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CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 03 – GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK (1956-1961) Alexandre Alves AS ELEIÇÕES DE 1955 Em 24 de agosto de 1954 Getúlio Vargas se suicidou dentro de seu quarto no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. A morte de Vargas trouxe profunda indignação e comoção na população brasileira. Para se ter uma ideia, o funeral de Getúlio reuniu mais de um milhão de pessoas, número bastante expressivo para a época. Esse último ato trágico de Vargas deixou vago o cargo de presidente da república. Nesse sentido, seu vice, Café Filho assumiu. O novo presidente por sua vez organizou um ministério bastante conservador. Apesar de vice de Vargas, os posicionamentos não eram os mesmos. Lembrando que nesse período era possível votar separadamente para presidente e para vice. Café Filho governou entre agosto de 1954 e novembro de 1955, pouco mais de um ano de governo. Durante seu mandato, garantiu a realização de eleições para presidência do Brasil. O PSD em aliança com o PTB lançou o nome do Governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek e João Goulart para vice presidente. A UDN, que não poderia mais insistir no nome do Brigadeiro Eduardo Gomes já bastante desgastado, resolver lançar Juarez Távora, outro militar. Também participaram da disputa Ademar de Barros (PSP) e Plínio Salgado (PRP), antigo líder integralista. Juscelino defendeu em sua campanha a necessidade do desenvolvimento econômico e de união dos capitais públicos e privados para alcançar tal objetivo. Como se sabe, o PSD possuía uma máquina eleitoral muito eficiente e JK vai fazer uso desse mecanismo. Além disso, possuía o apoio do PTB e de Jango, herdeiro do Varguismo. Apesar dessa união de fatores, o resultado da eleição vai ser bastante apertado. “A 3 de outubro de 1955, as urnas deram a vitória a Juscelino, mas por margem estreita. Ele obteve 36% dos votos, enquanto Juarez alcançou 30%, Ademar 26% e Plínio Salgado, pelos antigos integralistas, 8% dos votos. (...) João Goulart elegeu-se vice-presidente, com uma votação ligeiramente superior à de Juscelino. O êxito de Jango mostrou o avanço crescente do PTB. (FAUSTO, 2006, p. 420) A UDN e setores conservadores já criticaram o Governo Vargas anos atrás por ter se elegido com menos que 50% mais um dos votos. Em 1950, esses mesmos grupos tentaram sem sucesso impugnar sua candidatura com base nesse argumento. Porém, esse requisito não existia no Código Eleitoral da época e a tentativa de golpe udenista falhou. Mais uma vez, agora contra JK, esses mesmos grupos vão realizar suas campanhas contra a posse do presidente eleito. A alegação novamente é a mesma, o resultado apertado que não representaria um governo da maioria. Não se sabe com precisão se Café Filho compactuava ou não com as propostas golpistas. Muitos historiadores defendem que sim, mas muitos outros defendem que não. Portanto, é difícil argumentar nesse sentido. O que acontece de fato é que, por problemas de saúde, o então presidente vai precisar se afastar do cargo. Na linha de sucessão, quem deveria assumir era o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz. Diferentemente de Café Filho, Carlos era publicamente adepto das ideias golpistas. Nesse mesmo momento, o Coronel Bizarria Mamede fez um discurso criticando a eleição de JK e chamando a mesma de “mentira democrática”, por não obter a maioria absoluta dos votos. Querendo evitar a politização das Forças Armadas, o Ministro da Guerra, General Henrique Teixeira Lott pede CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 03 – GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK (1956-1961) Alexandre Alves que o presidente da república, agora Carlos Luz, puna o Coronel por suas falas. Carlos se recusa a fazer e Lott se demite do ministério. Decorrido esses eventos, o General Teixeira Lott aplica um golpe militar no então presidente com o objetivo de garantir que a Constituição possa ser respeitada. Por conta desse objetivo o movimento ficou conhecido como “Golpe Preventivo” ou “Contragolpe” uma vez que se diferencia do golpe tradicional que objetiva tomar o poder. Lott conduziu parte do exército que ocupou prédios governamentais, estações de rádio e jornal e forçou a saída de Carlos Luz do poder. Luz se refugiou em um navio da marinha e partiu para Santos, onde tentou organizar uma resistência, mas fracassou. Ainda em 11 de novembro o Congresso se reuniu para apreciar a situação. Carlos Luz foi considerado impedido e em seu lugar assume o Presidente do Senado Federal, Nereu Ramos. Nereu era de fato quem deveria subir ao poder devido a linha de sucessão expressa na Constituição O Congresso ainda aprovou o Estado de Sitio e o Brasil será assim governado até 1956 quando Juscelino Kubitschek de fato assume. IMAGEM 01 – O General Henrique Teixeira Lott (segundo da esquerda para a direita) e outros em evento. Fonte: CPDOC FGV. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/arquivo-pessoal/NeM/audiovisual/nelson-de-mello-henrique-teixeira- lott-e-outros-em-evento-1 Acesso em 19 de janeiro de 2021. http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/arquivo-pessoal/NeM/audiovisual/nelson-de-mello-henrique-teixeira-lott-e-outros-em-evento-1 http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/arquivo-pessoal/NeM/audiovisual/nelson-de-mello-henrique-teixeira-lott-e-outros-em-evento-1 CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 03 – GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK (1956-1961) Alexandre Alves O GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK O período compreendido entre janeiro de 1956 e janeiro de 1961 que correspondem ao governo de Juscelino Kubitschek no Brasil pode ser considerado como um momento de estabilidade política, progresso, desenvolvimento econômico, industrialismo, otimismo e, de uma forma geral, de sucesso. A maioria das pessoas ficou com a imagem de progresso e desenvolvimento associado a figura do presidente e seus feitos mais famosos, como a construção de Brasília, nova capital do Brasil. Porém, também é possível associar a figura de JK com os problemas que seu governo enfrentou, sobretudo na área econômica. Seriam eles: A alta inflação, a queda nos termos de intercâmbio e o aumento dos gastos públicos para manter o projeto industrial e a construção da nova capital. IMAGEM 02 – Foto oficial de JK como presidente do Brasil. Fonte: Governo Federal. Disponível em: https://www.gov.br/planalto/pt-br/conheca-a-presidencia/acervo/galeria-de-presidentes/juscelino-kubitschek-de- oliveira/view Acesso em 19 de janeiro de 2021. Juscelino assumiu em janeiro de 1956 com um discurso que agradava as forças armadas. Ao defender estabilidade e progresso, o presidente se aproximava dos objetivos e ideais defendidos pelos militares. Lembrando que no geral, as forças armadas estavam dispostas a manter o jogo democrático, desde que o mesmo não impedisse o combate ao comunismo. JK vai ter uma boa relação com os setores militares. Essa boa relação está muito bem materializada no seu Ministro da Guerra, General Henrique Teixeira Lott. Lott tinha facilidade ao tratar dos assuntos governamentais pois agradava a quase todos. O ministro tinha um currículo impecável e não era filiado ou defensor de nenhum partido político. Essa última informação ajuda muito a entender porque o General não possuía grandes inimigos ou opositores nesse momento. https://www.gov.br/planalto/pt-br/conheca-a-presidencia/acervo/galeria-de-presidentes/juscelino-kubitschek-de-oliveira/view https://www.gov.br/planalto/pt-br/conheca-a-presidencia/acervo/galeria-de-presidentes/juscelino-kubitschek-de-oliveira/view CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 03 – GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK (1956-1961) Alexandre Alves No que tange aos partidos políticos, JK foi eleito com apoio da máquina eleitoraldo PSD e com o apoio da massa trabalhadora do PTB, isso em parte, por conta de seu vice, João Goulart, visto como herdeiro direto do Varguismo. Apesar de parecer contraditório, a aliança entre os dois partidos deu certo. Isso porque as demandas e reivindicações de cada um deles não foi longe demais, no sentido de causar desconforto no outro partido. Além disso, essa aliança foi muito importante para garantir o apoio no Congresso que Juscelino precisava para poder levar adiante seus projetos. Com relação aos trabalhadores, os mesmos tiveram dificuldades em se articular dentro da estrutura oficial. Por conta disso, esse momento é marcado pelo surgimento de organização avulsas à organização proposta pela lei. As organizações paralelas mais famosas são: O Pacto de Unidade Intersindical (PUI) e o Pacto de Unidade e Ação (PUA). O primeiro, fundado em São Paulo, congregava diversas categorias profissionais, como metalúrgicos, têxteis e gráficos. O segundo, fundado no Rio de Janeiro, por sua vez, atuava sobretudo no setor público. Vai ser o PUA que mais tarde vai será o embrião da famosa Central Única dos Trabalhadores. Ainda tratando dos trabalhadores, esse período é marcado pela expansão do emprego. Como será visto mais adianta na seção sobre Economia, esse momento do Governo JK corresponde a segunda fase de industrialização do Brasil, com a chegada de empresas estrangeiras. Essas organizações vão se instalar sobretudo na região do ABC Paulista e demandar por grande quantidade de mão de obra. Além disso, a construção da nova capital, Brasília, vai demandar por muitos trabalhadores. Tanto a chegada das multinacionais como a construção de Brasília são fortes geradoras de emprego. Inclusive nesse momento, ocorre um êxodo de pessoas do norte e nordeste do Brasil a caminho do centro oeste e do sudeste brasileiro. Esses assuntos ainda serão melhor tratados adiante. Por fim, o Governo JK é marcado sobretudo por conta de sua proposta econômica. O famoso Plano de Metas, a construção de Brasília, o rodoviarismo, a chegada das montadoras multinacionais, as altas taxas de crescimento industrial e do PIB brasileiro. Além disso, também pode ser marcado pela alta inflação, aumento dos gastos governamentais, declínio nos termos de intercâmbio e choque com o FMI. Todos esses fatores serão tratados adiante de forma mais detalhada. CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 03 – GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK (1956-1961) Alexandre Alves ECONOMIA NO GOVERNO JK – O PLANO DE METAS Muito se fala no sucesso do governo JK devido a sua proposta e sucesso em termos econômicos. Contudo, não podemos esquecer que Juscelino enfrentou problemas justamente na Economia. Além disso, boa parte dos problemas do Brasil que seguem para seu sucessor são de ordem econômica. Dessa forma, se faz necessário analisar as duas faces dessa moeda. Juscelino Kubitschek tratou de elaborar, junto com a equipe econômica, o chamado Plano ou Programa de Metas. O mesmo pode ser definido da seguinte maneira: “A política econômica de Juscelino foi definida no Programa de Metas. Ele abrangia 31 objetivos, distribuído em seis grandes grupos: energia, transportes, alimentação, indústria de base, educação e a construção de Brasília, chamada de meta síntese. (FAUSTO, 2006, p. 425) Esse programa de JK pode ser compreendido como Nacional-Desenvolvimentista e corresponde a segunda fase de industrialização do Brasil. Sendo que a primeira fase, foi com Vargas, como já mencionado nos resumos anteriores. O Programa pode ser assim entendido por conta do envolvimento do capital público brasileiro, do capital privado nacional e do capital estrangeiro. Note que JK se distingue de Getúlio nesse ponto. Vargas não tomaria tais medidas ou tomaria com muitas restrições devido a sua postura nacionalista. Lembrando que essa corrente defendia a não participação do capital externo ou sua participação com muitas restrições. Uma vez que a mesma poderia, para eles, ser um fator de perda da soberania nacional. JK então une essas três fontes de receitas para promover a industrialização e o desenvolvimento do Brasil com foco nas indústrias. Os números do período são bem expressivos e mostram que o resultado da junção dos capitais foi um sucesso. Basta ver os dados relativos ao crescimento econômico para se ter uma breve ideia dos resultados obtidos. Por exemplo, o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil cresceu, entre 1957 e 1961, uma taxa média de 7%. Número bastante expressivo tanto para aquele momento histórico como para os dias atuais. Mais adiante trataremos do Milagre Brasileiro quando nossa economia cresceu cerca de 11% ao ano. Outra característica bem forte do Governo JK diz respeito ao capital estrangeiro envolvido. Nesse sentido, devemos mencionar a chegada das empresas multinacionais automobilísticas que chegam ao Brasil nesse momento. Como exemplo dessas organizações, podemos citar a Willys Overland, a Ford, a Volkswagen e a General Motors. Boa parte dessas empresas, que vem para o Brasil durante o mandato JK, se instalam na região sudeste do país. Esse fato gera, inclusive, um certo êxodo de pessoas das regiões norte e nordeste para o Sudeste do Brasil, na busca por melhores oportunidades. A chegada dessas empresas criou uma cultura do automóvel no país e um desejo nacional de aquisição de um novo veículo. Contudo, para que esse desejo de compra de um carro de fato se concretizasse, era necessário criar uma série de rodovias que permitam aos novos proprietários se deslocar com o veículo. Nesse sentido, foi preciso investir de forma mais intensa na construção de rodovias pelo país. Além de promover a venda do automóvel em solo nacional, em alguns casos, vai promover a própria integração do interior do Brasil. Por conta desse fato, JK também ficou marcado como o presidente rodoviarista, uma vez que o rodoviarismo assumiu grandes dimensões durante seu mandato. CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 03 – GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK (1956-1961) Alexandre Alves Contudo, não podemos deixar de mencionar que já existiam indústrias, ainda bem limitadas, de montadoras e autopeças no Brasil antes de Juscelino assumir a presidência. A mais conhecida e talvez mais relevante para o país nesse momento era a Fábrica Nacional de Motores. Contudo essas empresas não vão conseguir competir com as multinacionais. Nesse sentido, a participação dos negócios nacionais de veículos e autopeças vão regredir muito, enquanto as estrangeiras vão avançar fortemente. As empresas multinacionais automobilísticas vão vir para o Brasil incentivadas pela Instrução SUMOC 113, baixada ainda no Governo Café Filho, e pela potencialidade que o mercado brasileiro oferecia. Isso pois, as rodovias aumentavam e consequentemente aumentaria a demanda por veículos em um país continental e com uma grande população. Todos esses fatores são bastante atrativos para essas empresas, uma vez que representa um enorme potencial lucrativo. Com relação a Instrução 113, a mesma permitia que empresas importassem equipamentos que estivessem em outros países sem cobertura cambial. Para isso bastava já possuir o equipamento ou possuir o dinheiro suficiente para pagar o mesmo. Como esses requisitos eram facilmente cumpridos pelas automobilísticas multinacionais, essas empresas fizeram largo uso da Instrução. Esse documento foi aprovado no Governo Café Filho e seu objetivo era atrair investimentos para áreas prioritárias como a de veículos, aviação e energia elétrica. IMAGEM 03 – Foto de Juscelino Kubitschek e outros a bordo de um caminhão. JK ainda hoje é reconhecido pela chegada das empresas automobilísticas ao Brasil. Fonte: Blog Consumidor Comanda. Disponível em: http://consumidorcomanda.blogspot.com/2013/03/jk-genio-da-industria-automobilistica.htmlAcesso em 20 de janeiro de 2021. Antes de prosseguir nesse texto com as questões puramente econômicas é preciso abrir um parêntese que ajudará a entender alguns dos problemas de Economia que Juscelino vai enfrentar em seu governo. Esse parêntese diz respeito a construção de Brasília e a transferência da capital da república do Rio de Janeiro para o Planalto Central do Brasil. Essa obra monumental feita em tempo recorde, que envolveu uma grande quantidade de trabalhadores e movimentou muito dinheiro, é o marco mais famoso do período Juscelino. http://consumidorcomanda.blogspot.com/2013/03/jk-genio-da-industria-automobilistica.html CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 03 – GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK (1956-1961) Alexandre Alves A primeira Constituição Republicana já mencionava que o legislativo tinha poder para mudar a capital do país (capital da União). Porém, será Juscelino que vai encaminhar já no seu primeiro ano de mandato, o projeto de lei que autorizava a construção de uma nova capital no Planalto Central do Brasil. O projeto foi aprovado ainda em 1956, mas com forte resistência da UDN, partido de oposição ao governo nesse momento. Os udenistas alegavam que a proposta isolaria a capital do país em um local distante dos grandes centros e que a grande movimentação de recursos para levar o projeto adiante traria um aumento da inflação. Ainda em 56 iniciaram as obras da nova capital do país. O projeto urbanístico ficou por conta do Arq. Lúcio Costa e o projeto arquitetônico ficou a cargo do Arq. Oscar Niemeyer. Ambos eram profissionais de renome nesse momento e conhecidos internacionalmente. O projeto da nova capital foi dividido em dois eixos principais, sendo um rodoviário residencial e um monumental. Para se adaptar as curvas de nível, Lúcio arqueou esse eixo, fazendo com que a planta de Brasília se assemelhasse a um avião, embora este obviamente não era seu objetivo. No outro eixo, monumental e transversal ao residencial ficariam os prédios públicos e governamentais. Utilizando dos princípios da arquitetura moderna, Oscar desenhou com maestria, racionalidade e beleza os prédios que abrigariam as funções da república. O Congresso Nacional (legislativo), o Palácio do Planalto (executivo) e o STF (judiciário) formando um triângulo com uma praça central. Os ministérios nesse mesmo eixo, foram dispostos em forma de esplanada. Além das personalidades já mencionadas também são relevantes a participação do Arq. João da Gama Figueiras Lima e do Eng. Joaquim Cardoso. IMAGEM 04 – Foto do eixo rodoviário norte da capital do Brasil. Brasília é reconhecida internacionalmente por sua qualidade urbanística e arquitetônica. Fonte: Casa Vogue. Disponível em: https://casavogue.globo.com/Arquitetura/Cidade/noticia/2020/04/brasilia-faz-60-anos-confira-60-razoes-para-amar- cidade.html Acesso em 20 de janeiro de 2021. https://casavogue.globo.com/Arquitetura/Cidade/noticia/2020/04/brasilia-faz-60-anos-confira-60-razoes-para-amar-cidade.html https://casavogue.globo.com/Arquitetura/Cidade/noticia/2020/04/brasilia-faz-60-anos-confira-60-razoes-para-amar-cidade.html CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 03 – GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK (1956-1961) Alexandre Alves Brasília ficou pronta em tempo recorde. Nela trabalharam em grande parte pessoas vindas da região nordeste do Brasil, os “candangos”. Para realizar uma obra desse tamanho e em velocidade tão admirável como foi a construção da nova capital, foi necessário dispender uma grande quantidade recursos financeiros. Carlos Lacerda, da UDN, chegou a pedir a formação de uma CPI para apurar os gastos, porém, sem sucesso. Até hoje não se sabe com exatidão quanto foi dispendido para a construção de Brasília. Fato é que Juscelino inaugurou a nova capital do Brasil em 21 de abril de 1960. O Rio de Janeiro perdia seu posto para a nova cidade erguida no Planalto Central. Fechado o parêntese sobre a construção de Brasília, podemos seguir adiante com os problemas enfrentados por JK em seu mandato. Juscelino precisou enfrentar sobretudo as dificuldades de ordem econômica. O principal desses problemas era a crescente inflação que já vinha dos governos anteriores. A inflação chega a níveis bastante altos no seu governo, alcançando 39,5% em 1959. As causas estão relacionadas a própria construção de Brasília, que como vimos consumiu muito dinheiro, os custos com o aumento salarial do funcionalismo público, os gastos para sustentar o projeto industrial de JK e o rodoviarismo, a emissão de papel moeda para comprar café e manter o preço dos produtos lucrativo para os produtores e a queda nos termos de intercâmbio. A queda nos termos de intercâmbio indica que a quantidade de bens e serviços exportados do Brasil para o exterior declinaram a quantidade de bens e serviços importados de outros países avançaram. Como esse termo é justamente uma relação entre esses dois fatores, podemos concluir que o Brasil estava gastando mais que recebendo em termo de transações internacionais. Ou seja, ocorreu um déficit na balança de pagamentos. Lucas Lopes (Ministro da Fazenda) e Roberto Campos (Presidente do BNDE) elaboram o chamado Plano de 1958 para solucionar esses problemas de ordem econômica no governo JK. O projeto pretendia compatibilizar os gastos do Programa de Metas de Juscelino com o controle da inflação. Além disso, não propunha grandes sacrifícios para nenhum grupo específico. O que era bastante incomum, uma vez que geralmente sempre existe um grupo que fica mais prejudicado para que o Plano possa ser um sucesso. Apesar de tudo, o projeto vai fracassar por conta de dois pontos. O primeiro ocorre porque nenhum dos grupos nesse momento estava disposto a fazer qualquer sacrifício pela estabilização da economia e o segundo porque a alta inflação era um bom negócio para muitos, como os banqueiros, por exemplo. Com a forte resistência em todos os setores, o plano não poderia avançar, e fracassou. Por fim, em termos de Economia no Governo Juscelino, precisamos tratar do choque entre o presidente e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Para dar certo, o Programa de estabilização precisava obter a concordância do FMI. “Criado em 1956 como agência especializada da ONU, o FMI é constituído por um conjunto de Estados- membros que contribuem com uma quota correspondente ao seu potencial econômico. Seus objetivos expressos são promover a cooperação monetária internacional a expansão do comércio e a estabilidade cambial; prestar assistência provisória aos Estados-membros em dificuldade em seu balanço de pagamentos. Em si mesmo, o FMI não dispõe de grandes recursos. Mas tem papel fundamental como auditor que dá sinal verde ou vermelho aos credores público e privados no tratamento com os países devedores. O sinal verde significa a possibilidade de que grandes bancos americanos, europeu e japoneses, assim como seus governos, concedam a um determinado devedor novos créditos, novos CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 03 – GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK (1956-1961) Alexandre Alves prazos para pagamento de juros e do principal, financiamento para exportações e importações etc (FAUSTO, 2006, p. 434) O FMI era bastante ortodoxo na terapia indicada para os países devedores. A entidade propunha o estímulo as exportações, o fim do controle do câmbio por parte do governo e o corte de gastos públicos para estabilização da Economia. Como essas medidas geram no curto prazo desemprego e em muitos casos recessão, não era bem visto por muitos grupos. JK consultou o FMI no período sobre o Programa de Estabilização proposto em 1958. Isso era necessário, pois o Plano pretendia obter um empréstimo de 300 milhões de dólares americanos, um valor bastantealto. Sem conseguir chegar a um acordo e já com vistas a sucessão presidencial, Juscelino rompe com o órgão em 1959 significando de vez o fracasso do Programa. JK toma essa atitude pois, como mencionado, muitos grupos eram prejudicados pela terapia indicada pelo órgão. Além disso, apenas a UDN seria favorável ao acordo e não era possível esperar apoio justamente do partido de oposição. JK governa o Brasil até 1961 quando assume Jânio Quadros, presidente eleito pela União Democrática Nacional e João Goulart como vice. Lembrando que era possível votar em candidatos de chapas distintas para presidente e vice. Porém esse assunto será tratado nos próximos resumos. CURSO: HISTÓRIA, GESTÃO PÚBLICA E DIREITO DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO RESUMO 03 – GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK (1956-1961) Alexandre A. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1964: Reportagem Especial | O governo JK e a modernização do Brasil. Canal Univesp TV. Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aJXH-Uf2Bbk&t=234s Acesso em 17 de janeiro de 2021. CAMPOS, Márcia Aparecida Ferreira. A Política Econômica do Governo Juscelino Kubitschek (1956- 1961): O Discurso em Ação. Dissertação (Mestrado em Economia) – Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2007. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/12462/000627005.pdf;sequence=1 Acesso em 20 de janeiro de 2021. Carlos Luz. CPDOC FGV. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/biografias/carlos_luz Acesso em 19 de janeiro de 2021. CARVALHO, Leandro. "Governo Juscelino Kubitschek (JK)"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/juscelino-kubitschek.htm. Acesso em 18 de janeiro de 2021. Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001. FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2006. Governo Juscelino Kubitschek. Governo Federal. Disponível em: https://www.gov.br/planalto/pt- br/conheca-a-presidencia/acervo/galeria-de-presidentes/juscelino-kubitschek-de-oliveira/view Acesso em 18 de janeiro de 2021. Nelson de Mello, Henrique Teixeira Lott e outros em evento. CPDOC FGV. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/arquivo-pessoal/NeM/audiovisual/nelson-de-mello-henrique-teixeira- lott-e-outros-em-evento-1 Acesso em 18 de janeiro de 2021. O Governo de Juscelino Kubitschek. CPDOC FGV. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/biografias/juscelino_kubitschek Acesso em 18 de janeiro de 2021. SOUSA, Rainer Gonçalves. "Café Filho"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/cafe-filho.htm. Acesso em 19 de janeiro de 2021. Verbete Programa de Metas. CPDOC FGV. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/programa-de-metas Acesso em 19 de janeiro de 2021. https://www.youtube.com/watch?v=aJXH-Uf2Bbk&t=234s https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/12462/000627005.pdf;sequence=1 https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/biografias/carlos_luz https://brasilescola.uol.com.br/historiab/juscelino-kubitschek.htm https://www.gov.br/planalto/pt-br/conheca-a-presidencia/acervo/galeria-de-presidentes/juscelino-kubitschek-de-oliveira/view https://www.gov.br/planalto/pt-br/conheca-a-presidencia/acervo/galeria-de-presidentes/juscelino-kubitschek-de-oliveira/view http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/arquivo-pessoal/NeM/audiovisual/nelson-de-mello-henrique-teixeira-lott-e-outros-em-evento-1 http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/arquivo-pessoal/NeM/audiovisual/nelson-de-mello-henrique-teixeira-lott-e-outros-em-evento-1 https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/biografias/juscelino_kubitschek https://brasilescola.uol.com.br/historiab/cafe-filho.htm http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/programa-de-metas
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