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PROCESSO PENAL - RITO COMUM _ATIVIDADE 01

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GRA1237 PROCESSO PENAL - RITO COMUM GR2532211 - 202110.ead-15190.01
Atividade 01
· Caio, Ticio e Mévio
 Dartagnam representa os Três Mosqueteiros e os direitos punitivos representam os nossos inesquecíveis Cainho, Ticinho e Mevinho - pura intimidade. Digo isso porque o alto nível de abstração em torno do direito penal é em grande parte o resultado desses três. Os crimes que nossos autores cometeram e nos quais participam são bem explicados, e o maior obstáculo para tudo isso está no mundo real. No mundo dos homens comuns, seu comportamento criminoso é menos complicado: o vizinho é um tapa na cara. O motorista passou por cima dos pedestres; foi o pai que abusou dos filhos; foi o cara que se esfaqueou na festa e havia muitas outras pessoas no dia a dia das pessoas.
Mas, é claro, esses crimes não merecem a apreciação da doutrina. Associá-los aos nomes de Caio, Tício e Mévio vai rebaixar o nível do direito penal: o crime é uma arte, então não há fundamento. O juiz não precisa saber condenar crimes simples,você tem que lidar com crimes complexos. Caio quer matar Tício com veneno, ao mesmo tempo Mévio quer matar Tício. Uma pessoa não sabe a intenção de homicídio da outra pessoa. Ambos fornecem apenas metade da dose letal. Com a metade da dose, Tício morreu. Qual é o crime de Caio e Mévio? Gênio puro.
Despindo-se do tom sarcástico, vivemos uma catarse no Direito Penal que, por consequência, provoca hecatombes em diversos outros ramos (social, carcerário etc.). Esse mar fantasioso em que navegou e navega o direito punitivo foi abordado com precisão por Lênio Streck para quem “simbolicamente, os manuais que povoam o imaginário dos juristas representam com perfeição essa crise. Há, pois, um profundo déficit de realidade. Os próprios exemplos utilizados em sala de aula, ou nos próprios manuais, estão desconectados daquilo que ocorre em uma sociedade complexa como a nossa. Além disso, essa cultura estandardizada procura explicar o Direito a partir de verbetes jurisprudenciais ahistóricos e atemporais”. (Lênio Luiz Streck em “Crise Dogmática. Manuais de Direito apresentam profundo déficit de realidade”.
Segundo o autor “enquanto setores importantes da dogmática jurídica tradicional se ocupam com exemplos fantasiosos e idealistas/idealizados, a vida continua. Mais ou menos como em uma sala de aula de uma faculdade de direito no Rio de Janeiro, em que o professor explicava os crimes de dano, rixa e estampilha falsa e, lá de fora, ouviram-se tiros, muitos tiros. Na verdade, enquanto o professor explicava os conceitos desses relevantes crimes, várias pessoas foram mortas, em um conflito entre traficantes. Mas o rofessor não se abalou: abriu seu Código e passou a explicar o conceito de atentado ao pudor mediante fraude!”
Aqui estão algumas razões para entender o que aconteceu no direito penal. O doutrinador olha para trás e reproduz todas as alucinações de sua vida. É improvável que o juiz siga um caminho diferente. A maior parte do tempo é gasto estudando ilusões e, a menos que tenha oportunidade, ele nunca será capaz de fazer julgamentos. Não há significado crítico máximo para entender, por exemplo, quem vai julgar um crime cometido por uma aeronave britânica, a aeronave saiu de Paris para o Chile, e depois sobrevoou o Brasil (área onde ocorreu o crime) (se for) ignorando a vida exemplos.
Tomemos como exemplo Lênio Streck, que possui um importante manual de direito penal que ensina o conceito de tipologia da seguinte forma: o artista se veste de veado e caminha para a mata; excelente. Qualquer um que não conhece o tipo errado agora sabe. Só há uma coisa que me fascina: por que alguém se vestiria de cervo e entraria na floresta? Mistérios, muitos mistérios. O mesmo livro explica o significado de causalidade a partir dos seguintes exemplos de causas existentes: “O filho do sexo feminino atirou na sogra, mas ela morreu não por causa do dado da arma, mas por causa do tiro. tomado pela mulher na manhã do café. Causado por envenenamento ". Não só o quê, mas há mais tragédias familiares: qual a razão da “conveniência” do direito penal?
 O manual dá a solução, com o seguinte exemplo: “após o genro ter envenenado sua sogra, antes de o veneno produzir efeitos, um maníaco invade a casa e mata a indesejável senhora a facadas”. Significa dizer que o genro foi salvo pelo maníaco (seria o maníaco do parque, que teria escapado da prisão?) Mistério, não?
Em suma, urge que o doutrinador, ou o Direito Penal se reinventa buscando um olhar mais realista/sociológico ou continuaremos a marcar rumo à alucinação e, por consequência, sem qualquer senso de justiça.
RESUMO -DEFINIÇÃO
O grave problema não são as leis, mas...os brasileiros.
Para entender o nosso comportamento é necessário mergulhar no pensamento de Sérgio Buarque de Holanda.
O brasileiro sempre agiu com o coração, o que o tornava homem cordial. Opunha, assim, emoção a razão.
O problema surge quando a cordialidade se manifesta na esfera pública. Isso porque o tipo cordial – uma herança portuguesa reforçada por traços das culturas negra e indígena – é individualista, avesso à hierarquia, arredio à disciplina, desobediente a regras sociais e afeito ao paternalismo e ao compadrio, ou seja, não se trata de um perfil adequado para a vida civilizada numa sociedade democrática 
Infelizmente, com a Constituição de 1988 e sucessivos governos autodeclarados democráticos, foram enfatizados os direitos em detrimento dos deveres; afinal, existe necessária e íntima relação entre prerrogativas jurídicas e obrigações. Apesar de termos, voluntariamente, substituído a Ditadura Militar pela Democracia, esta se revela perniciosa ao cidadão, diante da inexecução, pela maioria da população, de simples regras de convivência. Notadamente, para a Democracia funcionar, é necessário que a norma jurídica tenha relação com os valores que ela encerra, e deve ser dotada de eficiente coerção, para que o grande número não a desrespeite. Mas em terrae brasilis é, justamente, o contrário. É indispensável a adoção das ideais do jurista germânico Gunther Jakobs, com intensa repressão aos crimes e destituição dos direitos dos desviantes, eternos transgressores da lei, particularmente, a penal.
Finalizando: O correto e justo seria a óbvia condenação dos meliantes.

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