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Prova DIP 1

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - IRID
Direito Internacional Público I – PLE 2020 Prof. Jean Pontes
Discente: Guilherme de Souza Pereira Sangiovanni – DRE 118165328
 (
Instruções para Envio Eletrônico da Avaliação
A prova é disponibilizada neste dia 22.10.2020 (quinta-feira), a partir de quando os alunos terão até às 23h59min do dia 29.10.2020 (quinta-feira) para enviar suas respostas ao e-mail
 
ufrj.ple.dip1@gmail.com
. E-mails recebidos após essa data serão desconsiderados. No campo “Assunto” do e-mail, o aluno deve utilizar a seguinte estrutura:
DIP 1 – Avaliação [
Nome e Sobrenome do Aluno – DRE
]
Exemplo: DIP 1 – Avaliação [Jean Pontes – DRE 123456]
Somente serão aceitos arquivos em formato “.doc” ou “.docx”. 
Arquivos em PDF serão
)
 (
 
desconsiderados.
Todos os arquivos serão submetidos à análise de software de detecção de plágio.
Os alunos poderão citar fontes doutrinárias ou jurisprudenciais, desde que (i) realizada a devida referência segundo as normas da ABNT e (ii) observado o limite de palavras. Tenha em mente que, em geral, respostas completas fazem referência específicas e expressas a dispositivos
)
normativos (tratados, leis domésticas etc.)
A avaliação é individual, de modo que respostas idênticas dadas por diferentes alunos poderão ser desconsideradas.
Desejo uma boa prova!
QUESTÕES
QUESTÃO 1 (Valor: 2 pontos) - A Constituição Federal de 1988 prevê, no seu art. 5.º, inciso LXVII, que “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”. A figura do depositário infiel surgiu em decorrência do contrato de depósito previsto no ordenamento nacional e definido na doutrina como um negócio jurídico por meio do qual a parte depositante transfere à parte depositária a guarda de um objeto móvel, para que seja devidamente conservado e, posteriormente, devolvido. Acerca da possibilidade de prisão do depositário infiel, o Código Civil brasileiro estabelece, em seu art. 652, que “seja o depósito voluntário ou necessário, o depositário que não o restituir quando exigido será compelido a fazê-lo mediante prisão não excedente a um ano, e ressarcir os prejuízos”. Dessa forma, seria, em tese, admissível a prisão do depositário infiel na hipótese de não cumprimento da obrigação de devolver o bem depositado. No entanto, o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) acerca da forma como o ordenamento nacional deve tratar a figura jurídica do depositário infiel considera o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (“Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma obrigação contratual”) e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de São José da Costa Rica (“Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar”), ambos tratados internacionais ratificados em 1992 pelo Estado brasileiro.
Considerando que o texto apresentado tem caráter motivador, redija um texto dissertativo a respeito da prisão civil do depositário infiel na perspectiva do sistema jurídico brasileiro,
especialmente do STF. Em seu texto, responda aos seguintes questionamentos (m 
 600 palavras):
áximo de 
A) É lícita a prisão civil do depositário infiel no Brasil? B) Qual é a natureza jurídica e a posição hierárquica, no ordenamento jurídico brasileiro, do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e do Pacto de São José da Costa Rica?
RESPOSTA:
Apesar do Brasil ser signatário do Pacto de San José da Costa Rica e a mesma externar em seu Artigo 7., que a prisão civil por dívidas só deverá ocorrer em decorrência do não pagamento de pensão alimentícia, a Constituição Federal Brasileira de 1988 afirma que a prisão civil por dívidas pode ser realizada tanto devido ao inadimplemento voluntário de obrigação alimentar, como com o caso de depositário infiel, estabelecendo assim um embate entre o tratado internacional em questão e a norma constitucional do país.
Tratados internacionais para se tornarem normas constitucionais brasileiras, passam por um rito de procedimentos para incorporação à Constituição, de acordo com a Emenda Constitucional Nº 45, de 30 de dezembro de 2004, § 3º. Porém, como a Convenção Americana sobre Direitos Humanas é anterior à Emenda, não foi internalizada passando pelo rito em questão. 
O Supremo Tribunal Federal, conduzido pela figura do Exmo. Sr. Ministro Gilmar Mendes, formula tese, dentro do Recurso Extraordinário 466.343-1, que tratados internacionais assinados anteriormente à Emenda Constitucional Nº 45, de 30 de dezembro de 2004, serão consideradas normas de natureza supralegais. O mesmo anuncia que tratados relativos aos Direitos Humanos, como o Pacto Internacional de Direitos Civis e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos não prevalem sobre a Constituição, tornando o caso da prisão civil do depositário infiel constitucional, lícita.
Contudo, com a designação que esses tratados internacionais são normas supralegais e que todas as outras normas que possibilitam a expedição de um mandado de prisão são infraconstitucionais, predonima, no ordenamento jurídico brasileiro, a norma supralegal sobre a infraconstitucional nesse caso, tornando assim, a prisão civil do depositário infiel ineficaz devido à impossibilidade de ser praticada exatamente pelas leis que emitiriam o mandado de prisão estarem abaixo, hierarquicamente falando, das obrigações do tratado internacional.
QUESTÃO 2 (Valor 2 pontos) O presidente da República brasileira inicia uma viagem pelo continente africano. Seu primeiro compromisso no exterior diz respeito à assinatura de um tratado comercial com a República de Benguela, envolvendo exportação de produtos agrícolas e medicamentos, e ajuda financeira. A República de Benguela é país recém-criado, surgido em decorrência do desmembramento de parte do território de outro país. Um governador de estado federado acompanha a comitiva presidencial, pois tem interesse em um segundo tratado, pelo qual uma sociedade de economia mista do estado-membro participaria das obras de infraestrutura necessárias à organização do novo país. A imprensa não foi informada acerca de qual governador acompanhará o presidente.
Você faz parte da comitiva que acompanha a Presidência. Sua missão é assessorar juridicamente o Presidente, que faz os seguintes questionamentos a você: (i) O Brasil deve reconhecer expressamente a existência do Estado de Benguela para celebração do primeiro ato internacional? (ii) Com qual status normativo o primeiro tratado acima descrito pode ser incorporado ao ordenamento brasileiro? (iii) O governador do estado federado tem autonomia para celebrar o segundo tratado?
Sua resposta global deve observar o l imite máximo de 600 palavras.
RESPOSTA:
Relativamente ao reconhecimento da existência do Estado de Benguela, podemos afirmar que, no Direito Internacional, não existe uma norma jurídica que estipule que determinado país reconheça um Estado num certo momento. Tomando como norte a Convenção de Montevidéu de 1933 sobre os Direitos e Deveres do Estado, a capacidade que um Estado possui de estabelecer relações diplomáticas com outros países também é um fator que o define como ator do Direito Internacional. Portanto, não é necessário que o Brasil reconheça o Estado de Benguela expressamente para celebrar acordos internacionais. Somente ao chegar a um tratado comercial com a então República de Benguela, o Brasil assume que o reconhece como país estabelecendo relações diplomáticas.
Por se tratar da assinatura de um tratado comercial, no qual envolve exportação de produtos agrícolas e medicamentos, além da ajuda financeira, podemos designar que a mesma é um tratado “contrato”, porque terá data limite para se encerrar. Após o fornecimento dessa assistência, o tratado será finalizado. O Supremo Tribunal Federal, por meio do Recurso Extraodinário Nº 80.004, determinou que exatamente esses tratados “contratos” são incorporados, noordenamento jurídico brasileiro, com força de uma lei ordinária. 
A respeito do segundo tratado que um governador de um estado federado tem interesse em firmar, pode-se dizer que o mesmo não tem a autonomia necessária para firmar tal acordo. Segundo o Prof. Dr. José Francisco Rezek, é necessário ser possuidor da carta de plenos poderes, na qual a mesma, expedida pelo Chefe de Estado, concede ao possuidor a qualidade representativa para tratar de acordos internacionais.
QUESTÃO 4 (Valor 2 pontos) Graciliano de Assis, brasileiro naturalizado, foi contratado por Organização Internacional para trabalhar no território nacional como motorista do representante residente da Organização acreditado junto ao governo da República Federativa do Brasil. Após cinco anos de relação empregatícia, Graciliano foi demitido e, por não concordar com as indenizações laborais recebidas, apresentou reclamação à justiça do trabalho brasileira, pleiteando o recebimento de direitos constitucionalmente assegurados. Diante disso, o advogado da Organização invocou imunidade à jurisdição dos tribunais locais, valendo-se da distinção entre “ato de império” e “ato de gestão”. Alegou, ainda, que o acordo de sede em vigor outorgava imunidade para eventuais ações intentadas contra a Organização no Brasil. O patrono do reclamante, por sua vez, lançou mão do disposto no art. 5.º, XXXV, da Constituição Federal (“XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”), bem como do argumento de que tanto o ordenamento jurídico interno quanto o internacional asseguram direitos e garantias fundamentais do ser humano, de que “alimentos” são exemplo eminente. Você é o juiz do caso. Formule sua decisão em no máximo 600 palavras.
RESPOSTA:
A Imunidade de Jurisdição proferida pela defesa da Organização Internacional em questão, que salientou a diferença entre “atos de império” e “atos de gestão”, nos traz a tese, consequentemente, que a imunidade dos Estados está pautada no imaginário que não existe a ideia da hierarquia fundamentada em que um Estado deve prevalecer sobre outro. Todos têm sua jurisdição local e sua respectiva soberania, portanto, impossível exercer a sua jurisdição sobre o outro.
Ademais, a defesa exercida pelo advogado nos traz à tona a imunidade concedida para as Organizações Internacionais. Nas relações entre Organizações Internacionais e seus funcionários, diferentemente das relações entre Estado e funcionário, são garantidas às Organizações imunidades de jurisdição em suas relações trabalhistas. Garantias essas que, segundo os tribunais brasileiros, reconhecem que não existem Cortes específicas no nosso país para tratar de casos semelhantes como esse.
Apesar da defesa do Sr. Graciliano de Assis usar o Art. 5.º, XXXV, da Constituição Federal Brasileira de 1988 e também externar que ordenamentos jurídicos internacionais o resguardam para garantir seus direitos fundamentais, tratados internacionais, na qual o Brasil também faz parte, garantem o privilégio da imunidade de jurisdição das Organizações Internacionais. Diante disso, como juiz, devo destacar a impossibilidade de pleitear reclamação devido à obrigação de concessão de imunidade de jurisdição às Organizações Internacionais.
QUESTÃO 4 (Valor: 2 pontos) Em relação às fontes do direito internacional, responda
 fundamentadamente: A) Em regra, a superveniência de uma norma costumeira pode revogar uma obrigação convencional? B) Sua resposta ao item “A” seria alterada se a referida obrigação convencional estivesse contida na Carta da Nações Unidas? C) Uma instância judiciária internacional pode dirimir uma controvérsia por meio de decisão baseada única e exclusivamente em um precedente proferido pela Corte Interacional de Justiça? Sua resposta global deve observar o limite máximo de 600 palavras.
RESPOSTA:
Nas fontes do Direito Internacional Público, inexiste hierarquia na interação entre costumes internacionais e tratados internacionais, isto é, não há superioridade do Tratado em cima do Costume e vice-versa. Da mesma forma que um Tratado posterior pode revogar um costume anterior, um Costume posterior pode sim revogar um Tratado anterior, na qual vigora a mais recente entre elas.
Uma das exceções conhecidas para este caso está contida na Carta das Nações Unidas, no seu artigo 103, na qual tece considerações exprimindo que, em caso de embate entre uma obrigação resultante de qualquer acordo internacional e uma obrigação resultante da Carta das Nações Unidas, esta última prevaleceria. Logo, a resposta do item “A” seria alterada sim justamente pelo fato de nenhum acordo internacional estar acima da Carta das Nações Unidas.
Ademais, no Direito Internacional Público, uma decisão a ser tomada por uma determinada instância judiciária internacional, pode usar casos antigos oriundos da Corte Internacional de Justiça para se nortear. Porém, as instâncias judiciárias em questão devem se atentar que os Costumes e Tratados Internacionais são suas principais fontes formais dentro do Direito Internacional.
O Artigo 38 da Corte Internacional de Justiça, sob ressalva da disposição do Artigo 59, expressa que a Corte Internacional de Justiça é um meio auxiliar para determinação das regras de direito nas decisões judiciárias, ou seja, uma forma de ajudar a resolver conflitos. Diante disso, uma instância jurídica internacional não pode se basear única e exclusivamnete em precedentes proferidos pela Corte Internacional de Justiça para resolver controvérsias. Uma instância jurídica internacional deve decidir principalmente de acordo com Costumes e Tratados Internacionais, e não unicamente em decisões anteriores da Corte Internacional de Justiça.
QUESTÃO 5 (Valor: 2 pontos): Considere que o Brasil, a Argentina e a Venezuela tenham assinado um tratado sobre cooperação em matéria científica. Nesse tratado, constava cláusula segundo a qual o instrumento somente entraria em vigor quando todos os Estados signatários o ratificassem. O Brasil e a Argentina ratificaram-no, mas a Venezuela não.
Você é assessor jurídico do Ministério das Relações Exteriores, e deve emitir parecer quanto à possibilidade de o Brasil exigir que a Venezuela não frustre o objeto e a finalidade do tratado. Com base em seus conhecimentos de Direito Internacional, especialmente no que concerne à Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados de 1969, redija o parecer solicitado.
RESPOSTA:
Um Tratado Internacional advém do acordo internacional entre os Estados soberanos na qual firmaram determinado pacto. O Estado Venezuelano, ao firmar o compromisso de fazer parte desta cooperação, assume que concorda com todos os seus termos explicitados no mesmo. Todos os Estados supracitados consentiram ao realizar tal acordo antes da sua entrada em vigor. 
Ao escolher assinar o tratado e não ratificá-lo, o Estado Venezuelano viola exatamente o Artigo 18 da Convenão de Viena sobre Direito dos Tratados de 1969, na qual afirma que um Estado não pode realizar ações que venham frustrar o objeto e a finalidade de um Tratado. Para enfatizar tal afirmação, a mesma tinha o conhecimento da cláusula que externava que o acordo somente entraria em vigor quando todos os Estados o tivessem ratificado.
Embora a Venezuela não seja signatário da Convenção de Viena, isso não a exclui de sua obrigação com o acordo, pois a Convenção nada mais é que um arranjo de costumes internacionais, na qual engloba toda a comunidade internacional. Diante disso, como assessor jurídico do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, devo alertar que o Brasil pode exigir ao Estado Venezuelano, conduzindo com o princípio fundamental da boa fé, que a mesma não venha a frustrar o acordo internacional multilateral firmado entre as partes.
Importante
A o enviar suas respostas verifique se o seu e-mail e arquivo atendem às instruções para s ubmissão.

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