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1 ANÁLISE FARMACOLÓGICA DAS ESTATINAS A maioria dos artigos selecionados para a presente monografia apresentou metodologia de estudo clínico, multicêntrico, fase III, randomizado, duplo-cego e de seguimento de 4 – 12 semanas. Esses estudos buscaram informações sobre a segurança e a efetividade comparando estatinas entre si, bem como, associações de fármacos. Shah et al. (2016) relataram os trabalhos: PRISMA (Inibição do Receptor de Plaquetas no Controle da Síndrome Isquêmica); SATURN (Estudo de Ateroma Coronário por Ultrassom Intravascular; efeito da Rosuvastatina versus Atorvastatina); CENTAURUS (Comparação dos Efeitos Observados na Proporção ApoB: ApoA-1 usando Rosuvastatina ou Atorvastatina em Pacientes com Síndrome Coronariana Aguda); e LUNAR (Limitando o Tratamento Insuficiente de Lipídios em ACS com Rosuvastatina). Em outra pesquisa, STELLAR (Terapia de Estatina para Níveis de Lípideos Elevados comparando Doses Cruzadas de Rosuvastatin), a rosuvastatina de 10–40 mg/dia reduz o LDL-C em 46–55%. Até o momento, esse fármaco mostrou ser a única estatina capaz de reduzir o conteúdo lipídico da placa aterosclerótica (STRILCHUK et al., 2020). Pesquisa de revisões sistemáticas e diretrizes de declaração de meta- análises PRISMA também foi encontrada. Segundo Awad et al. (2017), todas as etapas do estudo foram realizadas de acordo com o manual B Cochrane. Esse estudo foi registrado no PROSPERO (International Prospective Register of Ongoing Systematic Reviews) na Universidade de York. Strilchuk et al. (2020) relatou o estudo de meta-análise VOYAGER (Meta- Analysis of comparative efficacy of increasing dose of Atorvastatina, versus Rosuvastatin versus Sinvastatin) que comparou os efeitos da rosuvastatina, atorvastatina e sinvastatina. Além desses, Shah et al. (2016) realizou o estudo observacional pós- comercialização de 12 semanas, aberto, multicêntrico, verificando a eficácia e segurança da rosuvastatina 40 mg / dia em pacientes indianos de risco muito alto ou alto risco, de acordo com as diretrizes do NCEP ATP III. Os pesquisadores avaliaram a história de miopatia com aumento dos níveis da enzima creatina fosfoquinase (CPK). AS ESTATINAS As estatinas são inibidores da HMG-CoA redutase que é a enzima sintetizadora do mevalonato, composto essencial para a formação de colesterol. Assim, as estatinas bloqueiam a síntese de colesterol no fígado pela inibição competitiva da HMG-CoA redutase. Outra ação farmacológica consiste em aumento dos receptores de LDL nos hepatócitos e redução da produção de apoB (BEZIN & MOORE, 2019; MALLOY & KANE, 2014; WITZTUM, 1996). (Figura 7) Figura 1: Síntese de Colesterol e o site de ação das estatinas. Fonte: Cheng & Leiter (2004). Conforme Strilchuk et al. (2020) e SBC (2019, 2017) a ação das estatinas ocorre por meio do efeito pleiotrópico, da liberação de óxido nítrico e da mobilização de células progenitoras endoteliais. O efeito pleiotrópicos consiste na inibição da atividade pró-inflamatória, por meio da capacidade de reduzir o nível sérico da proteína C reativa de alta sensibilidade (PCR-us) e de estabilizar as placas ateroscleróticas. A sinvastatina é um pró-farmaco da lactona inativo que é hidrolisado no trato gastrointestinal em derivados do -hidroxila ativos. Por sua vez, a atorvastatina apresenta-se da mesma estrutura química, porém contém flúor. Ambos os fármacos são lipofílicos (MALLOY & KANE, 2014). (figura 8) A rosuvastatina é uma estatina hidrofílica, o grupo polar metano-sulfanamida (ver destaque na figura 8) confere essa característica, assim exibe baixa lipofilicidade comparada com as outras estatinas (exceto da pravastatina). Em vista disso, exibe alta seletividade por proteínas transportadoras de ânions orgânicos especificos do fígado (OATPs). Logo, há seletividade para com hepatócitos com mínima captação por outros tecidos (LI et al., 2019; BARGE-CABALLERO et al., 2015; CHENG & LEITER, 2004). Figura 2: Estrutura química dos fármacos sinvastatina, atorvastatina, rosuvastatina e HMG-CoA Fonte: Santiago (2011) Fonte: Wikipédia (2021) Ademais, de acordo com Cheng & Leiter (2004), a rosuvastatina apresenta interação polar entre o grupo sulfônico eletronegativo e a cadeia Arg da HMG-CoA redutase (ver destaque na figura 8). Isso confere potente inibição da enzima, mesmo em baixas concentrações do fármaco. Figura 3: Sítios de Inibição da enzima HMG- CoA Fonte: Malloy & Kane (2014) De acordo com SBC (2017) e Shah et al. (2016), as estatinas diminuem a hipercoagulação e, consequentemente, melhoram a função endotelial do vaso lesado. Essas também podem reparar o endotélio danificado promovendo a mobilização de células progenitoras e acelerando a reendotelização dos vasos lesados. Alem disso, conforme Shah et al. (2016), as estatinas regulam positivamente a expressão do óxido nítrico na síntese endotelial revertendo a disfunção endotelial. De acordo com Nesti et al. (2019), as estatinas podem reduzir a incidência de ECVs, benefício que é proporcional ao o gradiente de [LDL-c] (valor reduzido de LDL-c) no plasma em relação aos valores basais de LDL-c. As estatinas fornecem redução de 0,55% do risco de doenças ateroscleróticas para cada redução de 1 mg/dL de LDL-c plasmático. Em outras palavras, 21% de redução de doenças ateroscleróticas por 38 nmol/L de LDL-c. Em vista de as estatinas reduzem a incidência de ECVs são empregas na prevenção primária para tratar a aterosclerose e na prevenção secundária como farmacoterapia de ECVs (NESTI et al., 2019). A Figura 10 é uma representação gráfica empregada para selecionar a intensidade da estatina de acordo com a meta terapêutica. Figura 4: As alterações absolutas previstas no LDL-c de acordo com os valores basais de LDL-c no plasma e a intensidade da terapia das estatinas Fonte: Nesti et al. (2019) Essa figura, segundo Nesti et al. (2019), pode ser correlacionada com a Figura 11, a seguir, para a escolha da estatina adequada de acordo com o plano terapêutico. E a Tabela 16 apresenta a intensidade versus a mg/dL das estatinas. Figura 5: Efetividade (%) no declínio de LDL-c das diferentes estatinas. Fonte: García et al.(2011) Tabela 1: Alta, moderada e baixa intensidade das estatinas. Estatina Intensidade alta (mg/d) Intensidade moderada (mg/d) Intensidade baixa (mg/d) Atorvastatina 40-80 10-20 - Fluvastatina - 80(ou 40, 2-2 dias) 20-40 Lovastatina 40-60 10-20 Pravastatina 40-80 10-20 Rosuvastatina 20-40 5-10 - Sinvastatina 80 20-40 5-10 Fonte: Colantonio et al. (2019) De acordo com Awad et al. (2017), as estatinas são eficazes na redução do colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) em até 52% e triglicerídeos (TG) em até 44%. Além disso, eles aumentam o colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL-c) em até 10%. Para cada redução de 1,0 mmol/L (38,7 mg/dL) do LDL-c, há uma queda correspondente de 20–25% na mortalidade por doença cardiovascular (DCV) . Segundo Araujo et al. (2007), a redução absoluta de 1mg/dL de LDL-c reduz o risco de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e Doenças Ateroscletóticas em 0,16% (1º ano), 0,72% (2º ano), 1,03% (3º ano), 0,90% (4º ano), 0,85% (5º ano) e 0,85% (6º ano). Fato confirmado por García et al. (2010) que relataram que a redução de 1mg/dL de LDL-c diminui 1% de chance de haver ECVs. Bem como por Pinto et al. (2008), os quais defendem que redução em 60 mg/dL LDL-c diminui o risco de IAM em 60% e de AVC em 17% (prevenindo tromboembolia e hemorragias cerebrais). García et al. (2010) complementam que a diminuição de 37% (1,8 mmol/L) de LDL-c com estatinas reduz para 77% o risco de ECVs em pacientes com 50 anos, 61% para pacientescom 60 anos e 49% para acima de 70 anos. Ademais, tratamento com estatinas reduz a incidência de AVC em 21%, além de 10% a menos de LDL-c proporcionar a redução de 16% o risco de AVC. Conforme Nesti et al. (2019) as estatinas fornecem redução de 0,55% do risco de doenças ateroscleróticas para cada redução de 1 mg/dL de LDL-c plasmático. Em outras palavras, 21% de redução de doenças ateroscleróticas por 38 nmol/L de LDL-c. O estudo de Khan et al. (2018) evidenciaram o uso de estatinas como estratégia de prevenção para a redução de risco de injuria aguda dos rins após cateterismo cardíaco. De acordo com a pesquisa, o efeito pleiotrópico das estatinas pode melhorar a função do endotélio, estabilizar as plaquetas ateroscleróticas, reduzir o estresse oxidativo e, assim, impedir o processo de indução de apoptose de células tubulares. Por essa razão, as estatinas são efetivas em emergências de cateterismo cardíaco. Porém, o estudo PRISMA demonstrou que a suspensão precoce do tratamento com estatinas logo após os sintomas de Síndrome Coronariana Aguda (SCA) aumenta o risco de eventos cardíacos (SHAH et al., 2016). Por outro lado, as estatinas apresentam efeitos adversos (EAs) graves. O mais leve é a mialgia caracterizada por dor muscular e câimbras/cãibras. A miopatia definida como elevação da creatinina-quinase acima de 10 vezes o limite normal, causando dor, desconforto, fraqueza muscular e câimbras/cãibras. Por sua vez, a habdomiólise que é a necrose do tecido muscular. E por último, as hepatites definidas como a elevação das transaminases hepáticas devido à dose-dependente de estatinas, ocorrendo em torno de 0,5-2% dos pacientes tratados (CHENG & LEITER, 2004). (Ver Tabela 18) COMPARAÇÃO ENTRE A SINVASTATINA, ATORVASTATINA E A ROSUVASTATINA Segundo Mcaffe et al. (2010) a atorvastatina é mais prescrita nos Estados Unidos da America (EUA) e no Canadá. A sinvastatina é mais empregada na Holanda e no Reino Unido. Por sua vez, a rosuvastatina é o fármaco de substituição após o tratamento fracassado com a atorvastatina e a sinvastatina. As estatinas de alta intensidade, como a rosuvastatina e a atorvastatina, fornecem melhores resultados, efeitos pleiotrópicos (redução do processo inflamatório) e ação sobre o NO independente, incluindo proteção anti-inflamatória, antioxidante, antitrombótica e endotelial; embora também possam promover miopatia e diabetes de início recente (STRILCHUK et al., 2020). A pesquisa de Jones et al. (2003), estudou a rosuvastatina comparada com a sinvastatina, atorvastatina e pravastatina e concluiu que (Ver Tabela 17): a rosuvastatina 10 mg reduz mais LDL-c que a atorvastatina 10 mg, bem como a rosuvastatina 20mg reduz mais LDL-c que a atorvastatina de 20 mg e 40 mg; o HDL-c tem incremento significativo com a rosuvastatina em comparação com a atorvastatina, pravastatina e sinvastatina; a rosuvastatina de 10-80 mg reduz o triglicerídios 7,5% a mais que a sinvastatina e 13,1% a mais que a pravastatina. De acordo com Jiao et al. (2015), estudos apresentaram que baixas doses de atorvastatina para pacientes com intervenção coronariana percutânea (PCI) pode reduzir em 88% o comprometimento do miocárdio e a reação inflamatória devido ao procedimento, aumentando a taxa de sobrevida dos pacientes. Os autores complementam dizendo que o emprego das estatinas em PCI é um novo uso dessa classe de fármacos de tamanha importância que a denominou de Revolução das Estatinas. Segundo o estudo de comparação de Shaheen et al. (2019), a rosuvastatina necessita de dose três vezes menor que a atorvastatina para reduzir a mesma quantidade de colesterol. Essa argumentação também é defendida por Nesti et al. (2019), os quais empregaram cálculos matemáticos para explicar sua teoria. A hipótese dos autores é que a rosuvastatina de 2,5 mg/dia reduzirá 34% de LDL-c, semelhante a atorvastatina 10mg/dia, a sinvastatina 40 mg/dia e a pravastatina 120 mg/dia. Ademais, os pesquisadores relatam que a rosuvastatina de 10 mg/dia apresenta a mesma potência que a atorvastatina de 30 mg/dia e a sinvastatina de 90mg/dia. Tabela 2: Indicações e farmacocinética da Sinvastatina, Atrovastatina e a Rosuvastatina. Dados Sinvastatina Atorvastatina Rosuvastatina Indicação Dislipidemia para prevenção de eventos Cardiovasculares e Pancreatite Dislipidemia para prevenção de eventos Cardiovasculares e Pancreatite Dislipidemia para prevenção de eventos Cardiovasculares e Pancreatite CID E78.0; E78.1, E78.2, E78.3, E78.4, E 78.5, E78.6, E78.8 E78.0; E78.1, E78.2, E78.3, E78.4, E 78.5, E78.6, E78.8 E78.0; E78.1, E78.2, E78.3, E78.4, E 78.5, E78.6, E78.8 Apresentação 10, 20, 40 e 80 comp. revestidos 10, 20, 40 e 80 mg comprimidos 5,10,20, 40 e 80 mg comprimidos Dose Inicial 20 mg 10 mg 5 mg Dose Máxima (diária) 80 mg 80 mg 40 mg Biodisponibili dade % <5 12 20 [ ] plasma ng/ml 80 mg/dia => 3.87 10 mg/dia => 1.03 40 mg/dia => 3.53 ½ vida 1,9 h 20-30 h 19 h Ligação a proteínas % >95 >98 88 Catabolismo CYP450 isoenzima 3 A4 CYP450 isoenzima 3 A4 CYP 2C9 e 2C19 Eliminação Renal Renal Biliar (fezes 90%) Renal (urina 10%) Fonte: SANDOZ (ano?); FURP (ano?); AstraZeneca (ano?); Fonseca (2020); Kroonen et al. (2019); SBS(2017); Slhessarenko (2017). Na pesquisa de Vavlukis et al. (2016) os autores relataram que a rosuvastatina reduz mais significantemente a Lp(a) proporcionando maior redução de ECVs comparada com a atorvastatina. Quanto aos EAs, conforme Kroonen et al. (2019) no estudo PLANET, a atorvastatina tem pouca efeito sobre a proteinúria e a albuminúria, por sua vez a rosuvastatina não tem efeito sobre as mesmas. No entanto, a redução da taxa filtração glomerular (eGFR) foi associada a alta concentração plasmática de rosuvastatina, mas eGFR sofreu menos interferência da atorvastatina. Bezin & Moore (2019), relataram estudos farmacoepidemiológicos sobre os sintomas musculares das estatinas que, em geral, ocorre entre 7% a 29% dos usuários. Por outro lado, mencionaram que a diabetes induzida por estatina (1 por 1.000 pacientes-anos) ocorre mais no início do tratamento, porém é menos comum que diabetes não induzida por estatinas. Por último, discursaram sobre o risco de prejuízos hepáticos que é alto em altas doses de atorvastatina e rosuvastatina. O FÁRMACO ROSUVASTATINA O fármaco rosuvastatina é empregado como adjuvante de dieta para pacientes com hipercolesterolemia primária, secundária e mista, bem como é indicado para o tratamento de aterosclerose (MCAFEE et al. 2010). Dado fármaco apresenta meia-vida mais longa de 20,8 horas com perfil de segurança favorável no intervalo posológico de 5 a 40 mg. E pode ser administrado uma vez ao dia, a qualquer hora do dia (STRILCHUK et al., 2020; SHAH et al.,2016). Rosuvastatina produz aumento de HDL-c em torno de 8-12%, sendo os valores maiores em pacientes com menores valores de HDL-c. (SLHESSARENKO, 2017; VAVLUKIS et al., 2016). Ademais, a rosuvastatina melhora a função endotelial, efeito anti- inflamatório, antitrombosito e antioxidativo. Somados a esses, a rosuvastatina reduz a proteína C reativa (PCR) sérica, inibe a agregação plaquetária e a atraçãode leucócitos impedindo a formação trombos e a injúria endotelial (SLHESSARENKO, 2017). Quanto ao metabolismo, a rosuvastatina é minimamente metabolizada através do sistema do citocromo P450 de modo que apenas ~10% da dose administrada por via oral sofre transformações no fígado pelo citocromo P450 (CYP) 2C9 e 2C19 (STRILCHUK et al., 2020). Os metabólitos primários da rosuvastatina são o N-desmethyl e o lactone. O N-desmethyl tem aproximadamente 20-50% do efeito inibidor do ativo rosuvastatina, por sua vez o metabólito lactone é clinicamente inativo (CHENG & LEITER 2004). A parte não metabolizada do fármaco é excretada nas fezes (na bile), o que explica sua baixa probabilidade de interações medicamentosas. Todavia, a disposição da rosuvastatina sofre influência dos transportadores de fármacos ABCG2 e SLCO1B1, o que justifica sua possível interação com a ciclosporina (STRILCHUK et al., 2020). O estudo de meta-análise VOYAGER comparou os efeitos da rosuvastatina, atorvastatina, sinvastatina e demonstrou que a rosuvastatina aumenta o colesterol de alta densidade (HDL-c) em 6,1%, e diminuindo os níveis de TG aproximadamente 15% (STRILCHUK et al., 2020). Por sua vez, o estudo JUPITER (Jutificativa para o Uso de estatinas na Prevenção: uma Tentativa de Intervenção Avaliando a Rosuvastatina) relatou redução de EVCs com o uso da rosuvastatina (CHOUDHRY et al., 2011). Segundo a revisão bibliográfica dos autores Shah et al. (2016), o estudo CENTAURUS demonstrou que a rosuvastatina 20 mg é tão eficaz quanto a atorvastatina 80 mg no tratamento intensivo com estatinas. Por outro lado, os resultados do estudo LUNAR indicam as diminuições significativas de triglicerídeos, relação TC / HDL-c e relação LDL-c / HDL-c com rosuvastatina. A pesquisa de Strilchuk et al. (2020) relatou que a rosuvastatina demonstrou ser a única estatina capaz de reduzir o conteúdo lipídico da placa aterosclerótica. Os pesquisadores concluem que o tratamento foi bem tolerado e não impactou negativamente a pressão arterial, glicose plasmática em jejum, hemoglobina glicada ou insulina sensibilidade. Relatos de Shah et al. (2016), provaram que a rosuvastatina reduz significativamente o LDL-c médio em 46,9 mg / dL após 6 semanas de tratamento. Além disso, estudos de variação de dose evidenciaram que a rosuvastatina até a dose de 40 mg/dia produz uma redução dose-dependente do LDL-c em 52-63% em 6 semanas em comparação com o placebo. Outra linha de pesquisa, de Slhessarenko (2017), tratou da arterosclerose na microvasculatura devido à Reestenose, injúria na parede arterial causa por stent coronariano. A reestenose é definida como o recrutamento de células inflamatórias associado a depósitos de plaquetas e mediada por substâncias adesivas como interleucinas (IL), levando o consequente crescimento excessivo do tecido lesado. Por meio desse estudo verificou-se que o uso da rosuvastatina, em dose de ataque máxima de 40 mg, após implante de stent coronariano, reduz os níveis séricos dos marcadores agudos IL-1 , IL-6, PAI-1 e PCR com o incremento dos valores de óxido nítrico (NO) após Intervenção Coronária Percutânia (PCI) (SLHESSARENKO, 2017). Um estudo realizado com idosos, de Glynn et al (2010), empregou a rosuvastatina para redução dos níveis de proteína reativa C (PCR). Os pesquisadores verificaram que a média da PCR foi 36-37% menor no grupo da rosuvastatina comparado com o grupo placebo. Além disso, em idoso acima de 70 anos a rosuvastatina reduziu os ECVs maiores. Segundo os autores, o tratamento apresenta benefícios em curto prazo para gerontes. Jiao et al. (2015) empregou rosuvastatina 10mg para tratar idosos > 70 anos antes desses passarem pela Intervenção Coronariana Percutânea (PCI). O estudo demonstrou que os níveis de Creatina Quinase (CK)-MB e de Troponina Cardíaca I (cTnI) foram significativamente inferiores aos do grupo controle. Esse resultado demonstra que baixa dose de rosuvastatina protege o miocárdio de Síndrome Coronariana Aguda (SCA) com Supradesnível do Segmento ST (SCASST). A SCASST ocorre em vista de aterostrombose, o qual ocluem totalmente a luz do vaso (isquemia) que, por sua vez, provoca Infarto Agudo do Miocárdio Supradesnível do Segmento ST (IAMSST) (SANAR, 2020). O segmento ST é o intervalo da despolarização e repolarização do ventrículo que pode ser observado no eletrocardiograma, porém, em SCASST, aquele está na forma de concavidade para baixo o que demarca IAM (LAPA, 2017). Além disso, a rosuvastatina atenua o aumento da concentração plasmática de proteína reativa C (hs-CRP), Receptor de Lipoproteína de Baixa Densidade Oxidada ligado a Lectina (sLox-1) e Troponina Cardíaca I (cTnI). Entretanto, aumenta o nível da Fração de Ejeção Ventricular Esquerda (LVEF) em 30 dias após o PCI. Quanto aos EAs demonstrou ser uma terapia segura e efetiva, pois os valores foram baixos e similares ao grupo controle (JIAO et al., 2015). Sobre essa mesma aplicação, Peng et al. (2019) efetuaram o estudo sobre a Estenose da Arterial Renal Aterosclerótica Severa (ARAS) empregando a rosuvastatina como farmacoterapia de efeito nefroprotetor em colocação de stent. De acordo com os autores, a rosuvastatina: previne o desenvolvimento de prejuízos renais mediante a redução de colesterol total, o qual desenvolve a aterosclerose nas artérias; atenua a expressão inflamatória no córtex do fígado; proporciona aumento do fluxo sanguíneo renal preservando a função renal de isquemia; inibe o estresse oxidatório; melhora a filtração gromerular, demarcado pela redução da taxa de albumina-creatinina na urina. O estudo de Bagre-Caballero et al. (2015) direcionou-se a pacientes em processo de transplante de coração. Empregaram a rosuvastatina previamente à cirurgia. A finalidade foi tratar a hipercolesterolemia incontrolável pós-transplante. O emprego desse fármaco ocorreu em vista de outras estatinas (atorvastatina e pravastatina) falharem em alcançar a meta terapêutica. Os pesquisadores concluíram que a rosuvastatina é uma boa opção para o tratamento de hipercolesterolemia incontrolável devido ao coração transplantado. Ademais, não foram observados ECVs nos participantes no seguimento de longo prazo. Por sua vez, a pesquisa de Ji et al. (2018) investigou a rosuvastatina de 10 mg para a prevenção de Doença de Pequenos Vasos Cerebrais (CSVD), essa apresenta 3 tipos de lesões: a lacunas, as micro-hemorragias e Substância Branca de Hiperintensidade (WMHs): As lacunas caracterizam-se por lesões focais relacionado ao fluido cefalorraquidiano que envolve a capsula interna, gânglio basal e o tronco encefálico; As micro-hemorragias que podem ocorrer em vista de alterações na estrutura do vaso; A WMHs é uma degeneração do tecido que está relacionada à APOE (ver capítulo do Metabolismo Lipídico) que se relaciona à Doença de Alzheimer. De acordo com a pesquisa, a rosuvastatina diminuiu o crescimento e os novos incidentes da (WMHs) e do risco de lacunas. Além disso, a dose baixa da rosuvastatina não reduziu acentuadamente do nível do colesterol, portanto, não causou risco de hemorragia por AVC (JI et al., 2018). O estudo de Mcafee et al. (2010) observou que os pacientes que empregavam a rosuvastatina já haviam sido tratados previamente com outras estatinas, porém sem sucesso. Além disso, o tratamento com rosuvastatina foi administrado com mais frequência a jovens não tratados previamente com estatinas comparado com adultos mais velhos. Por sua parte, Awad et al. (2017) relataram que o uso de rosuvastatina poderia ser administrada em dias alternados. A explicação para isso se dá pela ação prolongada da rosuvastatina em vista da meia-vida ser de 19-20 h. Outra vantagem da rosuvastatina é representadapela baixa taxa de miopatia grave, rabdomiólise e insuficiência renal comparada com outras estatinas (STRILCHUK et al., 2020). Mcafee et al. (2010) relataram um estudo de coorte do Canadá no qual 22% dos usuários iniciais de rosuvastatina (não previamente tratados com outras estatinas) e 25% dos não iniciais de rosuvastatina (previamente tratados com outras estatinas) tiveram menor hospitalização comparados com os iniciais 32,9% e não iniciais 36,35% de outras estatinas. Os autores Strilchuk et al. (2020) e Shah et al. (2016) concluíram que a rosuvastatina demonstra eficácia clínica e segurança comprovadas no tratamento da dislipidemia em vários ensaios clínicos e análises pós-comercialização. Além disso, apresenta baixa interação farmacológica, exceto com ciclosporina. (Ver Tabela 18) CONTRA-INDICAÇÕES, EFEITOS ADVERSOS E INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS As contra-indicações comuns com o uso da rosuvastatina são hipersensibilidade a fórmula, doenças hepáticas por elevação de transaminases séricas, gravidez e amamentação (SLHESSARENKO, 2017). No entanto, Jones et al. (2003) relataram que a rosuvastatina 80 mg causou mialgia em um grande número de pacientes de sua pesquisa. Essa doença também foi observada com a atorvastatina de 20mg e 80 mg e pravastatina 20 mg. Porém, poucos pacientes relataram mialgia com rosuvastatina 40 mg e sinvastatina 40 mg. De acordo com AstraZeneca do Brasil (ano?) os efeitos adversos (EAs) são classificados como: Comum (> 1/100 - < 1/10): cefaleia, mialgia, astenia, constipação, vertigem, náusea e dor abdominal; Incomum (> 1/1000 - < 1/100): prurido, exatema e urticária; Rara (> 1/10.000 - < 1/1000): miopatia (incluindo miosite – inflamação do músculo), reações de hipersensibilidade (incluindo angiodema – inchaço que ocorre em camadas profundas da pele), rabdomiólise e pancreatite. O EA mais frequente com a rosuvastatina foi nível aumentado de Transaminase Glutâmico Oxalacética (TGO) e 13,2% de evento cardiovascular importante (STRILCHUK et al., 2020). Todavia, segundo Shah et al. (2016), a mialgia foi relatada por 5 (2,2%) dos pacientes de sua pesquisa. Quanto às interações medicamentos estas ocorrem por indução das enzimas biotransformadoras CYP 2C9 e 2C19. O estudo de Bagre-Caballero et al. (2015) introduziu a rosuvastatina previamente a pacientes transplantados de coração para a redução da LDL-c pós transplante. Ao longo prazo, os pesquisadores observaram EAs nos participante sendo esses dores musculares e intoxicação do fígado. Esses EAs devem-se a interação droga-droga com os agentes imunossupressores, principalmente a ciclosporina. Ao se analisar a tabela 18, observa-se que, em interação medicamentosa, os inibidores e indutores da rosuvastatina são diferentes e em menor número do que os da sinvastatina e da atorvastatina. Fato que contribui para o emprego da rosuvastatina. No entanto, a rosuvastatina provoca inibição de hormônios esteroidais na presença de cetoconazol, espironolactona e cimetidina, interação que não ocorre com a sinvastatina e a atorvastatina, pois essas não provocam inibição de fármacos. (ver tabela 18) Tabela 3: Interação Medicamentosa e Reações Adversas. Dados Sinvastatina Atorvastatina Rosuvastatina Interação Medicamentosa Inibidores Itracozanol Fluconazol Cetoconazol Eritromicina Claritromicina Inibidores da protease do HIV Nefazodona Ciclosporina A Tacrolimus Mibefradil Diltiazen Verapamil Corticosteroides Grapefruit Tamoxifeno Amiodarona Antidep. Tricíclicos Fluoxetina Setralina Inibidores Itracozanol Fluconazol Cetoconazol Eritromicina Claritromicina Inibidores da protease do HIV Nefazodona Ciclosporina A Tacrolimus Mibefradil Diltiazen Verapamil Corticosteroides Grapefruit Tamoxifeno Amiodarona Antidep. Tricíclicos Fluoxetina Setralina Inibidores antiácidos hidróxido de alumínio e magnésio A rosuvastatina inibe: os hormônios esteroidais na presença de: cetoconazol espironolactona cimetidina Indutores Fenotoína Fenobarbital Barbitúricos Rifampicina Dexametasona Ciclofosfamida Carbamazepina Troglitazona Omeprazol Indutores Fenotoína Fenobarbital Barbitúricos Rifampicina Dexametasona Ciclofosfamida Carbamazepina Troglitazona Omeprazol Indutores Atazanavir Ritonavirou Lopinavir Cicloposporina Genfibrosil Potente Inibição da captação hepática de rosuvastatina Steeg et al. (2013): Glibenclamida Glimepririda Troglitazone Glipizida Glicazida Tolbutamida Reações Adversas Aumento de Miopatia/ Rabdomiólise Efeitos Hepáticos Aumento de Miopatia/ Rabdomiólise Efeitos Hepáticos [mg] taxa de miopatia grave rabdomiólise e insuficiência renal. [mg] igual outras estatinas Fonte: SES-SP(2020); Fonseca (2020); SBS(2017); Slhessarenko (2017); Nazir et al (2014); Steeg et al. (2013). A pesquisa de Nazir et al. (2014) estudou a farmacocinética da rosuvastatina em homens e mulheres. Os autores constataram que os gêneros apresentam diferenças farmacocinéticas que alteram a eficácia terapêutica do fármaco. Assim, verificaram que: as Cmax (a mais alta concentração que o fármaco atinge na circulação sanguínea), [AUC]0 t (área da curva até a última concentração mensurável/final da administração, [AUC]0 (área sob a curva do tempo zero ao tempo infinito) foram significativamente altos nas mulheres o que demonstra alta biodisponibilidade (quantidade que atinge a circulação) que pode dever-se a motilidade gastrointestinal e a baixa secreção gástrica; alta concentração plasmática da rosuvastatina nas mulheres, fato que pode causar elevada incidência de miopatia cardíaca e outros efeitos adversos nas mulheres; os transportadores de efluxo envolvidos no processo de excreção biliar da rosuvastatina são inibidos pelos hormônios femininos; a meia-vida de eliminação (é o tempo necessário para a concentração plasmática diminuir à metade do seu valor inicial) foi significativamente alta nas mulheres que pode ser devido a Cl/F (o clerance total aparente do fármaco depois da administração via oral) cleance lentificado e inferior ao dos homens; o Vd/F (volume de distribuição aparente depois da administração via oral) exibiu resultado significativo maior e Cl/F foi mais rápido nos homens, este pode dever-se a alta atividade do CYP2C9; Concluíram que há a necessidade de ajuste de dose para as mulheres. De acordo com Hong et al. (2018), a administração de rosuvastatina a indivíduos de etnia asiática deve se dar com cautela, pois esse grupo apresenta maior risco para miopatia induzida por estatinas. Por fim, o estudo de Glynn et al. (2010) efetuado com a população idoso acima de 70 anos, observaram-se nos pacientes do grupo da rosuvastatina: fraqueza, rigidez e dor muscular, desordem renal, sangramento, disordem gastrointestinal, disordem hepática e diabetes. 4.1.5 CONCLUSÃO DO CAPÍTULO A rosuvastatina apresenta meia-vida de 19 h e dependendo do caso clínico pode ser empregada de 2-3 vezes por semana. A excreção do fármaco é predominantemente biliar 90% (renal 10%). Classifica-se como uma estatina hidrofílica, o grupo polar metano-sulfanamida é único na rosuvastatina, o qual proporciona baixa lipofilicidade comparada com as outras estatinas. Ademais, apresenta alta seletividade por proteínas transportadoras de ânions orgânicos especificos do fígado (OATPs - proteína de transporte de membrana) com mínima captação por outros tecidos. Somando a isso, há forte Interação polar entre o grupo sulfônico eletronegativo da rosuvastatina e a cadeia Arg da HMG-CoA redutase, conferindo potente inibição da enzima mesmo em baixas concentrações do fármaco. A rosuvastatina de 2,5 mg/dia reduz 34% de LDL-c, semelhantea atorvastatina 10mg/dia, a sinvastatina 40 mg/dia e a pravastatina 120 mg/dia. Demais, a rosuvastatina demonstrou ser a única estatina capaz de reduzir o conteúdo lipídico da placa aterosclerótica. Quanto ao seu uso em resposta inflamatória aguda de implante de stent coronariano, a dose de ataque eficaz de rosuvastatina é de no máximo 40 mg. Baixa dose de rosuvastatina protege o miocárdio de Síndrome Coronariana Aguda (SCA) com Supradesnível do Segmento ST em gerontes. Em idoso acima de 70 anos baixa dose de rosuvastatina reduziu os ECVs maiores. Adicionalmente, a rosuvastatina é uma boa opção para o tratamento de hipercolesterolemia incontrolável devido ao coração transplantado. A rosuvastatina atenua o aumento da concentração plasmática de (hs-CRP), (sLox-1) e (cTnI). Bem como, aumenta o nível da Fração de Ejeção Ventricular Esquerda (LVEF) em 30 dias após o PCI. Em Estenose da Arterial Renal Aterosclerótica Severa (ARAS) previne o desenvolvimento de prejuízos renais por meio da redução o colesterol. Por sua vez, em Doença de Pequenos Vasos Cerebrais (CSVD) reduziu o crescimento e os novos incidentes da Substância Branca de Hiperintensidade (WMHs) e o risco de lacunas (lesões focais). Além disso, a dose baixa da rosuvastatina não redução acentuadamente do nível do colesterol, portanto, não causa risco de hemorragia por AVC. No entanto, os efeitos adversos (EAs) retratados foram: a redução da taxa filtração glomerular (eGFR) que foi associada a alta concentração plasmática de rosuvastatina; alta incidência de miopatia cardíaca e outros EAs em mulheres há a necessidade de ajuste de dose; e risco de miopático/radomiólise e de insuficiência renal para indivíduos asiáticos. Por fim, idoso acima de 70 anos podem apresentar: fraqueza, rigidez e dor muscular, desordem renal, sangramento, disordem gastrointestinal, disordem hepática e diabetes. REFERÊNCIAS ARAUJO, D. V.; BAHIA, L. SOUZA, C. P. R.; PAVÃO, A. L. B. Cost-effectiveness and budget impact analysis of rosuvastatin and atorvastatin for LDL-cholesterol and cardiovascular events lowering within the SUS* scenario. Int J. Atheroscler. n3, v. 2, 189-94 p., 2007. ASTRAZENECA DO BRASIL. Crestor: rosuvastatina cálcica. https://www.azmed.com.br/content/dam/multibrand/br/pt/pdfs/Crestor_Bula%20Pr ofissional%20-%20CRE021.pdf (acessado em 20 de janeiro de 2021). 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