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XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII OAB XXXII DIREITO PENAL : 1ª FASE GERAL DIREITO PENAL com SANDRO CALDEIRA PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL Pessoal, vamos falar sobre os princípios relevantes para o Direito Penal. A criação de tipos penais deve ser pautada pela proibição de comportamentos que exponham a risco ou lesionem bens jurídicos, valores essenciais para o ser humano. Este princípio pauta a atuação do legislador, ou seja, ao se realizar a criação de uma lei, deverá ser sempre observado se há exposição de risco ou lesão a bens jurídicos pe- nalmente relevantes. De acordo com o referido princípio, a atuação do Direito Penal se condiciona à insu- ficiência das demais esferas do controle social. Trata-se do caráter fragmentário do Direito Penal. Atenção: este princípio é frequentemente cobrado em provas! Há subsunção do fato à norma (subsunção formal), mas não há tipicidade material. Ou seja, o princípio da insignificância exclui apenas a tipicidade material, e não a ti- picidade formal. Entretanto, pela atipicidade material, o fato será atípico. STF: para aplicar o princípio da insignificância, são necessários quatro requisitos Mínima ofensividade da conduta; Ausência de periculosidade social da ação; Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; Inexpressividade da lesão jurídica causada. Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos:1 Princípio da Intervenção Mínima:2 Princípio da Insignificância:3 Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descami- nho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei 10.522/02, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Se- ção. REsp 1688878-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 28/2/18 (recurso repeti- tivo) (Info 622). STF. 2ª Turma. HC 155347, Rel. Min. Dias Tooli, julgado em 17/04/2018. Aplicação do princípio da insignificância a crimes tributários federais e desca- minho: Valor de até um salário mínimo, conforme jurisprudência. Se a coisa for de pequeno valor e o condenado for primário, o juiz poderá: - Substituir a pena de reclusão pela pena de detenção; - - Diminuir a pena de 1/3 a 2/3 - Aplicar somente a pena de multa Quando a lesão for irrelevante para a vítima. Não há um valor estabelecido. O juiz poderá absolver o réu por atipicidade material. FURTO PRIVILEGIADO VALOR INSIGNIFICANTEDO BEM SUBTRAÍDO Diferenças do furto privilegiado para valor insignificante do bem subtraído: Requisitos do STF Mínima ofensividade da conduta Ausência de periculosidade social da ação Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento Inexpressividade da lesão jurídica causada Existem duas correntes, mas, a princípio, a reincidência não impede o reconhecimento do princípio da insignificância. Entretanto, tratando-se de criminoso habitual, o STJ re- chaça a possibilidade de reconhecimento do princípio da bagatela. Quem é o criminoso habitual? É aquele que faz do crime o seu meio de vida. Para o STJ, não se aplica o princípio da insignificância para o crime de posse/porte de droga para consumo pessoal (art. 28 da Lei 11.343/2006). Para a jurisprudência, não é possível afastar a tipicidade material do porte de substância entorpecente para consu- mo próprio com base no princípio da insignificância, ainda que ínfima a quantidade de droga apreendida. STJ. 6ª Turma. RHC 35.920-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 20/5/14 (Info 541). STF: possui um precedente isolado, da 1ª Turma, aplicando o princípio: HC 110475, Rel. Min. Dias Tooli, j. 14/02/2012. A doutrina moderna divide o princípio da bagatela em duas modalidades: própria e im- própria: Réu reincidente: se aplica? Se a pessoa for encontrada com alguns poucos gramas de droga para consumo próprio, é possível aplicar o princípio da insignificância? Princípio da bagatela própria: conduta materialmente atípica; Princípio da bagatela imprópria: há uma irrelevância da pena, ainda que o fato seja relevante. Há desvalor da conduta e do resultado, entretanto, a pena se mostra desnecessária. Ex.: perdão judicial. A situação já nasce atípica. O fato é atí- pico por atipicidade material. Não tem previsão legal, mas é ampla- mente aceita pela doutrina e jurispru- dência. O agente sequer deve ser processado. Se for, deverá ser absolvido. Atenção! Não aplicação do Princípio da Bagatela: Crimes cometidos por militares: vedada a aplicação. Ausência de “reduzido grau de reprovabilidade do comportamento”. Bem de grande relevância ao público: as consequências transcendem a esfera patri- monial da concessionária do serviço público. (Ex.: dano a orelhão). Crimes hediondos e equiparados? (tráfico de drogas, tortura e terrorismo), racismo e ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático > são crimes de máximo potencial ofensivo, logo, não se aplica. Crime de roubo? Há ofensa a bens jurídicos diversos (patrimônio + liberdade indivi- dual + integridade corporal). Logo, não se aplica. Crimes contra a Administração Pública: De acordo com a Súmula 599 do STJ: “O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública”. A situação nasce penalmente relevante. En- tretanto, por circunstâncias envolvendo o fato e o seu autor, a pena se torna desneces- sária. Há previsão no artigo 59 do Código Penal. O agente deve ser processado, entretanto, ao final, deverá ser absolvido. PPor que aqui o agente deve ser processado? Pois para se analisar se a pena realmente será desnecessária, deve-se analisar as circunstân- cias do caso concreto em instrução criminal. Como, por exemplo, saberemos se o homicí- dio do filho do réu realmente foi culposo se não realizarmos a instrução criminal? BAGATELA PRÓPRIA BAGATELA IMPRÓPRIA Posse de drogas para consumo pessoal: o STJ não permite sua aplicação, entretanto, há precedente isolado em que o STF aplicou o referido princípio: HC 110.475/SC. Tráfico de drogas: prevalece no âmbito do STJ e do STF que não se aplica. Transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência: O STF permite em situações excepcionais, desde que a rádio clandestina opere em baixa frequência, em localidades afastadas dos grandes centros e em situações nas quais ficou demonstrada a inexistência de lesividade. (STF: HC 138.134/BA). SSúmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico pre- visto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 11/04/2018, DJe 17/04/2018 (Info 622). Contrabando 0 art. 334-A CP: Não se aplica pela natureza proibida da mercadoria importada ou exportada. Crimes ambientais: Regra: não se aplica, tendo em vista a natureza transindividual do bem jurídico tutelado. STF: reconheceu a aplicação em caso de pequena embarcação surpreendida em contexto de pesca rústica, com vara de pescar, linha e anzol. (Inq 3788/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 1°.3.2016). Porte ilegal de munição: Não se aplica, independentemente do calibre e número de projéteis. (HC 131771/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, 18.10.2016). CCrimes cometidos no âmbito da violência doméstica: inaplicável. Súmula 589 STJ: “É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais pratica- dos contra a mulher no âmbito das relações domésticas.” No mesmo sentido é o en- tendimento do STF (RHC 133.043/MT). Ainda que uma conduta seja formalmente e materialmente típica, não poderá ser considerada típica, se socialmente adequada. Princípio da Adequação Social:4 Duas funções básicas: Se o fato está de acordo com a norma, mas não está de acordo com o interesse social, a conduta deverá ser tidacomo atípica. Se esta conduta está de acordo com a sociedade, o legislador não pode criminalizar esta conduta. Não há ofensa ao bem jurídico sem ação. Ou seja, daqui se extraia vedação da puni- ção à cogitação do crime. Não há como punir o pensamento do autor! Art. 1º do CP: não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia comi- nação legal (= art. 5º, XXXIX, CF). De acordo com o Rogério Sanches, podemos perceber daqui a ótica do Direito Penal sob três fundamentos: Fundamento político: vincula o Poder Executivo e Po der Judiciário, proibindo ar- bitrariedade no exercício do poder punitivo. Fundamento democrático: é o povo que elege o representante que vai definir o que é crime. Fundamento jurídico: a lei deve existir antes de se punir alguém, pois a lei cria um efeito intimidativo. A doutrina desmembra o princípio da legalidade em outros 6 princípios: Não há crime nem pena sem lei: princípio da reserva legal. Princípio da Exteriorização ou da Materialização do Fato:5 Princípio da Legalidade:6 Como podemos classificar a lei penal? Lei completa: não depende de complemento, seja valorativo (pelo juiz) ou normati- vo (por outra norma). Lei incompleta: depende de complemento. LEGALIDADE Legalidade formal: obediência ao processo legislativo Legalidade material: lei compatível com a CF As leis incompletas, por sua vez, se dividem em: Tipo penal aberto: precisam de um complemento valorativo dado pelo juiz. Exemplo: crimes culposos, pois aqui precisamos valorar se o agente agiu com imprudencia, negligência ou imperícia. Norma penal em branco: Há necessidade de um complemento nor- mativo. A doutrina subdivide essa norma penal em branco em: 1. Própria (em sentido estrito, heterogênea): o complemento normativo advém de uma norma diversa do legislador. Ex.: crime de tráfico de drogas – portaria da ANVISA diz o que é “droga”. 2. Imprópria (em sentido amplo, homogênea): o complemento normativo emana do próprio legislador: 2.1 Homovitelina: o complemento emana do mesmo diploma legal. Ex.: peculato é complementado pelo conceito de funcionário público do art. 327, ambos do Código Penal. 2.2 Heterovitelina: o complemento emana de instância legislativa diversa. O con- ceito de impedimento para matrimônio se complementa com o conceito previsto no Código Civil. É necessário que haja lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado para que haja crime. São vedações decorrentes do princípio da ofensividade: Vedação à criminalização de pensamentos das cogitações; Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos:7 Vedação à criminalização de condutas que não tenham caráter transcendental: princípio da alteridade, é preciso que a conduta atinja um bem jurídico de uma pessoa diversa do agente. A autolesão não pode ser punida. Atenção: Por que então quando o sujeito provoca lesão ou destrói o carro para que ele receba indenização do seguro, ele pratica o crime? Porque nessa situação o crime é contra o patrimônio da seguradora. Logo, há alteridade. A vedação à criminalização de meros estados existenciais: não se pode criminalizar a pessoa pelo que ela é. Por isso que a mendicância deixou de ser uma contravenção penal. A pena não pode atingir pessoa diversa da que cometeu a infração penal, isso traz alguns desdobramentos. Desdobramentos: A denúncia tem que trazer minimamente a conduta de cada um dos acusados; Na sentença o juiz deverá individualizar a pena. Estamos também diante do princípio constitucional da individualização da pena. É a conhecida vedação à responsabilidade penal objetiva. No âmbito do Direito Penal, o agente somente poderá responder por culpa ou dolo. Princípio da Responsabilidade Pessoal:8 Princípio da Responsabilidade Subjetiva:9 Este princípio limita o direito de punir estatal. É preciso que o indivíduo que pratique o crime seja culpável, ou seja, o agente deve ser imputável, deve ter potencial cons- ciência da ilicitude praticada. Ademais, é preciso que fosse exigível dele naquela cir- cunstância uma conduta diferente, a chamada exigibilidade de conduta diversa, no momento da ação ele devia ter potencial consciência da ilicitude, haver exigibilidade de conduta diversa, e era imputável, portanto punível. De acordo com o entendimento atual do STF, a execução provisória da pena veda o principio da presunção de inocência. Logo, a pena somente poderá começar a ser executada após o trânsito em julgado da decisão condenatória. Encontra íntima ligação com o princípio da responsabilidade penal subjetiva. Somen- te o agente que praticou o ilícito penal poderá responder pelas penas advindas de sua condenação. Não encontra previsão na Constituição Federal. Trata-se da vedação da dupla puni- ção pelo mesmo fato. Não se limita, entretanto, somente ao aspecto do crime. Como assim? Princípio da Culpabilidade:10 Princípio da Pessoalidade:12 13 Princípio da Presunção de Inocência (Estado de Inocência ou Não Culpabilidade)11 Esta previsão traz importantes consequências práticas. O clássico exemplo é o adoles- cente que atenta contra a vida de outrem na véspera de seu aniversário, vindo a vítima a falecer no dia seguinte, data em que o jovem completa a maioridade. No caso apre- sentado, o agente responderá perante a Vara da Infância e Juventude, à luz das normas do ECA, notadamente pela adoção da teoria da atividade. Observe que na data da conduta, o agente era adolescente, logo, inimputável à luz do Direito Penal. A Súmula 711 do STF traz uma situação importante. Vejamos: Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da perma- nência. IMPORTANTE: Guarde isso! Em se tratando de crime continuado (art. 71 do Código Penal) ou crime permanente, se a vigência da lei penal mais grave é anterior à cessação da continuidade ou da permanência, esta (lei mais grave) será aplicada! Atenção! Crime permanente e continuado e Lei penal no tempo. SUCESSÃO DE LEIS PENAIS Obs.: poderá a vítima requerer indenização do réu, porque os efeitos extrapenais não são alcançados. De acordo com o Código Penal, a natureza jurídica da abolitio criminis para o nosso ordenamento é de causa extintiva da punibilidade. Lex mitior: A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julga- do. Qual o juízo competente para aplicar a nova lei? Juízo da Execução Penal, conforme Súmula 611 do STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna. O STF não admite a combinação de leis penais. Ou se aplica uma lei ou se aplica outra. De acordo com a Súmula 501 do STJ: “É cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis”. Rogério Sanches Há a supressão formal, mas não material do crime, ou seja, não houve abolitio crimi- nis! Ex.: O crime de atentado violento ao pudor, previsto no art. 214 do CP (revogado pela Lei nº 12.015/09), teve sua conduta migrada para o crime de estupro, previsto no artigo 213 do CP. Sendo assim, o que antes se punia à luz do crime do art. 214 do CP, atualmenet, se subsome ao tipo penal previsto no art. 213. As leis excepcionais e temporárias já nascem com previsão de sua revogação. A tem- porária traz a data certa; por sua vez, a excepcional será revogada assim que a situação excepcional for superada. Sendo assim, podemos concluir que elas são dotadas de autorrevogabilidade. Outra característica importante é a sua ultratividade. Neste sentido, art. 3º do Código Penal: LEI PENAL NO ESPAÇO Eventualmente, é possível a aplicação da lei estrangeiraa fato praticado no território brasileiro (intraterritorialidade). Exemplo: casos de imunidade diplomática. Também é possível aplicar a lei penal brasileira a fato praticado no estrangeiro extraterritoriali- dade. Estudaremos mais a frente. O que se considera “território nacional” para fins de aplicação da lei penal? O con- ceito é fornecido pelo art. 5º, §1º e §2º do Código Penal: Embaixadas: ATENÇÃO! As embaixadas não são extensão do território dos países por ela representados! A depender de quem pratique o crime dentro de uma embaixada, haverá incidência da lei penal brasileira, salvo se houver convenções, tra- tados e regras de direito internacional em sentido contrário. LEI PENAL NO ESPAÇO TEORIA DA TERRITORIALIDADE MITIGADA TERRITÓRIO NACIONAL O art. 6º do Código Penal adota a teoria da ubiquidade ou mista, considerando-se praticado crime tanto no local em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, quanto no local em que se produziu ou deveria ter-se produzido o resultado. Tem importância nos crimes à distância, que são os que percorrem dois territórios (países) de estados soberanos. Pode gerar conflito internacional de jurisdição. Cuida-se da possibilidade de aplicar a lei penal brasileira a fatos ocorridos no estran- geiro. LEI PENAL NO ESPAÇO Extraterritorialidade Incondicionada Crimes contra a vida ou liberdade do Presi- dente da República Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de em- presa pública, socie- dade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; Contra a adminis- tração pública por quem está a seu ser- viço De genocídio quando o agente for brasileiro ou domici- liado no Brasil LUGAR DO CRIME EXTRATERRITORIALIDADE Quais são as condições exigidas? § 2º - Nos casos do inciso II (crime praticado por brasileiro), a aplicação da lei brasi- leira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; - condição de procedibilidade; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; - condição objetiva de pu- nibilidade; Crimes que, por tratado ou conveção, o Brasil se obrigou a reprimir; Praticado por brasileiros; Praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mer- cantes ou de propriedade pri- vada, quando em território estrangeiro e aí não sejam jul- Ex tr at er rit or ial id ad e C on di cio na da c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradi- ção; - pena de prisão cominada maior ou igual a 2 anos; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena - respeito ao ne bis in idem; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar ex- tinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. – não estar sua punibilidade extin- ta. Além das condições acima listadas, exige que o crime seja praticado contra brasileiro por estrangeiro fora do Brasil. Condições: Não tenha sido solicitada ou tenha sido negada a extradição; Haja requisição do Ministro da Justiça. Exemplo: imagine que o agente cumpriu três anos de reclusão no estrangei- ro. Caso a sua punição no Brasil seja de quatro anos de reclusão, deverá cumprir mais um ano restante de reclusão aqui. Lembre-se que o art. 8º do Código Penal constitui uma exceção à vedação do bis in idem. Atenção para o já mencionado artigo 8º do Código Penal: Se a pena foi cumprida no estrangeiro, ela atenuará a pena impos ta no Brasil, se diversa ou, se idêntica, nela será computada. Sendo assim, temos aqui duas hipóteses: Se o agente cumpriu pena no estrangeiro e esta é diversa da que fora aplicada no Brasil, haverá atenuação de sua pena no nosso or- denamento jurídico; Se o agente cumpriu pena no estrangeiro e esta é idêntica à apli- cada no Brasil, nela será computada. EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII OAB XXXII DIREITO PENAL : 1ª FASE GERAL XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII OAB XXXII DIREITO PENAL : 1ª FASE GERAL XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII OAB XXXII DIREITO PENAL : 1ª FASE GERAL DIREITO PENAL XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII FALA GALERA DA OAB, TUDO BEM? TEORIA DO DELITO Qual é o conceito de “infração penal”? De acordo com Rogério Sanches, podemos assim dividir: Há diferença entre crime e contravenção penal? Sim! São diferenças entre crime e infração penal: Aula 02 Temas: Teoria do Delito Fato típico – elementos: ação, omissão – dolo e culpa Fato típico – erro de tipo e erro acidental Fato típico – Resultado – Iter Criminis FFato típico – Nexo causal e tipicidade Enfoque formal: é o que está rotulado em uma norma penal incriminadora com ameaça de pena. Enfoque material: é o comportamento humano, causador de uma lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Enfoque analítico: é o fato típico, ilícito e culpável (teoria tripartite). Quanto à pena privativa de liberdade imposta: crime (reclusão ou de deten- ção, com ou sem multa); contravenção penal (prisão simples e/ou multa). Quanto à espécie de ação penal – crimes: públicas incondicionadas ou con- dicionadas ou, ainda, privada; contravenção: incondicionada. Quanto à tentativa: as contravenções penais não admitem tentativas, pois não são puníveis (art. 4º, LCP). Quanto à extraterritorialidade da lei brasileira: não cabe em relação às con- travenções (art. 2º, LCP). Quanto à competência para processar e julgar: contravenções serão sempre de competência da Justiça Estadual, salvo se houver foro por prerrogativa de função. Teoria do Delito1 Quanto aos limites da pena: no crime, a execução não pode exceder a 40 anos (atual redação do art. 75 do Código Penal, que antes era de 30 anos). Nas contravenções, 5 anos. Quanto ao período de prova (sursis): nos crimes, o período de prova será, como regra, de 2 a 4 anos. Se sursis etário ou humanitário, de 4 a 6 anos. No caso de contravenção, o período de prova será de 1 a 3 anos, somente. QQuanto ao cabimento de prisão temporária e preventiva: contravenção não admite. Não está entre as hipóteses do art. 313 do CPP, nem no rol previsto para a prisão temporária (Lei 7960/89). Quanto à possibilidade de confisco: é possível confisco de bens produto de crime. Não há previsão neste sentido para contravenções penais. QQuanto à ignorância da lei: em relação às contravenções penais, em caso de ignorância ou de errada compreensão da lei, quando escusáveis, a pena poderá deixar de ser aplicada pelo magistrado (artigo 8º da LCP). No caso dos crimes, o Código Penal estabelece que o desconhecimento da lei é ines- cusável, funcionando, no máximo, como atenuante da pena. A infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado; A infração se dê no interesse ou benefício da sua entidade. De acordo com a Lei 9.605/95, as pessoas jurídicas serão responsabilizadas penalmente desde que: Sujeito passivo constante ou mediato: será sempre o Estado em razão da violação de uma norma estatal. Sujeito passivo imediato (casuístico, material ou eventual): é o titular do interesse juridicamente protegido. Sujeito passivo próprio: exigência de qualidade especial. Sujeito passivo comum: pode ser qualquer pessoa. Crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa. Crime próprio: exige qualificação especial do sujeito ativo (ex.: peculato – funcionário público). Crime de mão-própria: além de exigir qualificação especial do sujeito ativo, somente ele poderá praticar aquela conduta. Ex.: falso testemunho. Objeto material: É a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta. Ex.: furto de um carro. Objeto material: o carro. Existe crime sem objeto material? SIM. É o caso de crimes de mera conduta. Nos crimes omissivos puros ou próprios,também não há objeto material. A doutrina fala em duas espécies de sujeito passivo: Diferenças entre crime comum, próprio e de mão própria: Quem é o sujeito passivo do crime? Ou seja: quem são as vítimas? Classificação do sujeito passivo: Objeto jurídico do crime e objeto material: Sendo o sujeito ativo e passivo comuns, o delito será classificado como crime bicomum. Se ambos os sujeitos forem próprios, o crime será bipróprio. (ex.: infanticídio) Classificação quanto ao resultado: Materiais: exigem o resultado naturalístico para fins de consumação; Formais ou de consumação antecipada: não exigem o resultado naturalístico para fins de consumação, embora haja sua previsão; Mera conduta: o tipo sequer traz previsão do resultado naturalístico. Classificação quanto ao sujeito: Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa; Próprio: exige qualidade especial do sujeito ativo; Mão própria: além da qualidade especial do sujeito ativo, exige-se sua atuação pessoal Classificação quanto ao ânimo do agente: Doloso: quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; Culposo: o sujeito, por negligência, imprudência ou imperícia deu causa ao resultado indesejado Preterdoloso: dolo em relação ao fato antecedente e culpa no que tange ao resultado agravante Classificação quanto ao momento de consumação: Instantâneo: furto – se consuma com a mera inversão da posse (amotio). Permanente: a situação de flagrante se protrai no tempo (ex.: extorsão me- diante sequestro). IInstantâneo de efeitos permanentes: (se consuma em determinado momen- to, mas é impossível retornar à situação que existia antes da infração penal) – ex.: dano; homicídio. Objeto jurídico Todos os crimes possuem objeto jurídico! O que é objeto jurídico? É o interesse que a norma protege. O crime pode ofender um bem jurídico (crime mono-ofensivo), mas também poderá ofender mais de um bem jurídico (crime pluriofensivo). Exemplo: roubo (patrimônio + liberdade). A doutrina fala em duas espécies de sujeito passivo: Classificação dos crimes: Crime consumado ou tentado: Consumado: preenchimento de todos os elementos do tipo. Tentado: o agente não alcançou o resultado desejado por circunstâncias alheias a sua vontade. Crime de dano ou crime de perigo: Dano: há uma lesão ao bem jurídico tutelado. Perigo: há perigo de lesão; se configura com a simples exposição do bem jurídico a perigo. Os crimes de perigo se dividem em: >> Crime de perigo concreto: Ex.: exposição da vida e da saúde de outrem a perigo (art. 132 do CP) – exige a demonstração que aquele bem jurídico foi efetivamente exposto a risco naquela situação. - Individual: expõe a perigo somente um número determinado de pessoas, como na exposição da vida ou saúde de outrem a perigo. - Comum: expõe número indeterminado de pessoas, como no crime de explosão. >> Crime de perigo abstrato ou presumido ou de simples desobediência: Ex.: porte ilegal de arma de fogo. Crime simples, complexo, qualificados e privilegiados: - Crime simples: é formado por um tipo penal. (ex.: furto) - Crime complexo: ocorre com a junção de dois tipos penais. Ex.: roubo é a soma do furto + constrangimento ilegal. - Crime ultracomplexo: tipo penal complexo (Ex.: roubo) + uma causa de aumento de pena ou uma qualificadora. EEx.: roubo com emprego de arma de fogo ilegal. O porte ilegal de arma de fogo poderia configurar o tipo autônomo do Estatuto do Desarmamento. - Crime qualificado: deriva do tipo penal básico ou complexo. A qualifica- dora fixa novos patamares mínimo e máximo de pena. - Crime privilegiado: há diminuição da pena (ex.: art. 121, §1º do Código Penal). Crime plurissubjetivo ou unissubjetivo: Crime plurissubjetivo: crime de concurso necessário. Pode ser de: - Condutas paralelas: todos pretendem alcançar um fim único. Ex.: asso- ciação criminosa. - Condutas divergentes: os sujeitos dirigem suas ações uns contra os outros. Ex.: rixa. - Condutas bilaterais: a conduta de um agente se encontra com a conduta de outro agente. Ex.: bigamia. Crime unissubjetivo: crimes de concurso eventual. Crime omissivo ou comissivo: Crime comissivo: é a realização do crime por meio de uma ação. Viola uma norma penal proibitiva. Crime omissivo: há a violação de um tipo mandamental. O crime omissivo se subdivide em: Existem dois tipos de crimes omissivos: os próprios e os impróprios. CCrime omissivo próprio: Ocorre quando a omissão está no próprio tipo penal, ou seja, a conduta omissiva é prevista no próprio tipo penal, ele prevê um não agir que, por si só, apresenta um risco para o bem jurídico tutelado, consumando o crime. Exemplo: art. 135 do Código Penal. CCrime omissivo impróprio (impuro ou espúrio ou comissivo por omissão): a omissão decorre de uma cláusula geral, de um dever de agir que está descrito (13, §2º, CP – o sujeito devia e podia agir para evitar o resultado. Tem por lei a obrigação, assumiu a responsabilidade ou criou o risco). O tipo penal descreve uma conduta comissiva, e não omissiva. CONDUTA RESULTADO NATURALÍSTICO RELAÇÃO DE CAUSALIDADE TIPICIDADE FA TO T ÍP IC O De acordo com a teoria finalista da conduta, criada pelo alemão Hans Welzel, adota- da pela doutrina majoritária no Brasil, considera-se conduta como o comportamento humano, consciente e voluntário, dirigido a um fim, consistente na produção de um CONDUTA Atenção: a reunião dos quatro elementos somente ocorrerá nos crimes materiais, que são aqueles que exigem a producao do resultado naturalístico para a sua consumação. Nos crimes formais e de mera conduta, somente visualizaremos conduta e tipicidade. Quanto aos formais, o resultado naturalístico, embora possível, nao é imprescindível para a consumação do delito. Nos crimes tentados, também só é possível visualizar a conduta e a tipicidade. Fato típico: Elementos – ação e omissão; dolo e culpa. 2 CONDUTA AÇÃO OMISSÃO resultado tipificado em lei como crime ou contravenção penal. É também com a teoria finalista que passou-se a analisar o dolo e a culpa no interior da conduta. A conduta pode se exteriorizar pela ação ou omissão. AÇÃO: É uma conduta positiva, ou seja, é um fazer. Ex.: matar alguém dando-lhe facadas em seu peito. OMISSÃO: Trata-se de uma conduta negativa, ou seja, é um não fazer. Pode ocorrer quando o agente nada faz ou quando faz algo diferente do que o dever jurídico de agir lhe impunha. A omissão se divide em A omissão se divide em própria e imprópria. A omissão própria ocorre quando o próprio tipo penal prevê que o agente deveria ter agido. Um exemplo clássico é o crime de omissão de socorro, previsto no artigo 135: Por outro lado, a omissão imprópria ocorre quando o tipo penal descreve uma conduta proibida, entretanto, a omissão do agente, ao descumprir o dever jurídico de agir retirado do artigo 13, §2º do Código Penal, acarreta sua responsabilidade penal. Exemplo: quem empurra determinada pessoa em uma piscina e, ao vê-la se afogando por não saber nadar, nada faz, responde por eventual homicídio – caso a vítima venha a falecer – na forma do art. 13, §2º, “c” do Código Penal, uma vez que, com o seu com- portamento anterior, criou o risco de ocorrência do resultado. OMISSÃO PRÓPRIA: a própria norma impõe o dever de agir (ex.: art. 135 do Código Penal) IMPRÓPRIA: o tipo penal descreve uma ação, mas o agente, ao descumprir o dever de agir, responde pe- nalmente conforme art. 13, §2º do CP A exclusão da conduta ocorre: Caso fortuito e força maior: acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis, que fogem do domínio da vontade do ser humano. Atos ou movimentos reflexos: reação motora pela excitação dos sentidos. O clássico exemplo é o movimento que fazemos com o joelho quando o or- topedista bate o martelinho nele. Caso chutemos o médico, não haverá in- fração penal, uma vez que estamos diante de um movimento reflexo. Coação física irresistível: ocorre quando o coagido não tem liberdade para agir. Ele é um mero instrumento do crime. Sonambulismoou hipnose: não há conduta por falta de vontade nos comportamentos praticados em completo estado de inconsciência. Atenção: o movimento reflexo no se confunde com a ação em curto circuito, que é um ato impulsivo. Ex.: “A”, ao ser xingado por “B”, lhe desfere um soco. Atenção: a coação moral irresistível, por sua vez, como veremos à frente, exclui a culpabilidade, e não a conduta. Erro de tipo essencial e acidental3 O erro pode ser: Inevitável ou escusável: é aquele que não deriva de culpa do agente. Evitável ou inescusável: deriva da culpa do agente, ou seja, houve violação do dever objetivo de cuidado. Se o agente empregasse a prudência necessária do homem médio, o resultado não teria ocorrido. Erro sobre a pessoa: ocorre quando o agente confunde a pessoa visada, contra a qual queria praticar o crime, com pessoa diversa. Ex.: “A”, querendo matar “B”, acaba disparando tiros contra “C”, seu irmão, confundindo-o com “B”. Atenção: seja escusável ou inescusável, o erro de tipo sempre exclui o dolo. RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO Com resultado único: o agente atinge somente bem jurídico diverso do pretendido. Se o crime praticado prevê modalidade culposa, o agente res- ponde por culpa. Entretanto, se o resultado pre- visto como crime culposo for menos grave ou se o crime não tiver modalidade culposa, o agente res- ponderá por tentativa do crime pretendido. Com resultado duplo: o agente atinge tanto o bem jurídico pretendido quanto diverso. O agente responderá em concurso formal. Entretanto, máxima atenção: se o agente desejava atingir a pessoa inicial e a pessoa ou pessoas diversas,, responderá por concurso formal, que será posteriormente estudado. Aqui, há algumas situações possíveis: Erro sobre o objeto: aqui, o erro recai entre o objeto pretendido e um diver- so. Não gera consequências relevantes ao Direito Penal. Aqui, não se anali- sam as características do objeto pretendido, e sim do efetivamente atingido com a conduta do agente. Erro sobre as qualificadoras: se o agente, por exemplo, furta um carro utili- zando cópia da chave verdadeira, acreditando estar pratificado o crime de furto qualificado pelo emprego de chave falsa, há erro quanto à qualificado- ra, respondendo o agente pela modalidade simples do delito. Erro quanto ao nexo causal ou aberratio causae: engano relacionado à causa do crime: o resultado buscado pelo agente ocorreu por um acontecimento diverso do idealizado. EErro na execução ou aberratio ictus: encontra previsão no artigo 73 do Código Penal. Ocorre quando o agente, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, atinge pessoa diversa da que pretendia atingir. Resultado diverso do pretendido, aberratio delicti ou aberratio criminis: en- contra previsão no art. 74 do Código Penal. Ocorre quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, ou seja, ocorre crime diverso do que o agente pretendia praticar. ERRO DE TIPO ESSENCIAL ERRO DE TIPO ACIDENTAL Imagine, no exemplo mencionado no primeiro bloco, que “A” deseja matar “B” e, para isso, atire em sua direção, atingindo, por erro na execução, uma janela de casa vizinha. Perceba que o crime de dano não tem modalidade culposa, logo, o agente seria absol- vido. Em uma melhor análise, pode-se concluir que A tentou matar B, somente não o atingindo por razões alheias à sua vontade, qual seja: o erro na execução. Por tal razão, o agente responderá por tentativa de homicídio. Vencível – se houver modalidade culposa do crime, o agente responderá por culpa. Invencível: o agente não responde penalmente, mesmo que haja modalidade culposa do delito. Sempre exclui o dolo. Erro sobre a pessoa: agente responde confor- me vítima pretendida. Erro sobre o objeto: agente responde pelo objeto atingido, e não o pretendido. Erro sobre as qualificadoras: agente responde pela modalidade simples. Erro sobre o nexo causal: agente responde pelo delito consumado, mesmo que outra tenha sido a causa de sua consumação. Erro na execução: agente responde conforme a vítima pretendida. RResultado diverso do pretendido: Com resul- tado único: o agente atinge somente bem jurí- dico diverso do pretendido. Se o crime prati- cado prevê modalidade culposa, o agente res- ponde por culpa. Entretanto, se o resultado previsto como crime culposo for menos grave ou se o crime não tiver modalidade culposa, agente responderá por tentativa do crime pre- tendido. Com resultado duplo: o agente atinge tanto o bem jurídico pretendido quanto diverso. O agente responderá em concurso formal. Resultado e Iter Criminis FASE EXTERNA: PREPARAÇÃO: A fase da preparação, também conhecida como “atos preparató- rios”, se trata dos atos que são necessários à prática de uma infração penal. Geralmente, os atos preparatórios não são puníveis, nem na forma tentada, uma vez que não houve início da realização do tipo penal. Excepcionalmente, entretanto, o or- denamento jurídico permite a punição de atos preparatórios. Vejamos, portanto, um exemplo: Veja, portanto, que a punição é dos meros atos preparatórios. Não se exige para a con- sumação do delito nenhum ato de execução. 4 Cogitação Preparação Execução Consumação Resultado e Iter Criminis Existem exceções, que são os crimes de atentado, ou seja, aqueles que são punidos da mesma forma que a modalidade consumada. Exemplo: art. 352 (evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa). > TENTATIVA O sujeito inicia a execução, mas não chega à consumação por circunstâncias alheias à sua vontade. Punição da tentativa: Necessária a adequação típica mediata, ou seja, a utilização de uma norma de extensão. No caso, falamos do art. 14, II do Código Penal: Resultado e Iter Criminis Crimes culposos: somente os crimes culposos próprios! Obs.: culpa imprópria: neste caso é possível. Crime preterdoloso: em regra, é incompatível com a modalidade tentada; o re- sultado agravador é culposo. Crimes unissubsistentes: são praticados por um único ato; impossível fracionar o iter criminis. Ex.: desacato. Crimes omissivos próprios ou puros: ingressam no grupo de crimes unissubsis- tentes; por sua vez, os crimes omissivos impróprios, espúrios ou comissivos por omissão admitem a tentativa. Contravenções penais: o art. 4 da LCP não pune as contravenções penais tenta- das. Crimes habituais: compostos pela reiteração de atos que demonstram um estilo de vida do agente. Ex.: curandeirismo. Crimes condicionados ao implemento de um resultado: se não houver o resultado, não há que se falar em crime, não havendo punição da tentativa. Resultado e Iter CriminisCrimes subordinados à condição objetiva de punibilidade: tal como ocorre com os crimes falimentares; se o próprio delito completo não é punível se não houver aquela condição, muito menos será a tentativa. Crime de atentado ou empreendimento: a figura tentada recebe igual tratamen- to ao crime consumado. Ex.: art. 352 do CP. CCrime com tipo penal composto de condutas amplamente abrangentes: no caso concreto, é impossível dissociar a tentativa da consumação. Ex.: parcelamento ou desmembramento irregular do solo para fins urbanos (art. 50, I da Lei nº 6.766/79). Crimes-obstáculo: retratam atos preparatórios tipificados de forma autônoma pelo legislador, a exemplo do crime de substância destinada à falsificação – art. 277 do CP. Resultado e Iter Criminis A natureza jurídica, aqui, é causa obrigatória de diminuição da pena. (igual a tentati- va!) Critério para redução da pena: celeridade da reparação do dano ou restituição da coisa. O arrependimento posterior vale para todos os crimes com ele compatíveis, desde que haja efeitos de índole patrimonial. Ex.: peculato doloso – admite o arrependimento posterior. Entende-se majoritariamente que os crimes culposos admitem o arrependimento posterior. Resultado e Iter CriminisNEXO CAUSAL Qual o conceito de nexo causal? É o vínculo entre a conduta e o resultado. Ineficácia absoluta do meio: Ex.: utilizar arma quebrada. Impropriedade absoluta do objeto: Ex.: praticar aborto em quem não está grávida. Resultado e Iter Criminis De forma excepcional, se adota a teoria da causalidade adequada, no artigo 13, §1º do Código Penal. A causalidade adequada possui relação com as concausas: Concausas: trata da concorrência de causas, ou seja, existe mais de uma causa contri- buindo para o resultado do crime. Existem concausas absolutamente independentes e relativamente independentes. ¹Fonte: MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral. (arts. 1º ao 120) – vol. 1 / Cleber Masson – 13. Ed. Rio de Janeiro, Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019. Concausas absolutamente independentes Resultado e Iter Criminis - Preexistente: existe anteriormente à prática da conduta. O resultado naturalísti- co teria ocorrido de qualquer forma. Exemplo: “A” efetua disparos de arma de fogo contra “B”; entretanto, o exame necroscópico aponta que a causa mortis originou-se de envenenamento por “C”. - Concomitante: existe simultaneamente à prática da conduta. Exemplo: “A” efetua disparos de arma de fogo contra “B”, no momento em que o teto da casa deste se desaba sobre sua cabeça. Há uma conjugação de causas que levarão ao resultado final. As concausas, nesta si- tuação, se fossem analisadas individualmente, não levariam ao resultado final. Todavia, com a sua junção, ocorre o resultado. As concausas relativamente independentes poderão ser: - Preexistentes: neste caso, o autor responderá pelo crime consumado. - Concomitante: neste caso, o autor responderá pelo crime consumado. - Superveniente: causa superveniente relativamente independente: a causa efetiva do resultado ocorre após a causa concorrente. Exemplo clássico: acidente com a am- bulância logo após a vítima ter sofrido dois tiros pelo agente. É uma causa que, por si só, produziu o resultado. O art. 13, §1º, do CP, como visto anteriormente, adotou a teoria da causalidade ade- quada, considerando como causa a circunstância que, além de ser um antecedente in- dispensável, leva a produção de um resultado dentro daquilo que é esperado. Por outro lado, quando o fato superveniente está dentro do desdobramento normal da causa realizada pelo agente, o sujeito responderá pelo crime. Ex.: se, ao chegar ao hospital, ocorre um erro médico (ex.: falha na cirurgia) com a vítima, o autor responde pelo homicídio doloso consumado, podendo o médico responder por homicídio culpo- so. Concausas relativamente independentes Resultado e Iter CriminisCONCAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES CONCAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES A causa absolutamente independente pode ser: Superveniente: se concretiza posteriormente à conduta praticada pelo agente. Preexistente: existe anteriormente à prática da conduta. CConcomitante: existe simultaneamente à prá- tica da conduta. Todas rompem o nexo causal em relação ao re- sultado e o agente só responde pelos atos já praticados. Preexistentes: neste caso, o autor responderá pelo crime consumado; Concomitante: neste caso, o autor responderá pelo crime consumado. SSuperveniente: Causa superveniente relativa- mente independente: a causa efetiva do resul- tado ocorre após a causa concorrente. Exem- plo clássico: acidente com a ambulância logo após a vítima ter sofrido dois tiros pelo agente. É uma causa que, por si só, produziu o resulta- do. CP, §1º do art. 13: a superveniência de causa relativamente independente exclui a imputa- ção quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. O art. 13, §1º, do CP, como visto anterior- mente, adotou a teoria da causalidade adequa- da, considerando como causa a circunstância que, além de ser um antecedente indispensá- vel, leva a produção de um resultado dentro daquilo que é esperado. Por outro lado, quando o fato superveniente está dentro do desdobramento normal da causa realizada pelo agente, o sujeito respon- derá pelo crime. Ex.: se, ao chegar ao hospital, ocorre um erro médico (ex.: falha na cirurgia) com a vítima, o autor responde pelo homicídio doloso consumado, podendo o médico res- ponder por homicídio culposo. Atualmente, divide-se a tipicidade penal em: - Tipicidade formal: subsunção do fato à norma. - Tipicidade material: subsunção do fato à norma + lesão ou perigo de lesão, de forma relevante, ao bem jurídico tutelado. TIPICIDADE FORMAL XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII FALA GALERA DA OAB, TUDO BEM? TEORIA DO DELITO É possível afirmar que não se trata de rol exaustivo pois o próprio CP traz outras hipó- teses, como a do artigo 128 do Código Pena. Reconhece-se, ainda, causas supralegais de exclusão da ilicitude, como o consentimento do ofendido. Aula 03 Temas: Teoria do Delito Teoria do Delito – Ilicitude/ Causas de exclusão da ilicitude Culpabilidade/ Causas de exclusão da culpabilidade Estado de necessidade Legítima defesa Estrito cumprimento do dever legal Exercício regular do direito Ilicitude1 Atenção: o movimento reflexo no se confunde com a ação em curto circuito, que é um ato impulsivo. Ex.: “A”, ao ser xingado por “B”, lhe desfere um soco. Atenção: a coação moral irresistível, por sua vez, como veremos à frente, exclui a culpabilidade, e não a conduta. Qual o conceito de “estado de necessidade”? Do conceito supracitado, podemos retirar os requisitos do estado de necessidade: > Perigo atual: atenção: a letra da lei não menciona perigo iminente, e sim perigo atual. PPara fins de reconhecimento do estado de necessidade, não deve ser possível o afasta- mento do perigo atual por outro modo. Ademais, vale ressaltar que é possível que o agente que deu causa de forma culposa ao perigo haja acobertado pela referida causa excludente da ilicitude. > Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo: Trata-se do dever jurídico de enfrentar o perigo, podendo, inclusive, nascer de relação contratual. Um exemplo é o salva-vidas. a) Estado de necessidade O estado de necessidade pode ser defensivo ou agressivo: O estado de necessidade defensivo é aquele em que a lesão ocorre contra o próprio causador do perigo. Por outro lado, o estado de necessidade agressivo se direciona a lesão contra terceiro, não causador do perigo. Há possibilidade de ação de regresso no âmbito cível contra o terceiro para ressarcimento dos danos. QQuanto à inexigibilidade do sacrifício do interesse ameaçado, o Código Penal adota a teoria unitária, ou seja: se o bem sacrificado for mais valioso do que o protegido, o in- divíduo deve responder pelo crime, com causa de redução de pena de 1/3 a 2/3. Atenção: o estado de necessidade exige que, para a sua configuração, haja inevitabilidade do comportamento lesivo. O que isto significa? Significa que, se for possível a fuga, o agente deverá optar pela fuga. Perigo Atual Que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar Proteção de direito próprio ou alheio Cujo sacrifício, nas circustâncias, não era razoável exigir-se ES TA D O D E N EC ES SI D AD E Atenção para a diferenciação do tratamento jurídico do estado de necessidade a depender da diferença de valor entre o bem jurídico sacrificado e o bem jurídico protegido: Por fim, cite-se como requisito subjetivo o agente deverá ter conhecimento da situa- ção de exclusão da ilicitude. Em outras palavras: deverá saber que age em estado de necessidade, com os requisitos acima citados. b) Legítima defesa Não há crime, e o agente deve ser absolvido. Estamos diante da ausência de um dos substra- tos do crime conforme o critério analítico, qual seja: antijuridicidade. Se o bem jurídico sacrificado for de maior valor do que o bem jurídico protegido, não há exclusão da ilicitude sese presentes os demaissubstratos do crime (fato típico – este terá, uma vez que esta- mos analisando a ilicitude, antijuridicidade e culpabilidade), o agente deverá respon- der pelo crime, com causa de redução de pena de 1/3 a 2/3. O fato é típico, antijurídico e culpável, mas deve operar em favor do agente causa de diminuição de pena, a ser aplicada na ter- ceira fase da dosimetria da pena. É direito subjetivo do réu. c) Estrito cumprimento do dever legal O estrito cumprimento do dever legal consiste no comportamento do agente que age conforme a lei. A lei aqui deve ser interpretada em sentido amplo, ou seja, engloba portarias e resoluções, por exemplo. Também se exige o elemento subjetivo, ou seja, o agente deve saber que age no estrito cumprimento do dever legal. EEx.: o policial que entra em uma residência em que há flagrante delito age em estrito cumprimento do dever legal, pois há um dever aos policiais de prender quem se en- contre em flagrante delito. No caso, não estaríamos diante de um crime de invasão de domicílio, diante da excludente de ilicitude. Injusta Agressão Uso moderado dos meios necessários Proteção de direito próprio ou alheio Repelir agressão atual ou iminente d) Exercício regular de um direito O exercício regular de um direito consiste em uma conduta que o cidadão pode prati- car de forma facultativa por permissão legal. Além da permissão em lei, deve-se ter, também, o elemento subjetivo; ou seja, o agente deve ter real conhecimento de que age no exercício regular de um direito. Repelir agressão atual ou iminente LE G ÍT IM A D EF ES A e) Ofendículos É o aparato pré-ordenado para defesa do patrimônio. Exemplos: cacos de vidros nos muros; cerca elétrica. De acordo com a doutrina majoritária, enquanto o ofendículo não for acionado, é o exercício regular de um direito; por outro lado, quando acionado para repelir injusta agressão, configura legítima defesa. f) Causas supralegais de exclusão da ilicitude g) Excesso na justificante A causa supralegal de exclusão da ilicitude mais conhecida é o consentimento do ofen- dido. Via de regra, será excludente da ilicitude. Entretanto, pode ser também usado como excludente da tipicidade (exemplo: crime de estupro simples – se há consenti- mento, retira-se a tipicidade delitiva). Em todos os crimes poderemos excluir a antijuridicidade da conduta com base no con- sentimento do ofendido? Não! De acordo com a doutrina, os requisitos para o reconhecimento do consentimento do ofendido como causa excludente da ilicitude são: O consentimento não pode ser elementar do crime; A vítima deve ser capaz; O consentimento deve ser válido; Deve haver a tutela penal de um bem disponível e próprio; Prévio ou simultâneo à lesão ao bem jurídico: se o consentimento for poste- rior à lesão, não haverá excludente de ilicitude; Conhecimento da situação de fato que autoriza a excludente da ilicitude. De acordo com a doutrina, podemos classificar o excesso como: i) doloso (neste caso, é proposital); ii) culposo (inobservância do dever objetivo de cuidado) e iii) acidental. Atenção: o excesso acidental, como decorre de caso fortuito ou força maior, é irrele- vante para o Direito Penal. Em conclusão: tratando-se de excesso doloso ou culposo, o agente deverá responder por eles criminalmente, não estando totalmente acobertado pela legítima defesa. Ex.: para me defender de alguém que me daria um tapa na cara, desfiro-lhe facadas. Há um excesso na conduta, uma vez que o meio utilizado foi desproporcional. É o terceiro substrato do conceito analítico do crime. É um juízo de reprovação reali- zado sobre a conduta típica e ilícita do agente. Os elementos da culpabilidade são: Trata-se da capacidade de imputação do sujeito ser responsabilizado pelos seus atos. Para que seja configurada a imputabilidade, devemos ter: i) elemento intelectivo: consciência do caráter ilícito do fato; ii) elemento volitivo: vontade de praticar o fato. IMPUTABILIDADE EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE CULPABILIDADE Culpabilidade2 a) Imputabilidade Quais são os critérios para reconhecimento da imputabilidade? Atenção: o movimento reflexo no se confunde com a ação em curto circuito, que é um ato impulsivo. Ex.: “A”, ao ser xingado por “B”, lhe desfere um soco. Atenção: somente deve ser pena ou medida de segurança, e não pena e medida de segurança. Trata-se da adoção do sistema vicariante ou unitário. Atenção: Se a prática da conduta era imprevisível, não será responsabili- zado – vedação à responsabilidade penal objetiva. Ex.: Indivíduo começa a beber em sua residência. Após ficar completamente embriagado, seu so- brinho entra em sua casa repentinamente desejando dar-lhe um susto. O indivíduo, embriagado, acredita tratar-se de um ladrão e lhe dá um tiro – não responderá pelo crime, porque sua conduta era absolutamente impre- visível. b) Potencial consciência da ilicitude c) Exigibilidade de conduta diversa Coação moral irresistível: Obediência hierárquica Causas de exclusão da culpabilidade supralegais - Erro de proibição indireto: o agente sabe que a conduta é típica, mas supõe pre- sente uma norma permissiva, achando que está agindo acobertado por causa exclu- dente da ilicitude ou que age nos limites da discriminante. - Coação moral: se a coação for física, exclui a tipicidade; - Coação irresistível: se for resistível, o coacto responde pelo crime, mas com uma atenuante, enquanto o coator, com agravante. - Ordem de um superior hierárquico (relação pública); - Não pode ser manifestamente ilegal; - Estrita obediência à ordem; É a possibilidade de agir de acordo com o ordenamento jurídico, contrária àquela ação que o agente tomou. Possui o condão de excluir a culpabilidade. São elementos da coação moral irresistível: Assim como tratamos nas excludentes de ilicitude, também existem nas causas de ex- clusão da culpabilidade hipóteses reconhecidas pela doutrina. Exemplos: Cláusula de consciência: o sujeito que, por motivo de crença ou consciência, pratica um fato previsto como crime, desde que não viole direito fundamental, age com a cláusula de consciência. Ex.: o pai que é testemunha de Jeová veda a transfusão de sangue ao filho. No entanto, esta conduta somente será válida se o filho sobreviver. Requisitos: Desobediência civil: desobediência é um ato de insubordinação, o qual possui a finali- dade de transformar a ordem estabelecida. É preciso que o agente esteja desobede- cendo com base em um direito fundamental que possua, e que o dano causado por essa desobediência seja irrelevante. Ex.: invasões do MST. Se causarem dano relevante, não há exclusão da culpabilidade, uma vez que se extrapolou os limites da desobediência civil. XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII XXXII FALA GALERA DA OAB, TUDO BEM? CONCURSO DE PESSOAS O concurso de pessoas configura a reunião de agentes para a prática de um crime. É necessário, entretanto, que todos ajam de maneira relevante para que o crime seja consumado. É preciso que os agentes tenham identidade de propósito, mesmo que não de maneira conjunta. O que isso significa? Significa que é desnecessário o ajuste prévio entre os agentes, entretanto, é de suma importância que ao menos haja intenção da prática do crime idêntica a ambos os agentes. EExemplo: “A” percebe que “B” está tentando furtar “C”. “B” subtrai a bolsa de “C” e sai correndo; “A”, por sua vez, coloca o pé na frente de “C” para que este não alcance “A” e o crime reste consumado. Trata-se de hipótese de concurso de pessoas, mesmo que ausente o ajuste prévio. Agora, se duas pessoas atiram contra “C”, por exemplo, ao mesmo tempo, com a in- tenção de matar, trata-se de hipótese de autoria colateral, uma vez que não houve sequer uma atuação com vistas à facilitação da conduta do outro. Quais são os requisitos para que reste configurado o concurso de pessoas? A relevância causal das condutas deve ser analisadaconforme a teoria da equivalência e a eliminação hipotética, com o método de Thyrén. Em outras palavras: deve-se eli- minar hipoteticamente a conduta de um dos agentes e analisar se, sem a referida con- duta, o resultado ocorreria ou não. Pluralidade de agentes ou condutas Relevância causal das condutas Identidade de infrações penais Liame subjetivo Aula 04 Temas: Concurso de Pessoas Das penas – privativas de liberdade Das penas – restritivas de direito Das penas – de multa AAplicação da pena Há que se ressaltar, entretanto, a teoria do domínio do fato, amplamente utilizada em crimes como o de organização criminosa. De acordo com a teoria do domínio do fato, é autor quem tem o controle finalístico do resultado, decidindo sua forma de execu- ção, quando ele começa e afins. Quem é o partícipe na teoria do domínio do fato? É aquele que contribui para o resul- tado mas não possui o domínio da ação. Teoria objetivo-formal Teoria do domínio do fato Ex.: um líder de facção criminosa que emana ordens de dentro do presídio para que efetuem o assassinato de um de seus rivais, para a teoria do domínio do fato, é autor, uma vez que possuía o domínio finalístico da ação. Por outro lado, se analisássemos pela teoria objetivo-formal, tratar-se-ia de partícipe, uma vez que não executaria di- retamente o núcleo do tipo (“matar alguém”). O STF já decidiu que o mero fato de alguém ocupar uma posição hierárquica não serve para demonstrar o dolo necessário para configuração da teoria do domínio do fato. Ex.: irregularidade em licitação. O Governador, pelo simples fato de ocupar tal posi- ção, não pode ser condenado criminalmente por isso sem que haja provas do dolo na atuação criminosa (STF. 2ª Turma. AP 975/AL, Rel. Min. Edson Fachin, j. 3/10/17). O autor mediato não realiza o núcleo do tipo, e sim se vale de pessoa que atua sem dolo ou de forma não culpável como instrumento para a execução do fato. Se recordam quando estudamos coação física irresistível e afirmamos que ela torna o fato atípico por ausência de conduta? Portanto, aqui está a explicação: responderá pelo crime o autor mediato, ou seja, aquele que se valeu da vítima como um instru- mento para a prática delitiva. Este é um exemplo de autoria mediata. De acordo com o entendimento majoritário, não se aplica autoria mediata aos crimes culposos, uma vez que o resultado é involuntário. Os crimes próprios, como o peculato, admitem autoria mediata desde que o autor me- diato tenha a qualidade exigida pelo tipo penal, no caso, seja funcionário público. Se o funcionário for a pessoa que está sendo usada como instrumento, não poderemos apli- car a autoria mediata. A autoria colateral ocorre quando dois ou mais agentes, sem saber da atuação do outro, praticam uma conduta visando o mesmo resultado, que ocorre em razão do comportamento de apenas um deles. Trata-se do exemplo fornecido no início desta aula, ou seja, quando “A” e “B” atiram em “C” ao mesmo tempo, sem saber da conduta do outro, visando matá-lo. Diante da ausência do liame subjetivo, não estaremos diante de uma modalidade de concurso de pessoas. Autoria mediata Autoria colateral Os crimes multitudinários são aqueles que ocorrem pela atuação de várias pessoas ao mesmo tempo. Exemplo: várias pessoas subtraindo alimentos de um caminhão tomba- do. Existe liame subjetivo entre as pessoas, mas é difícil individualizar a conduta de cada um. Basta comprovar, portanto, que o agente contribuiu para a ocorrência do resulta- do. Se a pessoa foi influenciada pela multidão para a prática do crime, pode incidir a ate- nuante do artigo 65, III do Código penal. Por outro lado, quem provocou a multidão pode ser punido com a agravante do art. 62, I do Código Penal, por ter dirigido a atividade dos outros. A coautoria ocorre quando dois ou mais agentes, com liame subjetivo, praticam um determinado delito. Ela se divide em duas espécies: É plenamente possível a coautoria em crimes próprios, como o peculato, desde que um dos indivíduos ostente a qualidade especial exigida pelo tipo penal e que o outro ao menos saiba desta qualidade, para garantia de vedação à responsabilidade penal objeti- va. Por outro lado, nos crimes de mão própria, permanece o entendimento de que não cabe coautoria, mas apenas participação. Exceção crime de falsa perícia (art. 342 do Código Penal). Exemplo: dois médicos legistas combinam de cometer o crime de falsa perícia. Coautoria parcial: cada autor pratica um ato de execução diferente, alcan- çando de forma conjunta o resultado pretendido. Ex.: em um roubo, uma pessoa ameaça a vítima e a outra subtrai o bem. Coautoria direta: todas as pessoas praticam a mesma conduta. Ex.: ambos ameaçam a vítima e subtraem o bem de forma conjunta. Crimes multitudinários Coautoria O sujeito contribui para o crime, sem executar o núcleo do tipo. a) Espécies de participação: Participação moral: ocorre quando o agente instiga ou induz pessoa deter- minada (ou pessoas determinadas) à prática de infração penal. Participação material: ocorre quando há auxílio material pelo agente. Ex.: emprestar uma arma para que outrem cometa um homicídio. Participação A doutrina também reconhece a participação em crimes omissivos próprios. Exemplo: o crime previsto no artigo 269 do Código Penal é próprio. Se o paciente pede ao médico que não denuncie à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória, estará agindo em participação com o crime do art. 269 do Código Penal, desde que o médico realmente deixe de notificar. PPor fim, registre-se que é possível coautoria em crimes omissivos impróprios, desde que ambos tenham que evitar o resultado e decidam, juntamente, não evitar o resulta- do. Ex.: dois salva-vidas que concordam em deixar uma pessoa se afogar na piscina. No caso da participação de menor importância, o partícipe responde pelo mesmo crime do autor ou dos coautores. Entretanto, será beneficiado com uma redução de pena de 1/6 a 1/3, de acordo com a sua culpabilidade. Na participação dolosamente distinta, diferentemente do que ocorre com a participa- ção de menor importância, o partícipe e o autor (ou coautores) possuem dolos distin- tos. Ex.: se o partícipe queria furtar, mas, ao ingressar na residência, o outro agente decide roubar, há participação dolosamente distinta. Caso o resultado mais grave seja previsível, a pena do crime menos grave será aumen- tada até a metade. De acordo com o art. 29, §1º do Código Penal: Participação de menor importância Participação dolosamente distinta O que são circunstâncias? De acordo com a doutrina, são dados acessórios ao crime, ou seja, são dispensáveis para a sua configuração básica. Se dividem em circunstâncias objetivas e subjetivas. As circunstâncias objetivas se referem ao tipo penal em si. Exemplo: rompimento de obstáculo no crime de furto, que funciona como qualificadora. A circunstância de na- tureza objetiva se comunica aos demais agentes. PPor outro lado, as circunstâncias subjetivas se referem ao agente em si, logo, não se comunicam. Entretanto, se a circunstância subjetiva funcionar como elementar, irá se comunicar aos demais agentes. (Ex.: furto praticado com abuso de confiança; como não se trata de elementar, não irá se comunicar aos demais agentes). A condição, por outro lado, é algo inerente ao indivíduo. Em outras palavras: ela existe independentemente da prática do crime. Um exemplo é a reincidência. Não se comu- nica aos demais agentes. As elementares são dados que constituem o tipo penal e, por tal razão, se comunicam independentemente de terem caráter subjetivo ou objetivo. Imagine um crime de peculato. O peculato é crime próprio, exigindo do autor a quali- dade especial de funcionário público. Se tivermos um partícipe ou coautor que seja particular, se ele tiver ciência da qualidade de funcionário público do autor, irá também responder por peculato, pois as elementares de natureza subjetiva se comu- nicam. Comunicabilidadedas circunstâncias, condições e elementares CIRCUNSTÂNCIAS SUBJETIVAS ELEMENTARESCIRCUNSTÂNCIAS OBJETIVAS Se comunicarão sempre aos agentes, sejam eles coautores ou partícipes. Não se aplicam aos demais agentes. Se comunicam sempre, seja de natureza objetiva ou sub- jetiva. É de suma importância entender que o partícipe possui uma conduta acessória, ou seja, sua punição se encontra condicionada ao fato de que o crime deve ser, ao mínimo, tentado. Entretanto, caso haja previsão de algum crime que tipifique a conduta empregada pelo partícipe, este não restará impune. Como assim? IImagine que “A” empresta a “B” uma arma para que mate “C”. Se o crime de homicí- dio não chega a ser tentado, “A” não restará impune. Por quê? Pois os artigos 14 e 16 do Estatuto do Desarmamento punem a conduta de emprestar arma de fogo a outrem. Por isso o artigo 31 diz “salvo disposição em contrário”. A pena consiste na resposta que o Estado dá a quem descumpriu uma norma proibitiva de natureza pena. A principal característica das penas é a sua restrição ou privação de algum bem jurídico do agente para se efetive a sua responsabilização pelo crime. Atualmente, prevalece a teoria eclética, que afirma que a pena possui três finalidades: A prevenção geral negativa consiste na ameaça realizada pela lei aos cidadãos para que não cometam delitos pois, caso assim ajam, estarão submetidos às sanções penais. Por outro lado, a prevenção geral positivo demonstra a vigência da lei, criando uma sensação de confiança social. Participação impunível CONCURSO DE PESSOAS Prevenção geral: busca a intimidação da sociedade tanto de forma positiva quanto negativa. Prevenção especial: se aplica ao criminoso. Também se divide em seus as- pectos negativo e positivo: De acordo com a prevenção especial negativa, a pena visa o encarceramento do indiví- duo ou a atribuição de uma pena de outra natureza pelo descumprimento da norma penal. Por outro lado, a prevenção especial positiva visa a ressocialização do condenado. Por fim, quanto à retribuição, trata-se da punição do agente pela prática de uma infra- ção penal, que consequentemente gera a lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico relevante. Atualmente, existem instrumentos que visam a restauração da situação anterior ao crime com a recomposição dos danos, razão pela qual são conhecidos como medidas despenalizadoras. Podemos citar a composição civil dos danos e a transação penal pre- vistas na Lei nº 9.099/95 e o próprio acordo de não persecução penal inserido no Código de Processo Penal no artigo 28-A com a Lei nº 13.964/19, que serão tratados em aula própria. Trataremos, neste tópico, dos principais princípios relativos à pena reconhecidos pela doutrina. O primeiro princípio a ser abordado é o princípio da legalidade, que, no que tange à teoria da pena, reflete a obrigatoriedade de previsão legal da pena para que ela incida. Conforme artigo 1º do Código Penal: “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. EEm seguida, aborda-se o princípio da intransmissibilidade ou da personalidade, segun- do o qual a pena não passará da pessoa do condenado. Possui previsão no artigo 5º, XLV da Constituição Federal. Há também o princípio da individualização da pena, cuja observância acontece em três momentos: primeiro para o legislador no momento da fixação da reprimenda penal; segundo, para o juiz, ao dosar a pena; e, por último, ao magistrado durante a execução da pena. Princípios relativos à pena Atenção: a obrigação de reparar o dano, por outro lado, pode-se transmitir aos herdeiros até o valor da herança. O princípio da proporcionalidade também merece destaque, se tratando de princípio implícito e decorrente do devido processo legal. Se subdivide tanto na proibição do ex- cesso (ex.: fixação de pena altas para crimes de pequeno potencial ofensivo) e na proi- bição da proteção deficiente. Em sua hora, o princípio da inevitabilidade ou da inderrogabilidade da pena prevê que, se o sujeito cometer um crime, é obrigado a cumprir a pena, salvo se for beneficiado com o instituto do perdão judicial, somente admitido nas hipóteses previstas em lei. Devemos citar, ainda, o princípio da dignidade da pessoa humana, que norteia todo o ordenamento jurídico. Por fim, mas não menos importante, há o princípio da vedação ao bis in idem, segundo o qual ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo fato. DDe acordo com o Supremo Tribunal Federal, se houver duas sentenças sobre o mesmo fato, a segunda sentença será nula, mesmo que mais benéfica ao agente. No mesmo sentido entende o STJ: “Diante do duplo julgamento do mesmo fato, deve prevalecer a sentença que transitou em julgado em primeiro lugar. Diante do trânsito em julgado de duas sentenças condenatórias contra o mesmo condenado, por fatos idênticos, deve prevalecer a condenação que transitou em primeiro lugar”. STJ. 6ª Turma. RHC 69.586-PA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/11/2018 (julgado em 27/11/2018 (Info 642). Justamente em atendimento a alguns dos princípios acima mencionados, existem al- gumas espécies de pena que são proibidas pelo ordenamento jurídico brasileiro. São elas: Veja, portanto, que não se trata de vedação absoluta, uma vez que a própria Constitui- ção Federal prevê a possibilidade de pena de morte em casos de guerra declarada. Pena de morte Penas proibidas no Brasil Possui íntima ligação com a vedação à escravização. Atenção: a imposição de trabalho para as pessoas que cumprem pena em regime fechado ou semiaberto não configura pena de trabalho forçado. A pena de banimento consistiria na expulsão do nacional do território estrangeiro. Também é vedada pela Constituição Federal a pena de caráter cruel. Exemplo: quem pretende castrar fisicamente agentes que foram condenados por crime de estupro. Pena de caráter perpétuo Pena de trabalhos forçados Penas cruéis Pena de banimento Por sua vez, de acordo com o artigo 5º, XLVI da Constituição Federal, são permitidas no Brasil as seguintes penas: PENAS PERMITIDAS NO BRASIL Trata-se de um rol exemplificativo, uma vez que existem outra penas previstas em lei esparsas (exemplo: Lei nº 11.343/06, mais precisamente quanto ao artigo 28 e Lei nº 9.605/98). As penas privativas de liberdade podem ser de reclusão, detenção ou prisão simples. As penas de reclusão podem ser cumpridas nos seguintes regimes: inicial fechado, se- miaberto ou aberto. Por outro lado, as penas de detenção podem ser cumpridas em regime inicial semia- berto ou aberto. Por sua vez, a prisão simples possui aplicabilidade às contravenções penais. Jamais admite seu cumprimento em regime fechado, mesmo se houver regressão de regime. Privação ou restrição da liberdade Perda de bens Multa Prestação social alternativa Suspensão ou interdição de direitos DETENÇÃO PRISÃO SIMPLESRECLUSÃO Pode, desde o início, ser cum- prida no regime fechado, se- miaberto ou aberto, a depen- der das circunstâncias. Pode, desde o início, ser cum- prida no regime semiaberto ou aberto. É possível o cumprimento no regime fechado, desde que ocorra através da regressão de regime. Somente pode ser cumprida em regime aberto ou semia- berto, mesmo se houver re- gressão de regime. Penas privativas da liberdade As modalidades de penas restritivas de direito são: Trata-se de uma dívida de valor, ou seja, seu descumprimento não gera conversão em pena privativa de liberdade. As espécies de pena acima mencionada serão melhor estudadas em tópico próprio. A fixação das penas privativas de liberdade ocorre com o sistema trifásico idealizado por Nelson Hungria. Possui previsão legal no artigo 68 do Código Penal: Fixação da pena privativa de liberdade Prestação pecuniária Perda de bens e valores Limitação de fim de semana Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas Interdição temporária de direitos 2ª FASE 3ª FASE1ª FASE Análisedas circunstâncias atenuantes e agravantes con- forme as regras previstas nos artigos 61 a 67 do Código Penal. Serão analisadas as causas de au- mento e de diminuição de pena previstas nos tipos penais. Exemplo: Art. 121, §4º do Código Penal: No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inob- servância de regra técnica de pro- fissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura di- minuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicí- dio, a pena é aumentada de 1/3 Penas restritivas de direito Pena de multa De acordo com o artigo 59 do Código Penal, o juiz deverá analisar na primeira fase da dosimetria da pena as seguintes circunstâncias: De acordo com a doutrina, a compensação realizada entre as circunstâncias deverá ser feita tomando por conta a preponderância das que possuam caráter subjetiva, por ana- logia ao disposto no artigo 67 do Código Penal. Atenção: por se tratar de analogia, não poderá ocorrer em prejuízo ao réu. A culpabilidade consiste no grau de reprovabilidade do comportamento do agente. Somente podem usados como antecedentes os crimes praticados pelo indivíduo antes do crime analisado. Atenção: não confundir com a culpabilidade como substra- to do conceito analítico de crime, que se subdivide em: imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibi- lidade de comportamento diverso. Atenção: De acordo com a Súmula 444 do STJ, inquéritos policiais e ações penais em curso não podem servir como base para aplicação de maus antecedentes (e nem do reco- nhecimento de reincidência, como será observado poste- riormente). Primeira fase: circunstâncias judiciais Culpabilidade Antecedentes Culpabilidade Antecedentes Personalidade do agente Conduta social Motivos Circunstâncias CConsequências do crime Comportamento da vítima Divergência no STF e no STJ: De acordo com o STF, após o decurso de cinco anos da extinção da pena, não se pode considerar a condenação anterior como reincidência e nem como maus antecedentes. No entanto, STJ e parte da doutrina defendem que após cinco anos de extinção da pena, a condenação anterior pode servir como base para reconhecimento de maus an- tecedentes. A conduta social consiste na forma que o agente se comporta em sociedade. Diferen- temente dos maus antecedentes, aqui se analisa o comportamento social do agente. Ex.: é possível obter uma melhora na pena do acusado caso se comprove (por exemplo, com testemunhas) que o réu tem um bom comportamento social, ajudando institui- ções de caridades e afins. A personalidade do agente se analisa com elementos concretos que definam um retra- to psíquico do agente. Exemplo: é possível se comprovar com a multirreincidência que o agente possui uma personalidade voltada para o crime. O motivo do crime consiste nas razões que levaram o agente a praticar a infração penal. Atenção: caso existam duas condenações que possam en- sejar o reconhecimento da reincidência do agente, uma delas pode ser valorada como mau antecedente, funcionan- do a outra como fator ensejador da reincidência. Conduta social Personalidade do agente Motivos do crime Caso o motivo seja uma elementar do crime, a pena não pode ser majorada na primeira fase da dosimetria da pena com base nos motivos do crime, sob pena de bis in idem. Exemplo: o STJ, ao julgador os EDv nos EREsp 1.196.136-RO entendeu que a obten- ção de lucro fácil e a cobiça constituem elementares dos tipos de concussão e corrup- ção passiva (arts. 316 e 317 do CP), sendo indevido utilizá-las para aumentar a pena- -base alegando que os “motivos do crime” (circunstância judicial do art. 59 do CP) seriam desfavoráveis. As consequências do crime analisam os efeitos gerados pela prática delitiva. Exemplo: matar o pai de uma criança que cuidava dela sozinho, deixando-a desamparada. Trata-se da análise do comportamento da vítima para a realização do crime. Atenção: o Direito Penal não trabalha com compensação de culpas. Logo, havendo concorrên- cia de culpas, é possível que isso seja valorado na primeira fase da dosimetria da pena favoravelmente ao réu. Por outro lado, tratando-se de culpa exclusiva da vítima, o agente deverá ser absolvi- do. Veja que, neste caso, faltará o elemento “conduta” constante no fato típico, pri- meiro elemento do conceito analítico de crime. Atenção: falta de motivos não pode ser valorada de forma negativa. Caso se deseje aumentar a pena do réu com base nos motivos do crime, deve haver a prova de que o réu real- mente agiu com um motivo reprovável. Circunstâncias do crime Consequências do crime Comportamento da vítima Na segunda fase da dosimetria da pena, se analisam as circunstâncias agravantes e atenuantes. De acordo com a doutrina e a jurisprudência, o juiz deverá utilizar o quórum de 1/6 para aumentar ou diminuir a pena com a aplicação das agravantes ou atenuantes, respectivamente. Conforme artigo 67 do Código Penal, as circunstâncias preponderantes são aquelas que resultam: Dos motivos do crime, da personalidade do agente e da reincidência. Circunstância preponderante: menoridade (menor de 21 anos) ou a senili- dade (maior de 70 anos); Segunda que mais prepondera: reincidência; Terceira que mais prepondera: agravantes e atenuantes subjetivas; Por último: agravantes e atenuantes objetivas; Atenção: de acordo com a Súmula 231 do STJ, a incidência de circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal. Ou seja, se a pena do agente foi fixada no mínimo legal na primeira fase da dosimetria da pena e na segunda fase não há agravantes mas, por outro lado, existe uma atenuante, a pena do agente deve continuar sendo a mínima prevista ao delito. O juiz não pode fixar pena aquém do mínimo legal na segunda fase. aquém do mínimo legal na segunda fase. Segunda fase: agravantes e atenuantes Preponderância Ou seja, no exemplo acima mencionado, preponderaria a menoridade (menor de 21 anos na data do crime). O rol de agravantes é taxativo. Ademais, é de suma importância saber que a reincidência é a única agravante que pode ser reconhecida em crimes culposos. As agravantes se encontram previstas no rol taxativo do artigo 61 do Código Penal. Abaixo, estudaremos cada uma de suas modalidades: Atenção: De acordo com o STJ, é possível compensar a agravante da reincidência e a atenuante da confissão espon- tânea. Ou seja, se o réu era reincidente mas optou por con- fessar espontaneamente o crime praticado, o juiz poderá compensar ambas as circunstâncias na segunda fase da dosi- metria da pena, não aumentando e nem diminuindo a pena nesta etapa. Atenção: é de suma importância analisar o texto do artigo 7º da Lei de Contravenções Penais: Agravantes Reincidência LEI DE CONTRAVENÇÕES PENAISCÓDIGO PENAL De acordo com o sistema da temporariedade da reincidência, ultrapassado o período depurador de 5 anos do cumprimento da pena, o sujeito não será mais considerando reincidente. Existe na doutrina a classificação da reincidência em genérica e específica. Veja as di- ferenças: A referida diferenciação possui importância prática, senão vejamos: a reincidência es- pecífica obsta a substituição da pena (art. 44, §3º do CP); ademais, com a redação dada pela Lei nº 13.964/19 (Pacote Anticrime), conforme art. 83, V do Código Penal, Novo crime, depois de transitar em julga- do a sentença que, no Brasil, tenha o con- denado por crime anterior; Novo crime, depois de transitar em julga- do a sentença que, no estrangeiro, o con- denou por crime anterior Nova contravenção penal depois de tran- sitar em julgado a sentença que o conde- nado no Brasil por crime anterior; Nova contravenção penal depois de tran- sitar em julgado a sentença que o conde- nado no estrangeiro por crime anterior; Nova contravenção penal depois de tran- sitar em julgado sentença que o tenha condenado no Brasil por motivo
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