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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DIREITOS FUNDAMENTAIS: Cap. I – Direito à Vida e à Saúde Cap. II – Direito à Liberdade, ao Respeito, e à Dignidade Profa. Lilian Mozardo DIREITOS FUNDAMENTAIS ARTS. 7º a 69 DO ECA Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. DIREITOS FUNDAMENTAIS ARTS. 7º a 69 DO ECA • PARTE GERAL: • Reconhecimento dos Direitos Fundamentais (art. 3º) • Elenco dos Direitos Fundamentais no Título II (art. 7º ao 69º) • Capitulo I – mencionou ou direito à vida e à saúde • Capitulo II – direito à liberdade, respeito e dignidade • Capítulo III – direito ao convívio familiar e à comunitária • Capítulo IV – direito à educação, cultura, esporte e lazer • Capitulo V – direito à profissionalização e proteção no trabalho DIREITOS FUNDAMENTAIS ARTS. 7º a 69 DO ECA • Mecanismos para Efetivação desses Direitos • Título III, art. 70 – dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação de tais direitos; • Fixou regras administrativas de limitação do administrado (poder de polícia), por exemplo, vedando entrada de crianças e adolescentes em estabelecimentos não apropriados (art. 80). DIREITOS FUNDAMENTAIS ARTS. 7º a 69 DO ECA • PARTE ESPECIAL: • Dispôs sobre como assegurar esses direitos fundamentais e ao atendimento da proteção integral. • Título I – dispôs sobre a política de atendimento (abrangendo a fiscalização das entidades) • Título II – dispôs sobre as medidas de proteção (art. 101) • Título III – dispôs sobre prática de ato infracional • Título IV – dispôs sobre medidas pertinentes aos pais (art. 129, I) • Título V – dispôs sobre o Conselho Tutelar (art. 131) • Título VI – dispôs sobre o acesso à Justiça • Título VII – dispôs sobre crimes e infrações administrativas DIREITOS FUNDAMENTAIS ARTS. 7º a 69 DO ECA • Capítulo I – Direito à Vida e à Saúde (arts. 7º a 14º) • Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. DIREITOS FUNDAMENTAIS ARTS. 7º a 69 DO ECA • O Art. 5º da CF garante a inviolabilidade do direito à vida, portanto trata-se de direito absoluto, indisponível, oponível erga omnes. • O art. 227 preceitua que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, esse direito. DIREITOS DA MATERNIDADE • Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o atendimento pré e perinatal. • § 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de atendimento, segundo critérios médicos específicos, obedecendo-se aos princípios de regionalização e hierarquização do Sistema. • § 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo médico que a acompanhou na fase pré-natal. DIREITOS DA MATERNIDADE • § 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à gestante e à nutriz que dele necessitem. • § 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal. • § 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser também prestada a gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção. DIREITOS DA MATERNIDADE O artigo 8º garante: O acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher; E de planejamento reprodutivo; Bem como de uma nutrição adequada; E atenção humanizada à sua gravidez, parto (pré-natal, perinatal e pós-natal), pelo SUS. DIREITOS DA MATERNIDADE • Assistência Psicológica • Apoio alimentar (lei 11.804/2008 alimentos gravídicos) • Atendimento médico • Aleitamento materno DIREITOS DA MATERNIDADE • Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas à medida privativa de liberdade. • A licença maternidade (hoje de 120 dias) já era uma forma de assegurar o direito ao aleitamento materno (art. 7º, XVIII). • A CLT (art. 396) prevê o direito a 2 descansos diários de 30 minutos cada para amamentação, até que a criança complete 6 meses. • Também prevê no art. 389, § 1º. e 2º., com + de 30 empregadas com + de 16 anos o “direito à creche”. DIREITOS DA MATERNIDADE • É dever dos profissionais das unidades primárias de saúde desenvolver ações para promoção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação saudável (§ 1º); • Os serviços de unidade de terapia intensiva neonatal devem dispor de bancos de leite ou unidade de coleta (§ 2º); • Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde da gestante, enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, deve acompanhar a prática do processo de amamentação (art. 10, VI). DIREITOS DA MATERNIDADE • O Brasil assinou no dia 01/08/90 na Itália a Declaração de Innocenti para a proteção e incentivo ao aleitamento materno. • A portaria 322/88 do MS cria normas gerais para o funcionamento de Bancos de Leite Humano. • Pela lei de execuções penais (alterada pela Lei 11.942/09) é assegurado às mães e aos recém-nascidos condições mínimas de assistência, inclusive com acompanhamento médico à mulher (pré-natal e pós-parto), extensivo aos recém-nascidos. • Os presídios devem ser dotados de berçários (até os 6 meses) e creche para crianças maiores de 6 meses e menores de 7 anos com a finalidade de assistir a criança desamparada (art. 89 do LEP). Eduardo e Thales (p. 17). DIREITOS DA MATERNIDADE • Para mães adolescentes, a lei do Sinase, Lei nº 12.594/2012 (medidas socioeducativas destinadas a adolescente que pratique ato infracional), estabelece no seu artigo 63: • § 2º Serão asseguradas as condições necessárias para que a adolescente submetida à execução de medida socioeducativa de privação de liberdade permaneça com o seu filho durante o período de amamentação. • Substituição da Prisão Preventiva pela Domiciliar: • O CPP autoriza a substituição da prisão da prisão preventiva pela domiciliar quando a mulher possui filho de 12 anos incompletos, crianças (art. 318, inc. V). Identificação e atendimento médico do neonato • Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: • I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; • II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente; lei 12.303/10 previu a obrigatoriedade do teste da orelhinha) Identificação e atendimento médico do neonato • III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais; • IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato; • V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe. • VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente. Atendimento integral à saúde da criança e do adolescente Art. 11. É assegurado acesso integralàs linhas de cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. § 1º A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e reabilitação. § 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades específicas. § 3º Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente de crianças na primeira infância receberão formação específica e permanente para a detecção de sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para o acompanhamento que se fizer necessário. Direito a Acompanhante • Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente. • A determinação se aplica tanto a hospitais da rede pública como da privada. • O que é proporcionar condições? Suspeita de maus-tratos • Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais. • § 1o As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude. • § 2 o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entrada, os serviços de assistência social em seu componente especializado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza, formulando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar. Suspeita de maus-tratos • Denunciar no Conselho Tutelar (basta suspeita). • Eduardo e Thales ensinam que “a comunicação não implica o crime previsto no art. 154 do CP (violação de segredo profissional), porque a determinação legal configura justa causa”. (p. 20). • O Conselho intimará a família e o vitimizado (o conselho possui o poder de abrigamento). • Se abrigar o menor deverá informar a Vara da Infância e Juventude para acompanhamento. • Em caso de crime a polícia civil deverá ser acionada para instauração de BO. • Atenção: Segundo o artigo 245, os médicos, professores, responsáveis por estabelecimentos voltados à saúde, as escolas têm a obrigação de denunciar, sob pena de incidir em sanções administrativas. SUS – Assistência Médica • Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos. • § 1o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. • Quanto à vacinação obrigatória pelo Estado deverá ser cobrada dos pais ou responsáveis, sob pena de incorrer nas sanções administrativas previstas no artigo 249 do ECA ou o crime de maus-tratos (art. 136 do CP). CAPÍTULO II - DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE (arts. 15 ao 18): • Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade (JAS chama de trilogia básica dos direitos fundamentais)como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. • O ECA, a fim de dar ênfase aos direitos fundamentais da CF, os repetiu. • Em que consiste esta liberdade? DIREITO À LIBERDADE • Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: • I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; • II - opinião e expressão; III - crença e culto religioso; • IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; • VI - participar da vida política, na forma da lei; • VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. O ECA traz vários dispositivos sobre o inc. II (opinião/expressão)do artigo 16: • Art. 28, § 1º: será ouvido sobre implicações das medidas sócio-educativas; • Art. 45, § 2º: ouvida do adotando; • Art. 111, V: garantia processual do adolescente ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente; • Art. 124, I: entrevista pessoal com MP e advogado. DIREITO À LIBERDADE • O direito de liberdade da criança e do adolescente é absoluto? • “Transmitir ao jovem a ideia ou o sentimento de liberdade não é incentivá-lo a romper com os limites que a própria vida e os adultos lhes impõem, mas é conscientizá-lo das razões desses limites e dar-lhes alternativas de opções conscientes diante deles.” Antonio Cezar Lima da Fonseca (p. 54) Restrições do ECA (inc. I, art. 16): • Casos de viagens (arts. 83 a 85); • Poder familiar (os protegidos devem estar sujeitos à orientação de seus pais); • Devem ser coibidos os casos de “meninos de rua”. • Limitação de locais para se frequentar; • Aplicação de medidas socioeducativas de internação e semiliberdade (atos infracionais). DIREITO AO RESPEITO • Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. • Dignidade e respeito são direitos da personalidade, envolvendo o aspecto psíquico e moral. Eduardo e Thales (p. 28) explicam que este direito (respeito) abrange: • O direito à inviolabilidade física, psíquica e moral; • A preservação da imagem; • A preservação da identidade; • A preservação da autonomia; • A preservação dos valores, ideias e crenças; e, • A preservação dos espaços e objetos pessoais. Exemplos: • O art. 178, proíbe que o adolescente seja conduzido em compartimento fechado de veículo policial.; • Quanto a imagem, o artigo 143 do ECA vedou a divulgação de atos judiciais, policiais administrativos que digam respeito à crianças e adolescentes (inclusive iniciais do nome); • O artigo 124, XV permite que o adolescente privado de liberdade mantenha a posse de objetos pessoais e a designação de local seguro para guardá-los. (p. 31). DIREITO À DIGNIDADE • Obviamente não há um princípio da dignidade para crianças e outro para os adultos, mas no caso de crianças e adolescentes: • Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. • O que o legislador quis dizer com “pondo-os a salvo”? DIREITO A EDUCAÇÃO SEM CASTIGO FÍSICO, TRATAMENTO CRUEL OU DEGRADANTE: • Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativasou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. DIREITO A EDUCAÇÃO SEM CASTIGO FÍSICO, TRATAMENTO CRUEL OU DEGRADANTE: • Para evitar tais formas de violência, o artigo 18-B possibilita a aplicação das seguintes medidas pelo CONSELHO TUTELAR: • Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: DIREITO A EDUCAÇÃO SEM CASTIGO FÍSICO, TRATAMENTO CRUEL OU DEGRADANTE: • I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; • II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; • III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; • IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; • V - advertência. • Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • BARROS, Guilherme Freire de Melo. Direito da Criança e do Adolescente. Coleção Sinopses para Concursos. 9ª. Edição. Bahia: Editora Jus Podivm. • DEL-CAMPO, Eduardo Roberto Alcântara. OLIVEIRA, Thales Cezar de. Estatuto da criança e do adolescente, série leituras jurídicas provas e concursos. 7ª. edição. São Paulo: Editora Atlas, 2012. • FONSECA, Antonio Cezar Lima da. Direitos da criança e do adolescente. São Paulo: Editora Atlas, 2011. • ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente, doutrina e jurisprudência. 13ª. edição. São Paulo: Editora Atlas, 2011. • JOÃO ELIAS, Roberto. Comentários ao estatuto da criança e do adolescente. São Paulo: Editora Saraiva, 2010. • JOÃO ELIAS, Roberto. Direitos fundamentais da criança e do adolescente. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.
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