÇÃO Aparelho sanitário Peça de utilização Vazão de projeto (l/s) Peso relativo Bacia sanitária Caixa de descarga 0,15 0,30 Válvula de descarga 1,70 32,00 Banheira Misturador (água fria) 0,30 1,00 Bebedouro Registro de pressão 0,10 0,10 Bidê Misturador (água fria) 0,10 0,10 Chuveiro ou ducha Misturador (água fria) 0,20 0,40 Chuveiro elétrico Registro de pressão 0,10 0,10 Lavadora de pratos ou de roupas Registro de pressão 0,30 1,00 Lavatório Torneira ou misturador (água fria) 0,15 0,30 Mictório cerâmico com sifão integrado Válvula de descarga 0,50 2,80 sem sifão integrado Caixa de descarga, registro de pressão ou válvula de descarga para mictório 0,15 0,30 Mictório tipo calha Caixa de descarga ou registro de pressão 0,15 por metro de calha 0,30 TÓPICO 2 — DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA FRIA 25 Pia Torneira ou misturador (água fria) 0,25 0,70 Torneira elétrica 0,10 0,10 Tanque Torneira 0,25 0,70 Torneira de jardim ou lavagem em geral Torneira 0,20 0,40 FONTE: NBR 5626 (1998, p. 28) Para dimensionamento dos ramais, após a identificação dos trechos, deve-se primeiramente determinar a vazão do trecho, de acordo com a fórmula: Onde: Q = vazão em l/s C = coeficiente de descarga = 0,3 l/s ∑P = somatório dos pesos das peças de utilização alimentadas pelo trecho considerado Com a vazão do trecho e a soma dos pesos determinados, Creder (2006) sugere a utilização do normograma seguinte para a determinação do diâmetro da tubulação que relaciona diâmetro, vazão e soma dos pesos (Figura 9). A leitura é feita de forma direta, em linha reta após marcação das variáveis encontradas. Se o diâmetro correspondente estiver na linha pontilhada (área de sobreposição de diâmetros) é aconselhável escolher o diâmetro posterior. 26 UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE FIGURA 9 – NORMOGRAMA DE PESOS, VAZÕES E DIÂMETROS FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 101) Exemplo: Um ramal que alimenta uma cozinha e área de serviço com as seguintes peças de utilização: tanque, máquina de lavar roupa e pia (sem misturador). Qual deve ser o diâmetro desse ramal? TÓPICO 2 — DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA FRIA 27 Tanque: peso 0,7 Máquina de lavar roupa: 1,0 Torneira da pia: 0,1 ∑P = 1,8 C = 0,3 Aplicando na fórmula: Com o somatório dos pesos é possível determinar o diâmetro através do ábaco. Nesse caso, o diâmetro correspondente ao somatório de 1,8 é o diâmetro de 20mm. Esse deve ser o diâmetro para o ramal desse trecho! 2.7 COLUNAS O dimensionamento das colunas, segundo orienta Creder (2006), pode ser realizado seguindo o método Hunter. É importante, nesse momento, ter o esquema vertical das instalações e as peças que serão atendidas em cada coluna. Inicialmente identifica-se as colunas com números e se definem os trechos da coluna nomeando-os com letras a cada derivação para um ramal. Assim, se somam os pesos acumulados de cada trecho, se determina a vazão e o diâmetro (pela fórmula vista anteriormente e uso do ábaco). Os próximos passos são calcular os outros parâmetros hidráulicos: velocidade e perda de carga e verificar as pressões. Lembrando que a velocidade não deve ser maior que 3,0 m/s ou maior que quatorze vezes o diâmetro da tubulação, segundo a NBR, mas vamos considerar a velocidade máxima como 2,5 m/s, como orienta Creder (2006). Caso chegue a uma velocidade maior, deve- se alterar o diâmetro do trecho para um diâmetro maior e refazer a verificação. As pressões devem atender o mínimo previsto no Quadro 8. Caso isso não ocorra, pode-se adotar um diâmetro maior e refazer a verificação, ou aumentar a altura do reservatório. Importante salientar que a mesma coluna pode ter diâmetros diferentes pois, a medida em que a coluna chega nos andares inferiores, necessita transportar cada vez menos água para atender os pontos de utilização, podendo ter o diâmetro reduzido. Os demais parâmetros hidráulicos que precisam ser calculados (como citado anteriormente) são as pressões dinâmica e estática, e as perdas de carga unitária e equivalente. Veremos a seguir: 28 UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE 2.7.1 Velocidade A velocidade, segundo a NBR 5626 (1998), deve ser calculada pela seguinte fórmula: v = 4 x 103 x Q x π-1 x d-2 onde: v é a velocidade, em metros por segundo; Q é a vazão estimada, em litros por segundo; d é o diâmetro interno da tubulação, em milímetros2.7.2 Pressões estática e dinâmica Outro parâmetro hidráulico importante a ser considerado no dimensionamento do sistema é a pressão disponível. A NBR 5626:1998 define pressões máximas para as peças de utilização, sejam pressão estática ou dinâmica. Pressão estática existe quando não há fluxo de água, ou seja, a água está “parada” na tubulação. Pressão dinâmica é aquela existente quando alguma peça está em funcionamento e a água escoa na tubulação. Podem ser expressas em metro de coluna de água (m.c.a) ou em quilopascal (kPa). Edificações muito altas (geralmente acima de 12 pavimentos) podem gerar pressões muito elevadas nos pavimentos inferiores. A NBR 5626:1998 recomenda que a pressão estática máxima não ultrapasse 40 mca, o que Carvalho Júnior (2018, p. 77) ilustra como “a diferença entre a altura do reservatório superior e o ponto mais baixo da instalação predial não deve ser maior que 40 m”. A recomendação, nesses casos, é prever instalação de válvulas redutoras de pressão. A pressão estática inicial para os projetos costuma ser aquela resultante da diferença de cota do fundo do reservatório até o primeiro ponto de análise. Por exemplo: o fundo do reservatório (ponto R) fica a uma altura de 4 metros da primeira curva do barrilete, chamado ponto X; assim, o trecho R-X tem uma pressão disponível de 4 mca, ou 40 kPa. A pressão dinâmica é aquela resultante da diferença entre pressão estática e as perdas de cargas distribuidas e localizadas (CARVALHO JÚNIOR, 2018): Pd = Pe – Δh Onde: Pd = pressão dinamica Pe = pressão estática Δh = perda de carga total Essa pressão não deve ser inferior a 0,5 mca em qualquer ponto da rede, segundo a NBR 5626:1998. TÓPICO 2 — DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA FRIA 29 No Quadro 8, são apresentadas as pressões máximas e mínimas para o bom funcionamento das peças de utilização. A informação de pressão dinâmica mínima é essencial para o dimensionamento da rede (veremos em seguida na planilha de dimensionamento das colunas). Lembramos que as pressões na tabela da NBR 5626:1998 é dada em kPa. Caso se trabalha inicialmente com pressões em m.c.a, basta multiplicar por 10 para obter em kPa. QUADRO 8 – PRESSÕES ESTÁTICAS E DINÂMICAS MÍNIMAS E MÁXIMAS PARA CADA APARELHO OU PEÇA DE UTILIZAÇÃO Aparelho Pressão máxima (mca) Pressão mínima (mca) Estática Dinâmica Estática Dinâmica Aquecedor elétrico de alta pressão 40,0 40,0 1,0 0,5 Aquecedor elétrico de baixa pressão 5,0 4,0 1,0 0,5 Aquecedor a gás (baixa pressão) 5,0 1,0 Aquecedor a gás (alta pressão) 40,0 1,0 Bebedouro 40,0 2,0 Chuveiro de 1/2" (15mm) 40,0 2,0 Chuveiro de 3/4" (20mm) 40,0 1,0 Torneira 40,0 0,5 Torneira-boia de caixa de descarga de 1/2" (15mm) 40,0 1,5 Torneira-boia de caixa de descarga de 3/4" (20mm) 40,0 0,5 Torneira-boia para reservatório 40,0 0,5 Válvula de descarga 1 1/2" (38mm) 6,0 2,0 1,2 Válvula de descarga 1 1/4" (32mm) 15,0 3,0 Válvula de descarga 1" (25mm) 40,0 10,0 FONTE: Creder (2006, p. 16) 2.7.3 Perda de carga O escoamento de um fluído gera um atrito entre suas moléculas, resultando em perda de energia em forma de calor. Essa perda de energia pelo atrito entre as moléculas do fluído e as paredes da tubulação é chamada perda de carga (ou 30 UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE perda de energia entre o início e o fim do escoamento) (CARVALHO JÚNIOR, 2018). No nosso caso, a perda de carga resulta em perda de pressão dinâmica, o que afeta diretamente o bom funcionamento das instalações. As perdas de carga podem ser distribuídas ou localizadas. Distribuída é aquela que acontece ao longo do escoamento na tubulação (então, quanto mais longa for, maior será a perda de pressão dinâmica lá no ponto de utilização); e localizada é aquela perda de carga resultante de um “obstáculo”, como conexões, válvulas, registros, ou qualquer outra peça. Para o cálculo das perdas de carga distribuídas (J) é necessário determinar a perda de carga unitária (em kPa/m), que é aquele valor da perda de carga por unidade de comprimento da tubulação. Ela é calculada levando em consideração o tipo de tubo utilizado. A NBR 5626:1998 recomenda utilização da equação de Fair-Whipple-Hsiao para determinação da perda de carga ao longo dos tubos, conforme segue: Para tubos rugosos (tubos de aço-carbono, galvanizado ou não): J = 20,2 x 106 x Q 1,88 x d - 4,88 Para tubos lisos (tubos de plástico, cobre ou liga de cobre): J = 8,69 x 106 x Q1,75 x d - 4,75 onde: J é a perda de carga unitária (kPa/m); Q é a vazão estimada na seção considerada (l/s); d é o diâmetro interno do tubo (mm). A perda de carga localizada (em peças e conexões) é dada em função do seu comprimento equivalente de canalização (Leq), ou seja, a resistência a passagem da água exercida pela peça é dada, considerando sua equivalência em tubo reto. Vejamos no Quadro 9: um cotovelo de 90 º com diâmetro de 15 mm em tubo rugoso tem um comprimento equivalente de 0,5 m no que se refere à perda de carga que ele representa para o fluido. Esses valores são tabelados na NBR 5626:1998, como pode ser visto na Tabela 9 (para tubo rugoso) e 10 (para tubo liso). A perda de carga total (mca) é a soma das perdas de carga verificadas na tubulação e nas peças por comprimento equivalente (registros, conexões) e é calculada por: (para obter em kPa multiplica-se por 10). Δh = J . Ltotal Onde: Δh = perda de carga no trecho J = perda de carga unitária (m/m) Ltotal = comprimento total (Lreal + Leq) TÓPICO 2 — DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA FRIA 31 QUADRO 9 – COMPRIMENTOS EQUIVALENTES DE CADA CONEXÃO PARA TUBOS RUGOSOS (TUBO DE AÇO CARBONO) Diâmetro nominal (DN) Tipo de conexão Cotovelo 90° Cotovelo 45° Curva 90° Curva 45° Tê passagem direta Tê passagem lateral 15 0,5 0,2 0,3 0,2 0,1 0,7 20 0,7 0,3 0,5 0,3 0,1 1,0 25 0,9 0,4 0,7 0,4 0,2 1,4 32 1,2 0,5 0,8 0,5 0,2 1,7 40 1,4 0,6 1,0 0,6 0,2 2,1 50 1,9 0,9 1,4 0,8 0,3 2,7 65 2,4 1,1 1,7 1,0 0,4 3,4 80 2,8 1,3 2,0 1,2 0,5 4,1 100 3,8 1,7 2,7 -- 0,7 5,5 125 4,7 2,2 -- -- 0,8 6,9 150 5,6 2,6 4,0 -- 1,0 8,2 FONTE: NBR 5626 (1998, p. 29) QUADRO 10 – COMPRIMENTOS EQUIVALENTES DE CADA CONEXÃO PARA TUBOS LISOS (PLÁSTICO, COBRE OU LIGA DE COBRE) Diâmetro nominal (DN) Tipo de conexão Cotovelo 90° Cotovelo 45° Curva 90° Curva 45° Tê passagem direta Tê passagem lateral 15 1,1 0,4 0,4 0,2 0,7 2,3 20 1,2 0,5 0,5 0,3 0,8 2,4 25 1,5 0,7 0,6 0,4 0,9 3,1 32 2,0 1,0 0,7 0,5 1,5 4,6 40 3,2 1,0 1,2 0,6 2,2 7,3 50 3,4 1,3 1,3 0,7 2,3 7,6 65 3,7 1,7 1,4 0,8 2,4 7,8 80 3,9 1,8 1,5 0,9 2,5 8,0 100 4,3 1,9 1,6 1,0 2,6 8,3 125 4,9 2,4 1,9 1,1 3,3 10,0 150 5,4 2,6 2,1 1,2 3,8 11,1 FONTE: NBR 5626 (1998, p. 30) 32 UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE QUADRO 11 – PERDA DE CARGA LOCALIZADA EM PEÇAS DE PVC RÍGIDO FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 78) Por conveniência, pode-se utilizar os ábacos de Fair-Whipple-Hsiao para determinação desses parâmetros. Os ábacos relacionam perda de carga unitária (m/m), velocidade (m/s), vazão (l/s) e diâmetro (pol e mm). Devemos atentar para as unidades de perda de carga: o ábaco dá em metro/metro e a equação de Fair-Whipple-Hsiao, recomendada pela NBR 5626:1998, trabalha com kPa/ metro. A leitura de dados é feita da seguinte maneira: a partir dos dados já obtidos de vazão (l/s) e de diâmetro (mm ou pol), marcam-se esses dois pontos correspondentes nos ábacos (atentar para o tipo de tubulação), traça-se uma reta sobre esses pontos e projeta-se essa reta para os demais ábacos de perda de carga e velocidade. Nos pontos em que a reta cruza esses dois ábacos tem-se os valores para esses parâmetros. TÓPICO 2 — DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA FRIA 33 Ao utilizar os ábacos, devemos prestar atenção quanto ao tipo de material da tubulação que está previsto, já que os parâmetros hidráulicos variam de acordo com o material. IMPORTANTE FIGURA 10 – ÁBACO DE FAIR-WHIPPLE-HSIAO PARA TUBULAÇÕES DE AÇO GALVANIZADO E FERRO FUNDIDO FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 92) 34 UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE FIGURA 11 – ÁBACO DE FAIR-WHIPPLE-HSIAO PARA TUBULAÇÕES DE COBRE E PLÁSTICO FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 93) 2.7.4 Roteiro de dimensionamento das colunas Agora que foram vistos todos os parâmetros necessários para dimensionamento das colunas, vamos resumir o roteiro de dimensionamento pelo método Hunter, de acordo com a tabela disponibilizada na NBR 5626:1998. Coluna 1: colocam-se os trechos da rede de distribuição do ponto mais próximo ao reservatório ou ramal predial para o ponto mais distante (ou de cima para baixo). Coluna 2: somatório dos pesos das peças de utilização de cada trecho, baseado na Tabela 7. TÓPICO 2 — DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA FRIA 35 Coluna 3: calcular a vazão (l/s) baseada na equação . Coluna 4: definição do diâmetro (mm) a partir da vazão no ábaco da figura X. Coluna 5: determinação da velocidade (m/s), por equação ou nos ábacos de Fair- Whipple-Hsiao. Coluna 6: identificação da perda de carga unitária (kPa/m) por equação ou nos ábacos de Fair-Whipple-Hsiao. Atenção para o fato de que os ábacos informam perda de carga em m/m. Nesse caso, multiplica-se por 10 para trabalhar com kPa/m, como orienta a norma. Coluna 7: registrar a diferença de cota entre a entrada e a saída do trecho. Considerar positiva quando a saída tem cota inferior à entrada e negativa em caso contrário (podemos pensar que a água “ganha pressão” quando desce e “perde pressão” quando sobe). Coluna 8: a pressão dinâmica disponível no final do trecho é resultado da pressão disponível residual do início do trecho (coluna 14), somada ou subtraída do produto da diferença de cota (coluna 7) pelo peso específico da água (10 kN/ m³). Ou seja: (coluna 14) ± 10 (coluna 7). Coluna 9: medir o comprimento da tubulação do trecho (dado em projeto). Coluna 10: determinar o comprimento equivalente das peças do trecho e somar ao comprimento real. Coluna 11: determinar a perda de carga da tubulação multiplicando a perda de carga unitária (coluna 6) pelo comprimento total da tubulação (coluna 10). Coluna 12: determinar as perdas de carga de registros e outras singularidades (no caso de não haver esse tipo de peça no dimensionamento, essa coluna pode ser eliminada). Coluna 13: soma das perdas de carga (coluna 11 + coluna 12). Coluna 14: determinação da pressão dinâmica residual na saída do trecho subtraindo a perda de carga total da pressão disponível (coluna 13 – coluna 8). Coluna 15: lançamento das pressões requerida no ponto de utilização para comparação. Se a pressão residual for menor que a requerida ou negativa deve- se alterar o diâmetro da tubulação e refazer os cálculos com o novo diâmetro adotado, maior que o anterior. QUADRO 11 – TABELA DE CÁLCULO DE COLUNAS RECOMENDADA PELA NBR 5626 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Tr ec ho ∑ Pe so s Va zã o es tim ad a D iâ m et ro Ve lo ci da de Pe rd a de c ar ga u ni tá ri a D ife re nç a de c ot a Pr es sã o di sp on ív el C om pr im en to d a tu bu la çã o Pe rd a de c ar ga Pr es sã o di sp on ív el re si du al Pr es sã o re qu er id a Real Equiva-lente Tubula- ção Pe- ças To- tal l/s mm m/s kPa/m m kPa m m kPa kPa kPa kPa kPa FONTE: Adaptado de NBR 5626 (1998, p. 32) 36 UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE Exemplo (CARVALHO JÚNIOR, 2014): Determinar os diâmetros das colunas AF-1 e AF-2 de um edifício com 10 pavimentos. A coluna AF-1 alimenta dez banheiros; a coluna AF-2, 10 cozinhas. Cada banheiro possui um lavatório, uma bacia sanitária com caixa de descarga, uma ducha higiênica e um chuveiro. Cada cozinha possui uma torneira de pia e uma lavadora de pratos. FIGURA 12 – FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 75) Solução: Primeiramente, somam-se os pesos relativos de cada cômodo: TÓPICO 2 — DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA FRIA 37 QUADRO 12 – PESOS RELATIVOS DE CADA PEÇA DE UTILIZAÇÃO Peça de utilização Peso Banheiro 1 lavatório 0,3 1 bacia sanitária com caixa de descarga 0,3 1 ducha higiênica 0,4 1 chuveiro 0,4 Total 1,4 Cozinha 1 torneira de pia 0,7 1 lavadora de pratos 1,0 Total 1,7 FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 75) Em seguida, somam-se os pesos de cada trecho da coluna, para definição do diâmetro (podemos utilizar o normograma da Figura 9). Veja o Quadro 13, com os resultados a seguir: QUADRO 13 – SOMATÓRIO DOS PESOS POR TRECHO E COLUNA COLUNA TRECHO PESO UNITÁRIO PESO ACUMULADO DIÂMETRO (mm) AF-1 AC 1,4 14 40 CD 1,4 12,6 32 DE 1,4 11,2 32 EF 1,4 9,8 32 FG 1,4 8,4 32 GH 1,4 7 32 HI 1,4 5,6 32 IJ 1,4 4,2 32 JK 1,4 2,8 25 KL 1,4 1,4 25 AF-2 BM 1,7 17 40 MN 1,7 15,3 40 NO 1,7 13,6 32 OP 1,7 11,9 32 PQ 1,7 10,2 32 QR 1,7 8,5 32 RS 1,7 6,8 32 ST 1,7 5,1 32 TU 1,7 3,4 25 UV 1,7 1,7 25 FONTE: Carvalho Júnior (2014, p. 75) 38 UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE 2. 8 BARRILETE Até esse ponto já calculamos grande parte da rede de distribuição predial de água, desde o ponto de utilização até as colunas de alimentação. Para o cálculo do barrilete, que transporta água do reservatório até a coluna, Creder (2006) apresenta duas possibilidades: a) O mesmo método de Hunter utilizado para colunas, em que se trabalha com uma perda de carga de 8% (J = 0,08 m/m). Para cálculo da vazão, se divide o reservatório em 2 e cada parte alimenta metade das colunas. Com os valores de perda de carga e de vazão, utiliza-se os ábacos Fair-Whipple-Hsiao para determinação do diâmetro. b) O método das seções equivalentes (citado no item de cálculo de ramais) em que se consideram os diâmetros das colunas, de modo que a metade seja atendida pela metade do reservatório. Porém, esse método pode levar a um dimensionamento de diâmetros exagerados, alerta o autor. Vamos, então, adotar o método de Hunter e ver como funciona o dimensionamento num exemplo a seguir. Exemplo (CREDER, 2006, p. 30): O barrilete a ser dimensionado, conforme a Figura 13, deve alimentar 4 colunas com as seguintes vazões: FIGURA 13 – SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO Coluna 1 = 4 l/s Coluna 2 = 3,5 l/s Coluna 3 = 3,4 l/s Coluna 4 = 3,0 l/s FONTE: Creder (2006, p. 30) Resolução: Considerando o barrilete A-B atendendo as colunas 1 e 2 e o barrilete C-D atendendo as colunas 3 e 4: Vazão em A-B = 7,5 l/s Vazão em C-D = 6,4 l/s Com Q = 7,5 l/s e J = 0,08 m/m no ábaco de Fair-Whipple-Hsiao, calculamos D = 3” Com Q = 6,4 l/s e J = 0,08 m/m, encontramos D = 3” TÓPICO 2 — DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA FRIA 39 2.8.1 Observações importantes Carvalho Júnior (2014), explica que o ponto mais crítico para o abastecimento dentro de uma edificação é o chuveiro, que necessita de uma pressão mínima de 1 mca (10kPa). O autor salienta que a verificação da pressão pode ocorrer apenas nos trechos que abastecem o chuveiro do primeiro pavimento já que, sendo o ponto mais crítico e, se for atendido, é garantido que os pontos a montante possuem pressão suficiente. Para tal, se definem os trechos do caminho mais longo do reservatório até o chuveiro e se trabalha com todos os valores da planilha para verificação da pressão residual disponível. Exemplo (CARVALHO JÚNIOR, 2014): Calcular as vazões e os diâmetros correspondentes dos trechos do barrilete representado na figura a seguir. Calcular também a pressão dinâmica no início da coluna mais desfavorável. Os pesos relativos das colunas são os seguintes: TABELA 14 – PESOS RELATIVOS DE CADA COLUNA INDICADA COLUNA ∑PESO COLUNA ∑PESO AF-1 14 AF-5 14 AF-2 17 AF-6 17 AF-3 17 AF-7 14 AF-4 14 AF-8 17 FONTE: Adaptada de Carvalho Junior (2014) FIGURA 14 – SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA POR BARRILETES E COLUNAS FONTE: Carvalho Junior (2014, p. 67) 40 UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIASDE ÁGUA FRIA E QUENTE Inicialmente, determina-se a soma dos pesos equivalentes para cada trecho do barrilete, como pode ser visto no quadro a seguir: QUADRO 15 – SOMATÓRIO DOS PESOS DAS COLUNAS POR TRECHO TRECHO COLUNAS ABASTECIDAS PESO R-X AF-1 + AF-2 + AF-3 + AF-4 + AF-5 + AF-6 + AF-7 + AF-8 124 X-A AF-1 + AF-2 + AF-3 + AF-4 62 A-B AF-1 + AF-4 28 B-C AF-4 14 B-D AF-1 14 A-E AF-2 + AF-3 34 E-F AF-3 17 E-G AF-2 17 R'-X' AF-1 + AF-2 + AF-3 + AF-4 + AF-5 + AF-6 + AF-7 + AF-8 124 X'-A' AF-1 + AF-2 + AF-3 + AF-4 62 A'-B' AF-5 + AF-7 28 B'-C' AF-7 14 B'-D' AF-5 14 A'-E' AF-6 + AF-8 34 E'-F' AF-8 17 E'-G' AF-6 17 FONTE: A autora Após, calculam- se as vazões e determinam-se os diâmetros pelo ábaco que relaciona pesos e diâmetros. QUADRO 16 – CÁLCULO DAS VAZÕES EM FUNÇÃO DOS PESOS TRECHO PESO VAZÃO (l/s) DN (mm) R-X 124 3,34 50 X-A 62 2,36 50 A-B 28 1,59 40 B-C 14 1,12 40 B-D 14 1,12 40 A-E 34 1,75 40 E-F 17 1,24 40 E-G 17 1,24 40 R'-X' 124 3,34 50 X'-A' 62 2,36 50 A'-B' 28 1,59 40 B'-C' 14 1,12 40 TÓPICO 2 — DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA FRIA 41 B'-D' 14 1,12 40 A'-E' 34 1,75 40 E'-F' 17 1,24 40 E'-G' 17 1,24 40 FONTE: A autora Para o cálculo da pressão no ponto mais desfavorável, inicialmente definimos qual é o ponto no barrilete. Para isso, deve-se considerar a coluna mais distante, em que a água percorre um caminho maior para chegar (e, consequentemente, tem uma maior perda de carga). Nesse caso, consideramos o trecho R’X, que alimenta a coluna mais distante AF3. Vejamos: se o reservatório da esquerda é fechado para manutenção, todas as colunas são alimentadas pelo reservatório da direita. E, a partir desse ponto, a coluna mais distante é a AF3. A partir dessa definição, calculamos as perdas de carga em cada trecho do barrilete até a coluna AF3. QUADRO 17 – PARÂMETROS HIDRÁULICOS CALCULADOS PARA OS TRECHOS FONTE: A autora Com o valor da pressão no ponto mais desfavorável (ponto F) podemos calcular a pressão no chuveiro. Para isso, analisa-se os trechos de tubulação a partir do ponto F até o chuveiro. Vejamos a seguir: FIGURA 16 – TUBULAÇÃO DA COLUNA AF3 QUE ALIMENTA O RAMAL DO CHUVEIRO FONTE: Adaptada de Carvalho Junior (2014) 42 UNIDADE 1 — INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA FRIA E QUENTE O trecho F-H alimenta o chuveiro, a bacia sanitária e o lavatório. O trecho H-CH alimenta apenas o chuveiro. Calcula-se a soma de pesos do trecho: QUADRO 18 – PEÇAS DE UTILIZAÇÃO E PESOS Peça Peso 1 lavatório 0,3 1 bacia sanitária com caixa de descarga 0,3 1 chuveiro (misturador) 0,4 FONTE: A autora Em seguida, determinam-se as perdas de carga dos trechos para cálculo da pressão disponível residual. No caso, a pressão é satisfatória. QUADRO 19 – PARÂMETROS HIDRÁULICOS CALCULADOS PARA OS TRECHOS FONTE: A autora 3 MATERIAIS EMPREGADOS Ao elaborar o projeto de instalações de água fria, executando todas as etapas fundamentais de análise, concepção, dimensionamento, não se pode deixar de lado, também, o cuidado com a escolha dos materiais que serão empregados na execução. Qualquer peça de má qualidade utilizada pode ser uma futura “dor de cabeça”, comprometendo a qualidade do serviço e a funcionalidade das instalações. É importante, nesse quesito também, considerar o que nos traz a NBR 5626 (1998) quanto às especificações dos materiais. Segundo Carvalho Júnior (2014), o material mais utilizado para as tubulações e outros componentes em instalações prediais de água fria são o cloreto de polivinila (PVC rígido), o aço galvanizado e o cobre. Especificamente para condução de água potável, são usados dois tipos de PVC: PVC rígido soldável marrom e o PVC rígido roscável branco. O primeiro é fabricado com diâmetros externos que variam de 20 a 110mm; o segundo, com diâmetros de ½ a 4”. Atualmente, o PVC é o material mais utilizado em função das suas diversas qualidades em comparação aos demais materiais. São elas: leveza do material, o que facilita o transporte, o manuseio; a resistência à corrosão; a durabilidade indeterminada; o baixo custo e a redução da perda de carga, em função das suas paredes lisas. TÓPICO 2 — DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA FRIA 43 O PVC não é indicado para uso sob temperaturas mais elevadas, situação em que sua durabilidade reduz drasticamente, bem como quando exposto ao sol de forma prolongada. Em casos em que há necessidade de tubulações resistentes a altas temperaturas (como em instalações de combate a incêndio) ou que fiquem expostas e sob incidência do sol, utilizam-se tubulações e conexões de material metálico, principalmente o ferro galvanizado. Para os componentes utilizados como controladores de fluxo (torneira, misturador, registros de gaveta e pressão, válvulas de descarga, retenção e alívio) os materiais de confecção são mais diversos. Essas peças podem ser encontradas em bronze, ferro fundido, latão e PVC. Lembrando, que devem sempre estar sob especificações de norma correspondente. 44 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • O dimensionamento do sistema predial de água fria envolve diversos componentes. • Existe uma norma específica que define os parâmetros mínimos e máximos a serem atendidos na elaboração e execução do projeto (como pressões dinâmica e estática e vazões que devem atender às peças de utilização). • Existe uma metodologia aplicada na prática para o dimensionamento de cada componente da rede. • Os materiais utilizados devem ser considerados no projeto, de acordo com as necessidades de atendimento do mesmo. • Além disso, praticamos por meio dos exemplos o dimensionamento de redes de distribuição de água em uma edificação. 45 1 A presença de reservatórios em edificações é importante para a manutenção do abastecimento de água em quantidade e pressão suficientes em caso de oscilações na rede pública de abastecimento. Para dimensionamento dos mesmos, considera-se o consumo diário dos habitantes. Determine o volume a ser reservado em uma edificação com 15 andares, 4 apartamentos por andar e 3 quartos sociais cada. Considere a reserva de 20% para incêndio. Como você dividiria esse volume? R.: 2 Considere uma residência com um banheiro em que o ramal irá alimentar uma bacia sanitária com caixa de descarga, um chuveiro elétrico e uma torneira (lavatório). Qual deve ser o diâmetro desse ramal? E dos sub- ramais? E se o ramal alimentasse também uma banheira, haveria alteração do diâmetro? R.: 3 O dimensionamento de um sistema de abastecimento predial é regido pela norma NBR 5626:1998 (Ano), que elucida vários critérios a serem atendidos. Por recomendação da norma, qual peça de utilização deve ter uma coluna exclusiva para o seu abastecimento? a) ( ) Chuveiro (misturador). b) ( ) Válvula de descarga. c) ( ) Torneira de jardim. d) ( ) Máquina de lavar roupas. AUTOATIVIDADE 46 47 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS DE ÁGUA QUENTE 1 INTRODUÇÃO Receber água quente direto no ponto de utilização é uma facilidade para certas tarefas domésticas, ou mesmo algo indispensável quando se pensa em edificações hospitalares, hoteleiros, de lavanderia etc. Diversos são os tipos de equipamentos que podem fornecer água quente em uma edificação, variando de acordo com a demanda de água e com a disponibilidade energética. Existem aquecedores a gás, eletricidade e a energia solar, que torna o sistema mais sustentável, visto que utiliza uma fonte de energia renovável e sem impacto ambiental durante sua produção. Neste tópico, vamos abordar os tipos de aquecedores mais utilizados, bem como quais são os parâmetros considerados para determinar o tipo e a capacidade do aquecedor. Será apresentada também a metodologia mais utilizada para o dimensionamento da rede de abastecimento de água quente. 2 NOÇÕES GERAIS E EXIGÊNCIAS DO PROJETO Os projetos de abastecimento de água quente em uma edificação são normatizados pela NBR 7198, de 1993, que define as exigências técnicas mínimas
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