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PARASITOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C TOXOPLASMOSE Toxoplasma gondii ★ Introdução Passamos agora a discutir as coccidioses que são doenças produzidas por protozoários conhecidos como coccídeos. Para entendermos melhor esses protozoários vamos iniciar com a classificação taxonômica, onde podemos destacar algumas situações importantes. ★ Classificação Taxonômica São protozoários. Reino: Protozoa Filo: Apicomplexa - todo apicomplexo apresentam um complexo apical, para eles é de fundamental importância para estabelecer a interação com as células do hospedeiro, vão usar organelas como por exemplo as roptrias que são estruturas especiais que liberam enzimas e outros componentes que serão capazes de permitir não só essa interação com as células hospedeiras, como também a invasão por parte do protozoário à essas células onde o processo nutricional do protozoário vai ocorrer. Além do processo nutricional, o processo reprodutivo, então, os coccídeos são protozoários (parasitas) intracelulares obrigatórios. Endocelulares obrigatórios Classe: Sporozoa Subclasse: Coccidiasina Ordem: Eucoccidiorida Família: Sarcocystidae (Toxoplasma gondii) - que é um agente etiológico importante causador de uma importante zoonose que é a toxoplasmose. Cryptosporididae (Cryptosporidium parvum) - que é um grande agente etiológico nas diarréias infantis e portanto deve ser tratado especialmente. Vamos começar com as características gerais dos apicomplexos e depois vamos evoluir para a família Sarcocystidae falando sobre o Toxoplasma gondii. Parasita intestinal. Protozoário oportunista. ★ Morfologia Geral e Biologia Então a morfologia geral dos apicomplexo, onde apresentam esse complexo apical representado pelas roptrias, micronemas, conoides, todas essas estruturas são responsáveis pela interação dos protozoários com as células do hospedeiro e garantem a eles não só a fixação à essas células, como também a penetração à essas células para desenvolverem suas atividades vitais. Uma característica que gostaria de chamar atenção em termos de Toxoplasma gondii tem esse nome porque Toxzon vem de arco, Toxoplasma é aquele que tem o formato em arco, formato arqueado. Então os trofozoítos do Toxoplasma gondii, principalmente os taxoítos que são formas de multiplicação rápida do Toxoplasma gondii vão ter esse formato arqueado e isso permite a identificação morfológica quando faz coleta de material celular do indivíduo parasitado. ⇨ Filo Apicomplexa: complexo apical presente em todas as formas infectantes. Os apicomplexos realizam dois tipos de ciclo biológico. O ciclo de reprodução assexuada e o ciclo de reprodução sexuada. Então existem ciclos heteroxênicos e ciclos monoxênicos; parasitos que são em geral heteroxênicos que fazem o ciclo sexuado em um hospedeiro e o ciclo assexuado em outros hospedeiro, é o caso do Toxoplasma gondii. No caso do Cryptosporidium parvum é monoxênico, porque no organismo humano ele consegue realizar os dois ciclos biológicos (assexuado e sexuado). Ao passo que o Toxoplasma gondii só consegue realizar o ciclo sexuado nos felinos, nos gatos urbanos ou silvestres, e o ciclo sexuado em hospedeiros considerados intermediários, que é o caso do ser humano. Então os apicomplexos realizam dois tipos de ciclos: o ciclo monoxênico quando o protozoário consegue realizar a reprodução sexuada e assexuada em um 1 PARASITOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C mesmo hospedeiro que é o caso do Cryptosporidium parvum que realiza essas duas reproduções no organismo humano. E existe o ciclo heteroxênico em que dois hospedeiros diferentes são envolvidos, um em que vai haver a reprodução sexuada e outro em que vai ocorrer a reprodução assexuada, no caso do Toxoplasma gondii, o hospedeiro definitivo são os gatos e os felinos silvestres, pois neles ocorrem o ciclo sexuado de reprodução do protozoário e o ser humano e outros animais (inclusive aves) que tem toxoplasmose são considerados hospedeiros intermediários, nesses indivíduos só se realiza o ciclo assexuado. O gato também pode fazer os quadros clínicos e o ser humano fazem esse quadro clínico importante, principalmente relacionado a imunodepressão. Os protozoários apicomplexos, tanto o Cryptosporidium parvum quanto Toxoplasma gondii são considerados protozoários oportunistas, porque quando o indivíduo tem um organismo imunodeprimido/imunodebilitado pode exibir um quadro clínico exacerbado da toxoplasmose com uma sintomatologia associada. Fases do ciclo: ⇨ Assexuada: Esporogonia e Merogonia (ou esquizogonia) ⇨ Sexuada: Gametogonia - quando serão produzidas formas do protozoário que são trofozoítos especiais que vão dar origem a macro e micro gametas que vão se fundir e dar origem a uma nova geração de protozoários. Padrões de Ciclo: ⇨Monoxeno: Direto. Só possui hospedeiro definitivo - porque os dois ciclos, assexuado e sexuado, acontecem nele. ⇨ Heteroxeno: Possui hospedeiro definitivo (onde ocorre o ciclo sexuado) e intermediário (onde vai ocorrer o ciclo assexuado). Para o Cryptosporidium parvum o ciclo válido é o monoxênico. Para o Toxoplasma gondii o hospedeiro definitivo são os felinos e o hospedeiro intermediário são vários animais mamíferos, incluindo os seres humanos, e aves. Fases do Ciclo: Temos aqui o ciclo. Um ciclo monoxênico em que vai ocorrer a forma assexuada e sexuada no organismo humano e o próprio ser humano liberando as formas de resistência, os oocistos nas fezes. Esse ciclo que é compatível com o do Cryptosporidium parvum. O ciclo abaixo diferentemente temos o ciclo assesuado e sexuado que podem ocorrer em hospedeiros diferentes, então temos o ciclo assexuado que vai ocorrer no organismo do ser humano e tem o ciclo sexuado que vai ocorrer no organismo dos felinos. Temos aqui um oocisto que é a forma de resistência que vai ser eliminada junto com as fezes do hospedeiro, no caso do Toxoplasma gondii junto com as fezes do hospedeiro definitivo que são os felinos; no caso do Cryptosporidium parvum junto com as fezes humanas que são os hospedeiros desse parasito, também podem produzir zoonoses, mas são típicos de seres humanos. Aqui um detalhe mostrando o desenvolvimento desses oocistos nas vilosidades intestinais, no caso do Toxoplasma gondii nas vilosidades intestinais dos gatos e no caso do Cryptosporidium parvum nas 2 PARASITOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C vilosidades intestinais do organismo humano. Vamos falar agora do Toxoplasma gondii, esse nome vem de corpo celular arqueado, em forma de arco. ⇨ Toxoplasmose: zoonose ⇨ Várias espécies animais: Mamíferos, aves e alguns répteis A toxoplasmose é uma zoonose, afeta várias espécies de animais como mamíferos, aves e alguns répteis. ⇨ Hospedeiro definitivo: Felinos domésticos e silvestres ⇨ Hospedeiro intermediário: Outros animais e homem Então é um protozoário que tem uma ampla gama de hospedeiros, sendo os hospedeiros definitivos os felinos domésticos e silvestres e os hospedeiros intermediários outros animais e incluindo os seres humanos, portanto cães podem ter toxoplasmose, os gatos têm porque são os hospedeiros definitivos, caprinos, bovinos, suínos, equinos, enfim uma gama de animais. É bom sabermos isso de antemão, porque a toxoplasmose pode ser adquirida pelo ser humano através da ingesta de carne bovina mal assada, mal passada ou mal cozida em que estejam presentes a forma do protozoário, por exemplo; o ser humano pode contrair a toxoplasmose ingerindo leite cru, sem fervura, sem passar pelo tratamento da fervura para destruir os protozoários, por exemplo. Então, há uma gamade formas de se adquirir toxoplasmose, ao comer carnes de aves que estejam infectadas pelo Toxoplasma gondii, por exemplo, desde que essa carne esteja mal cozida, mal assada ou mal passada, existem diversas formas de se adquirir toxoplasmose. Uma das formas é através daquelas estruturas que são os oocistos que vão ser eliminados pelas fezes dos gatos (apenas esses eliminam os oocistos). Com a ingesta desses oocisto determina, também, a infecção para seres humanos. Esses oocistos podem estar presentes na água, nos alimentos contaminados, nas mãos sujas e etc. ⇨Distribuição mundial e alta prevalência A distribuição geográfica da toxoplasmose é mundial e de alta prevalência. Aqui no Brasil em alguns municípios temos até 80% das pessoas que já tiveram contato com o Toxoplasma gondii, sendo alguns sintomáticos, a grande maioria assintomático, na dependência de uma resposta imunológica adequada; o indivíduo continua mantendo o Toxoplasma gondii no seu organismo, na realidade tem uma tendência a produzir uma doença crônica, vai ter para o resto da vida, vai ter esses protozoários em hipobiose no seu organismo, em dormência, não manifesta quadro clínico, mas está parasitado. E qualquer intercorrência imunológica pode produzir uma reativação do ciclo e levar ao surgimento da sintomatologia característica. Prevalência em países de clima tropical e subtropical. ⇨ Doença Clínica: Forma crônica assintomática pelo mundo afora e também no Brasil. ⇨ Forma mais grave: Neonatos e indivíduos imunodeficientes ★ Habitat Então o habitat no hospedeiro intermediário são diversas células do organismo, incluindo células musculares, nervosas, epiteliais, do conjuntivo, uma gama de células, e líquidos orgânicos (saliva, leite, esperma, líquido peritoneal, etc - forma taquizoíto), em todos esses lugares vamos encontrar os protozoários que são os os trofozoítos de Toxoplasma gondii. Nos felinos vão ser encontrados principalmente nas células do epitélio intestinal que são as formas de reprodução do ciclo sexuado e nas fezes dos felinos vamos encontrar as formas de resistência que são os oocistos. Esses oocistos vão ter que passar pelo solo para se tornarem infectantes para os demais integrantes do ciclo biológico do Toxoplasma gondii. Esses integrantes serão os hospedeiros intermediários. Também poderemos encontrar em várias células do corpo do felino quando ele está desenvolvendo o quadro clínico relacionado a toxoplasmose; e muito importante destacar a toxoplasmose felina é transmitida congenitamente, então os filhotes de uma fêmea que tenha toxoplasmose já nascem parasitados e essa questão mesmo que não desenvolvam a doença sendo imunocompetentes, serão eliminadores de oocistos 3 PARASITOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C no ambiente que trarão a contaminação desse ambiente e pontencializarão a ingesta desses oocistos pelos seres humanos e outros animais fazendo com que esses indivíduos se infectam. ★ Morfologia: Múltipla A morfologia dos protozoários é múltipla, existem várias formas trofozoíticas do protozoário. Os taquizoítos que são formas típicas da fase aguda. São protozoários móveis, altamente móveis utilizando para isso as estruturas do citoesqueleto; de multiplicação muito rápida, daí o nome taquizoítos são trofozoítos de multiplicação rápida; são encontrados no vacúolo parasitóforo, adentram as células e vão estar presentes nos vacúolos parasitóforos de células do sistema fagocitário mononuclear, células hepáticas, células pulmonares, células nervosas, células das submucosas e células musculares. Também nos líquidos orgânicos e secreções. Então essa é a forma que vai se espalhar pelo organismo do hospedeiro e se multiplicando rapidamente vai produzir as lesões que vão culminar com as formas clínicas da doença, os quadros clínicos agudos, sintomáticos em indivíduos imunodeprimidos. Na realidade, quando há uma resposta imunológica adequada contra esses taquizoítos rapidamente eles evoluem para uma outra forma chamada de bradizoíta. Essa forma bradizoíta típica da fase crônica, a sua multiplicação é muito lenta e estão presente principalmente em células estáveis, como por exemplo as células musculares esqueléticas e cardíacas, tecido nervoso e retina. Vão ficar viáveis por muito anos nessas células. Havendo uma mudança na resposta imunológica do indivíduo, esses bradizoítos que estavam quietinhos, dormentes dentro dessas células, eles voltam a dar origem aos taquizoítos que passam a se espalhar pelo organismo do hospedeiro determinando os quadros clínicos. Os esporozoítos que são outros tipos de trofozoítos do Toxoplasma gondii, esses vão ser liberados a partir da ingesta de oocistos que são eliminados com as fezes dos gatos. Esses esporozoítos invadindo as células do organismo vão se tornar taquizoítos. Os taquizoítos na fase aguda da doença vão invadir várias células do organismo e havendo uma resposta imunológica eficiente os taquizoítos se tornam bradizoítos que ficam dormentes, aguardando a oportunidade de voltarem a forma taquizoíta e reagudizar doença. Os oocistos são as formas de resistência, são produzidos nas células intestinais dos felinos e eliminados com as fezes dos mesmos. Contém 2 esporocistos com 4 esporozoítos cada. Então quando um ser humano ingere um oocisto esporulado, significa que já tem esporozoíto no seu interior, presente no alimento, já ganha 4 esporozoítos e esses esporozoítos tem uma habilidade de invadir as células inicialmente intestinais humanas e se reproduzir assexuadamente de uma forma violenta, produzindo novos indivíduos que serão taquizoítos na fase aguda da doença. A multiplicação rápidas desses taquizoítos na invasão de outros tipos celulares vai determinar o espalhamento desse Toxoplasma gondii para vários tecidos e órgãos do nosso corpo. Os cistos estarão presentes nos tecidos musculares, nas células musculares cardíacas, esqueléticas e também no tecido nervoso e eventualmente na retina. Esse cisto contém os bradizoítos dormentes, então quando você ingere o tecido muscular de um bovino, por exemplo, em que estejam presentes cistos de toxoplasma gondii e esses cistos conterão bradizoítos; esses bradizoítos entrando em contato com o seu intestino poderão fazer a invasão e resultar na formação de taquizoítos que vão se espalhar pelo seu organismo e determinar a infecção. Portanto, os cistos serão infectantes, porque estarão na musculatura dos animais que consumimos usualmente. Os oocistos são infectantes sendo eliminados junto com as fezes dos felinos e vão contaminar alimentos e solos. Os bradizoítas são estruturas de resistência que vão se manter no interior das células estáveis do hospedeiro intermediários quando há uma resposta imunológica eficiente contra o Toxoplasma gondii, sendo típicos da fase crônica da doença. E os taquizoítos são as formas invasivas, as formas de multiplicação rápida. 4 PARASITOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C Quando temos a liberação dos esporozoítos a partir da ingesta dos oocistos, esses esporozoítos invadem as células intestinais, se multiplicam e mudam para a forma taquizoíta. Os taquizoítas invadem várias células do organismos, tendo uma resposta imunológica eficiente, os taquizoítos se tornam bradizoítos, estes ficam armazenados em estruturas chamados cistos, mantendo-se ali por muitos e muitos anos sem produzir quadro clínico. Havendo uma mudança no sistema imunológico do indivíduo os bradizoítos voltam à atividade e se tornam os taquizoítos que passam a invadir as várias células e tecidos do corpo do hospedeiro. Em suma, esse seria o ciclo biológico. ★ Ciclo biológico ● Fase assexuada: Hospedeiros intermediários ⇨ Ingestão bradizoítas (musculatura), esporozoítas (forma invasiva) e taquizoítas(invasiva mucosa oral); ⇨ Epitélio intestinal: absorção, penetração em vários tipos celulares e rompimento das mesmas; ⇨ Fase aguda: fase proliferativa ⇨ Evolução: formas clínicas, podendo levar à morte ou aparecimento de resposta imune específica; ⇨ Fase crônica: fase cística e diminuição da sintomatologia; Temos aqui o ciclo nos hospedeiros intermediários: onde a ingestão de bradizoítas na musculatura, de esporozoítos que são a forma invasivas, estes esporozoítos estão dentro dos oocistos que são eliminados junto com as fezes dos gatos e taquizoítas que fazem a invasão pela mucosa oral aí não podem chegar até ao estômago, se os taquizoítas chegarem até o estômago serão destruídos ao passo que os bradizoítas e também os oocistos não serão destruídos pelas enzimas estomacais. No epitélio intestinal os bradizoítos e os esporozoítos se interiorizam nas células e passam a se multiplicar e vão dar origem a novos taquizoítas. Esses taquizoítas passam a penetrar em vários tipos celulares do corpo, rompendo essas células e vão reinvadindo, essa é a fase aguda da doença, a fase proliferativa do protozoário. A evolução, existem formas clínicas na fase aguda, por exemplo, que podem levar o indivíduo ao óbito ou se houver uma resposta imunológica específica o indivíduo vai ter as estruturas bradizoítas nas suas células e não vai mais manifestar o quadro clínico. Na fase crônica da doença vamos ter a forma cística contida na musculatura, principalmente, tecido nervoso etc, essas formas císticas contendo bradizoítas. Na ruptura do equilíbrio imunológico, haverá a liberação desses bradizoítos que vão se multiplicar dando origem aos taquizoítos que passam a reinvadir as células e determinar a clínica da doença. ● Ciclo no Homem ⇨ Então os taquizoítos penetrando pela mucosa oral e os bradizoítos e os esporozoítos sofrem rápida multiplicação após passarem pelo epitélio intestinal; ⇨ Determinam a formação de taquizoítos e os próprios taquizoítos que penetraram pela mucosa oral poderão fazer o ciclo de multiplicação; ⇨ Determinando a fase aguda da doença que pode levar ao óbito; ⇨ Resposta imune específica; ⇨ Leva a fase crônica da doença, então os cistos estarão presentes nos órgãos e tecidos que estarão contento esses cistos que conterão os bradizoítos; Aqui mostrando os taquizoítos arqueados num vacúolo parasitóforo de células do SFM. 5 PARASITOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C Temos aqui taquizoítos livres com aquela forma de arco bem característico. Os bradizoítos também tem essa forma arqueada, isso é típico dos toxoplasma gondii. Nesta outra imagem temos cistos teciduais na musculatura com vários bradizoítos; podemos ver a divisão binária na microscopia eletrônica; e na outra imagem podemos ver uma série deles liberados a partir do citoplasma de uma célula que se rompe, eles vão se tornar taquizoítos e vão passar a invadir outras células. Nesta outra imagem mais um detalhe, aqui observamos o tecido nervoso, podemos ver o cérebro, essas porções alteradas do cérebro estão contendo cistos com bradizoítos; e podemos ver também cistos no miocárdio, célula muscular cardíaca podemos observar vários bradizoítos no interior desses cistos. ● Ciclo biológico no gato - sexuado No ser humano o ciclo assexuado, lembrando que os gatos adquirem a toxoplasmose ingerindo hospedeiros intermediários como passarinhos ou ratos. Existe uma situação muito interessante que a presença do Toxoplasma gondii no organismo dos roedores altera o sistema nervoso desses roedores e eles passam a não temer mais o contato dos gatos, esse é um mecanismo que o protozoário utiliza para permitir que o gato predi aquele hospedeiro, o roedor, que contém as formas bradizoítas ou taquizoítos, porque o roedor funciona como hospedeiro intermediário. Então o roedor não foge do gato, ele na verdade não enxerga no gato um risco e acaba sendo predado e funciona como uma forma de disseminação da parasitose. Bom, a gente já deve imaginar que a toxoplasmose afeta dramaticamente a gestação, podendo trazer 6 PARASITOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C quadros clínicos bastante severos. E na imagem podemos ver todos os mecanismos de infecção, a partir da carne etc, o gato ingerindo os ratos e as mulheres grávidas e não grávidas, e seres humanos em geral ingerindo a carne desses animais ou leite bovino adquirindo a toxoplasmose. ● Fase sexuada: Gato ⇨ Ingestão de cistos ou oocistos; ⇨ Epitélio intestinal: Gametócitos - Formam os microgametas e os macrogametas; ⇨ Fecundação: formação do zigoto, que origina o oocisto; ⇨Oocisto imaturo eliminado nas fezes; ⇨Maturação do oocisto no ambiente; O ciclo sexuado no gato; a ingestão de cistos ou oocistos pelo gato, cistos nos tecidos dos roedores ou oocistos que estejam presentes no solo, pelas fezes de outros gatos. No epitélio intestinal forma-se os gametócitos, macro e micro gametas se unem por fecundação formando o zigoto. O zigoto origina o oocisto. O oocisto é eliminado junto com as fezes do gato. Ocorre a maturação do oocisto que se torna esporulado no solo e aí o ser humano ou os hospedeiros intermediários ou o próprio gato ingerindo esses oocistos esporulados vão adquirir a toxoplasmose. ⇨ Ingestão de cistos, taquizoítos ou oocistos pelos gatos; ⇨ No epitélio intestinal originam vários merozoítos em conjunto são chamados de esquizontes maduros ou merontes; ⇨ Os merontes liberam os merozoítos que penetram em outras células originando os macro e microgametas; ⇨ Macro e micro gametas se unem dando origem aos oocistos; ⇨Os oocistos serão eliminados pelas fezes. Aqui mostrando um ratinho na cabeça do gato demonstrando essa falta de temor, essa falta de reação a presença dos gatos; podemos ver um oocisto maduro eliminado junto com as fezes do gato; podemos ver ainda, um oocisto maduro esporulado já contendo os esporozoítos no seu interior, a ingesta desse oocisto maduro vai determinar a infecção pelo ser humano. ★ Transmissão ⇨ Ingestão de oocistos: caixas de areias, jardins, latas de lixo, disseminados por mosca, baratas, minhocas, etc; Se espalham contaminam água, alimentos e pode ingerir; também pode ocorre por inalação, inalando esses oocistos, chegando na cavidade oral e chegando até o estômago determinam isso. ⇨ Ingestão de cistos: carnes cruas ou mal cozidas (de bovino, suíno, caprinos, de uma série de animais que são hospedeiros intermediários); lembrando que os cistos contêm os bradizoítos; ⇨ Ingestão de taquizoítas: leite contaminado, saliva (se estiver na sua fase aguda vai apresentar taquizoítas na sua saliva), acidente laboratorial, deposição de esperma infectado na mucosa vaginal 7 PARASITOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C (os taquizoítos só estarão presentes no organismo do hospedeiro na fase aguda), transfusão sanguínea. ⇨ Transmissão congênita ou Transplacentária: taquizoítas: rompimento de cistos (contendo bradizoítos inicialmente, pela falha imunológica ou pela própria gravidez, pelos mecanismos hormonais os bradizoítos se tornam taquizoítos) no endométrio; taquizoítas no líquido amniótico (chegando até o organismo do indivíduo em desenvolvimento provocando uma série de danos a esse indivíduo); ★ Patogenia e sintomatologia Fatores que influenciam são as cepas do Toxoplasma gondii existem algumas mais agressivas e outras menos; a resistência imunológica do hospedeiro, a sua resposta imunológica; e a via de infecção, sendo a via de infecção mais importante, mais agressiva o contato com os oocistos e taquizoítos. A toxoplasmose pós-natal (indivíduo em qualquer faixaetária adquire) ou forma adquirida o indivíduo pode fazer uma forma ganglionar com febre e linfoadenopatia; e uma forma ocular com retinocoroidite; Pode fazer também uma forma cutânea ou exantemática forma lesões generalizadas na pele. Raramente essa forma exantemática é encontrada, mas os casos conhecidos foram fatais. Cerebroespinhal ou Meningoencefálica que consiste na reativação dos cistos com bradizoítos em indivíduos imunodeficientes. Então o encontro é pouco frequente em indivíduos imunocompetentes, só nos imunodeprimidos. O quadro clínico se caracteriza por cefaléia, febre, anomalias focais manifestando hemiparesia (paralisia) leve até perda da capacidade de coordenação muscular, confusão mental, convulsões, letargia, que pode progredir para estupor, coma e até a morte do paciente. Isso será mais grave em pacientes imunodeprimidos. Existe a forma generalizada em que várias células e tecidos serão invadidos e isso vai determinar uma evolução mortal da toxoplasmose. ● Forma adquirida: (pós-natal) a qualquer fase da vida o indivíduo pode adquirir ⇨ Período de incubação (1 a 4 semanas) - desde a ingesta dos taquizoítos, dos bradizoítos, nos cistos ou dos oocistos esporulados; ⇨ Fonte de infecção X carga parasitária - são diretamente proporcionais, se ingere muito cistos na carne a carga parasitária vai ser alta; se ingere muitos oocistos esporulados vai ter uma carga parasitária alta; ⇨Os sintomas: - Febre - Mialgia - Adenopatia - Cefaléia - Cronicidade da infecção - Lesão ocular (Retinocoroidite) - Marcador sorológico - IgM (significa que está com a doença) / IgG (significa que já teve contato com a doença) - Reativação da Infecção - ocorre em intercorrências imunológicas A partir do momento que o indivíduo se torna imunocompetente ele reprime essa multiplicação, essa invasão e esses sintomas. ● Forma congênita: forma transmitida congenitamente. A gestante tem que estar na fase aguda da doença para que os taquizoítas estejam disponíveis. Então na primoinfecção, isso é muito importante, é a primeira vez que o indivíduo vai ter a doença o marcador sorológico é o IgM e o IgA e o riso de transmissão ao concepto aumenta com o tempo de gravidez: - no primeiro trimestre é de 25% - no segundo trimestre é de 40% - no terceiro trimestre é de 65% Então a gravidade da doença no feto, pelo contrário, é inversamente proporcional ao tempo de gestação, ou seja, então ele é muito mais importante no primeiro trimestre, menor importância no segundo trimestre e menor importância no terceiro trimestre, ou seja, é menos grave no terceiro trimestre do que no primeiro trimestre e assim por diante. Na toxoplasmose congênita pela multiplicação dos parasitos, pelas lesões que eles produzem a nível, também, de interferência na diferenciação celular, eles vão determinar: - Hidrocefalia 8 PARASITOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C - Calcificação cerebral - Retardo mental - Miocardite aguda - Pneumonia - Hepatite - Retinocoroidite (10%) - Estrabismo - Microftalmia Forma congênita transplacentária - 1º trimestre: Em geral o que acontece é o aborto, não se continua o desenvolvimento embrionário. No primeiro trimestre em geral é quadro clínico abortivo. Forma congênita transplacentária - 2º trimestre: Síndrome de Sabin muito característica: coriorretinite (90% dos casos); calcificações cerebrais (69% dos casos); perturbações neurológicas com retardo psicomotor (60% dos casos); e micro ou macrocefalia (50% dos casos) ⇨ Isso acontece porque os taquizoítos estão se multiplicando dentro das células, vão determinando a lise dessas células e processo inflamatório juntamente com a resposta imunológica e as toxinas liberadas pelos protozoários determinam esses quadros clínicos. ⇨ O segundo trimestre possibilita o desenvolvimento do concepto, mas traz uma série de consequências. Forma congênita transplacentária - 3º trimestre: quando a mulher adquire a toxoplasmose no 3º trimestre, quando ela já tem desde o primeiro trimestre ocorre o processo abortivo; se ela adquirir ou tiver a fase aguda ou reagudizar no segundo semestre de gravidez o concepto desenvolve a clínica acima mencionada; se for no terceiro trimestre: A doença se manifesta dias, semanas ou meses após o parto, então ocorre: - Comprometimento ganglionar generalizado pelo deslocamento do parasito; - Hepatoesplenomegalia - Edema - Miocardite - Anemia - Trombocitopenia - Lesões oculares (patognomônicas) - invasão de taquizoítas atinge a coróide e retina provocando degeneração variável chamada de foco em roseta ou em roda de carroça (muito característico de forma congênita transplacentária de toxoplasmose no 3º trimestre); - Pode haver microftalmia, estrabismo e catarata ★ Diagnóstico ➔ Diagnóstico clínico - sugestivo ➔ Diagnóstico laboratorial - é o ideal Então na fase aguda: - Parasitológico ⇨ demonstração do parasitos - Isolamento em cultura de células ⇨ colher células desse indivíduo, do baço, por exemplo, ou de outras regiões do corpo; até da corrente circulatória, eventualmente, você pode encontrar esses protozoários se deslocando - Inoculação de animais de laboratório ⇨ um animal que não esteja parasitado, você inocula o material colhido de um paciente em animais de laboratório e desenvolve o quadro clínico - Sorologia ⇨ detecção de IgM (RIFI - Rádio Imunofluorescência Indireta) - Molecular ⇨ PCR Na fase crônica a detecção é sorológica porque você não vai encontrar parasitos em quantidades suficientes para diagnosticar, detecção de IgG pela RIFI - Rádio Imunofluorescência Indireta. ★ Marcadores na toxoplasmose Os marcadores imunológicos na toxoplasmose: - IgM e IgG negativo: não há toxoplasmose - IgM + e IgG -: Infecção aguda por Toxoplasma gondii - IgM - e IgG +: infecção antiga por Toxoplasma gondii (meses ou anos). Pode indicar forma crônica Obs.: em grávidas com infecção recente pode ter IgM e IgG positivos, indicando alto risco de transmissão. Obs.: O que faz os taquizoítos pararem de se multiplicar e assumir a forma bradizoíta e se interiorizar nas células é a presença de IFN-γ, faz com que cesse produção de taquizoítos e haja o encistamento. E a resposta imunológica (pronta +) que vai levar a morte dos taquizoítos principalmente, estimula produção de grande quantidade óxido nítrico no organismo, levando a lise dos parasitos. 9 PARASITOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C ★ Epidemiologia ⇨ Encontrada em todos os países, prevalência variando de 20 a 83%, de indivíduos diagnosticados, sintomáticos ou não ⇨ Todos os mamíferos e aves são suscetíveis ao toxoplasma gondii. ⇨Gatos são de grande importância epidemiológica ⇨ Veiculação de oocistos por moscas e baratas ⇨ Soropositividade em animais silvestres, inclusive em felinos silvestre e outros, também é indicativo. Por exemplo, quando o sujeito usa carne de caça também comendo essa caça com a carne mal cozida, mal passada ou assada pode adquirir a toxoplasmose. ★ Profilaxia ⇨ Saneamento (pessoal e ambiental) - bons hábitos de higiene e do ambiente evitar que as fezes de gato estejam presentes, diagnosticar e tratar os gatos para evitar a propagação; ⇨ Educação - saber que a carne cru, mal passada ou assada, o leite cru podem transmitir a doença; ⇨ Evitar fezes e contato com gatos - muitas vezes os oocistos ficam presos no pelo do gato e ao afagar o gato e levar a mão a boca pode acabar ingerindo esses oocistos; ⇨ Controle de roedores - que são fontes de infecção para os gatos e não para o ser humano; ⇨ Caixas de areia; ⇨ Controle de insetos sinantrópicos - que tenham afinidade pelo homem; ⇨Não ingerir carne crua ou malcozida; ⇨Não ingerir leite cru; ⇨Higienização adequada das verduras; ⇨ Pombos são fonte de infecção também, se predadospor gatos. ★ Tratamento ⇨ Forma aguda sintomática: pirimetamina associada com sulfadiazina ou sulfadoxina. Adicionar ácido fólico. ⇨ Forma aguda em gestantes: - primeiro trimestre: espiramicina; - no 2° trimestre: intercalar espiramicina e sulfadiazina; - 3° pirimetamina associada com sulfadiazina e ácido fólico. Então a sulfa é utilizado para tratamento da toxoplasmose. ⇨ Toxoplasmose ocular: antiparasitários + corticóides - para diminuir/minimizar o impacto da resposta imunológica a presença dos protozoários e minimizar os danos ao globo ocular. Ex.: cloridrato de clindamicina + sulfadiazina + predinizona. ⇨ Encefalite em imunodeficientes: pirietamina + sulfadiazina ou pirimetamina + clindamicina. Referências: Neves, David Pereira - Parasitologia Humana - 13ªEd. Capítulo 18 10
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