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ARCADISMO Os Pastores da Arcádia, de Nicolas Poussin. O Arcadismo foi o principal movimento literário do século XVIII. Outros nomes dados ao estilo são Setecentismo ou Neoclassicismo - a partir deste último, inclusive, percebe-se a relação do Arcadismo com valores da cultura clássica, ou seja, valores gregos, romanos e renascentistas. Os escritores árcades são conhecidos por oporem-se ao estilo barroco, inspirando-se em preceitos do Iluminismo. Contexto histórico O Arcadismo é o principal movimento literário do século XVIII. Seu contexto é marcado, como dissemos anteriormente, pelo Iluminismo e pelo avanço técnico e tecnológico que produziram a industrialização e o consequente êxodo rural. O período é fundamental para compreender o declínio do absolutismo e a ascensão da burguesia. O século XVIII é também conhecido como século das luzes ou século da filosofia. Foi durante esse período que aconteceu o iluminismo, movimento intelectual que deu origem às ideias de revolução, liberalismo, cidadania, Direitos Humanos, bem como impulsionou a busca pelo conhecimento em áreas diversas. Os pensadores iluministas baseavam-se no princípio da racionalidade: a razão humana é que deveria conduzir o desenvolvimento das ciências, da política e da vida cotidiana das pessoas, iluminando-as do obscurantismo da ignorância e do desconhecimento. Ninfa adormecida guardada por um pastor, de Angelika Kauffmann, ilustrando o bucolismo árcade. A influência do pensamento iluminista culminou, por exemplo, na Revolução Americana, em 1776, e na Revolução Francesa, em 1789. Correspondia, por fim, à ruptura final com o absolutismo e ao surgimento de um governo constitucional, com participação popular. Aqueles que antes eram apenas súditos tornaram-se indivíduos, cidadãos. Foi o iluminismo o principal motor das revoluções burguesas, que, por sua vez, impuseram um novo paradigma no modo de vida dos europeus. O surgimento dessa burguesia ilustrada deu origem às Arcádias, sociedades literárias dedicadas a inserir as produções escritas nessa nova ordem social, ditando, portanto, os padrões estéticos desejados. Resumo do Contexto histórico O século XVIII teve acontecimentos históricos fundamentais para compreender o Arcadismo. Alguns deles são: - queda das monarquias absolutistas pelo mundo; - ascensão da burguesia; - desenvolvimento técnico e tecnológico; - forte êxodo rural; - investimentos em educação em massa; - ampliação da população urbana. https://brasilescola.uol.com.br/literatura/iluminismo-literatura.htm https://brasilescola.uol.com.br/economia/liberalismo-economico.htm https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/direitos-humanos.htm https://brasilescola.uol.com.br/politica/ https://brasilescola.uol.com.br/historiag/revolucao-francesa.htm https://brasilescola.uol.com.br/politica/absolutismo.htm Diferenças entre Arcadismo e Barroco O Arcadismo é o movimento literário que ocorre após o Barroco. Enquanto o Barroco representa um homem em conflito entre o sagrado e o profano (é bom lembrar que nessa época, século XVII, a Contrarreforma havia restaurado vários valores medievais no mundo), o Arcadismo apresenta um sujeito fiel à razão, crente na ciência. Além disso, vale dizer que linguagem do Barroco era rebuscada e cheia de paradoxos, enquanto, no Arcadismo, comunica-se com mais clareza e simplicidade. Características do Arcadismo Os pastores, 1851, de Willian Holman Hunt Embora tenha surgido em um período de rupturas e muita agitação política e intelectual, os escritores árcades faziam textos amenos, contemplativos. Em busca do equilíbrio e da restauração do caos reinante na escola barroca, o arcadismo recorria ao bucolismo, aos temas pastoris, aos elementos da natureza. Era comum que os poetas árcades assinassem seus versos em pseudônimos com nomes de pastores gregos e romanos. Temática e estilo greco-latino são, aliás, recorrentes, seja pelo uso das formas helenísticas de poesia (ode, epicédio, canto etc.), seja pela presença de figuras que compõem o imaginário da Grécia Antiga, como as ninfas, as musas, os deuses e os pastores. Por isso, o arcadismo é também chamado neoclassicismo, ou seja, a retomada de elementos da Antiguidade Clássica. Tanto é que os principais temas árcades podem ser resumidos em expressões latinas muito populares na época: Fugere urbem, ou seja, “fuga da cidade”. A ordem natural dos ciclos da terra e do fluxo das águas devolve o equilíbrio do espírito humano. Locus amoenus, “local ameno”, para onde o poeta deve dirigir-se. Aurea mediocritas, “o meio-termo é de ouro”: em oposição aos excessos do barroco, o arcadismo procura o equilíbrio. Inutilia truncat, “eliminar o supérfluo”: a linguagem deve ser simples, objetiva, clara e racional, sem adornos. Mais características O Balanço, de Nicolas Lancret (Foto: pintura) Bucolismo/Pastoralismo: a poesia árcade retrata uma natureza tranquila e serena, procurando o “Lócus Amoenus”, um refúgio calmo que se contrastava com os centros urbanos monárquicos. O burguês culto buscava na natureza o oposto da aristocracia. Aurea Mediocritas: os poetas, autointitulados pastores, exaltavam a vida simples, equilibrada, espontânea e humildade. Para ser feliz, bastava estar em comunhão com a natureza. Pseudônimos pastoris: o fingimento poético (simulação de sentimentos fictícios) é marcado pela utilização dos pseudônimos pastoris. Como pastores, os poetas, em sua maioria burgueses que vivam nos centros urbanos, realizavam o ideal da mediocridade dourada (aurea mediocritas). Carpe diem: significa aproveitar o dia, viver o momento com grande intensidade. Foi a atitude assumida pelos poetas-pastores, que acreditavam que o tempo não parava e, por isso, deveria ser vivido plenamente em todos os sentidos. Fugere Urbem: os árcades buscavam uma vida simples, próxima da natureza, longe das confusões urbanas. A modernização das cidades trazia os problemas dos conglomerados urbanos. A alternativa era mudar-se para os prados e campos. Inutilia Truncat/Objetivismo: as inutilidades eram cortadas. A linguagem era depurada, sem exageros ou o rebuscamento da poesia barroca. Os poetas árcades eram contidos em sua expressão poética. Universalismo: os árcades não compactuam com o individualismo. Tratam dos temas de maneira geral ou universal. https://brasilescola.uol.com.br/historiag/barroco.htm Arcadismo no Brasil A Primeira Missa no Brasil, de Meirelles. Devido à descoberta de ouro em Minas Gerais, o século XVIII é considerado o século de ouro no Brasil. Foi nesse período que a região sudeste se tornou o principal eixo econômico e político do país, nas cidades de Vila Rica (atual Ouro Preto) e Rio de Janeiro. Em Minas Gerais, principalmente em Vila Rica, formou-se uma sociedade urbana caracterizada por uma grande população, a maioria tinha suas atividades na extração do ouro. Assim, Vila Rica se tornou um dos maiores centros urbanos na América, com grande desenvolvimento artístico e cultural, o que permitiu a proliferação de intelectuais e artistas, que vinham de diferentes regiões, permitindo maior circulação das ideias iluministas. O marco inaugural do Arcadismo foi em 1768, em Vila Rica, com a fundação da Arcádia Ultramarina e a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa. Mesmo não construindo um grupo nos moldes das arcádias europeias, assim é formada a primeira geração literária brasileira. Com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro em 1808, nasce a chamada Escola Setecentista, que com suas medidas político-administrativas, permitiu a introdução do pensamento pré-romântico no Brasil. Entre as características do movimento no Brasil, destacam-se a introdução de paisagens tropicais, valorização da história colonial, a luta pela independência e o início do nacionalismo. Características do arcadismono Brasil - Apego aos valores da terra: a simplicidade na poesia e a idéia de abolir as inutilidades (inutilia truncat) foram os objetivos dos arcades brasileiros. Como a concentração foi em Minas Gerais, nasce um nativismo que incorporou os valores da terra ao ideário da estática bucólica, em alta no arcadismo. - Incorporação do elemento indígena: a valorização do índio foi destaque nesta época, era o reflexo do “bom selvagem”, de Rousseau, onde a natureza faz o homem feliz e bom, mas a sociedade o corrompe. - Sátira política: um exemplo foi Cartas Chilenas, onde é bem clara a sátira política aos tempos difícieis da exploração portuguesa e à corrupção dos governos coloniais. Os árcades e a Inconfidência Mineira Bandeira da Inconfidência - 1789: Os Inconfidentes. Carlos Oswald, c.1939. Academia de Polícia Militar (MG) Os escritores árcades mineiros tiveram participação direta no movimento da Inconfidência Mineira. Chegados de Coimbra com idéias enciclopedistas e influenciados pela independência dos EUA, divulgaram os sonhos de um Brasil independente e contribuíram para a organização do grupo inconfidente. Esses escritores eram Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manuel da Costa. Do grupo, apenas um homem não tinha a mesma formação intelectual dos demais nem era escritor: o alferes Tiradentes (dentista prático), maçom e simpatizante dos ideais iluministas. Com a traição de Joaquim Silvério dos Reis, que devia vultosas somas ao governo português, o grupo foi preso. Todos, com exceção de Tiradentes, negaram sua participação no movimento. Cláudio Manuel da Costa, segundo versão oficial, suicidou- se na prisão antes do julgamento. No julgamento, vários inconfidentes foram condenados à morte por enforcamento, dentre eles Tiradentes e Alvarenga Peixoto. Tomás Antônio Gonzaga e outros foram condenados ao exílio temporário ou perpétuo. Tiradentes assumiu para si a responsabilidade da liderança do grupo. No dia 20 de abril de 1792, foi comutada a pena de todos os participantes, excluindo Tiradentes, enforcado no dia seguinte. Seu corpo foi esquartejado e exposto por Vila Rica; seus bens, confiscados; sua família, amaldiçoada por quatro gerações; e o chão de sua casa foi salgado, para que dele nada mais brotasse. Autores do Arcadismo brasileiro José Basílio da Gama Natural de São José do Rio das Mortes, atual cidade de Tiradentes (MG), Basílio da Gama nasceu em 1741. Estudou no Colégio dos Jesuítas, no Rio de Janeiro, até o Marquês de Pombal, à frente da metrópole portuguesa, banir do Brasil os padres jesuítas da Companhia de Jesus. Anos depois, foi para a Itália e associou-se à Arcádia Romana, assinando com o pseudônimo de Termindo Sipílio. Viveu também em Portugal, onde foi preso, acusado de ser partidário dos jesuítas. Mudou de ideia na prisão e tornou-se pombalino. Foi membro da Academia das Ciências de Lisboa, cidade em que faleceu em 1795. “O Uraguai” (grafia atual) é a obra-prima de Basílio da Gama. A obra mais famosa de Basílio da Gama é o poema épico O Uraguai, em que relata não as paisagens bucólicas típicas do arcadismo, mas um episódio de combate. Os Sete Povos das Missões, indígenas liderados por padres jesuítas, levantaram-se contra o Tratado de Madri, assinado em 1750. Foram, então, chacinados pelas tropas portuguesas e espanholas. A obra também antecipa a figura do índio heroico, elemento que aparecerá na fase indianista do romantismo brasileiro. O tom do poema, no entanto, é antijesuíta: dedicado ao irmão do Marquês de Pombal, os versos de abertura já demonstram que os verdadeiros heróis da epopeia de Basílio da Gama são os europeus: Cláudio Manuel da Costa Nascido em 1729, em Ribeirão do Carmo, atual cidade de Mariana (MG), Claudio Manuel da Costa estudou no Colégio dos Jesuítas, no Rio de Janeiro, e depois se formou em Direito pela Universidade de Coimbra. De volta ao Brasil, atuou como advogado em Vila Rica, hoje Ouro Preto (MG). Depois assumiu o cargo público de Secretário de Governo da Capitania. Influenciado pelas ideias iluministas, envolveu-se com o movimento da Inconfidência Mineira, sendo preso no ápice da revolta. Foi encontrado enforcado em sua cela no dia 4 de julho de 1789. Cláudio Manuel da Costa assinava seus versos com o pseudônimo Glauceste Satúrnio. Apesar de ter sofrido alguma influência barroca, os princípios árcades orientam nitidamente seus versos. A paisagem mineira é presente, especialmente na recorrente menção a pedras e minérios. Exemplo de poema de Cláudio Manuel da Costa XCVIII Destes penhascos fez a natureza O berço em que nasci: oh! quem cuidara Que entre penhas tão duras se criara Uma alma terna, um peito sem dureza! Amor, que vence os tigres, por empresa Tomou logo render-me; ele declara Contra o meu coração guerra tão rara, Que não me foi bastante a fortaleza. Por mais que eu mesmo conhecesse o dano, A que dava ocasião minha brandura, Nunca pude fugir ao cego engano: Vós, que ostentais a condição mais dura, Temei, penhas, temeis, que Amor tirano, Onde há mais resistência, mais se apura. Tomás Antônio Gonzaga Nascido na cidade do Porto, em Portugal, no ano de 1744, era filho de pai brasileiro. Chegou ao Brasil aos sete anos e estudou com os jesuítas na Bahia. Retornou a Portugal para formar-se em Direito na Universidade de Coimbra. De volta ao Brasil, em 1782, tornou-se Ouvidor de Vila Rica (atual Ouro Preto – MG) e apaixonou-se pela adolescente de 17 anos Maria Doroteia de Seixas, a Marília a quem dedicaria grande parte de sua obra. Tomás Antônio Gonzaga utilizava o pseudônimo Dirceu. Nunca chegou, contudo, a casar-se com a moça. Acusado de envolvimento com a Inconfidência Mineira, foi preso e levado para Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Foi deportado em https://brasilescola.uol.com.br/biografia/marques-pombal.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiag/papel-companhia-jesus-na-contrarreforma.htm https://www.portugues.com.br/literatura/primeira-geracao-romantismo-no-brasil.html https://www.portugues.com.br/literatura/primeira-geracao-romantismo-no-brasil.html https://www.portugues.com.br/literatura/primeira-geracao-romantismo-no-brasil.html https://brasilescola.uol.com.br/historiab/inconfidencia-mineira.htm https://brasilescola.uol.com.br/literatura/claudio-manuel-costa.htm 1792 para Moçambique, onde permaneceu até sua morte, em 1810. Os versos dedicados a Marília, sob pseudônimo árcade de Dirceu, são os mais célebres de Tomás Antônio Gonzaga. De traço pré-romântico, os poemas têm um tom pessoal que escapa às características neoclássicas. Exemplo de poema de Tomás Antônio Gonzaga Lira I Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado; De tosco trato, de expressões grosseiro, Dos frios gelos, e dos sóis queimado. Tenho próprio casal, e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que me visto. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! Eu vi o meu semblante numa fonte, Dos anos inda não está cortado: Os pastores, que habitam este monte, Respeitam o poder do meu cajado. Com tal destreza toco a sanfoninha, Que inveja até me tem o próprio Alceste: Ao som dela concerto a voz celeste; Nem canto letra, que não seja minha, Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! Mas tendo tantos dotes da ventura, Só apreço lhes dou, gentil Pastora, Depois que teu afeto me segura, Que queres do que tenho ser senhora. É bom, minha Marília, é bom ser dono De um rebanho, que cubra monte, e prado; Porém, gentil Pastora, o teu agrado Vale mais q’um rebanho, e mais q’um trono. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! [...] José de Santa Rita Durão José de Santa Rita Durão nasceu em Cata-Preta, Minas Gerais, em 1722. Seus estudos tiveram início com os jesuítas no Rio deJaneiro. Formou-se em Teologia pela Universidade de Coimbra e ingressou na Ordem de Santo Agostinho. Nesse período, por volta de 1759, fez uma pregação contra os padres da Companhia de Jesus pela expulsão dos jesuítas, mas depois se arrependeu. Viajou pela Espanha, Itália e França, quando publicou seu poema épico chamado Caramuru, em 1781, o qual tem como subtítulo “Poema épico do Descobrimento da Bahia”, escrito no padrão da poesia de Camões. Nesse poema, Santa Rita Durão conta as aventuras do descobrimento e da conquista da Bahia pelo português Diogo Álvares Correia, após um naufrágio no litoral nordestino. É considerado uma exaltação da terra brasileira, na qual o indígena é visto como um “bom selvagem”, a narrativa é voltada a aproximar o índio da sua civilidade e não apenas de catequizá-lo. A personagem Diogo se apaixona por uma indígena, chamada Paraguaçu, com quem se casa. O poema é estruturado em 10 cantos, versos decassílabos e utiliza a oitava rima camoniana. Esta forma é utilizada em epopéias, poemas que contam feitos heróicos. Portanto, este poema é considerado uma epopéia, pois conta os feitos de uma personagem, tida pelo autor como um herói: Diogo Álvares Correia. Victor Meireles, pintor brasileiro, um século mais tarde, retratou o momento da morte da personagem Moema, uma índia apaixonada por Diogo. Quando ele resolve ficar com Paraguaçu, Moema e outras índias nadam atrás do navio. Contudo, Moema morre ao tentar alcançar o barco. A morte de Moema, Victor Meirelles Para saber mais A Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira foi um movimento de caráter separatista que ocorreu na então capitania de Minas Gerais em 1789. O objetivo era proclamar uma República independente, criar uma universidade e abolir dívidas junto à Fazenda Real. O movimento, porém, foi descoberto antes do dia marcado para a eclosão por conta de uma delação e seus líderes foram presos e condenados. Causas da Inconfidência Mineira A partir de 1760, a produção começa a cair anualmente. Mesmo com a diminuição da extração do ouro, o sistema e o valor de cobrança dos quintos devidos à coroa, mantinha-se o mesmo. Quando o ouro entregue não alcançava 100 arrobas (cerca de 1500 kg) anuais, era decretada a “derrama”. Esta consistia em cobrar da população, pela força das armas, a quantidade que faltava. https://brasilescola.uol.com.br/literatura/tomas-antonio-gonzaga.htm https://brasilescola.uol.com.br/literatura/tomas-antonio-gonzaga.htm https://brasilescola.uol.com.br/literatura/tomas-antonio-gonzaga.htm Apesar de ter sido decretada somente uma vez, sempre pairava a ameaça que a derrama poderia se tornar realidade e isso assustava tanto os exploradores de ouro como a população. O custo de vida em toda a região aumentava, pois tudo era comprado a prazo e com ouro. Desta maneira, os funcionários que detinham o monopólio do metal começaram a se endividar. Com isso, deixaram de fazer pagamentos aos comerciantes, agricultores e traficantes de escravos que também foram arrastados para a crise. Igualmente, o “Alvará de 1785”, agravou a situação. Esta lei determinava o fechamento de manufaturas locais, proibindo a existência do fabrico de tecidos de qualquer natureza. Isto obrigava a população a consumir apenas produtos importados e de alto preço. Também as ideias do Iluminismo que apregoavam temas como a liberdade para os povos e questionar a ordem política vigente, circulavam pela capitania de Minas Gerais apesar da censura. Estas ideias foram trazidas por estudantes brasileiros que tinham realizado cursos superiores na Europa e através de livros. Não se pode esquecer que os envolvidos nesta conspiração tomavam como exemplo a Independência dos Estados Unidos. Ali, os colonos, revoltados contra o sistema fiscal de sua metrópole, tinham conseguido a independência da Inglaterra. Isto animou a elite mineradora a conspirar contra a metrópole. Os Inconfidentes: líderes da Inconfidência Mineira Bandeira da Inconfidência - 1789: Os Inconfidentes. Carlos Oswald, c.1939. Academia de Polícia Militar (MG) Os inconfidentes eram, em sua maioria, grandes proprietários, mineradores, padres e letrados, como Cláudio Manuel da Costa. Oriundo de família enriquecida na mineração, havia estudado em Coimbra e foi alto funcionário da administração colonial. Por sua parte, Alvarenga Peixoto era minerador e latifundiário. Tomás Antônio Gonzaga, escritor e poeta, depois de estudos jurídicos na Europa, tornou-se ouvidor (juiz) em Vila Rica. Francisco de Paula Freire, tenente coronel e comandante do Regimento dos Dragões (tropa militar de Minas Gerais), estava hierarquicamente logo abaixo do governador. Joaquim José da Silva Xavier, chamado de Tiradentes, era filho de um pequeno fazendeiro e ganhou a vida como militar, dentista, tropeiro e comerciante. Foi o mais popular entre os conspiradores e, embora não tenha sido o idealizador do movimento, teve papel importante na propagação das ideias revolucionárias junto à população. Objetivos da Inconfidência Mineira Os Inconfidentes tinham uma série de propostas para a capitania de Minas Gerais como: - Romper com Portugal e adotar um regime republicano (a capital seria São João del Rei); - Criar indústrias; - Fundar uma universidade em Vila Rica; -Acabar com o monopólio comercial português; - Adotar o serviço militar obrigatório; - Instituir parlamentos locais que seriam subordinados a um parlamento regional. A bandeira do novo país seria um pavilhão que conteria a frase latina Libertas quae sera tamen (Liberdade ainda que tardia). Mais tarde, um desenho semelhante e o lema seriam a base para a criação da bandeira do Estado de Minas Gerais. Bandeira da Inconfidência Mineira com as cores da Revolução Francesa e um índio rompendo grilhões A revolta deveria ter início no dia do derrama, que o governo programara para 1788 e acabou suspendendo quando soube da conjuração. Os planos dos inconfidentes foram frustrados porque três participantes da conspiração procuraram o governador, Visconde de Barbacena, para delatar o movimento. Foram eles: o coronel Joaquim Silvério dos Reis, o tenente coronel Basílio de Brito Malheiro do Lago e o mestre de campo (militar) Inácio Correia Pamplona. Tiradentes, que viajava para o Rio de Janeiro a fim de adquirir armas, foi preso naquela cidade, no dia 10 de maio de 1789. Após três anos sendo processados, todos os participantes foram perdoados ou condenados ao degredo. Somente Tiradentes foi condenado à morte e executado no dia 21 de abril de 1792, no campo de São https://www.todamateria.com.br/claudio-manuel-da-costa/ https://www.todamateria.com.br/tomas-antonio-gonzaga/ https://www.todamateria.com.br/tiradentes/ Domingos, no Rio de Janeiro. Após o cumprimento da sentença, o corpo foi esquartejado e ficou exposto à execração pública. Contudo, a figura de Tiradentes seria recuperada pelo regime republicano que o transformou num mártir da liberdade. Inclusive, dia 21 de abril, data da morte de Tiradentes, é feriado nacional, o Dia de Tiradentes, a fim de lembrar a Inconfidência Mineira. https://www.todamateria.com.br/dia-de-tiradentes/
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