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Toxoplasma gondii e a toxoplasmose - ciclo biológico

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Conferências módulo I – P3 - Eduarda Miranda e George Alves 
Toxoplasma gondii e a toxoplasmose - ciclo biológico	 
 
• Ciclo Biológico: O ciclo biológico do T. gondii desenvolve-se em duas fases distintas: 
o Fase assexuada: em vários tecidos de diversos hospedeiros (aves, mamíferos inclusive 
gatos e outros felídeos). 
o Fase sexuada (ou coccidiana): nas células do epitélio intestinal de gatos e outros felídeos 
não imunes. 
• Desta forma, T. gondii apresenta um ciclo heteroxeno (parasita que necessita de mais de um 
hospedeiro para completar seu ciclo de vida) , no qual os gatos são considerados hospedeiros 
definitivos ou completos por possuírem simultaneamente um ciclo sexuado, em células epiteliais 
do intestino, e um ciclo assexuado ocorrendo em outros tecidos. 
• O homem e outros mamíferos, juntamente com as aves, são considerados os hospedeiros 
intermediários ou incompletos, pois possuem apenas o ciclo assexuado. 
• Fase Assexuada 
o Um hospedeiro suscetível (homem, por exemplo), adquire o parasito e desenvolve a fase 
assexuada após ingerir oocistos maduros (esporulados) contendo esporozoítos 
encontrados em alimentos ou água contaminada, cistos contendo bradizoítos encontrados 
na carne crua ou, mais raramente, taquizoítos eliminados no leite. 
o Os taquizoítos que chegam ao estômago são, na sua maior parte, destruídos pelo suco 
gástrico, mas os que penetrarem na mucosa oral poderão evoluir do mesmo modo que os 
bradizoítos e esporozoítos, como se segue: Cada esporozoíto ou bradizoíto (após 
diferenciação para taquizoíto) sofrerá intensa multiplicação intracelular, após rápida 
passagem pelo epitélio intestinal e invadirá vários tipos de células do organismo formando 
um vacúolo parasitóforo onde sofrerão divisões sucessivas por endodiogenia, formando 
novos taquizoítos (fase proliferativa) que irão romper a célula parasitada (ou evadir 
destas células), liberando novos taquizoítos que invadirão novas células. A disseminação 
do parasito no organismo ocorre através de taquizoítos livres (ou intracelulares) na linfa 
ou no sangue circulante. 
o Essa fase inicial da infecção - fast proliferativa - caracteriza a fase aguda da doença. 
Com aparecimento da imunidade, os taquizoítos são eliminados do sangue, da linfa e dos 
órgãos viscerais, ocorrendo uma diminuição de parasitismo. Alguns parasitos diferenciam 
em bradizoítos para a formação de cistos. 
o Esta fase cística, juntamente com a diminuição da sintomatologia, caracteriza a fase 
crônica, que poderá permanecer por longo período. Alternativamente, em indivíduos 
imunodeficientes, poderá haver uma reativação desta infecção, que ocorre por 
mecanismos ainda não inteiramente esclarecidos e apresenta sintomatologia semelhante 
à primoinfecção. 
• Fase Sexuada 
o O ciclo sexuado ocorre somente nas células epiteliais do intestino delgado de gatos e 
outros felídeos não imunes. Durante o desenvolvimento desse ciclo ocorre uma fase 
reprodutiva prévia por merogonia (esquizogonia) seguida por outra sexuada (gametogonia) 
do parasito. Por esse motivo, esses animais são considerados hospedeiros definitivos. 
Conferências módulo I – P3 - Eduarda Miranda e George Alves 
Deste modo, um gato não imune, infectando-se oralmente com oocistos, cistos ou 
taquizoítos, desenvolverá o ciclo sexuado. 
o Após a ingestão de cistos, oocistos ou taquizoítos, os parasitos liberados no estômago 
penetram nas células do epitélio intestinal do gato e sofrerão um processo de 
multiplicação por merogonia, dando origem a vários merozoítos. O conjunto desses 
merozoítos formados dentro do vacúolo parasitóforo da célula é denominado meronte ou 
esquizonte maduro. O rompimento da célula parasitada libera os merozoítos que 
penetrarão em novas células epiteliais e se transformarão nas formas sexuadas 
masculinas ou femininas: as gamontes, que após um processo de maturação formarão as 
gametas masculinos móveis - microgametas (com dois flagelos) e femininos imóveis - 
macrogametas. O macrogameta permanecerá dentro de uma célula epitelial, enquanto as 
microgametas móveis sairão de sua célula e irão fecundar a macrogameta, formando o 
zigoto. Este evoluirá dentro do epitélio, formando uma parede externa dupla, dando 
origem e o oocisto. A célula epitelial sofrerá rompimento em alguns dias, liberando o 
oocisto ainda imaturo. Esta forma alcançará o meio ambiente juntamente com as fezes. A 
sua maturação no meio exterior ocorrerá por um processo denominado esporogonia, após 
um período de cerca de 1 a 5 dias (dependendo da temperatura e da aeração), e 
apresentará dois esporocistos, cada um contendo quatro esporozoítos. 
o Após a infecção, gatos não imunes podem eliminar oocistos durante 2 semanas, 
aproximadamente. O oocisto, em condições de umidade, temperatura e local sombreado 
favorável, é capaz de se manter infectante por cerca de 12 a 18 meses. O tempo decorrido 
entre a infecção e o aparecimento de oocistos nas fezes dos felídeos (período pré-
patente) dependerá da forma ingerida. Este período será de 3 dias, quando a infecção 
ocorrer por cistos, 19 dias ou mais, por taquizoítos e 20 ou mais dias, por oocistos. Em 
geral, gatos que já eliminaram oocistos tomam-se imunes e não eliminam novos oocistos, 
mesmo que reinfectados. Entretanto, a imunossupressão induzida por altas doses de 
corticosteróides podem induzir novas eliminações de oocistos. 
• Transmissão 
o A infecção pelo T. gondii constitui uma das zoonoses mais difundidas no mundo. Em todos 
os países, grande parte da população humana e animal (mais de 300 espécies de animais 
entre mamíferos e aves - domésticos ou silvestres) apresenta parasitismo pelo T. gondii. 
Em algumas regiões, 40 a 80% dos adultos aparentemente sãos apresentam-se positivos 
para toxoplasmose, em testes sorológicos. Essa variação da prevalência parece ser devida 
a fatores geográficos, climáticos, hábitos alimentares, tipo de trabalho etc., indicando 
que os mecanismos de transmissão devem ocorrer através de várias formas do parasito: 
oocistos em fezes de gato jovem infectado, cistos presentes em carnes, taquizoítos no 
sangue de gestantes, atingindo a placenta. 
o As três vias principais de transmissão são: 
1. Ingestão de oocistos presentes em água, verduras mal lavadas, solo, ou 
disseminados mecanicamente por moscas, baratas etc. 
2. Ingestão de cistos encontrados em carne crua ou mal cozida, especialmente de 
porcos ovinos e caprinos. Os cistos resistem por semanas ao frio, mas o 
congelamento a 0°C ou o aquecimento acima de 67°C os torna inviáveis à infecção. 
Conferências módulo I – P3 - Eduarda Miranda e George Alves 
3. Passagem transplacentária, sendo que o risco deste tipo de transmissão cresce de 
14% no primeiro trimestre da gestação após a infecção materna primária, até 59% 
no último trimestre da gestação. É interessante esclarecer que as mulheres que 
apresentam imunidade adquirida ao T. gondii. antes da gravidez, podem infectar 
seus fetos caso venham a apresentar algum tipo de imunocomprometimento, em 
contraposição àquelas que apresentarem a primoinfecção durante a gestação. 
Conforme será mostrado abaixo, na seção Patogenia, as manifestações da 
toxoplasmose podem ser bastante variadas. Entretanto, em vista das possíveis 
anomalias que podem ocorrer no feto, a transmissão transplacentária é a mais 
grave. 
• Profilaxia 
o Beber apenas água filtrada e/ou fervida. 
o Controlar a população de gatos. 
o Os criadores de gatos devem manter os animais dentro de casa e alimentá-los com carne 
cozida ou seca, ou com ração de boa qualidade. 
o Descartar diariamente a areia da caixa utilizada para gatos defecarem no interior das 
casas. 
o Incinerar todas as fezes dos gatos. 
o Proteger as caixas de areia em escolas infantis para evitar que os gatos defequem nesse 
local. 
o Não se alimentar de carne crua ou mal cozida de qualquer animal ou leite cru. 
o Fazer o exame sorológico pré-natal trimestral para toxoplasmose em todas as gestantes, 
com ou sem histórico de enfartamento ganglionarou aborto. 
o Tratamento das grávidas em fase aguda. 
o Desenvolvimento de vacinas: vacinas com subunidades do parasito, adequadas para 
combater a toxoplasmose nos seres humanos têm sido desenvolvidas, porém sem nenhum 
resultado preventivo concreto até o momento. Vacina existente no mercado para ovinos 
(Toxovax™) tem como proposta a diminuição da transmissão zoonótica e 
consequentemente tomar a came mais segura para consumo humano. Os animais vacinados 
adquirem imunidade contra T. gondii, e não teriam seus tecidos contaminados com cistos. 
Esta vacina ainda não é liberada para uso no Brasil.

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