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2ºAula NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO - BASE PRINCIPIOLÓGICA Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • refletir a respeito dos princípios constitucionais processuais apresentados; • desenvolver uma visão crítica acerca da importância dos princípios no ordenamento jurídico brasileiro; • compreender o ordenamento jurídico brasileiro como uma estrutura orgânica de normas. Queridos(as) alunos(as), Na Constituição Federal de 1988 encontram-se os princípios processuais fundamentais. Esta aula tem como objetivo estudá-los para melhor compreensão do(a) aluno(a) acerca do tema e da devida importância destes princípios para o Direito Processual. Compreenderemos que todas as normas processuais, seja na sua criação ou na sua aplicação, devem ser analisadas pelos princípios processuais fundamentais, dessa forma, a norma estará em conformidade com a textura processual adequada no nosso ordenamento jurídico. Boa aula! Bons estudos! 69 Direito Processual I 14 1. Seções de estudo Normas fundamentais do Processo e sua importância 1 - Normas fundamentais do processo e sua importância Fonte: autora. O quadro sinótico acima reflete a amplitude do Princípio do Devido Processo Legal (Due Process of Law). Dele são derivados diversos outros princípios processuais constitucionais. Não se trata de um rol taxativo, pois, há outros princípios não elencados acima. Pois bem, vamos à análise de cada um dos princípios de nossa lista. Só para relembrar: Vamos conversar um pouco sobre o que significa esse vocábulo que usamos tanto em nosso cotidiano: os demais; o início de uma ação ou processo: princípio dos tempos; no princípio do trabalho era mais feliz. podendo dar a ideia de começo, início, origem, ponto de partida, ou, para algo. Portanto, etimologicamente, o termo princípio origina-se de principal, primeiro, demonstrando origem de algo, de uma ação ou de um conhecimento. objetivos para estas ciências. No Direito, os princípios dão a mesma ideia mencionada acima, tratando do sentido de fornecer rumos, constituindo verdadeiros base e começo de tudo, os mesmos nem sempre tiveram, no Direito, tempo, os princípios passaram a fazer parte dos sistemas jurídicos ganhando força normativa. Fonte: Texto disponível em: <https://livros-e-revistas.vlex.com.br/vid/conceito- principio-uma-quest-criterio-216631573>. Acesso em: 16 de Nov 2018. 1.1 - Princípio do devido processo legal (due process of law) Origem: Magna Charta Libertatum de João Sem Terra, em 1215, na Inglaterra, ao se referir à law of the land em seu artigo 39, apesar de não ter literalmente escrito o termo “devido processo legal”. Objetivos da Magna Charta: Limitar o poder do Rei (Monarquia), estabelecer uma Assembleia, outorga de direitos ao clero e à nobreza, dentre outros. Desenvolvimento: a nomenclatura de como é conhecido hoje, “devido processo legal”, surgiu no reinado de Eduardo III, na Inglaterra, no ano de 1354, no documento chamado Statute of Westminster of the Liberties of London. A partir de então essa cláusula foi incorporada na maioria das cartas constitucionais do Ocidente, sendo um reflexo do início da expansão da jurisdição constitucional. Devido Processo Legal: Genericamente, o princípio do devido processo legal caracteriza-se pelo trinômio vida-liberdade- propriedade, o que vale dizer, tem-se direito à tutela àqueles bens da vida em seu sentido amplo e genérico. De fato, tudo o que disser respeito à tutela da vida. Liberdade ou propriedade está sob a proteção do due process of law (NERY JR, 2016). 70 15 Importante ressaltar que quando falamos de liberdade, não nos referimos apenas à liberdade de locomoção (ir e vir), mas também, à liberdade de opinião, de imprensa, de religião, de reunião e de convicção. E com essa inspiração, a Constituição Federal de 1988 elaborou a redação do artigo 5º, inciso LIV: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; Fonte: autora. 1.2 - Devido processo legal material (substantive due process of law) A Cláusula do devido processo legal não abarca somente a tutela processual, mas sobretudo a tutela material. Importante esse esclarecimento para a compreensão do processo como um todo. Com o passar do tempo, o conceito do devido processo legal foi se modificando, no sentido de expandir seu raio de atuação, de modo a tutelar substantivamente os direitos da pessoa humana, consagrado pelo Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. O devido processo legal substancial é considerado mais abrangente que o formal, pois é um denominador comum em todos os ramos do direito: civil, trabalhista, constitucional, previdenciário, empresarial, tributário, penal, entre outros. A garantia do Substantive Due Process of Law está associado à garantia que o cidadão tem de não ter Leis, ou qualquer que seja a espécie normativa, que ofendam suas garantias fundamentais, como a: vida, liberdade, propriedade, educação, lazer, enfim, todas os direitos e garantias constitucionais. Assegura ainda que não sejam prolatadas decisões materialmente injustas, caprichosas, desarrazoadas, ainda que aparentemente amparadas pelo texto legal. As decisões devem ser pautadas buscando sempre o norte constitucional, de acordo com a somatória de princípios que orientam todo ordenamento jurídico, firmando organicidade ao sistema com decisões justas e coerentes. 1.3 - Devido processo legal processual (procedural due process of law) Trata-se da possibilidade efetiva de a parte ter acesso à justiça, deduzindo pretensão e defendendo-se do modo mais amplo possível, dentro de um processo cujo procedimento e cujas consequências tenham sido previstas em lei (WAMBIER; TALAMINI, 2016). Aqui, visualizamos as garantias processuais das partes: o contraditório e a ampla defesa, a paridade de armas, a imparcialidade do julgador, todo trâmite garantido pela lei e que deve ser respeitado. 1.4 - Princípio da isonomia ou da igualdade [...]“A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade. O mais são desvarios da inveja, do orgulho, ou da loucura. Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais e não igualdade real. Os apetites humanos conceberam inverter a norma universal da criação, pretendendo, não dar a cada um, na razão do que vale, mas atribuir o mesmo a todos, como se todos se equivalessem” (Oração aos Moços, Rui Barbosa). Esse princípio constitucional defende a igualdade de tratamento tanto para as partes quanto para os demais membros envolvidos no desenvolvimento da relação jurídica processual. O Art. 139 do Código de Processo Civil, de 2015, determina que o juiz deve assegurar às partes igualdade de tratamento. A igualdade no texto de lei ratifica tanto a igualdade formal quanto a material, porém, há um destaque maior para a igualdade material, isto é, “tratar de forma desigual os desiguais, na proporção em que se desigualam, pois, com isso, as diferenças poderiam ser corrigidas”. Consoante ensinamento de Cândido Rangel Dinamarco: igualdade substancial, que nem sempre coincide com uma formal igualdade de tratamento porque esta pode ser, quando ocorrente essas fraquezas, fonte de terríveis desigualdades. A tarefa de preservar a isonomia consiste, portanto, nesse tratamento formalmente desigual que substancialmente iguala (DINAMARCO, 2008, p. 209). 71 Direito Processual I 16 igualdade-isonomia-desenhadas-para-a-nossa-alegria/>. Acesso em: 21/08/2018. Tal ideia fundamenta diversos direitos e deveres na legislação brasileira,a exemplo disso são as prerrogativas do Código de Defesa do consumidor conferidas à parte hipossuficiente da relação, qual seja, o consumidor. Note que a legislação consumerista prevê a inversão do ônus da prova “aplicando-se para as situações em que, ao final da demanda, persistam fatos controvertidos não devidamente comprovados durante a instrução probatória” (TARTUCE; NEVES, 2018, p. 716). E ainda, os prazos diferenciados dilatados concedidos ao Ministério Público, para a Fazenda Pública e para a Defensoria Pública. O Código de Processo Civil de 2015 prevê que essas entidades gozarão da contagem em dobro para todas suas manifestações processuais, exceto quando a lei ordenar expressamente. 1.5 - Princípio do juiz e do promotor natural O princípio do juiz e do promotor natural tem intrínseca relação com o elemento fundamental do Processo: a Jurisdição. Significa dizer que partes não terão opção de escolher o julgador que apreciará a demanda em curso de processo jurisdicional. 72 17 O histórico desse princípio remonta à Inglaterra de 1215, sob o comando do Rei João Sem Terra, que previa “o julgamento legítimo de seus pares e pela lei da terra”. Já no Brasil, todas as Constituições previam o Princípio do Juiz Natural, exceto a Constituição de 1937. Observe a redação do Artigo 5º, LIII da Constituição Federal de 1988: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; 1.6 - Princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional O princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, também nomeado de Princípio do Direito de Ação, corresponde ao dever do Estado de assumir suas obrigações, garantindo a tutela jurisdicional e não se esquivando ou negando de cumpri-la, de modo que em nenhuma hipótese poderá o juiz deixar de proferir decisão judicial. “Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário” (CRFB/88). Encontra-se a norma em questão prevista no artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal de 1988: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Destarte, pode-se entender que a garantia de acesso ao Poder Judiciário representa a possibilidade, conferida a todos os indivíduos, de provocar a atividade jurisdicional do Estado e instaurar o devido processo constitucional, com as garantias a ele inerentes, como contraditório, ampla defesa, juiz natural, motivação das decisões, publicidade dos atos e outros vetores principiológicos. Mas não basta ao Estado realizar a jurisdição através do processo. Deve garantir, mais do que isto, uma adequada tutela jurisdicional, a materialização do direito. Propiciando uma ordem jurídica justa através do acesso à Justiça a todos, assegurando às partes, não o mero ingresso em juízo, mas uma igualdade real. 1.7 - Princípio do contraditório e da ampla defesa O histórico desse princípio remonta à Constituição de 1891, onde foi possível verificar que o legislador constituinte fez alusão ao vocábulo “defesa”, ao se referir aos direitos dos presos. Mais adiante, a Constituição de 1934 referiu-se à “ampla defesa”, como podemos observar seu artigo 72: “a lei assegurará aos acusados ampla defesa, com os meios e recursos essenciais a esta”. Não obstante, a Constituição de 1934, na seara criminar, assegurou em seu artigo 122, § 11: poderá efetuar-se senão depois da pronuncia do indiciado, salvo os casos determinados em lei e mediante ordem escrita de autoridade competente. Ninguém poderá ser conservado em prisão sem culpa formada, senão pela autoridade competente, em virtude de lei e na forma por ela regulada; a instrução criminal será contraditória, asseguradas antes e depois da formação da culpa as necessárias garantias de defesa. Na mesma direção, a Constituição de 1946 retornava à redação da “plena defesa” em seu artigo 141, § 25, bem como a Constituição de 1967, com a expressão “ampla defesa”. Na Constituição Federal de 1988, o legislador constituinte ratificou e alargou o espectro de proteção do contraditório e da ampla defesa, pois antes esse princípio era restrito ao Direito Processual. Consta na redação do artigo 5º, LV: “Aos litigantes, em processo judicial e administrativo, e aos acusados de modo geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Conforme entendem Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery, vejamos: A garantia do contraditório compreende para o autor a possibilidade de poder deduzir ação em juízo, alegar e provar fatos constitutivos de seu direito e, quanto ao réu, sem informado sobre a existência e conteúdo do processo e poder reagir, isto é fazer-se ouvir. Para tanto é preciso dar as mesmas oportunidades para as partes (Chancengleichheit) para que possam fazer valer em juízo seus direitos (2004, p. 145). Portanto, é possível entender o princípio do contraditório no trinômio: INFORMAÇÃO-REAÇÃO- PARTICIPAÇÃO. A PARTICIPAÇÃO é compreendida como o diálogo que informa o contraditório. As partes e o Juiz devem estar abertos ao diálogo franco e sem má-fé, de modo a respeitar a relação jurídica processual, pautada na comunicação, a fim de garantir a efetiva participação do autor e do réu no processo. 73 Direito Processual I 18 Fonte: Disponível em: < https://advocaciaderesultado.com.br/blog/audiencia-de- conciliacao-instrucao/ >. Acesso em: 15/11/2018. A INFORMAÇÃO é a obrigatoriedade de as partes serem informadas do que ocorre no deslinde processual, para ter sua oportunidade de contraditório e defesa assegurados. A REAÇÃO trata do direito das partes se defenderem de algo imputado, dentro do processo, contrariando-o. O princípio do contraditório pode também ser compreendido pelo brocardo latino “audiatur et altera pars”, que significa “ouça-se também a outra parte”. Fundamental conceber o contraditório de duas maneiras “de um lado, a necessidade de dar conhecimento da existência da ação e de todos os atos do processo às partes, e, de outro, a possibilidade de as partes reagirem aos atos que lhe sejam desfavoráveis” (NERY JR., 2016, p. 248). Consubstancia-se na doutrina a divisão do Princípio do Contraditório em material e substancial. O contraditório material apresenta-se como conteúdo substancial que se estabelece a priori, compõe-se da necessidade de oitiva das alegações, fundamentos e provas de ambas partes litigantes, ou seja, destaca-se o poder de influência da parte, pois ouvida em condições que possa influenciar a decisão do magistrado. Já o contraditório formal liga-se de modo intrínseco às garantias do processo, de modo que as partes tenham mecanismos e garantias dentro do processo para firmarem suas alegações e o principal, de serem ouvidas pelo juízo, coibindo a arbitrariedade e a discricionariedade judicial. O ordenamento jurídico brasileiro prevê uma sanção no caso de inobservância do princípio do contraditório, como assevera Nery Jr. a “ofensa ao princípio do contraditório caracteriza cerceamento de defesa, causa de anulação de processo ou procedimento” (2016, p. 248). É importante ressaltar que o princípio do Contraditório, por ser oriundo do Devido Processo Legal, é corolário dos diversos ramos do Direito, não somente ao direito processual civil e ao direito penal. Fonte: Autora. 1.8 - Princípio do duplo grau de jurisdição O princípio do duplo grau de jurisdição consiste na possibilidade de apreciação por outro órgão julgador do litígio. Trata-se de um princípio fundamental do Estado Democrático de Direito, vetor do sistema judiciário e processual. A organização judiciária possui instâncias superiores e instrumentos processuais para a garantia desteprincípio. E ainda, de instrumentos para se alcançar o direito, tal como os recursos para acesso dessas instâncias. De acordo com Ada Pellegrine Grinover (1998), de modo algum um ato estatal pode escapar de controle e, como tal, a revisão das decisões judiciárias constitui postulado e vetor do Estado Democrático de Direito, por meio do qual se realiza o controle interno, exercido por órgão diverso do que julgou em primeiro grau, para aferir a legalidade e a justiça da decisão por este proferida. O recurso é analisado por um órgão de segunda instância, composto por juízes mais experientes, permitindo que uma mesma matéria, isto é, uma mesma demanda, seja julgada por dois órgãos distintos do Poder Judiciário. Vale a pena lembrar: FONTE: Disponível em: <https://www.politize.com.br/separacao-dos-tres-poderes- executivo-legislativo-e-judiciario/>. Acesso em: 08/10/2018. O histórico do princípio do duplo grau de jurisdição remonta ao Direito Romano e ao Direito Canônico, no 74 19 entanto, apenas com a Revolução Francesa de 1789 tomou forma, como decorrência da reorganização jurídica estatal. Na Constituição Brasileira de 1988 esse princípio é encontrado no Art. 5º, incisos, XXXVII, LIII, LIV, LV, LVI e Art. 93 incisos IX e X, como decorrência do princípio do devido processo legal. Acesso em: 06/10/2018. 1.9 - Princípio da publicidade dos atos processuais Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte, para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB/88). Notem no Preâmbulo da Constituição Federal de 1988 a adoção do modelo democrático de governo, o que pressupõe compromisso com vetores fundamentais de direitos e garantias previstas na Carta Magna. Vamos observar o Art. 5º da CF e alguns de seus incisos: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; (CRFB/88). Nesse sentido fica claro que não haverá legítima democracia no Estado que não exercer o poder soberano de forma transparente, evidenciando-se a necessidade de mecanismo de controle que regulem os atos dos representantes do povo. Por esse motivo existe relevância do Princípio da Publicidade dos atos dos agentes públicos, conferindo-se transparência à administração e garantindo o controle de sua legitimidade e legalidade. Compreende instrumento fundamental à democracia e ao Estado. Pois bem, a publicidade dos atos processuais constitui regra no ordenamento jurídico brasileiro, no entanto, é aceitável exceções, ou seja, sigilo, nos casos de interesse social e a proteção à intimidade do interessado. publica-homologacao-de-concurso-de-conde-e-convoca-para-exames/>. Acesso em: 16 de nov 2018. Art. 5º. Inciso: LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; (CRFB/88). Também consta na redação do Código de Processo Civil, de 2015, da seguinte maneira: Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público. Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: 75 Direito Processual I 20 I - em que o exija o interesse público ou social; II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, adolescentes; III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que seja comprovada perante o juízo. § 1o O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores. § 2o O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação. Vejamos também a importância desse princípio para o Direito Administrativo, como dispõe a Constituição Federal de 1988: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federa l e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 1.10 - Princípio da motivação das O princípio da fundamentação ou motivação das decisões judiciais recebeu grande destaque na constituição de 1988, instituindo o dever de fundamentação como verdadeira garantia constitucional, vejamos o Art. 93, IX: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; Observa-se a tendência constitucional como um obstáculo a arbitrariedades, além da possibilidade do sucumbente (parte perdedora) sabe de que forma irá recorrer da decisão emanada pelo juiz. Esse dispositivo constitucional determina a fundamentação das decisões judiciais, sob a pena de nulidade. No entanto, o texto constitucional não determinou os requisitos dessa atividade jurisdicional que é a decisão judicial, gerando ao longo dos anos muitas discussões acaloradas. Fonte: disponível em: <https://www.certidoes.blog.br/protesto-de-sentenca- judicial/>. Acesso em: 16 de nov 2018. Ficou a cargo do Código de Processo Civil de 2015 em seu Art. 489 elencar os requisitos da sentença e estabelecer limites para a atividade do intérprete, vejamos: Art. 489. São elementos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. § 1o Não se conside ra fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou ac órdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo conc reto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, V - se limitar a invoca r precedente ou fundamentos determin antes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurispr udência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. § 2o No caso de colisão entre normas,o gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão. § 3o A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé. 76 21 Observa-se que o dispositivo, acima citado, expõe a descrição do que deve conter uma decisão fundamentada, portanto, eles são elementos imprescindíveis para que a decisão não seja anulada. Motivação e fundamentação são vocábulos etimologicamente distintos, mas o dever de fundamentação abrange os dois sentidos, ou seja, o juiz, ao fundamentar, expõe o que o levou a chegar a dada conclusão (motivu), e deve também proferir uma decisão justa (justificare) (MEDINA, 2016, p.772). A exigência dessa função eminentemente política do dever de motivação foi, certas vezes, negada ou desconhecida, sob a base de conceitos estritamente dogmáticos dos fenômenos processuais, segundo os quais nenhum aspecto da disciplina de processo teria conotação política. Diz-se as vezes que a sociedade, como tal, não lê as sentenças, e, portanto, não faria sentido falar de controle social difuso da sua motivação (TARUFFO, 2015, p.21). E ainda, essa função que a sociedade exerce no controle das decisões judiciais é chamada de controle externo difuso ou função extraprocessual, uma vez que aqueles investidos em cargos, que exercem a atividade jurisdicional, devem justificar suas decisões, pois é através desta análise que o povo verifica se há o cumprimento dos princípios basilares do Estado Democrático de Direito. Já a função endoprocessual consiste, por sua vez, em permitir que a parte recorra, bem como permitir que a segunda instância possa manter ou reformar a decisão proferida pelo magistrado tendo por base a fundamentação da decisão judicial. 1.11 - Princípio da celeridade e da duração razoável do processo FONTE: Disponível em: <https://alestrazzi.jusbrasil.com.br/artigos/475120201/ quanto-tempo-demora-um-processo-dr-dr>. Acesso em: 08/10/2018. “A justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta”, já ressaltava Rui Barbosa, em 1921, na Oração aos Moços. Pois bem, esse princípio constitucional estabelece a importância do tempo no processo. Uma decisão justa não pode ultrapassar o prazo do aceitável, tampouco incorrer na “morosidade destrutiva da efetividade da jurisdição” (NICOLITT, 2014, p. 30). Está previsto no Art. 5º da Constituição o inciso LXXVIII, que diz: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. Ficou assegurado o direito à razoável duração do processo e, agregadas a ele, as garantias, ainda que não expressas, necessárias à concretização de tal direito no plano prático, ou seja, a materialização do direito uma vez previsto formalmente no ordenamento jurídico brasileiro. Retomando a aula 1 - Normas fundamentais do Processo e sua importância Nessa seção, aprendemos que existe normas fundamentais no processo, princípios e regras, que fazem parte do ordenamento jurídico brasileiro e tem por finalidade dar coesão e coerência, ao Direito, como um macro sistema. A função dos princípios é a de orientar a aplicação da lei, objetivando a justiça em suas multifacetárias faces. Vimos também que a base principiológica do direito brasileiro ganhou destaque a partir da Constituição Federal de 1988, advento no qual os princípios galgaram um status elevado, o de norma, o que antes não ocorria. A partir de então, o ordenamento segue uma base principiológica constitucional, com princípios implícitos e explícitos, que emanam pelo ordenamento jurídico brasileiro como raios de sol, iluminando, “principiando” o sistema normativo e atribuindo, de sobremodo, carga axiológica. Queridos(as) alunos(as), realizem as atividades disponibilizadas no Ambiente Virtual e, caso tenham dúvidas, acessem as ferramentas “fórum”, “quadro de avisos” ou “chat” para interagirem com seus colegas de curso e com a professora. Sejam protagonistas de sua aprendizagem. Avante! GRECO, Leonardo. Instituições de Processo Civil: introdução ao direito processual civil. Volume I. 5ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2015. REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. ASSIS, Araken de. Processo civil brasileiro: parte geral: fundamentos e distribuição de conflitos. 2. ed. São Paulo: Vale a pena ler Vale a pena 77 Direito Processual I 22 8 filmes e séries que todo advogado deveria ver Disponível em: <https://exame.abril.com.br/ carreira/8-filmes-e-series-que-todo-advogado-deveria- ver/>. Acesso em: 16/10/2018. Entre o Direito e a Literatura: uma análise da jurisdição atual e do papel do juiz no tratamento dos conflitos. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/ conteudo/entre-o-direito-e-literatura-uma-an%C3%A1lise- da-jurisdi%C3%A7%C3%A3o-atual-e-do-papel-do-juiz- no>. Acesso em: 16/10/2018. Vale a pena acessar DIREITO & LITERATURA (YOUTUBE) STRECK, Lenio Luiz. Direito & Literatura - O que é um princípio? (Bloco 1). TV e Rádio Unisinos. Publicado em 12 de fev de 2016. Disponível em: < https://www. youtube.com/watch?v=C6yIZVlSqL8 >. Acesso em: 19 de out. de 2018. STRECK, Lenio Luiz. Direito & Literatura - O que é um princípio? (Bloco 2). TV e Rádio Unisinos. Publicado em 12 de fev de 2016. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=QSrKcDEON5s>. Acesso em: 19 de out. de 2018. STRECK, Lenio Luiz. Direito & Literatura - O que é um princípio? (Bloco 3). TV e Rádio Unisinos. Publicado em 12 de fev de 2016. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=MZ-5P1bODec>. Acesso em: 19 de out. de 2018. Vale a pena assistir Revista dos Tribunais, 2016. ASSIS, Araken de. Processo civil brasileiro: parte geral: institutos fundamentais. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. DIDIER JUNIOR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. 19. ed. Salvador: JusPODIVM, 2017. GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: teoria geral e processo de conhecimento. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 28ª edição. São Paulo: Malheiros, 2012. Minhas 78
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