Buscar

As Armadilhas da Linguagem - Resenha

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

RESENHA 
Obra: ​As Armadilhas da Linguagem. RJ: Zahar, 2017. (capítulo 1). 
Autor: ​Marcondes, Danilo. 
 
Na obra intitulada “As Armadilhas da Linguagem”, em seu primeiro capítulo (“A 
linguagem, essa desconhecida: filosofia, linguagem, cultura”), o autor, Danilo Marcondes, 
aborda a questão da linguagem enquanto mecanismo de comunicação entre seres humanos, 
suas questões subjetivas, culturais e históricas. Para isso, ele aponta duas questões principais. 
A primeira é o questionamento da relação entre linguagem e pensamento: a linguagem 
exterioriza o pensamento ou seria um meio de se alcançar e compreender o mesmo? Para 
Steven Pinker, a primeira opção se mostra correta, sendo assim, o ser humano seria um sujeito 
linguístico, no qual tem seus pensamentos expostos através da linguagem. A segunda questão 
seria que, para Jürgen Habermas, a linguagem, por ser a forma de interação entre os seres 
humanos através da comunicação, recebe a configuração de intersubjetiva. Desse modo, é 
através do compartilhamento linguístico das vivências pessoais que o indivíduo se torna parte 
de um todo. 
Em primeiro lugar, é explicado que a linguagem é um sistema de signos, sendo eles aquilo 
que indica algo, variando de um simples gesto de apontar para algo, indicando para onde a 
atenção deve ser direcionada, a pictogramas e a escrita alfabética, por exemplo. Além disso, 
ocorre a organização desses em sistemas, o que Émile Benveniste, linguista francês, em 
concordância com Marcondes, explica: “para tornar-se transmissível, esse conteúdo [do 
pensamento] deve ser distribuído entre morfemas de certas classes, organizadas numa certa 
ordem, etc. (BENVENISTE, 2005, p.69)”. Por tal motivo, animais não possuem linguagem, já 
que não há um sistema. Além disso, pode-se afirmar que antes da sistematização, ocorre a 
criação dos símbolos e, por esse motivo, as criações simbólicas dos homens pré-históricos não 
devem ser consideradas linguagem porque precedem a criação de um sistema. 
Por outro lado, ao abordar as questões culturais e históricas, Clifford Geertz afirma que a 
cultura foi responsável por "criar” o homem e isso porque, na concepção de estudiosos, o 
epicentro da evolução humana foi o desenvolvimento da linguagem como meio de 
comunicação e, portanto, início da cultura. Em meio a isso, é possível afirmar que as 
necessidades de memorização e comunicação foram responsáveis por estender a linguagem à 
forma escrita, fenômeno que ocorreu em um primeiro momento em sociedades 
economicamente estabilizadas. 
1 
 
No entanto, não existem apenas sistemas alfabéticos, exemplo disso são os sistemas 
simbólicos, dentre eles, por exemplo, o braile, a sinalização de trânsito e mapas. Além disso, é 
possível falar de “sinais naturais” nos quais a interpretação cultural é o fator principal para 
que haja compreensão. Percebe-se, então, a atuação da interpretação dentro de uma cultura, o 
que, para o autor, explica que a transmissão de significado depende essencialmente das 
convenções sociais a que é exposta. 
Por fim, Marcondes levanta um questionamento acerca da existência, ou não, de uma 
linguagem universal inata que atenderia todos os seres humanos sem diferenças culturais. 
Através da leitura da obra, há de se concordar que a linguagem é o que mantém os seres 
humanos unidos como um todo na sociedade. É através dela que há a sensação de 
pertencimento, além de possuir elementos subjetivos que, apenas diante de reconhecimento 
cultural, fazem sentido. O texto é imprescindível na demonstração da importância dos 
elementos diversos (culturais, filosóficos e históricos) na linguagem e como a subjetividade é 
um fator presente, por esse motivo, fica claro o subtítulo “Significado e ação para além do 
discurso”, demonstrando como todas as questões abordadas no texto se unem para fazer da 
linguagem um elemento primordial na sociedade e demonstrar seus desdobramentos. 
Danilo Marcondes de Souza Filho é doutor em Filosofia pela University Of St. Andrews, 
U.ST.A., Grã-Bretanha. Além de Filosofia, também atua nas áreas de Linguística, Letras e 
Artes. Possui mais de 40 artigos publicados e 20 livros publicados, entre eles o aqui 
resenhado. É professor associado da Universidade Federal Fluminense e professor titular da 
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isabela Ventura Rodrigues 
Acadêmica do Curso de Psicologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) 
isabelaventura@id.uff.br 
2 
 
REFERÊNCIAS 
GRADISKI, Anatoli Konstantin. MUNDO DA VIDA E INTERSUBJETIVIDADE 
LINGUÍSTICA À LUZ DA TEORIA EVOLUTIVA DE HABERMAS. ​Kínesis - Revista de 
Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia​, [S.L.], v. 3, n. 05, p. 82-91, 30 jul. 2011. 
Faculdade de Filosofia e Ciências. http://dx.doi.org/10.36311/1984-8900.2011.v3n05.4394. 
Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/4394. Acesso 
em: 17 fev. 2021. 
MARCONDES, Danilo. A Linguagem, Essa Desconhecida: filosofia, linguagem, cultura. In: 
MARCONDES, Danilo. ​As Armadilhas da Linguagem​: significado e ação para além do 
discurso. Rio de Janeiro: Zahar, 2017. p. 12-21 (capítulo 1). 
SEVERO, Renata Trindade. Língua e linguagem como organizadoras do pensamento em 
Saussure e Benveniste. ​Entretextos​, Londrina, v. 13, n. 1, p. 80-96, jun. 2013. Disponível 
em: ​http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/viewFile/14495/13156​. 
Acesso em: 16 fev. 2021. 
SOUZA FILHO, Danilo Marcondes de. ​Danilo Marcondes​. Currículo Lattes. 2021. 
Disponível em: ​http://lattes.cnpq.br/1920110904979912​. Acesso em: 16 fev. 2021. 
3 
 
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/viewFile/14495/13156
http://lattes.cnpq.br/1920110904979912

Outros materiais

Outros materiais