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CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELÉCTRICA Relatório do Estágio Profissional ESTUDO E ANÁLISE DA POSSIBILIDADE DE MELHORIA DE SISTEMA DE PROTECÇÃO CONTRA INCÊNDIO NOS TRANSFORMADORES PRINCIPAIS DE 160 MVA DA CENTRAL DA HCB AUTOR: SUPERVISOR: Anselmo José Simango Eng°. Acácio Mavenda Songo, Janeiro de 2019 CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELÉCTRICA Relatório do Estágio Profissional ESTUDO E ANÁLISE DA POSSIBILIDADE DE MELHORIA DE SISTEMA DE PROTECÇÃO CONTRA INCÊNDIO NOS TRANSFORMADORES PRINCIPAIS DE 160 MVA DA CENTRAL DA HCB AUTOR: Anselmo José Simango SUPERVISOR: Eng°. Acácio Mavenda Songo, Janeiro de 2019 CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELÉCTRICA Relatório do Estágio Profissional ESTUDO E ANÁLISE DA POSSIBILIDADE DE MELHORIA DE SISTEMA DE PROTECÇÃO CONTRA INCÊNDIO NOS TRANSFORMADORES PRINCIPAIS DE 160 MVA DA CENTRAL DA HCB Autor: Anselmo José Simango O PRESIDENTE DA MESA DE JÚRI: _______________________________________________ Prof. Doutor Francisco Vieira O SUPERVISOR: ______________________________________________ Eng.º Acácio Mavenda O EXAMINADOR: ______________________________________________ Songo, Janeiro de 2019 Trabalho submetido ao Instituto Superior Poli- técnico de Songo para sua aprovação pelos membros do Júri, como requisito parcial para a aquisição do grau de Licenciado em Enge- nharia Eléctrica. CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELÉCTRICA TERMO DE ENTREGA DO RELATÓRIO DO ESTÁGIO PROFISSIONAL Declaro que o estudante ______________________________________entregou no dia ___ /___ /2019 as cópias do relatório do seu Estágio Profissional com referên- cia:____________________,intitulado:_______________________________________ ______________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ Songo, ______ de ____________________2019 O Chefe da Secretaria __________________________________________ i Dedicatória Dedico de forma especial este trabalho aos meus Pais “José Simango & Rabeca Taimo Muthisse” e meus irmãos pelo apoio incondicional e prontidão em ajudar em tudo quanto foi necessário. ii Agradecimentos Agradeço, em primeiro lugar, à Deus todo-poderoso pelo dom da vida, saúde e sabedo- ria para enfrentar os desafios da vida. Agradeço em especial ao meu supervisor, Engo. Acácio Mavenda, por ter me acompanhado e orientado com muita paciência e zelo, para a materialização do presente relatório de estágio, durante o período do meu estágio, bem como para a sua apresentação. Ao Engº. Adérito Machaeie, pela sua colaboração e incentivo com o fornecimento de material didáctico, o meu muito obrigado. Os meus agradecimentos abrangem a todos os colaboradores da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, especialmente aos do (DGE-MEL), técnico Marcelino pelas directrizes, os técnicos Lourenço, Bacalhau, Cipriano, Mário, Fuleza, Abrão, Casal, que tornaram realidade a conciliação da teoria com a prática e pela dedicação e desempenho na transmissão do conhecimento. Aos docentes do ISPSongo e UEM, concretamente aos do departamento de Engenha- ria Eléctrica, por terem contribuído de forma positiva para a minha formação, através da transmissão do seu saber e pelo acompanhamento, muito obrigado. Agradecer também a todos os colegas e amigos do ISPSongo, Daniel Dzucule pelas valiosas contribuições e ideias que enriqueceram este trabalho, Felipe Pawandiua, Dio- nísio Bulo, Alberto Paissen, Joubert Mavambe pela amizade, companheirismo e por tudo que junto passamos. Agradecimento especial também vai aos meus pais e irmãos que de forma incansável, apoiam em todas minhas escolhas, dando a força necessária para a materialização dos meus sonhos. iii Resumo O presente trabalho é resultado do Estágio Profissional efectuado na Hidroeléctrica de Cahora Bassa, na Direcção de Geração - Manutenção Eléctrica, cujo tema é: Estudo e análise da possibilidade de melhoria de sistema de protecção contra incêndio nos trans- formadores principais de 160 MVA da central da HCB, tem como objectivo identificar os sistemas de protecção contra incêndio nos transformadores principais de 160 MVA da central e avaliar no mercado existentes e propor melhoria caso aplicável. Numa primeira fase trata-se de aspectos gerais do transformador de potência de tal modo que se tenha uma visão geral do equipamento, protecções eléctricas do transformador de potência e modos de refrigeração. Foi feito no presente trabalho tendo sido destacados os pontos a melhorar no sistema de protecção contra incêndio nos transformadores principais, o estudo centra-se na te- mática da protecção contra incêndios nos transformadores de potência. Dada a impor- tância e pelo alto custo deste equipamento, faz-se necessário que o projecto e aplica- ção deste sejam feitos de forma correcta, minimizando ou eliminando, assim, perda de vida humana, financeira e riscos às instalações. Depois faz-se a análise do funciona- mento do sistema automático actual de detecção e extinção de incêndio nos transfor- madores principais. Após a análise feita ao sistema de protecção contra incêndio actualmente empregue faz-se a proposta da implementação de um sistema de prevenção contra explosão e incêndio nos transformadores de potência usando o sistema Transformador Protector, e por fim faz-se avaliação do custo benefício do projecto olhando para a viabilidade económica do projecto. Palavras-chave: Transformador, transformador protector, explosão, protecção iv Organização dos capítulos Capítulo 1 Introdução Este capítulo descreve os objectivos (geral e específicos), delimitação do tema a meto- dologia usada para a elaboração deste trabalho e por fim trata de problemática e justifi- cativa do presente trabalho. Capítulo 2 Contextualização histórica e geográfica No segundo capítulo, faz-se a descrição do empreendimento da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, localização geográfica da barragem, central de geração, características dos grupos geradores. Capítulo 3 Transformador de potência Neste capítulo, trata-se dos conceitos fundamentais do transformador de potência no geral, a sua aplicação, componentes básicos de um transformador de potência e por fim o princí- pio de funcionamento do transformador. Capitulo 4 Generalidade sobre os transformadores principais de 160 MVA da central da HCB Este capítulo trata especificamente dos transformadores principais de 160 MVA, ligação dos transformadores monofásicos em bancos trifásicos, vantagens e desvantagens desta liga- ção e por fim das protecções empregues nesses transformadores. Capítulo 5 Potenciais causas e consequências de incêndio nos transformado- res de potência O quinto capítulo trata de potenciais causas e consequências de incêndio nos transformado- res de potência, os impactos que um incêndio no transformador pode resultar. Capítulo 6 Sistema automático de detecção eextinção de incêndio aplicado nos transformadores principais Neste capítulo, trata-se de sistema automático de detecção e extinção de incêndio em uso nos transformadores principais 160 MVA, olhando para a composição do sistema, v dispositivos empregues, estágios de funcionamento do sistema e por fim descreve-se o modo de funcionamento do mesmo. CapÍtulo 7 Proposta de melhoria O sétimo capítulo trata da proposta de melhoria de sistema de protecção contra incên- dio nos transformadores principais de 160 MVA, analisar no mercado fabricantes que existem e escolher um para implementação do projecto, faz-se a descrição do sistema proposto nesse trabalho, modo de funcionamento do sistema, e suas componentes principais. Capítulo 8 Avaliação do custo/benefício do projecto Neste capítulo, faz-se a análise do custo benefício do projecto proposto no capítulo 7 para se chegar a uma conclusão sobre a viabilidade económica do projecto. Capítulo 9 Conclusão e Recomendações Neste capítulo, encontra-se a conclusão e recomendações de algumas notas consideradas importantes durante o desenvolvimento do presente trabalho, que são relevantes e neces- sários para o bom funcionamento do sistema quando for implementado. Capítulo 10 Bibliografia Neste capítulo encontram-se as referências bibliográficas utilizadas na elaboração deste trabalho. vi Índice Pág. Dedicatória ....................................................................................................................... i Agradecimentos ............................................................................................................... ii Resumo .......................................................................................................................... iii Organização dos capítulos ............................................................................................. iv Lista de símbolos ............................................................................................................. x Lista de abreviaturas ...................................................................................................... xi Lista de figuras .............................................................................................................. xii Lista de tabela .............................................................................................................. xiii Lista de gráfico ............................................................................................................. xiii Lista de anexo .............................................................................................................. xiv 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1 1.1. Objectivos ........................................................................................................... 2 1.1.1. Geral ............................................................................................................ 2 1.1.2. Específicos................................................................................................... 2 1.2. Delimitação do trabalho ...................................................................................... 3 1.3. Metodologias ...................................................................................................... 4 1.4. Problemática e Justificativa ................................................................................ 4 2. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E GEOGRÁFICA ............................................ 5 2.1. Barragem ............................................................................................................ 6 3. TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA ........................................................................ 7 3.1. Aplicação do transformador ................................................................................ 7 3.2. Aspectos construtivos do transformador ............................................................ 8 3.2.1. Tanque principal ou cuba ............................................................................. 8 3.2.2. Tanque de expansão do transformador ....................................................... 9 3.2.3. Tanque de expansão do comutador ............................................................ 9 3.2.4. Núcleo .......................................................................................................... 9 vii 3.2.5. Enrolamentos ............................................................................................. 10 3.2.6. Comutador de derivação ............................................................................ 10 3.2.7. Trocador de calor ....................................................................................... 11 3.2.8. Buchas de alta e baixa tensão ................................................................... 11 3.3. Princípio de funcionamento do transformador .................................................. 11 4. GENERALIDADES SOBRE OS TRANSFORMADORES PRINCIPAIS .................. 14 4.1. Ligação dos transformadores monofásicos em bancos trifásicos .................... 14 4.1.1. Vantagens da montagem de transformadores monofásicos em bancos trifásicos .................................................................................................................. 15 4.1.2. Desvantagem da montagem de transformadores monofásicos em bancos trifásicos .................................................................................................................. 16 4.2. Sistema de refrigeração dos transformadores principais .................................. 16 4.2.1. Composição do sistema de refrigeração dos transformadores principais .. 17 4.3. Protecção dos transformadores principais ....................................................... 17 4.3.1. Protecção diferêncial ................................................................................. 17 4.3.2. Relé buchholz ............................................................................................ 19 5. POTENCIAIS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DE EXPLOSÃO E INCÊNDIO NOS TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA........................................................................ 21 5.1. Causas de incêndio em transformadores de potência...................................... 21 5.1.1. Causas internas ......................................................................................... 21 5.1.2. Causas externas ........................................................................................ 22 5.2. Consequências de incêndio em transformadores de potência ......................... 22 5.2.1. Impactos negativos na empresa ................................................................ 23 5.2.2. Impactos negativos aos seres humanos .................................................... 23 5.2.3. Impactos negativos ao meio ambiente ....................................................... 23 5.2.4. Impactos negativos em equipamentos e estruturas ................................... 24 6. SISTEMA AUTOMÁTICO DE DETECÇÃO E EXTINÇÃO DE INCÊNDIO APLICADO AOS TRANSFORMADORES PRINCIPAIS (SADEI) ..................................................... 25 viii 6.1. Composiçãodo sistema automático de detecção e extinção de incêndio aplicado nos transformadores principais .................................................................... 25 6.2. Dispositivos de extinção de incêndio empregues ............................................. 26 6.2.1. Coroa de pulverização ............................................................................... 26 6.2.2. Dispositivo de alimentação das coroas ...................................................... 26 6.2.3. Dispositivo de sobrepressão do reservatório da água ............................... 27 6.3. Funcionamento do sistema de extinção de incêndio ........................................ 28 6.3.1. Modo automático de extinção de incêndio ................................................. 28 6.3.2. Modo manual de extinção de incêndio ....................................................... 28 6.4. Conclusão do sistema de protecção contra incêndio aplicado aos transformadores principais ......................................................................................... 29 7. PROPOSTA DE MELHORIA .................................................................................. 30 7.1. Escolha do fabricante ....................................................................................... 31 7.2. Imagens ilustrativas de sistema de prevenção e extinção de incêndio nos transformadores de potência de cada fabricante ....................................................... 32 7.3. Sistema de prevenção de explosão e incêndio em transformadores de potência do fabricante SERGI .................................................................................................. 33 7.3.1. Análise detalhada do sistema proposto ..................................................... 34 7.3.2. Transformador protector ............................................................................ 35 7.3.3. Activação do transformador protector ........................................................ 36 7.3.4. Disco de ruptura ......................................................................................... 37 7.3.5. Injecção de gás do nitrogénio .................................................................... 38 8. AVALIAÇÃO DO CUSTO/BENEFÍCIO DO SISTEMA PROPOSTO ....................... 41 8.1. Custo de sistema de protecção contra incêndio nos transformadores principais 41 8.2. Custo médio derivado de um incêndio em um transformador de potência sem o sistema de protecção contra incêndio (CT) ................................................................ 42 8.3. Custo máximo esperado quando ocorre uma explosão em um transformador que possui o sistema de protecção contra incêndio (CTP) ........................................ 43 ix 8.4. Resultados esperados ...................................................................................... 44 9. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................. 46 9.1. Conclusão ........................................................................................................ 46 9.2. Recomendações............................................................................................... 47 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 48 10.1. Outras Bibliografias Consultadas .................................................................. 49 Anexos .......................................................................................................................... 50 x Lista de símbolos Grandeza Unidade Símbolo Corrente Ampere A Energia Megawatt-hora MWh Frequência Hertz Hz Potência aparente Megavolt-amper MVA Potência activa Kilowatt kW Tempo Milissegundos ms Temperatura Graus centígrados ℃ Tensão Volts V Velocidade de rotação Rotações por minuto rpm xi Lista de abreviaturas ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ANPC Autoridade Nacional de Protecção Civil ANSI American Nacional Standards Institute AT Alta Tensão BT Baixa Tensão CC Corrente Continua CA Corrente Alternada DGE – MEL Direcção de Geração – Manutenção Eléctrica GG Grupo Gerador HVDC High Voltage Direct Current HCB Hidroeléctrica de Cahora Bassa IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers IEC Institute Electrical Comission NFPA National Fire Protection Association SADEI Sistema Automático de Detecção e Extinção de Incêndios SAEI Sistema Automático de Extinção de Incêndios SERGI Société Générale d'Etudes et de Réalisations Industrielles TP Transformador Protector TC Transformador de Corrente TT Transformador de Tensão xii Lista de figuras Figura 2.1 – Localização geográfica da barragem de Cahora Bassa…………………… 6 Figura 3.2 – Estrutura básica de um transformador………………………………………. 7 Figura 3.3 – Desenho esquemático de um transformador de potência…………………..8 Figura 3.4 – Circuito magnético do transformador (Núcleo)……………………………... 9 Figura 3.5 – Enrolamentos do transformador (Bobinas)…………………………………. 10 Figura 3.6 – Comutador de derivação……………………………………………………… 11 Figura 3.7 – Circuito magnético……………………………………………………………...12 Figura 4.8 – Transformadores monofásicos ligados em banco trifásico……………….. 15 Figura 4.9 – Sistema de circulação do óleo de refrigeração dos transformadores principais de 160 MVA da central da HCB…………………………………………………. 17 Figura 4.10 – Protecção diferencial no transformador monofásico…………………….. 18 Figura 4.11 – Relé buchholz………………………………………………………………… 19 Figura 4.12 – Esquema de funcionamento do relé buchholz……………………………. 20 Figura 6.13 – Garrafas de 𝐶𝑂2……………………………………………………………… 27 Figura 7.14 – SERGI………………………………………………………………………… 32 Figura 7.15 – Transformer protector corporation…………………………………………. 32 Figura 7.16 – Legenda de transformador protector………………………………………. 35 Figura 7.17 – Transformador protector…………………………………………………….. 36 Figura 7.18 – Disco de ruptura……………………………………………………………… 37 Figura 7.19 – Lógica de injecção de gás do nitrogénio………………………………….. 38 Figura 7.20 – Diagrama de sistema de protecção com TP e sem TP………………….. 39 Figura 7.21 – Etapas de funcionamento de transformador protector…………………... 40 xiii Lista de tabela Tabela 7.1 – Fabricantes do sistema de prevenção contra explosão e incêndio de transformadores de poência .......................................................................................... 32 Tabela 7.2 – Síntese da análise dos critérios para cada fabricante .............................. 33 Tabela 7.3 – Vantagens e desvantagens do sistema SERGI........................................ 34 Lista de gráfico Gráfico 1: Pressão dinâmica dentro do transformador .................................................22 Gráfico 2: Custo benéficio ............................................................................................ 44 xiv Lista de anexo Anexo 1: Esquemas de sistema de refrigeração dos transformadores principais ........ 51 Anexo 2: Esquemas de modo de actuação do sistema de extinção de incêndio nos transformadores principais ............................................................................................ 52 Anexo 3: Componentes do transformador principal ...................................................... 55 Anexo 4: Boletim de análise de óleo do transformador principal .................................. 57 Anexo 5: Diagrama de ligação do sistema SERGI ....................................................... 58 Anexo 6: Transformador protector ................................................................................ 59 Anexo 7: Certificado de actuação com sucesso do sistema transformador protector da SERGI .......................................................................................................................... .62 Anexo 8: Actividades realizadas durante o estágio ...................................................... 65 Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 1 de 50 1. INTRODUÇÃO Os transformadores principais, representam um dos principais equipamentos do sistema de produção de energia eléctrica da empresa, uma falha deste equipamento poderá resultar em grandes prejuízos materiais e de receita, impactos negativos ao meio ambiente e risco de vida dos técnicos da empresa, isto é, por causa das características desses transformadores cujo isolamento e refrigeração é a óleo. O tema “Estudo e análise da possibilidade de melhoria de sistema de protecção contra incêndio nos transformadores principais de 160 MVA da central da HCB” surge, como resposta á necessidade de realizar um relatório de estágio profissional e para melhorar o sistema de protecção dos transformadores principais contra explosão e incêndio implementando um sistema de prevenção contra explosão e incêndio, o de- senvolvimento deste tema será uma valia para a empresa visto que este sistema irá garantir uma segurança no processo de producão de energia eléctrica. O presente trabalho, faz uma descrição genérica da central da HCB dando mais enfase para os transformadores principais, apresentando sua constituição básica, princípio de funcionamento, modos de refrigeração, protecções empregues, ligação em bancos trifá- sicos, potenciais causas e consequências de incêndio, e análise de modos de actuação do sistema de protecção contra incêndio. Os transformadores principais, desempenham um papel fundamental na HCB, elevam o nível de tensão gerada de 16 kV para 220 kV para uma posterior transmissão à Sub- estação de Songo. Tendo em vista a importância desse equipamento e seu custo elevado, faz-se necessá- rio a implementação de vários sistemas de protecção eléctrica e prevenção contra ex- plosão. O incêndio nos transformadores de potência além de causar a indisponibilidade do transformador afectado, se não for rapidamente extinto, poderá alastrar-se e atingir outros equipamentos da central elevando ainda os custos de manutenção correctiva, e ou mesmo subestituição de equipamentos. Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 2 de 50 1.1. Objectivos 1.1.1. Geral O presente trabalho tem como objectivo identificar os sistemas de protecção contra in- cêndio aplicados nos transformadores principais de 160 MVA da central e avaliar no mercado opções existentes para salvaguarda da integridade dos transformadores e propor melhoria caso aplicável. 1.1.2. Específicos De modo a alcançar o objectivo geral, o presente trabalho apresenta os seguintes ob- jectivos específicos: Apresentar a constituição dos transformadores de potência no geral; Dissertar sobre o sistema de protecção contra incêndios implantado nos trans- formadores principais de 160 MVA da central da HCB; Estudar os sistemas de prevenção de explosão e incêndio existentes no merca- do; Avaliar os sistemas de prevenção de explosão e incêndio existentes no mercado; Propor melhorias e/ou soluções de acordo com os resultados obtidos do estudo e avaliação; Analisar a viabilidade económica do sistema proposto. Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 3 de 50 1.2. Delimitação do trabalho Neste trabalho tratar-se-á das protecções contra incêndio nos transformadores princi- pais, estando focalizado primeiramente nos conceitos básicos do transformador, e de- pois nos tópicos relacionados a algumas protecções eléctricas dos transformadores, potenciais causas e consequências de explosões e incêndios em transformadores de potência, prevenção e extinção de incêndio nos transformadores principais. Não constitui objecto deste trabalho estudar detalhadamente o transformador em todos os seus aspectos construtivos. Porém, serão focalizados de maneira clara e simples alguns componentes considerados principais do transformador, de tal modo que se te- nha uma visão geral desse equipamento. Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 4 de 50 1.3. Metodologias O relatório do estágio profissional faz parte do processo de culminação dos estudos em Engenharia Eléctrica no Instituto Superior Politécnico de Songo -Tete. A sua efectivação encerra-se no estágio profissional efectuado na central da HCB, na Direcção de Geração – Manutenção Eléctrica (DGE-MEL), no período de 5 meses, de 21 de Maio até 21 de Outubro de 2018. Para a prossecução deste relatório recorreu-se a uma série de fontes de informação, nomeadamente: Leituras de trabalhos e dissertações com temas relacionados com transformador e protecções contra incêndio nos transformadores de potência; Pesquisas na internet, no arquivo técnico da empresa HCB e através de inquéri- tos aos Engenheiros e técnicos da empresa; Conhecimentos adiquiridos ao longo da formação. 1.4. Problemática e Justificativa Os transformadores principais, localizam-se num espaço confinado, tratando-se de equipamentos com quantidade de óleo elevada, e no caso de ocorrência de incêndio dificulta a sua extinção por parte dos bombeiros, sendo que o sistema de protecção contra incêndio empregue nos transformadores principais de 160 MVA não está munido de sistemas de prevenção contra explosão e incêndios, face a essa constatação pretente-se equacionar e estudar a possibilidade de instalar-se um sistema de prevenção contra explosão e extinção de incêndio nos transformadores principais, no pressuposto de verificar-se o custo benefício de prevenção relactivamente a correcção.Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 5 de 50 2. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E GEOGRÁFICA A central da Hidroeléctrica de Cahora Bassa é uma das maiores cavernas construídas pelo homem com 220 m de comprimento, 29 m de largura e 60 m de altura situada na margem sul do Rio Zambezi. No interior da caverna estão instalados 5 Grupos Gerado- res (GG) cada um destes GG é formado por uma turbina tipo Francis, de fabrico euro- peu pelas companhias ALSTOM e ZOICO, acoplada directamente a um alternador trifá- sico, fabricado pelas companhias ALSTOM, BBC, SIEMENS e AEG com seguintes ca- racterísticas: Potência da turbina……………………………….415 MW Potência do alternador……………………………480 MVA Velocidade nominal (rotação dos grupos) ……107,11 rpm Nível de descarga………………………………….452 m³/s Frequência…………………………………………..50 Hz Factor de potência (cosφ) ………………………..0,85 Indutivo Tensão nominal do alternador principal…………16 kV A energia eléctrica produzida por cada GG a uma tensão de 16 kV, é transformada e elevada a um nível de 220 kV por transformadores de potência de 160 MVA/fase, e através de cabos 220 kV a óleo a energia é transmitida até a plataforma de transição onde é seccionada e transmitida para alimentar a subestação conversora de songo. Cada GG possui uma tomada de água, a qual se segue uma conduta forçada de sec- ção circular 9,7 m de diâmetro, 170 m de comprimento e declive de 45º. Munisse, (SD) Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 6 de 50 2.1. Barragem O empreendimento da Hidroeléctrica de Cahora Bassa está situado a 120 km da cidade de Tete, na província com o mesmo nome, distrito de Cahora-Bassa localidade de Son- go com as coordenadas geográficas 33°E, 15°S como ilustrado na figura 2-1. O empre- endimento consiste essencialmente em: Barragem sobre o rio Zambeze; Central Sul - 2075 MW, 5 grupos geradores de 415 MW; Subestação conversora do Songo; Duas linhas de transmissão em corrente contínua para a África do Sul; Uma linha de transmissão em corrente alternada para o Zimbabwe; Duas linhas de transmissão em corrente alternada para as regiões centro e norte de Moçambique. Figura 2.1 – Localização geográfica da barragem de Cahora Bassa Fonte: Manual da ZAMCO Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 7 de 50 3. TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA Um transformador é um dispositivo que converte, por meio da acção de um campo magnético, a energia eléctrica CA de uma dada frequência e nível de tensão em ener- gia eléctrica CA de mesma frequência, mas outro nível de tensão. Ele consiste em duas ou mais bobinas de fio enroladas em torno de um núcleo ferromagnético comum. Essas bobinas (usualmente) não estão conectadas diretamente entre si. Um dos enrolamentos do transformador é ligado a uma fonte de energia eléctrica CA e o segundo enrolamen- to do transformador fornece energia às cargas. O enrolamento do transformador ligado à fonte de energia é denominado enrolamento primário ou enrolamento de entrada e o enrolamento conectado às cargas é denominado enrolamento secundário ou enrola- mento de saída. (Chapman, 2013) Figura 3.2 – Estrutura básica de um transformador Fonte: Chapman, 2013 3.1. Aplicação do transformador Os transformadores de potência têm uma aplicação, como por exemplo, na saída de uma central eléctrica, na qual o transformador de potência eleva a tensão para com isso diminuir a corrente e consequentemente diminuir as perdas por efeito Joule no condutor que estará transmitindo energia. Esta elevação de tensão proporcionará uma diminui- ção de custos de transmissão e uma melhor eficiência, na distribuição de energia eléc- trica. Os transformadores de potência são igualmente bastante usados para baixar o nível de tensão para utilização pelos consumidores. N1 N2 Núcleo Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 8 de 50 3.2. Aspectos construtivos do transformador Além da teoria básica, é importante o entendimento de aspectos construtivos dos trans- formadores de potência para o seguimento deste trabalho, pois a protecção deste equi- pamento visa exactamente garantir a integridade física do mesmo e das instalações. Figura 3.3 – Desenho esquemático de um transformador de potência Fonte: Bechara, 2010 3.2.1. Tanque principal ou cuba Trata-se de um tanque de aço preenchido com óleo isolante, onde a parte activa, con- junto formado pelas bobinas e o núcleo, é imerso, além de ser o elemento que transmi- te para o ar o calor produzido pelas perdas. Serve também de estrutura de suporte para os acessórios e demais componentes do equipamento. Buchholz Bucha de alta tensão Bucha de baixa tensão Parte activa Óleo do trans- formador Tanque de expan- são do transfor- mador Tanque de expan- são do comutador derivação Tanque principal Trocador de calor Comutador de de- rivação Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 9 de 50 3.2.2. Tanque de expansão do transformador Tanque de expansão de óleo permite a expansão do volume de óleo do transformador por conta de variações de temperatura a que o equipamento é submetido, e também tem como finalidade, suprir pequenos vazamentos de óleo no transformador, acomodar as dilatações do óleo produzido pela variação da temperatura. 3.2.3. Tanque de expansão do comutador Tem a mesma função do tanque de expansão do tanque principal, porém, neste caso actua para o óleo do comutador. 3.2.4. Núcleo O núcleo é uma das partes activas do transformador, este é composto por chapas de aço especial, dito aço do transformador sobrepostas e isoladas através de verniz, sen- do este mais usado nos transformadores de potência para o isolamento devido a maior resistência ao calor e resistência mecânica. O núcleo tem como função criar um cami- nho fácil para o circuito magnético, fazer o acoplamento magnético entre os enrolamen- tos, minimizar as correntes de Foucalt e dar sustentação mecânica aos enrolamentos. Figura 3.4 – Circuito magnético do transformador (Núcleo) Fonte: HCB Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 10 de 50 3.2.5. Enrolamentos Os enrolamentos são a outra parte activa do transformador, são bobinas cilíndricas for- madas por condutores de cobre, estes são isolados por papel e envernizados e são compostos de espiras, normalmente de cobre, de secção circular ou retangular. As es- piras formam várias bobinas dos circuitos primário e secundário para transformadores monofásicos e trifásicopara o caso de transformadores de três enrolamentos, a relação entre o número de espiras dos diversos enrolamentos do transformador define os níveis de tensão de operação. Figura 3.5 – Enrolamentos do transformador (Bobinas) Fonte: HCB 3.2.6. Comutador de derivação Segundo IEC 60214-1 apud (Reinhusen, 2015), comutador de derivação (Tap Changer) é um dispositivo que proporciona a regulação de tensão através de derivação num dos enrolamentos do transformador, normalmente o enrolamento de alta tensão, sem inter- rupção do fluxo de carga. Para tanto, os comutadores de derivação em carga são inte- grados a transformadores e ligados à parte activa do transformador, sendo com isso possível, por exemplo, compensar as oscilações de tensão que ocorrem nas redes de transmissão de energia. Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 11 de 50 Figura 3.6 – Comutador de derivação Fonte: Bechara, 2010 3.2.7. Trocador de calor São radiadores em chapas de aço fixados no tanque principal, cuja função é aumentar a área de dissipação do calor gerado pelas perdas internas do transformador. O óleo mineral é forçado a circular por dentro desses radiadores, trazendo o calor dissipado no núcleo e enrolamento do transformador, sendo refrigerado nos radiadores, que são igualmente denominados trocadores de calor. 3.2.8. Buchas de alta e baixa tensão De acordo com (Silva, 2007) bucha é um dispositivo utilizado para fazer a passagem de um condutor electricamente energizado em AT ou BT através de alguma barreira ligada à terra ou em potencial eléctrico muito diferente do potencial eléctrico do condutor. Uma bucha deve fornecer isolamento eléctrico para a tensão nominal e eventuais sobreten- sões do sistema e serve igualmente como suporte mecânico para os condutores e liga- ções externas. 3.3. Princípio de funcionamento do transformador O princípio de funcionamento do transformador é o fenómeno conhecido como indução eletromagnética, este fenómeno origina a produção de uma força electromotriz (f.e.m. Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 12 de 50 ou tensão), quando um circuito é submetido a um campo magnético variável. Os trans- formadores monofásicos consistem de dois enrolamentos, o primário e o secundário, que geralmente envolvem os braços de um quadro metálico, o núcleo. Uma tensão aplicada ao primário produz um campo magnético proporcional à intensidade dessa cor- rente e ao número de espiras do enrolamento. Através do metal, o fluxo magnético quase não encontra resistência e, assim, concentra-se no núcleo em grande parte, e chega ao enrolamento secundário com um mínimo de perdas, ocorre então, a indução electromagnética e no secundário surge uma corrente eléctrica, que varia de acordo com a corrente do primário. (Chapman, 2013) Figura 3.7 – Circuito magnético Fonte: Chapman, 2013 Dada a essas suposições, na forma matemática, isto é, quando uma tensão variavel no tempo for aplicada aos terminais do primário do transformador, então um fluxo deve ser estabelecido no núcleo de modo que 𝑒1 (f.e.m) seja igual a tensão aplicada. Assim, 𝑣1 = 𝑒1 = 𝑁1 𝑑𝜑 𝑑𝑡 (1) O fluxo do núcleo também concatena o secundário produzindo uma (f.e.m) induzida 𝑒2 e uma outra tensão iqual 𝑣2 nos terminais do secundário, dadas por 𝑣2 = 𝑒2 = 𝑁2 𝑑𝜑 𝑑𝑡 (2) Da razão entre as equações acima, vem: 𝑣1 𝑣2 = 𝑁1 𝑁2 (3) Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 13 de 50 As equaçõs acima são tidas, considerando as características normais de operação do transformador, no final vale a expressão: 𝑎 = 𝑉1 𝑉2 = 𝑁1 𝑁2 = 𝐼2 𝐼1 (4) A transformação do nível de tensão no transformador não pode ou não altera a potência nos dois circuitos de um transformador ideal, portanto, P é igual ao produto da tensão, (V), pela corrente, (I). 𝑃 = 𝑉1 × 𝐼1 = 𝑉2 × 𝐼2 (5) Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 14 de 50 4. GENERALIDADES SOBRE OS TRANSFORMADORES PRINCIPAIS Instalados no piso 6, cota 209 da central, encontram-se 15 transformadores de potên- cia, monofásicos, formando 5 bancos trifásicos de 480 MVA, um por cada grupo gera- dor e 2 (dois) transformador de reserva. Esses transformadores elevam o nível de ten- são gerada de 16 kV para 220 kV para uma posterior transmissão por cabos a óleo a plataforma de transição onde é feito o seccionamento e transmissão em linha aérea para a subestação de Songo. As características dos transformadores principais da cen- tral da HCB são: Potência........................................................................ 160 𝑀𝑉𝐴; Tensão nominal no primário..........................................16 𝑘𝑉; Tensão nominal no secundário.................................... (230/√3 𝑘𝑉 ± 5%); Corrente nominal no primário…………………………….10 𝑘𝐴 Corrente nominal no secundário....................................1,205 𝑘𝐴; Frequência.....................................................................50 𝐻𝑧; Potência de curto-circuito..............................................20 𝐺𝑉𝐴; Perdas no ferro.............................................................100 𝑘𝑊; Perda no cobre a 75ºC…………………….................... 495 𝑘𝑊; Sobrecarga admissível......15%(1,15 × 480 𝑀𝑉𝐴, 16 𝑘𝑉 𝑒 16 𝑘𝑉 ± 5 % da tensão do gerador); Sobretensão admissível............................................... (480 𝑀𝑉𝐴 𝑒 16 𝑘𝑉 ± 5%); Peso do óleo.................................................................21 𝑇𝑜𝑛; Peso da parte extractível...............................................8, 5 𝑇𝑜𝑛; Peso total.......................................................................4 𝑇𝑜𝑛. 4.1. Ligação dos transformadores monofásicos em bancos trifásicos Os transformadores monofásicos podem ser dispostos em bancos interconectados en- tre si formando equipamentos que promovem a transformação trifásica da tensão. O caso real da HCB em relação ao acoplamento dos transformadores monofásicos é mostrado na figura 4-8. Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 15 de 50 A ligação eléctrica entre o alternador principale os transformadores principais é garan- tida por meio de um jogo de barras blindadas, onde no seu interior encontram-se os três condutores (R-S-T) que estabelecem a ligação ao transformador. Em cada transformador existe numa travessia um anel de cores que corresponde a uma determinada fase, vermelho, verde, amarelo que correspondem as fases 0-4-8 ou R-S-T, respectivamente. As ligações do lado do primário do transformador são feitas em triângulo (∆) e do lado do secundário em estrela (Y), o ponto neutro do secundário dos transformadores está ligado à terra por meio de um seccionador de terra localizado na cela do neutro de cada banco trifásico de transformadores principais. Figura 4.8 – Transformadores monofásicos ligados em banco trifásico Fonte: HCB 4.1.1. Vantagens da montagem de transformadores monofásicos em bancos trifásicos Os transformadores monofásicos são de fácil transporte, no caso de necessidade de aquisição de novo transformador olhando para o seu tamanho e o peso relactivamente aos transformadores trifásicos; No caso de ocorrência de falha numa das fases, é feita a substituição duma forma iso- lada de outras unidades o que acarreta custos reduzidos na aquisição de novas bobi- nas por estes serem de menor porte relactivamente a transformadores trifásicos. Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 16 de 50 4.1.2. Desvantagem da montagem de transformadores monofásicos em bancos trifásicos Custos elevados (cuba, algumas protecçõees individualizadas, sistema de refri- geração); Menor eficiência. 4.2. Sistema de refrigeração dos transformadores principais Apesar de ser uma máquina estáctica e de boa eficiência, o transformador não é uma máquina ideal, logo, ao elevar ou baixar o nível de tensão numa rede perde energia na forma de calor, quanto maior a potência, maior será a quantidade de calor a ser dissi- pado pelo transformador. Os transformadores são dotados de acessórios capazes de propiciar uma troca de calor mais eficiente com o ambiente externo para garantir que este equipamento funcione a níveis de temperatura considerados normais, podendo estes ser constituídos por: radiadores ou bombas de circulação de óleo com permuta- dores de calor e ventiladores. Na empresa concessionária alvo deste estudo, HCB, o arrefecimento dos transforma- dores principais de 160 MVA é efectuada por meio da circulação forçada do óleo da cuba através de 3 bombas instaladas em cada fase e 3 permutadores de calor óleo x água, o modo de actuação das bombas de refrigeração está referênciado no anexo 1. Este processo está em constante funcionamento para garantir que o transformador funcione a níveis de temperatura consideradas normais (abaixo de 50℃), quando a temperatura nos enrolamentos atinge níveis altos (acima de 50ºC) há necessidade de, o sistema de refrigeração entrar em funcionamento no seu todo, visto que o funciona- mento normal desse sistema é o de duas bombas, só entrará em funcionamento a ter- ceira bomba quando o contacto de imagem térmica actuar a partir de uma sonda insta- lada no interior da cuba para ler directamente o nível de temperatura nos enrolamentos e ler a temperatura do óleo isolante no interior do mesmo a partir de um teletermôme- tro, indicando temperatura muito alta nos enrolamentos (𝑇 ≥ 60℃). A uma dada tempe- ratura acima 60℃ após a entrada em serviço da terceira bomba, caso esta continue a aumentar desliga-se automaticamente o transformador para evitar explosão da propria unidade. Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 17 de 50 Figura 4.9 – Sistema de circulação do óleo de refrigeração dos transformadores principais de 160 MVA da central da HCB 4.2.1. Composição do sistema de refrigeração dos transformadores principais 3 Permutadores de calor óleo x água; 3 Bombas de circulação de óleo; 3 Indicadores de fluxo de óleo; 3 Sensores, indicadores de fluxo de água. 4.3. Protecção dos transformadores principais Em geral os transformadores de potência têm baixos índices de falhas, porem quando estas ocorrem inevitavelmente levam a interrupções forçados, implicando necessidade de reparação ou subestituição. Para este equipamento tão importante que possibilita acoplar sistemas eléctricos com tensões diferentes, são empregues protecções especí- ficas conhecidas também como protecções intrínsecas do transformador. (Kinderman, 2006) 4.3.1. Protecção diferêncial Ao longo do tempo, diversas filosofias de protecção foram desenvolvidas de forma a evitar condições anormais de funcionamento dos sistemas de potência. No caso dos Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 18 de 50 transformadores, o principal método aprimorado foi protecção diferêncial, onde o dispo- sitivo de protecção está baseada na comparação de corrente. Ela faz o uso do facto de que um objecto protegido (Figura 4-10) sempre conduz a mesma corrente nos seus dois lados, em operação normal. Esta corrente flui de um lado da zona considerada, deixan- do-a, novamente, do outro lado. Uma diferença na magnitude de correntes é uma indi- cação clara de um defeito dentro dessa secção. Tem-se então que, durante a disposi- ção do transformador, as formas de onda de corrente do primário e secundário do mesmo são constantemente monitoradas, para a aquisição destas grandesas eléctri- cas, utiliza-se transformadores de corrente (TC ’s) acoplados em série com os ramos primário e secundário do transformador de potência. Em condições normais de funcionamento do transformador, as correntes do lado primá- rio e sencundário serão praticamente iguais após a passagem pelos TC’s, a menos de uma pequena diferença considerada esperada em resultado das perdas internas e pre- cisão. No caso de ocorrência de um defeito interno das leituras no transformador como por exemplo contacto à massa dos enrolamentos ou contacto entre dois enrolamentos, a diferença entre essas correntes torna-se significativa e haverá um desbalanceamento das leituras e a diferença entre a corrente primária e secundária torna-se significativa, sensibilizando o relé, que por sua vez, enviará um comando de operação do disjuntor associado com finalidade de isolar o transformador de potência do sistema. Figura 4.10 – Protecção diferencial no transformador monofásico Fonte: Kinderman, 2006 Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 19 de 50 Segundo Gauer (2014), BO - Bobina de operação, é responsável pela actuação do relé quando for percorrido por uma corrente diferencial, isto é, uma corrente resultante das correntes que circulam nos transformadores de corrente fora do padrão. BR - Bobina de restrição tem por finalidade inibir a actuação do relé quando percorrido por correntes do mesmo sentido. 4.3.2. Relé buchholz O relé buchholz tem por finalidade proteger equipamentos eléctricos que operam imer- sos em líquido isolante, geralmente transformadores,falhas no isolamento das bobinas e nas conexões internas do transformador provocam formação de arcos eléctricos e aquecimento local, causando a decomposição do óleo com a formação de bolhas de gás que se deslocam para a parte superior do transformador, este e outros defeitos incidentes podem, com o decorrer do funcionamento do transformador evoluír para de- feitos graves, tal como curto-circuito interno. Portanto há necessidade de se detectar estes defeitos. O relé Buchholz possui dois visores, um detector de alarme e outro de disparo com escalas (graduadas em cm³) indicativas do volume de gás acumulado, este é o mais apropriado para detectar a presença de gás e rápida movimentação do óleo no transformador de potência. (Kinderman, 2006) Figura 4.11 – Relé buchholz Fonte: www.reinhausen.com>tabid-1350 acessado em 29.11.2018 Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 20 de 50 4.3.2.1. Princípio de funcionamento do relé buchholz O relé contém duas boias de tal maneira que a boia B1 é sensível a pequenas quanti- dades de gases provenientes de defeitos internos, a boia é pressionada contra os con- tatos eléctricos fechando o circuito e emitindo um alarme para o operador, alertando que o equipamento necessita de manutenção ou está sobrecarregado. A boia B2 é menos sensível e essa será deslocada para fechar o circuito que abre o disjuntor caso uma grande quantidade de gases seja gerada. Essa quantidade eleva- da de gás significa uma vaporização elevada do óleo proveniente de um arco eléctrico interno, tendo a necessidade de abertura do disjuntor principal retirando assim o trans- formador do defeito, prevenindo que o defeito possa ocasionar danos mais severos no transformador. O bulchhoz por ser um dispositivo acoplado ao transformador, o ajuste dos limites acei- táveis de circulação de gases tanto para a activação do alarme quanto para a abertura do disjuntor é estipulado pelo fabricante a partir dos testes em fábrica. Figura 4.12 – Esquema de funcionamento do relé buchholz Fonte: Malafaia, 2017 Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 21 de 50 5. POTENCIAIS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DE EXPLOSÃO E INCÊN- DIO NOS TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA Numa central eléctrica a protecção contra incêndio se destaca como uma forma de re- duzir os riscos e perdas de equipamentos, proteger as instalações eléctricas e garantir a continuidade operacional do sistema eléctrico. Os transformadores são considerados pelos gestores de riscos e companhias de seguros como um dos equipamentos de mais alto risco dentro de uma central eléctrica, dada a existência de uma grande quan- tidade de óleo em contacto com elementos submetidos à alta tensão. Estima-se que 3% de transformadores explodem ao ano, portanto, é necessário uma análise detalha- da do ambiente a ser protegido e determinar as melhores condições de protecção ou prevenção com a utilização dos melhores sistemas de acordo com a viabilidade eco- nómica. (Júnior, 2009) 5.1. Causas de incêndio em transformadores de potência O óleo mineral é o principal elemento combustível de um transformador. Elevado é o volume de óleo contido nos transformadores de potência. Actualmente, o óleo mineral é o fluido mais utilizado em escala industrial para aplicação em transformadores de po- tência para sistema de refrigeração e isolamento. As causas de incêndios em transfor- madores podem ser de origem interna ou externa: 5.1.1. Causas internas O óleo mineral em transformadores de potência, encontra-se em dois ou três ambientes diferentes, dependendo do tipo de transformador ou da disposição: tanque principal com 95%, tanque de expansão com 4,5% e bucha com 0,5% do volume total de óleo. (Duarte e Arantes, 2014) Um arco eléctrico interno em um transformador de potência pode acontecer quando a demanda eléctrica ultrapassar a rigidez dieléctrica do meio isolante. Esta situação pode ser motivada pela degradação do seu sistema isolante, perda de isolamento sólido ou líquido, contaminações, condições transitórias de sobrecorrente ou sobretensões, situ- ações que acontecem em milissegundos antes do tempo de actuação das protecções eléctricas, e em situações mais críticos, existe a possibilidade de explosão do trans- Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 22 de 50 formador devido aos curtos-circuitos ocorridos entre os terminais das bobinas ou cone- xões das buchas, áreas tidas como de baixa impedância, sendo nesses locais onde se registam as maiores quantidades de energia na geração das sobrepressões internas. Gráfico 1: Pressão dinâmica dentro do transformador Fonte: SERGI, 2011 De acordo com (Bechara, 2010) causa mais comuns de explosão e incêndios em trans- formadores está associada a avarias internas, isto é, nos enrolamentos que é a parte activa do transformador. Contacto a massa dos enrolamentos; Contacto entre dois enrolamentos; CC entre terminais. 5.1.2. Causas externas Causas externas que podem levar um transformador a explodir e incendiar-se, são ba- sicamente descargas atmosféricas e o calor produzido por incêndios em outras unida- des, porém, essas causas, apesar de externas, podem produzir o mesmo efeito que as causas internas. Sobrecargas externas; CC externos. 5.2. Consequências de incêndio em transformadores de potência O rísco de explosão e incêndio num transformador correctamente inspecionado, testado e mantido em bom estado de funcionamento é reduzido. Uma manutenção apropriada e P re s s ã o ( B a r) Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 23 de 50 a realização dos testes completos no transformador impedirão muitos eventos básicos que poderiam conduzir à explosão e/ou ao incêndio, por isso, os transformadores são tidos como equipamentos com baixa taxa de falha eléctrica que pode provocar explosão ou incêndio, no entanto as falhas em transformadores são consideradas como eventos de baixa frequência e de alta consequência. Explosões e incêndios nos transformado- res de potência podem causar fatalidades, danos catastróficos à propriedade, e perda de receita. Mais adiante, estão mencionados alguns impactos negativos que podem advir de uma explosão do transformador. 5.2.1. Impactos negativos na empresa Um dos maiores problemas resultante dum incêndio em transformador é a má qualida- de ou a perda da continuidade no fornecimento da energia, o que pode ocasionar pro- cessos judiciais, acarretando indemnizações pelos danos causados a terceiros. No ca- so específico, um incêndio num transformador principal, irá causar uma diminuição não planejada da potência eléctrica transmitida, ou seja, sem acordo prévio com os sues clientes. Este facto, causaria não apenas multas devido a indisponibilidade de forneci- mento de energia, mas também, impactaria negativamente sobre a imagem da empresa perante seus clientes. 5.2.2. Impactos negativos aosseres humanos A explosão e/ou incêndio que pode ocorrer nos transformadores de potência pode ter impacto bastante negativo aos técnicos de manutenção, e outras pessoas que podem estar perto no momento da explosão, isto pela intensidade da energia térmica libertada no momento de explosão. 5.2.3. Impactos negativos ao meio ambiente Normalmente nos transformadores de potência a óleo, existe um considerável volume de óleo mineral que é contido pelo tanque do transformador e que, como já foi descrito, quando há um arco voltáico, são geradas no interior do transformador altíssimas pres- sões dinâmicas, que podem vir a romper o tanque por meio de uma explosão. Quando o tanque do transformador rompe o óleo é derramado, caso sua temperatura esteja igual ou superior à temperatura de auto-ignição ao entrar em contacto com o oxigênio Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 24 de 50 da atmosfera se dá o surgimento do jacto de fogo, fazendo com que se queime um grande volume de óleo. Essa queima, normalmente, produz uma grande quantidade de calor, luz e fumaça. O vazamento de óleo provocado pela ruptura da cuba do transfor- mador, poderá contaminar o meio ambiente, se o mesmo não for protegido com bacias de contenção, ou se o dimensionamento dessas bacias não for realizado de forma a reter toda quantidade de óleo que venha a vazar. 5.2.4. Impactos negativos em equipamentos e estruturas Da mesma forma que a radiação térmica proveniente de um incêndio em um transfor- mador de potência afecta os seres humanos, é necessário o entendimento sobre como estruturas e equipamentos reagem à essa exposição. A fumaça é composta de partícu- las de ar transportadas na forma sólida, líquida e gasosa, decorrente de um material submetido a combustão, que juntamente com a quantidade de ar formam uma massa. Essa massa produz uma grande quantidade de fuligem que se deposita sobre os equi- pamentos da central e também se interpõe nos circuitos de comando e controle dos outros diversos equipamentos. A fumaça e a fuligem do material queimado se deposi- tam em dispositivos electrônicos de comando e controle de alta sensibilidade, fazendo com que sejam danificados e deixem de funcionar, o que acarreta um grande e incalcu- lável prejuízo para a operação e a supervisão do sistema dependendo da localização dos transformadores na central. Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 25 de 50 6. SISTEMA AUTOMÁTICO DE DETECÇÃO E EXTINÇÃO DE INCÊNDIO APLICADO AOS TRANSFORMADORES PRINCIPAIS (SADEI) Na central Hidroeléctrica de Cahora Bassa, está instalado um sistema automático de detecção e extinção de incêndio nos transformadores principais de 160 MVA, cuja ex- tinção é do tipo dilúvio através de aspersores não automáticos (não possuem detecto- res térmicos), a tubagem é permanentemente seca. Para evitar a possibilidade de o incêndio alastrar-se os transformadores estão implantados em celas separadas por mu- ros corta-fogo, para além de um sistema de climatização da galeria de transformadores funcionando permanentemente por ventilação sobre os transformadores. Em caso de incêndio, para evitar a activação do mesmo os ventiladores são desligados automati- camente. Trata-se de um sistema fixo que descarrega água não só sobre a área de incêndio, mas para os três transformadores que fazem parte de um banco trifásico, de forma automá- tica, com vazões, pressões e distanciamentos mínimos de acordo com o grau de risco do local que visa proteger, e em forma de jato devido ao tipo de aspersores empregues. Esquemas de modo de actuação do sistema de protecção contra incêndio estão refên- ciados no Anexo 2 do presente trabalho. 6.1. Composição do sistema automático de detecção e extinção de incêndio aplicado nos transformadores principais O SADEI aplicado nos transformadores principais de 160 MVA da central compreende os seguintes equipamentos: 5 Reservatórios de água; Sistema de detecção de incêndio; Tubagem de distribuição; Garrafas de dióxido de carbono (𝐶𝑂2); Válvula de subpressão; Pulverizadores (aspersores). Cada banco de transformadores está provido de uma instalação de protecção autóno- ma constituída por: Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 26 de 50 Cinco dispositivo de detecção através de detectores termo-estáticos para cada fase; Dois dispositivos de extinção (1º e 2º estágio) com água pulverizada. 6.2. Dispositivos de extinção de incêndio empregues Cada banco trifásico está protegido por um dispositivo de extinção com água pulveriza- da, composto por: Coroa de pulverização; Dispositivo de alimentação; Dispositivo de sobrepressão do reservatório da água. 6.2.1. Coroa de pulverização As coroas de pulverização estão colocadas nas celas, por cima de cada fase e o seu formato e o das rampas são de forma a proteger, em especial, a caixa dos cabos e o tanque principal. Estas estão equipadas com pulverizadores (aspersores) em bronze com um débito de 441 L/minuto sob pressão de 8 bar. 6.2.2. Dispositivo de alimentação das coroas A alimentação de água às coroas é assegurada de duas formas: 1º Estágio de funcionamento Para cada banco de transformadores existe um depósito de 5 m3, concebido para conter 4800 litros de água potável. Estes depósitos são cilindrados de tipo horizon- tal, são feitos em folha de aço, galvanizados interior e exteriormente. Estão colo- cados sobre suportes metálicos também galvanizados. 2º Estágio de funcionamento No segundo estágio de funcionamento, a água é proveniente de um colector geral exis- tente na parte superior da galeria alimentada a partir dos filtros Minipenstock e conce- bido exclusivamente para a protecção de incêndio. Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 27 de 50 Neste colector existe uma válvula automática, cujo seu comando é garantido através de um disjuntor electromecânico ou de um manípulo existente numa caixa envidraçada localizada na cela de neutro de cada banco. 6.2.3. Dispositivo de sobrepressão do reservatório da água Cada banco de trifásico tem um dispositivo de sobrepressão constituído por duas garra- fas de 50 kg de 𝐶𝑂2, as garrafas estão colocadas numa armação na cela de neutro de cada banco de transformador à cota 209, na galeria dos transformadores. As garrafas de 𝐶𝑂2 estão suspensas nas respectivas armações possuindo um dispositi- vo de contra peso ou peso permanente (dinamômetro com índice de referência). A armação de cada bateria suporta: Um disjuntor electro-mecânico de corrente contínua 220 V; O dispositivo disparador, com contrapesos, pequenas bielas e corrediças; O tubo condutor de pesos deste dispositivo comporta uma broca de aferrolha- mento permitindo em caso de necessidade impedir o funcionamento da protec- ção; Dispositivo de deslocação manual - cabo metálico e roldanas angulares ligandoa alavanca mecânica do disjuntor ao puxador de tracção fechado numa caixa envidraçada fixada sobre a armação; Sobre cada colector de emissão de 𝐶𝑂2 ao depósito de água existe um aparelho de controlo de emissão de 𝐶𝑂2. Figura 6.13 – Garrafas de 𝐶𝑂2 Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 28 de 50 6.3. Funcionamento do sistema de extinção de incêndio A instalação pode ser posta a funcionar de duas formas: Automática – por meio da detecção (cofre de incêndio); Manual – este normalmente é usado no caso de falha na entrada de sistema au- tomático, funcionando como socorro: Por meio do comando mecânico (puxador de funcionamento manual) Por pressão sobre as botoneiras de disparo, situadas no cofre de incên- dio outra na Sala de Controlo. 6.3.1. Modo automático de extinção de incêndio Estando os detectores montados em paralelo nos 3 transformadores, o funcio- namento de qualquer um provoca a alimentação do electro-íman do disjuntor da válvula automática comum, o funcionamento do disjuntor desencadeia a queda do contrapeso, provocando a abertura da válvula automática, o 𝐶𝑂2 sai mistu- rando-se com a água potável existente no depósito provocando a sua saída sob pressão para as rampas de pulverização. Se por qualquer razão, o sistema não funciona e o 𝐶𝑂2 não é expelido para o reservató- rio, então o aparelho de controlo de passagem de 𝐶𝑂2 detecta a falta de fluxo de 𝐶𝑂2 na conduta e provoca a actuação do disjuntor eléctrico da válvula de 2º estágio originando a sua abertura e a descarga da água bruta dos filtros Minipenstock sobre os transfor- madores através da coroa de pulverização. 6.3.2. Modo manual de extinção de incêndio Desencadeia-se o funcionamento manual do 1º estágio actuando no manípulo que se encontra na caixa envidraçada junto às garrafas de 𝐶𝑂2, ou actuando na botoneira disparo no quadro TU da protecção de incêndio, situado na cela de neutro dos Transformadores principais. Uma botoneira existente na Sala de Comando da central provoca a abertura da válvula automática de descarga de água bruta (2º estágio). Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 29 de 50 6.4. Conclusão do sistema de protecção contra incêndio aplicado aos transformadores principais Após a análise feita ao sistema de protecção contra incêndio nos transformadores prin- cipais, constatou-se algumas fraquesas ou pontos negativos do funcionamento desse sistema, como: O tipo de pulverizadores (aspersores) usados, não é automático, dificultando as- sim a extinção de incêndio, são de menor pressão e no caso da actuação do sis- tema de extinção de incêndio esse pulveriza os 3 transformadores que fazem parte de um banco trifásico podendo assim acarretar mais custos pelo processo de secagem para poder voltar a operar. A capacidade dos reservatórios usados para a água de extinção de incêndio é menor “4800 litros”, relactivamente a capacidade dos pulverizadores que são de 441 L/minuto e de débito sob pressão de 8 bar; Não dispõem de um sistema de prevenção contra explosão do transformador. Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 30 de 50 7. PROPOSTA DE MELHORIA Como foi supramencionado, o objectivo principal do presente trabalho é analisar o sis- tema de protecção contra incêndio aplicado nos transformadores principais e avaliar no mercado opções existentes e propor melhoria caso aplicável. Após a análise feita cons- tatou-se que os transformadores principais não dispõem de um sistema de prevenção contra explosão. E pela localização e a quantidade do óleo usado nesses transformado- res, no caso de ocorrência de incêndio dificulta a extinção das chamas por parte de bombeiros colocando em risco vida humana e ao meio ambiente e podendo assim dani- ficar o transformador. Face a essa constatação o presente trabalho propõe a instalação de um sistema de prevenção contra explosão e extinção de incêndio nos transformado- res principais. Para se chegar a uma conclusão do tipo de sistema a implementar para a prevenção contra explosão e incêndio nos transformadores principais deve-se ter em conta alguns critérios de selecção como: I. Despressurização rápida do óleo no tanque principal; II. Separação de gases formados no óleo; III. Eliminação de gases explosivos; IV. Evacuador de gases explosivos. I. Critério – Despressurização do tanque principal O processo de despressurização garante que a pressão do tanque principal retorne a normal após alguns milissegundos, dependendo do tipo de sistema usado e do disco de ruptura durante o processo de despressurização. II. Critério – Separação de gases formados no óleo Segundo método é composto por tanque de separação de gases no óleo e é lá onde é garantido o alívio de pressão do óleo contido dentro do tanque principal após a falha no transformador. E este é dimensionado de acordo com o tamanho do tanque principal e a quantidade do óleo dento do transformado. Anselmo Simango - Engenharia Eléctrica 31 de 50 III. Critério – Eliminação de gases explosivos Após a despressurização é então injectado o nitrogénio automaticamente, este é injec- tado no tanque principal do transformador, comutador de derivação em carga e em cai- xa de cabo em um estado seguro para extinguir os gases explosivos remanescentes para evitar que o efeito bazuca faça mal aos técnicos de manutenção oque pode levar até a morte devido aos gases formados no transformador, depois que os gases explosi- vos forem limpos, o transformador estará seguro e pronto para manutenção. IV. Critério – Evacuador de gases explosivos Após a injecção do nitrogénio dentro do tanque principal, caixa de cabo, caixa de comu- tador de derivação é feita a extinção dos gases formados aguando da vaporização do óleo pela injecção do gás do nitrogénio, antes de ser efectuado a manutenção a esse transformador é necessário que seja feita a evacuação dos gases formados dentro do tanque principal para fora, para garantir uma segunça aos técnicos de manutenção e visto que os transformadores principais localizam-se num ambiente confinado e no tú- nel, é necessário que haja uma conduta responsável pela evacuação de gases para fora da central ou fazer-se o aproveitamento do sistema de exaustão do fumo da cen- tral. 7.1. Escolha do fabricante No mercado existe uma variedade de fabricantes e diversos tipos de sistemas de pre- venção contra explosão e incêndio nos transformadores de potência, asseguir aprese- tar-se-à os resultados do levantamento de principais fabricantes desse sistema, o modo de funcionamento de cada sistema para posterior a isso fazer-se a análise da viabilida- de económica do sistema e analisar consoante os critérios anteriormente referênciados e com isto apurar o melhor fabricante ou fornecedor, de modo a propor para os trans- formadores principais.
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