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Prof. Dr. Vanderlei da Silva UNIDADE II Teoria Política John Locke, que nasceu em Bristol, Inglaterra, em 1632 e faleceu em 1704. Ele escreveu sobre política, religião e economia. Suas principais obras são: Cartas sobre a Intolerância, Ensaio sobre o Entendimento Humano e os Dois Tratados sobre o Governo Civil. Para Locke, assim como para Hobbes, o homem sai do estado de natureza para a vida em sociedade ancorado em um contrato social, ou seja, em um acordo não escrito, mas que deve ser integralmente respeitado, em que todas as pessoas terão direitos e obrigações, sem privilégios. O pensamento político contemporâneo – John Locke A diferença no pensamento dos dois é que, para Locke, o indivíduo existe antes do surgimento da sociedade e do Estado e vive em um estágio pré-social e pré-político, caracterizado pela mais perfeita liberdade e igualdade. O estado de natureza para Locke não era o espaço de conflitos e de medo de Hobbes; ao contrário, era uma situação de relativa paz, concórdia e harmonia. Locke define a propriedade como um direito amplo, que inclui a vida, a liberdade e os bens. Para eliminar o estado potencial de guerra que vigora no estado de natureza, os homens passam a viver em sociedade, organizam um poder central para governá-los e escolhem juízes para dirimir seus eventuais conflitos. Diferenças entre Locke e Hobbes Para Locke, o direito mais essencial e natural do homem é o direito de propriedade. Para ele, a propriedade vem antes do Estado e é um direito natural do indivíduo. Contra a propriedade o Estado não tem poder algum e deve respeitá-la. Locke acredita que não é a sociedade que cria a propriedade privada, ela já e um direito que os homens possuem pelo simples fato de existirem. E esse direito deve ser respeitado, na medida em que cada um possui por natureza. Para Locke, a vida política após o contrato social tem por meta principal resguardar o direito natural que é, fundamentalmente, o direito de propriedade. Essas ideias agradaram muito à burguesia, que tinha o desejo de que sua propriedade fosse respeitada por todos, inclusive pelo Estado. Locke e o direto de propriedade Ele nasceu em Genebra, uma república protestante, em 1712 e faleceu em 1778 em Paris. Suas obras mais importantes são: Emílio e Do Contrato Social. O século XVIII, no qual Rousseau nasceu e viveu, ficou conhecido como “século das luzes” por ter sido o período em que ocorreu um movimento intelectual caracterizado pelo profundo otimismo sobre a capacidade do ser humano de se orientar pelo uso da razão e, com isso, a humanidade conseguiria alcançar o progresso. Rousseau constrói suas reflexões a partir da crítica a esse movimento. Os filósofos do chamado “século das luzes” defendiam que a difusão do saber era o meio mais eficaz para colocar fim às superstições e à ignorância. Jean Jacques Rousseau Rousseau entende que o homem na natureza tem liberdade para se aperfeiçoar, tanto quanto a tem para se conduzir por seus instintos e, desse modo, rebaixar-se a ponto de se parecer com os animais. No entanto, ele também luta para sua conservação e se identifica com o sofrimento de outros homens. O Homem natural de Rousseau é o bom selvagem, enquanto o Homem natural de Hobbes é o lobo do próprio homem. Ele defende a ideia de que o Homem no estado de natureza não utiliza meios artificiais para sobreviver, o que é contrário ao que se vê na vida em sociedade. A visão de Rousseau sobre o homem na natureza Na obra ele reflete sobre a possibilidade de construção de outra ordem jurídica, política e social. Dedica-se à ideia de transformação da sociedade existente naquela época. Essa sociedade que Rousseau idealiza é radicalmente democrática, ou seja, ele propõe a cidadania ativa. O elemento fundamental da teoria do contrato social é a vontade geral, que é a única vontade legítima. As vontades individuais não são legítimas. A função da sociedade é a consecução do bem comum. Rousseau e a obra O Contrato Social Rousseau já apontava a educação como o caminho capaz para que os indivíduos abandonassem seus interesses individuais em favor dos interesses gerais. Ele apresenta essa ideia na obra Emílio, que é dedicada a reflexões sobre educação. Ele também acredita que as leis deverão ser impessoais, gerais e universais e terão de ter dois objetivos fundamentais: a liberdade e a igualdade. Com essas ideias, ele influenciou todos aqueles que mais tarde seriam os pensadores da Revolução Francesa. Para Rousseau, o Estado é resultado de uma associação de membros que conservam sua participação ativa e que obedecem somente às leis que a própria sociedade criou. Rousseau e a educação Era um nobre francês nascido em 1689 e falecido em 1755. Do Espírito das Leis, sua principal obra, foi publicada em 1748. Montesquieu propõe a separação dos poderes, ou seja, que exista um Poder Legislativo para elaborar leis para toda a sociedade e para serem cumpridas, em especial, pelos governantes. Um Poder Executivo para representar o Estado e fazer cumprir as leis em beneficio de todos; e, finalmente, o Poder Judiciário, que dá ao governante o poder de punir os crimes ou julgar os conflitos de ordem civil. A separação dos poderes proposta por Montesquieu é bastante conhecida porque, com algumas modificações determinadas pelo tempo, permanece semelhante até hoje em muitos países do mundo. Montesquieu e a teoria da separação de poderes A teoria da separação de poderes foi concebida como um sistema em que se conjugam um Legislativo, um Executivo e um Judiciário, harmônicos e independentes entre si, tomando, praticamente, a configuração que iria aparecer na maioria das Constituições. Assim, a liberdade política exprimirá sempre o sentimento de segurança, de garantia e de certeza que o ordenamento jurídico proporcione às relações de indivíduo para indivíduo, sob a égide da autoridade corporativa. Liberdade de pensamento, expressão e associação, além da eliminação da escravidão, seriam os elementos fundamentais deste conjunto. Montesquieu incluía, ainda, o direito a um julgamento justo, a presunção da inocência e a proporcionalidade na severidade das penas. Montesquieu e a liberdade política O Princípio da separação ou divisão dos poderes ou funções foi sempre um Princípio fundamental do ordenamento constitucional brasileiro. A CF/88, entre muitas outras em todo o mundo, estabelece no artigo 2º, que: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Além de independentes e harmônicos, os poderes da União são dinâmicos, o que permite que, por vezes, eles entrem em conflito sobre a realização de determinadas funções. No entanto, esses conflitos eventuais não subtraem do sistema de tripartição de poderes proposto por Montesquieu. A separação dos poderes na CF/88 Qual é o nome do pensador político que defendeu a teoria da separação de poderes, concebida como um sistema em que se conjugam um Legislativo, um Executivo e um Judiciário harmônicos e independentes entre si? a) John Locke. b) Thomas Hobbes. c) Jean Jacques Rousseau. d) Montesquieu. e) São Tomás de Aquino. Interatividade Qual é o nome do pensador político que defendeu a teoria da separação de poderes, concebida como um sistema em que se conjugam um Legislativo, um Executivo e um Judiciário harmônicos e independentes entre si? a) John Locke. b) Thomas Hobbes. c) Jean Jacques Rousseau. d) Montesquieu. e) São Tomás de Aquino. Resposta A primeira foi a revolução ocorrida na Inglaterra entre 1640 e 1688. Ela marcou o momento em que o poder estatal passou para as mãos de uma nova classe social, que se enxergava como sujeito de sua própria história, a burguesia. A luta foi pela construção de uma nova sociedade, tanto nosaspectos socioeconômicos como também nos político-culturais. Os setores liberais e burgueses impuseram seus valores: valorização do trabalho e da vida econômica racional sem desperdício. Foi considerada a primeira das grandes revoluções burguesas, isto é, as revoluções encabeçadas por lideranças da burguesia europeia, que havia se tornado expressivamente forte, do ponto de vista econômico, ao longo dos séculos XVI e XVII, e que precisava alcançar legitimidade política. A 1ª Revolução Liberal ou Revolução Burguesa A segunda importante revolução liberal é a de Independência dos Estados Unidos, que aconteceu entre 1775 e 1783. Em 1776, os colonos se reuniram em um congresso com o objetivo de declarar as razões que os levavam à independência. Durante o congresso, Thomas Jefferson redigiu a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. A Guerra de Independência, que ocorreu entre 1776 e 1783, foi vencida pelos Estados Unidos com forte apoio da França. A liberdade foi um fator não apenas de integração dos Estados Unidos da América do Norte, como também essencial para a criação do novo país. A 2ª Revolução Liberal ou Revolução Burguesa A primeira Constituição dos EUA adotou o sistema de república federativa, garantiu a propriedade privada, mas principalmente estabeleceu como linha mestra do país a defesa dos direitos individuais dos cidadãos, em especial a liberdade de manifestação do pensamento, a liberdade de ir e vir e a de escolha de governantes. O governo criado pelos norte-americanos após a Independência caracteriza-se pelo limite do poder político interno, ou seja, o fiel cumprimento das leis em vigor. A influência protestante era muito forte nessa época nos Estados Unidos e enfatizava, principalmente, a participação dos indivíduos na vida da sociedade e a relação individual com Deus, sem que fosse preciso intermediários como na Igreja Católica. A Constituição Norte-Americana de 1787 A Revolução Francesa (1789) começa com a Queda da Bastilha (uma prisão). O desejo de mudança que resultou na Revolução Francesa foi o pouco caso com o qual os reis governavam, tornando a França um país desorganizado, excessivamente burocrático e profundamente injusto. A burguesia francesa que controlava o comércio, a indústria e a atividade bancária desejava um governo organizado, justo, que permitisse que seus negócios se desenvolvessem em paz. O Homem toma consciência de sua situação de fruto da história e, ao mesmo tempo, as classes sociais dedicadas à produção começam a se aperceber de sua importância, não apenas econômica, mas também política e social. A última grande Revolução Liberal A Revolução Francesa, a exemplo da Independência Norte-Americana, é marcada por uma declaração de direitos que começa afirmando que os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos, e que esses direitos são naturais e imprescritíveis (não deixam de existir com o tempo). Os principais valores dessa declaração de direitos são: liberdade e o direito de fazer tudo o que não prejudique os outros; todos têm direito à propriedade, à segurança e à resistência contra a opressão. Os grandes intelectuais que inspiraram o movimento conhecido como Revolução Francesa foram John Locke, Rousseau, Voltaire e Montesquieu. Eles condenavam o absolutismo e acreditavam que, para viver em sociedade, era preciso estabelecer um pacto (contrato social) para abrir mão de direitos absolutos, mas garantir que todos tivessem os mesmos direitos. A Revolução Francesa – Liberdade, Igualdade e Fraternidade Karl Marx nasceu em Treves, na Alemanha, em 1818 e morreu na Inglaterra, em 1883. Friedrich Engels e Karl Marx, juntos, refletiram sobre a apreensão coletiva dos meios de produção e, com isso, criaram o famoso Manifesto do Partido Comunista, escrito em 1848. Marx escreveu muitos textos de economia e política, mas O Capital foi sua obra mais famosa. Marx publicou apenas o primeiro volume. Os outros dois volumes foram publicados por Engels, após a sua morte, a partir das anotações de Marx. Para Marx, o modo de produção econômica condiciona as demais relações sociais dos homens. Karl Marx e O Capital O pensamento de Marx substitui a reflexão subjetiva pela concretude, ou seja, o homem agora é pensado a partir de suas relações de trabalho e, consequentemente, de suas relações sociais. Nessa forma de pensar estão as bases do que foi chamado de materialismo histórico, que está fundado nas relações sociais, pois, para Marx, o homem só pode ser compreendido nessas relações, e também nas relações históricas e produtivas em que ele vive. Para Marx, o modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência. Marx e o materialismo histórico Para Marx, o capitalismo, por meio da circulação mercantil, do trabalho, das forças produtivas e das relações de produção, domina tudo. Por isso, ele se dedica à reflexão sobre a exploração da força de trabalho e as consequências para toda a sociedade. Marx argumenta que o capitalista reúne em seu benefício vários saberes e com isso produz e acumula riquezas. Parte da riqueza produzida é paga para o trabalhador e a outra parte é acumulada pelo capitalista. A diferença entre o excedente acumulado e aquilo que é pago ao trabalhador é a mais-valia. Marx e o capitalismo Para Marx os capitalistas compram a força de trabalho dos homens para tentar obter sempre a maior quantidade possível de excedente. Por isso, ele entende que a lógica do capital é a da exploração do trabalho assalariado que, ao mesmo tempo, permite a circulação de pessoas como mercadorias. A vida em sociedade é marcada pela luta de classes, que se dá nas relações de produção e da mais-valia. Marx modificou o pensamento da sua época por ter ligado a política às condições materiais concretas, ao econômico, e por ter denunciado a exploração do capital pelo trabalho, que até então era considerada quase normal, ou ainda necessária para garantir a produção. O conceito de mais-valia Marx conclui que o Direito é apenas um instrumento para revestir a força de legalidade e, nessa medida, dar suporte para a exploração do homem pelo homem. A igualdade das leis é meramente formal porque, na prática social, o que se percebe são homens detentores de meios de produção que utilizam a força de trabalho de outros e a remuneram de forma injusta. Ele conclui que as relações jurídicas são um meio de oficializar a exploração e fazê-la parecer justa. Por isso é que Marx defende uma revolução que supere as formas políticas e jurídicas do capitalismo e dê às classes trabalhadoras o direito de organizar a sociedade. Karl Marx e o Direito Qual foi a primeira Revolução Liberal, ocorrida entre 1640 e 1688 e que marcou o momento em que o poder estatal passou para as mãos de uma nova classe social, que se enxergava como sujeito de sua própria história? a) Revolução Francesa. b) Revolução Americana. c) Revolução Inglesa. d) Revolução Russa. e) Revolução Industrial. Interatividade Qual foi a primeira Revolução Liberal, ocorrida entre 1640 e 1688 e que marcou o momento em que o poder estatal passou para as mãos de uma nova classe social, que se enxergava como sujeito de sua própria história? a) Revolução Francesa. b) Revolução Americana. c) Revolução Inglesa. d) Revolução Russa. e) Revolução Industrial. Resposta A Rússia, antes de 1917, vivia o regime dos czares e enfrentava um momento de crise econômica com forte repercussão social. Os principais protagonistas da Revolução Russa de 1917 foram: Vladimir Lênin e Leon Trotsky. A Revolução Russa exigiu do povo o devotamento ao trabalho, respeitopela autoridade pública, disposição para o sacrifício pessoal no interesse da sociedade e lealdade à pátria soviética e ao regime socialista. Essas eram as premissas fundamentais do cidadão russo. O lema que motivou os revolucionários foi bastante significativo: paz, terra e pão. A Revolução Russa Gorbatchev, entre suas maiores metas governamentais, empreendeu duas medidas: A perestroika (reestruturação) visava modernizar a economia russa com a adoção de medidas que diminuíam a participação do Estado na economia. A glasnost (transparência) tinha como objetivo abrandar o poder de intromissão do governo nas questões civis. No dia 29 de agosto de 1991, o Partido Comunista Soviético foi colocado na ilegalidade. Mikhail Gorbatchev e o fim da União Soviética O Estado Nacional-Socialista aconteceu na Alemanha pós-Primeira Guerra Mundial, tendo o nacionalismo como componente essencial. Nessa concepção de organização política, o Estado é um meio e não um fim, ou seja, um meio para garantir o aprimoramento da comunidade. O nazifascismo adotou a lógica totalitária da mobilização de todos os recursos para, de forma hierarquizada, expandir a produção, favorecer a concentração produtiva e manter o controle de tudo nas mãos do Estado. A doutrina nacional-socialista adotada na Alemanha e com variação no fascismo italiano é contrária aos pressupostos da democracia liberal. A origem de todo o direito é o povo e o Estado é considerado uma emanação direta dele. O Estado Nacional-Socialista O povo é conduzido e guiado pelo governo, e este se encontra a serviço da comunidade. O indivíduo não tem esfera de liberdade individual que deva ser respeitada pelo Estado porque seus direitos são como membros de uma comunidade. Acrescentou a essa situação a doutrina nazista, que exigia a raça pura e negava totalmente os direitos daqueles que não fossem arianos. O Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães foi o principal responsável por constituir na Alemanha o III Reich, comandado pelo austríaco Adolf Hitler, que protagonizou enorme violência em toda a Alemanha e, mais tarde, na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. A Alemanha do período da Segunda Guerra Mundial O final da Segunda Guerra Mundial deixou a Europa destruída. As ideias liberais não davam mais conta de organizar o Estado para um cidadão que, naquele momento, precisava de maior proteção. A experiência histórica mostrou que a concepção liberal do Estado Mínimo era incapaz de assegurar vida digna à maioria das pessoas. O Estado Liberal havia abdicado da intervenção no sistema econômico, de forma que a liberdade dos agentes econômicos era garantida para que pudessem agir como entendessem. A experiência histórica mostrou que a concepção liberal do Estado Mínimo era incapaz de assegurar vida digna à maioria das pessoas. A situação da Europa após a Segunda Guerra Mundial Surge então a ideia de que o Estado é quem tem o papel de garantir acesso da população a um mínimo de segurança social, assegurado ao cidadão, não como uma forma de caridade, mas como direito político, previsto na Constituição Federal. A ideia fundamental é que todo cidadão tem direito de ser protegido tanto contra situações de curta duração, como de longa duração, que o impeçam de, por sua própria conta, garantir seu bem-estar. Assim, o Estado atuará nesses momentos de vulnerabilidade do cidadão para ajudá-lo a ter uma vida digna. O Estado do Bem-estar Social Em 1891, a encíclica Rerum Novarum, do papa Leão XIII, retomou o pensamento de Santo Tomás de Aquino no sentido da justiça social. No documento o papa apelou para os empregadores, que respeitassem a dignidade de seus trabalhadores e não os tratassem como instrumentos de fazer dinheiro. Recomendou a formação de uniões de trabalhadores, o aumento do número de pequenos proprietários agrários e a limitação de horas de trabalho. Condenou o individualismo da sociedade liberal burguesa e defendeu a intervenção do Estado, quando exigida pelo bem comum, para salvaguardar os direitos da pessoa humana. A Doutrina social da Igreja Em 15 de maio 1961, ao completar 70 anos da encíclica Rerum Novarum, o papa João XXIII escreveu a encíclica Mater et Magistra, que determinou a prioridade do trabalho sobre o capital. Essa encíclica é considerada o principal documento da chamada Doutrina Social da Igreja, porque traz profunda reflexão sobre os problemas contemporâneos àquela época e aponta caminhos para a mitigação desses problemas. A propriedade privada dos bens de consumo e dos meios de produção era não apenas um instrumento indispensável à liberdade da pessoa humana, mas também uma garantia dos direitos sociais. Assim, antes de ser um documento religioso católico, a encíclica é um documento político e social. A Doutrina social da Igreja Os estudiosos são firmes em apontar que ainda não construímos um modelo de estado social que garantisse aos cidadãos acesso a seus direitos sociais. Porém, uma importante reflexão pode ser realizada sobre o Estado brasileiro pós-regime militar e a perspectiva de construção de um Estado do bem-estar a partir das normativas da CF/88. Os direitos estão garantidos pela lei, mas, na prática, o cidadão brasileiro comum ainda enfrenta enormes dificuldades para ter acesso aos direitos sociais com qualidade. Dessa forma, o Estado do Bem-estar Social no Brasil não chegou a ser uma realidade. O Estado do bem-estar social no Brasil Na medida em que a CF/88 retoma as promessas não cumpridas do Estado de bem-estar social, torna-se necessário empreender os esforços na consecução de tal ideal. A exigência de políticas públicas e prestações sociais efetivas determina ao Estado, além de planejamento, a intervenção em setores específicos da sociedade. Porém, existe um descompasso entre o texto e a realidade, tornando-se premente a necessidade de identificar o que obsta a implementação de tal modelo estatal no Brasil. Por isso, é preciso reconhecer que a implantação desse projeto político e social ainda não se completou no Brasil e que, nesse sentido, há muito a ser feito, em especial no tocante à maior participação da população brasileira na construção da chamada cidadania ativa. A promessa do Estado de bem-estar social na CF/88 Como é denominado o Estado que tem o papel de garantir acesso da população a um mínimo de segurança social, assegurado ao cidadão não como uma forma de caridade, mas como direito político, previsto na Constituição Federal? a) Estado liberal. b) Estado neoliberal. c) Estado nacional. d) Estado constitucional. e) Estado de bem-estar social. Interatividade Como é denominado o Estado que tem o papel de garantir acesso da população a um mínimo de segurança social, assegurado ao cidadão não como uma forma de caridade, mas como direito político, previsto na Constituição Federal? a) Estado liberal. b) Estado neoliberal. c) Estado nacional. d) Estado constitucional. e) Estado de bem-estar social. Resposta A partir da década de 1980 o liberalismo econômico ganha nova vitalidade e ressurge como neoliberalismo, trazendo com ele um outro fenômeno, a globalização. As ideias originalmente expostas por Friedrich Hayek, logo após a Segunda Guerra Mundial, ressurgiram na Universidade de Chicago, em torno de Milton Friedman, cunhando-se, para caracterizá-las, a denominação neoliberalismo. A nova ideologia passou a contar, desde logo, com o apoio político dos Estados Unidos e do Reino Unido. Em 1979, Margareth Thatcher inicia o desmonte do Estado de Bem-estar Social, sob alegação de que o Estado não possuía mais recursos para garantir tantos direitos sociais para os cidadãos. Assim, ela dá início a um movimento que se alastra por outros países e que, a bem da verdade, ainda não se encerrou totalmente. Concepçõesde Estado no mundo contemporâneo Redução acentuada dos poderes do Estado na regulação da vida econômica e também dos direitos sociais, a fim de assegurar, segundo se garantia, maior eficiência na atividade empresarial. Privatizações em massa de empresas, mesmo nos setores de infraestrutura, bem como no setor de serviços públicos. Generalizada abolição dos regulamentos administrativos em matéria econômica, mesmo nos setores em que tradicionalmente tais regulamentos sempre existiram. Assim, o liberalismo econômico ganha nova vitalidade e ressurge como neoliberalismo, trazendo com ele um outro fenômeno ainda hoje muito estudado, a globalização. As recomendações principais da doutrina neoliberal Mudanças na política financeira estatal, com a eliminação dos déficits públicos, a redução da carga tributária (substituída em grande parte pela emissão de empréstimos públicos) e a supressão de subsídios estatais a certas atividades econômicas. A mais grave consequência da política neoliberal, estendida em pouco tempo ao mundo inteiro foi, sem dúvida, a precarização do conjunto de direitos da classe trabalhadora. Desse modo, embora a Constituição Federal brasileira tenha um extenso rol de direitos sociais previstos para serem disponibilizados pelo Estado para os cidadãos, a realidade social brasileira ainda é bastante precária na efetividade desses direitos. As recomendações principais da doutrina neoliberal Economista, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1974. Para Hayek, a economia pode ser considerada como um sistema muito complexo para ser planejada apenas por uma instituição central, a economia deve ser evoluída espontaneamente, a partir do livre-mercado, não havendo nenhuma intervenção do Estado. As economias de planejamento central impõem a visão de uma pessoa, restringindo sua liberdade individual de se comunicar e também a capacidade das empresas de fazer comércio. O papel central do governo, disse Hayek, deveria ser a manutenção do “Estado de direito”, com o mínimo possível de intervenção na vida das pessoas. Friedrich Hayek O “neoliberalismo” foi introduzido associado ao discurso da necessidade de modernização do pais, com o governo Collor, em 1989, e se aprofundou nas décadas de 1990 e 2000. Inicialmente com ênfase nas reformas econômicas, na privatização e nas políticas sociais. Em seguida, modificando substancialmente a estrutura do Estado por meio de ampla reforma, consubstanciada em documento denominado Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado (1995). No referido documento foram definidas as diretrizes da reforma e a nova configuração que o Estado brasileiro deveria assumir a partir de então. Neoliberalismo no Brasil O novo Estado, denominado “social liberal”, teria como principal função a regulação, a representatividade política, a justiça e a solidariedade, devendo-se afastar do campo da produção e se concentrar na função reguladora e na oferta de alguns serviços básicos, não realizados pelo mercado. A implementação de reformas administrativas e gerenciais permitiria a focalização da ação estatal no atendimento das necessidades sociais básicas, reduzindo a área de atuação do Estado. Para proceder às mudanças apregoadas no âmbito do projeto neoliberal, deveriam ser removidos os constrangimentos jurídico-legais, notadamente de ordem constitucional, que impediam a adoção de uma administração ágil, com maior grau de autonomia, capaz de enfrentar os desafios do Estado moderno. Funções do Estado neoliberal A privatização: venda de empresas públicas. A publicização: transferência da gestão de serviços e atividades para o setor público não estatal. A terceirização: compra de serviços de terceiros. As políticas sociais, para o pensamento neoliberal, não são compreendidas como direitos, mas como forma de assistir aos mais necessitados. Assim, as ONGs e o voluntariado devem ser estimulados a assumir responsabilidades. Todos esses elementos permitem afirmar que vivemos em um mundo globalizado, sob influência desse fenômeno altamente complexo. Mecanismo de redução do Estado neoliberal A globalização é associada a processos econômicos como a circulação de capitais, a ampliação dos mercados ou a integração produtiva em escala mundial. Mas descreve também fenômenos da esfera social, como a criação e expansão de instituições supranacionais, a universalização de padrões culturais e o equacionamento de questões concernentes à totalidade do planeta. O termo tem designado a crescente transnacionalização das relações econômicas, sociais, políticas e culturais que ocorrem no mundo. A globalização implica uma nova configuração espacial da economia mundial como resultado geral de velhos e novos elementos de internacionalização e integração. A globalização Aspectos econômicos: numa economia globalizada as empresas podem diminuir os custos de produção de seus produtos. Geração de empregos em países em desenvolvimento. Aspectos científicos: a globalização faz circular de forma mais rápida e eficiente conhecimentos científicos e troca de experiências. Aspectos culturais: com a globalização ocorreu um aumento do intercâmbio cultural entre pessoas de diversos países do mundo. As principais transformações acarretadas pela globalização situam-se no âmbito da organização econômica, das relações sociais, dos padrões de vida e cultura, das transformações do Estado e da política. Aspectos positivos da globalização Em linhas gerais, é possível afirmar que a globalização tem aspectos positivos e negativos e que ambos devem ser analisados com cuidado e com muita profundidade teórico-metodológica. A forte contaminação de vários países em caso de crise econômica em um país ou bloco econômico de grande importância. A globalização favorece a transferência de empresas e empregos. A globalização pode provocar distorções cambiais, principalmente alta valorização de moedas locais de países em desenvolvimento. Facilidade de especulações financeiras, causando problemas para as finanças, principalmente dos países em desenvolvimento. Aspectos negativos da globalização Como é denominado o fenômeno que ocorre a nível mundial e que está associado a processos econômicos como a circulação de capitais, a ampliação dos mercados ou a integração produtiva em escala mundial? a) Comunicação. b) Globalização. c) Industrialização. d) Produção. e) Migração. Interatividade Como é denominado o fenômeno que ocorre a nível mundial e que está associado a processos econômicos como a circulação de capitais, a ampliação dos mercados ou a integração produtiva em escala mundial? a) Comunicação. b) Globalização. c) Industrialização. d) Produção. e) Migração. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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