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Conteúdo Interativo - Aula 02

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10/02/2021 Disciplina Portal
estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C97A077D5F6755F598C050DDA5EE2222A66E8B072295CCB1953108… 1/17
Direito Processual Penal
Aplicado
Aula 2 - Princípios Constitucionais e gerais
informadores do processo penal
INTRODUÇÃO
Nesta aula, iniciaremos estudo dos princípios constitucionais gerais informadores do processo penal. Não se concebe o
estudo do processo penal brasileiro dissociado de uma visão abertamente constitucional, inserindo-o, como merece, no
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contexto dos direitos e das garantias fundamentais, autênticos freios aos excessos do Estado contra o indivíduo, parte
verdadeiramente mais fraca nesse embate.
OBJETIVOS
Reconhecer a importância da integralização dos princípios como única forma de se garantir um processo justo e
garantista;
Identi�car os princípios gerais informadores do processo penal;
Compreender o signi�cado da Constituição Federal na estrutura do ordenamento jurídico.
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RECONHECER A IMPORTÂNCIA DA INTEGRALIZAÇÃO DOS PRINCÍPIOS
COMO ÚNICA FORMA DE SE GARANTIR UM PROCESSO JUSTO E
GARANTISTA.
A doutrina faz uma coisa que devemos considerar como péssima que é o seguinte, a doutrina lista os princípios ao invés
de integrá-los.
Por que isso é importante?
Porque, na realidade, você não deve pensar nos princípios como se fossem compartimentos estanques. Muito pelo
contrário. Os princípios, eles se integram. Um princípio, muitas vezes, é consequência ou é pressuposto de outro
princípio.
Então observem, se falamos em princípios processuais penais, tudo necessariamente, começa com o Devido Processo
Legal, art. 5º, LIV da CRFB/88.
Ninguém será despido dos seus bens, nem da sua liberdade, sem perpassar por um devido processo legal. Antes de mais
nada, o devido processo legal admite duas abordagens. Uma estritamente formal, e a outra que é a que interessa,
material.
Observância do procedimento previsto em lei. Ou seja, o devido processo legal será respeitado desde que seja observado
o procedimento previsto em lei. Só que essa acepção apenas formal do devido processo legal, não mais se emprega, não
mais se utiliza.
Hoje, se pensa não só em um devido processo legal, do ponto de vista formal, mas, sobretudo, do ponto de vista
substancial ou material, como preferir. E aqui vamos pensar, veja só a terminologia, devido processo legal, isto é, um
processo legal que não seja indevido, em suma, um processo legal que seja sinônimo de processo justo.
E isso é assente não só na jurisprudência pátria, doutrina pátria, mas também na doutrina e jurisprudência alienígenas, é
claro isso, certo?
En�m, devido processo legal, hoje, é um processo que não se mostra indevido, isto é, que seja sinônimo de um processo
justo.
E o que vai garantir a justiça desse devido processo legal?
Máxima efetividade às garantias constitucionais, processuais. Portanto, um devido processo legal, enquanto sinônimo
de processo justo, de processo que não seja indevido, é aquele no qual se dê máxima efetividade às garantias
constitucionais, processuais. E, portanto, aqui vamos invocar os quatro pilares do garantismo no processo penal. Ou
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seja, o devido processo legal é um processo o quê? Garantista.
Esse último postulado foi positivado na reforma do Código de Processo Penal, no novo art. 201, modi�cado pela Lei. 11.690\08, que
apresenta sensíveis preocupações com a vítima. Exatamente a preocupação de dar a ela um papel mais ativo no processo penal.
Nesse sentido, destacamos o art. 201 (dentre outros) §§ 2º e 3º. São os dois mais expressivos.
Isso signi�ca dizer então que, ao menos em princípio, qualquer medida cautelar restritiva de direitos tem que ter previsão
onde?
Em lei, nesse devido processo legal.
Portanto, para que tenhamos um devido processo legal como sinônimo de um processo justo, precisamos garantir a
paridade de armas entre as partes. Assim, precisamos dispensar às partes tratamento igual.
Ocorre, no entanto, que a relação processual penal é naturalmente desproporcional. Porque é um duelo que tem de um
lado o Estado com todo um aparato repressivo e de outro lado, temos simplesmente o réu e o seu advogado. É bem
verdade que, dependendo do réu, nós até possamos ter o desequilíbrio a favor da defesa, mas de�nitivamente isso é fora
dos padrões.
Então, a relação processual penal é naturalmente desproporcional, desigual, porque reúne de um lado o Estado, com
todo um aparato repressivo a sua disposição, e de outro lado, um réu, pessoa física e o seu advogado ou defensor. E
assim sendo, a isonomia pede que os réus, que as partes, melhor dizendo, em situações jurídicas distintas, recebam um
tratamento desigual.
Porque igualdade signi�ca tratar desigualmente desiguais na proporção em que desigualam. Então, se a relação
processual penal é naturalmente desigual, precisamos encontrar meios para, ao menos, minimizar essas desigualdades,
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e garantir, portanto, o equilíbrio do duelo, essa paridade de armas.
FAVOR REI OU FAVOR LIBERTATIS
Já identi�camos o primeiro e mais importante princípio do processo penal, necessário para entendermos o processo
penal justo, para isso é necessário que haja igualdade entre as parte.
Seguindo a nossa análise da isonomia passamos agora a falar em um subprincípio, que é o favor rei ou favor libertatis.
O próprio nome do princípio já é indicativo, favor rei, favor libertatis.
Favor rei porque remete ao quê?
à ideia de favor real. É o Estado soberano, através do poder Legislativo, con�ando ao réu uma serie de benesses, uma
série de favores processuais penais, a �m de diminuir a natural desigualdade, a natural desproporção que temos na
relação processual penal entre Estado e acusado.
E favor libertatis por quê?
Porque são favores que têm como destinatário o réu, e portanto têm como destinatário a sua própria liberdade.
Esse princípio do favor rei ou do favor libertatis, ele não está expressamente anunciado na nossa legislação processual
penal. É um princípio que se revela implícito. É um princípio que implicitamente em vários dispositivos acaba norteando
a nossa legislação. Vamos ver um exemplo apenas para não nos estendermos.
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O primeiro e o principal deles. Art. 386, VII do Código de Processo Penal:
É fundamento para uma sentença absolutória, não existir prova su�ciente para a condenação. Na dúvida, não se
condena. Na dúvida se absolve. Ou seja, se na dúvida absolve-se e não se condena, claramente o legislador aqui fez uma
opção pró-acusado. Pró-réu. E, portanto, temos como principal manifestação do princípio do favor rei ou favor libertatis
entre nós o art. 386, VII do CPP.
Tudo bem? Mas não é o único, longe disso.
Então já aprendemos que para termos um devido processo legal, enquanto sinônimo de processo justo, o primeiro ponto
fundamental, que devemos ter é uma igualdade de partes, igualdade essa garantida através do subprincípio do favor rei
ou do favor libertatis, pois como encontra amparo na própria isonomia, é constitucional. Mas não basta isso.
Eu preciso ter um contraditório. Art.5º, LV da CR. Ou seja, contraditório:
Exige ciência e participação efetivas das partes ao longo de todo o evolver processual, de sorte que a sentença �nal
expressará não só o trabalho intelectivodo juiz, mas também das partes.
Atenção aqui!
Contraditório, ciência e participação efetivas das partes ao longo de todo evolver processual. Isso signi�ca que as partes
têm que participar ativamente do processo, de maneira tal que a sentença �nal vai re�etir não só no trabalho intelectual
desenvolvido pelo sentenciante, mas o trabalho desenvolvido pelas próprias partes. Isso é importante porque
contraditório efetivo exige participação efetiva.
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E aí, ao lado do contraditório, aliás antes disso, do contraditório e da efetiva participação das partes, quando falamos
em contraditório, estamos anunciando uma garantia das partes. É garantia da acusação, e também da defesa,
queremos deixar isso bem claro, porque o contraditório efetivo é a manifestação também do direito de ação.
Ou seja, como é que é exercido efetivamente o direito de ação?
Por meio de um contraditório efetivo.
Compreendeu?
Assim, para que a acusação possa deduzir com efetividade a sua pretensão condenatória, ela precisa participar
ativamente de todo o processo, de todo evolver processual. Então, contraditório efetivo é sinônimo de um exercício
efetivo também do direito de ação.
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Exigindo a motivação de todos os provimentos jurisdicionais e aí nós vamos ter livre convencimento motivado do juiz.
Art. 93, IX da CRFB. É imprescindível que o juiz motive todas as suas decisões, porque se o juiz não fundamentar todas
as suas decisões, o contraditório restou resvalado. Ou seja, decisão sem fundamentação é igual a contraditório
esvaziado.
Logo, o juiz, ele é obrigado a fundamentar todos os seus provimentos, todas as suas manifestações exatamente para
satisfazer, para dar uma satisfação aquele contraditório.
Agora atenção, lado a lado ao contraditório, nós temos a ampla defesa, também prevista no art. 5º, LV da CR. A ampla
defesa também apresenta uma concepção formal e material. A�rmar que um réu está formalmente defendido signi�ca
tão somente que ele está regularmente assistido por um advogado ou por um defensor.
Mas isso não é su�ciente.
É fundamental que:
Cuidado aqui!
Isso não quer dizer que a defesa técnica tenha que ser talentosa, até porque talento nem todos têm. É fundamental que
haja combatividade. Réu, materialmente defendido aqui, é sinônimo de defesa técnica combativa, não necessariamente
talentosa.
E qual é o momento processual oportuno para tanto?
Interrogatório, sendo certo que os Tribunais Superiores já �xaram o entendimento de que a autodefesa perpassa pelo
direito de se fazer presente a todos os atos processuais.
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No momento em que o acusado exerce sua autodefesa, ele tem o direito de permanecer calado, conforme previsto no art.
5º, inciso LXIII da CRFB. Tem também o direito de não produzir prova contra si, isso signi�ca dizer que ele pode contar a
versão mais conveniente para sua defesa visando formar o convencimento do juiz. É o nemo tenetur se detegere
(ninguém é obrigado a produzir prova contra si), decorrente da ampla defesa e que está consagrado no Pacto de San
José da Costa Rica, Decreto 678/92, art. 8º, nº 2, letra “g”.
E aqui entenda bem, temos duas problemáticas: Interrogatório através de videoconferência, e a própria inquirição de
testemunhas pelo mesmo meio. Mas isso vamos abordar lá na frente quando estudarmos provas. Portanto, a
autodefesa perpassa e se materializa no interrogatório, é mais, é o direito que o réu tem de se fazer presente a todos os
atos do processo.
Fernandinho Beira-Mar. Detido em um presídio federal no Estado do Paraná. Peticionou expressamente a�rmando que queria estar
presente quando da colheita, não só ao interrogatório, mas quando da colheita de toda a prova. Nem entramos aqui no mérito do
sistema de videoconferência, até porque indisponível essa tecnologia à época do exame. De fato, a autodefesa perpassa pelo
direito de se fazer presente, de acompanhar toda a instrução criminal, ainda mais estando ele preso. Porque se ele está preso,
signi�ca que ele já está à disposição do Estado. E se ele já está à disposição do Estado, é incumbência do Estado garantir que ele
acompanhe toda a instrução. Então que o Estado trate de apresentá-lo.,Se ele responde ao processo em liberdade, ele comparece,
na realidade, se quiser.,Comparecimento, mesmo, ele só teria esse ônus se estivesse em liberdade provisória. Tem o ônus de
comparecer aos atos do processo, mas fora isso, ele tem que ser noti�cado, mas comparecer, só se quiser.,Agora, se ele está
preso, ele está à disposição do Estado. Logo, se ele pretende acompanhar a instrução, o Estado vai ter que providenciar esse
transporte.,E foi assim que o STF, 2ª Turma — com a relatoria de Celso de Melo —, decidiu, em se tratando do Fernandinho Beira-
Mar.
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL
Agora, além da autodefesa, conforme dissemos, precisamos da defesa técnica. Pois, só para concluir aqui nosso
raciocínio, a ampla defesa, para ser implementada, vai exigir de um lado, autodefesa, do outro a defesa técnica.
Vamos falar agora do Princípio do juiz natural, com previsão no art. 5º, LIII da CR, que nos diz expressamente que
ninguém será processado e julgado a não ser pela autoridade judiciária competente.
Observe, a garantia do juiz natural está pautada em regras de competência gerais, impessoais, abstratas, que
predeterminam um juízo competente para o processo e julgamento da causa. Portanto, a garantia do juiz natural se
pauta em regras gerais, impessoais e abstratas que predeterminam um juízo competente para a causa. Aqui, na
garantia do juiz natural, claramente o nosso foco aqui não é propriamente a pessoa física do juiz. Aqui o nosso foco
claramente é o órgão jurisdicional. Até porque sabemos muito bem que a jurisdição em si é impessoal. Quando se
prolata uma sentença, ela foi prolatada não pelo juiz “fulano” ou pela juíza “beltrana”, mas sim pelo órgão da 10ª Vara
Criminal.
Outra questão envolvendo garantia do juiz natural, um subprincípio, porque é, de certa forma, desdobramento da
garantia do juiz natural, corresponde à vedação aos juízos e tribunais de exceção. Art. 5º, XXXVII da CR.
Muito cuidado aqui!
Quando o constituinte veda a existência de juízos e tribunais de exceção, na realidade, o constituinte está querendo evitar
com isso os chamados julgamentos por encomenda, ou seja, juízos e tribunais criados tão somente para processar e
julgar determinada demanda. Isso é o que vai consubstanciar juízos e tribunais de exceção. E não há dúvida de que a
criação desses juízos, desses tribunais de exceção, ofenderiam a garantia do juiz natural.
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Agora, veja o jogo de palavras, ou seja, ofender o art. 5º, XXXVII da CR signi�ca ofender obliquamente o art. 5º, LIII da CR.
Uma vez ofendida a vedação aos juízos e tribunais de exceção, automaticamente ofenderemos também a garantia do
juiz natural.
Contudo, o inverso não é verdade. Podemos ofender a garantia do juiz natural, mas não comprometer o art. 5º, XXXVII
da CR. Então �xe isso, porque é muito comum você associar os dois princípios como se fossem “irmãos siameses”, não
são! Ao contrário, são no máximo “primos”, porque um existe sem o outro. Assim, temos o seguinte:
Outro ponto tenso é o art. 399, § 2º, do CPP: princípio da identidade física do juiz.
O artigo nos diz o quê?
O juiz instrutor deverá ser o juiz que irá sentenciar a causa.
Antes de nos debruçarmos sobre o princípio especi�camente, autores de porte, como o Eugenio Pacelli, vãoassociar o
princípio da identidade física do juiz ao princípio do juiz natural. Portanto, vários autores vislumbram a raiz dogmática
deste princípio no princípio do juiz natural. E por que isso? Porque diz respeito de toda sorte ao juiz.
Veja que aqui não estamos nos referindo ao juízo, mas ao juiz. Ou seja, na realidade, enquanto o princípio do juiz natural
objetiva no órgão, o princípio da identidade física do juiz — como o próprio nome já indica — objetiva na pessoa do juiz.
E por que Pacelli vislumbra, associa o princípio da identidade física do juiz na garantia do juiz natural?
Porque, pelo princípio da identidade física do juiz, o juiz competente, para julgar o mérito, será aquele que presidiu a
instrução.
E por que Pacelli vislumbra, associa o princípio da identidade física do juiz na garantia do juiz natural? Porque, pelo
princípio da identidade física do juiz, o juiz competente, para julgar o mérito, será aquele que presidiu a instrução.
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Estamos citando Eugenio Pacelli, mas a posição dele, entre os processualistas penais, ela é prevalente. A identidade
física do juiz estaria atrelada à garantia do juiz natural porque, em ultima análise, seria uma regra também de
competência e de julgamento, pois o juiz que presidiu a instrução, automaticamente se tornaria competente para
apreciar o mérito.
O princípio da identidade física do juiz pensado por Giuseppe Chiovenda, sempre foi associado à oralidade, ou seja, na
realidade, a identidade física do juiz é braço direito da oralidade. E se é braço direito da oralidade, em verdade encontra
seu berço no devido processo legal.
Isso �ca fácil de se identi�car, pelo seguinte:
Oralidade pressupõe o quê?
Contato imediato do juiz com a prova. Oralidade exatamente por ser uma vertente da própria imediatidade, quando se
a�rma que a prova por excelência é oral.
Por que a prova oral?
Exatamente porque quando se colhe uma prova deste tipo o juiz tem contato direto, imediato com a vítima, com as
testemunhas. Isso é oralidade.
Em reforço ainda a essa orientação, à garantia do juiz natural, o princípio do juiz natural tem um objetivo, que é a
imparcialidade do julgamento.
Paralelamente à garantia do juiz natural, a doutrina também propõe o princípio do promotor natural. Mas aqui muita
atenção. O princípio do promotor natural não tem embasamento constitucional no art. 5º, LIII da CR.
O art. 5º, LIII da CR, anuncia a garantia do juiz natural ao a�rmar que ninguém será processado nem tampouco julgado a
não ser pela autoridade judiciária competente. Então na realidade, tal artigo é “berço” do princípio do juiz natural, porque
quem preside a instrução, o processo? O juiz. Quem julga? O juiz.
O princípio do promotor natural teria previsão no art. 127, §1º, da CR, sendo um consectário lógico da própria
independência funcional con�ada aos membros do MP, que vem preservada por sua vez pelas inamovibilidades e
titularidades, de sorte que quando um crime é cometido já se sabe de antemão qual será o órgão ministerial com
atribuição para a demanda.
Na dicção do professor Paulo César Pinheiro Carneiro , o princípio do promotor natural tem matiz no art. 127, §1º, da CR.
E, portanto, na independência funcional do MP que vem preservada por sua vez pelas inamovibilidades e titularidades,
de sorte que quando um crime é cometido já se sabe de antemão qual será o órgão ministerial com atribuição para a
demanda.
O princípio do juiz natural existe para preservar a imparcialidade do juízo. O princípio do promotor natural, por sua vez, existe para
preservar a isenção da acusação pública.
O que podemos falar, isso sim, é em uma acusação isenta, ou seja, o MP quando promove a ação penal pública, assim o
faz perseguindo o bem comum.
Mas perseguindo o bem comum segundo a sua ótica, e como ele já tem uma ótica pré-formada, pré-constituída, nós não
podemos então entender que o MP se mostre imparcial, mas sim isento, certo?
Portanto, a �nalidade do princípio do promotor natural é garantir a isenção da acusação, “evitar” acusações “por
encomenda”, em última analise. Evitar que tenhamos acusações de exceção. Da mesma maneira que uma das
�nalidades da garantia do juiz natural é evitar julgamentos de exceção, o princípio do promotor natural existe para evitar
as acusações de exceção.
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Agora, atenção aqui
A imparcialidade do juiz ainda chama dois princípios que se complementam, inércia e demanda.
A demanda complementa a inércia, porque a inércia da jurisdição nos diz que o juiz não poderá agir a não ser que seja
provocado. Só que aí vem o princípio da demanda, da correlação e vai complementar: o juiz só agirá quando for
provocado.
Até aí temos qual princípio? Inércia. E, olha aí o complemento, e dentro dos limites dessa provocação. Surge o princípio
da demanda ou congruência ou correlação entre o pedido e a sentença.
Então, face à garantia da imparcialidade do juízo, o juízo só agirá quando for provocado, inércia; e mais, dentro dos
limites dessa provocação. Assim, temos o princípio da demanda ou princípio da congruência entre o pedido e a sentença
ou correlação entre o pedido e a sentença.
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU NÃO CULPABILIDADE
Não são sinônimos.
Art. 5º, LVI da CR. E, infelizmente, a nossa doutrina peca porque muitos autores anunciam o princípio da presunção de
inocência, mas nas suas lições tratam presunção de inocência como presunção de não culpabilidade.
Vamos analisar a presunção de inocência primeiramente.
O que nos diz o art. 5º, LVII da CR?
Ninguém será considerado culpado de um crime antes do trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória.
Pois bem. Quando se trabalha com presunção de inocência, trabalha-se com um so�sma.
Que so�sma é esse?
Se ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória é porque é
inocente. A não antecipação da culpa importa no reconhecimento da inocência, até que sobrevenha uma sentença penal
condenatória transitada em julgado.
Quem levou esse princípio às ultimas consequências e não por acaso ganhou notoriedade e respeito no mundo
acadêmico foi exatamente o Luigi Ferrajoli, porque ele parte de uma premissa, as garantias fundamentais devem ser
interpretadas dando-lhes máxima efetividade.
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Então, se uma CR a�rma que ninguém será considerado culpado de um crime, antes do trânsito em julgado de uma
sentença penal condenatória, é porque é inocente. Se é inocente, então qualquer ônus que se imponha a esse réu que
não tem ainda uma condenação transitada em julgado, se mostrará inconstitucional, porque não podemos onerar um
inocente.
E aí, por exemplo, ele vai levantar fundados questionamentos a respeito da constitucionalidade das prisões provisórias.
Em que pese muitos autores, nos seus livros, falarem em presunção de inocência, ou Estado de inocência, em verdade,
estão trabalhando, com presunção de não culpabilidade. Isso é a tônica nos Tribunais Superiores do país (STF\STJ) e
nas Cortes Constitucionais Europeias, ou seja, não só aqui como alhures, o art. 5º, LVII, isto é, a garantia de não ser
considerado culpado antes do trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória, não é interpretada como uma
presunção de inocência, mas sim como uma presunção de não culpabilidade, que tem uma diferença sutil.
STF e STJ e as Cortes Constitucionais Europeias interpretam essa garantia como presunção de não culpabilidade, ainda
que por vezes se re�ram nominalmente à presunção de inocência. Não ser considerado culpado não signi�ca ser
inocente, logo são constitucionais os ônus processuaisimpostos ao acusado, desde que não traduzam antecipação
expressa de culpa, materializada na antecipação de pena, eis que nulla pena sine culpa.
Ou seja, qual vai ser a questão se você trabalha com presunção de não culpabilidade? Não ser considerado culpado não
signi�ca ser inocente. Então podemos sim impor ônus processuais ao acusado, desde que esses ônus não traduzam
reconhecimento expresso e antecipado da sua culpa.
E quando esses ônus processuais vão traduzir reconhecimento expresso e antecipado de culpa?
Em geral, quando traduzirem antecipação de pena, porque pena e culpa são conceitos indissociáveis.
Consequentemente, se eu admito uma antecipação de pena, de forma automática, vou também admitir uma
antecipação da culpa.
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Sobre presunção de inocência ou de não culpabilidade, vamos parar por aqui, por ora. Por quê? Porque quando
estudarmos prova, vamos ter que falar sobre ônus da prova, e obviamente iremos voltar a falar sobre presunção de não
culpabilidade, isto é, se vigora entre nós uma presunção de não culpa, evidentemente que o ônus da prova é em princípio
inteiramente de quê?
Da acusação, em princípio.
Veri�caremos que não é bem assim que acontece na jurisprudência, mas em princípio seria.
Se falarmos em presunção de não culpabilidade, todas as prisões provisórias seriam cautelares. E aí nós teríamos aquela
problemática envolvendo ausência de efeito suspensivo em recursos posteriores à acusação, que em tese não impediriam a
expedição de mandado de prisão e o inicio da execução de penas privativas de liberdade.
PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL OU SUBSTANCIAL
Esse princípio é mais conhecido como busca da verdade real, mas isto chega a ser, de certa maneira, um pleonasmo,
porque se você fala em uma verdade real, você tem que presumir que haja uma verdade irreal, só que verdade irreal não
existe, verdade irreal é mentira, por isso é mais interessante...
Outro princípio importante é o da Inadmissibilidade no processo das provas obtidas por meios ilícitos. Art. 5º, LVI da CR,
mas vamos tratar desse princípio quando estudarmos provas.
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Abdica-se de se buscar a verdade, em prol de uma composição consensual. E, nesse aspecto, destaca-se aqui claramente
uma preocupação não com uma justiça penal retributiva, mas sim com uma justiça penal restauradora porque voltada
à restauração da paz social e do próprio suposto autor do fato.
Atenção aqui à diferença!
Então, busca não propriamente uma punição, mas o restabelecimento, a restauração da paz social, o que perpassa
também pela restauração social, pela reinclusão social, pela ressocialização do acusado. E outro indicativo disso, por
sinal, foi a Lei. 9.714\98 quando ampliou entre nós as penas alternativas no art. 43 e seguintes do CP.
Nós não temos, hoje, uma justiça penal absolutamente retributiva, porque se tivéssemos, a verdade real seria um dogma absoluto,
sabe por quê? Porque só podemos legitimar uma condenação criminal quanto mais próxima ela estiver do que seria a verdade.
A partir do momento em que desviamos o nosso foco da retribuição para a restauração, ampliamos os nossos mecanismos de
restauração da paz social, veri�cando que, muitas vezes, isso pode ser obtido consensualmente, e não através de um litígio.
IMPORTANTE
Agora, detalhe importante, existe um texto maravilhoso do José Carlos Barbosa Moreira que está ou na 6ª ou na 7ª série
dos temas dele, de processo civil, intitulado “Processo Civil\Processo Penal, mão e contramão”, analisando as in�uências
do processo civil sobre o processo penal e vice-versa.
O processo civil está cada vez mais preocupado com a busca da verdade material, não se satisfazendo mais apenas
com a verdade formal. E o processo penal por sua vez incorporando o quê? Um espaço de consenso próprio.
Portanto, estará errada uma assertiva que diga que o princípio da verdade material e substancial seja absoluto no
processo penal. Já foi, não é mais.
Além disso, verdade real é utopia, não é realidade. Nunca se esqueça disso. A busca da verdade é uma meta
inalcançável, inatingível, por uma razão muito simples. Nós não somos onipresentes, nem tampouco oniscientes. No
processo, nós sempre trabalharemos com teses, versões. Temos a tese acusatória, a antítese defensiva e aí vem o juiz
com a sentença que é a síntese. E a síntese elegerá a tese que se mostrar mais provável. Na realidade, o juiz trabalha o
tempo todo com juízos de probabilidades e não com juízos de certeza.
ATIVIDADES
1 - O art. 10, da Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em
Paris, em 10 de dezembro de 1948, consagra que toda pessoa tem direito, em condições de plena igualdade, de ser
ouvida publicamente e com justiça por um tribunal independente e imparcial, para a determinação de seus direitos e de
suas obrigações ou para exame de qualquer acusação contra ela em matéria penal.
O princípio do processo penal que se adequa a essa redação é o:
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a) Do juiz natural.
b) Da ampla defesa.
c) Do contraditório.
d) Do duplo grau de jurisdição.
e) Da publicidade.
Justi�cativa
2 - Patrocinado pela Defensoria Pública, determinado réu foi regularmente intimado para audiência de instrução e
julgamento, onde foram ouvidos como testemunhas da denúncia os policiais que participaram de sua prisão em
�agrante e a vítima. A intimação para o ato se deu no presídio, onde o réu se encontrava preso pela prática de outro fato.
Na audiência, ausente o réu, o defensor dispensou sua presença. A prova foi produzida, alegações oferecidas e proferida
sentença condenatória.
Considerando as informações acima, assinale a alternativa correta:
a) O due process of law admite dispensar a presença do réu, mas a torna obrigatória no interrogatório, à medida que ele estava
custodiado pelo Estado.
b) A presença do réu é desdobramento do princípio da ampla defesa, em sua vertente autodefesa, franqueando-se a
possibilidade de presenciar e participar da instrução.
c) A participação do réu na audiência se apresenta como direito absoluto e indispensável para a validade do ato, inclusive para
que possa defender-se no interrogatório.
d) A ausência do réu é nulidade relativa, que necessita da comprovação de efetivo prejuízo por parte da defesa e arguição em
momento oportuno.
Justi�cativa
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