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Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores CIRCUITOS 1º ano – 2009/2010 20 de Julho de 2010 RECURSO - Duração 2h 30m - sem consulta 0.2Ω 0.4Ω 0.1Ω 0.1Ω A B 1. O seguinte circuito representa a ligação em paralelo de duas baterias com as suas resistências internas e as resistências dos cabos de ligação: a) Determine o equivalente de Thevenin visto dos terminais A e B. [2 valores] Como o circuito só tem fontes independentes, podemos obter o circuito equivalente de Thevenin calculando a resistência equivalente vista dos terminais A e B (RTH) e a tensão em circuito aberto nos pontos A e B (VTH). Cálculo de RTH: anulando as fontes de tensão (i.e. trocando-as por curto-circuitos) ficamos com o circuito: RTH = 0.4 + ( 0.1 || ( 0.2 + 0.1 ) ) = 0.4 + ( 0.1 x 0.3) / ( 0.1 + 0.3 ) = 0.475 Ω A tensão em circuito aberto pode ser calculada facilmente aplicando o princípio da sobreposição. Anulando a fonte da direita, a tensão entre A e B é determinada pelo divisor de tensão: VAB1 = 12 x 0.1 / (0.1 + 0.2 + 0.1) = 3V 0.2Ω 0.4Ω 0.1Ω 0.1Ω A B 12 V + - Circuitos 2009/2010 - Resolução da prova de recurso de 20 de Julho de 2010 2/10 0.2Ω 0.4Ω 0.1Ω 0.1Ω A B 12 V + - 0.2Ω 0.4Ω 0.1Ω 12 V + - 2Ω 12 V + - Anulando a fonte da esquerda: VAB2 = 12 x ( 0.1 + 0.2) / (0.1 + 0.2 + 0.1) = 9 V A tensão equivalente de Thevenin é a soma das duas: VTH = 12 V b) Calcule a corrente em cada uma das fontes de tensão, supondo uma carga de 2 Ω ligada entre os terminais A e B. [2 valores] Ligando a resistência de 2 entre A e B ficamos com um circuito que pode ser resolvido facilmente com análise nodal: (V1-12) / 0.3 + (V1-12) / 0.1 + V1 / 2.4 = 0 (equação de correntes no nó indicado) V1/0.3 - 40 + 10 V1 - 120 + V1 / 2.4 = 0 V1 = 160 / ( 1/0.3 + 10 + 1/2.4 ) = 11.64 V Conhecendo a tensão V1, a corrente em cada fonte pode ser calculada pela lei de Ohm (com os sentidos indicados na figura): fonte da esquerda: I1 = (12 - 11.64) / ( 0.1 + 0.2 ) = 1.2 A fonte da direita: I2 = (12 - 11.64) / 0.1 = 3.6 A 2. A figura mostra um circuito com 2 interruptores, I1 e I2. O circuito foi construído em 1 de Janeiro de 2000, com o interruptor I1 na posição A e o interruptor I2 na posição A (situação mostrada na figura). Hoje, 20 de Julho de 2010, aconteceu o seguinte: + vc(t) - 20µF 100Ω 10 V I1 100Ω 100Ω + - A B R A B I2 0.1A V1 I2 I1 Circuitos 2009/2010 - Resolução da prova de recurso de 20 de Julho de 2010 3/10 + vc(t) - 20µF 100Ω I1 100Ω + - B a) Exactamente às 12h o interruptor I1 trocou da posição A para a posição B, mantendo-se o interruptor I2 na posição A. Determine os valores da tensão vc(t) passados 8 ms e passado 1 minuto (i.e. às 12h 01m). [2 valores] Estando os interruptores nas posições indicadas desde Janeiro de 2000, e sabendo que a constante de tempo desse circuito é 20 x 300 µs = 6 ms, podemos afirmar que a tensão no condensador já atingiu o valor final igual a 0V (ou descarregou completamente). Assim, o valor inicial da tensão no condensador no instante t=0 (ou às 12h do dia 20 de Julho de 2010...) será igual a 0V. Quando o interruptor I1 troca para a posição B, passamos a ter o circuito seguinte: O valor final da tensão no condensador, quando t→→→→∞∞∞∞ é igual ao valor da fonte de tensão (10V) e a constante de tempo é igual 200 x 20 µs = 4 ms A expressão para Vc(t) é: Vc(t) = Vf + ( Vi - Vf ) e -t/ττττ Vc(t) = 10 + ( 0 - 10 ) e -t/4 (com t em ms) Para t=8 ms: Vc(8ms) = 10 - 10 e -2 = 8.65 V Para t=1 min podemos afirmar que vc(t) é praticamente igual ao valor final, uma vez que já decorreu um tempo igual a 60000 / 4 = 15000 constantes de tempo! (e-15000 = 3.8 x 10 - 6515...) + vc(t) - 20µF 100Ω I1 100Ω 100Ω A Circuitos 2009/2010 - Resolução da prova de recurso de 20 de Julho de 2010 4/10 + vc(t) - 20µF 100Ω b) A seguir, às 12h 01m, o interruptor I2 troca para a posição B (e o I1 continua na posição B). Apresente, justificando devidamente, a expressão que representa a tensão vc(t) a partir desse instante [2 valores] No instante de tempo referido a tensão no condensador é igual a 10V (valor inicial). Quando o interruptor I2 troca para a posição B é inserida a fonte de corrente no circuito: Quando o tempo tende para infinito o condensador comporta-se como um circuito aberto e por isso a tensão final nos terminais do condensador coincide com a tensão nos terminais da fonte de corrente (ignorando a resistência de 100Ω do lado direito). Como a fonte de corrente impõe uma corrente de 0.1A na única malha do circuito (com o sentido indicado), a tensão pretendida é a soma da tensão na resistência de 100 (0.1A x 100 Ω) com a tensão da fonte ideal de tensão (10V), ou seja, 20V. A constante de tempo é a mesma calculada para a), 4 ms A expressão final para vc(t) é: vc(t) = 20 + ( 10 - 20 ) e -t/4 (com t em ms) c) Depois, às 12h 30m, o interruptor I1 avariou tendo ficado desligado de ambas as posições, não dando por isso continuidade do circuito a partir desse ponto. Diga, justificando, de que forma varia a tensão vc(t) a partir desse instante. [1 valor] Nas condições referidas o circuito fica transformado no seguinte: A fonte de corrente ideal produz 0.1A sempre (por isso é que é ideal!) e essa corrente vai "entrar" no condensador, carregando-o. Note que neste caso não é possível utilizar a expressão geral que representa a tensão nos terminais do condensador num circuito RC porque essa expressão apenas é válida para circuitos RC quando submetidos a uma transição brusca (ou degrau) da tensão que é aplicada à série RC. + vc(t) - 20µF 100Ω I1 100Ω 10 V + - B 0.1A Circuitos 2009/2010 - Resolução da prova de recurso de 20 de Julho de 2010 5/10 Neste caso é necessário que recorrer à relação diferencial entre a tensão e corrente num condensador: i(t) = C d/dt vc(t) ou vc(t) = 1/C ∫ i(t) dt + vc(0) Se i(t) é constante, então como vc(t) é proporcional ao integral de i(t) será uma recta com declive positivo igual a 1/C, partindo do valor inicial de vc(t) igual a 10V, já determinado em b): vc(t) = 1 / 20x10-6 x 0.1 t + 10 = 5000 t + 10 3. Considere o circuito representado pela figura seguinte. As fontes de tensão independentes são sinusoidais e de igual valor: 230cos(2π50t+π/4) Vef. a) Determine o valor da tensão V aos terminais do condensador recorrendo a análise nodal. [2 valores] Tomando o nó B como nó de referência e chamando Vs à tensão das duas fontes independentes (que são iguais), a equação de correntes no nó A é: (V - Vs) / (1+j6) + V / (-j10) -j0.1V + (V - Vs)/(1+j6) = 0 (V - Vs) / (1+j6) + jV /10 -j0.1V + (V - Vs)/(1+j6) = 0 (V - Vs) / (1+j6) + (V - Vs)/(1+j6) = 0 V = Vs Circuitos 2009/2010 - Resolução da prova de recurso de 20 de Julho de 2010 6/10 b) Assuma V=230 /0º Vef. Nesta condição, determine a potência complexa absorvida pelo condensador de –j10 Ω. [1 valor] A potência complexa pode ser calculada como (sendo V e I valores eficazes): S = V x I* = V x V* / Z* = |V|2 / Z* Com os dados disponíveis (conhece-se V e Z) é mais conveniente usar a terceira expressão: S = 2302 / (j10) = -j5290 = 5290 /-90º c) Imagine que substitui a fonte de corrente dependente, entre os nós A e B, por uma impedância Z e que V mantém o valor 230 /0º Vef. Determine o valor da impedância Z, sabendo que a potência activa absorvida e o factor de potência, no total de carga correspondente ao paralelo de Z com o condensador de –j10 Ω, é 300W e 0,9 indutivo, respectivamente. [2 valores] Conhendo a potênciaactiva e o factor potência podemos determinar a potência complexa S e a potência reactiva Q absorvida pelo conjunto: S = P + jQ com P = |S| cosϕϕϕϕ e Q = |S| senϕϕϕϕ (ϕϕϕϕ = arccos(0.9) = +25.84º) |S| = 300 / 0.9 = 333.33 VA Q = 333.33 sen(25.84º) = 145.30 VAR Como se sabe que o condensador absorve -5290 VAR de potência reactiva e o paralelo absorve 145.30 VAR, então a impedância Z terá que absorver 145.30 + 5290 = 5435.3 VAR Assim, a potência complexa absorvida pela impedância Z é Sz = 300 + j 5435.3 Como conhecemos a tensão eficaz aplicada à impedância Z, pode-se obter Z aplicando a expressão usada na b) (|V| representa o módulo do valor eficaz da tensão, 230 V) S =|V|2 / Z* ou Z* =|V|2 / S = 2302 / ( 300 + j5435.3) = 0.536 - j 9.70 Ω 4. Para caracterizar o quadripolo efectuaram-se as ligações ilustradas na figura. Nestas condições fez-se a medição da tensão Vr nos terminais da resistência de 1 kΩ e da corrente I2 tendo-se obtido os valores de 1V e -50 mA respectivamente. 200Ω + 3V - I2 I1 1kΩ + V1 - + V2 - quadripolo + Vr - Circuitos 2009/2010 - Resolução da prova de recurso de 20 de Julho de 2010 7/10 a) Calcule o valor da impedância de entrada do quadripolo. [1 valor] A impedância de entrada é dada por Zin = V1 / I1. Conhecendo a tensão na resistência de 1 kΩ podemos escrever a equação de tensões na malha do lado esquerdo para calcular V1: - 3 +1 +V1 = 0 V1 = 2V Com o valor da tensão Vr podemos calcular I1 pela lei de Ohm: I1 = Vr / 1k = 1 / 1k = 1 mA (Erro frequente: calcular I1 como se fosse igual a 3V / 1 kΩ. Não é!) A impedância de entrada é: Zin = 2V / 1mA = 2 kΩ b) Calcule o valor do ganho em tensão V2/V1. [1,5 valores] Conhecendo o valor de I2 podemos determinar V2. Note que como a corrente I2 entra pelo terminal "-" da resistência, o valor de V2 é - I2 x R2: V2 = - (-50) x 0.2 = 10V O ganho em tensão é V2 / V1 = 10 / 2 = 5 (note que o ganho em tensão não tem unidades!) Problema extra (Para os alunos do Grupo A) 5A. O seguinte oscilograma representa o sinal de saída de um gerador de sinal, onda sinusoidal, (Ch 1), que é a entrada do circuito passa-alto representado na figura. O sinal de tensão na resistência é representado também no oscilograma (Ch 2). Escala temporal: 250 µs/div Escala vertical: 0.5 V/div VR(Ch 2) - + R C - Visin(wt) (Ch 1) + Circuitos 2009/2010 - Resolução da prova de recurso de 20 de Julho de 2010 8/10 a) Relativamente ao oscilograma mostrado diga qual é o valor de: [2 valores] i. Amplitude pico-a-pico do sinal de entrada (Ch1). (a azul): 4 divisões = 2V ii. Amplitude pico-a-pico do sinal de saída (Ch2). (a laranja): 2.8 divisões = 1.4V iii. Período e frequência dos sinais. Os dois sinais têm o mesmo período e frequência: (a verde) período T: 8 divisões = 2 ms, frequência = 1/T = 500 Hz iv. Desfasamento entre ondas, considerando o canal 1 (Ch1) como referência. (a violeta): o sinal do canal 2 está avançado de 1 divisão = 0.25 ms em relação ao sinal do canal 1; isto corresponde a 1/8 do período ou 45º de fase. b) Continuando a considerar a tensão Vi como referência determine a amplitude e fase da tensão no condensador e esboce um oscilograma em que sejam visíveis os três sinais (Vi, VC e VR). [1,5 valores] A tensão no condensador, com o sentido indicado na figura, é dada por Vi - VR. Para representar graficamente esse sinal basta obter alguns pontos "fáceis" de calcular (p. ex Vi=VR, Vi=0 ou VR=0, indicados a vermelho) e esboçar uma sinusóide que passe por esses pontos: Pelo gráfico desenhado, pode medir-se 1.3 divisões de amplitude (0.65V ou 1.3V pico-a- pico) com um atraso de 1 divisão (45º) em relação ao canal 1. Podemos confirmar estes resultados com a resolução analítica do circuito dado, tendo por base os valores medidos no gráfico dado: Vi = 1 /0º Circuitos 2009/2010 - Resolução da prova de recurso de 20 de Julho de 2010 9/10 VR = 0.7 /45º Vc = Vi - VR = 1 - (0.495 + j 0.495) = 0.505 - j0.495 = 0.707 /-44.4º Problema extra (Para os alunos do Grupo B) 5B. No circuito representado na figura a seguir, a corrente fornecida pela fonte de tensão independente é If = 0,12 - j0,16 A. a) Determine a impedância equivalente do circuito que está ligado aos terminais da fonte de tensão independente. [1,5 valores] A impedância equivalente do circuito que está ligado aos terminais da fonte de tensão independente, isto é a impedância equivalente vista dos terminais da fonte, pode ser calculada dividindo o valor da tensão da fonte pela corrente que ela fornece. Assim: Zeq = 1 /0º / (0.12 -j0.16) = 3 + 4j = 5 /53.13º b) Calcule a reactância do condensador a colocar em paralelo com a fonte de tensão independente para que o factor de potência a que a fonte está a trabalhar seja 0,8 indutivo. [2 valores] O factor de potência a que a fonte estava a trabalhar pode ser calculado como o co-seno do ângulo de fase da impedância equivalente calculada na alínea anterior, isto é cos(53,13º) = 0,6 indutivo. O novo circuito que se obtém depois de acrescentar o condensador está representado no esquema a seguir: O novo factor de potência pode ser obtido de forma análoga, considerando agora a impedância equivalente do paralelo do condensador com a impedância 3+j4 ΩΩΩΩ. Para que o −j4 ΩΩΩΩ If 1/0 o V j2 ΩΩΩΩ 0,5If 2 ΩΩΩΩ + −−−− + −−−− jXC If 1/0 o V 3+j4 ΩΩΩΩ Circuitos 2009/2010 - Resolução da prova de recurso de 20 de Julho de 2010 10/10 valor deste factor de potência seja agora 0,8 indutivo, a fase da nova impedância equivalente do paralelo deve ser igual a arcos(0,8)=36,87º. Para facilitar os cálculos, podemos trabalhar com a admitância equivalente, que, tratando-se de um paralelo, é a simplesmente a soma das duas admitâncias. Assim: ( ) ( ) C in C C C C C C 1 1 Y Y Y Y 36,87º S 3 4 jX 1 0,16 X1 Y 0,12 0,16 j Y 36,87º Y X 0,12 1 0,16 X 36,87º 0,75 0,12 1 7 0,75 0,12 0,16 0,07 X 100 100 X 7 eq eq eq eq eq j j arctg tg S = + = + = ∠ − + − + = − − = ∠ − = ∠ + − = − = − = × − = − = − = − Ω Outra forma (de interpretar a resolução, os cálculos são praticamente os mesmos!) Conhecendo a corrente que a fonte fornece, o factor potência é o co-seno do ângulo de fase entre a tensão e a corrente, ϕϕϕϕ = θθθθv-θθθθi. Como a fase da tensão é zero (valor dado), então ϕϕϕϕ será o simétrico do ângulo de fase da corrente. A corrente If é conhecida e é a que passa na impedância 3 + j4. Ao colocar um condensador com reactância X em paralelo com essa impedância, vai somar-se a If uma corrente dada por: Ic = 1/0º / (jXc) = - j/Xc Assim, a corrente If1 que a fonte passa a fornecer é a soma das duas: If1 = (0.12 - j0.16) - j/Xc = 0.12 - j(0.16 + 1/Xc) Como queremos que o factor potência passe a ser igual a 0.8 indutivo, o ângulo de fase da corrente If1 tem de ser igual a -acos(0.8) = -36.87º: atan( -(0.16 + 1/Xc) / 0.12 ) = -36.87º Xc = -100/7 Ω
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