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ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA INTRODUÇÃO - Fundamenta-se na definição da Convenção de Belém do Pará (1994), segundo a qual a violência contra a mulher constitui “qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado” (Art. 1°). - Tipos de violência: a. doméstica: entendida como qualquer ação ou omissão baseada no gênero que cause à mulher morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial no âmbito da unidade doméstica, no âmbito da família ou em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação (Lei nº 11.340/2006). A violência doméstica contra a mulher subdivide-se em: violência física, violência psicológica, violência sexual, violência patrimonial e violência moral; b. física: qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher; c. sexual: ação que obriga uma pessoa a manter contato sexual, físico ou verbal, ou participar de outras relações sexuais com uso da força, intimidação, coerção, chantagem, suborno, manipulação, ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule o limite da vontade pessoal; d. psicológica: conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima da mulher ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; e. moral: qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria; f. patrimonial: qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; g. institucional: praticada, por ação e/ou omissão, nas instituições prestadoras de serviços públicos. Mulheres em situação de violência são, por vezes, ‘revitimizadas’ nos serviços quando: são julgadas; não têm sua autonomia respeitada; são forçadas a contar a história de violência inúmeras vezes; são discriminadas em função de questões de raça/etnia, de classe e geracionais. Outra forma de violência institucional que merece destaque é a violência sofrida pelas mulheres em situação de prisão, que são privadas de seus direitos humanos, em especial de seus direitos sexuais e reprodutivos. - A violência contra as mulheres em todas as suas formas (doméstica, psicológica, física, moral, patrimonial, sexual, tráfico de mulheres, assédio sexual, etc.) é um fenômeno que atinge mulheres de diferentes classes sociais, origens, idades, regiões, estados civis, escolaridade, raças e até mesmo a orientação sexual. - O fenômeno da violência doméstica e sexual praticado contra mulheres constitui uma das principais formas de violação dos Direitos Humanos, atingindo-as em seus direitos à vida, à saúde e à integridade física. - Fundação Perseu Abramo (2010), apontam que aproximadamente 24% das mulheres já foram vítimas de algum tipo de violência doméstica. Quando estimuladas por meio da citação de diferentes formas de agressão, esse percentual sobe para 40%. - Enquanto os homens tendem a ser vítimas de uma violência predominantemente praticada no espaço público, as mulheres sofrem cotidianamente com um fenômeno que se manifesta dentro de seus próprios lares, na grande parte das vezes praticado por seus companheiros e ex-companheiros. - Há carência de dados oficiais sobre violência doméstica – falta de notificações, falta de denúncias. - A percepção é de que a violência doméstica é um problema da maior gravidade, existe e gera consequências que atingem – física e psicologicamente – as mulheres vitimadas. - Diante da dimensão do problema tanto em termos do alto número de mulheres atingidas quanto das consequências psíquicas, sociais e econômicas foi criado em 2006 uma lei específica para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher - Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha). - POLÍTICA NACIONAL DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES: tem por finalidade estabelecer conceitos, princípios, diretrizes e ações de prevenção e combate à violência contra as mulheres, assim como de assistência e garantia de direitos às mulheres em situação de violência, conforme normas e instrumentos internacionais de direitos humanos e legislação nacional. REDE DE ATENDIMENTO À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA – SERVIÇOS Centros de Referência de Atendimento à Mulher Núcleos de Atendimento à Mulher Casas-abrigo Casas de Acolhimento Provisório Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) Núcleos ou Postos de Atendimento à Mulher nas Delegacias comuns Polícia Civil ou Militar Instituto Médico Legal Defensorias da Mulher Juizado de Violência Doméstica e Familiar Central de Atendimento à Mulher (180) Ouvidorias Ouvidoria da Mulher da Secretaria de Políticas para as Mulheres Serviços de Saúde voltados para o atendimento dos casos de violência sexual e doméstica Posto de Atendimento Humanizado nos Aeroportos Núcleo da Mulher da Casa do Migrante ATENDIMENTO E ACOMPANHAMENTO: - Atenção Básica é porta de entrada. - Esse atendimento pode ser na unidade de saúde próxima à casa da mulher ou em qualquer outra unidade de saúde conforme se sintam seguras e confortáveis em dizer o que estão passando. O mais importante é garantir o acesso de forma fácil e sigilosa para que a mulher se sinta segura e possa ter sua saúde preservada. - Pode-se procurar diretamente UPA e Hospitais. - O acolhimento deve ser realizado preferencialmente por uma mulher. Deve-se: oferecer atendimento humanizado, tratar a paciente como gostaria de ser tratado, tratar a usuária com respeito e atenção, disponibilizar tempo para uma conversa tranquila, manter sigilo das informações, proporcionar privacidade, notificar o caso, evitar revitimização, não fazer perguntas indiscretas, não emitir juízo de valor, afastar culpas, validar sofrimentos e ter conduta profissional frente à demanda do usuário, correspondendo às suas expectativas e necessidades. Atendimento às vítimas de violência psicológica: - Médico ou enfermeiro avaliarão a paciente, darão apoio de forma que garantam o sigilo da paciente e farão orientação sobre denúncias e sobre o acompanhamento na unidade de saúde frequente. Esses mesmos profissionais notificarão o caso no sistema de notificação compulsória da secretaria de saúde. - Encaminharão a paciente para avaliação e acompanhamento imediato de psicólogo e assistente social na própria unidade ou no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) que darão continuidade no caso com encaminhamento para delegacia, casas de apoio ou outros encaminhamentos para resolutividade do caso. - Caso a paciente precise de medicamentos (ansiedade, depressão...) médico passará a medicação e a acompanhará. - O agente comunitário de saúde poderá ficar em constante contato com a paciente para avaliar suas necessidades após as consultas e fazer a ponte entre a paciente e a unidade de saúde para facilitar o acesso para a paciente. Atendimento às vítimas de violência física: - Médico ou enfermeiro avaliarão a paciente, darão apoio de forma que garantam o sigilo da paciente e farão orientação sobre denúncias e sobre o acompanhamento frequente na unidade de saúde. Esses mesmos profissionais notificarão o caso no sistema de notificaçãocompulsória da secretaria de saúde. - Caso a paciente precise de medicamentos (dor ou para ansiedade, depressão...) o médico passará a medicação e a acompanhará. Caso haja fraturas ou lesões mais graves encaminharão a paciente para serviços de urgência ou emergência (UPA’S ou Hospitais). - Além disso encaminharão a paciente para avaliação e acompanhamento imediato de psicólogo e assistente social na própria unidade ou no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) que darão continuidade no caso com encaminhamento para delegacia, casas de apoio ou outros encaminhamentos para resolutividade do caso. - O agente comunitário de saúde poderá ficar em constante contato com a paciente para avaliar suas necessidades a pós as consultas e fazer a ponte entre a paciente e a unidade de saúde para facilitar o acesso para a paciente. Atendimento às vítimas de violência sexual: - Médico ou enfermeiro avaliarão a paciente, darão apoio de forma que garantam o sigilo da paciente, farão orientação sobre denúncias e sobre o acompanhamento frequente na unidade de saúde. Esses mesmos profissionais notificarão o caso no sistema de notificação compulsória da secretaria de saúde e encaminharão a paciente ao Ser viço de Atenção Especializada à Pessoas em Situação e Violência Sexual (SAVIS) no Hospital e Maternidade Dona Regina. No SAVIS, a vítima de violência sexual recebe atendimentos de urgência ou ambulatorial a depender do caso. - O atendimento de urgência ocorrerá quando a mulher procurar o serviço em até 72 horas: receberá medicação adequada para prevenir infecções sexualmente transmissíveis e gravidez, serão avaliadas por psicólogo, médico e assistente social e serão encaminhadas para delegacias, casas de apoio ou outros encaminhamentos para resolutividade do caso. - Já o atendimento ambulatorial correrá para aquelas que procuram o serviço com mais de 72 horas onde serão avaliadas por psicólogo, médico e assistente social e serão encaminhadas para delegacias, casas de apoio ou outros encaminhamentos para resolutividade do caso, além de poderem optar pelo aborto caso tenham engravidado após a violência sexual e estejam com até 20-22 semanas de gestação (em torno de 5 meses) e feto até 500g.
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