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CIRCUITO RC Alexandre Augusto Leal Martins Bryan Robson Damasceno de Azevedo BELO HORIZONTE 2021 1.INTRODUÇÃO 1.1 CAPACITORES Sabemos que é possível armazenar energia sob forma de energia potencial de diversas maneiras. Podemos estender uma mola, comprimir um gás ou até elevar um objeto com uma determinada massa. Uma outra forma de armazenar energia na forma de energia potencial é através de um campo elétrico, e podemos fazer isso com o uso de um dispositivo chamado capacitor. O capacitor (ou condensador) e um dispositivo formado por duas placas condutoras, contendo um material dielétrico entre elas, cuja característica principal é o fato que quando aplicamos uma dada diferença de potencial entre esta placas, há o acúmulo de uma quantidade de cargas elétricas nelas, positivas (+q) em uma e negativas (−q) na outra. A quantidade de carga elétrica acumulada q e proporcional a diferença de potencial aplicada. A constante de proporcionalidade entre a carga adquirida e a diferença de potencial aplicada e chamada de capacitância e depende das dimensões do capacitor (como a área das placas condutoras e a separação entre elas) e da permissividade elétrica do isolante. Figura 1- Representação de um capacitor. Fonte: Google Imagens. 1.2 EQUAÇÕES Podemos então escrever a equação característica do capacitor como: q=CVC Essa definição pode ser considerada como estática ou instantânea, relacionando a voltagem no capacitor em um dado momento e o módulo da carga acumulada em cada uma de suas placas. Como, em geral, medimos voltagens e correntes podemos reescrever a equação acima em da corrente que passa no circuito do capacitor. Basta lembrar que: i=dq dt Substituindo temos: i=C dV C dt A equação nos mostra que somente teremos corrente no circuito se houver uma variação da voltagem no capacitor V, ou seja, se o capacitor estiver se carregando ou descarregando teremos corrente circulando. A unidade de capacitância no SI é o Farad, representado pela letra F, (1F=1C/1V). O farad é uma unidade muito grande e por isso os dispositivos disponíveis comercialmente são designados por submúltiplos como, por exemplo o picofarad (1pF=10-12). 2.1CIRCUITOS RC Como mencionado anteriormente, se conectarmos uma fonte de tensão aos terminais de um capacitor, aparecerá uma corrente elétrica no circuito enquanto a diferença de potencial aplicada ao capacitor estiver variando no tempo, ou seja, enquanto o capacitor estiver se carregando. Isso ocorrerá durante um breve intervalo de tempo em que a fonte estiver sendo conectada. Esse tempo é chamado de transiente e após ele a voltagem torna-se constante e a correte será nula. Figura 2.1 - Circuito que contém uma fonte de tensão, um resistor e um capacitor. Fonte: https://virtual.ufmg.br/20202/pluginfile.php/463196/mod_resource/content/1/Circuito_RC.pdf. Se conectarmos a chave S na posição A, o capacitor se carregará. Pela lei de malhas, que é equivalente à lei de conservação de energia no circuito, teremos: V0= VR+VC Qualitativamente o que vai ocorrer é: se o capacitor estiver completamente descarregado no instante inicial (momento em que a chave é virada para a posição A), VC=0V e, portanto, V0= VR=Ri, onde i é a corrente no circuito no instante t=0s. À medida que o tempo passa VC vai aumentando (capacitor está se carregando), e VR consequentemente vai diminuindo. Isso significa que em t=0s o valor de VC é mínimo (VC=0V) e o valor de VR é máximo (VR=V0). Se a chave ficar ligada na posição A por um tempo relativamente longo (o significado de “relativamente longo” logo ficara claro), ao final desse tempo o capacitor estará totalmente carregado e teremos VC = V0, VR = 0 V e a corrente não passará. Se nesse momento passarmos a chave para a posição B, haverá um refluxo das cargas acumuladas no capacitor, a corrente inverterá o sentido e o capacitor se descarregará. Nesse caso, ´ como não existe bateria ligada no circuito, V0 = 0V e, pela lei das malhas, VR + VC = 0, ou VR = − VC. A voltagem no capacitor, no caso, variara de V0 até zero. 2.2PERGUNTA Mostre que, a carga q varia no tempo de acordo com uma função do tipo q ( t )=V 0C ¿ 2.3 RESOLUÇÃO Pela LTK temos: V 0=¿Ri (t )+V C (t )¿ Então a chave estando ligada em A e o capacitor carregado chegamos à equação: V 0=Ri ( t )+ q C Como i=dq/dt, essa equação pode ser escrita na forma: V 0= dq dt R+ q C ou V 0− dq dt R− q C =0 Nesse caso, temos um termo derivado em relação ao tempo e outro termo em sua forma normal. Para resolver vamos separar os termos dq/dt e q/C. Assim, conseguiremos resolver aplicando a função logarítmica: −dq dt = q−V 0C RC →−dq ¿¿ Agora vamos integrar em dq e dt: −∫ 0 q dq (q−V 0C ) =∫ 0 t dt RC → [−ln (q−V 0C) ]=[ tRC ] ln (q−V 0C )−ln (0−V 0C )= −t RC −(−0) q (t )−V 0C=−V 0C e −t RC Assim teremos que a carga q(t) varia com o tempo de acordo com a função: q(t )=V 0C (1−e −t RC ) 2.4PERGUNTA Mostre que, no processo de descarga, a variação da tensão nos terminais do capacitor pode ser escrita como: VC (t )=V 0e −t RC 2.5 RESOLUÇÃO No processo de descarga sabemos que VR + VC = 0, ou VR = − VC. E a voltagem no capacitor varia de V0 até zero. Substituindo as expressões para VR e VC por suas equações características: V 0=RC dV C dt +V C Integrando ficamos com: VC (t )=V C (∞ )+[V C (0)−V C (∞) ]e −t RC Onde VC (∞) é a voltagem no capacitor quando t→∞(capacitor completamente carregado) e VC (0) é a voltagem no capacitor quando t→0 (capacitor descarregado). Então VC (∞ )=V 0, assumindo que a voltagem das placas do capacitor é nula em t=0, assim achamos: VC (t )=V 0(1−e −t RC ) A partir da equação vemos que o tempo necessário para o capacitor se carregar depende de τ=RC. Esse produto é conhecido como constante de tempo do circuito. Usando a LKT obtemos VR: V R (t )=V 0−V C=V 0e− t /RC Para descarga do capacitor temos que resolver: V 0=R dq dt + q C Para V0=0, assumindo que o capacitor está completamente carregado no instante t=0. Encontramos: VC (t )=V 0e −t /RC 2.6 PERGUNTA Mostre que, num processo de descarga, em relação ao tempo, a tensão do capacitor cai para 0,37 de seu valor inicial. 2.7 RESOLUÇÃO As constantes de tempo que caracterizam o circuito podem ser obtidas da definição: “é o tempo necessário para o argumento da exponencial se tornar -1.” Assim: VC (τ )=V 0 (1−e −1 )→V 0 (1−0.37 )=0.63V 0 Ou seja, τ é o tempo necessário para que a voltagem em um capacitor, inicialmente descarregado, atinja 63% do seu valor final da tensão da fonte. Já para a descarga temos: VC (τ )=V 0e −1 =0,37 V 0 Isto significa que na descarga τ é o tempo necessário para o capacitor atingir 37% do seu valor inicial da voltagem em t=0. Podemos, também, obter o τ por um processo chamado meia-vida que ocorre em funções exponenciais. Ele é o tempo necessário para a grandeza cair à metade de seu valor inicial. Nesse caso, para a voltagem do capacitor atingir, na carga e descarga, a metade do valor de V0. Na carga: VC (t 12 ) = V 0 2 =V 0 [1−e −t 1 2 RC ] → 1 2 =e −t1/2 RC Aplicando ln nos dois lados da equação: t1 /2=RCln2 Na descarga: VC (t 12 ) = V 0 2 =V 0 e −t 1 2 RC t1 /2=RCln2 τ= t1 /2 ln2 2.8 PERGUNTA Mostre que τ tem unidade de tempo. 2.9 RESOLUÇÃO τ=RC Onde R é a resistência medida em ohms e C é a capacitância medida em Farad. Sabemos que 1Frad equivale a 1Culomb/1Volt Pela lei de Ohm: V=Ri R=V i = 1V 1 A Sabemos que 1 ampere equivale a 1Culomb/1 segundo Substituindo na fórmula: τ=RC= 1V 1A ∗1C 1V Fazendo as devidas simplificações ficamos com: 1C 1A = 1C 1C /1 s =1segundo 2.10 PERGUNTA Um flash de uma máquina fotográfica tem basicamente como componentes um capacitor e umresistor (a lâmpada). Considerando que a luz do flash deve ser intensa e de curta duração, indique as características que devem ter esses dois componentes. 2.11 RESOLUÇÃO O capacitor armazena energia, como uma pilha, mas é capaz de liberar sua energia de forma instantânea, muito rapidamente. Então, quando você liga o flash, a primeira coisa que ele faz é carregar o capacitor, utilizando um pouco da energia das baterias. Depois disso, fica aguardando o comando da câmera para disparar. Quando acionado o botão de disparo, o flash vai até o capacitor, pega sua carga e manda para a lâmpada, que se acende e apaga rapidamente. Em seguida, o flash pega novamente mais um pouco da carga da pilha e recarrega o capacitor. 3. EXPERIMENTO O experimento dessa semana consiste em obter as curvas de descarga de um circuito RC e analisar as constantes de tempo capacitivas do mesmo circuito, porém com dois resistores diferentes. O circuito a ser analisado é o da figura 2.1 que consiste em um circuito série RC com uma fonte de tensão, um resistor (usaremos 2 para o experimento) e um capacitor, com suas funcionalidades já discutidas anteriormente. 4. OBJETIVOS Obter curvas de descarga de um capacitor em um circuito RC Determinar as constantes de tempo capacitivas do circuito analisado. 5. MATERIAIS E MÉTODOS UTILIZADOS 5.1 MATERIAIS: Computador com interface para aquisição de dados Sensor de tensão Fios Capacitor (C~2,2mF) Dois resistores (~300W e ~10kW) Fonte de tensão (~7VCC) 5.2 MÉTODOS: Através dos códigos de cores para resistores, foi determinado os valores de R1 e R2. Foi montado o circuito da Figura 1 com qualquer um dos resistores. A fonte foi colocada na posição de tensão mínima e a chave S foi posta na posição A (processo de carga do capacitor). Após a familiarização com programa de gerenciamento do sistema automático de aquisição de dados, foi estimada uma frequência de medida para o sistema, de acordo com a equação: E foi considerado 200 pontos. O sensor de tensão (medidos) foi conectado nos terminais a e b do capacitor e, a saída da fonte, foi ajustada para uma tensão de cerca de 7 V. O processo de descarga foi iniciado desconectando a fonte do circuito e ligando o capacitor diretamente ao resistor — chave S na posição B. A aquisição dos dados foi iniciada, de forma a registrar, no computador, a queda da tensão no capacitor em função do tempo. O procedimento foi repetido com o segundo resistor, alterando a frequência para o novo valor de R. 6. RESULTADOS Através do código de cores foram determinados os seguintes valores de resistência para R1 e R2: R1 = (azul, cinza, marrom, ouro) −→ RI = 680Ω ± 5% R2 = (cinza, vermelho, vermelho, prata) −→ R2 = 8.2kΩ ± 10% Através dos dados obtidos no experimento e usando um programa de construção e análise de gráficos, foi gerados um gráfico (para os dois valores de R) com a curva de descarga V x t para o circuito. Figura 5.1 – Gráfico de R1. Fonte: https://virtual.ufmg.br/20202/pluginfile.php/ Figura 5.2 – Gráfico de R2. Fonte: https://virtual.ufmg.br/20202/pluginfile.php/ Calculando a constante de tempo capacitiva pela fórmula: τC = RC e considerando sua incerteza por 7, temos seu valor teórico. Calculando a constante de tempo capacitiva pelo o gráfico a partir da equação de ajuste da curva: Com a equação observamos que C’ = 1/τ c o que nos permite determinar os valores das constantes de tempo capacitivas de acordo com cada resistor. Os resultados obtidos estão descritos abaixo. Através da fórmula da incertezas: Os resultados e a incerteza: Tc - Calculado Tc – Gráfico R1 (0.068 ± 0.25) (0.060 ± 0.16) R2 (0.82 ± 0.08) (0.74 ± 0.01) 7. CONCLUSÕES Pode se observar a partir dos resultados obtidos pelo software, que em um circuito que possui uma resistência elétrica mais elevada terá um intervalo de tempo maior para descarregar completamente o capacitor. Confirmamos isso quando calculamos os valores da constante de tempo capacitiva por meio da τc = RC, em que o tempo e a resistência são diretamente proporcionais. E por fim, pode se observar que comparando os valores de τc obtidos empiricamente aos valores calculados teoricamente, alcançamos resultados semelhantes.
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