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33 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 3 Responsabilidades Vimos nos capítulos anteriores que a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo relatório (Rima) é parte funda- mental da Avaliação de Impacto Ambiental, fornecendo subsídios para o processo de licenciamento ambiental. A apresentação do EIA-Rima é requisito para o licenciamento de em- preendimentos ou atividades com potencial de causar impactos signi- ficativos. Esses documentos consistem em um estudo tecnocientífico elaborado por equipe multidisciplinar que oferece instrumentos para a análise da viabilidade ambiental de um empreendimento ou uma ati- vidade, avalia sistematicamente as consequências consideradas efeti- va ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente e, por fim, propõe medidas mitigadoras e/ou compensatórias. 34 EIA-Rima: estrutura geral e relações Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .A elaboração do EIA-Rima é uma atividade que demanda grande responsabilidade dos envolvidos, em função do papel estratégico que esses documentos desempenham como subsídio para a tomada de de- cisão da administração pública na concessão ou não de uma licença ambiental. Diante desse fato, é necessário garantir que os estudos se- jam feitos de forma imparcial e com grande rigor. A legislação brasileira, por meio da Resolução Conama nº 001/1986, definiu as responsabilidades dos principais atores envolvidos no pro- cesso de elaboração desses documentos, as quais serão tratadas neste capítulo. Nesse contexto, o objetivo do presente capítulo é tratar dos aspectos que regulamentam a definição das responsabilidades do empreende- dor, da empresa responsável pela elaboração do EIA-Rima e também do órgão ambiental. A partir disso, discutiremos as implicações legais do uso e a responsabilidade sobre essas informações. 1 Equipe técnica do EIA-Rima e multidisciplinaridade É consenso na literatura que a avaliação ambiental não é uma tarefa simples, uma vez que os processos ambientais compõem um sistema complexo, no qual intervêm diferentes racionalidades, materialidades e escalas de espaço e tempo. Nesse sentido, a Unesco já preconizava, em 1986, que a problemáti- ca ambiental é um espaço das inter-relações sociedade-natureza, razão pela qual seu conhecimento demanda uma abordagem holística e um método interdisciplinar que permitam a integração das ciências da na- tureza e da sociedade; das esferas do ideal e do material; da economia, da tecnologia e da cultura. 35Responsabilidades M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Considerando a complexidade ambiental, o estudo se apresenta como uma alternativa metodológica de raciocínio que permite restaurar a visão do todo, evitando as simplificações científicas cartesianas, ana- lisando o ambiente frente ao cruzamento de diferentes componentes, fenômenos e processos (LEFF, 2003). Nessa perspectiva, Glasson, Therivel e Chadwick (2012) apontam que a Avaliação de Impacto Ambiental requer uma visão holística e multidisciplinar. Os estudos ambientais para a avaliação de impacto, segundo os autores, devem considerar sempre uma abordagem ampla, englobando para isso os aspectos dos meios físico, biológico e socioe- conômico da área em que se pretende implantar o projeto. Portanto, assume-se como premissa que, para a elaboração do EIA, é necessário reunir várias disciplinas do conhecimento (multidisciplina- ridade), de modo que a avaliação considere as partes e suas inter-rela- ções (interdisciplinaridade). IMPORTANTE Segundo Max-Neef (2005), enquanto a multidisciplinaridade é uma jus- taposição entre disciplinas, a interdisciplinaridade ocorre como fruto da colaboração entre diferentes teorias. Esta exige a hibridação de teorias, que leva a um resultado diferente do que seria alcançado por uma única disciplina (FLORIANI, 2000). Nesse contexto, em face da multidisciplinaridade dos levantamentos e das análises requeridos para o EIA, a Resolução Conama nº 001/86 previu, em seu artigo 7º, a necessidade de o EIA ser elaborado por uma equipe técnica multidisciplinar: Artigo 7º – O estudo de impacto ambiental será realizado por equi- pe multidisciplinar habilitada, não dependente direta ou indireta- 36 EIA-Rima: estrutura geral e relações Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .mente do proponente do projeto e que será responsável tecnica- mente pelos resultados apresentados. (BRASIL, 1986) Portanto, pressupõe-se que o estudo deve ser abrangente e dispor de profissionais das mais variadas áreas do conhecimento, tais como geólogos, geógrafos, engenheiros, advogados, biólogos, antropólogos, arqueólogos, sociólogos, etc. IMPORTANTE Os profissionais independentes e integrantes da equipe técnica de consultores deverão estar devidamente registrados junto ao respectivo conselho profissional e junto ao Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa do Meio Ambiente, conforme a Lei Federal nº 6.938/1981. A equipe técnica de cada projeto a ser estudado varia de acordo com a especificidade do empreendimento e também com sua localização. Por exemplo, para um EIA que estuda a ampliação da extração de fos- fato no Vale do Ribeira (sul do estado de São Paulo), a equipe técnica necessariamente precisa contar com o apoio de um espeleólogo (cien- tista que estuda as cavidades naturais), já que o empreendimento está localizado em área cárstica, com presença de cavernas e dolinas, que são feições protegidas por lei específica. Além disso, a área conta com a presença de comunidades tradicionais quilombolas, fato que deman- da especialistas e estudiosos que considerem a relação dessas comu- nidades com a área a ser afetada. Diante desse exemplo, ficam claros tanto a heterogeneidade que uma equipe pode ter como o desafio de integrar as diferentes linguagens de cada especialista na interpretação e avaliação de impactos do pro- jeto e também as contribuições desses profissionais na elaboração de medidas mitigadoras, planos e programas ambientais previstos no EIA. 37Responsabilidades M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Cabe ressaltar ainda que a definição da equipe técnica pode ser es- tabelecida também pelo Termo de Referência (TR), emitido pelo órgão ambiental, de acordo com as especificidades, os riscos ambientais, o porte e outras características do empreendimento ou da atividade. 2 Responsável pelo empreendimento e responsável pelo EIA-Rima Seguindo os procedimentos de licenciamento no Brasil, quem deve requerer o EIA é aquele que propõe o projeto de execução de uma ativi- dade, podendo ser denominado proponente ou empreendedor. 2.1 Empreendedor A equipe técnica é responsávelpela elaboração e utiliza o projeto entregue pelo proponente como base para o estudo. A Resolução Conama nº 001/1986 determina as responsabilidades do proponente do projeto, em seu artigo 8º. Correrão por conta do proponente do projeto todas as despesas e custos referentes à realização do estudo de impacto ambiental, tais como: coleta e aquisição dos dados e informações, trabalhos e inspeções de campo, análises de laboratório, estudos técnicos e científicos e acompanhamento e monitoramento dos impactos, elaboração do Rima e fornecimento de pelo menos 5 (cinco) có- pias. (BRASIL, 1986) Além disso, caberá ao empreendedor dar publicidade ao requerimen- to de apresentação de licença prévia por meio da apresentação do EIA, em geral por meio do Diário Oficial (da União ou do estado) e também de jornais locais. 38 EIA-Rima: estrutura geral e relações Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .O empreendedor ainda é responsável pelo Rima, que, conforme apresentado no capítulo 1, é destinado à consulta pública e possui uma linguagem mais acessível que o EIA, reunindo informações do projeto, impactos previstos, medidas de propostas, etc. 2.2 Empresa responsável pelo estudo ambiental A equipe técnica incumbida do EIA-Rima tem o dever legal e moral de executar um trabalho imparcial, sendo que a responsabilidade da em- presa e dos técnicos que realizam os estudos restringe-se à elaboração destes. Como é apontado no manual de licenciamento do estado de São Paulo, no EIA-Rima é necessário listar, para todos os componentes da equipe técnica responsável pelo estudo, nome, formação acadêmica, registro de classe e a parte do estudo que esteve sob sua responsabili- dade (SÃO PAULO, 2014). Deve-se apresentar a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) da equipe técnica que elaborou o estudo ambiental, indicando os res- ponsáveis pelos levantamentos dos meios físico, biótico e socioeconô- mico, além da análise dos impactos, com os números de registro dos profissionais em seus respectivos conselhos de classe, uma vez que, segundo a Resolução Conama nº 237/1997, em seu artigo 11, “os estu- dos necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados [...]” (BRASIL, 1997). Outra característica prevista é a independência formal entre a equi- pe consultora responsável pela elaboração do EIA e o empreendedor. Como já citado, o artigo 7 da Resolução Conama nº 001/1986 define que a equipe técnica do EIA deve ser independente do proponente do projeto. Essa definição gerou polêmica e foi considerada contraditória, já que a equipe consultora é escolhida pelo próprio empreendedor, sen- do custeada por ele. 39Responsabilidades M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. A Resolução Conama nº 237/1997, complementar à 001/1986, não explicita a exigência de independência da equipe técnica com relação ao empreendedor, mas, em seu artigo 11, parágrafo único, passou a res- ponsabilizar ambos (empreendedor e consultores) pelas informações apresentadas, sujeitando-os a sanções administrativas, civis e penais. Diante desse cenário e considerando que os processos de licencia- mento ambiental são muitas vezes alvo de grande interesse político, é necessário destacar que a equipe técnica deve conduzir seus trabalhos com rigor técnico, visando evitar pressões dos atores envolvidos no pro- cesso de licenciamento (empreendedor, órgão ambiental, comunidades, etc.) que possam comprometer a credibilidade dos resultados dos le- vantamentos e das análises. A equipe técnica também pode atuar na avaliação conjunta, na aná- lise e proposição de alternativas locacionais e tecnológicas do projeto, considerando a perspectiva da hierarquia de mitigação de impactos, o que pode reduzir ou minimizar os impactos negativos e melhorar, do lado socioambiental, a configuração geral do empreendimento sem que haja grande redução de seus benefícios. A Resolução Sema nº 26, de 10 de julho de 2013, do estado do Paraná, aponta ainda que: Devido à importância, profundidade das análises e repercussões sobre a vida humana e os recursos ambientais, a independência de manifestação da equipe técnica encarregada da elaboração do EIA-Rima deve atender aos mesmos princípios aplicáveis à admi- nistração pública direta e indireta, dispostos no artigo 37 da Cons- tituição Federal de 1988: princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. (PARANÁ, 2013) 40 EIA-Rima: estrutura geral e relações Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 3 Responsabilidades do órgão ambiental Os órgãos governamentais responsáveis pela implementação do processo de Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil são os órgãos estaduais de meio ambiente e, em caráter supletivo, a agência ambien- tal federal (quando esses empreendimentos são de porte federal). Segundo Sánchez (2013), a análise do EIA-Rima visa primordialmen- te verificar a conformidade ou não dos estudos com as diretrizes es- tabelecidas pelos TRs ou, na ausência destes, com as diretrizes gerais estabelecidas pela regulamentação. Tal análise pode ser feita também com o apoio de órgãos especiali- zados da administração pública. A figura 1 apresenta alguns deles. Figura 1 – Exemplos de órgãos especializados da administração pública Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Fundação Nacional do Índio (Funai) Agência Nacional de Águas (ANA) Nesse caso, o órgão ambiental competente encaminhará cópia par- cial ou integral do EIA-Rima aos órgãos públicos que tiverem relação com o projeto, informando e orientando quanto ao prazo para manifestação. Como apontam alguns estudos, em geral a análise do órgão am- biental é mais focada nos aspectos técnicos dos estudos, tais como a adequação do diagnóstico ambiental, os métodos utilizados para a previsão da magnitude dos impactos, as medidas mitigadoras e o plano de monitoramento proposto (SÁNCHEZ, 2013). 41Responsabilidades M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. De posse do EIA-Rima, a equipe técnica do órgão ambiental avalia o estudo, podendo pedir complementações ou modificações, visando que ele contenha as informações suficientes para embasar uma deci- são acerca do empreendimento. Segundo o artigo 10 da Resolução Conama nº 237/1997, a solicita- ção de esclarecimentos e complementações em decorrência da análise dos estudos ambientais apresentados deve ocorrer uma única vez, para evitar retrabalhos e lentidão nas análises. A análise e a revisão dos técnicos do órgão ambiental subsidiam a emissão do parecer técnico, podendo ou indicar a viabilidade ambien- tal do empreendimento ou indeferir o pedido de licença. Se a análise for favorável, o parecer técnico conclusivo é encaminhado à Secretaria Executiva do Conselho de Meio Ambiente, que pode decidir ou não pela concessão da licença ambiental. Vê-se, dessa forma, a importânciada seriedade do estudo e o papel fundamental do órgão ambiental. 4 Responsabilidades e sanções civis, penais e administrativas A responsabilidade dos profissionais e do empreendedor está expres- sa na Resolução Conama nº 237/97, em seu artigo 11, que os sujeita, em caso de dano ambiental, a sanções civis, penais e administrativas. Além disso, a Lei de Crimes Ambientais, alterada pela Lei nº 11.284/06, também passou a tratar da matéria, considerando crime a conduta – dolosa ou culposa – de “elaborar ou apresentar, no licencia- mento […], estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão”: O empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos ne- cessários ao processo de licenciamento serão responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrati- vas, civis e penais. (BRASIL, 2006) 42 EIA-Rima: estrutura geral e relações Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .O empreendedor responderá objetivamente pelos danos ambientais causados, nas esferas administrativa, penal e civil. Assim, administrativamente, o empreendedor poderá ser punido com base nas sanções previstas nos artigos 72 da Lei nº 9.605/98 – a Lei dos Crimes Ambientais – e 2º do Decreto nº 3.179/99, o qual dispõe acerca da “especificação das sanções aplicáveis às condutas e ativida- des lesivas ao meio ambiente” (BEZERRA; CABRAL, 2003). Os técnicos da empresa responsável pelo EIA-Rima respondem também, além de à Lei de Crimes Ambientais, aos conselhos profissionais de sua respecti- va categoria e ao Ibama (SINGULANE, 2011). O EIA-Rima integra os documentos protegidos legalmente contra falsidade ou engano, total ou parcial. A equipe multidisciplinar que in- formar falsamente ou enganosamente tais documentos, de forma co- missiva ou por omissão, por dolo ou culpa, comete o crime tipificado no art. 69-A da referida Lei dos Crimes Ambientais, o qual estabelece as seguintes sanções: Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão flo- restal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, lau- do ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. § 1º. Se o crime é culposo: Pena – Detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. § 2°. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência de uso da informação falsa, incompleta ou enganosa. 43Responsabilidades M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Como foi mencionado, a vigência da Resolução Conama nº 237/97 estendeu a atribuição de responsabilidade pela elaboração do EIA-Rima também ao empreendedor, deixando esta de ser somente dos técni- cos que elaboram os estudos, como era anteriormente. Nesse sentido, Singulane (2011) afirma que, aplicando o regime da responsabilidade civil objetiva com ou sem culpa da Lei Federal nº 6.9838/81 (art. 14º, § 1º), não é necessário comprovar se os técnicos agiram com dolo ou com negligência, imperícia ou imprudência na elaboração do estudo. Cabe ressaltar que o EIA-Rima deve ser realizado com critério e cui- dado pela equipe técnica, utilizando-se para isso as informações neces- sárias para afirmar o diagnóstico e as medidas ali propostas. Já o órgão ambiental tem como compromisso avaliar minuciosamente os estudos para poder embasar de forma coerente o parecer técnico. Se constatado que o EIA-Rima possui vícios e problemas em sua ela- boração, é necessário identificar as causas das possíveis deficiências e omissões, apresentando para isso as razões e as causas. Algumas questões que precisam ser verificadas: a equipe técnica era desprepara- da? A equipe possuía condições e capacitação para realizar o EIA-Rima e ainda assim não o fez? O órgão ambiental desincumbiu-se da sua res- ponsabilidade de análise técnica, conduzindo de forma insatisfatória a discussão e a aprovação do EIA-Rima? Como afirma Paulo Affonso Leme Machado (2016): Se a equipe multidisciplinar incumbida do EIA-Rima agiu negligen- temente, com falsa ou falta de perícia, de forma imprudente, ou as- sumiu, de algum modo, o risco da má realização do estudo, haverá responsabilidade a ser atribuída à equipe, mas não aquela objetiva sobre o dano causado ao ambiente. Pois sua responsabilidade aí sobre as ações e condutas de terceiros não é direta, mas indireta, e a responsabilidade objetiva exige a relação causa e efeito polui- dor-dano ambiental e não prevê causa indireta e efeito. (MACHADO, 2016, p. 153) 44 EIA-Rima: estrutura geral e relações Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .No caso da constatação de falhas por parte do órgão ambiental, é necessário verificar o motivo de não ter havido a detecção das falhas, tanto na fase de avaliação dos estudos quanto no processo de licencia- mento e de fiscalização pelo órgão ambiental do projeto aprovado. Assim, o Estudo de Impacto Ambiental, apesar de ser realizado por particulares, é um documento público, integrante de um processo ofi- cial de licenciamento, e as afirmações falsas ou enganosas, a omissão da verdade, a sonegação de informação ou de dados tecnocientíficos poderão afrontar a Lei dos Crimes Ambientais. Figura 2 – Entendendo as responsabilidades Responsabilidade administrativa Resulta de infração a normas administrativas, sujeitando-se o infrator a uma sanção de natureza também administra- tiva: advertência, multa, interdição de atividade, suspensão de benefícios, etc. Responsabilidade criminal Emana do cometimento de crime ou contravenção, ficando o infrator sujeito à pena de perda da liberdade ou pena pecuniária. Responsabilidade civil É a que impõe ao infrator a obrigação de ressarcir o prejuízo causado por sua conduta ou atividade. Pode ser contratual – por fundamentar-se em um contrato – ou extracontratual – por decorrer de exigência legal (responsabilidade legal) ou mesmo de ato ilícito (responsabilidade por risco). 45Responsabilidades M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Considerações finais Diante do exposto, o EIA-Rima é um trabalho complexo que deve obrigatoriamente ser elaborado por equipe multidisciplinar, incluindo uma grande variedade de profissionais, incluindo biólogos, engenheiros, sociólogos, etc. É preciso o entendimento da responsabilidade que recai sobre a idoneidade dos estudos ambientais, sendo a falsidade, ainda que por omissão, enquadrada como crime ambiental, prevista na Lei de Crimes Ambientais. Referências BEZERRA, Fabiano César Petrovich; CABRAL, Indhira Almeida. Responsabilidade civil pelo licenciamento ambiental na indústria do petróleo e gás natural. CONGRESSO BRASILEIRO DE P&D EM PETRÓLEO E GÁS, 2., Rio de Janeiro, 2003. Anais..., Rio de Janeiro: UFRJ, 2003. Disponível em: <http://www.portala- bpg.org.br/PDPetro/2/6173.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2017. BRASIL.Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. ______. República Federativa. Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999. Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e ativida- des lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em: <http:// legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%20 3.179-1999?OpenDocument>. Acesso em: 10 mar. 2017. ______. República Federativa. Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006. Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro - SFB; cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal - FNDF; altera as Leis nº 10.683, de 28 de maio de 2003, e nº 5.868, de 12 de dezembro de 1972, nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973; e dá 46 EIA-Rima: estrutura geral e relações Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .outras providências. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/le- giabre.cfm?codlegi=485>. Acesso em: 12 mar. 2017. ______. República Federativa. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe so- bre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formula- ção e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 11 de mar. 2017. ______. República Federativa. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe so- bre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades le- sivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm>. Acesso em: 12 mar. 2017. ______. Resolução Conama n° 001, de 23 de janeiro de 1986. Diário Oficial da União, Brasília, 1986. ______. Resolução Conama n° 237, de 19 de dezembro de 1997. Regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente. Diário Oficial da União, Brasília, 1997. FLORIANI, Dimas. Marcos conceituais para o desenvolvimento da interdisci- plinaridade. In: PHILIPPI JR., A. et al. 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Acesso em: 12 mar. 2017. 47Responsabilidades M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. PARANÁ. Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Paraná. Resolução Sema nº 26, DE 10 de julho de 2013. Dispõe sobre critérios e procedimentos para composição de Equipe Técnica Multidisciplinar, Consultores e Empresas de Consultoria Ambiental para elaboração de Estudo de Impacto Ambiental – EIA. Disponível em: <https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=258188>. Acesso em: 13 mar. 2017. SÁNCHEZ, Luis Enrique. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e méto- dos. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2013. SÃO PAULO. Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sema). Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). 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