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Técnicas para tratamento da lesão cariosa

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Técnicas para tratamento da lesão cariosa
Durante muito tempo, o único tratamento para lesão de cárie era sua remoção total. Ainda hoje, é muito comum e inclusive necessário que assim seja. No entanto, muitas pesquisas foram feitas ao longo dos anos para mostrar que o tratamento pode ser mais conservador a fim de evitar uma exposição pulpar acidental e consequente tratamento endodôntico. E quando isso acontece, pensando em serviço público, vemos o quanto pode ser prejudicial ao paciente. Infelizmente, o acesso a tratamentos para o nível de atenção secundária ainda é demorado para a nossa realidade. Uma exposição pulpar, que resulta em um tratamento endodôntico, pode levar meses e até anos para se conseguir uma vaga. 
Como resultado, temos um dente fragilizado, exposto às cargas mastigatórias do dia a dia que fatalmente sofrerá uma fratura até chegar à vez para o tratamento. Infelizmente, uma pulpectomia ou uma penetração desinfetante pode levar a uma exodontia a longo/médio prazo. Atualmente você pode evitar para que isso aconteça. Muitas lesões de cárie podem ser tratadas antes que virem exposições pulpares. Como vimos no tópico diagnóstico e prevenção da doença cárie, é possível remover somente a dentina desorganizada e infectada, mantendo a afetada e a esclerosada. Com essa medida, foram e serão evitadas muitas exposições pulpares desnecessárias. Se você trabalhar em uma UBS vai se lembrar desse exemplo que relataremos agora. 
É muito comum que crianças de 6 a 8 anos apareçam nas unidades com cáries nos primeiros molares permanentes. Como são dentes que erupcionam sem que haja perda de um decíduo, os pais não costumam dar importância a isso. Quando a criança relata dor ao mastigar ou quando põe algo gelado na boca os pais trazem para “extrair” por acharem que é um dente decíduo. Ao orientar, é notória a surpresa dos pais, que tinham a certeza de que se tratava de um dente decíduo. 
Dessa forma, após a anestesia, você deverá curetar as dentinas desorganizada e infectada e, após uma boa limpeza dessa cavidade, deverá selar esse dente com ionômero de vidro. Não havendo nenhuma sintomatologia dolorosa, preserve-o e verá que após alguns meses, essa dentina afetada (que estava parcialmente desmineralizada) voltará a ser totalmente normal. Antigamente, você iria remover totalmente a cárie e, por ser um dente jovem (cuja polpa é bem ampla), fatalmente poderia causar uma exposição pulpar. 
Ao encaminhar para o CEO, provavelmente demoraria meses para se conseguir a vaga para o tratamento e, nesse período, poderia haver uma fratura que poderia levar a uma perda desse elemento. E como devemos tratar a lesão de cárie? Primeiramente sabendo diagnosticar bem a doença para propor o tratamento correto. Lembre-se que o tratamento varia desde a preservação até a sua remoção total. 
Você pode remover a cárie de várias maneiras. A mais comum ainda nos dias de hoje é curetar com curetas ou colheres de dentina e remoção através de instrumentos cortantes rotatórios usando motores de alta e baixa rotação. A isso damos o nome de Tratamento Convencional.
Cárie em esmalte: motor de alta rotação utilizando pontas diamantadas e refrigeração com água.
Cárie em dentina: remoção inicial com curetas ou colheres de dentina e posteriormente utilizando motor de baixa rotação com brocas carbides ou de aço, refrigerado apenas com ar.
Remoção de tecido cariado com curetas ou colheres de dentina e instrumentos cortantes rotatórios.
Você também pode realizar o Tratamento Atraumático. Existem algumas modalidades desse tipo de tratamento.
1) Químico-mecânico: você deverá estudar mais a respeito das substâncias utilizadas para esse procedimento. São géis à base de aminoácidos que atuam nas fibrilas de colágeno da dentina cariada. O objetivo é desorganizar quimicamente a cárie para facilitar a remoção mecânica através das curetas ou colheres de dentina. Em muitos casos não há necessidade de realizar anestesia e não funciona em cárie de esmalte. Existem algumas marcas, inclusive importadas, mas é importante ressaltar que existe um produto genuinamente brasileiro à base de papaína (que se obtém a partir do mamão papaya) de fácil aquisição e modo de uso, além do baixo custo. Chama-se Papacárie e está sendo utilizado em alguns setores do serviço público. É ideal para se realizar ART (Tratamento Restaurador Atraumático).
ART – Tratamento realizado com curetas ou colheres de dentina, sem o uso de motores, com objetivo de se eliminar as dentinas desorganizadas e infectadas. Realiza-se o selamento dessa cavidade com ionômero de vidro para possibilitar que a dentina afetada possa se remineralizar. Em casos de lesão de Cl I, pode-se considerar como tratamento definitivo. É um tratamento largamente utilizado em países ou regiões muito carentes onde a infraestrutura é escassa. Possibilita, com poucos recursos e baixo custo, uma odontologia voltada para a erradicação da doença cárie.
Tratamento químico mecânico
2) Jato abrasivo – Óxido de alumínio: são silenciosos, não vibram, conservadores e removem a lesão através do impacto do pó desse óxido sobre a superfície cariada. Necessitam de um sugador potente para não disseminar muito a nuvem da poeira formada. Em alguns casos, dispensam também a anestesia.
3) Laser: para aprofundar mais sobre assunto, estude lasers de alta potência. Existem vários tipos e você deve observar a especificidade de cada um. O mais comum para ser utilizado nesse caso é o Er:YAG (érbio YAG). Remove a cárie através de ablação, que é um processo onde ocorrem microexplosões. Devido às altas temperaturas do laser, há uma rápida transformação da água contida nos tecidos dentais em vapor, que geram essas pequenas explosões resultando na remoção do tecido dental. Dessa forma, é importante ter uma abundante refrigeração para não lesionar a polpa devido a essas altas temperaturas. Em muitos casos dispensa também a anestesia, é silencioso, mas necessita de vários itens de proteção como uma sala específica e adequada para o atendimento e óculos de proteção. Outro fator que também dificulta seu uso é o ainda alto custo do equipamento.
4)Ultrassom: em Dentística, usando esse equipamento, é necessário que você adquira pontas odontológicas em diamante. Acopladas ao ultrassom através de um adaptador, você poderá remover tecido cariado com mais conforto e sem o ruído do motor de alta rotação. Note que essas pontas são diferentes das pontas diamantadas para alta rotação.
Remoção de cárie por ultrassom.
Possuem maior durabilidade e como removem cárie sem o movimento de rotação, o tratamento fica mais conservador, ideal para profissionais em início de carreira que ainda estão adquirindo habilidade para manusear a caneta de alta rotação. Além disso, em caso de toque acidental na gengiva, a possibilidade de sangrar é menor uma vez que não corta tecido mole. A ponta age na superfície dental através de movimentos vibratórios, que dependendo da posição, pode agir por impacto ou tangencialmente. Em ambos os casos é muito eficiente e o profissional somente terá que ter um pouco de paciência, pois o procedimento leva um mais de tempo quando comparado com as pontas diamantadas convencionais.

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