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A Gestão Escolar: Inclusão e Multiculturalidade W BA 01 68 _v 1. 2 2/205 A Gestão Escolar: Inclusão e Multiculturalidade Autora: Gleidis Roberta Guerra Como citar este documento: GUERRA, Gleidis Roberta. A Gestão Escolar: Inclusão e Multiculturalidade. Valinhos, 2016. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de Formação do Cidadão 05 Assista a suas aulas 19 Unidade 2: Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva 26 Assista a suas aulas 47 Unidade 3: Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos 54 Assista a suas aulas 72 Unidade 4: Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo 79 Assista a suas aulas 98 2/205 3/2053 Unidade 5: Deficiência Visual, Auditiva e Intelectual 105 Assista a suas aulas 126 Unidade 6: Deficiência Física e Múltiplas 134 Assista a suas aulas 148 Unidade 7: Transtornos Globais do Desenvolvimento - Autismo e Surdocegueira 155 Assista a suas aulas 177 Unidade 8: Altas Habilidades e Superdotação 184 Assista a suas aulas 198 Sumário A Gestão Escolar: Inclusão e Multiculturalidade Autora: Gleidis Roberta Guerra Como citar este documento: GUERRA, Gleidis Roberta. A Gestão Escolar: Inclusão e Multiculturalidade. Valinhos, 2016. 4/205 Apresentação da Disciplina Esta disciplina se propõe a discutir os conceitos de educação multicultural, intercultural e inclusiva e sua influência no processo de formação do cidadão. Para isto, discutiremos aspectos relacionados aos fundamentos e políticas da educação inclusiva, o multiculturalismo e a participação da família e da comunidade nas discussões da escola e ainda conheceremos um pouco sobre as diversas deficiências. 5/205 Unidade 1 Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de Formação do Cidadão Objetivos O objetivo desta aula é compreendermos alguns conceitos importantes de educação multicultural, intercultural e inclusiva, para assim repensarmos nossa prática. 1. Compreender conceitos de educação multicultural e intercultural; 2. Compreender o conceito de educação inclusiva; 3. Conhecer a influência destes conceitos para a formação do cidadão. Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de Formação do Cidadão 6/205 Introdução Olá, aluno! Nesta aula, irei apresentá-lo a alguns conceitos importantes para a compreensão da disciplina, os quais tratam de multiculturalismo e de inclusão. O processo de inclusão vem sendo arduamente debatido desde a década de 90, e teve na Declaração de Salamanca, em 1994, o seu grande ponto de partida. A Declaração de Salamanca é um documento que foi produzido após uma Conferência Mundial, ocorrida na cidade de Salamanca, na Espanha, da qual o Brasil é signatário. Tal documento prevê que os países signatários assumem compromissos para que a educação ocorra para todos, sem distinção ou qualquer tipo de discriminação, em um sistema educacional único. A partir deste documento, o Brasil cria diversas leis que garantem o acesso e a permanência de alunos com deficiência nas salas de aulas regulares. Mas, a Declaração de Salamanca não trata só de pessoas com deficiência, embora sua maior divulgação esteja relacionada a isso. Vejamos o trecho a seguir, retirado do documento, para entendermos melhor do que ele trata: Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de Formação do Cidadão 7/205 O princípio que orienta esta Estrutura é o de que escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Aquelas deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais, e crianças de outros grupos desavantajados ou marginalizados. Tais condições geram uma variedade de diferentes desafios aos sistemas escolares. (UNESCO, 1994, p.3) Para saber mais Acesse a Declaração de Salamanca na íntegra. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/ arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso em: 28 maio 2016. http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de Formação do Cidadão 8/205 Vamos voltar um pouco na história para entendermos todo o processo da educação especial até chegarmos à educação inclusiva, a qual se propõe hoje. No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência vem da época do Império, e tem início com a criação de duas instituições: O Imperial Instituto dos Meninos Cegos (1854), atual Instituto Benjamin Constant (IBC) e o Imperial Instituto dos Surdos Mudos (1857), atual Instituto Nacional da Educação dos Surdos (INES), ambos no Rio de Janeiro. No século XX é fundado o Instituto Pestalozzi (1926) e em 1954 é fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Com a criação das diversas escolas especializadas, as pessoas com deficiência, que antes não tinham direito a nenhum tipo de instrução formal, passam a ser atendidas de maneira segregada, ou seja, uma educação à parte, separada das crianças sem deficiência. A este período denominamos Segregação, que é marcado pelo nascimento de uma nova pedagogia: A Educação Especial. Com o passar do tempo, por volta da década de 1960, educadores passam a discutir que esta educação segregada não era capaz de inserir as pessoas com deficiência na sociedade, e propõem um novo modelo de educação, que passa a ser denominado Integração Escolar. Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de Formação do Cidadão 9/205 No período de integração escolar, entende- se que as pessoas com deficiência devem conviver com as outras, mas ainda devem ser mantidas em ambientes protegidos. Com base nessas ideias, são criadas as classes especiais, dentro das escolas comuns, e inaugura-se um sistema educacional em três níveis: Escola Especial – Classe Especial – Classe Comum. O projeto era que conforme o aluno melhorasse sua performance, ele pudesse passar da Escola Especial para a classe especial e, posteriormente, para a sala comum. Porém, a passagem para a classe comum geralmente não acontecia, visto que a escola não se propunha a fazer nenhuma modificação para atender às necessidades da criança, a qual devia adaptar-se ao sistema imposto . Só após esse período, com muitas discussões e luta política, a ideia da inclusão passou a ocorrer, tendo como marco inicial a Declaração de Salamanca, e acreditando, finalmente, que é a escola que deve se adaptar à criança, modificando-se para recebê-la. As discussões em torno do multiculturalismo, como questões de gênero e etnias na escola, começam na década de 1970 como projeto pedagógico e as discussões em torno de uma escola pública que seja capaz de lidar com a diversidade cultural estão postas. A ideia de que a diferença cultural pode enriquecer e não enfraquecer o convívio social na escola, na sociedade e no mercado de trabalho começa a ser Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de Formação do Cidadão 10/205 difundida e alguns países, como o Brasil, começam a rever e ampliar seus currículos escolares, incorporando alguns saberes antes deixados de fora. Educação para a diversidade tem sido o termo que caracteriza esta fase mais plural da nossa educação. 1. Multicultural ou Intercultural? Para entendermos osconceitos de multiculturalismo e interculturalidade, precisamos olhá-los de dois ângulos diferentes. Na primeira perspectiva, descritiva, o multiculturalismo seria uma característica das sociedades atuais. Em outra perspectiva, prescritiva, o multiculturalismo não é apenas algo dado pelo contexto, mas uma maneira de atuar e intervir na dinâmica social. (FORQUIN, 2000) Candau (2008) propõe outra concepção: um multiculturalismo interativo e aberto, que privilegia a interculturalidade, a qual seria a mais adequada para uma sociedade que se pretende democrática e inclusiva, que proponha políticas de igualdade e identidade. Neste sentido, a educação deve ter como objetivo o reconhecimento do “outro”. Nos últimos anos, algumas mudanças no meio acadêmico aconteceram de forma a evidenciar a necessidade de propor uma educação que não apenas aceite e respeite, mas que valorize e discuta a diversidade em sala de aula. Dentre essas mudanças, podemos citar a aprovação Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de Formação do Cidadão 11/205 e implementação da lei 10.639/2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. O estabelecimento de novas metas, mais inclusivas para o acesso às Universidades, também fez com que houvesse o aumento de alunos negros e índios em carreiras, antes altamente seletivas. É claro que a diversidade posta nas escolas brasileiras leva a novos desafios, que podem acarretar em uma necessidade urgente de modificação dos currículos, tornando-os mais multiculturais, abertos à realidade de todos os brasileiros. 2. Formação do Cidadão: Função da Escola? Pensando na escola como espaço de formação para a cidadania, e nos remetendo às questões da educação inclusiva e multicultural, nos perguntamos em que sentido a escola influencia na formação de pessoas que irão, futuramente, determinar o andamento da sociedade em prol da aceitação de todas as pessoas, independente de suas características. Partindo do princípio que a escola institui a cidadania, visto que ela é o lugar que as crianças deixam de fazer parte exclusivamente da família e passa a pertencer a uma comunidade mais ampla Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de Formação do Cidadão 12/205 (CANIVEZ, 1991), é neste espaço que a convivência com a diversidade ensina normas e regras, sem as quais não se sobrevive na sociedade. Devemos lembrar que as funções políticas e sociais da escola são atravessadas por interesses da classe dominante, e que as questões da inclusão e do multiculturalismo não apenas na escola, mas na sociedade, muitas vezes entram em choque com o desejo de classes sociais. Uma pesquisa realizada por Cruz (2012) reuniu bonecos com características diferentes das que as nossas crianças costumam ter para brincar: cadeirantes, negros, idosos, grávidas, com Síndrome de Down, entre outros. Eles foram apresentados para as crianças com o intuito de verificar como elas pensam e lidam com a diversidade, neste caso, em forma de brinquedo. O principal objetivo era que as crianças, entre 7 e 8 anos de idade, falassem sobre as suas impressões, e os resultados apontaram um estranhamento inicial em relação às características que fugiam do padrão esperado pela sociedade: branco, loiro, olhos azuis, magro. Apontaram ainda a presença de discursos discriminatórios de raça, religião, gênero e etnia, demonstrando como as crianças são imersas em preconceitos culturais. As conclusões, porém, demonstram claramente que as crianças foram se modificando a partir dos encontros e Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de Formação do Cidadão 13/205 das brincadeiras, que podem subverter a ordem e escapar dos condicionamentos, ressignificando não apenas o seu brincar, mas a sua constituição enquanto sujeito. Assim, fica claro como a diversidade trazida para a sala de aula, envolta por discussões e debates em relação à temática, auxilia na formação de sujeitos mais generosos e menos preconceituosos. Para saber mais Conheça toda a pesquisa realizada por Cruz (2012) em: Brincando com cadeirantes, idosos, negros e princesas: a diversidade por meio de brinquedos infantis. CRUZ, Michelle Brugnera. Disponível em: <http://www. cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/ cp/article/viewFile/376/176>. Acesso em: 28 maio 2016. http://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/viewFile/376/176 http://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/viewFile/376/176 http://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/viewFile/376/176 Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de Formação do Cidadão 14/205 Glossário Inclusão: Princípio pelo qual todas as pessoas têm as mesmas oportunidades, sendo respeitadas as suas diferenças. Multiculturalismo: Existência de uma pluralidade cultural, que convive de maneira harmônica. Interculturalidade: Interação entre duas ou mais culturas, favorecendo seu convívio e o enriquecimento mútuo. Questão reflexão ? para 15/205 Refletindo sobre as questões colocadas em relação à inclusão e o multiculturalismo, cabe a nós, educadores e gestores, pensarmos na escola como um espaço para todas as pessoas, independente de suas características. Sendo assim, eu pergunto: Quem é que cabe no seu TODOS? (Werneck, 1999) 16/205 Considerações Finais (1/2) • Os debates a respeito de uma educação para todas as pessoas ocorrem principalmente na década de 90 e têm seu grande marco na Declaração de Salamanca (1994), que propõe que todos os alunos, independente de suas características, devem estudar em um único Sistema Educacional. • Na História da educação, passamos por períodos de exclusão, em que as pessoas com deficiência não tinham nenhum direito, de segregação, em que escolas separadas eram propostas para crianças com e sem deficiência, de integração, em que se propunha um ambiente protegido dentro da escola comum para finalmente chegarmos à inclusão, em que todas as crianças têm o direito de aprender juntas. • As questões de multiculturalismo e interculturalidade começam a ser discutidas na década de 70, mas ganham força a partir dos anos 2000, com leis que tratam da alteração curricular das escolas e propostas mais inclusivas em todos os níveis de escolaridade. 17/205 • Discutir a diversidade em sala de aula pode fazer com que nossas crianças se tornem cidadãos mais generosos e menos preconceituosos, afinal, é função da escola a construção da cidadania. Considerações Finais (2/2) Unidade 1 • Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de Formação do Cidadão 18/205 Referências CANDAU, Vera Maria. Direitos humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 13, nº37, Janeiro/Abril, 2008. Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação – ANPEd. ISSN: 1413- 2478. Editora Autores Associados. CANIVEZ, Patrice. Educar o cidadão?. Campinas: Papirus, 1991. FORQUIN, Jean-Claude. O currículo: entre o relativismo e o universalismo. Revista Educação e Sociedade, Campinas, v. 21, n. 73, p.47-70, dez. 2000. SANSONE, Livio. Apresentação: que multiculturalismo se quer para o Brasil?. Cienc. Cult., São Paulo, v. 59, n. 2, junho 2007. Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252007000200013&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 28 maio 2016. UNESCO. Declaração de Salamanca. 1994. 48 p. http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252007000200013&lng=en&nrm=isohttp://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252007000200013&lng=en&nrm=iso 19/205 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Conceitos de Educação Multicul- tural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de Formação do Cidadão - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/642b278677419a8d2905a91e32adc164>. Aula 1 - Tema: Conceitos de Educação Multicultural, Intercultural e Inclusiva e sua Influência no Processo de Formação do Cidadão - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/200a94c968df5efabc3d18bd72dae4c4>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/642b278677419a8d2905a91e32adc164 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/642b278677419a8d2905a91e32adc164 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/642b278677419a8d2905a91e32adc164 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/200a94c968df5efabc3d18bd72dae4c4 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/200a94c968df5efabc3d18bd72dae4c4 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/200a94c968df5efabc3d18bd72dae4c4 20/205 1. O grande marco da Educação Inclusiva é a publicação de um documento denominado Declaração de Salamanca (1994), que traz, dentre os seus princípios, a prerrogativa de que: a) As crianças, dependendo da característica que possuem, devem estudar separadas. b) As crianças que estudam nas classes comuns devem se adaptar ao sistema, sem modificá-lo. c) Todas as crianças, independente de suas características, devem aprender juntas. d) A escola deve ser em três níveis, sendo escola especial, classe especial e classe comum. e) As crianças com deficiência não têm capacidade para estudar junto às crianças sem deficiência. Questão 1 21/205 2. Dentro da perspectiva da Educação Especial, as crianças, durante o período de integração, poderiam ir para as classes especiais. Isso ocorria, porque: a) Tinham direito ao mesmo sistema de ensino. b) Precisavam ficar em ambientes protegidos. c) Tinham as mesmas capacidades intelectuais. d) Eram segregadas em escolas especiais. e) Não tinham direito à educação. Questão 2 22/205 3. As questões do multiculturalismo começam a ser discutidas na década de 70, mas ganham força após os anos 2000. A lei 10639/2003 foi uma das propulsoras deste debate, e garante: a) Matrícula para as crianças afrodescendentes brasileiras. b) Inclusão de professores afrodescendentes nas escolas. c) Inclusão no currículo da história e cultura afro-brasileira. d) Criação de cotas para negros nas escolas públicas. e) Criação de cotas para negros nas Universidades. Questão 3 23/205 4. Estudos demonstram que debater a diversidade em sala de aula pode ser benéfico para a formação das crianças. Isso ocorre, pois: a) Elas não têm preconceitos estabelecidos culturalmente. b) Elas não compreendem o que é preconceito e diferença. c) A escola não tem como função a formação para a cidadania. d) Elas podem ressignificar e rever preconceitos culturais. e) As crianças são passivas e aceitam tudo o que lhes é trazido. Questão 4 24/205 5. O multiculturalismo pode ser entendido como: a) Várias culturas que convivem em harmonia. b) Várias culturas sendo uma superior a outra. c) Uma única cultura dominante a ser ensinada. d) Interação entre as culturas diferentes. e) Sinônimo de inteculturalidade. Questão 5 25/205 Gabarito 1. Resposta: C. A Declaração de Salamanca propõe que todas as crianças, independente de suas características, estudem em um único sistema de ensino. 2. Resposta: B. No período de integração, acreditava-se que as crianças com deficiência deviam ser inseridas na sociedade, porém em ambiente protegido. 3. Resposta: C. A Lei 10639/2003 propõe que a disciplina História e Cultura Afro-brasileira seja inserida nos currículos. 4. Resposta: D. A partir de debates sobre a diversidade, a criança pode ressignificar seus conceitos e tornar-se um cidadão melhor. 5. Resposta: A. Multiculturalismo refere-se a diferentes culturas que podem conviver em harmonia. 26/205 Unidade 2 Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva Objetivos Compreender as políticas públicas e os fundamentos da educação inclusiva. 1. Conhecer a legislação pertinente; 2. Compreender os princípios da Declaração de Salamanca; 3. Conhecer os fundamentos da prática inclusiva na escola. Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva27/205 Introdução Olá, aluno, Este novo tema tratará de questões importantes em relação à educação inclusiva, como seus fundamentos e princípios. Partiremos da Declaração de Salamanca, que é considerada o marco inicial da Educação Inclusiva em todo o mundo. Vamos, então, entender como foi feita a construção desse documento e as suas implicações para a educação mundial. A Conferência Mundial de Educação, que deu origem ao documento intitulado Declaração de Salamanca, aconteceu do dia 7 ao dia 10 de junho de 1994, na cidade de Salamanca, Espanha. Participaram representantes de 88 governos e 25 organizações internacionais, que reafirmaram o compromisso Educação Para Todos e reconheceram a necessidade de uma educação que atenda a crianças, jovens e adultos com deficiências dentro do sistema regular de ensino (UNESCO, 1994). Dentre os seus princípios e fundamentos, a Declaração de Salamanca defende que todas as crianças têm direito à educação, com oportunidades para alcançar o nível de aprendizagem adequado, e que os sistemas educacionais devem levar em conta a diversidade e as características individuais. Além disso, a Pedagogia deve ser centrada na criança, atender às suas necessidades, combater as atitudes discriminatórias e prover um sistema educacional eficaz. Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva28/205 Para que essas mudanças no sistema educacional ocorram, também a Declaração de Salamanca congrega e demanda algumas atitudes dos governos, no sentido de atribuir prioridade política e financeira para que a escola se torne apta a incluir todas as crianças, independente de suas diferenças ou dificuldades. Vejamos, a seguir, alguns trechos determinantes da Declaração de Salamanca: Acreditamos e Proclamamos que: Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem; Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas; Sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades; Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva29/205 Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades; Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando- se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêm uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional. (UNESCO, 1994 p.1) Como já dito anteriormente, a Declaração de Salamanca, enquanto documento, não tem peso de lei. Assim, os países signatários precisam, para responder ao compromisso feito, criar leis que favoreçam a inclusão. Logo: Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva30/205 Nós congregamos todos os governos e demandamosque eles: Atribuam a mais alta prioridade política e financeira ao aprimoramento de seus sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluírem todas as crianças, independentemente de suas diferenças ou dificuldades individuais. Adotem o princípio de educação inclusiva em forma de lei ou de política, matriculando todas as crianças em escolas regulares, a menos que existam fortes razões para agir de outra forma. Desenvolvam projetos de demonstração e encorajem intercâmbios em países que possuam experiências de escolarização inclusiva. Estabeleçam mecanismos participatórios e descentralizados para planejamento, revisão e avaliação de provisão educacional para crianças e adultos com necessidades educacionais especiais. Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva31/205 Encorajem e facilitem a participação de pais, comunidades e organizações de pessoas portadoras de deficiências nos processos de planejamento e tomada de decisão concernentes à provisão de serviços para necessidades educacionais especiais. Invistam maiores esforços em estratégias de identificação e intervenção precoces, bem como nos aspectos vocacionais da educação inclusiva. Garantam que, no contexto de uma mudança sistêmica, programas de treinamento de professores, tanto em serviço como durante a formação, incluam a provisão de educação especial dentro das escolas inclusivas. (UNESCO, 1994, p. 2) Para saber mais Para acessar a Declaração de Salamanca na íntegra, acesse o link disponível em: <http://portal.mec. gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso em: 04 jun. 2016. http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf%3e. Acesso em: 04 jun. 2016 http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf%3e. Acesso em: 04 jun. 2016 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva32/205 1. Legislação Brasileira De acordo com o compromisso assumido pelo Brasil na Declaração de Salamanca, várias leis foram criadas no nosso país com o intuito de viabilizar a educação inclusiva. É determinado também, por parte do Governo Federal, o aporte financeiro necessário para que as escolas se tornem inclusivas. Vamos observar, a seguir, nossas principais leis e, para isso, voltaremos um pouco no tempo: Em 1961, na Lei de Diretrizes e Bases, é apontado o direito dos excepcionais à educação, preferencialmente no sistema regular de ensino. Estamos vivendo a época da integração escolar, e classes especiais vêm sendo criadas dentro das escolas comuns. Em 1973, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) cria o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), que passa a ser responsável pela gerência da Educação Especial no Brasil. Nessa época, ainda há a visão de uma política especial para tratar dos alunos com deficiência. Um grande avanço vem com a Constituição Federal de 1988, que determina, em seu artigo 206, a igualdade de condições de acesso e permanência na escola, além da oferta do atendimento educacional especializado (artigo 208). Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva33/205 O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), lei 8069/90, em seu artigo 55, determina que é responsabilidade dos pais ou responsáveis matricular seus filhos na rede regular de ensino. Com a nova LDB, lei 9394/96, em seu artigo 59: Preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências; e assegura a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do programa escolar (BRASIL, 1996) Em 1999, o decreto 3298 que regulamenta a lei 7853/89 define a educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando sua atuação complementar ao ensino regular. Seguindo nossa linha do tempo, em 2001, o decreto 3956 ratifica a Convenção de Guatemala (1999), Convenção Interamericana para a eliminação de toda forma de discriminação contra a pessoa com deficiência. Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva34/205 Ainda em 2001, o Plano Nacional de Educação (PNE) destaca que “o grande avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana” (BRASIL, 2001). Em 2002, após uma grande luta da comunidade surda e através da Lei 10436/2002, conhecida como Lei de LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais é finalmente reconhecida como língua nacional, e também garantido seu ensino como disciplina obrigatória em todos os cursos de licenciatura e de fonoaudiologia. (BRASIL, 2002) Como podemos ver, muitas coisas em termos de legislação foram acontecendo em nosso país para assegurar que as pessoas com deficiência tivessem seus direitos garantidos, não só à educação, mas também à uma sociedade inclusiva. Mas, ainda não acabou... Em 2003, é implantado pelo MEC o Programa Educação Inclusiva: Direito à diversidade, com vistas a apoiar a transformação dos sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos, promovendo um amplo processo de formação de gestores e educadores nos municípios brasileiros para a garantia do direito de acesso de todos à escolarização, à oferta do atendimento educacional especializado e à garantia da acessibilidade. (BRASIL, 2003) Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva35/205 Em 2006, há outra reunião internacional, a Convenção sobre o Direito das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006), e o Brasil, como signatário, novamente assume compromissos com a Educação Inclusiva. Essa convenção estabelece que os países devam assegurar um sistema de educação inclusiva em todos os níveis de ensino, adotando medidas para garantir acesso ao “ensino inclusivo, de qualidade e gratuito, em igualdade de condições com as demais pessoas na comunidade em que vivem” (Art.24). Chegamos, então, a 2008, quando temos a publicação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que veremos a seguir, em um tópico especial, devido à sua importância para a atuação da escola. Finalizando este tópico, em 2015 tivemos a publicação do Estatuto da Pessoa com Deficiência, promulgado a partir da lei 13146/2015. Esse Estatuto, também conhecido como Lei Brasileira da Inclusão das Pessoas com Deficiência, é um documento que reúne a legislação já existente em relação a essas pessoas, facilitando, assim, o acesso de todos que precisam (ou desejam) conhecer direitos e deveres. Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva36/205 2. Política Nacional de Educa- ção Especial na perspectiva da Educação Inclusiva A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva é um documento elaborado por um Grupo de Trabalho nomeado pela portaria nº 555/2007, prorrogado pela portaria nº 948/2007, e formado por uma equipe da Secretaria de Educação Especial e por professores de Universidades que atuavam nessa área. O objetivo de tal documento foi o de constituir políticas públicas promotoras de uma educação de qualidade para todos os alunos, e hoje é o que valida a atuação das escolas no nosso país, além disso, objetiva: Para saber mais Assista ao vídeo sobre Educação inclusiva com a promotora de justiça do Rio Grande do Norte Rebecca Monte Nunes Bezerra. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=aIC7HgmaZrw>. Acesso em: 04 jun. 2016. Acesse, também, o Estatuto da pessoa com deficiência na íntegra. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>. Acesso em: 04 jun. 2016. https://www.youtube.com/watch?v=aIC7HgmaZrw https://www.youtube.com/watch?v=aIC7HgmaZrw http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htmUnidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva37/205 O acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades educacionais. (BRASIL, 2008) Além disso, essa política determina algumas garantias, tais como: a transversalidade da Educação Especial, que deixa de ser um lugar e passa a ser um serviço; o Atendimento Educacional Especializado (AEE), que é garantido no contraturno da escola em sala de recurso multifuncional ou no ensino colaborativo; formação de professores para a educação inclusiva; participação da família e da comunidade; acessibilidade física, de comunicação e de informação e articulação intersetorial. Outros aspectos de destaque estão relacionados à articulação da educação especial com o ensino regular, serviços que devem estar integrados à proposta pedagógica da escola e à orientação para a organização de redes de apoio, a formação continuada, a identificação de recursos e serviços, e o desenvolvimento de práticas colaborativas. Falaremos agora um pouco sobre um dos pontos principais dessa política: o Atendimento Educacional Especializado (AEE). Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva38/205 O AEE tem como função “identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas”. (BRASIL, 2008). Visto que esse serviço é destinado a alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e a alunos com altas habilidades/superdotação, veremos abaixo as definições conforme a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Entende-se por alunos com deficiência aqueles que têm impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental ou sensorial que, em interação com diversas barreiras, podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade. Os alunos com Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) são aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações recíprocas e na comunicação, incluindo, neste grupo, alunos com autismo, síndromes do espectro autista e psicose infantil. (BRASIL, 2008). Já os alunos com altas habilidades/ superdotação são aqueles que demonstram potencial elevado em áreas isoladas ou combinadas, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse (BRASIL, 2008). Como vimos acima, o AEE pode ser oferecido de duas maneiras: em sala Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva39/205 de recurso multifuncional e em ensino colaborativo. Vamos entender como essas formas de atendimento podem ocorrer. A sala de recursos multifuncionais é ofertada no turno oposto ao do ensino regular e constitui-se de um espaço dentro da própria escola, dotado de equipamentos, recursos de acessibilidade e materiais pedagógicos que auxiliam na promoção da escolarização, eliminando barreiras que impedem a plena participação dos estudantes público-alvo da educação especial no ensino regular. (BRASIL, 2008) O trabalho colaborativo, por sua vez, é um modelo de prestação de serviço através do qual um educador da sala comum e um educador especializado dividem a responsabilidade de planejar, instruir e avaliar um grupo heterogêneo de estudantes com objetivo de criar opções para aprender e prover apoio a todos os alunos na sala de aula da turma comum, combinando as habilidades do professor comum e do professor especialista (MENDES, 2005). Para que esse trabalho ocorra, é fundamental que se estabeleça uma parceria entre os educadores, que se transformará em uma importante estratégia para o planejamento, avaliação e organização de recursos de ensino para os alunos com deficiência. Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva40/205 Dentre as diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, podemos ainda citar que a inclusão deve ter início na Educação Infantil, por ser nesse espaço escolar que se Para saber mais desenvolve as bases para o conhecimento e desenvolvimento do aluno. No caso dos alunos surdos, a proposta é de uma educação não apenas inclusiva, mas bilíngue, sendo para esses alunos a língua portuguesa ensinada como segunda língua. Ter, ainda, o direito ao profissional intérprete de LIBRAS e instrutor de LIBRAS, assim, todos os alunos poderão aprender essa língua. Ainda é garantido para os alunos, sempre que necessário, o guia-intérprete, monitor ou cuidador aos alunos que necessitam de auxílio para os momentos de higiene, alimentação, locomoção, entre outros que interferem na realização das atividades do cotidiano escolar. Para conhecer, na prática, o ensino colaborativo, leia o projeto SOS Inclusão, que desenvolveu e analisou os resultados deste trabalho, que foi realizado em uma rede municipal de ensino. Disponível em: <http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0104-40602011000300006>. Acesso em: 04 jun. 2016. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40602011000300006 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40602011000300006 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40602011000300006 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva41/205 Para saber mais Acesse o portal do MEC e conheça a proposta de AEE para cada tipo de deficiência. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/publicacoes- sp-1590367771?id=12814>. Acesso em: 04 jun. 2016. Conheça, também, a Política na íntegra. Disponível em: <http://portal.mec. gov.br/index.php?option=com_ docman&view=download&alias=16690- politica-nacional-de-educacao-especial- na-perspectiva-da-educacao-inclusiva- 05122014&Itemid=30192>. Acesso em: 04 jun. 2016. http://portal.mec.gov.br/publicacoes-sp-1590367771?id=12814 http://portal.mec.gov.br/publicacoes-sp-1590367771?id=12814 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva42/205 Glossário Convenção: Acordo a partir de entendimentos prévios sobre determinada atividade, assunto, entre outros. Estatuto: Conjunto de leis que regulam a organização e o funcionamento da coletividade. Signatário: País que assina um documento internacional e assume o compromisso de realizar o que nele está proposto. Questão reflexão ? para 43/205 Imaginando-se gestor de uma escola que se propõe inclusiva e tem alunos com deficiência em seu corpo discente, reflita sobre a implementação de um projeto de ensino colaborativo que favoreça o aprendizado de todos. 44/205 Considerações Finais (1/2) • A Declaração de Salamanca defende que todas as crianças têm direito à educação, com direito de oportunidadespara alcançar o nível de aprendizagem adequado, e que os sistemas educacionais devem levar em conta a diversidade e as características individuais. • De acordo com o compromisso assumido pelo Brasil na Declaração de Salamanca, várias leis foram criadas no nosso país com o intuito de viabilizar a educação inclusiva. Muitas coisas em termos de legislação foram acontecendo em nosso país, no sentido de assegurar que as pessoas com deficiência tivessem direitos garantidos, não só à educação, mas também, à uma sociedade inclusiva. • Em 2015, tivemos a publicação do Estatuto da Pessoa com Deficiência, promulgado a partir da lei 13146/2015. Este Estatuto, também conhecido como Lei Brasileira da Inclusão das Pessoas com 45/205 Deficiência, é um documento que reúne a legislação já existente em relação a essas pessoas, facilitando, assim, o acesso de todos que precisam (ou desejam) conhecer direitos e deveres. • A Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva, determina algumas garantias, tais como: a transversalidade da Educação Especial, que deixa de ser um lugar, e passa a ser um serviço; o Atendimento Educacional Especializado (AEE), que é garantido no contraturno da escola em sala de recurso multifuncional ou no ensino colaborativo; formação de professores para a educação inclusiva; participação da família e da comunidade; acessibilidade física, de comunicação e de informação e articulação intersetorial. Considerações Finais (2/2) Unidade 2 • Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva46/205 Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988. BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases. Lei nº 9394/1996. Brasília, DF, 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. Brasília, DF, 2001. BRASIL. Lei de LIBRAS. Lei nº 10436/2001. Brasília, DF, 2002. BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF, 2008. BRASIL. Estatuto da Pessoa com Deficiência. Lei nº 13.146/2005. Brasília, DF, 2015. MENDES, E. G. Colaboração entre ensino regular especial: o caminho do desenvolvimento pessoal para a inclusão escolar. In: MANZINI (org.). Inclusão e acessibilidade. Marília: ABPEE, 2006. ONU. Convenção sobre o direito das pessoas com deficiência. 2006. UNESCO. Declaração de Salamanca. 1994. 48 p. 47/205 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ ff8de26c119886fded551b504b917f54>. Aula 2 - Tema: Políticas e Fundamentos da Educação Inclusiva - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 70873d2ebc3cdbf20b81af00f8ece08e>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ff8de26c119886fded551b504b917f54 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ff8de26c119886fded551b504b917f54 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ff8de26c119886fded551b504b917f54 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/70873d2ebc3cdbf20b81af00f8ece08e http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/70873d2ebc3cdbf20b81af00f8ece08e http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/70873d2ebc3cdbf20b81af00f8ece08e 48/205 1. A Declaração de Salamanca é um documento importante quando falamos de Educação Inclusiva. Dentre seus fundamentos, estabelece que: a) Os países signatários não têm compromissos financeiros para com a educação inclusiva nacional. b) Os países signatários comprometem-se a priorizar recursos financeiros para promoção da inclusão. c) Os países signatários são livres para realizar ou não o processo de inclusão no seu país de origem. d) A Declaração de Salamanca, realizada na Espanha, refere-se apenas aos compromissos deste país. e) Por ter sido realizada na Espanha, apenas os países europeus se comprometem com este documento. Questão 1 49/205 2. Ao olharmos historicamente para o processo de promulgação de leis no nosso país, percebemos o quanto progredimos em relação aos direitos das pessoas com deficiência. Nessa perspectiva, a lei instituída que reúne estes direitos é: Questão 2 a) Lei de Diretrizes e Bases (1996). b) Constituição Federal (1988). c) Estatuo da Pessoa com Deficiência (2015). d) Declaração de Salamanca (1994). e) Lei de LIBRAS (2002). 50/205 3. A Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), trata sobre o Atendimento Educacional Especializado, que pode ocorrer: Questão 3 a) Em salas multifuncionais no mesmo horário da escola. b) Em salas de recursos em substituição à escolarização. c) Em ensino colaborativo que substitui a escolarização. d) Em salas de multifuncionais no contraturno da escola. e) Não devem ocorrer na escola, mas, sim, na família. 51/205 4. Em relação ao atendimento das necessidades dos alunos com deficiência, a Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), determina: Questão 4 a) É dever da família manter o cuidador ou outro auxiliar que a criança necessite na escola. b) No caso de necessidade de auxílio, a mãe deve ficar na escola para alimentação e higiene. c) É responsabilidade do professor realizar a troca de roupa e auxiliar na alimentação da criança. d) A criança que não tem independência na higiene e na alimentação não deve frequentar a escola. e) É dever da escola manter os profissionais que atendam às necessidade de auxílio da criança. 52/205 5. De acordo com a Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), o ensino colaborativo ocorre a partir de: Questão 5 a) Parceria entre professor da sala comum e professor especialista. b) Parceria entre professor da sala comum e coordenação da escola. c) Atribuição da sala regular com aluno com deficiência para professor especialista. d) Parceria entre professor da sala comum e família da criança com deficiência. e) Colaboração dos alunos sem deficiência com o colega com deficiência na sala. 53/205 Gabarito 1. Resposta: B. Os países signatários da Declaração de Salamanca assumem o compromisso de priorizar recursos financeiros para que a educação inclusiva aconteça. 2. Resposta: C. A legislação que reúne os direitos das pessoas com deficiência é o Estatuto da Pessoa com Deficiência. 3. Resposta: D. O AEE prevê salas multifuncionais no contraturno da escola. 4. Resposta: E. É dever da escola ter os profissionais necessários para auxiliar os alunos que necessitam de ajuda na alimentação, higiene, locomoção, entre outros. 5. Resposta: A. O ensino colaborativo pressupõe a parceria entre o professor da sala comum e o professor especialista. 54/205 Unidade 3 Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos Objetivos Olá, aluno. Nesta aula, trataremos de um assunto muito importante para os gestores das escolas, falaremos sobre multiculturalismo e, ainda, sobre a importância da participação da família e da comunidade nas discussões que envolvem os temas raça, gênero, etnia e desenvolvimento dos sujeitos. 1. Compreender o conceito de multiculturalismo; 2. Discutir a importância da família e da comunidade estarem juntas à escola; 3. Conceituar a gestão democrática, que prevê a participação de todos nas tomadas de decisões. Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos 55/205 Introdução Vamos começar a nossa conversa tratando de alguns conceitos importantes, como o de multiculturalismo e de interculturalidade. Afinal,será que significam a mesma coisa? Como já vimos, o conceito de multiculturalismo se relaciona com a ideia de que existe uma pluralidade cultural, ou seja, fazemos parte de diversas culturas, e este universo cultural também está dentro das escolas. Além disso, partimos da premissa de que essas diferentes culturas, que enriquecem o cotidiano da escola, podem conviver harmonicamente. Antigamente, embora percebêssemos as diferenças culturais dentro das escolas, acreditávamos que a cultura dominante deveria ser imposta às crianças, devendo, assim, “enquadrá-las” sob um mesmo padrão cultural. Segundo Souta (1997), na perspectiva do multiculturalismo, as diferentes culturas não são apenas constatadas pela escola, mas também incluídas e valorizadas nas práticas pedagógicas e no currículo de maneira geral. Aí está então a grande diferença. Se apenas constatamos a diversidade cultural, não estamos alinhados com as ideias do multiculturalismo. Quando as valorizamos, e mais do que isso, as incluímos nas nossas práticas pedagógicas, aí sim vivemos de fato o que é multicultural. Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos 56/205 Peres (2000, p. 28) coloca em pauta uma discussão muito importante. Levanta que enquanto debatemos questões tão importantes, como a “educação para os valores, para os direitos humanos e igualdade de oportunidades, tolerância e convivência, para a paz, educação inter/multicultural, educação ambiental, educação antirracista”, o que vemos no nosso cotidiano é a intolerância, os preconceitos, os estereótipos, o racismo, na escola e na sociedade. Em pesquisa realizada por Cruz (2012), já discutida em temas anteriores, a autora constatou que crianças de 7, 8 anos de idade reproduzem discursos de discriminação de raça, religião, gênero, etnia e geração, demonstrando que estão imersas em preconceitos culturais. Para saber mais Se ainda não conheceu a pesquisa realizada por Cruz, que trata de questões relacionadas ao brincar e à diversidade, acesse o link disponível em: <http://www.cadernosdapedagogia. ufscar.br/index.php/cp/article/ viewFile/376/176>. Acesso em: 05 jun. 2016. Silva (2007) traz uma importante reflexão em relação às questões de multiculturalismo, quando diz que se trata de uma questão ambígua: http://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/viewFile/376/176 http://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/viewFile/376/176 http://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/viewFile/376/176 Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos 57/205 Por um lado, o multiculturalismo é um movimento legítimo de reivindicação dos grupos culturais dominados no interior daqueles países para terem suas formas culturais reconhecidas e representadas na cultura nacional. O multiculturalismo pode ser visto, entretanto, também como uma solução para os “problemas” que a presença de grupos raciais e étnicos coloca, no interior daqueles países para a cultura dominante. De uma forma ou de outra, o multiculturalismo não pode ser separado das relações de poder que, antes de mais nada, obrigam essas diferentes culturas raciais, étnicas e nacionais a viverem no mesmo espaço. (SILVA, 2007 p. 85) Tendo mais claro as ideias em relação ao multiculturalismo, vamos falar agora um pouco sobre a interculturalidade. Será que são a mesma coisa? Para Candau (2011), a interculturalidade, ou ainda o que a autora chama de multiculturalismo aberto e interativo, seria mais adequado para as sociedades, pois articula as políticas de igualdade com as de identidade. Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos 58/205 Na visão intercultural, as culturas estão em contínuo processo de construção e reconstrução, o que as supões nem puras, nem estáticas. (CANDAU, 2011). Fleuri (2001) aponta a necessidade da escola enfrentar o desafio da interculturalidade, mudando o foco da prática pedagógica na transmissão de uma cultura hegemônica e coesa. Para o autor, a escola tem que pensar na diversidade de culturas, que é a base da formação dos seus alunos, legitimando cada uma delas. Tal deslocamento de perspectiva legitima as culturas de origem de cada indivíduo e coloca em cheque a coesão da cultura hegemônica. E este fato traz consequências para a elaboração dos métodos e das técnicas da ação pedagógica e de transmissão da cultura oficial. (FLEURI, 2001, p. 5) A visão da interculturalidade traz em seu bojo a ideia de que há interação entre as diversas culturas existentes. É nessa interação cultural que há o favorecimento e o enriquecimento mútuo. Promover o diálogo entre as culturas, compreender a riqueza das relações e aprender a viver e conviver num mundo que é plural estão entre os objetivos de uma educação que se diz intercultural. Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos 59/205 1. Gestão Democrática: Participação de Todos os Envolvidos na Escola Para falarmos da participação da família e da comunidade na escola, vamos compreender primeiro o conceito de gestão democrática. A gestão escolar apresenta particularidades inerentes à sua natureza educativa. Neste sentido, um dos principais elementos da gestão escolar é o planejamento, pois é a partir deste que conheceremos a realidade da escola e do processo educacional. A organização também é fator preponderante para a eficiência da escola, neste aspecto deve-se pensar de que maneira a estrutura da instituição será composta. Para finalizar os elementos principais, o acompanhamento da execução dos trabalhos por parte da gestão escolar determinará também a qualidade dos processos educativos. A gestão democrática da escola, prevista em nossa legislação (LDB/1996, Constituição Federal / 1988), determina que haja participação de todos os envolvidos na escola nas tomadas de decisões, ou seja, pais, professores, alunos, comunidade e gestores decidem juntos os caminhos que a escola irá tomar. Ainda que haja legislação específica que trate da democratização da gestão escolar, devemos ter claro que a mudança na forma de gerir a escola implica em Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos 60/205 muito mais do que a existência de leis. Tornar a escola democrática implica em repensar sua organização e sua gestão e, para isso, é importante rever posturas, como a escolha do diretor da escola e a necessidade de articulação e consolidação de outros mecanismos de participação efetiva de todos que compõem a escola (BRASIL, 2006). Dentre os aspectos primordiais para tornarmos a escola democrática, o ponto de partida deve ser a construção coletiva do projeto político pedagógico da escola, instrumento que define a identidade da escola, indicando formas para se alcançar a educação de qualidade, portanto, de enorme importância para todo o processo educativo. (LIBÂNEO, 2004). A democratização da escola passa, ainda, pela consolidação de mecanismos de participação de todos os envolvidos no processo escolar, mecanismos tais como conselhos escolares, grêmios estudantis, associação de pais e mestres, entre outros. “A cultura e a lógica da escola só se democratizarão se todos que vivenciam seu cotidiano contribuírem para esse processo de mudança” (BRASIL, 2006). Partindo desta afirmação, faz-se necessário refletirmos sobre a importância da participação de todos, caso contrário, a gestão democrática não se efetiva. Devemos entender também que a construção de uma escola democráticaé um processo que inclui lutas políticas e pedagógicas, e que deve envolver pais, Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos 61/205 funcionários, estudantes, professores, equipe gestora e comunidade local. Como já vimos, para que a democratização da escola aconteça, é necessário que as tomadas de decisão sejam partilhadas e coletivas. Para isso, segundo Brasil (2006), a escola precisa efetivar diversos mecanismos de participação: • Mudança no processo de escolha do diretor da escola; • Criação e consolidação de órgãos colegiados, conselhos escolares e conselhos de classe; • Fortalecimento da participação estudantil a partir dos grêmios estudantis; • Construção coletiva do projeto político pedagógico; • Redefinição das tarefas das Associações de Pais e Mestres (APM), partilhando o poder e a decisão nas instituições. O principal aspecto a ser modificado para a escola democrática que queremos é a descentralização do poder e o exercício da cidadania. É preciso que a instituição supere os processos de centralização de decisão, permitir que as decisões nasçam das discussões que envolvem os diversos segmentos da escola. Devemos, ainda, ter claro que a descentralização do poder e a tomada coletiva de decisões não é um processo fácil, mas, sim, complexo, que envolve Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos 62/205 diferentes possibilidades organizativas. Além disso, a participação é um processo permanente, que deve ser construído a cada dia, coletivamente. É um processo que em muitos casos precisa ser aprendido, ou ainda reinventado. Entendendo então a escola democrática como aquela em que todos participam, fica clara a importância de trazer a família para este espaço, a partir de órgãos colegiados que preveem a participação de todos nas discussões e decisões. 2. Participação da Família e da Comunidade na Escola Segundo Carvalho (2004), as relações entre escola e família partem de pressupostos básicos, relacionados ao compartilhamento do trabalho de educação, e envolvem expectativas recíprocas. Porém, ao convocar os pais a participarem da escola, muitas vezes são desconsideradas as relações de classe, gênero, idade; a diversidade dos arranjos familiares e as desvantagens que as famílias possuem, tanto do ponto de vista material como do ponto de vista cultural (CARVALHO, 2004). Por muito tempo, considerou-se que a participação das famílias na escola deveria Para saber mais Para saber mais sobre gestão escolar, acesse o link disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ seb/arquivos/pdf/profunc/06_gest_edu_ esc.pdf%3E>. Acesso em: 05 jun. 2016. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/06_gest_edu_esc.pdf%3E http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/06_gest_edu_esc.pdf%3E http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/06_gest_edu_esc.pdf%3E Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos 63/205 restringir-se à presença dos pais nas reuniões bimestrais, entre pais e mestres, e que esta deveria ser a obrigação natural dos pais, aliás, das mães, que geralmente são quem se fazem presentes. Em uma perspectiva democrática de escola, apenas ir às reuniões já não é o suficiente. A relação que a escola estabelece com a comunidade influencia positiva ou negativamente a prática cotidiana da administração. É a escola que lida direta ou indiretamente com a comunidade em seu entorno, com suas mazelas e dificuldades, bem como é por ela influenciada, a partir do instante que tem no seu centro de atenção pedagógica as crianças e os adolescentes que ali vivem. Almeida e Medeiros (2010) destacam que os professores, quando em condições satisfatórias de ensino e os estudantes aprendem, não veem necessidade de procurar os pais. No momento em que as dificuldades aparecem, a família passa a ser culpabilizada. Os professores culpam a família, enquanto que estes culpam os professores pelo fracasso escolar. No final, a fragilidade dessa parceria é que precisa a ser discutida e repensada. Mas, de que maneira a família e a escola podem de fato tornar-se parceiras, visto que possuem objetivos em comum? O primeiro passo para que escola e família trabalhem juntas é a disposição da escola Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos 64/205 em acolher as famílias, demonstrar que a ação escolar deve expressar também os anseios de toda a comunidade. É necessário que família e escola concordem em relação aos conteúdos, aos métodos e à qualidade de ensino que desejam. Deve haver um consenso entre o que cada um dos lados espera. A relação família/escola basicamente depende de consenso sobre filosofia e currículo (adesão dos pais ao projeto político-pedagógico da escola), e de coincidência entre, de um lado, concepções e possibilidades educacionais da família e, de outro, objetivos e práticas escolares. A relação família/escola também será variavelmente afetada pela satisfação ou insatisfação de professores e de pais, e pelo sucesso ou fracasso do estudante. (ALMEIDA e MEDEIROS, 2010, p. 8) Para que este consenso exista, a gestão democrática e participativa propõe alternativas que auxiliam na busca de soluções para os problemas relacionados ao cotidiano escolar, pois esta prática coletiva dará aos pais a possibilidade de participar e questionar decisões que levem à Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos 65/205 melhorias estruturais e da função social da escola. A gestão democrática, porém, ainda é vista como um grande desafio por parte dos profissionais da escola. É preciso que se estabeleça uma cultura de participação, e que a presença dos pais e da comunidade na escola seja estimulada e valorizada. Assim, diante das possibilidades que se abrem em uma escola de fato democrática e participativa, as discussões de gênero, raça, etnias, e de maneira geral sobre o desenvolvimento dos sujeitos que ali frequentam, e encontram-se em formação, ganham vida. Trazer a comunidade para a escola, e juntamente com ela apreender, vivenciar sua cultura, será enriquecedor para todas as discussões propostas, mas, principalmente, para aquelas que discutem o multiculturalismo. Outro aspecto fundamental da nossa discussão diz respeito à necessidade dos profissionais da escola, principalmente aqueles que vêm de outras áreas da cidade, conhecerem a comunidade que está em seu entorno. Assim, para finalizarmos este tema, podemos dizer que a participação dos pais na escola pressupõe que neste ambiente se possa ouvir e expressar opiniões a partir de uma ação coletivamente construída, que envolve todo o processo de ensino- aprendizagem. Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos 66/205 Glossário Gênero: O que identifica e diferencia homens e mulheres. Características que englobam uma determinada classe. Etnia: Grupo que é culturalmente homogêneo, possui uma especificidade sociocultural. Raça: Divisão arbitrária dos grupos humanos, conjunto de características físicas hereditárias, como: cor da pele, tipo de cabelo, entre outras. Questão reflexão ? para 67/205 Pensando nas questões que envolvem o multiculturalismo, bem como as discussões de raça, gênero, etnia, de que maneira você acredita que a escola pode trazer a família para participar das suas discussões, em uma perspectiva de gestão democrática? 68/205 Considerações Finais (1/2) • O conceitode multiculturalismo se relaciona com a ideia de que existe uma pluralidade cultural, ou seja, fazemos parte de diversas culturas, e este universo cultural também está dentro das escolas. Interculturalidade traz em seu bojo a ideia de que há interação entre as diversas culturas existentes. É nesta interação cultural que há o favorecimento e o enriquecimento mútuo. • A democratização da escola passa, ainda, pela consolidação de mecanismos de participação de todos os envolvidos no processo escolar, mecanismos tais como conselhos escolares, grêmios estudantis, associação de pais e mestres, entre outros. • Ao convocar os pais a participarem da escola, muitas vezes são desconsideradas as relações de classe, gênero, idade; a diversidade dos arranjos familiares e as desvantagens que estas famílias possuem, tanto do ponto de vista material como do ponto de vista cultural. 69/205 • A gestão democrática e participativa propõe alternativas que auxiliam na busca de soluções para os problemas relacionados ao cotidiano escolar, pois essa prática coletiva dará aos pais a possibilidade de participar e questionar decisões que levem a melhorias estruturais e da função social da escola. Considerações Finais (2/2) Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos 70/205 Referências ALMEIDA, F.J. ; MEDEIROS, D.H. A família na gestão da escola: uma proposta de parceria para os problemas de aprendizagem. V Encontro de produção científica e tecnológica. 2010. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Gestão da educação escolar / Luiz Fernandes Dourado. Brasília: Universidade de Brasília, Centro de Educação a Distância, 2006. 88 p. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/06_gest_edu_ esc.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2016. CANDAU, M.V.F. Diferenças culturais, cotidiano escolar e práticas pedagógicas. Currículo sem Fronteiras, v.11, n.2, pp.240-255, Jul/Dez 2011 CARVALHO, M.E.P. Modos de educação, gênero e relações escola–família. Cadernos de Pesquisa, v. 34, n. 121, jan./abr. 2004. FLEURI, R. M. Desafios à educação intercultural no Brasil. Educação, Sociedade & Cultura, nº 16, 2001, 45-62. LIBÂNEO, J.C. Organização e Gestão da Escola: Teoria e Prática, 5. ed. Goiânia: Alternativa, 2004. PERES, A. N.. Educação Intercultural: Utopia ou Realidade? (Processos de 88 pensamento dos professores face à diversidade cultural: integração de minorias migrantes na escola). Porto: Profedições, 2000. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/06_gest_edu_esc.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/06_gest_edu_esc.pdf Unidade 3 • Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos 71/205 SILVA, Josias Benevides da. Um olhar histórico sobre a gestão escolar. Educação em Revista.v.8, n.1.Marília: 2007. Disponível em: <http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/ educacaoemrevista/article/viewFile/616/499>. Acesso em: 22 abr. 2016. http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/educacaoemrevista/article/viewFile/616/499 http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/educacaoemrevista/article/viewFile/616/499 72/205 Assista a suas aulas Aula 3 - Tema: Multiculturalismo e a Participa- ção da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 92cb6d90b848aedbc872b3253d795710>. Aula 3 - Tema: Multiculturalismo e a Participação da Família e da Comunidade nas Discussões de Raça, Gênero, Etnia e o Desenvolvimento dos Sujeitos - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ c8806ec72ae4ca598ff53d80131605a4>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/92cb6d90b848aedbc872b3253d795710 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/92cb6d90b848aedbc872b3253d795710 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/92cb6d90b848aedbc872b3253d795710 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/c8806ec72ae4ca598ff53d80131605a4 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/c8806ec72ae4ca598ff53d80131605a4 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/c8806ec72ae4ca598ff53d80131605a4 73/205 1. Em relação ao multiculturalismo e interculturalidade, e a maneira como as diferentes culturas devem ser vistas pelo universo escolar, podemos afirmar que: I. Perceber que há diferentes culturas na sala de aula é o suficiente para uma educação multicultural. II. Além de perceber, valorizar e incluir diferentes culturas no currículo é a proposta da educação multicultural. III. A interculturalidade prevê a interação entre as culturas, de maneira que ambas se enriqueçam. Estão corretas as afirmativas: a) I, II e III. b) I, II. c) II, III. d) I, III. e) Apenas I. Questão 1 74/205 2. Hoje falamos, e está garantido por lei, que a escola seja democrática, que todos os envolvidos possam fazer parte da tomada de decisões. Para isso, o primeiro passo é: a) Indicação política do diretor (gestor) da escola pública. b) Construção coletiva do Projeto político pedagógico. c) Centralização do poder na gestão escolar e direção. d) Participação apenas dos professores nas decisões. e) Participação apenas da comunidade nas decisões. Questão 2 75/205 3. A participação da família na escola ainda é um grande desafio para os educadores. Um dos fatores a ser considerado deve ser: a) É obrigação dos pais a participação na vida dos seus filhos, e os que não o fazem são irresponsáveis. b) Fatores de diferenças culturais, de classe, de gênero, além da diversidade e das desvantagens da família. c) Os pais devem estar presentes na escola apenas quando o filho estiver com problemas de aprendizagem. d) Os pais devem ser convocados à escola apenas quando o filho apresentar problemas de comportamento. e) É suficiente a presença dos pais nas reuniões bimestrais, de pais e mestres, que discute o rendimento. Questão 3 76/205 4. Para que as famílias participem efetivamente das questões relacionadas à escola de seus filhos, é importante que a escola: I. Esteja disposta a acolher as famílias, mostrar que possuem os mesmos anseios e objetivos. II. Deixe claro que a educação deve vir de casa, que a escola só irá passar conteúdos. III. Possua um consenso sobre filosofia e currículo, o que pode ser auxiliado pela gestão participativa. Estão corretas as afirmativas: a) I e III. b) I, II e III. c) I e II. d) Apenas II. e) II e III. Questão 4 77/205 5. Para que a gestão democrática ocorra, algumas atitudes por parte da gestão escolar devem ser tomadas. Dentre elas, podemos citar: a) Centralização do poder no diretor (gestor). b) Escolha do diretor por meios políticos. c) Desconsiderar a comunidade nas decisões. d) Reforçar as decisões tomadas pela direção. e) Consolidação dos mecanismos de participação. Questão 5 78/205 Gabarito 1. Resposta: C. O multiculturalismo refere-se não apenas a perceber, mas a valorizar e incluir as diversas culturas no currículo. A interculturalidade é a interação entre as mesmas, enriquecendo-as. 2. Resposta: B. O primeiro passo para a construção de uma escola democrática em sua gestão é a construção coletiva do Projeto político pedagógico. 3. Resposta: B. Fatores relacionados às diferenças culturais, de classe, de gênero, devem ser considerados ao buscar a participação da família na escola. 4. Resposta: A. A escola deve estar disposta a acolher as famílias, deve haver consenso entre as partes, o que será conseguido a partir da gestão participativa.5. Resposta: E. Para a efetivação da gestão democrática é necessária a consolidação dos mecanismos de participação. 79/205 Unidade 4 Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo Objetivos O objetivo deste tema é discutir de que maneira o gestor pode atuar nas questões relacionadas à adequação do currículo e dos espaços educativos no contexto de uma escola multicultural e inclusiva. 1. Compreender os conceitos de adequação curricular e seus níveis de responsabilidade; 2. Compreender a construção de uma escola inclusiva; 3. Compreender a construção de uma escola multicultural. Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo80/205 Introdução Olá, aluno. Neste tema, iremos trabalhar com alguns conceitos importantes, relacionados às questões de uma escola inclusiva e multicultural. Para a construção deste espaço, é necessário que algumas adaptações sejam realizadas, adaptações estas que envolvem o currículo, mas não apenas aquele de sala de aula. A adaptação curricular vai além, e envolve posturas e determinações não apenas da Gestão escolar local, como também de outros níveis de hierarquia, como as Secretarias de Educação, Diretorias de Ensino, e os governos de maneira geral, visto que algumas dessas mudanças envolvem aspectos estruturais da escola, enquanto que outras envolvem recursos financeiros. Vamos, então, iniciar pensando nos conceitos que envolvem o que é adaptação curricular. Para começar, pergunto: o que você acha que é adaptar? O que adaptamos no nosso dia a dia, ou por que fazemos adaptações, quase que diariamente? Segundo o dicionário Houaiss (2001), adaptar se refere a ajustar alguma coisa em outra, modificar algo para dotá-lo de novos objetivos, é a capacidade de sobreviver em novos ambientes. No nosso dia a dia adaptamos várias coisas: materiais, espaço, tempo, adaptamos Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo81/205 procedimentos e regras. Será que, então, podemos adaptar currículo? A terminologia adaptação curricular surge nos documentos brasileiros, oficialmente, a partir da Política Nacional de Educação Especial (1994), ano coincidente com a publicação do documento Declaração De Salamanca (1994), que é o marco inicial para as discussões em relação à educação inclusiva. Na Política Nacional de Educação Especial (1994), o termo adaptação curricular se refere às modificações necessárias para atender à diversidade da sala de aula e dos alunos. Adiantando nosso tempo e chegando em 2003, o Ministério da Educação e Cultura (MEC), através da Secretaria de Educação Especial do Estado de São Paulo (SEESP), propõe adaptações curriculares que visam promover a aprendizagem dos alunos com deficiência nas escolas regulares, a partir da implementação de práticas pedagógicas inclusivas no sistema escolar. (BRASIL, 2003). Dentre as propostas, podemos destacar algumas: • Atitude favorável da escola no sentido de atender às necessidades individuais. Isso deve ocorrer a partir da diversificação e flexibilização do processo de ensino; • Para que as adaptações ocorram, é necessário que seja feita a Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo82/205 identificação das necessidades de todos e de cada aluno, para, assim, priorizar recursos e meios favoráveis para a aprendizagem; • A escola deve adotar currículos abertos e diversificados, em vez da tradicional concepção uniforme e homogeneizadora; • O funcionamento da escola também deve ser flexível para atender à demanda; • Por fim, o apoio de professores especializados em todo o processo educacional favorece o trabalho colaborativo e as práticas inclusivas na escola. As adaptações curriculares, portanto, têm como seu principal objetivo atender às necessidades de todos os alunos. Elas envolvem desde adaptações simples, feitas pelo professor na sala de aula, como adaptações complexas, que envolvem questões de acessibilidade e recursos financeiros. Assim, podem ser divididas em diferentes níveis, que veremos posteriormente. Para saber mais Para acessar o documento completo da Secretaria de Educação Especial do Estado de São Paulo (SEESP), que trata das adaptações curriculares, entre no site do MEC ou clique no link disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ seesp/arquivos/pdf/serie4.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2016. http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/serie4.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/serie4.pdf Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo83/205 Refletindo, ainda, sobre acessibilidade, devemos ter claro que esta não envolve apenas as barreiras físicas encontradas, principalmente pelas pessoas com deficiência física (cadeirantes) ou com mobilidade reduzida. Acessibilidade é muito mais do que isso. O Estatuto da Pessoa com Deficiência (lei 13.146/2015), em seu artigo 3º, define que acessibilidade é a: Possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida (BRASIL, 2015, p. 1) Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo84/205 1. Diferentes Níveis de Adaptação Curricular que Atendem às Necessidades Educativas de Todos os Alunos Vamos agora tratar especificamente da adaptação curricular e de seus níveis de elaboração e execução, para assim Para saber mais Para acessar o Estatuto da Pessoa com Deficiência, lei 13.146, promulgada em 2015, com o intuito de reunir em um único documento os direitos adquiridos por essas pessoas, acesse o link disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/ L13146.htm>. Acesso em: 12 jun. 2016. definirmos o papel da gestão escolar dentro desse processo. Iniciaremos nossa conversa pelos anos 2000, ano em que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) trazem uma orientação para que as adaptações curriculares possam ocorrer, sendo elas consideradas de grande e de pequeno porte, e que estas deveriam ser respostas educativas para as necessidades dos alunos. O documento intitulado Projeto Escola Viva, publicado pelo Ministério da Educação (BRASIL, 2000) e que trata de Adaptações curriculares, deixa claro que construir uma escola inclusiva é responsabilidade de todos que fazem parte da sociedade. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm Unidade 4 • Adequação do Currículo e dos Espaços Educativos nos Contextos Multiculturais e Inclusivo85/205 Cada qual tem a sua responsabilidade nessa tarefa, conforme definido abaixo: Aos profissionais cabem as ações técnicas, em cooperação transdisciplinar; aos órgãos de representação, o diagnóstico das necessidades, o planejamento de ações que promovam a inclusão e a fiscalização da ação pública no ajuste da sociedade [...] (BRASIL, 2000, p. 5). O que são então as adaptações de grande porte, também chamadas de adaptações significativas? Para Brasil (2000, p.7), essas adaptações são aquelas que dependem das instâncias político administrativas superiores, “já que exigem modificações que envolvem ações de natureza política, administrativa, financeira, burocrática, etc.”, e, portanto, dependem também da ação dos gestores. Para que sejam efetivadas indicações de adaptações de grande porte, é necessário
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