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Nação e Estado: Teorias e Elementos

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2ºAula
Nação - O Estado –Teorias
Objetivos de aprendizagem
Esperamos que, ao término desta aula, vocês serão capazes de: 
• perceber a importância da nação e sua contribuição para a formação do Estado;
• desenvolver uma visão crítica a respeito das culturas antigas e da miscigenação atual;
• saber quais foram os modos de nascimento do Estado e os modos de Extinção do Estado;
• Analisar as principais teorias e sua contribuição para o desenvolvimento atual;
Na aula anterior, estudamos o que era a Ciência Política, 
seu histórico, o funcionamento da sociedade e de que forma 
ela está estruturada. Nesta aula, vamos passar a estudar sobre a 
Nação, o Estado e seus modos de nascimento e extinção, bem 
como as principais teorias estatais, pois é muito importante saber 
como surgiu e foi criado a nação e o Estado, para definirmos as 
trajetórias futuras.
Bons estudos!
Ciência Política e Constituição 14
1 – Nação
2 – Estado – Teorias Estatais
Seções de estudo
1 - Nação
1.1 - Conceito e histórico
O termo nação passou a ser utilizado em meados do 
século VXIII, como uma 
força da população soberana 
na tentativa de derrubar as 
monarquias absolutistas, 
lutando por igualdade e 
alegando que cabia ao povo 
a unificação, por meio de 
uma nação, isto é, grupos 
com determinados requisitos 
semelhantes, deveriam lutar 
por sua libertação e sobrevivência.
Por muito tempo, as maiorias dos autores não aceitaram 
o conceito a existência da nação, tendo em vista que a 
comparavam diretamente com o Estado, no entanto, após o 
século XX, por meio de Ferdnand Tonnies , começou-se a 
reconhecer a nação como 
uma realidade sociológica, 
e o Estado como uma 
realidade jurídica.
Quando se pensa em nação, pontua-se como uma 
unidade étnica de indivíduos, costumes, cultura entre outros, 
que vamos discorrer na sequência, mas na atualidade, isso 
está se tornando cada dia mais distante, em função de uma 
globalização, assim como as facilidades de locomoção. 
Aquele conceito de que cada Estado correspondia a uma 
nação diferente, foi idealizado no século XIX, pelos países da 
Europa que tinham delimitado suas fronteiras com base no 
princípio da nacionalidade.
Embora haja essa miscigenação, a nacionalidade ainda 
é uma das principais características de um Estado, mas não 
podemos afirmar que existe uma nacionalidade para cada 
estado no sentido étnico, pois hoje temos uma miscigenação 
muito grande, então podemos ter um Estado com várias 
nações, e uma nação distribuída por vários Estados. Como 
por exemplo, na Bélgica, onde vamos encontrar três nações: 
os belgas, valões e flamengos.
Enquanto a nação está ligada aos costumes tradições e 
tempo as histórias vão sendo construídas ao longo do tempo 
e fortalecendo esses laços culturais e solidificando-os cada vez 
mais. Nas palavras de Cicco, esse fato se torna muito claro: 
“[....]a nação é a manifestação de um determinado povo, por 
meio da história”.
Disponível em: erdadequeamidiana-
omostra.blogspot.com.br/2015/03/o-
-que-e-politica. Acesso em: 17 nov 2017.
Renomado sociólogo alemão, autor 
das obras “Comunidade e Sociedade” 
e “Princípios de Sociologia”.
Essa nação concebida como uma 
única unidade étnica.
Assim, podemos dizer que a nação é uma 
realidade sociológica, de ordem subjetiva e 
se forma com o passar dos anos, como já dito 
anteriormente. Já o Estado, é uma realidade 
jurídica, necessariamente objetivo.
1.2 - Elementos da nação
A nação como já dissemos, perpassa ao longo do tempo, 
e com isso foram definidos alguns elementos que a compõe, 
como elementos naturais, elementos históricos e elementos 
psicológicos. Dentro dos elementos naturais, encontramos o 
território, a unidade étnica e o idioma comum.
Em relação ao território, não é necessário haver 
um território para termos uma nação, como dissemos 
anteriormente, encontramos várias nações em um mesmo 
território, como é o nosso caso. Podemos encontrar também 
vários territórios com a mesma nação, assim tem-se o território 
como elemento essencial do Estado e não da nação.
O segundo elemento da 
nação em relação aos elementos 
naturais é a unidade étnica. Será 
que a unidade étnica seria o 
único elemento da nação? Se 
pensarmos na formação da 
nação com base no princípio da 
nacionalidade, sim, tínhamos 
que afirmar uma única unidade étnica, 
como China, Japão, Alemanha. Mas, 
como já explicado anteriormente, na 
atualidade encontramos uma variação e 
unidades étnicas na maioria dos países, 
principalmente nas Américas, que 
foram colonizadas depois, dessa forma, 
não podemos afirmar que mais de uma 
unidade étnica compõe um Estado. 
Mas, em relação a nação, ainda existe 
uma preponderância dela sim, como já cita acima, é o caso do 
Japão.
Outro elemento a ser analisado 
é o idioma comum, verifiquem que 
cada Estado tem uma língua oficial, no 
entanto o idioma comum, em alguns 
Estados, varia de região para região, 
na Suíça, por exemplo, encontramos 
três idiomas, o italiano, o francês e o 
alemão. No Paraguai, encontramos o guarani e o casteliano, 
evidenciado assim, que dentro de um mesmo Estado podemos 
encontrar vários idiomas e uma língua oficial. Como também 
podemos encontrar o mesmo idioma em vários Estados, como 
é o caso da língua portuguesa, falada no Brasil, Portugal e em 
vários países africanos. Assim, com relação a nação , no início 
de sua formação é possível 
afirmar que tem-se um único 
idioma comum.
O segundo grupo de características da nação que 
encontramos dentro dos elementos históricos, englobam as 
tradições, os costumes, a religião e alguns pontuam ainda a lei.
Uma nação é construída ao 
longo dos anos, e com isso vai 
se perpetuando suas tradições 
entre os membros dessas nações, 
as tradições perpassam ao 
longo dos anos, isto é, passam 
de geração em geração. Mas, o 
que elas transmitem? Tradição 
é transmitir as pessoas uma série de comportamentos, crenças, 
Disponível em: https://pt.dreamstime.
com/foto-de-stock-conceito-multi-étni-
co. Acesso em: 17 nov 2017.
 Disponível em: vhttp://
humornaterradasararas.
blogspot.com.br/2014/05/
de-japoneses.htmlvhttp://
humornaterradasararas.
blogspot.com.br/2014/05/
de-japoneses.html. Acesso 
em: 17 nov 2017.
Disponível em: http://staff5.
com/hablar-idioma-cliente/. 
Acesso em: 17 nov 2017.
Disponível em: http://www.portalmie.
com/atualidade/2015/08/conhecen-
do-um-pouco-sobre-tradicoes-obon-
-no-japao/. Acesso em: 17 nov 2017.
15
2.1 - Nascimento do Estado
Verificamos em nossa aula anterior, como se estrutura 
a sociedade e as teorias que justificam a forma como damos 
origem à sociedade de forma em geral. A evolução dessa 
sociedade vai dar origem a uma nação que quando fundada na 
teoria da nacionalidade vai originar um Estado.
Da mesma forma que nós temos um nascimento e 
depois a morte, alguns autores pontuam que o estado obedece 
à mesma ordem, ressalvadas as devidas proporções.
Para que esses Estados passem a existir, ou nasçam 
propriamente dito, é necessário analisar quatro situações, 
essas situações são denominadas teorias por alguns autores 
e por outros de princípios, vamos analisá-las como se fossem 
princípios que dão origem ao nascimento do Estado.
O primeiro princípio a ser 
analisado é o da nacionalidade, 
como acabamos de estudar, 
cada nação deveria dar origem 
a um Estado soberano, essa 
ideia foi difundida por Mancini 
em 1851. (Cicco, 2016).
O segundo princípio 
a ser pontuado é o da 
autodeterminação dos povos, 
não basta ter a nacionalidade, é necessário também que 
a população queira esse objetivo, almeje a criação desse 
novo Estado, o que pode acontecer por meio do plesbicito. 
Podemos citar como 
exemplo recente o país de 
Gales, que consultou sua 
população se queriam ou 
não deixar de fazer parte 
do Reino Unido, o que foi 
rejeitado por eles nas urnas.
O terceiro princípio é o das 
fronteiras naturais, onde cada 
Estado seria criado de acordo 
com os acidentes geográficos, 
por isso fronteiras naturais. E, 
por último, não considerado 
como princípio, mas simcomo 
uma estratégia de controle, que 
seria o equilíbrio das potências 
mundiais em relação ao seu armamento, onde seria criado 
um novo Estado de acordo com as potências mundiais 
sem consultar ninguém, negando qualquer princípio da 
nacionalidade ou soberania popular.
Os dois primeiros são princípios basilares do Estado 
com longa duração, pois vêm pautados na vontade de sua 
população, os dois últimos se tratam de estratégias de controle 
das grandes potências, o que não resulta em Estado forte, ou 
como afirma Cicco, 
2 - Estado – Teorias Estatais
Lembre-se, o conceito relembrado acima é de 
uma nação uniforme, os países onde existe uma 
miscigenação de unidades étnicas não entram 
nesse conceito, pois ao invés de termos um 
conjunto homogêneo, teremos um conjunto 
heterogêneo. Ainda, a nação sempre estará 
inserida dentro de um Estado, não tem como existir nação sem Estado, 
e ela tem em comum com seus cidadãos, a origem, seus interesses, 
seus ideais e suas aspirações.
lendas e costumes para a sociedade em que vivem, e esses passam 
a fazer parte da cultura daquele Estado, como no caso do carnaval 
no Brasil, ou ainda de suas festas religiosas, por isso, os elementos 
históricos englobam a tradição, os costumes e a religião.
A religião foi um elemento 
necessário e fundamental para o 
agrupamento das pessoas, além dos 
elementos já pontuados anteriormente, 
hoje existem inúmeras religiões dentro 
de um único Estado, por exemplo, no 
Brasil. Na Alemanha, iremos verificar 
que metade de sua população é católica 
e a outra metade é protestante. Assim, 
pontua Ernesto Renan:
Já não há religião de estado; é possível ser 
francês, inglês, alemão, sendo protestante ou 
católico ou israelita ou mesmo ateu. A religião é 
individual, contempla a consciência de cada um 
(Sahid, 2017).
Por fim, dentro dos elementos históricos, ainda temos a 
lei. A maioria dos doutrinadores entendem que as leis com a 
coercibilidade real do ponto de vista jurídico somente existe 
dentro do Estado, no entanto, normas de conduta baseadas na 
cultura de cada nação para estabelecer o mínimo de ordem na 
convivência deles, é perfeitamente possível.
Agora, vamos adentrar ao último elemento da nação, ao 
aspecto psicológico que faz com que as pessoas queiram fazer 
parte dessa nação de forma plena. 
Dentre os elementos 
psicológicos, temos as aspirações 
comuns e a consciência de 
nacionalidade. No primeiro, 
significa dizer que determinados 
grupos de pessoas com a 
mesma unidade étnica tem a 
mesma aspiração comum de 
querer formar um grupo e permanecerem juntos, em função 
do número infinito de afinidades que eles concentram. O 
segundo elemento, é a consciência real de querer realmente 
construir e constituir uma nova nação com todas as implicações 
e responsabilidades que esses fatores trarão, como foi o caso 
da nação Israel que permaneceu em forma de nação por muito 
tempo, até que em 1948 voltou a se tornar um Estado.
Disponível em: ww.natu-
ralawakeningsmag.com. 
Acesso em: 17 nov 2017.
Disponível em: http://cidadania-portu-
guesa.com/category/blog/primeiros-. 
Acesso em: 17 nov 2017.
Disponível em: https://greensavers.
sapo.pt/2015/08/as-fronteiras-mais-
-estranhas-do-mundo-com-fotos/. 
Acesso em: 17 nov 2017.
Disponível em: ww.naturalawakenin-
gsmag.com. Acesso em: 17 nov 2017.
Desta forma, podemos dizer que: nação é uma entidade de direito 
natural e histórico e pode ser conceituada como um conjunto 
homogêneo de pessoas ligadas entre si por vínculos permanentes de 
sangue, idioma, religião, cultura e ideais.
Bem, finalizamos o conteúdo em relação a nação, a partir 
de agora vamos verificar como surgiu o estado e as principais 
teorias que sustentam essa origem e permanência do Estado.
Plesbicito é uma forma de participa-
ção popular, por meio do exercício de 
soberania, onde consulto a população 
sobre alguma mudança substancial 
no seu modo de viver em relação a 
legislação ou administração pública.
Ciência Política e Constituição 16
A obediência aos dois primeiros critérios 
nos dá perspectivas de análise de estados 
realmente existentes de longa duração 
com viva participação dos habitantes nos 
negócios públicos, enquanto que o princípio 
do equilíbrio das potências deu origem a 
Estados de relativamente curta duração, 
como por exemplo, lembramo-nos da extinta 
Tchecoslováquia e a Iugoslávia, que surgiram 
por força de tratados das grandes potências, 
vinculando povos de línguas e costumes 
diferentes para formar uma unidade política 
artificial que só poderia subsistir sob regime 
ditatorial e centralizador, desagregando-se em 
Estados autônomos logo que se retornasse 
à pratica democrática. Foi o que aconteceu 
com tchecos e eslovacos e, mais tarde, com 
as disputas por vezes sangrentas entre sérvios, 
croatas na Iugoslávia.(Cicco, 2016).
Após esta análise, vamos verificar quais são e como 
funcionam as formas de nascimento dos Estados. Existem 
três modos de formação de um Estado, modo originário, 
modo secundário e modo derivado. Vamos verificar como 
ocorre cada formação.
2.1.1 - Modo originário 
A primeira forma de nascimento do Estado é a chamada 
de originária, o que significa dizer que originariamente o 
Estado surge do próprio meio nacional, seria dizer que cada 
nação dá origem a um Estado, sem qualquer interferência de 
fatores externos, seria algo natural, por isso originário, pois 
não tem provação e nem sustentação externa.
Esse tipo de Estado 
teria entre sua população 
um grupo homogêneo de 
pessoas organizadas em 
determinado território, que 
estruturam sua forma de 
Estado, forma de governo, 
estabelecendo uma ordem 
politica, e então, por meio 
dessa e do exercício de soberania criam a ordem jurídica. Para 
esse tipo de nascimento estatal, tudo seria natural, obedeceria 
uma ordem normal da vida, uma família que se transforma 
e uma tribo, que evolui até chegar ao ponto de se tornar 
um Estado. Temos como exemplos desses Estados: Roma, 
Atenas e outros Estados que tiveram origem no passado.
Esse modelo de nascimento do Estado realmente só 
existiu para os Estados antigos, os demais Estados criados 
a partir do século XV, não tinham mais este formato, devido 
ao número de pessoas ou a forma como foram criados, como 
veremos a seguir. Um exemplo é o Estado da Califórnia, que 
foi formado no ano de 1849, por uma legião de indivíduos 
de todas as origens, criando um novo Estado e no futuro 
integrando a federação americana.
Bom, verificamos como se dá a primeira forma de 
nascimento do Estado, que é o modo originário, agora vamos 
verificar o segundo modo de criação do Estado, que é o modo 
secundário.
2.1.2 - Modos secundários
O modo secundário de criação de Estados vai acontecer 
por meio da união ou divisão de um Estado já existente. 
No primeiro caso, da união, ele pode acontecer por meio da 
confederação, federação, a união real e a união pessoal. Esses 
são considerados formas de Estado e vamos estudar em nossas 
próximas aulas.
Mas, para vocês terem uma noção, vamos falar da união 
da Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental, tornando esses 
dois países em uma única unidade nacional. 
Com relação à divisão 
dos Estados, ainda podemos 
dividi-los de duas formas, 
uma chamada de divisão 
nacional e outra chama de 
divisão sucessoral (Cicco, 
2016).
A divisão nacional dos Estados ocorre quando dentro de 
um Estado maior determinadas regiões se separam dele dando 
origem a um novo Estado, como foi a caso da antiga União das 
Repúblicas Socialistas Soviéticas, que depois do ano de 1991, 
foi extinta dando origem a uma série de novos Estados como 
Cazaquistão, o Azerbaijão, Turcomenistão entre outros. (Cicco, 
2016).
A outra forma de divisão 
estatal é o modo sucessoral, 
que ocorria a época do 
Estado medieval, quando o 
Estado considerado como 
propriedade do monarca, 
era dividido entre os seus 
parentes e sucessores, desdobrando-se, assim, em reinos 
menores autônomos. 
Esse modo de divisão na 
atualidade não é mais possível, 
tendo em vista que o Estadonão 
é propriedade do monarca, nem 
de ninguém, não se reconhece 
nenhuma forma de propriedade 
sob o Estado.
Na sequência, vamos verificar o último modo de 
nascimento do Estado, que é o modo derivado de formação 
do Estado.
2.1.3 - Modos derivados 
Os modos derivados surgiram junto com as colonizações 
e conquistas de novos territórios, pois todas as formas de 
nascimento do Estado dentro dos modos derivados envolvem 
outro país. Assim, são modos derivados de formação do 
Estado a Colonização ou 
Descolonização, a concessão de 
direitos de soberania e os atos do 
governo.
a) Colonização ou 
descolonização
Comentamos anteriormente 
que a América foi colonizada 
Disponível em: http://boards.straightdope.
com/. Acesso em: 17 nov 2017.
Disponível em: http://www.grupoes-
colar.com/pesquisa/conquista-e-co-
lonizacao-da-america-latina.html. 
Acesso em: 17 nov 2017.
Disponível em: https://www.tecmundo.
com.br/ciencia. Acesso em: 17 nov 2017.
Disponível em: www.prograd.ufg.br
Observem que a foto ao lado se 
trata de uma ilustração somente 
exemplificativa, claro que não vai 
haver uma rachadura visível na se-
paração de um Estado, não dessa 
forma, geralmente as fronteiras 
são definidas com bases em trata-
dos ou de outras formas que vamos 
estudar em elementos do Estado.
17
do Estado, que no nosso caso, é nosso objeto de estudo.
Vamos falar aqui de cinco teorias que explicam o 
nascimento do Estado, que são elas, teoria da origem natural, 
teoria da origem familiar, teoria da origem contratual, teoria da 
origem patrimonial e teoria da força.
2.2.1 - Teoria da Origem natural
Como o próprio nome já diz, 
para os adeptos dessa teoria, o Estado 
não surge de um fator isolado, mas 
da junção de vários fatores, como a 
família, a propriedade, e outros fatores 
necessários para isso. Logo, refutam 
qualquer teoria que parte de premissas 
individuais, e assim, para eles, o Estado 
vai surgir naturalmente com a junção 
de todos esses elementos.
2.2.2 - Teoria da origem familiar
A teoria da origem familiar tem como seus idealizadores 
Aristóteles e São Tomas de Aquino, 
que sustentam que o estado nasceu da 
célula familiar, passando pela evolução à 
sociedade primitiva, pelo estágio de Nação, 
até chegarem ao estágio final de Estado. E 
utilizam o Estado Grego e Romano como 
exemplo.
Ainda dentro 
da teoria da origem 
familiar, alguns 
autores pontuam que ela pode ser 
dividida entre a origem patriarcal e 
matriarcal, para a primeira corrente, o 
Estado surgiu de uma família, onde a 
autoridade suprema pertencia ao varão 
mais velho, ou seja, ao patriarca da 
família. Ao verificarmos todos os textos antigos, que relatam 
a história da humanidade, veremos que em todas elas constam 
como chefes os homens, e principalmente, entre os governos 
monárquicos.
Existe ainda uma pequena parte que atribui essa 
origem familiar à matriarca da família, mas isso a época não 
era possível, há não ser nos casos em que as mesmas eram 
consideradas promíscuas e, portanto, teria que cuidar dos seus 
filhos sozinhas.
2.2.3 - Teoria da origem patrimonial
Para essa teoria, a posse de terra 
gerou o poder público e deu origem a 
organização estatal. Um bom exemplo 
foi a sociedade feudal, que tinha seu 
fundamento todo organizado em 
feudos e, portanto, na terra.
Essa teoria perde força no 
momento em que a sociedade começa a ser envolvida em 
questões de comércio, expansão de fronteiras marítimas e 
recebimento de terras por sucessão, uma vez que nestes atos 
a propriedade poderia ser disponibilizada para terceiros sem 
pelos europeus, e nesse processo de colonização, todos esses 
países foram colônias de algum Estado europeu. Quando a 
evolução dessa colônia acontece e chega a um ponto que essas 
colônias começam a buscar sua independência, vai acontecer 
a descolonização e, automaticamente, a independência desses, 
tornando-os novos países.
Temos como exemplo o próprio Brasil que durante 
um bom tempo foi colônia de Portugal e depois se tornou 
independente. Podemos citar também Angola, Moçambique, 
os Estados norte- americanos. Os mais recentes foram Timor 
Lestes, que deixou de ser colônia de Portugal e Argélia, que 
deixou de ser colônia da França (Cicco, 2016).
b) Concessão dos direitos de 
soberania 
A concessão dos direitos de 
soberania é uma deliberação do 
monarca, isto é, eles por sua livre vontade 
pessoal, outorgavam direitos aos seus 
principados, ducados, libertando-os de 
sua égide. Foi o que aconteceu com a 
Irlanda do Norte e o Canadá, que tiveram 
sua soberania reconhecida pelo governo 
inglês, mas eles mantiveram-se como 
membros da British Commonwealth of Nations, 
ressalta-se que esse ato se deu por vontade 
dos próprios países. 
c) Atos do Governo
Esse tipo de nascimento de Estado 
se deu no passado, quando ainda existiam grandes impérios 
e colonizações, o que permitia que seus imperadores ou 
monarcas permitissem a libertação dos mesmos por meio de 
ato de soberania, então, Napoleão, que foi um dos grandes 
conquistadores, libertou vários Estados, como por exemplo, a 
Luisiana, antiga colônia francesa.
Esses são os modos derivados de formação estatal. 
O que se busca hoje para a formação de um novo Estado, 
é a irredutibilidade de interesses, busca-se uma sociedade 
mais pacífica e igualitária para todos, a necessidade de uma 
autonomia econômica e política, dependendo do Estado, uma 
divergência muito grande entre as raças, que os impossibilitam 
de permanecer sob uma mesma unidade estatal, pois suas 
aspirações e coligações não estão de acordo com o interesse 
do resto do Estado.
 A British Commonwealth of Nations, é uma 
organização intragovernamental, composta 
por 53 países, onde somente dois deles não 
fizeram parte do Império Britânico, os demais 
todos eram antigas colônias do Império Bri-
tânico, e essa junção tem por finalidade a 
cooperação e o desenvolvimento de todos os 
Estados membros. Eles visam a promoção da 
democracia, dos direitos humanos, proteção 
das garantias e liberdades individuais, com a 
finalidade final de promoção da paz social.
Disponível em: http://
www.nacentralohio.com/
rethinking-cancer/. Acesso 
em: 17 nov 2017.
Disponível em: http://blog.
agrishow.com.br. Acesso 
em: 17 nov 2017.
Disponível em: http://
www.nacentralohio.com/
rethinking-cancer/. Acesso 
em: 17 nov 2017.
Enfim, na atualidade, a formação de um novo Estado vai depender de 
uma série de fatores internos e externos, o que dificulta e impossibilita 
muito esses surgimentos.
Vimos quais são os modos de nascimento do Estado, 
vamos ver agora quais as teorias que justificam esse nascimento 
e depois as formas de extinção do Estado.
2.2 - Teorias Estatais
A origem da humanidade sempre foi tópico de muitas 
discussões em todos os campos de estudos, e no direito não é 
diferente, temos inúmeras teorias que justificam o nascimento 
Disponível em: https://
amenteemaravilhosa.com.
br/sua-liberdade-termina-
-comeca-minha. Acesso em: 
17 nov 2017.
Ciência Política e Constituição 18
que o Estado pudesse intervir de forma eficaz.
2.2.4 - Teoria da força
Para essa teoria, os homens 
viviam em constante guerra 
entre si, e aqueles que venceram, 
criaram o estado para dominar 
os vencidos. Para ela, com o fim 
de controlar as ações individuais 
e a observância das normas se 
estabelece a força, assim, devem 
as pessoas submeter-se a este 
poder de força do Estado, uma vez que este último exercitaria 
a função de guardião da ordem coletiva.
Essa teoria se aproxima do pensamento marxista 
de que a história se desenvolve em um processo 
histórico de luta pelo poder, explicando-se 
então a supremacia política, econômica, militar 
etc. dos mais fortes sobre os mais fracos. De 
maneira mais contundente, diz o pensador 
Friedrich Nietzsche, que o Estado é resultado 
da violência desenfreada. (Cicco, 2017).
Assim, para essa teoria temos um grupo de comandantes 
e o outro de comandados. Essas são as principais teorias que 
explicam o nascimento do Estado, agora vamos estudar quaissão as formas de extinção do Estado.
2.3 - Extinção do Estado
Falarmos em extinção do Estado, 
em um primeiro momento parece 
missão impossível, tendo em vista que 
em nossas mentes Estado é para a vida 
inteira, mas existe sim uma corrente 
de filósofos chamados de organicistas 
ou também conhecidos como Escola 
Orgânica, que pregam que o Estado 
como qualquer ser vivo deve nascer, 
crescer, florescer e morrer.
Parece impensável algo do gênero, mas existem sim 
situações em que o Estado, por motivos alheios, pode deixar 
de existir, e essas situações são divididos em Modos gerais e 
modos específicos.
2.3.1 - Modos gerais
Dentre os modos gerais se encontram as causas naturais 
de extinção do Estado, significa dizer que havendo a perca 
de um dos elementos do 
Estado, ele deixará de 
existir. 
Como assim professora, um Estado deixar de existir por 
perder um de seus elementos? Não consigo imaginar como 
isso é possível! 
Bem vamos lá, vamos responder a esses questionamentos.
Como explicamos em nota, o Estado é composto por 
sua população, pelo seu território e pelo seu governo. Se 
desaparecer qualquer um desses elementos, o Estado deixa 
de existir. Vamos imaginar 
uma grande inundação, 
que venha a alcançar o 
território inteiro do Uruguai 
no Sul da América do Sul, 
nesse caso hipotético, esses 
países deixarão de existir, 
desaparecendo por causas 
naturais.
Vamos pensar em outra 
hipótese, uma contaminação 
do solo de um Estado 
que se torna impossível 
produzir qualquer coisa nele, 
nesse caso também estará 
prejudicado o território 
desse Estado e ele também 
deixará de existir.
Esse fato realmente 
ocorreu: uma nevasca, o que 
obrigou o povo helvético 
a deixar seu território pelo 
fato de ele ter se tornado 
inabitável. 
Assim, o território de 
um Estado pode desaparecer 
por causas naturais: em casos 
de erupção de um vulcão, como foi o caso de Pompéia no 
império romano, que foi totalmente destruída no 79 da era 
Cristã, maremotos, terremos, 
etc. (Cicco, 2016).
Pontuamos o 
desaparecimento do Estado 
por causas naturais em 
relação ao território, vamos 
falar agora da população, de 
que forma essa população 
pode desaparecer na 
atualidade? Somente uma 
contaminação em massa que não tenha cura pode fazer com 
que uma população inteira seja dizimada, assim como ocorreu 
com o mundo na época da peste negra, claro que não acabou 
com um Estado inteiro, mas dizimou grande parte da população 
mundial. Então, somente um desastre natural ou uma doença 
fatal, pode hoje dizimar a população inteira de um Estado e 
acabar com esse elemento, se isso acontecer, o Estado deixa de 
existir.
Por fim, como último elemento, teríamos o 
desaparecimento do governo, mas nesses casos, pode o 
governo deixar de existir até a implantação de um novo, e isso 
não configura o desaparecimento do Estado, ainda, alguns 
autores pontuam que não tem como o governo desaparecer há 
não ser por outras causas como expulsão ou conquista, desta 
forma se encaixa em outras situações de extinção do Estado. 
Após verificarmos os modos gerais, vamos verificar agora os 
modos específicos. 
2.3.2 - Modos específicos
Após verificarmos os modos gerais, vamos falar agora 
Disponível em: http://zelmar.blogs-
pot.com.br. Acesso em: 17 nov 2017.
Disponível em: https://www.dn.pt/mundo/
interior. Acesso em: 17 nov 2017.
Disponível em: http://www.sitedecuriosi-
dades.com. Acesso em: 17 nov 2017.
Disponível em: https://en.wikipedia.org/
wiki/Fort_Snelling_National_Cemetery. 
Acesso em: 17 nov 2017.
Disponível em: https://tho-
th3126.com.br/terra-ja-esta-
-no-inicio-de-uma-sexta-ex-
tincao-em-massa/. Acesso 
em: 17 nov 2017.
Disponível em: https://noticias.r7.com/
cidades/noticias. Acesso em: 17 nov 2017.
Temos por elementos do Estado a 
População o território e o governo.
19
dos modos específicos, que são subdivido em: conquista, 
emigração, expulsão e recusa 
dos direitos de soberania. 
a) Conquista
O modo de extinção 
em função da conquista vai 
ocorrer quando um Estado 
em determinado época é 
invadido por forças inimigas 
(de outro Estado soberano), ou fracionado violentamente por 
movimentos separatistas insuflados por Estados estrangeiros 
que pretendem o desfazimento da hegemonia existente no 
Estado invadido. O lado de quem está perdendo. Tinha o 
Estado e não tem mais. Assim, o vencedor do conflito vai ficar 
com sua conquista e dominar aquele território.
Lembra quando dissemos a respeito do desaparecimento 
do governo, no caso da conquista o governo do vencido deixa 
de existir, e com ele desaparece o Estado, como foi o caso 
da Polônia, Tchecoslováquia no decorrer da primeira guerra 
mundial.
b) Expulsão
A expulsão vai 
ocorrer quando, após uma 
disputa entre dois Estados 
soberanos, ou entre Estados 
e forças inimigas bárbaras, 
em que um dos Estados 
é vencido e perde sua 
soberania, as forças vencedoras impõem a população vencida o 
seu deslocamento total para outra região, ou seja, são forçados 
pelos vencedores da batalha ou invasão a mudarem de região. 
Podemos citar como exemplo as invasões barbaras, onde eles 
não permitiam que os conquistados permanecessem dentro do 
território conquistado.
Observação, nossa charge acima é uma brincadeira a 
expulsão que, claro, era coisa muita séria.
c) Emigração
Vimos, anteriormente, 
que o Estado desaparece 
quando seu território deixa 
de existir, nesse caso se o 
território sofreu algo que 
não é mais possível habitá-
lo, sua população será 
obrigada a emigrar para outro Estado, como convidados do 
mesmo. Como uma radiação atômica, por exemplo.
Por fim, veremos agora a última forma de extinção do 
Estado, que se trata da renúncia aos direitos de soberania.
d) Renúncia aos direitos de soberania
A Renúncia aos direitos de soberania vai ocorrer 
quando um Estado soberano reconhece as suas dificuldades 
internas de autossustentação, ou de sobrevivência frente às 
dificuldades temporais ou locais, renuncia os seus direitos de 
autodeterminação, a sua soberania, em favor de outro Estado 
soberano melhor estruturado e desenvolvido, capaz de ajudar 
o desenvolvimento daquele Estado que antes não conseguia 
Disponível em: http://sites.universal.
org/obreirosuniversal. Acesso em: 17 nov 
2017.
Disponível em: https://draflaviaortega.
jusbrasil.com.br. Acesso em: 17 nov 2017.
Dispomível em: http://www.espacojames.
com.br/carrega.. Acesso em: 17 nov 2017.
Esses são os modos de extinção do Estado, na 
atualidade, basicamente somente tragédias 
naturais, guerras que configurariam a conquista, 
ou renúncias do direito de soberania que 
poderiam fazer Estados serem extintos.
Retomando a aula
Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar 
nossa aula, vamos recordar:
1 – Nação
Como funciona a nação e sua importância na formação 
do Estado.
Vimos também que uma nação não precisa de território 
para sobreviver e, é possível encontrar uma mesma nação 
em vários Estados, assim como um Estado conter inúmeras 
nações como é o caso do Brasil.
2 – Estado – Teorias Estatais
Verificamos como ocorre o nascimento do Estado, 
as teorias que permeiam o nascimento do Estado e sua 
importância para o mundo jurídico, bem como as formas 
de extinção do Estado, os tipos, modos gerais e modos 
específicos e quais as suas peculiaridades.
Vale a pena
CICCO, Claudio de; GONZAGA, Alvaro de Azevedo. 
Teoria Geral do Estado e ciência política. 7. ed. rev. e ampl. São 
Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2016.
CRETELLA NETO, Jose; CRETELLA JR., Jose. 
1000 Perguntas e respostas sobre Teoria Geral do Estado. 6. ed. Rio 
de Janeiro : Editora Forense, 2007.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral 
do Estado. Saraiva, 24 ed. 2012.
GONZAGA, Alvaro de Azevedo; ROQUE, Nathaly 
Campitelli. Vade Mecum Humanístico. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2010.
PAULA, Jonatas Luiz Moreira de. Ciência Política: 
Estado e Justiça. Leme : J. H. Mizuno, 2007.
Vale a pena ler
existir de forma autônoma.
No ano de 1837, o Estado mexicano do Texas declarousua independência, mas sete anos depois ao ver que não era 
possível permanecer autossuficiente, ele renunciou a sua 
soberania em 1845, em favor dos Estado Unidos da América, 
passando a fazer parte da federação americana. (Cicco, 2016).

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