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ANATOMIA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS C FÍGADO, PÂNCREAS E BAÇO FÍGADO É a maior glândula do corpo e está obliquamente posicionada sobre a superfície direita do diafragma, se estendendo ventralmente da área do rim direito em direção ao assoalho do abdome. Seu tamanho reflete a multiplicidade de funções. Apresenta funções exócrinas e endócrinas. Sua função exócrina é a secreção de bile no duodeno para digestão de ácidos graxos. Como função endócrina apresenta na vida embrionária uma função de centro hematopoiético; tem função de reserva de glicogênio, estocagem de gordura e pequenas quantidades de proteína; é importante na síntese de proteínas plasmáticas, inclusive fatores de coagulação; e importante órgão de detoxicação, pois apresenta complexos enzimáticos que transformam substâncias tóxicas em substâncias menos tóxicas, solúveis em água e mais fáceis de serem eliminadas pelos rins, processo este chamado de biotransformação. Coloração: depende de fatores como a quantidade de sangue e estado nutricional do animal. No geral é marrom-avermelhado. Em lactentes ou animais prenhes com alta dieta de gordura o fígado é marrom-amarelado devido à presença de gordura. A serosa tem aparência lisa e lustrosa. Estrutura: Consiste de um grande número de pequenos lóbulos (1,5 a 2 mm). Estes lóbulos são visíveis a olho nu somente quando circundados por quantidades consideráveis de tecido conjuntivo como no suíno. Quando isto ocorre em outras espécies é patológico. A aparência granular da superfície fresca do fígado rompido é a indicação de que o fígado é composto por lóbulos. Forma: é firme, pouco elástico e igualmente friável. Situação: Situa-se na parte intratorácica da cavidade abdominal, mais à direita do plano médio. Nos ruminantes está totalmente à direita. Superfícies e impressões do fígado: O fígado apresenta duas superfícies: diafragmática (parietal) e visceral. A superfície diafragmática situa-se contra a concavidade do diafragma sendo convexa em forma. Apresenta uma impressão: o sulco da veia cava caudal (sulco sagital). No ponto onde a veia cava caudal cruza o diafragma encontramos os óstios das veias hepáticas. A superfície visceral como seu nome implica é caudal e situa-se contra vários órgãos abdominais, dando seus nomes a depressões na superfície do fígado. Elas são: impressão esofágica (chanfradura esofágica), impressão gástrica, impressão renal, impressão duodenal e impressão cólica. Apresenta também uma depressão onde se aloja a veia porta (porta do fígado). Neste local penetram a veia porta, artéria hepática, nervos e linfáticos e sai o ducto biliar. No equino, abaixo da porta do fígado está a grande impressão gástrica, à direita a impressão duodenal e mais à direita e ventralmente a impressão cólica. Ligamentos do fígado: Os ligamentos do fígado são formados por reflexão do peritônio do diafragma para dentro do fígado. São: ligamentos triangular direito e esquerdo que inserem o fígado ao diafragma; ligamento coronário também inserido ao diafragma e é composto por duas lâminas que se encontram abaixo da veia cava caudal para formar o ligamento falciforme. O ligamento falciforme é o remanescente do mesentério ventral existente no embrião. Em ambos jovens e adultos se estende da superfície ventral do fígado para o diafragma e para o assoalho da parede abdominal e umbigo. A veia umbilical é um grande vaso no feto que leva sangue da placenta para o feto. Esta pode ser encontrada na borda do ligamento falciforme antes de se unir à veia porta dentro do parênquima hepático. Após o nascimento a veia começa a aumentar ou obliterar totalmente formando uma espécie de cordão chamado de ligamento redondo do fígado. O ligamento hepatorrenal é uma prega de peritônio de variável espessura nas diferentes espécies que passa do rim direito para o fígado, usualmente do processo caudato do lobo caudal. Apresenta ainda o omento menor que se estende da porta do fígado para a curvatura menor do estômago e parte cranial do duodeno. Está dividido em hepatoduodenal e hepatogástrico. Bordos: Dorsal: é a borda entre a chanfradura esofágica e a impressão renal, é arredondada. Bordos ventral, direito e esquerdo: são afilados. Lobos do fígado: A maioria dos animais possui quatro lobos no fígado. Eles são: lobos direito, esquerdo, quadrado e caudado. Adicionalmente, cada lobo, exceto o quadrado pode estar subdividido em sublobos. Como determinar os lobos nas diferentes espécies: Passando uma linha imaginária sobre a superfície visceral do fígado da chanfradura do esôfago para a incisura do ligamento redondo, separa-se o lobo esquerdo do restante do fígado. Por outro lado, passando uma linha do ponto onde a veia cava cruza a borda dorsal até a fossa da vesícula biliar nas espécies que a possuem, separa-se o lobo direito do restante do fígado. Entre estas linhas situa-se o lobo quadrado (ventral a porta). Dorsal a veia porta está o lobo caudado. O equino apresenta lobo esquerdo subdividido em lateral e medial, lobo direito não subdividido, lobo quadrado e lobo caudado com processo caudado. O equino não apresenta vesícula biliar. Bile: É o produto de secreção dos hepatócitos dentro do sistema de ductos do fígado. A bile é recolhida pelos canalículos biliares. O fluxo da bile corre em direção oposta ao fluxo sanguíneo dentro do lóbulo. Vários canalículos se unem para formar os ductos interlobares. Sistema de ductos: No equino a bile deixa o fígado via ductos hepático direito e esquerdo e como não há vesícula biliar, estes ductos convergem para porção ventral da fissura portal para formar o ducto hepático comum (biliar). Este ducto leva a bile para o duodeno onde se abre junto com o ducto pancreático. Os ductos hepáticos comum e pancreático passam obliquamente através da parede duodenal e se abrem dentro do lúmen na ampola hepatopancreática (papila duodenal maior). Um arranjo como válvula formada por musculatura lisa circundando a ampola forma um esfíncter que previne o refluxo de ingesta do intestino para dentro dos ductos. Suprimento sanguíneo: O fígado apresenta um duplo suprimento sanguíneo. O sangue funcional (venoso) vai para o fígado via sistema portal, levando nutrientes recém absorvidos pelo intestino para serem processados pelos hepatócitos (representa ¾ do fluxo sanguíneo do fígado). Sangue nutricional (oxigenado) vai via artéria hepática nutrir os hepatócitos. Ambos tipos de sangues se esvaziam nos sinusóides. O sangue dos sinusóides esvazia-se dentro das veias centrais que desembocam nas veias hepáticas, as quais saem do fígado para veia cava caudal. Comparada: Vesícula biliar: é um saco na qual a bile é estocada e concentrada durante algum tempo quando é produzida mais rapidamente que é necessário para o trato digestório. Situa-se na superfície visceral do fígado na fossa da vesícula biliar, na qual nos carnívoros está situada entre os lobos quadrado e direito medial. Possui um fundo que é a porção cega, um corpo, um colo e um ducto cístico. Nas espécies que possuem vesícula biliar, o ducto cístico se estende do colo para a junção com o ducto hepático comum. A união destes ductos resulta na formação do colédoco (ducto biliar comum) que se abre no duodeno na papila duodenal maior. Existem pequenos ductos que se abrem diretamente do fígado para a vesícula biliar denominados de ductos hepatocísticos. No cão vários ductos hepáticos se esvaziam no ducto cístico. Ruminantes: Encontra-se deslocado totalmente para o lado direito do plano médio pelos estômagos. É um órgão compacto, os lobos direito e esquerdo não são subdivididos. Apresenta lobo caudal com processos caudal e papilar. A face parietal apresenta impressão dos arcos costais.Abaixo da incisura portal na superfície visceral encontramos a impressão do omaso, ventralmente a esta a do abomaso e para esquerda a do retículo. Apresenta vesícula biliar. Nos bovinos o ducto colédoco se abre sozinho na papila duodenal maior. Nos ovinos se abre junto com o ducto pancreático. Suínos: Apresenta vesícula biliar e o rim direito não entra em contato com o fígado, portanto não possui impressão renal. Apresenta lobo direito e esquerdo subdividido em lateral e medial, lobo quadrado e lobo caudado com processo caudado. Não apresenta ligamento hepatorrenal e os ligamentos triangulares são pequenos ou inexistentes. O ducto colédoco abre-se a 2.5 a 5 cm do duodeno na papila duodenal maior sozinho. Carnívoros: Apresenta vesícula biliar. Apresenta lobos direito e esquerdo subdivididos, lobo quadrado e lobo caudado com processos papilar e caudal. O ducto colédoco abre-se no duodeno a 5-8 cm do piloro junto com o ducto pancreático na papila duodenal maior. O ducto hepático comum encontra-se ausente, vários ductos se abrem no ducto cístico. Aves: fígado bastante desenvolvido, situado na porção ventral da cavidade abdominal. É vermelho escuro e está dividido em dois lobos (direito e esquerdo). Apresenta vesícula biliar e dois condutos biliares que vão se abrir na porção terminal do duodeno. O ducto hepatocístico sai do lóbulo direito até a vesícula biliar onde emite o ducto cístico e continua-se como ducto cístico- entérico. O ducto hepatoentérico vai do lóbulo esquerdo para o duodeno, abrindo-se distal a primeira abertura. O pombo, a avestruz, o papagaio e o periquito-australiano não apresentam vesícula biliar. *se seccionar a veia cava caudal encontramos os óstios das veias hepáticas; veia centrolobular é um representante menor da veia hepática 10= impressão esofágica (incisura) 11= impressão renal (rim direito) Lig Hepatorrenal 13=gástrica Em cima do número 20= duodenal 4=cólica 15=lig triangular esquerdo 18= lig triangular direito 21= lig redondo 8= lig coronários (2 lâminas ao lado da v. cava caudal) 12= lig falciforme na extremidade tem o lig redondo *Ligamento falciforme é a prega que sustentava a veia umbilical no feto; depois que nasce essa veia vira ligamento redondo do fígado. carnívoros a’=lobo esquerdo medial a=lobo lateral b’= lobo direito medial b=lobo lateral c=lobo quadrado d=lobo caudado (na direita o processo caudado e na esquerda o processo papilar) A impressão esofágica é uma incisura Equino Lobo esquerdo lateral e medial; lobo direito; lobo quadrado; lobo caudado com proc. Caudado. Ruminantes Fígado totalmente a direita 5= impressão renal 25= incisura esofágica 6= retículo 7= omaso 8= abomaso Duodenal linha entre numero 2 e 3 Lobo esquerdo; lobo direito; lobo direito; lobo caudado com proc. Caudado e papilar. Pequeno ruminante Suínos Carnívoros PÂNCREAS É uma glândula mista porque apresenta uma secreção que é lançada diretamente na corrente sanguínea (endócrina) que é a insulina e o glucagon e outra secreção, o suco pancreático que é lançado diretamente no duodeno através dos ductos pancreáticos e atua na digestão de proteínas, gorduras e carboidratos. Situa-se transversalmente na porção dorsal do abdome, estendendo-se na sua maioria para direita do plano médio. Possui uma coloração creme- avermelhada “in vivo", mas no cadáver é escura. Assemelha-se em estrutura às glândulas salivares, só que é mais macia e seus lóbulos estão mais frouxamente unidos. Apresenta duas faces: Dorsal: em contato com o fígado. Face ventral: em contato com porções do intestino. Apresenta um corpo (em contato com a porção cranial do duodeno) e lobos direito e esquerdo. O corpo do pâncreas é perfurado pela veia porta formando o anel portal ou incisura portal. Tem formato irregular e contorno triangular. O pâncreas do equino apresenta dois ductos pancreáticos, o ducto pancreático principal que se abre na ampola hepatopancreática junto com o ducto biliar e o ducto pancreático acessório que se abre no duodeno na papila duodenal menor em posição inversa a ampola hepatopancreática. Comparada: - O corpo do pâncreas dos carnívoros e ruminantes é entalhado (incisura pancreática) pela veia porta que cruza o bordo dorsal do pâncreas neste ponto. - Nos suínos assim como nos equinos a veia porta cruza o corpo do pâncreas formando o anel pancreático. Bovinos: Forma quadrilátera. Apresentam um só ducto pancreático que se abre na papila duodenal menor de 30 a 40 cm distal a papila duodenal maior. Pequenos ruminantes: apresentam um único ducto pancreático que se abre junto com o ducto colédoco na papila duodenal maior. Canino: Formato de V. Possui dois ductos pancreáticos. O ducto acessório é o maior e se abre 23 a 80 mm distal ao ducto principal na papila duodenal menor. O ducto principal se abre junto com o ducto colédoco na papila duodenal maior. Felino: O ducto pancreático principal se abre com o ducto colédoco 3 cm distal ao piloro na papila duodenal maior. O ducto acessório está presente em 20% dos gatos. Suínos: Forma triangular alongada. Apresenta só um ducto que se abre de 20 a 25 cm distal ao piloro na papila duodenal menor. Aves: É uma glândula alongada que está situada entre as porções do duodeno. Dois ou três condutos pancreáticos vão se abrir próximos à abertura dos canais biliares. Cavalo; 3=veia porta; 2=ducto pancreático principal 1=papila duodenal maior e 2 papila duodenal menor onde se abre o ducto acessório Bovinos Pequenos ruminantes 2=pâncreas 6=veia porta Caninos 1=papila duodenal maior 2=papila duodenal menor BAÇO É um órgão pertencente ao sistema linfático e circulatório, sendo descrito juntamente com o sistema digestório devido ao seu relacionamento e localização com os órgãos deste sistema. Vulgarmente chamado de “passarinha”. Apresenta as seguintes funções: 1. Vida embrionária: produção de eritrócitos (glóbulos vermelhos) Adulto: produção de linfócitos. 2. Destruição de eritrócitos e estocagem de ferro. 3. Reserva de sangue. Situa-se à esquerda do plano médio em relação com a curvatura maior do estômago. Seu tamanho e peso são variáveis. Seu formato é curvo, semelhante a uma vírgula, mais ou menos triangular com coloração vermelho-azulada. A face parietal ou lateral é convexa e relaciona-se com o diafragma. A face visceral ou medial é côncava e se divide em partes desiguais. Nessa face se localiza o hilo que é composto pela artéria e veia esplênica, pelos nervos autônomos e pelos ductos linfáticos. Esta face está relacionada com estômago, cólon maior e menor e com o intestino delgado. Está fixado por dois ligamentos: 1. Ligamento suspensor: liga o baço ao pilar esquerdo do diafragma. Está subdividido em: frenicoelienal e lienorrenal. O ligamento lienorrenal, no equino, está configurado como um forte segmento caudal do ligamento frenicoesplênico. O aprisionamento de alças intestinais nesse ligamento é um fator importante nas cólicas sofridas por esta espécie. 2. Ligamento gastrolienal: liga o baço ao estômago (curvatura maior para o hilo). Nos carnívoros, suínos e em menor grau nos equinos, a situação do baço depende do estado de repleção do estômago. COMPARADA: Ruminantes: - Bovinos: forma elíptica, alongado com ambas extremidades finas. - Ovinos: mais ou menos triangular. Situa-se à esquerda do plano médio, sobre a face esquerda do rúmen. Suínos: forma elíptica, comprimida e achatada. Pode apresentar baços acessórios no ligamento gastroesplênico. Cão: forma triangular, sendo a extremidadeventral mais alargada. Posição Muda conforme a repleção do estômago. Lig suspensório ficaria ali no “+” 4 ao longo lig. Gastrolienal Ovino Bovino suíno Canino
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