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1 PÓS GRADUAÇÃO: NUCLEO COMUM DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO E PRATICAS PEDAGOGICAS CÓDIGO DA TURMA: 64 Docente: WEBER MOTA Discente: Faculdade Intercultural da Amazônia - FIAMA Av. Augusto Montenegro, N°61 - Parque Verde Belém - PA, 66823-073 Telefone: (91) 3349-8969 Email:fiamanivelsuperior@gmail.com Belém(PA)/A gosto mailto:fiamanivelsuperior@gmail.com mailto:fiamanivelsuperior@gmail.com mailto:fiamanivelsuperior@gmail.com 2 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS Organizador: Prof. Fernando Octavio Barbosa de Almeida Mestre em Educação (UEPA) Rita Cabral dos Santos Esp.Gestão Escolar 3 Licenciado Pleno em Pedagogia (UVA) APRESENTAÇÃO O presente material é uma coletânea de textos selecionados para o curso de Fundamentos da Educação e Práticas Pedagógicas, disciplina integrante do núcleo comum dos cursos de pós-graduação da Faculdade Cruz Azul/Educamais. Fundamentos da Educação e Práticas Pedagógicas é uma disciplina fundamental para a formação docente porque se propõe a estabelecer um diálogo crucial entre as discussões mais amplas, políticas e filosóficas da educação, com a dimensão mais técnica do processo de ensino e aprendizagem, que é composta por elementos como planejamento, definição de objetivos, seleção de conteúdos, escolha de métodos e técnicas de ensino e estratégias de avaliação. O estudo dos textos pretende conduzir os pós-graduandos ao processo de reflexão crítica e consciente sobre a docência na atualidade mundial e brasileira. Ao mesmo tempo, alguns textos exemplificam e esclarecem ao aluno os conceitos e características das tarefas cotidianas do professor ajudando a compreender elementos que orientam, por exemplo, a elaboração de um plano de aula. Nossa expectativa é que o material contribua para a ampliação de conhecimentos e provoque reflexões profundas. Torcemos para que os pós-graduandos encontrem no desenvolvimento do curso, no debate e estudo dos textos aqui apresentados motivações para continuar atuando em um campo infinito de desafios e possibilidades como a educação. É fundamental que o pós-graduando compreenda que a formação docente é um processo que dura a vida inteira e, por isso, é tão rico e belo que exige compromisso e muita dedicação. A Equipe Docente da Faculdade Cruz/Educamais se coloca à disposição do pós graduando porque deseja contribuir para a formação continuada de profissionais competentes e ativos neste processo de formação continuada. Prof. Me. Fernando Octavio Barbosa de Almeida 4 Prof. Esp. Rita Cabral dos Santos SUMÁRIO DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS - Abordagem Histórica e Sociopolítica na Educação; - Educação e Escola; - Psicologia da Aprendizagem; - As Três Teorias Psicológicas Integracionistas; - As Práticas Pedagógicas e a escola; - Roteiro de Projeto Pedagógico. 5 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO Portaria Ministerial - MEC n° 369 de 05/03/2001 (D.U.O) 06/03/2001 EMENTÁRIO DA DISCIPLINA PÓS-GRADUAÇÃO Núcleo Comum Disciplina: Fundamentos da Educação e Práticas Pedagógicas C. H Inserções substanciais na literatura pertinente aos assuntos relacionados à Educação no contexto social. A compreensão dos mecanismos sócio-históricos que determinam os sistemas educacionais e, no interior deles, as formas de ensino e de aprendizagem desenvolvidas pelas sociedades. Sugestões de páginas disponibilizadas na internet (WEB), de instituições de excelência na área, para subsidiar as discussões e ampliar os horizontes interpretativos dos temas em estudo. Reconhecer as variáveis (políticas, econômicas, sociais e culturais) intervenientes na definição das políticas públicas de educação, ao longo da história, bem como desenvolver competência técnica para adequar projetos educacionais voltados ao desenvolvimento e expressão social, adequados às exigências da sociedade contemporânea. 30 6 EDUCAÇÃO E ESCOLA / - Abordagem Histórica e Sociopolítica na Educação Ivo Dias Alves O QUE É EDUCAÇÃO A educação é uma das atividades básicas de todas as sociedades humanas, pois elas dependem, para sobreviver, da transmissão de sua herança cultural aos mais jovens. Toda sociedade, portanto, utiliza os meios que julga necessários para perpetuar sua herança cultural e treinar os mais jovens nas maneiras de ser e pensar do grupo. A educação visa transmitir ao indivíduo o patrimônio cultural para integrá-lo na sociedade e nos grupos em que vive. Ela tem por objetivo, portanto, ajustar os indivíduos à sociedade, ao mesmo tempo em que desenvolve suas potencialidades e a própria sociedade. A criança, por exemplo, se torna socializada desde pequena, porque aprende as regras de comportamento do grupo em que nasceu. UMA ABORDAGEM HISTÓRICA 7 Muitas análises foram feitas acerca dos problemas nacionais e estas investigações apontaram para uma determinação orientada para o Estado no papel de controlar as movimentações sociais e também para o que deveria ser destinado a cada segmento social no campo da educação: o ensino secundário sendo apontado para a formação de uma classe média fornecedora de quadros para as elites dirigentes e um ensino profissional dirigido às camadas subalternas. Como o próprio texto diz “anunciava-se o Estado forte”. Este Estado incumbido de tais funções acabou por neutralizar ou aniquilar outras formas alternativas (anarquistas, socialistas, de base étnica, das escolas estrangeiras). Com a entrada da década de 1930, temos uma nova configuração do aparato estatal, ao qual se deu a tarefa de conduzir o país a uma “modernização conservadora”, que avançou para a consolidação da estrutura capitalista e de suas correspondentes relações sociais e jurídicas, com um desenvolvimento urbano e das atividades ligadas a este ambiente, em especial a área industrial, ao que se combinavam os traços sociais e ideológicos oriundos de nosso passado como uma sociedade rural, escravocrata, baseada no mandonismo local, na arbitrariedade e autoritarismo. Como já preconizavam vários pensadores, estudiosos e políticos, havia todo um povo a ser “conduzido a bom termo”, ou seja, dentro da ordem pensada por aquelas elites. Não podemos desconsiderar que tal processo se deu e se mantem dentro de uma sujeição de nossa país a condição de nação periférica dentro do sistema capitalista mundial. Assim, a forma como o processo de inserção no mundo capitalista se consolida em nosso país, com uma combinação entre o “arcaico” e o “moderno”, ajuda-nos a entender os entraves e empecilhos que a proposta de conformação de uma sólida e abrangente estrutura educacional pública, laica sofre em nossa trajetória histórica. Avançando no percurso histórico de nossa sociedade, quando da redemocratização do país, ressalta-se o debate em torno da lei de Diretrizes e Bases (Lei n• 4.024/1961) e a avaliação feita pelo educador Anísio Teixeira de que sua promulgação, após um razoável interregno (treze anos para ser promulgada), teria sido uma “meia vitória”; o que também pode ser avaliado, a partir do prisma que se queira observar tal fato, como um “empate” ou uma “meia derrota”. FORMAS DE EDUCAÇÃO A educação pode ser assistemática e sistemática. A educação assistemática, difusa ou informal é a que acontece, no correr da vida diária, pelo aprendizado das tarefas normais de cada grupo social, pela observação do comportamento dos mais velhos, pela convivência entre 8 os membros de uma sociedade. É realizada sem qualquer plano,sem local ou hora determinada. Todas as pessoas, todos os grupos sociais participam dessa forma de educação. A expressão popular “Quanto mais se vive, mais se aprende” exprime com clareza esse processo. Nas comunidades mais isoladas, onde ainda não há escolas, a educação assistemática é a única forma existente. Nessas sociedades, as crianças e jovens aprendem participando ativamente da vida familiar e comunitária. Assim, adaptam-se pouco a pouco ao estilo de vida do grupo. No caso de povos indígenas, por exemplo, as provas pelas quais os adolescentes passam antes de ingressarem no mundo dos adultos representam apenas uma formalidade para consagrar uma adaptação já efetivada. Em sociedades complexas, a educação assistemática não basta. A divisão do trabalho e a extrema especialização exigem das crianças e passagem pela escola, onde recebem educação sistemática ou formal. Esta é, portanto, a que é dada na escola e visa apenas à transmissão de determinados legados culturais, isto é, de determinados conhecimentos, técnicas ou modos de vida. É uma forma seletiva de educação. Dentro da cultura, escolhem-se certos elementos considerados essenciais ou mais necessários para serem transmitidos na escola, por pessoas especializadas. A escola – principalmente as que têm mais recursos – emprega atualmente vários meios para atingir seus objetivos educacionais. Podemos destacar alguns: local apropriado; horário obrigatório de estudo; currículo planejado para cada etapa da educação; métodos e materiais didáticos apropriados à transmissão dos vários conteúdos. As instituições sociais, como a família, ás vezes a Igreja e atualmente os meios de comunicação de massa, exercem grande influência na educação dos indivíduos. É a escola, porém, a instituição especificamente organizada para transmitir às crianças a herança cultural da sociedade. A ESTRUTURA DA ESCOLA Considerada como uma reunião de indivíduos com objetivos comuns, num processo de interação continua, a escola é um grupo social. Mas pode também ser vista como uma instituição, ou seja, um conjunto de normas e procedimentos padronizados, altamente valorizados pela sociedade, cujo objetivo principal é a socialização do indivíduo, a transmissão de aspectos determinados da cultura. Como grupo social, a escola pode ser vista 9 como um conjunto de alunos, professores e funcionários que desenvolvem um processo contínuo de cooperação, com o objetivo primordial de transmitir cultura. No estudo da estrutura da escola, percebemos a coexistência de dois grupos distintos, mas interdependentes: os educadores e os educandos. Os educadores (diretor, professores, orientadores e auxiliares) representam um grupo maduro, de idade mais avançada, geralmente integrados aos valores sociais vigentes. Sua tarefa principal é transmitir aos educandos tais valores sociais. Esse grupo possui status que lhe permite dirigir a aprendizagem, impor normas e exercer liderança sobre os alunos. Além desses dois grupos básicos, é possível identificar na escola vários outros: grupos de idade e sexo (adultos, crianças e jovens, meninos e meninas), grupos associativos (que se formam entre os alunos no dia a dia da escola) e grupos de ensino (classe). A EDUCAÇÃO COMO PROCESSO SOCIALIZADOR A concepção de educação tem passado por transformações substanciais, refletindo uma civilização que não apenas muda, mas que muda rapidamente, por vezes dando a impressão que tudo está sendo feito de novo, tudo em reconstrução. No Realismo Humanista, que predominou nos séculos XVI e XVII e que teve em Rabelais (1488-1553) seu expoente máximo, a educação tinha por objetivo dominar a sua própria vida ambiente, natural e social, por meio de um conhecimento da vida dos antigos, através da literatura dos gregos e romanos. No Realismo Social, que teve em Montaigne (1533-1592) seu maior represente, a educação deveria formar a inteligência e o caráter, para assegurar uma “carreira agradável e bem sucedida”, uma preparação direta para a vida do homem no mundo. A finalidade da educação era formar a virtude. No Realismo Sensorial, aquisição de conhecimento por meio dos sentidos (Bacon, 1561-1626), aparecem os germens da concepção moderna de educação, em sua tendência psicológica, sociológica e científica. Para Comênius, contemporâneo (1592-1670), o objetivo da educação era auxiliar a alcançar a felicidade eterna e em Deus. Com John Locke (1632-1704) é a educação como disciplina, numa ressurreição do formalismo escolástico medieval: “O fator importante da educação é mais o processo que a coisa aprendida”. 10 Na tendência naturalista, com J. J. Rousseau (1712-1778), é a educação conforme a natureza, como processo de viver, ficando a criança como fator positivo da educação. Na tendência psicológica, Pestalozzi, (1746-1826) a educação é o desenvolvimento de capacidades implantadas na natureza; sendo um processo pelo qual devem passar todos os seres humanos, conduz à educação popular. Com John Frederick Herbart (1776-1852), o objetivo é a criança, seus interesses, experiências e atividade como ponto de partida e meios de instrução, e por melhoramentos no espírito, nos objetivos, na “atmosfera” e no moral da classe; atividades estimuladas e dirigidas da criança. “Os característicos dominantes da tendência científica moderna na educação foram os mesmos da tendência realista sensorial; primeiro, a acentuação na importância do conteúdo dos estudos e do conhecimento dos fenômenos da natureza; e segundo, o reconhecimento do valor transcendental do método indutivo de estudo”. Herbert Spencer (1820-1903) define a educação como a “preparação para a vida perfeita”, do ponto de vista do bem-estar individual, vivendo numa sociedade completamente desenvolvida. Da mesma época é T. H. Huxley (1832-1895): “Eu julgo ter recebido uma Educação Liberal o homem que foi de tal modo treinado na juventude que seu corpo é um servo obediente à sua vontade e realiza com facilidade e prazer todo o trabalho que, como um mecanismo seja capaz de fazer”. Em vários pensadores como Pestalozzi, Herbart e Froebel, o aspecto sociológico é muito pronunciado, mas nas tendências sociológicas propriamente ditas, “a educação é um processo de perpetuação e desenvolvimento da sociedade, tendo como finalidade preparar o indivíduo para participar com êxito das atividades sociais”. É a educação um preparo para a cidadania. O aspecto sociológico da tendência científica, é também patente, “a tendência social e científica coincidem no relevo que dão à importância da matéria e na oposição que fazem às opiniões correntes dos educadores ortodoxos partidários da educação disciplinar no que diz respeito à importância suprema do processo de adquirir o conhecimento”. Com Emile Durkheim, a conceituação penetra definitivamente no campo sociológico, pois a educação não é para a sociedade “senão o meio pelo qual ela prepara no íntimo das crianças, as condições essenciais da própria existência”. Assim, a educação é “a ação exercida pelas gerações adultas, sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver na criança, certo número de estado físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo especial a que a criança, particularmente se destina”. 11 Dewey, definiu a educação como a “soma total de processos por meio dos quais, uma comunidade ou um grupo social, pequeno ou grande, transmite seu poder adquirido, seus propósitos, com o objetivo de assegurar sua própria existência continua e seu desenvolvimento”. É a educação, uma contínua reorganização e reconstrução da experiência. Os fins da educação identificar-se-iam com os meios, do mesmo modo que os fins da vida se identificam com o processo de viver. Um eterno educar. Uma permanente transmissãode valores seria o característico da vida social. “Educação é transmissão e comunicação no sentido mais amplo possível”. A sociedade não só assegura a sua continuidade por transmissão, por comunicação, como sua própria existência se traduz em transmitir, em comunicar. “Toda educação é social, sendo como é, uma participação, uma conquista de um modo de agir em comum”. A natureza social do fenômeno da educação, parece tornar-se evidente, de acordo com a moderna conceituação. Consiste na aquisição de indivíduos e gerações ao meio social. É um trabalho tão velho como a sociedade humana, no dizer de Case, e tão largo como a humanidade. É um processo social universal, pois é impossível admitir-se grupo social, por mais simples que seja, onde não haja, pelo menos, uma rudimentar transmissão de conhecimentos, a fim de manter a unidade do grupo. ACUMULAÇÃO E PERPETUAÇÃO CULTURAL A educação transmitindo conhecimentos está contribuindo para a acumulação cultural, processo indispensável à manutenção da vida social. Esta acumulação tem evidentemente um propósito, que não apenas o conservantismo das classes adultas que pela incontestável experiência, mantêm os postos diretivos. Promove a continuidade do sistema social com seus padrões de comportamento socialmente aprovados, a posse da herança sócio-cultural, com uma economia de energia formidável, que será aproveitada no desenvolvimento social. Quão diferente seria, se não havendo essa acumulação, cada geração tivesse de começar sempre de novo; não apenas a cultura apresentaria um stock modestíssimo, como a estrutura social ressentir-se-ia da falta de continuidade, mantendo-se apenas num aparente equilíbrio de segmentos atomizados, prestes a desfazer-se, a desmoronar. Evidentemente esta acumulação de dados culturais que a educação produz, tem uma direção. Surge-nos então, a noção de desenvolvimento, evolução, ou progresso – esse uma herança do positivismo e um valor social universal. 12 Três expressões têm sido indistintamente empregadas: mudança social, evolução e progresso social. Entendemos que, não mudança as partes tornam-se diferentes, há uma diferenciação, simplesmente; por evolução, entendemos uma conexão causal na série. Este é o progresso dos evolucionistas; o que importa é a direção. No progresso, há a ideia de melhor. Parece ser, portanto, um conceito subjetivo, a mercê de toda a forma de etnocentrismo, implicando na realidade, juízos de valor. A sociedade é essencialmente criadora de ideias, afirmava Emile Durkheim. E Bouglé, insistia na objetividade dos valores – objetivos porque imperativos e imperativos porque coletivos – como expressão de uma experiência vivida. A relatividade, entretanto, não pode ser posta em dúvida: imperatividade, coletivismo, experiências, são modelados no “nosso grupo”, sempre em oposição ao grupo “dos outros”. Case, já citado, procura dar certa objetividade na conceituação do “progresso social’. “O homem goza uma expansão de suas funções e poderes está realmente fazendo progresso quando suas atividades tendem em conjunto, para uma maior utilização produtiva do mundo circundante, uma mais equitativa distribuição das vantagens resultantes, uma mais adequada apreciação de todos os conhecimentos e valores da experiência individual e coletiva”. O progresso é assim essencialmente democrático e universal e constituído pelos subprocessos de utilização, igualdade e apreciação. Para Emilio Willems, haverá progresso, quando houver acumulação de dados sócioculturais, mudanças e um aumento de controle sobre o meio. São, evidentemente, tentativas de subtrair a conceituação de progresso do âmbito dos juízos de valor. Mas, se a educação concorrendo para a acumulação cultural contribui para o progresso, a escola ou educação institucionalizada, é por natureza conservadora, agindo mais como um aparelho registrador das experiências bem-sucedidas e, às vezes, entravando o progresso. O predomínio dos velhos neste setor, torna a escola geralmente resistente às inovações – essas só penetram no currículo com dificuldade e hostilidade ou quando uma revolução põe nos postos-dirigentes as gerações novas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRANDÃO, Geraldo. Sociologia da Educação. São Paulo: Editora do Brasil, 1999. 13 OLIVEIRA, ? Introdução à Sociologia da Educação. 16. ed. São Paulo: Ática, 2000. TELES, Maria Luiza Silveira. Curso Básico de Sociologia da Educação. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 1998. TOSCANO, Moema. Introdução à sociologia Educacional. Petrópolis: Vozes, 1998. WEBER, Silke. Aspirações a Educação. Petrópolis, Vozes, 1998. SUGESTÃO DE ATIVIDADES “[...] A educação assistemática, difusa ou informal é a que acontece, no correr da vida diária, pelo aprendizado das tarefas normais de cada grupo social, pela observação do comportamento dos mais velhos, pela convivência entre os membros de uma sociedade. [...] Em sociedades complexas, a educação assistemática não basta. A divisão do trabalho e a extrema especialização exigem das crianças e passagem pela escola, onde recebem educação sistemática ou formal. Esta é, portanto, a que é dada na escola e visa apenas à transmissão de determinados legados culturais, isto é, de determinados conhecimentos, técnicas ou modos de vida. [...] As instituições sociais, como a família, ás vezes a Igreja e atualmente os meios de comunicação de massa, exercem grande influência na educação dos indivíduos. É a escola, porém, a instituição especificamente organizada para transmitir às crianças e herança cultural da sociedade. [...]” Com base nestas informações do texto, responda em dupla {a seguinte questão: O que é educação assistemática? O que é educação sistemática? Qual a diferença entre elas? 14 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM A aprendizagem é o processo por intermédio do qual a criança se apropria ativamente do conteúdo da experiência humana, daquilo que o seu grupo social conhece. Para que a criança aprenda, ela necessitará interagir com outros seres humanos, especialmente com os adultos e com outras crianças mais experientes. Nas inúmeras interações em que envolve desde o nascimento, a criança vai gradativamente ampliando suas formas de lidar com o mundo e vai construindo significados para as suas ações e para as experiências que vivem. Com o uso da linguagem, esses significados ganham maior abrangência, dando origem a conceitos, ou seja, significados partilhados por grande parte do grupo social. A linguagem, além disso. Irá integrar-se ao pensamento, formando uma importante base sobre a qual se desenvolverá o funcionamento intelectual. O pensamento pode ser entendido, desta forma, como um diálogo interiorizado que gradativamente (re)organiza conceitos, ideias e pensamentos. Objetos e conceitos existem, inicialmente, sob a forma de eventos externos aos indivíduos. Para se apropriar desses objetos e conceitos é preciso que a criança identifique as características, propriedades, e finalidades dos mesmos, e isto é feito por intermédio do contato que a mesma possui com os pais e demais adultos a sua volta. A apropriação 15 pressupõe, portanto, gradativa interiorização. Através desse processo, é possível aprender o significado da própria atividade humana, que se encontra sintetizada em objetos e conceitos. Assim, ao se analisar uma mesa, pode-se notar que ela resume, em si, anos de trabalho e tecnologia: é preciso maquinário apropriado para lixar a madeira, instrumentos como o martelo e chaves de fenda para montá-la, apetrechos para refiná-la, como lixa e verniz. Entender o que se significa uma mesa implica conhecer as suas principais características e finalidades – mesa para jogar, comer, estudar etc -, compreendendo o quanto de esforço foi necessário para concebê-la e realizá-la. A Psicologia da Aprendizagemestuda o complexo processo pelo qual as formas de pensar e os conhecimentos existentes numa sociedade são apropriados pela criança. Para que se possa entender esse processo é necessário reconhecer a natureza social da aprendizagem. Como já foi dito, as operações cognitivas (aquelas envolvidas no processo de conhecer) são sempre ativamente construídas na interação com outros indivíduos. Em geral, o adulto ou a criança mais experiente fornece ajuda direta à criança, orientando-a e mostrando-lhe como proceder através de gestos e instruções verbais, em situações interativas. Na interação adulto-criança, gradativamente, a fala social trazida pelo adulto vai sendo incorporada pela criança e o seu comportamento passa a ser, então, orientado por uma fala interna, que planeja a sua ação. Nesse momento, a fala está fundida com o pensamento da criança, está integrada às suas operações intelectuais. Reconhece-se, dessa maneira, que as pessoas, em especial as crianças, aprendem através de ações partilhadas mediadas pela linguagem e pela instrução. A interação entre adultos e crianças, e entre crianças, portanto, é fundamental na aprendizagem. A Psicologia da Aprendizagem, aplicada à educação e ao ensino, busca mostrar como, através da interação entre professor e alunos, é possível a aquisição do saber e da cultura acumulados. O papel do professor nesse processo é fundamental. Ele procura estruturar condições para ocorrência de interações professor-alunos-objeto de estudo, que levem à apropriação do conhecimento. De maneira geral, portanto, essa visão de aprendizagem reconhece tanto a natureza social da aquisição do conhecimento como o papel preponderante que nela tem o adulto. Estas considerações, em conjunto, têm sérias implicações para a educação: procede-se, na aprendizagem, do social para o individual, através de sucessivos estágios de internalização, com o auxílio de adultos ou de companheiros mais experientes. 16 1 APRENDIZAGEM O processo de aprendizagem é um fenômeno natural do ser humano que envolve uma série de fatores: aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. Quando um bebê é estimulado por seus pais a pegar objetos ele o faz, acontecendo o mesmo quando é estimulado a engatinhar, mastigar, andar, ler, diferenciar cores e outras coisas. Dessa forma, é possível dizer que o processo de aprendizagem é tido a partir da motivação. Existem casos em que um indivíduo pode apresentar dificuldades na aprendizagem como hipo ou hiperatividade, déficit de atenção, problemas relacionados a números, desajustes emocionais, dificuldades de concentração e de memorização, má percepção e inibição participativa, ou ainda, ter dificuldade de aprender Língua Portuguesa em contrapartida muita facilidade e até se destaca em Matemática, Física ou dança. Cada ser humano possui uma forma particular de aprender, de interagir com o objeto que pretende conhecer e apreende de forma diferente apresentando formas de inteligências diferentes. Neste sentido, Howard Gardner, psicólogo que criou a Teoria das Inteligências Múltiplas, relatou sobre a existência de sete tipos de inteligência que são ativadas a partir de estímulos. São elas: verbal, lógica, musical, visual, interpessoal e intrapessoal. Tais inteligências devem ser estimuladas de forma que o indivíduo não tenha nenhuma área latente. O aprimoramento inteligível a partir da ativação das inteligências acontecerá de maneira espontânea resultando dos estímulos recebidos, sendo que todos os estímulos são arquivados, catalogados e analisados pela memória. Quando precisamos lembrar algo puxamos pela memória para acessarmos o arquivo pretendido. 2 MEMÓRIA Soraya Grams da Silva (Disponível em: http://www.monografias.brasilescola.com/psicologia/memoria.htm) Um dos fatos mais curiosos com relação à memória é a ilusão do déjà-vu (o já visto), em que uma pessoa tem a falsa impressão de familiaridade com situações que, no entanto, são vividas pela primeira vez. Estudiosos da memória ainda buscam uma explicação para o fenômeno. Memória é a capacidade da mente humana de fixar, reter, evocar e reconhecer impressões ou fatos passados. A função de lembrar e sua oposta, esquecer, são normalmente http://www.monografias.brasilescola.com/psicologia/memoria.htm) 17 adaptativas. O aprendizado, o pensamento e o raciocínio não seriam possíveis sem a memória, mas a capacidade de esquecer também tem muitas funções. Serve como referência de tempo (pois as lembranças tendem a se tornar mais difusas com o passar do tempo), como instrumento de adaptação a novos aprendizados (pela supressão de antigos padrões) e ainda como forma de aliviar a ansiedade decorrente de experiências dolorosas. Os primeiros estudos experimentais sobre a memória foram realizados pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus. No fim do século XIX, ele planejou e executou experiências sobre o aprendizado de sílabas sem sentido (a fim de reduzir a interferência do significado nos processos de retenção), que lhe permitiram avaliar a capacidade e o tempo de armazenamento da informação, bem como a facilidade de recuperação do material armazenado. O britânico Frederic C. Bartlett, ao contrário de Ebbinghaus, trabalhou com material significativo: formas, fotografias, figuras que sugeriam objetos etc. Sua hipótese básica afirma que a pessoa só retém esquemas muito gerais daquilo que experimentou anteriormente. O processo de evocação seria, assim, melhor definido como processo de reconstrução. Também na psicanálise se elaborou uma teoria da memória. Para Sigmund Freud, o mecanismo da recuperação da informação e, principalmente, o fenômeno do esquecimento teriam como causa um fator repressivo de caráter inconsciente. De fato, muitas das técnicas psicanalíticas são destinadas a desfazer esse bloqueio repressivo que impede o acesso a antigas experiências armazenadas que, segundo Freud, nunca se perdem verdadeiramente. Para os behavioristas, o mecanismo da recuperação da informação se constrói, sobretudo, pela associação entre estímulos e respostas. Os behavioristas e neobehavioristas explicam o esquecimento da informação armazenada por interferências no processo de recuperação. Alguns autores, insatisfeitos com as teorias behavioristas e influenciados pelas críticas antibehavioristas do linguista americano Noam Chomsky, assim como pelas novas teorias de manipulação da informação e da comunicação, abordaram o problema da memória de uma nova perspectiva. Esses autores estudaram a capacidade humana de processar a informação como parte da temática geral da percepção e recorreram aos esquemas de funcionamento dos computadores para descrever a organização de todo o sistema. Memória e processamento da informação. Segundo as modernas teorias cognitivas, que estudam fenômenos básicos da inteligência como a percepção, o aprendizado e a memória, relacionando-os aos mecanismos da informática, são três os processos básicos da memória: codificação da informação, armazenamento e recuperação. Codificação é o processo pelo qual a forma física da informação de entrada transforma-se numa representação interna. 18 O armazenamento consiste na fixação da representação interna mediante o estabelecimento de relações entre ela e as demais representações que o indivíduo possui. Se essas relações se destroem, produz-se o esquecimento. O processo de recuperação permite utilizar a informação armazenada quando necessário. No que diz respeito ao armazenamento da informação, distinguem-se três tipos: sensorial, memória a curto prazo e memória a longo prazo. Assim, o indivíduo utilizaria estratégias, desde as mais simples até as mais complexas e estruturadas, para representar e recuperar a informação que recebe. Essas estratégias variam conforme o tipo de informação e a finalidade com que o sujeito se propõe utilizar posteriormentetal informação. Dessa perspectiva, os processos da memória adquirem caráter dinâmico e ativo, de forma que o sistema aprende pela interação com o meio e não pelo estabelecimento de conexões entre estímulos e respostas, como quer a teoria behaviorista. A estrutura interna utilizada para organizar a informação está em contínua mudança e se reconfigura de acordo com cada nova experiência. Durante a vida dos indivíduos, modifica-se a forma de codificação da informação e aumenta progressivamente o número de conceitos dos quais se parte, assim como o das relações que se estabelecem entre os diferentes elementos da informação. As estratégias são semelhantes para todos os indivíduos, embora seu resultado difira em função de serem diferentes as capacidades e circunstâncias. Aprimoramento da memória. Os estudos psicológicos sobre a memória podem ter aplicações imediatas no desenvolvimento e fortalecimento da capacidade individual de memorização. A maioria das técnicas mnemônicas (ou de memorização) baseia-se na rápida transferência da informação contida na memória de curto prazo para a de longo prazo, mediante a utilização de códigos de informação que facilitem a retenção. Algumas das regras mais usadas consistem em agrupar os diferentes elementos que compõem a informação, descobrir regras simples por meio das quais ordenar uma sequência determinada de elementos, organizar hierarquicamente a informação que se deve guardar, estabelecer correlação entre os elementos que se oferecem à aprendizagem e outros já conhecidos etc. De qualquer maneira, nenhuma dessas técnicas pode remediar situações de origem patológica, mas tão-somente beneficiar uma memória normal. SUGESTÃO DE ATIVIDADE 19 Escreva um texto para responder às seguintes questões: O que é Aprendizagem? O que é memória? Qual a relação existente entre esses dois processos? AS TRÊS TEORIAS PSICOLÓGICAS INTERACIONISTAS Profª Esp. Hidenilse Rosana da Costa Silva Profº Esp. Júlio César da Silva Corrêa Quadro 01 - Síntese das Teorias da Aprendizagem Teorias de Aprendizagem Características Epistemologia Genética de Piaget Ponto central: estrutura cognitiva do sujeito. As estruturas cognitivas mudam através dos processos de adaptação: assimilação e acomodação. A assimilação envolve a interpretação de eventos em termos de estruturas cognitivas existentes, enquanto que a acomodação se refere à mudança da estrutura cognitiva para compreender o meio. Níveis diferentes de desenvolvimento cognitivo. http://www.nce.ufrj.br/ginape/publicacoes/trabalhos/RenatoMaterial/psicologia.htm#piaget http://www.nce.ufrj.br/ginape/publicacoes/trabalhos/RenatoMaterial/psicologia.htm#piaget 20 Teoria Construtivista de Bruner O aprendizado é um processo ativo, baseado em seus conhecimentos prévios e os que estão sendo estudados. O aprendiz filtra e transforma a nova informação, infere hipóteses e toma decisões. Aprendiz é participante ativo no processo de aquisição de conhecimento. Instrução relacionada a contextos e experiências pessoais. Teoria Sócio-Cultural de Vygotsky Desenvolvimento cognitivo é limitado a um determinado potencial para cada intervalo de idade (ZPD); o indivíduo deve estar inserido em um grupo social e aprende o que seu grupo produz; o conhecimento surge primeiro no grupo, para só depois ser interiorizado. A aprendizagem ocorre no relacionamento do aluno com o professor e com outros alunos. Aprendizagem baseada em Problemas/ Instrução ancorada (John Bransford & the CTGV) Aprendizagem se inicia com um problema a ser resolvido. Aprendizado baseado em tecnologia. As atividades de aprendizado e ensino devem ser criadas em torno de uma "âncora", que deve ser algum tipo de estudo de um caso ou uma situação envolvendo um problema. Teorias de Aprendizagem Características Teoria da Flexibilidade Cognitiva(R. Spiro, P. Feltovitch & R. Coulson) Trata da transferência do conhecimento e das habilidades. É especialmente formulada para dar suporte ao uso da tecnologia interativa. As atividades de aprendizado precisam fornecer diferentes representações de conteúdo. Aprendizado Situado (J. Lave) Aprendizagem ocorre em função da atividade, contexto e cultura e ambiente social na qual está inserida. O aprendizado é fortemente relacionado com a prática e não pode ser dissociado dela. Gestaltismo Enfatiza a percepção ao invés da resposta. A resposta é considerada como o sinal de que a aprendizagem ocorreu e não como parte integral do processo. Não enfatiza a sequência estímulo-resposta, mas o contexto ou campo no qual o estímulo ocorre e o insight tem origem, quando a relação entre estímulo e o campo é percebida pelo aprendiz. Teoria da Inclusão (David Ausubel) O fator mais importante de aprendizagem é o que o aluno já sabe. Para ocorrer a aprendizagem, conceitos relevantes e inclusivos devem estar claros e disponíveis na estrutura cognitiva do indivíduo. A aprendizagem ocorre quando uma nova informação ancora-se em conceitos ou proposições relevantes preexistentes. http://www.nce.ufrj.br/ginape/publicacoes/trabalhos/RenatoMaterial/psicologia.htm#bruner http://www.nce.ufrj.br/ginape/publicacoes/trabalhos/RenatoMaterial/psicologia.htm#bruner http://www.emtech.net/learning_theories.htm#Vygotsky1 http://www.emtech.net/learning_theories.htm#Vygotsky1 http://www.emtech.net/learning_theories.htm#Vygotsky1 http://www.emtech.net/learning_theories.htm#Vygotsky1 http://tip.psychology.org/anchor.html http://tip.psychology.org/anchor.html http://tip.psychology.org/spiro.html http://tip.psychology.org/spiro.html http://tip.psychology.org/lave.html http://tip.psychology.org/wertheim.html http://www.nce.ufrj.br/ginape/publicacoes/trabalhos/RenatoMaterial/psicologia.htm#ausubel http://www.nce.ufrj.br/ginape/publicacoes/trabalhos/RenatoMaterial/psicologia.htm#ausubel 21 Aprendizado Experimental (Carl Rogers) Deve-se buscar sempre o aprendizado experimental, pois as pessoas aprendem melhor aquilo que é necessário. O interesse e a motivação são essenciais para o aprendizado bem sucedido. Enfatiza a importância do aspecto interacional do aprendizado. O professor e o aluno aparecem como os co-responsáveis pela aprendizagem. Inteligências múltiplas (Gardner) No processo de ensino, deve-se procurar identificar as inteligências mais marcantes em cada aprendiz e tentar explorá-las para atingir o objetivo final, que é o aprendizado de determinado conteúdo. O quadro 01 apresenta uma síntese das teorias da aprendizagem. Dentre as dez teorias apresentadas, serão discutidas, neste texto, apenas as três teorias psicológicas interacionistas que mais repercussão tiveram no estudo do desenvolvimento infantil (humano) e, por consequência, na elaboração de teorias aprendizagem e os fatores que interferem na aquisição e/ou construção do conhecimento. São elas as teorias de Piaget, Wallon e Vygotsky. Na psicologia do desenvolvimento, o interacionismo ofereceu muitas respostas às lacunas deixadas pelas teorias comportamentais e inatistas, ao partir do pressuposto de que o sujeito interage ativamente com o meio e que este modifica aquele em função de sua ação. Isto favoreceu, para os educadores condições de pensar em recursos e técnicas que pudessem estimular a aquisição e/ou aprendizagem da criança ou adulto. Todavia, a abordagem interacionista, não se constitui como um todo homogêneo em que todos os teóricos partilham de uma mesma concepção do termo interação. Dessa forma, Piaget refere-se ao meio, como condição para o desenvolvimento cognitivo, mas centraliza sua explicação nos mecanismos de coordenação entre as ações da criança sobre o mundo, dando pouca importância à intervenção social. De forma diversa, as posições de Wallon e Vygotsky coincidem quanto ao valor dado ao papel constitutivo da interação social, mas sediferenciam por certos aspectos do desenvolvimento que são enfocados em cada teoria. Neste sentido, faz-se necessário entrever as contribuições de Piaget, Wallon e Vigotsky para poder discorrer sobre os fatores que interferem na aprendizagem seja no espaço-tempo escolar ou extra-escolar. Para que se possa discorrer acerca dos fatores que interferem na aprendizagem sob a perspectiva interacionista, faz-se necessário primeiramente conhecer os teóricos e suas contribuições para educação. Neste sentido, temos: Jean Piaget, Lev Semynovitch Vygotsky e Henri Wallon. http://www.nce.ufrj.br/ginape/publicacoes/trabalhos/RenatoMaterial/abordagens.htm#rogers http://www.nce.ufrj.br/ginape/publicacoes/trabalhos/RenatoMaterial/abordagens.htm#rogers http://www.nce.ufrj.br/ginape/publicacoes/trabalhos/RenatoMaterial/abordagens.htm#rogers http://www.infed.org.uk/thinkers/gardner.htm http://www.infed.org.uk/thinkers/gardner.htm 22 1 JEAN PIAGET Jean Piaget nasceu em Neuchatel - Suíça, no ano de 1896. Formou-se em Biologia pela Universidade de Neuchatel e lançou seu primeiro livro, B, em 1923. No ano de 1925 começou a lecionar Psicologia, História da Ciência e Sociologia. O fato de sua primeira formação ser em Biologia e posteriormente em Psicologia, exerceu grande influência em seu postulado teórico, uma vez que sua explicação para o processo de evolução da inteligência é baseada na comparação com o processo de desenvolvimento biológico humano. Segundo sinaliza Piaget (2004): O desenvolvimento psíquico, que começa quando nascemos e termina na idade adulta. É comparável ao crescimento orgânico: como este, orienta-se, essencialmente, para o equilíbrio. Da mesma maneira que um corpo está em evolução até atingir um nível relativamente estável – caracterizado pela conclusão do crescimento e pela maturidade dos órgãos-, também a vida mental pode ser considerada como evoluindo na direção de uma forma de equilíbrio final, representada pelo espírito adulto (p. 13). A teoria piagetiana é classificada como interacionista, uma vez que entende o processo de aquisição de conhecimento como derivado das múltiplas interações realizadas pelo sujeito com os objetos do meio no qual está inserido. Outro fator marcante na construção da teoria piagetiana fora a observação feita pelo autor de suas filhas, podendo assim pesquisar de perto o desenvolvimento da inteligência humana (BESSA,2006) Segundo definição de Piaget (2004): A inteligência é como uma das manifestações da vida, isto é, uma forma de adaptação, sendo a ação o modo de interação do homem com o meio. Isto significa que em todos os níveis do desenvolvimento, uma conduta cognitiva é uma ação (concreta ou interiorizada), cuja função é a adaptação do sujeito a seu meio pela interação. A Teoria de Jean Piaget é denominada de Epistemologia Genética ou Teoria Psicogenética, conhecida no meio educacional como Teoria Construtivista da Formação da Inteligência, ou simplesmente, Construtivismo. Vale ressaltar, que o termo epistemologia significa estudo do conhecimento. Epistemo vem de episteme, que significa conhecimento e lógica, significa estudo; assim temos estudo 23 do conhecimento, enquanto genética, em Piaget, se relaciona a forma como pensamos, aos modelos hereditários, de transmissão de conteúdo genético de pais para filhos (BESSA, 2006) Em sua teoria Piaget (2004) elencou quatro estágios de desenvolvimento: estágio sensório- motor, estágio pré-operatório, estágio operatório-concreto e estágio operatório formal. a) Estágio Sensório-Motor (0 – 2 anos) O período sensório-motor, que vai de zero a dois anos, caracteriza-se pela inteligência sensório-motora, ou seja, uma adaptação prática ao mundo exterior. O bebê, partindo de simples reflexos, consegue chegar progressivamente a uma organização coerente de percepções sucessivas e movimentos que lhe permitem uma interação com os objetos reais do seu meio imediato: inicialmente, as condutas sensório-motoras dirigem-se ao próprio corpo (sucção, audição, visão...), orientando-se, em seguida, aos objetos externos. Uma coordenação gradual de ações tem lugar através do jogo de assimilações recíprocas, repetidas, reconhecidas e generalizadas. Neste período, a inteligência é prática, as noções de espaço e tempo são construídas pela ação, o contato com o meio é direto e imediato, sem representação mental ou pensamento. A relação mãe-bebê é simbiótica (interdependente) e a fala é simbólica. b) Estágio Pré-Operatório (2 – 7 anos) Caracteriza-se pela interiorização de esquemas de ação construídos no estágio anterior. Tais esquemas de ação são conseguidos por meio das seqüências de assimilações e acomodações que vão sendo realizadas pelas crianças durante suas múltiplas interações com o meio. Este estágio é caracterizado pelos porquês (a criança pergunta o tempo todo), as perguntas são despertadas com a aquisição da fala (linguagem oral) onde paralelamente há o desenvolvimento das representações mentais. Outra marca deste estágio é o egocentrismo infantil, mas já age por simulação, possui percepção global, deixa-se levar pela aparência sem relacionar fatos, distingue fatos de fantasias (BESSA, 2006; PINA, 2007). c) Estágio Operatório- Concreto (7 – 12 anos) A criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, já sendo capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do modo, concreto para chegar à abstração. 24 d) Estágio Operatório – Formal ou Lógico-Formal (12 anos em diante) A representação agora permite a abstração total. A criança não se limita mais à representação imediata nem somente às relações previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente, buscando a partir da hipótese e não apenas pela observação da realidade. Neste estágio, a criança aplica o raciocínio lógico nos problemas, além disso, outro fator relevante é a atuação autônoma do sujeito e a capacidade de agir tanto independentemente e mentalmente quanto fisicamente. A contribuição de Piaget para educação (Pedagogia) tem sido, até os dias atuais, inestimável, sobretudo devido às indicações sobre os estágios adequados para serem ensinados determinados conteúdos às crianças, sem desrespeitar suas reais possibilidades mentais, ou seja, de acordo com seu desenvolvimento intelectual e afetivo. Outro fator argumentado na teoria de Jean Piaget se faz junto a importância da aplicabilidade no período pré-escolar. Além disso, o autor indica questões importantes para uma possível aplicação da teoria piagetiana na pedagogia. Segundo Piaget, a criança préescolar encontra-se em uma fase de transição fundamental entre a ação e a operação, ou seja, entre aquilo que separa a criança do adulto. Além disso, é uma fase de preparação para o período seguinte (operatório concreto). 2 LEV SEMYONOVITCH VYGOTSKY Lev S. Vygotky, nasceu na cidade de Orsha, próxima a Minsk, capital de Biealarus (da antiga União Soviética), em 17 de novembro de 1896, filho de judeus de posses lhe rendeu uma formação cultural e intelectual excelente. Vygotsky criou um laboratório de psicologia na escola de formação de professores de Gomel e participou da criação do Instituto de Deficiências, em Moscou, fez parte de vários grupos de estudos, fundou uma editora e uma revista literária, coordenou o setor de teatro do Departamento de Educação de Gomel. Segundo Oliveira (1993): Vygotsky, convivia desde 1920 com a tuberculose que lhe levaria a morte em 1934, antes de completar 38 anos, em consequência de sua doença, parte de sua produção intelectual não fora criada de forma escrita, mas sim oralmente e ditados à outra pessoa que os copiava, ou anotados taquigraficamente durante suas aulas ou conferências. 25 ParaVygotsky (apud BESSA, 2006): A aprendizagem é definida como o despertar de processos de desenvolvimento no interior do sujeito que não ocorreriam sem o seu contato com o ambiente cultural, logo sendo um processo sócio-histórico, o aprendizado inclui a interdependência entre indivíduos, ou seja, a relação entre aquele que ensina e aquele que aprende. A importância do papel do outro social é relevante na visão de Vygotsky na medida em que traz à tona um conceito de sua teoria nas relações entre desenvolvimento e aprendizado: o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). Oliveira (1993) sinaliza acerca Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP): A ZDP é constituída pelo conjunto de funções que amadureceram e que ainda estão em fase embrionária. Em diferentes momentos, Vygotsky ressalva que o aprendizado é construído nas relações sociais. O contato com a realidade, com os instrumentos, com o trabalho, em especial com outras pessoas, é fundamental na construção do conhecimento e do sujeito psicológico. Neste sentido, para que se possa compreender o desenvolvimento deve-se considerar não apenas o nível de desenvolvimento real da criança, capacidade de realizar tarefas de forma independente, mas também o novel de desenvolvimento potencial, isto é, sua capacidade de desempenhar tarefas com ajuda de adultos ou companheiros mais capazes. A contribuição da teoria de Vygotsky pode ser aproveitada pelo professor no espaçotempo de sala de aula, onde esta deve ser considerada um lugar privilegiado de sistematização do conhecimento e o professor um articulador na construção do saber. Tendo como base tais pressupostos teóricos, esse texto sistematiza alguns pontos da teoria com a possibilidade de trabalho do professor junto a seus alunos. 3 HENRI WALLON Wallon (apud BESSA, 2006) compartilha com Vygotsky a mesma matriz epistemológica, o materialismo histórico e dialético, sendo que, para Wallon, a emoção é o principal mediador, enquanto que, em Vygotsky, o sistema de signos e símbolos ocupa tal papel. 26 Wallon colheu material para o desenvolvimento de sua teoria a partir de observações de feridos de guerra com lesões cerebrais e de crianças com anomalias psicomotoras, em geral. Preocupado em estudar objetivamente a consciência, procurou compreender o desenvolvimento psicomotor humano numa perspectiva psicogenética. Para tanto, estudou os distúrbios do desenvolvimento psicomotor e mental da criança e estabeleceu comparações com o mundo animal e a história da humanidade. Para o autor, a motricidade ou psicomotricidade é o substrato de toda a atividade mental, desde que dialeticamente ligada à emoção, resultado de uma primeira troca expressiva da criança com o entorno humano e anterior à interação com o mundo objetivo. Também considera a expressão emotiva como uma pré-linguagem, estágio primitivo que será integrado, gradativamente, às atividades psíquicas superiores, num processo repleto de crises e conflitos. A teoria psicogenética Walloriana divide-se em: a) Impulsivo-Emocional A emoção é predominante nesse estágio, uma vez que atua como instrumento de ligação da criança com o meio, onde a afetividade orienta as primeiras reações do bebê para as pessoas e vice-versa. Isso significa dizer que a criança depende emocionalmente do meio para sobreviver e é por meio da relação de afeto que contagia as pessoas ao seu redor para a tarefa de cuidar. b) Sensório- Motor e Projetivo Este estágio vai até o terceiro ano de vida da criança, que se interessa em explorar o mundo físico, tem mais autonomia para explorar espaços e objetos. Há um grande desenvolvimento da linguagem, nesse estágio as relações com a inteligência prática e simbólica são predominantes. A projeção aparece como uma maneira da criança exteriorizar os atos mentais por intermédio dos atos motores. O Estágio Sensório-Motor e Projetivo é caracterizado pelo movimento, suporte da representação. Inicialmente, os objetos do mundo são excitantes que o sujeito pode manipular para apreciar suas características (tato, audição, visão), pô-los em relação e classificá-los. No entanto, por volta de um ano, essa exploração dos objetos evolui para uma capacidade de coordenação dos movimentos próprios aos dos objetos, o que possibilita uma previsão e confrontação de meios e objetivos; nasce assim, uma intencionalidade objetiva, voltada, não ao meio social, mas às coisas. As atitudes imitativas também terão papel importante para a formação dessa intencionalidade. 27 c) Personalismo Este estágio estende-se entre três e seis anos, onde o processo de formação da personalidade é o centro deste estágio. A criança inicia o pensamento por si mesma de acordo com as relações sociais que possui, com o meio social a qual faz parte, com predominância da afetividade novamente, pode-se afirmar que o personalismo se constitui como uma relação sólida de afeto, entre a criança e o outro. d) Categorial Inicia-se aos seis anos, com a função simbólica consolidada e personalidade diferenciada. Em função do estágio do personalismo, a um grande avanço da inteligência, interesse de compreender o mundo fica aguçado, conduzindo a criança a uma maior exploração do mundo exterior, imprimindo suas relações com o meio e preponderância do aspecto cognitivo. e) Adolescência Neste estágio, existe a necessidade de afeto e uma nova definição do que envolve a personalidade. Há rompimento na tranquilidade, desestruturação desta nova definição em decorrência as modificações sofridas pelo físico em decorrência das alterações hormonais e, novamente tem-se o retorno da afetividade. A sucessão dos estágios se dá pela substituição de uma função por outra, extinguindo algumas e conduzindo / orientando outras a novas formas de relação. A mudança de cada estágio representa uma evolução mental qualitativa por caracterizar um tipo diferenciado de comportamento, uma atividade predominante que será substituída no estágio seguinte, além de conferir ao ser humano novas formas de pensamento, de interação social e de emoções que irão direcionar-se, ora para a construção do próprio sujeito, ora para a construção da realidade exterior. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BESSA, Valéria da Hora. Teorias da Aprendizagem. Curitiba: IESDE, 2006. 28 CARVALHO, J. Mesquita de. Dicionário Prático da Língua Portuguesa. 5. ed. São Paulo: Globo, 1950. CAVAZOTTI, Maria Auxiliadora. Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização. Curitiba: IESDE, 2005. CORRÊA, Júlio César da Silva. Princípios e Métodos de Alfabetização. Belém - Pará: ULBRA – Polo Belém, 2007. GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. 24. ed. Rio de janeiro: Forense Universitária, 2004. PINA, Ione Lima. Dificuldade de Aprendizagem. Belém-Pará: ULBRA – Polo Belém, 2007. REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis: Vozes,2002. SÁNCHEZ, Jesús-Nicasio Garcia. Dificuldades de Aprendizagem e Intervenção Psicopedagógica. Trad. Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2004. VIEIRA, Vânia Maria de Oliveira. Abordagem Interacionista e os Fatores que Interferem na Aprendizagem.In.: SANTOS, Fábio Rocha.(Org.) Pedagogia. Uberaba - MG: UNIUBE,2008. (Serie Pedagogia; etapa III, v. 3) VYGOTSKY, Liev Semiónovittch. Pensamento e linguagem. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. SUGESTÃO DE ATVIDADE A teoria piagetiana é classificada como interacionista, uma vez que entende o processo de aquisição de conhecimento como derivado das múltiplas interações realizadas pelo sujeito 29 com os objetos do meio no qual está inserido. Outro fator marcante na construção da teoria piagetianafora a observação feita pelo autor de suas filhas, podendo assim pesquisar de perto o desenvolvimento da inteligência humana (BESSA, 2006) A importância do papel do outro social é relevante na visão de Vygotsky na medida em que traz à tona um conceito de sua teoria nas relações entre desenvolvimento e aprendizado: o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). Wallon colheu material para o desenvolvimento de sua teoria a partir de observações de feridos de guerra com lesões cerebrais e de crianças com anomalias psicomotoras, em geral. Preocupado em estudar objetivamente a consciência, procurou compreender o desenvolvimento psicomotor humano numa perspectiva psicogenética. Para tanto, estudou os distúrbios do desenvolvimento psicomotor e mental da criança e estabeleceu comparações com o mundo animal e a história da humanidade. Com base nestes enunciados, explique quais as bases principais das teorias de: Piaget, Vygotsky e Wallon. Qual a importância de cada uma e as diferenças básicas entre elas. CONFERÊNCIA MUNDIAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS. Declaração de Salamanca. Salamanca, Espanha, 1994. CORREA, Júlio César da Silva; ANO BOM, Márcia Cabral. Manual de Metodologia Científica. Belém –Pará: SUPEX / UNAMA, 2000. 30 . Requisitos do Mestre. Barcarena – Pa: Elite, 2004 (Encontro Pedagógico do Segmento de 1ª a 4ª). FISCHER, Ernest.A necessidade da Arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. GATTI, Bernardete A. A Formação dos Docentes: Confronto Necessário Professor X Academia. In: Cadernos de Pesquisa, n. 81, São Paulo, 1992 GARCIA, Lenise Aparecida Martins. Competências e Habilidades: você sabe lidar com isso? Brasília –DF: UNB, 2005. (texto mimeo ) LIBÂNEO, J.C. Didática. São Paulo: Cortez, 1998 MAKIGUTI, Tsunessaburo. Educação para uma Vida Criativa. 2. ed. (trad.) Eliane Carpenter Fraga Lourenço. Rio de Janeiro: Record,1994. MANTOAN, Maria Tereza E. Compreendendo a deficiência mental: novos caminhos educacionais, São Paulo: Scipione, 1988 MEDEIROS, Shirley do Socorro Pinheiro de. et al. Metodologias de Educação Inclusiva: focalizando o espaço escolar.Belém - Pa: Elite, 2005 (Curso de Formação continuada do Mestre – Aprendiz) MINAYO, Maria Cecília de S. (org). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade.2. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1994. MITTLER, Peter. Educação inclusiva: contextos sociais. Porto Alegre: ARTMED,2003. PIMENTA, Selma Garrido e GONÇALVES, Luiz C. Revendo o Ensino de 2º grau: Propondo a formação de professores. São Paulo, Cortez, 1992. 31 PRESTES, Irene Carmem Piconi; SILVA, Maria de Fátima Minetto Caldeira. Conceito de Currículo e Considerações Gerais. In.: Currículo Estruturado: implementação de programas pedagógicos. Curitiba: IESDE, 2004. ROSA, Suely Pereira da Silva. Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Inclusão. Curitiba: IESDE,2003. SACRISTÁN, J. Gimeno. Currículo e diversidade cultural. In: Tomaz Tadeu da Silva e Antônio Flávio Moreira (Org.), Territórios conquistados: o currículo e os novos mapas políticos e culturais. Petrópolis: Vozes, 1995 SANTOS, Mônica Pereira dos. Educação Inclusiva e a Declaração de Salamanca: consequências ao sistema educacional brasileiro. In: Revista Integração. Ano 10. n. 22, 2000. SOUZA, Maria Helena de & MARTINS, Maria Aurora Mendes. Psicologia do desenvolvimento. Curitiba: IESDE, 2003. TEIXEIRA, Elizabeth. As Três Metodologias: acadêmica, da ciência e da pesquisa. 5. ed. Belém - Pa.: UNAMA, 2002 VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984. CURSO: PÓS-GRADUAÇÃO DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS C. H. PRESENCIAL: 12H C. H. 32 DISTÂNCIA: 08H PROFESSOR(A): FERNANDO OCTAVIO BARBOSA DE ALMEIDA ROTEIRO DE PROJETO-PEDAGÓGICO EQUIPE: - Nome completo de cada integrante em ordem alfabética TÍTULO: JUSTIFICATIVA: - Qual a situação-problema a ser combatida no projeto? - Qual a relevância social do projeto? 33 OBJETIVOS: - No máximo 03 frases iniciadas com verbo no infinitivo. Ex.: Proporcionar, Promover, Oportunizar, Identificar, Entender, Apontar. REFERENCIAL TEÓRICO - Citações de textos do material da disciplina para fundamentar o tema do projeto. METODOLOGIA: - Lócus do projeto: em que turma/escola o projeto será desenvolvido? - Público-alvo: quem participará do projeto? 34 - Ações: sequência de atividades a serem desenvolvidas. RECURSOS: - Materiais utilizados para desenvolver o projeto AVALIAÇÃO: - De que forma o projeto será avaliado para verificar se os objetivos foram atingidos? Como fazer o PPP da escola Segundo especialistas, a elaboração do projeto político-pedagógico precisa contemplar a missão, a clientela, dados sobre aprendizagem, relação com as famílias, recursos, diretrizes pedagógicas, plano de ação da escola Dicas práticas para elaborar o PPP Certas estratégias facilitam a preparação, a revisão e o acesso da equipe ao projeto político- pedagógico: 35 - Não é preciso refazer a missão todo ano. Geralmente, ela dura de dois a cinco anos. Deve ser alterada quando a equipe percebe que os princípios já não correspondem às suas aspirações (os objetivos iniciais foram alcançados ou precisam ser modificados), a clientela é outra (aconteceram mudanças na comunidade) ou o contexto escolar teve alterações (introdução do Ensino Fundamental de nove anos ou a chegada da Educação Infantil ou de Jovens e Adultos). Esse trecho deve ser respaldado nos planos municipal ou estadual de Educação. - Clientela, dados sobre a aprendizagem, recursos, relação com as famílias, diretrizes e plano de ação devem ser revistos e atualizados ao longo do ano - e isso pode ser feito durante as reuniões pedagógicas e institucionais, nos encontros do Conselho Escolar e na semana de planejamento. Para tanto, a cada encontro, defina quem será o responsável por sistematizar os dados e inseri-los no PPP. - A linguagem usada deve ser simples. - O ideal é que o PPP seja montado em um arquivo eletrônico, no computador, e, depois de impresso, colocado em uma pasta arquivo para facilitar o acesso e as alterações durante o ano. - Professores e funcionários podem receber cópias do documento, quando possível, para que consultem sempre que surgirem dúvidas. - É interessante elaborar uma versão resumida para entregar aos pais no ato da matrícula. 36 - Organizar o PPP em um fichário facilita o manuseio, a conservação e a revisão ao longo do ano. Nas próximas páginas, você vai conhecer detalhes de cada um dos tópicos indispensáveis do PPP e saber onde obter as informações e a melhor forma de organizá- las. Definição da missão (ou marco referencial) Oque é? Conjunto dos valores nos quais a comunidade escolar acredita e das aspirações que tem em relação à aprendizagem dos alunos. Precisa responder a perguntas como: "Para nós, o que é Educação?" e "Que aluno queremos formar?" Também pode ser chamado de marco referencial. Por que é importante? Define a identidade da instituição e a direção na qual ela vai caminhar. Se um dos objetivos é formar pessoas críticas e autônomas, deve-se investir na gestão participativa e em projetos em que todos os segmentos tenham voz e assumam responsabilidades. Onde buscar informações? Duas boas referências são os planos municipal e estadual de Educação, quando existirem na rede. Contudo, usá-los como base não exime a escola de detalhar os próprios valores. É preciso que a equipe gestora ouçaa comunidade para estabelecer com ela os princípios desejados. Como fazer? Os princípios e valores da escola devem ser discutidos em reuniões pedagógicas ou institucionais (com os funcionários) e assembleias do conselho escolar, do conselho de classe e do grêmio estudantil. É papel do diretor participar de todos esses encontros, levar material bibliográfico que possa embasar as discussões e registrar o que foi 37 debatido. Depois disso, a direção também deve fazer a redação deste trecho do PPP - levando em consideração o que dizem os planos municipal ou estadual de Educação, quando existirem -, compartilhá-lo com toda a comunidade escolar e acolher sugestões e críticas. Como apresentar no PPP? Em um texto sucinto e objetivo, que comunique a identidade da escola com clareza a qualquer leitor do documento, seja ele professor, funcionário, pai ou aluno. Como fazer? Paralelamente ao processo de elaboração da missão, o diretor deve reunir as informações de todas as fichas de matrícula (e de possíveis questionários complementares preenchidos pelas famílias), organizando-as em tabelas e gráficos por assunto (renda, escolaridade e profissão dos pais, cidade de origem, entre outros). Para um resultado mais detalhado, pode-se dividir as informações sobre cada assunto também por séries e turmas. Tabulados e analisados os dados, é preciso apresentar o resultado parcial aos demais gestores e aos professores - ainda que faltem etapas para a conclusão do PPP -, de modo que todos conheçam a clientela atendida e possam pensar na melhor forma de desenvolver projetos pedagógicos e institucionais e se relacionar com as famílias. Como apresentar no PPP? Em tabelas ou gráficos que organizam os dados e ajudam na visualização das características importantes (como cidade de origem, faixa de renda, grau de instrução e profissão dos pais, religião e hábitos que cultivam). Eles devem estar acompanhados de textos analíticos. Vale lembrar que esta é uma parte do PPP que precisa ser revista periodicamente, pois pode haver mudanças na caracterização do público. 38
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