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Capítulo 3
Responsabilidades
Vimos nos capítulos anteriores que a apresentação do Estudo de 
Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo relatório (Rima) é parte funda-
mental da Avaliação de Impacto Ambiental, fornecendo subsídios para 
o processo de licenciamento ambiental. 
A apresentação do EIA-Rima é requisito para o licenciamento de em-
preendimentos ou atividades com potencial de causar impactos signi-
ficativos. Esses documentos consistem em um estudo tecnocientífico 
elaborado por equipe multidisciplinar que oferece instrumentos para a 
análise da viabilidade ambiental de um empreendimento ou uma ati-
vidade, avalia sistematicamente as consequências consideradas efeti-
va ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio 
ambiente e, por fim, propõe medidas mitigadoras e/ou compensatórias.
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.A elaboração do EIA-Rima é uma atividade que demanda grande 
responsabilidade dos envolvidos, em função do papel estratégico que 
esses documentos desempenham como subsídio para a tomada de de-
cisão da administração pública na concessão ou não de uma licença 
ambiental. Diante desse fato, é necessário garantir que os estudos se-
jam feitos de forma imparcial e com grande rigor.
A legislação brasileira, por meio da Resolução Conama nº 001/1986, 
definiu as responsabilidades dos principais atores envolvidos no pro-
cesso de elaboração desses documentos, as quais serão tratadas neste 
capítulo.
Nesse contexto, o objetivo do presente capítulo é tratar dos aspectos 
que regulamentam a definição das responsabilidades do empreende-
dor, da empresa responsável pela elaboração do EIA-Rima e também do 
órgão ambiental. A partir disso, discutiremos as implicações legais do 
uso e a responsabilidade sobre essas informações.
1 Equipe técnica do EIA-Rima e 
multidisciplinaridade
É consenso na literatura que a avaliação ambiental não é uma tarefa 
simples, uma vez que os processos ambientais compõem um sistema 
complexo, no qual intervêm diferentes racionalidades, materialidades e 
escalas de espaço e tempo. 
Nesse sentido, a Unesco já preconizava, em 1986, que a problemáti-
ca ambiental é um espaço das inter-relações sociedade-natureza, razão 
pela qual seu conhecimento demanda uma abordagem holística e um 
método interdisciplinar que permitam a integração das ciências da na-
tureza e da sociedade; das esferas do ideal e do material; da economia, 
da tecnologia e da cultura.
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Considerando a complexidade ambiental, o estudo se apresenta 
como uma alternativa metodológica de raciocínio que permite restaurar 
a visão do todo, evitando as simplificações científicas cartesianas, ana-
lisando o ambiente frente ao cruzamento de diferentes componentes, 
fenômenos e processos (LEFF, 2003).
Nessa perspectiva, Glasson, Therivel e Chadwick (2012) apontam 
que a Avaliação de Impacto Ambiental requer uma visão holística e 
multidisciplinar. Os estudos ambientais para a avaliação de impacto, 
segundo os autores, devem considerar sempre uma abordagem ampla, 
englobando para isso os aspectos dos meios físico, biológico e socioe-
conômico da área em que se pretende implantar o projeto.
Portanto, assume-se como premissa que, para a elaboração do EIA, 
é necessário reunir várias disciplinas do conhecimento (multidisciplina-
ridade), de modo que a avaliação considere as partes e suas inter-rela-
ções (interdisciplinaridade).
IMPORTANTE 
Segundo Max-Neef (2005), enquanto a multidisciplinaridade é uma jus-
taposição entre disciplinas, a interdisciplinaridade ocorre como fruto da 
colaboração entre diferentes teorias. Esta exige a hibridação de teorias, 
que leva a um resultado diferente do que seria alcançado por uma única 
disciplina (FLORIANI, 2000).
 
Nesse contexto, em face da multidisciplinaridade dos levantamentos 
e das análises requeridos para o EIA, a Resolução Conama nº 001/86 
previu, em seu artigo 7º, a necessidade de o EIA ser elaborado por uma 
equipe técnica multidisciplinar: 
Artigo 7º – O estudo de impacto ambiental será realizado por equi-
pe multidisciplinar habilitada, não dependente direta ou indireta-
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.mente do proponente do projeto e que será responsável tecnica-
mente pelos resultados apresentados. (BRASIL, 1986)
Portanto, pressupõe-se que o estudo deve ser abrangente e dispor 
de profissionais das mais variadas áreas do conhecimento, tais como 
geólogos, geógrafos, engenheiros, advogados, biólogos, antropólogos, 
arqueólogos, sociólogos, etc.
IMPORTANTE 
Os profissionais independentes e integrantes da equipe técnica de 
consultores deverão estar devidamente registrados junto ao respectivo 
conselho profissional e junto ao Cadastro Técnico Federal de Atividades 
e Instrumentos de Defesa do Meio Ambiente, conforme a Lei Federal nº 
6.938/1981.
 
 
A equipe técnica de cada projeto a ser estudado varia de acordo com 
a especificidade do empreendimento e também com sua localização. 
Por exemplo, para um EIA que estuda a ampliação da extração de fos-
fato no Vale do Ribeira (sul do estado de São Paulo), a equipe técnica 
necessariamente precisa contar com o apoio de um espeleólogo (cien-
tista que estuda as cavidades naturais), já que o empreendimento está 
localizado em área cárstica, com presença de cavernas e dolinas, que 
são feições protegidas por lei específica. Além disso, a área conta com 
a presença de comunidades tradicionais quilombolas, fato que deman-
da especialistas e estudiosos que considerem a relação dessas comu-
nidades com a área a ser afetada.
Diante desse exemplo, ficam claros tanto a heterogeneidade que 
uma equipe pode ter como o desafio de integrar as diferentes linguagens 
de cada especialista na interpretação e avaliação de impactos do pro-
jeto e também as contribuições desses profissionais na elaboração de 
medidas mitigadoras, planos e programas ambientais previstos no EIA.
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Cabe ressaltar ainda que a definição da equipe técnica pode ser es-
tabelecida também pelo Termo de Referência (TR), emitido pelo órgão 
ambiental, de acordo com as especificidades, os riscos ambientais, o 
porte e outras características do empreendimento ou da atividade.
2 Responsável pelo empreendimento e 
responsável pelo EIA-Rima
Seguindo os procedimentos de licenciamento no Brasil, quem deve 
requerer o EIA é aquele que propõe o projeto de execução de uma ativi-
dade, podendo ser denominado proponente ou empreendedor. 
2.1 Empreendedor
A equipe técnica é responsávelpela elaboração e utiliza o projeto 
entregue pelo proponente como base para o estudo.
A Resolução Conama nº 001/1986 determina as responsabilidades 
do proponente do projeto, em seu artigo 8º.
Correrão por conta do proponente do projeto todas as despesas 
e custos referentes à realização do estudo de impacto ambiental, 
tais como: coleta e aquisição dos dados e informações, trabalhos 
e inspeções de campo, análises de laboratório, estudos técnicos 
e científicos e acompanhamento e monitoramento dos impactos, 
elaboração do Rima e fornecimento de pelo menos 5 (cinco) có-
pias. (BRASIL, 1986)
Além disso, caberá ao empreendedor dar publicidade ao requerimen-
to de apresentação de licença prévia por meio da apresentação do EIA, 
em geral por meio do Diário Oficial (da União ou do estado) e também 
de jornais locais. 
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.O empreendedor ainda é responsável pelo Rima, que, conforme 
apresentado no capítulo 1, é destinado à consulta pública e possui uma 
linguagem mais acessível que o EIA, reunindo informações do projeto, 
impactos previstos, medidas de propostas, etc.
2.2 Empresa responsável pelo estudo ambiental 
A equipe técnica incumbida do EIA-Rima tem o dever legal e moral de 
executar um trabalho imparcial, sendo que a responsabilidade da em-
presa e dos técnicos que realizam os estudos restringe-se à elaboração 
destes.
Como é apontado no manual de licenciamento do estado de São 
Paulo, no EIA-Rima é necessário listar, para todos os componentes da 
equipe técnica responsável pelo estudo, nome, formação acadêmica, 
registro de classe e a parte do estudo que esteve sob sua responsabili-
dade (SÃO PAULO, 2014).
Deve-se apresentar a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) 
da equipe técnica que elaborou o estudo ambiental, indicando os res-
ponsáveis pelos levantamentos dos meios físico, biótico e socioeconô-
mico, além da análise dos impactos, com os números de registro dos 
profissionais em seus respectivos conselhos de classe, uma vez que, 
segundo a Resolução Conama nº 237/1997, em seu artigo 11, “os estu-
dos necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados 
por profissionais legalmente habilitados [...]” (BRASIL, 1997).
Outra característica prevista é a independência formal entre a equi-
pe consultora responsável pela elaboração do EIA e o empreendedor. 
Como já citado, o artigo 7 da Resolução Conama nº 001/1986 define 
que a equipe técnica do EIA deve ser independente do proponente do 
projeto. Essa definição gerou polêmica e foi considerada contraditória, 
já que a equipe consultora é escolhida pelo próprio empreendedor, sen-
do custeada por ele.
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A Resolução Conama nº 237/1997, complementar à 001/1986, não 
explicita a exigência de independência da equipe técnica com relação 
ao empreendedor, mas, em seu artigo 11, parágrafo único, passou a res-
ponsabilizar ambos (empreendedor e consultores) pelas informações 
apresentadas, sujeitando-os a sanções administrativas, civis e penais.
Diante desse cenário e considerando que os processos de licencia-
mento ambiental são muitas vezes alvo de grande interesse político, é 
necessário destacar que a equipe técnica deve conduzir seus trabalhos 
com rigor técnico, visando evitar pressões dos atores envolvidos no pro-
cesso de licenciamento (empreendedor, órgão ambiental, comunidades, 
etc.) que possam comprometer a credibilidade dos resultados dos le-
vantamentos e das análises. 
A equipe técnica também pode atuar na avaliação conjunta, na aná-
lise e proposição de alternativas locacionais e tecnológicas do projeto, 
considerando a perspectiva da hierarquia de mitigação de impactos, o 
que pode reduzir ou minimizar os impactos negativos e melhorar, do 
lado socioambiental, a configuração geral do empreendimento sem que 
haja grande redução de seus benefícios.
A Resolução Sema nº 26, de 10 de julho de 2013, do estado do 
Paraná, aponta ainda que: 
Devido à importância, profundidade das análises e repercussões 
sobre a vida humana e os recursos ambientais, a independência 
de manifestação da equipe técnica encarregada da elaboração do 
EIA-Rima deve atender aos mesmos princípios aplicáveis à admi-
nistração pública direta e indireta, dispostos no artigo 37 da Cons-
tituição Federal de 1988: princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência. (PARANÁ, 2013)
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3 Responsabilidades do órgão ambiental
Os órgãos governamentais responsáveis pela implementação do 
processo de Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil são os órgãos 
estaduais de meio ambiente e, em caráter supletivo, a agência ambien-
tal federal (quando esses empreendimentos são de porte federal). 
Segundo Sánchez (2013), a análise do EIA-Rima visa primordialmen-
te verificar a conformidade ou não dos estudos com as diretrizes es-
tabelecidas pelos TRs ou, na ausência destes, com as diretrizes gerais 
estabelecidas pela regulamentação. 
Tal análise pode ser feita também com o apoio de órgãos especiali-
zados da administração pública. A figura 1 apresenta alguns deles.
 Figura 1 – Exemplos de órgãos especializados da administração pública
Instituto do Patrimônio 
Histórico e Artístico 
Nacional (Iphan)
Fundação Nacional do 
Índio (Funai)
Agência Nacional de 
Águas (ANA)
Nesse caso, o órgão ambiental competente encaminhará cópia par-
cial ou integral do EIA-Rima aos órgãos públicos que tiverem relação com 
o projeto, informando e orientando quanto ao prazo para manifestação.
Como apontam alguns estudos, em geral a análise do órgão am-
biental é mais focada nos aspectos técnicos dos estudos, tais como 
a adequação do diagnóstico ambiental, os métodos utilizados para a 
previsão da magnitude dos impactos, as medidas mitigadoras e o plano 
de monitoramento proposto (SÁNCHEZ, 2013).
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De posse do EIA-Rima, a equipe técnica do órgão ambiental avalia 
o estudo, podendo pedir complementações ou modificações, visando 
que ele contenha as informações suficientes para embasar uma deci-
são acerca do empreendimento. 
Segundo o artigo 10 da Resolução Conama nº 237/1997, a solicita-
ção de esclarecimentos e complementações em decorrência da análise 
dos estudos ambientais apresentados deve ocorrer uma única vez, para 
evitar retrabalhos e lentidão nas análises.
A análise e a revisão dos técnicos do órgão ambiental subsidiam a 
emissão do parecer técnico, podendo ou indicar a viabilidade ambien-
tal do empreendimento ou indeferir o pedido de licença. Se a análise 
for favorável, o parecer técnico conclusivo é encaminhado à Secretaria 
Executiva do Conselho de Meio Ambiente, que pode decidir ou não pela 
concessão da licença ambiental.
Vê-se, dessa forma, a importânciada seriedade do estudo e o papel 
fundamental do órgão ambiental.
4 Responsabilidades e sanções civis, penais 
e administrativas
A responsabilidade dos profissionais e do empreendedor está expres-
sa na Resolução Conama nº 237/97, em seu artigo 11, que os sujeita, 
em caso de dano ambiental, a sanções civis, penais e administrativas. 
Além disso, a Lei de Crimes Ambientais, alterada pela Lei nº 
11.284/06, também passou a tratar da matéria, considerando crime a 
conduta – dolosa ou culposa – de “elaborar ou apresentar, no licencia-
mento […], estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente 
falso ou enganoso, inclusive por omissão”:
O empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos ne-
cessários ao processo de licenciamento serão responsáveis pelas 
informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrati-
vas, civis e penais. (BRASIL, 2006)
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.O empreendedor responderá objetivamente pelos danos ambientais 
causados, nas esferas administrativa, penal e civil.
Assim, administrativamente, o empreendedor poderá ser punido 
com base nas sanções previstas nos artigos 72 da Lei nº 9.605/98 – a 
Lei dos Crimes Ambientais – e 2º do Decreto nº 3.179/99, o qual dispõe 
acerca da “especificação das sanções aplicáveis às condutas e ativida-
des lesivas ao meio ambiente” (BEZERRA; CABRAL, 2003). Os técnicos 
da empresa responsável pelo EIA-Rima respondem também, além de à 
Lei de Crimes Ambientais, aos conselhos profissionais de sua respecti-
va categoria e ao Ibama (SINGULANE, 2011).
O EIA-Rima integra os documentos protegidos legalmente contra 
falsidade ou engano, total ou parcial. A equipe multidisciplinar que in-
formar falsamente ou enganosamente tais documentos, de forma co-
missiva ou por omissão, por dolo ou culpa, comete o crime tipificado 
no art. 69-A da referida Lei dos Crimes Ambientais, o qual estabelece as 
seguintes sanções:
Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão flo-
restal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, lau-
do ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, 
inclusive por omissão:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º. Se o crime é culposo:
Pena – Detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2°. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se 
há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência de uso da 
informação falsa, incompleta ou enganosa. 
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Como foi mencionado, a vigência da Resolução Conama nº 237/97 
estendeu a atribuição de responsabilidade pela elaboração do EIA-Rima 
também ao empreendedor, deixando esta de ser somente dos técni-
cos que elaboram os estudos, como era anteriormente. Nesse sentido, 
Singulane (2011) afirma que, aplicando o regime da responsabilidade 
civil objetiva com ou sem culpa da Lei Federal nº 6.9838/81 (art. 14º, 
§ 1º), não é necessário comprovar se os técnicos agiram com dolo ou 
com negligência, imperícia ou imprudência na elaboração do estudo. 
Cabe ressaltar que o EIA-Rima deve ser realizado com critério e cui-
dado pela equipe técnica, utilizando-se para isso as informações neces-
sárias para afirmar o diagnóstico e as medidas ali propostas. Já o órgão 
ambiental tem como compromisso avaliar minuciosamente os estudos 
para poder embasar de forma coerente o parecer técnico.
Se constatado que o EIA-Rima possui vícios e problemas em sua ela-
boração, é necessário identificar as causas das possíveis deficiências 
e omissões, apresentando para isso as razões e as causas. Algumas 
questões que precisam ser verificadas: a equipe técnica era desprepara-
da? A equipe possuía condições e capacitação para realizar o EIA-Rima 
e ainda assim não o fez? O órgão ambiental desincumbiu-se da sua res-
ponsabilidade de análise técnica, conduzindo de forma insatisfatória a 
discussão e a aprovação do EIA-Rima?
Como afirma Paulo Affonso Leme Machado (2016): 
Se a equipe multidisciplinar incumbida do EIA-Rima agiu negligen-
temente, com falsa ou falta de perícia, de forma imprudente, ou as-
sumiu, de algum modo, o risco da má realização do estudo, haverá 
responsabilidade a ser atribuída à equipe, mas não aquela objetiva 
sobre o dano causado ao ambiente. Pois sua responsabilidade aí 
sobre as ações e condutas de terceiros não é direta, mas indireta, 
e a responsabilidade objetiva exige a relação causa e efeito polui-
dor-dano ambiental e não prevê causa indireta e efeito. (MACHADO, 
2016, p. 153)
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.No caso da constatação de falhas por parte do órgão ambiental, é 
necessário verificar o motivo de não ter havido a detecção das falhas, 
tanto na fase de avaliação dos estudos quanto no processo de licencia-
mento e de fiscalização pelo órgão ambiental do projeto aprovado.
Assim, o Estudo de Impacto Ambiental, apesar de ser realizado por 
particulares, é um documento público, integrante de um processo ofi-
cial de licenciamento, e as afirmações falsas ou enganosas, a omissão 
da verdade, a sonegação de informação ou de dados tecnocientíficos 
poderão afrontar a Lei dos Crimes Ambientais. 
Figura 2 – Entendendo as responsabilidades
Responsabilidade 
administrativa
Resulta de infração a normas 
administrativas, sujeitando-se 
o infrator a uma sanção de 
natureza também administra-
tiva: advertência, multa, 
interdição de atividade, 
suspensão de benefícios, etc.
Responsabilidade criminal
Emana do cometimento de 
crime ou contravenção, 
ficando o infrator sujeito à 
pena de perda da liberdade 
ou pena pecuniária. 
Responsabilidade civil
É a que impõe ao infrator a 
obrigação de ressarcir o 
prejuízo causado por sua 
conduta ou atividade. Pode 
ser contratual – por 
fundamentar-se em um 
contrato – ou extracontratual 
– por decorrer de exigência 
legal (responsabilidade legal) 
ou mesmo de ato ilícito 
(responsabilidade por risco).
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Considerações finais
Diante do exposto, o EIA-Rima é um trabalho complexo que deve 
obrigatoriamente ser elaborado por equipe multidisciplinar, incluindo 
uma grande variedade de profissionais, incluindo biólogos, engenheiros, 
sociólogos, etc.
É preciso o entendimento da responsabilidade que recai sobre a 
idoneidade dos estudos ambientais, sendo a falsidade, ainda que por 
omissão, enquadrada como crime ambiental, prevista na Lei de Crimes 
Ambientais.
Referências
BEZERRA, Fabiano César Petrovich; CABRAL, Indhira Almeida. Responsabilidade 
civil pelo licenciamento ambiental na indústria do petróleo e gás natural. 
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cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal - FNDF; altera as Leis nº 
10.683, de 28 de maio de 2003, e nº 5.868, de 12 de dezembro de 1972, nº 
9.605, de 12 de fevereiro de 1998, nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, nº 
6.938, de 31 de agosto de 1981, e nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973; e dá 
46 EIA-Rima: estrutura geral e relações Ma
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47Responsabilidades
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