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Poder Disciplinar e Fiscalização Notarial

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8ºAula
Poder disciplinar e 
fiscalização do serviço
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de: 
• reconhecer o poder disciplinar aplicado aos notários;
• aplicar os conhecimentos adquiridos ao longo da disciplina.
Caros(as) alunos(as),
Nesta oitava e última aula, abordaremos o poder disciplinar 
e fiscalização do serviço notarial!
Caso tenha que estudar durante horas, sugerimos que 
planeje pausas regulares de descanso e distração. Em média, 
a cada 50 minutos de estudo, descanse 10 minutos. Aproveite 
este momento para se levantar, relaxar um pouco o corpo e a 
mente, ou mesmo para se divertir com alguma atividade que 
lhe cause satisfação. Isso certamente contribuirá para o melhor 
funcionamento das suas operações de pensamento (memória, 
atenção, classificação etc.) e, portanto, para a sua aprendizagem.
Bons estudos!
Sistema Notarial 60
Seções de estudo
1 - Poder disciplinar e fiscalização do serviço notarial 
Antes de iniciar nossos estudos, é importante saber que contextualizar 
um conteúdo significa situar uma ideia, um dado científico no tempo 
e no espaço, e mostrar a importância que isso ocupa na área do 
conhecimento e como pode ser aplicado no cotidiano da vida 
cotidiana.
Além disso, é relacionar conhecimentos antigos com novos, a serem 
adquiridos, e transferir aprendizagem a novas situações. Portanto, 
não basta se informar; é preciso aprender efetivamente, justificando 
e contextualizando as ideias para que o conhecimento seja gerado.
Aproveite esta oportunidade final para alcançarmos os objetivos 
almejados nesta disciplina.
Bons estudos!
1 - Poder disciplinar e fiscalização do 
serviço notarial
Quem exerce a fiscalização sobre os atos notariais é o 
Poder Judiciário, através do juízo competente, quando, 
principalmente, houver inobservância de obrigação legal por 
parte do notário ou de seus prepostos. É o que estabelece o 
§1º do artigo 236 da Constituição Federal de 1988: 
Art. 236. Os serviços notariais e de registro são 
exercidos em caráter privado, por delegação 
do Poder Público. (Regulamento)
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a 
responsabilidade civil e criminal dos notários, 
dos oficiais de registro e de seus prepostos, e 
definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder 
Judiciário.
A Lei que regulamentou sobre o assunto é a Lei 8.935/94, 
que preconiza em seu Art.37 sobre o poder de fiscalização da 
atividade notarial: 
Art. 37. A fiscalização judiciária dos atos 
notariais e de registro, mencionados nos artes. 
6º a 13, será exercida pelo juízo competente, 
assim definido na órbita estadual e do Distrito 
Federal, sempre que necessário, ou mediante 
representação de qualquer interessado, quando 
da inobservância de obrigação legal por parte 
de notário ou de oficial de registro, ou de seus 
prepostos.
Importante recordar que o notário pode responder 
inclusive criminalmente por atos praticados quando do 
exercício da função notarial. Neste sentido, o parágrafo 
único do dispositivo legal supramencionado, estabelece 
que verificado pelo magistrado (competente para exercer a 
fiscalização sobre a serventia) a ocorrência de crime de ação 
pública, deverá enviar ao Ministério Público os documentos 
indispensáveis para o oferecimento de denúncia. 
Importante destacar que a partir da Emenda 
Constitucional 45/2004, a fiscalização da atividade notarial é 
exercida pelo Conselho Nacional de Justiça, órgão do Poder 
Judiciário, que juntamente com o magistrado local.
É o que estabelece o Artigo 103-B, §4º, inciso III, da 
CF/88: 
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça 
compõe-se de 15 (quinze) membros com 
mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) 
recondução, sendo: (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 61, de 2009)
(...)
§ 4º Compete ao Conselho o controle da 
atuação administrativa e financeira do Poder 
Judiciário e do cumprimento dos deveres 
funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de 
outras atribuições que lhe forem conferidas 
pelo Estatuto da Magistratura: (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
(...)
III receber e conhecer das reclamações contra 
membros ou órgãos do Poder Judiciário, 
inclusive contra seus serviços auxiliares, 
serventias e órgãos prestadores de serviços 
notariais e de registro que atuem por 
delegação do poder público ou oficializados, 
sem prejuízo da competência disciplinar 
e correicional dos tribunais, podendo 
avocar processos disciplinares em curso e 
determinar a remoção, a disponibilidade ou 
a aposentadoria com subsídios ou proventos 
proporcionais ao tempo de serviço e aplicar 
outras sanções administrativas, assegurada 
ampla defesa; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004).
Importante lembrar que a atividade desempenhada 
pelos notários tem natureza pública, respondendo eles como 
se funcionários públicos fossem, haja vista exercerem munus 
público. 
Por fim, prevê o artigo 38 da Lei 8.935/94 que o juízo 
competente zelará para que os serviços notariais e de registro 
sejam prestados com rapidez, qualidade satisfatória e de 
modo eficiente, podendo sugerir à autoridade competente a 
elaboração de planos de adequada e melhor prestação desses 
serviços, observados, também, critérios populacionais e 
socioeconômicos, publicados regularmente pela Fundação 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
A REFORMA DO PODER JUDICIÁRIO E A FISCALIZAÇÃO DOS 
SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO
1. INTRODUÇÃO
A Constituição de 1988 inovou em relação às anteriores quanto 
aos serviços notariais e de registro, ao estabelecer que os mesmos 
seriam exercidos em caráter privado, por delegação do Poder 
Público. Nesse sentido, a mesma Carta Magna fixou a competência 
do Poder Judiciário para exercer a fiscalização dos atos praticados 
por notários e registradores, nos termos definidos em lei.
Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 45, de 2004, que 
veiculou a chamada “Reforma do Poder Judiciário”, reforçou-se a 
competência correcional e disciplinar do Poder Judiciário em relação 
à atividade notarial e de registro, ao mesmo tempo em que foi 
61
criado novo órgão com atribuições de controle sobre tal atividade, o 
Conselho Nacional de Justiça.
A criação do Conselho Nacional da Justiça, com competência para 
conhecer de reclamações contra os serviços notariais e de registro, 
porém, enseja discussões sobre o exercício da fiscalização pelo novo 
órgão, em conjunto com o Poder Judiciário local.
2. A FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO 
NO DIREITO COMPARADO
No Direito Comparado, verifica-se a existência de diferentes modelos 
de fiscalização dos serviços notariais e de registro, conformados pela 
tradição da atividade ao longo dos anos em cada um dos países. A 
fiscalização de tais atividades é atribuída ora ao Poder Executivo, 
ora ao Poder Judiciário, ou ainda a entidades de classe, nos moldes 
do controle exercido pela Ordem dos Advogados do Brasil sobre a 
advocacia no país.
Assim, em Portugal, a fiscalização do exercício das atividades 
notariais e de registro está ligada ao Poder Executivo e compete à 
Direcção-Geral dos Registos e do Notariado (DGRN) (1), que é um 
órgão vinculado ao Ministério da Justiça e dotado de autonomia 
administrativa, o qual dirige, orienta e coordena os serviços do 
notariado e do registro do estado civil e da nacionalidade, da 
identificação civil, dos registros predial, comercial, de bens móveis, 
de navios e de pessoas jurídicas.
Na Espanha (2), os notários estão organizados em colégios, que 
controlam a atuação dos profissionais a eles vinculados. Tais 
colégios são coordenados pelo Conselho Geral do Notariado da 
Espanha, o qual pertence hierarquicamente ao Ministério da Justiça.
No México (3), também é o Poder Executivo o responsável pela 
fiscalização dos notários, por meio da Secretaria Geral de Governo, 
ligada diretamente à Presidência da República .
Na Alemanha (4), o Presidente do Tribunal Regional competente tem 
a incumbência de comprovar a observância das leis e disposiçõespertinentes pelo notariado, podendo, em caso de denúncias, 
instruir um procedimento disciplinar que culmina com diversas 
sanções, como a perda do cargo. Também os colégios notariais 
podem realizar inspeções e receber denúncias de clientes quanto a 
irregularidades. Evidencia-se um modelo de controle misto, atuando 
simultaneamente a entidade de classe e o Poder Judiciário.
3. A FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO 
NA CONSTITUIÇÃO E NA LEI
 
A disciplina dos serviços notariais e de registro sofreu diversas 
alterações ao longo do tempo no Brasil, que se refletiram na 
forma de fiscalização de seus atos. Tais serviços passaram de 
delegações entregues pelo Presidente da República, sem qualquer 
critério de escolha quanto ao mérito, à oficialização, passando os 
ofícios a atuarem como serviços auxiliares do Poder Judiciário. A 
fiscalização, então, caracterizava-se pelo regime disciplinar a que 
são submetidos os funcionários públicos. Sobre esse momento 
anterior à Constituição de 1988, anota o eminente Desembargador 
paulista KIOITSI CHICUTA (2005):
A decisão, acertada em sua essência, trouxe inegavelmente 
mudanças radicais na estrutura dos serviços, deixando de lado a 
consideração do extrajudicial como mero auxiliar do Judiciário, mas 
trazendo à cena debates interessantes, dentre outros, a nomeação 
dos titulares apenas mediante concurso público de provas e títulos; 
a criação, desmembramento e extinção dos cartórios; a contratação 
de auxiliares, sua elevação para o cargo de escrevente, a nomeação 
de então denominado Oficial Maior, hoje Substituto, após 
apreciação pelo Juiz, elaborando ele, em sendo o caso, provas de 
aptidão e conhecimento. O vínculo, como se vê, era de submissão e 
de existência ostensiva de hierarquia.
A partir da Constituição Federal de 1988 a matéria ganhou novos 
contornos, já que o seu art. 236 determinou o exercício dos serviços 
notariais e de registro em caráter privado, por delegação do Poder 
Público, com a obrigatória aprovação em concurso público para 
ingresso na carreira.
Ao mesmo tempo, a Carta Política de 1988 adotou o modelo de 
fiscalização dos serviços notariais e de registro pelo Poder Judiciário, 
conforme se verifica da redação do art. 236, §1º, vazado nos 
seguintes termos:
Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter 
privado, por delegação do Poder Público.
§ 1º - Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e 
criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e 
definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
...
Durante o processo de discussão e votação do projeto de lei que 
deu origem à Lei nº 8.935/94, que disciplina a atividade dos notários 
e dos registradores, debateu-se acerca da criação de um conselho 
federal para fiscalizar tais atividades, nos moldes da Ordem dos 
Advogados do Brasil. Tal tese foi vencida, afinal, prevalecendo 
aquela que estabelece a competência única do Poder Judiciário para 
exercer a fiscalização sobre esses serviços, em face de sua natureza 
pública, distinta da advocacia.
Regulamentando o citado dispositivo constitucional, a Lei nº 
8.935/94 traz, em seus arts. 37 e 38, a disciplina da fiscalização a ser 
exercida pelo Poder Judiciário, da seguinte forma:
Art. 37. A fiscalização judiciária dos atos notariais e de registro, 
mencionados nos artes. 6º a 13, será exercida pelo juízo competente, 
assim definido na órbita estadual e do Distrito Federal, sempre que 
necessário, ou mediante representação de qualquer interessado, 
quando da inobservância de obrigação legal por parte de notário ou 
de oficial de registro, ou de seus prepostos.
Parágrafo único. Quando, em autos ou papéis de que conhecer, 
o Juiz verificar a existência de crime de ação pública, remeterá 
ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao 
oferecimento da denúncia.
Art. 38. O juízo competente zelará para que os serviços notariais 
e de registro sejam prestados com rapidez, qualidade satisfatória 
e de modo eficiente, podendo sugerir à autoridade competente 
a elaboração de planos de adequada e melhor prestação desses 
serviços, observados, também, critérios populacionais e sócio-
econômicos, publicados regularmente pela Fundação Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística.
Nesse sentido, compete ao Poder Judiciário dos respectivos estados 
fiscalizar os serviços notariais e de registro localizados em seu 
território. Em geral, tal atribuição é conferida ao Corregedor-Geral da 
Justiça e aos Juízes de Direito investidos na função de corregedores 
permanentes.
Para que a fiscalização seja eficaz e atuante, a Lei nº 8.935/94 
confere ao juiz corregedor o poder de aplicar, de acordo com o grau 
de gravidade do ato praticado pelo oficial ou tabelião, as penas de 
Sistema Notarial 62
repreensão, multa, suspensão e perda da delegação, respeitados 
sempre os direitos ao contraditório e à ampla defesa garantidos pela 
Constituição Federal. A perda da delegação poderá ser decretada, 
ainda, por meio de sentença judicial transitada em julgado. 
No tocante à extensão da fiscalização, muito se discutiu quanto à 
amplitude de tal fiscalização desde a promulgação da Constituição, 
em face da independência funcional de notários e registradores e 
do exercício da atividade em caráter privado. Alguns sustentaram 
que a fiscalização deveria ater-se aos aspectos técnicos dos serviços 
prestados e não ao funcionamento dos serviços.
Comentando o aludido art. 37 da Lei nº 8.935/94, o Professor 
WALTER CENEVIVA (2002:231), esclarece que, “desde a Lei nº 
8.935/94, cabe apenas o cotejo entre os atos dos titulares e a lei, 
embora preocupada com a rapidez, a qualidade satisfatória e a 
eficiência dos serviços.”
O exame do conteúdo da referida fiscalização foi submetido ao 
Supremo Tribunal Federal por meio do RE 255.124/RS, oriundo de 
Mandado de Segurança impetrado contra dispositivo constante do 
Provimento n.º 8/95, de 24/3/95, do Corregedor-Geral de Justiça 
do Estado do Rio Grande do Sul, segundo o qual caberia ao Poder 
Judiciário exercer a fiscalização sobre os atos praticados e sobre a 
estrutura organizacional e administrativa dos serviços.
O recurso não foi conhecido, enfatizando o Acórdão, lavrado nos 
termos do Voto do Ministro Néri da Silveira, que o disposto no art. 
236, §1º da Constituição dá margem à ampla fiscalização pelo Poder 
Judiciário, tendo em vista que a “transformação constitucional do 
sistema, no que concerne à execução dos serviços públicos notariais 
e de registro, não alcançou a extensão inicialmente pretendida, 
mantendo-se, em conseqüência, o Poder Judiciário no controle do 
sistema. A execução, modo privato, de serviço público não lhe retira 
essa conotação específica.”
Portanto, o STF, reiterando mais uma vez o caráter público dos 
serviços notariais e de registro, reconheceu a possibilidade ampla de 
fiscalização por parte do Poder Judiciário sobre os atos praticados e 
os serviços.
Essa fiscalização, porém, não dá ao Poder Judiciário competência 
para interferir na administração do serviço, como, por exemplo, 
nomear prepostos ou regular a ordem dos serviços, à semelhança 
dos procedimentos adotados antes da Constituição de 1988. A 
independência funcional dá margem ao titular para adotar as 
providências administrativas necessárias ao bom funcionamento do 
serviço, atendidas as determinações legais.
Outro ponto a ser destacado diz respeito ao tempo da fiscalização, 
que deve ser feita, nos termos do art. 37 da Lei nº 8.935/94, 
sempre que necessário, ou mediante representação de qualquer 
interessado.
Cabe, portanto, ao juízo fiscalizador estabelecer a rotina de 
correições, independentemente de provocação externa, embora 
estas também estejam aptas a iniciar o procedimento correcional.
4. A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45, DE 2004 E O CONSELHO 
NACIONAL DA JUSTIÇA
Após longa tramitação, o Congresso Nacional promulgou a  Emenda 
Constitucional nº 45, de 08 de dezembro de 2004, publicada no dia 
31 do mesmo mês,que tornou efetiva a chamada “Reforma do 
Poder Judiciário”.
Aludida Emenda promoveu diversas alterações na Constituição 
Federal, como as relativas ao ingresso nas carreiras da Magistratura e 
do Ministério Público e à escolha dos membros do Superior Tribunal 
de Justiça. Além disso, a Emenda nº 45/04 criou a possibilidade 
de aprovação de súmulas vinculantes pelo Supremo Tribunal 
Federal e criou o Conselho Nacional de Justiça, órgão com a função 
constitucional de exercer o controle da atuação administrativa 
e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres 
funcionais dos juízes.
A criação de um órgão de controle do Poder Judiciário não é uma 
inovação completa do legislador constituinte derivado pátrio, uma 
vez que nos países europeus é comum a existência de tais órgãos.
No Brasil, o Conselho Nacional de Justiça foi criado como componente 
do Poder Judiciário, uma vez que o inciso I-A, acrescido ao art. 92 da 
Carta Magna, expressamente o inclui na relação dos órgãos daquele 
Poder. Além disso, sua disciplina foi incluída no art. 103-B, dentro do 
Capítulo que dispõe sobre o Poder Judiciário na Constituição. Não 
resta dúvida, assim, sobre o posicionamento do Conselho Nacional 
de Justiça como órgão do Poder Judiciário.
O citado art. 103-B, §4º, incluído na Constituição pela Emenda nº 
45/04, relaciona as competências do Conselho Nacional de Justiça, 
dentre as quais sobressai a relativa à fiscalização, nos seguintes 
termos:
Art. 103-B........................................
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa 
e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres 
funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que 
lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
.........................................................
III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou 
órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, 
serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro 
que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem 
prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, 
podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar 
a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios 
ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras 
sanções administrativas, assegurada ampla defesa; ...
Assim, passa o Conselho Nacional de Justiça a ter competência 
fiscalizatória sobre os serviços notariais e de registro, erroneamente 
tratados como “órgãos prestadores de serviços notariais e de 
registro”, uma vez que tais serviços, hoje, são exercidos em caráter 
privado por delegação do Poder Público.
O controle exercido pelo Conselho Nacional de Justiça sobre os 
serviços notariais e de registro já constava do texto da Proposta de 
Emenda à Constituição encaminhado pela Câmara dos Deputados 
ao Senado Federal, não havendo qualquer alteração durante a 
tramitação na Câmara Alta. A única alteração no referido dispositivo 
atingiu a competência do Conselho para decretar a perda do cargo 
de magistrados, mantendo-se a possibilidade de aplicação de outras 
sanções.
Tal competência fiscalizatória, porém, não exclui a competência 
correicional já exercida pelo Poder Judiciário local, por força do 
mencionado art. 236, §1º, da Carta Magna, e dos arts. 37 e 38 da Lei 
nº 8.935/94, como destaca o inciso III acima transcrito, mas, antes, 
a complementa. Nem poderia a Emenda veicular outra pretensão, 
excluindo a correição da Justiça local, sob pena de inviabilizar 
o funcionamento do órgão e de todo o sistema de fiscalização 
existente.
63
A inclusão de notários e registradores no objeto de fiscalização do 
Conselho Nacional de Justiça encontra fundamento no controle a 
ser exercido sobre o Poder Judiciário, atingindo-lhe também seus 
serviços auxiliares e os serviços notariais e de registro, exercidos 
por delegação ou oficializados. Mantém-se, dessa forma, o controle 
judicial sobre tais serviços, realizado agora por dois órgãos do 
mesmo poder.
Nesse sentido, a Emenda revela a importância de tais profissionais 
para o Direito, sendo necessária a existência de um controle 
exercido por órgão de tal envergadura. Corrobora tal entendimento 
CHICUTA (2005):
Enquadrou-os, de conformidade com o artigo 103-B, § 5. º, 
quando se refere às atribuições do Ministro-Corregedor do 
Conselho Nacional de Justiça, como prestadores de serviços 
judiciários, não como operadores do direito voltados para a 
correta composição dos conflitos, mas como profissionais que 
atuam necessariamente na prevenção de litígios, na outorga de 
paz jurídica e de segurança jurídica aos atos a eles confiados. Seus 
atos não ostentam natureza jurisdicional, mas administrativa, o 
que justifica enquadramento no conceito de serviços judiciários e 
vinculados ao Poder Judiciário.
Sem a integração desses conceitos não há fundamento jurídico para 
inclusão dos serviços extrajudiciais na área de atuação do Conselho 
Nacional de Justiça a quem compete, dentre outros, o controle da 
atuação administrativa do Poder Judiciário. Não se limita apenas à 
sua organização interna, mas a órgãos e serviços outros a ele ligados 
por laços fundamentais.
O controle da atividade notarial e de registro pelo Conselho 
Nacional de Justiça ampara-se em dois instrumentos criados pela 
Emenda Constitucional nº 45/04, a reclamação e a avocatória. Pela 
reclamação, tomará o Conselho conhecimento de irregularidades 
praticadas, a fim de possibilitar a aplicação de sanções pertencentes 
à sua alçada. Pela avocatória, poderá chamar a si processos 
disciplinares já instaurados perante o Poder Judiciário e ainda sem 
solução definitiva. Não cabe, portanto, a avocação para reexame de 
processos já concluídos.
Comentando o dispositivo citado, REGNOBERTO 
MARQUES DE MELO JR. (2005) assim esclarece: 
Ora, a aplicação desses institutos processuais — institutos de 
natureza excepcional —, pelo Conselho Nacional de Justiça, há de 
ser necessariamente extraordinária.
Isso implica dizer que, especialmente no que toca aos notários e 
registradores, o Conselho Nacional de Justiça poderá jurisdicionar 
tanto originariamente como em grau recursal.
E, como dito acima, — no que pertine ao Direito Penal Administrativo 
Notarial e Registral — dota-o de mais eficácia, sem quebrar-lhe o 
sistema.
Nesses termos, conclui-se que a fiscalização, apuração, 
conhecimento, julgamento e execução das penas de infrações 
disciplinares a que se sujeitam os notários e registradores nos 
termos dos arts. 31 e seguintes da Lei nº 8.935, de 1994 (Lei dos 
notários e registradores) — o sistema correcional, enfim — 
remanescem intactos.
As sanções aplicáveis pelo Conselho Nacional de Justiça, como 
declara o texto constitucional, são de natureza administrativa. Não 
se aplicam aos notários e registradores, por incompatibilidade 
de regime, a disponibilidade e a aposentadoria com subsídios ou 
proventos proporcionais ao tempo de serviço, mencionados no 
inciso III acima comentado. Tais sanções referem-se aos membros 
da Magistratura, regidos por sua Lei Orgânica Nacional.
Assim, as sanções aplicáveis aos titulares de serviços notariais e 
de registro são as elencadas no art. 32 da Lei nº 8.935/94, ou seja, 
repreensão, multa, suspensão e a perda da delegação.
Não é despiciendo lembrar que tais sanções possuem natureza 
administrativa, eis que hoje aplicadas em sede de processo 
disciplinar, no âmbito do Poder Judiciário local, assegurados, 
porém, a ampla defesa e o contraditório aos titulares, como destaca 
CENEVIVA (2002:191):
O apenamento tem caráter administrativo, compatível com a 
relação entre o Estado e seu agente, sendo aquele o titular do 
poder disciplinar, cujo exercício consiste em verificar a existência 
de faltas, apurar denúncias de seu cometimento, levantar fatos, 
instaurar sindicância e processo administrativo, enfim, encerrando 
o caminho do disciplinamento necessário, absolvendo o acusado 
ou lhe aplicando a punição previstaem lei, observado com rigor o 
direito ao contraditório e garantida a ampla defesa.
5. CONCLUSÃO
A criação do Conselho Nacional de Justiça pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004, veio trazer novo ingrediente ao 
sistema de fiscalização que incidia sobre os serviços notariais e 
de registro desde a Constituição de 1988, com a regulamentação 
dada pela Lei nº 8.935/94. Até a edição da referida emenda, o 
controle de tais serviços era de responsabilidade exclusiva do 
Poder Judiciário.
A partir da aludida Emenda Constitucional, o controle dos serviços 
notariais e registrais passa a ser exercido também pelo Conselho 
Nacional de Justiça, como declara o art. 103-B, §4º, III, sem prejuízo 
da atividade correicional, que é desempenhada pelo Poder Judiciário 
estadual, sobre os serviços localizados em seu território, por força 
do disposto no §1º do art. 236 da Norma Fundamental. 
O Brasil mantém-se, dessa forma, entre os países que adotam o 
controle dos serviços notariais e de registro pelo Poder Judiciário, 
em face da situação do Conselho Nacional de Justiça como órgão 
pertencente ao Poder Judiciário, pela sua inclusão na relação de 
órgãos daquele Poder constante do art. 92 da Constituição.
REFERÊNCIAS
CENEVIVA, Walter. Lei dos Notários e dos Registradores Comentada (Lei nº 8.935/94). 4. ed. rev. 
ampl. e atual. Saraiva: São Paulo, 2002. 
CHICUTA, Kioitsi. O Poder Judiciário e os serviços notariais e registrais. Anoreg/BR, acesso <http://
www.anoregbr.org.br/?action=doutrina&iddoutrina=170> em 17/03/2005. 
MELO JR., Regnoberto Marques de. A Emenda Constitucional 45 e o Procedimento 
Correcional dos Serviços Registrais. Anoreg/BR, acesso <http://www.anoregbr.org.
br/?action=doutrina&iddoutrina=164> em 17/03/2005. 
 
------------------------- 
(1)  Informações disponíveis na página da DGRN na Internet, em <http://www.dgrn.mj.pt/>. 
(2) Informações disponíveis na página do Consejo General del Notariado de Espana na Internet, 
localizada em <http://www.notariado.org/inf_gral/intro.htm>. 
(3)  Conforme Ley del Notariado del Estado de México, disponível na Internet em <http://www.
cddiputados.gob..mx/POLEMEX/leyes/Ley32.html>. 
(4)  Informações disponíveis na página da Bundesnotarkammer (Cámara Federal de Notarios 
alemanes), na Internet, em <http://www.bnotk.de/Espanol/info-espanol.htm>.
*** Disponível em: <https://www.recantodasletras.com.br/textosjuridicos/2335302>. acessado em: 
02/04/2018.
E então, entendeu direitinho o conteúdo? Ficou com alguma dúvida? 
Em caso afirmativo, acesse o ambiente virtual e utilize as ferramentas 
indicadas para interagir com seus colegas de curso e com seu 
professor. Participe! Afinal, você é o protagonista de sua aprendizagem!
Sistema Notarial 64
Retomando a aula
Parece que estamos indo bem! Então, para 
encerrarmos a aula, vamos recordar os temas que 
foram abordados:
1 – Poder disciplinar e fiscalização do serviço 
notarial
Através de uma única seção vimos quem fiscaliza e 
exerce o poder disciplinar sobre os notários e seus prepostos.
Em sites de busca, você pode localizar mais informações sobre os 
temas estudados nesta aula. Desse modo, sugerimos que realize 
pesquisas e procure verificar a consistência dos sites pesquisados e 
das informações neles disponibilizadas, antes de considerá-las como 
verdadeiras. Lembre-se de que uma simples pesquisa realizada de 
forma crítica pode ser uma ótima ferramenta de aprendizagem e 
trabalho! 
Vale a pena
BRANDELLI, Leonardo. Teoria Geral do Direito 
Notarial. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1998.
RODRIGUES, Felipe Leonardo, GAIGER 
FERREIRA, Paulo Roberto, Tabelionato de Notas, São Paulo, 
Saraiva, 2013.
Vale a pena ler
Disponivel em: <http://www.ambito-juridico.com.
br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_
id=10255>. Acessado em 02/04/2018.
Vale a pena acessar
Referências
 ANTUNES, Luciana Rodrigues. Introdução ao Direito 
Notarial e Registral. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-
4862, Teresina, ano 10, n. 691, 27 maio 2005. Disponível 
em: <https://jus.com.br/artigos/6765>. Acesso em: 11 
mar. 2018.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 17. ed. 
São Paulo: Atlas, 2004.
RODRIGUES, Felipe Leonardo, GAIGER FERREIRA, 
Paulo Roberto, Tabelionato de Notas, São Paulo, Saraiva, 2013.
SANDER, Tatiana. A Atividade Notarial E Sua 
Regulamentação. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 3, no 132. 
Disponível em: <https://www.boletimjuridico.com.br/
doutrina/texto.asp?id=683> Acesso em: 11 mar. 2018.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Introdução ao estudo do direito: primeiras 
linhas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
BRANDELLI, Leonardo. Teoria Geral do Direito Notarial. Porto 
Alegre: Livraria do Advogado, 1998.
MELO JR., Regnoberto Marques de. Da natureza jurídica dos 
emolumentos notariais e registrais. Revista Jus Navigandi, ISSN 
1518-4862, Teresina, ano 10, n. 591, 19 fev. 2005. Disponível 
em: <https://jus.com.br/artigos/6313>. Acesso em: 18 mar. 
2018.
ATA NOTARIAL E SUA EFICÁCIA NA PRODUÇÃO 
DE PROVAS COM FÉ PÚBLICA DO TABELIÃO NO 
AMBIENTE FÍSICO E ELETRÔNICO. Disponível em: 
<http://www.notariado.org.br/index.php?pG=X19leGliZ-
V9ub3RpY2lhcw==&in=MzM5Mg==&filtro=9&Data=>. 
Acesso em: 28 de março 2018. 
A IMPORTÂNCIA DA ESCRITURA PÚBLICA NAS 
AQUISIÇÕES DE IMÓVEL. Disponível em: < https://
bernardocesarcoura.jusbrasil.com.br/noticias/183465648/a-
importancia-da-escritura-publica-nas-aquisicoes-de-imovel>. 
Acesso em: 28 de março 2018. 
Ata notarial formaliza como prova publicações na internet. 
Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/
Quentes/17,MI214327,31047-Ata+notarial+formaliza+
como+prova+publicacoes+na+internet>. Acessado em 
28/03/2018.
Disponível em: <https://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/
como-fazer-um-inventario-extrajudicial-passo-a-passo/>. 
Acessado em 02/04/2018;
Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/54891/
inventario-extrajudicial-guia-pratico>. Acessado em 
02/04/2018.
Disponível em: <http://chcadvocacia.adv.br/blog/
advogado-para-inventario-extrajudicial/>. Acessado em 
02/04/2018.
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id=10255>. Acessado em 02/04/2018.

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