Buscar

DIREITO EMPRESARIAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
SUMÁRIO 
1 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO COMERCIAL OU 
DIREITO EMPRESARIAL ........................................................................................... 4 
1.1 Origem do Direito Comercial ................................................................ 4 
2 TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO ........................................................ 5 
2.1 Sistema Francês .................................................................................. 5 
2.2 O Direito Comercial no Brasil ............................................................... 6 
2.3 Lei da Boa Razão ................................................................................. 6 
3 FONTES DE DIREITO COMERCIAL .......................................................... 8 
3.1 Fontes Materiais ................................................................................... 8 
3.2 Fontes formais ...................................................................................... 8 
3.3 Código Comercial ................................................................................. 8 
3.4 Leis, Tratados Internacionais e Regulamentos. ................................... 9 
3.5 Lei Civil ................................................................................................. 9 
3.6 Usos e Costumes ................................................................................. 9 
3.7 Jurisprudência .................................................................................... 10 
3.8 Analogia e Princípios Gerais do Direito .............................................. 10 
4 EMPRESA E EMPRESÁRIO .................................................................... 10 
4.1 Conceito de Empresa ......................................................................... 10 
4.2 Distinção entre empresa e sociedade ................................................ 11 
4.3 Espécies de empresários ................................................................... 11 
5 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL ..................................................................... 15 
6 PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO ............................................................ 17 
7 REGIME JURÍDICO DA LIVRE INICIATIVA ............................................. 18 
7.1 Pressupostos constitucionais do regime jurídico-comercial ............... 18 
7.2 Proteção da Ordem Econômica e da Concorrência ........................... 19 
 
 
2 
 
7.3 Abuso do Poder Econômico ............................................................... 19 
7.4 Concorrência desleal .......................................................................... 20 
8 MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE ......................... 23 
9 REGISTRO DE EMPRESA ....................................................................... 24 
9.1 Orgão de registro de empresa ............................................................ 24 
9.2 Atos de registro de empresa .............................................................. 27 
9.3 Inatividade da empresa ...................................................................... 28 
9.4 Empresário irregular ........................................................................... 29 
9.5 Obrigações Comuns A Todos Os Empresários .................................. 30 
9.6 Espécies de Livros Empresariais ....................................................... 30 
9.7 Exibição Judicial e Eficácia Probatória dos Livros .............................. 31 
9.8 Balanços Anuais ................................................................................. 32 
10 ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL ................................................. 33 
10.1 Estabelecimento como Objeto de Direitos e de Negócios Jurídicos 
(Art. 1.143) 34 
10.2 Eficácia Erga Ominis de Alienação, Usufruto ou Arrendamento de 
Estabelecimento (Art. 1.144) ................................................................................. 35 
10.3 Trespasse ou Alienação do Estabelecimento Empresarial (Art. 
1.145). 35 
10.4 Responsabilidade do Adquirente do Estabelecimento (Art. 1.146) . 35 
10.5 Publicação de Concorrência (Parágrafo Único) .............................. 36 
10.6 Sub-Rogação Pessoal (Art. 1.148) .................................................. 37 
10.7 Cessão de Créditos Relativos ao Estabelecimento Transferido (Art. 
1.149) 37 
10.8 Nome Empresarial (Art. 1.155) ........................................................ 37 
10.9 Formação da Firma do Empresário (Art. 1.156) .............................. 37 
10.10 Firma social da sociedade limitada (art. 1.158) ............................... 38 
11 EXCLUSIVIDADE DE USO DO NOME EMPRESARIAL ....................... 39 
 
 
3 
 
11.1 Alteração obrigatória da firma social em razão de morte , exclusão e 
retirada de sócio (ART. 1.165) .............................................................................. 40 
11.2 Garantia do uso exclusivo do nome empresarial (ART. 1.166) ....... 40 
12 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS 
PELAS OBRIGAÇÕES SOCIAIS. ............................................................................. 44 
13 DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA ................................... 48 
13.1 Sociedades Contratuais .................................................................. 48 
13.2 Sociedade Simples ......................................................................... 51 
13.3 Sociedades Limitadas ..................................................................... 52 
13.4 Sociedade Anônima ........................................................................ 56 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 62 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO COMERCIAL OU DIREITO 
EMPRESARIAL 
1.1 Origem do Direito Comercial 
Alguns autores identificam na Roma antiga a origem do direito comercial. Os 
romanos não conheceram regras específicas para o direito comercial. 
O Direito Civil para eles acabava por contemplar com eficiência todas as 
relações jurídicas de cunho privado, independentemente de seu conteúdo. 
É no direito romano, porém, que se verifica a origem do instituto da falência, 
normas básicas sobre os contratos mercantis, ação Pauliana, como forma de reprimir 
fraude contra credores, responsabilidade civil dos banqueiros e o comércio do 
transporte marítimo, entre outros. 
O Direito Comercial só surge como ramo autônomo do direito depois da queda 
do Império Romano, na Idade Média, com objetivo de dar maior segurança à atividade 
mercantil. 
Os comerciantes criaram suas corporações devido à pulverização do Estado. 
As corporações possuíam regras próprias, destinadas a ditar normas aplicáveis 
ao comércio e julgar os possíveis conflitos decorrentes desta aplicação, dando origem 
a um direito singular o ius mercatorum. 
Assim, o direito comercial assumiu um caráter consuetudinário e corporativo, 
sendo emanado e aplicado a seus membros. 
Com o passar do tempo e a nova formação política do Estado, estas normas 
ganharam credibilidade e importância e passaram a ser adotadas por toda a Europa, 
e podemos dar como exemplo de tais regras: 
 
a- Matricula dos comerciantes 
b- Regime dos livros comerciais 
c- Regime das instituições financeiras 
d- Letra de Câmbio etc. 
 
 
 
5 
 
Com o término da Idade Média, o comércio, marcado pela conquista do Novo 
mundo, transporta-se para o Atlântico, tendo como personagens Portugal, Espanha, 
seguidos pela Inglaterra, Holanda e França. 
Mais tarde, com a Formação dos Estados nacionais, aquele direito comercial 
consuetudinário, ganha do próprio Estado, sua legitimidade, dando importância de 
maior segurança jurídica possível às relações comerciais, com o objetivo de propiciar 
o desenvolvimento e preservar os interesses sociais. 
2 TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO2.1 Sistema Francês 
Em 1807, foi editado o primeiro grande Código Comercial (Código 
Napoleônico). 
- Influenciou as legislações comerciais de outros países 
- No Brasil, a influência veio no Código de 1850, que vigorou até o advento do 
CC de 2002. 
CARACTERÍSTICAS: 
- Não admitia a existência de privilégio de classes. 
- Passou a regular todas as atividades que o indivíduo exercia, dita como 
atividade de comércio. 
- Assim, surge a teoria dos atos de comércio, que diferencia o direito comercial 
dos outros ramos do direito. 
Os atos do comércio sempre foram uma dor de cabeça para os legisladores e 
doutrinadores, devido à falta de definição e limitação dos atos praticados pelas 
pessoas. 
Para Alfredo Rocco, são duas as espécies de atos do comércio: 
O ato de comércio considerado em si mesmo 
Os atos acessórios ou por conexão (facilitam a interposição de troca) 
Ou seja, “ato de comércio é todo aquele que realiza ou facilita uma interposição 
na troca”. (Alfredo Rocco). 
 
 
6 
 
Não podemos deixar de citar ainda, J.X. Carvalho de Mendonça (Tratado de 
Dir. Comercial Brasileiro, v1, p. 460), que já leva em conta três classes de atos de 
comércio: 
 Atos de comércio por natureza comerciais ou profissionais 
(decorrentes dos negócios jurídicos, como por exemplo, a compra 
e venda). 
 Atos de comércio por conexão ou dependência (praticados em 
virtude do exercício do comércio). 
 Atos de comércio por força ou autoridade da lei (São atos 
praticados objetivando o cumprimento da lei). 
2.2 O Direito Comercial no Brasil 
Somente a partir de 1822 com a independência do Brasil é que se pode falar 
em construção do ordenamento jurídico nacional. 
Mesmo depois da independência continuou a vigorar a legislação Portuguesa, 
dentre elas os chamados alvarás dos séculos XVII e XVIII. 
2.3 Lei da Boa Razão 
Determinava a aplicação, aqui, das leis comerciais vigentes nas “nações 
cristãs, iluminadas e polidas, que com elas estavam resplandecendo na boa, 
depurada e sã jurisprudência”, fazendo com que fossem aplicadas a legislação 
francesa e espanhola. 
Fortemente influenciado pelos códigos francês, espanhol e português, surgiu o 
código comercial de 25/06/1850 (Lei nº 556). 
Este Código não adotou por seu art. 4º e 9º a teoria dos atos de comércio, pois 
exigia a matrícula em algum dos Tribunais do Comercio do Império, para exercer como 
atividade habitual a mercancia. 
O que é mercancia? A dificuldade na conceituação do que seria mercancia 
estava na existência de duas jurisdições, a civil e a comercial. 
 
 
7 
 
Um juiz para decidir sobre uma lide, na época, antes deveria saber se sua o 
litígio era comercial ou não, daí ser ele competente ou não para julgar o caso. 
Para solucionar o problema em 1850 foi editado o regulamento 737, que 
enumerou os atos de mercancia, adotando a teoria objetiva doa atos do comércio: 
- O art. 19 do referido regulamento, estabelecia regras de competência entre a 
jurisdição civil e comercial, em seus artigos considera mercancia: 
a- A compra e venda ou troca de efeitos móveis ou semoventes para vendê-los 
por grosso ou a retalho, na mesma espécie ou manufaturados, ou para alugar 
o seu uso; 
b- As operações de câmbio, banco ou corretagem. 
c- As empresas de fábricas, de comissões, de depósito, de expedição, 
consignação e transporte de mercadorias; de espetáculos públicos. 
d- Os seguros, fretamentos, riscos, e quaisquer contratos relativos ao comércio 
marítimo; 
e- A armação e expedição de navios 
Esta disposição vigorou até a extinção dos Tribunais do comércio em 1875 e a 
unificação da jurisdição civil e comercial em uma só. 
A partir daí, comerciante deixa de ser aquele que pratica determinados atos 
delimitados pela lei, e passa a ser aquela pessoa que, profissionalmente, pratica a 
mercancia considerada como atividade de intermediação entre o produtor e o 
consumidor, exercida com fim lucrativo. 
 
 
8 
 
3 FONTES DE DIREITO COMERCIAL 
 
Fonte: vasconcelosadvogados.com.br 
São os principais meios pelos quais se forma ou se estabelece a norma jurídica. 
3.1 Fontes Materiais 
São formadas pelos fenômenos sociais e pelos elementos extraídos da 
realidade social e dos ideais dominantes que contribuem para dar conteúdo ou matéria 
à norma jurídica. 
Para o direito comercial a o fator econômico serve como fonte material à sua 
formação. 
3.2 Fontes formais 
São os meios ou formas através dos quais o direito positivo é conhecido. Para 
o Direito comercial, é dividido em fontes primárias ou diretas (Leis, regulamentos e 
tratados comerciais) e fontes secundárias ou indiretas (Lei civil, usos e costumes, 
jurisprudência, analogia e princípios gerais do direito). 
3.3 Código Comercial 
Promulgado em 25/06/1850 a Lei 556, entrou em vigor em 01/01/1851. 
 
 
9 
 
Com a maior parte revogado, a parte segunda (Direito Marítimo) continua 
vigorando. 
3.4 Leis, Tratados Internacionais e Regulamentos. 
O direito comercial, conta com diversas leis extravagantes que modificam, 
complementam ou alteram a legislação codificada. 
Os títulos de crédito são tratados em normas jurídicas próprias. 
Os microssistemas legislativos dão maior mobilidade às leis fora da codificação 
e promovem a interdisciplinaridade e uma maior mobilidade legislativa. 
Ex: Lei da Falência e Recuperação de Empresas (Lei nº 11.101/2005); Código 
de Defesa do Consumidor (Lei. 8.078/90). 
Os Tratados Internacionais quando ratificados pelo legislativo, seguidos de 
decreto presidencial, publicação e promulgação, passam a vigorar em nosso sistema 
jurídico com a mesma força e hierarquia que a lei. 
3.5 Lei Civil 
Atua como subsidiária do Direito Comercial, mas não como fonte do mesmo. 
Todas as vezes que a Lei comercial for omissa, a Lei Civil serve para suprir 
essa omissão, mas nem por isso assume uma qualidade de Lei Comercial. 
Na lacuna ou omissão do direito comercial, usa-se a lei civil. 
Quanto às disposições, por exemplo, de regras de direito comercial dentro do 
código civil, não é uma utilização da mesma como fonte, mas sim como localização 
de uma lei comercial no CCB. 
Não há uma mutação da lei comercial por se encontrar no corpo do Código 
Civil. 
3.6 Usos e Costumes 
Significam a prática efetiva e repetida de uma determinada conduta. 
É a observância uniforme e constante de certas práticas e regras pelos 
empresários em seus negócios. 
 
 
10 
 
O Direito consuetudinário fomenta a natureza lenta do acompanhamento das 
normas comerciais às novas realidades. 
Usos – Atos ou fatos reiterados e continuamente praticados. 
Costumes – são as normas jurídicas que passam a regê-los. 
Só são aplicados, caso se verifique lacuna da lei mercantil. 
3.7 Jurisprudência 
As decisões reiteradas a respeito de matéria comercial também são 
consideradas como fontes do direito. 
Deve ser uniforme e constante. 
Força vinculante das decisões (EC 45/2004) 
3.8 Analogia e Princípios Gerais do Direito 
O art. 4º da Lei de Introdução ao CCB fala que quando a lei for omissa cabe ao 
juiz decidir de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito. 
Analogia significa operação lógica que discipline caso semelhante. 
Princípios gerais do direito são aqueles norteadores do ordenamento jurídico, 
os quais antecedem o direito legislativo e formam sua base, como orientação cultural 
e política do ordenamento jurídico positivo. 
4 EMPRESA E EMPRESÁRIO 
4.1 Conceito de Empresa 
A partir do conceito de empresário, se chega ao conceito de empresa. O 
empresário, segundo o Código Civil, é aquele “que exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de serviços”. 
Para qualquer autor, empresa é “a organização técnico-econômica que se 
propõe a produzir, mediante a combinação dos diversos elementos, natureza, trabalho 
e capital, bens ou serviços destinados à troca (venda), com a esperança de realizar 
lucros, correndoos riscos por conta dos empresários, que reúne e coordena 
 
 
11 
 
elementos de sua responsabilidade. A empresa é a atividade desenvolvida pelo 
empresário. 
4.2 Distinção entre empresa e sociedade 
A empresa não pressupõe a existência de uma sociedade, na medida em que 
pode ser exercida a atividade empresarial por uma só pessoa física e não por uma 
sociedade como conjunto de pessoas: 
 Sociedade é o conjunto de pessoas – sujeito de direito 
 Empresa é objeto de direito 
 Empresa não tem personalidade jurídica pois é a atividade 
A sociedade empresarial é uma pessoa jurídica reunida por um grupo de 
pessoas organizadas. 
 Pode, ainda, aparecer de forma a individual através de uma única pessoa 
natural. 
 A empresa é a atividade explorada pela sociedade, e o empresário é a própria 
sociedade e não as pessoas que a constituem, daí o nome sociedade 
empresária. 
4.3 Espécies de empresários 
As Empresas podem ser classificadas, quanto à atividade desenvolvida em: 
Comerciais, industriais, prestadores de serviços e agropecuárias. 
Quanto à qualidade de seus sócios podemos classificá-las em: Empresas 
públicas, privadas e de economia mista. 
Para que esta classificação aconteça, basta que alguns desses entes 
econômicos se enquadre no conceito de empresário (art. 996 CCB): 
- Empresa comercial – é aquela que tem como atividade econômica a prática 
de atos de interposição de troca, ou seja, o empresário comercial deverá se organizar 
para a aquisição de mercadorias para sua posterior venda com a realização de lucro, 
que deve advir da diferença entre o preço de compra e o de venda. 
 
 
12 
 
- Empresa industrial – Pratica atos de interposição de troca, comprando e 
vendendo bens, agregando a estes bens determinada qualidade, e isso se dá 
mediante a transformação da matéria-prima adquirida em produto final. 
- Empresa Prestadora de Serviço – Exerce atividade da qual não resulta um 
determinado produto tangível, como ocorre com a indústria. Trata-se da aplicação da 
mão de obra para a realização de alguma atividade economicamente relevante. 
- Empresa Agropecuária – É aquela que se utiliza da terra, retirando dela bens 
destinados ao consumo. 
- Empresa Pública – Empresa de capital de direito público, mas é pessoa 
jurídica de direito privado pois explora atividade econômica de interesse social. 
- Empresa Privada – é aquela que está nas mãos de particulares 
- Empresa de Economia Mista – é quando o capital privado e público se unem 
para a consecução de um objetivo empresarial em comum. 
 
Conceito: “É o profissional exercente de atividade organizada para a produção 
ou a circulação de bens ou serviços (art. 996 CCB). 
Profissionalismo – A noção de exercício profissional de certa atividade é 
associada, na doutrina, há considerações de três ordens: 
 Habitualidade – Não se considera profissional quem realiza tarefas de 
modo esporádico, mesmo destinando a mercadoria, produto, ou serviço 
à venda no mercado. 
 Pessoalidade – O empresário no exercício, da atividade empresarial, 
deve contratar empregados. São estes que, materialmente falando, 
produzem ou fazem circular bens e serviços, e o fazem em nome do 
empregador. (esses dois não são os mais importantes). 
 Monopólio das informações – Por ser um profissional, o empresário deve 
deter as informações que dizem respeito ao mercado, especialmente as 
que dizem respeito a: 
A - Condições de uso 
B - Qualidade 
C - Insumos empregados 
 
 
13 
 
D - Defeitos de fabricação 
E - Riscos potenciais à saúde ou à vida dos consumidores. 
 
4.3.1 Atividade 
Se empresário é o exercente profissional de uma atividade econômica 
organizada, então empresa é uma atividade; a de produção ou circulação de bens ou 
serviços. Assim, erroneamente falamos a empresa faliu, ou a empresa importou cetras 
mercadorias. 
Empresa = Atividade 
Empresário = Sujeito de direito que explora a empresa 
Estabelecimento empresarial – Local onde é desenvolvida a atividade 
empresarial 
Sociedade – Modo de administração da empresa (atividade) pelos sócios. 
Empreendimento – Quando se referir à atividade, pode-se usar o termo 
empresa como sinônimo de empreendimento. 
A atividade empresarial é econômica no sentido de que busca gerar lucro para 
quem a explora. 
Nem sempre a atividade empresarial visa o lucro. 
Há casos em que o lucro é meio e não fim, como exemplo tem os religiosos que 
prestam serviços educacionais (escolas ou universidades). 
A empresa é atividade organizada no sentido de que nela se encontram 
articulada, pelo empresário, os quatro fatores de produção: Capital, Mão-de-obra, 
Insumos e tecnologia. 
Não é empresário quem explora atividade de produção ou circulação de bens 
ou serviços, sem alguns desses fatores 
Ex: O comerciante de perfumes que leva ele mesmo a sacola e vai até as 
residências, ou locais de trabalho das pessoas, explora atividade de circulação de 
bens, fazendo com intuito de lucro, habitualidade e em nome próprio, mas não é 
empresário, pois não contrata empregado e não organiza mão-de-obra. 
Obs: A tecnologia não precisa ser de ponta, pois vai variar de acordo com o 
ramo da atividade empresarial, devendo o empresário conhecer o produto ou serviço 
a ser oferecido. 
 
 
14 
 
4.3.2 Produção de bens ou Serviços 
Produção de bens ou serviços é a fabricação de produtos ou mercadorias. Toda 
a atividade de indústria é, por definição, empresarial. 
Produção de serviços é a prestação de serviços. 
Exemplo de produção de bens: 
- Montadora de veículos 
- Fábrica de eletrodomésticos 
- Confecção de roupas 
Exemplo de produção de serviços: 
- Banco 
- Seguradora 
- Hospital 
- Escola 
- Estacionamento 
- provedor de acesso á internet. 
4.3.3 Circulação de bens ou serviços 
A atividade de circular bens é a do comércio, em sua manifestação originária: 
ir buscar o bem no produtor para trazê-lo ao consumidor. 
É a atividade de intermediação na cadeia de escoamento de mercadorias. 
O conceito de empresário abrange tanto o atacadista, como o varejista, tanto o 
comerciante de insumos quanto o de mercadorias prontas para o consumo 
A circulação de serviços é a intermediação a prestação de serviços. 
A Agência de turismo não presta serviços de transporte aéreo, traslados e 
hospedagem, mas, ao montar um pacote de viagem, os intermedia. 
Bens ou serviços – Bens são corpóreos, enquanto os serviços não têm 
materialidade. 
Comercio eletrônico pela internet, entra como atividade empresarial? Pois a 
prestação de serviços virtuais não tem materialidade na prestação de serviços e nem 
são corpóreos. Mas, doutrinariamente são tidas como atividades empresariais. 
 
 
15 
 
5 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
O empresário pode ser pessoa física ou jurídica. No primeiro caso, denomina-
se empresário individual, no segundo sociedade empresária. 
Para os efeitos legais a sociedade empresária, é a união de pessoas físicas 
que objetivam lucro através de seus esforços. Portanto é a sociedade que é 
empresária e não os sócios. 
- Podem ser: 
a- Empreendedores – Além do capital, costumam devotar trabalho à pessoa 
jurídica na condição de seus administradores, ou as controlam. 
b- Investidores – Limita-se a aportar capital. 
 
As regras que se aplicam ao empresário individual não se aplicam aos sócios 
de sociedade empresária. 
O empresário individual não explora atividade economicamente importante, 
pois negócios vultosos envolvem grandes investimentos. 
O risco de insucesso é inerente ao empreendimento, e deve ser proporcional 
ao tamanho do negócio. 
Atividades de maior envergadura econômica são exploradas por sociedades 
empresárias anônimas ou limitadas, que são tipos societários que melhor viabilizam a 
conjugação de capitais e limitação de perdas. 
Aos empresários individuais sobram os negócios rudimentares e marginais, 
muitas vezes ambulantes. 
Dedicam-se as atividades como varejo de produtos estrangeirosadquiridos em 
zonas francas (sacoleiros), confecção de bijuterias, de doces para restaurantes ou 
bufês, quiosques de miudezas em locais públicos, bancas de frutas ou pastelarias em 
feiras semanais, etc. 
Em relação às pessoas físicas, o exercício de atividade empresarial é vedado 
em duas hipóteses: 
a- Proteção da pessoa no que diz respeito à sua capacidade (CCB – arts. 972, 
974 a 976). 
b- Proteção de terceiros e se manifesta em proibições ao exercício da empresa 
(CCB – art. 973). 
 
 
16 
 
Para ser empresário individual, a pessoa deve encontrar-se em pleno gozo de 
sua capacidade civil. 
Não tem capacidade para exercer empresa: 
a- Menor de 18 anos não emancipados 
b- Ébrios habituais 
c- Viciados em tóxicos 
d- Deficientes mentais 
e- Excepcionais 
f- Pródigos 
g- Índios, nos termos da legislação própria. 
O menor emancipado (por outorga dos pais, casamento, nomeação para 
emprego público efetivo, estabelecimento econômico por conta própria, obtenção de 
grau em curso superior), por se encontrar em pleno gozo de sua capacidade jurídica 
pode exercer empresa como o maior. 
No interesse do incapaz, prevê a lei, hipótese excepcional de exercício da 
empresa: 
- Autorizado pelo Juiz (por alvará), só poderá ser concedida aos incapazes que 
constituíram suas empresas, enquanto ainda incapaz. 
- Quando for constituída, a empresa, pelos pais do incapaz ou de pessoa que 
o incapaz é o sucessor. 
- Não há previsão legal para o juiz autorizar o incapaz a dar início a novo 
empreendimento. 
O exercício da empresa por incapaz autorizado é feito mediante representação 
(se absoluta a incapacidade) ou assistência (se relativa). 
Se o representante ou assistente for ou estiver proibido de exercer empresa, 
nomeia-se, com aprovação do juiz, um gerente. 
Mesmo que não se faça necessário, se o juiz julgar necessário, poderá nomear 
um gerente no interesse do incapaz. 
Pode ser revogada a qualquer tempo, ouvidos os pais, tutores ou 
representantes legais do menor ou do interdito. 
A revogação não prejudicará os interesses de terceiros (consumidores, 
empregados, fisco, fornecedores, etc.) 
 
 
17 
 
Os bens que o empresário incapaz possuía, ao tempo da autorização não 
respondem pelas obrigações decorrentes da atividade empresarial exercida durante 
o prazo da autorização. 
6 PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO 
Como organizador de atividade empresarial, o empresário necessariamente 
deve contratar mão-de-obra, que é um dos fatores de produção. 
Empregado – Regido pela CLT 
Representante – Vinculado por contrato de prestação de serviços 
Independente da natureza do vínculo contratual mantido com o empresário, 
esses trabalhadores são chamados de prepostos (arts. 1.169 a 1.178) 
Em termos gerais os atos praticados pelos prepostos obrigam o empresário 
preponente. 
O ato de entrar na loja, ser recebido por uma pessoa uniformizada, e com ele 
trata de negócios relativos à qualidade do produto, preço, forma de pagamento, etc. o 
empresário, dono daquele comércio está sendo contratualmente responsabilizado. 
Todos os atos praticados pelo empregado ou funcionário terceirizado, como 
compromissos, pressupostos de lugar e objeto, criam obrigações para o empresário. 
(art. 1.178). 
Os prepostos, respondem por culpa, quando agem em nome do empresário, 
devendo indenizar em regresso ao mesmo. 
Se agirem com dolo, respondem também solidariamente com o empresário ao 
terceiro prejudicado. 
Não pode concorrer (salvo com autorização) com o preponente sob pena de 
responder por perdas e danos. 
O empresário tem o direito de retenção até o limite dos lucros da operação 
econômica irregular do preposto, configurando também o crime de concorrência 
desleal. 
Pelo CCB de 2002, dois prepostos têm sua atuação referida especificamente: 
- Gerente – Funcionário com chefia, encarregado da organização do trabalho 
num certo estabelecimento. 
 
 
18 
 
Os poderes podem ser limitados por ato escrito do empresário, devendo ser 
inscrito na junta comercial. 
Não havendo limitação expressa, o gerente responsabiliza o preponente em 
todos os seus atos e pode, inclusive, atuar em juízo pelas obrigações resultantes do 
exercício de sua função. 
- Contabilista – É o responsável pela escrituração dos livros do empresário. 
Só nas grandes empresas este preposto costuma ser empregado. 
Nas pequenas e médias, mantém vínculo contratual de prestação de serviços. 
OBS: Entre o gerente e o contabilista há duas diferenças além das funções e 
responsabilidades: 
- Enquanto a função do gerente é facultativa, a do contabilista é obrigatória. 
- Qualquer pessoa pode ser gerente, mas contabilista deve ser 
obrigatoriamente inscrito no órgão profissional, como contador ou técnico em 
contabilidade. 
7 REGIME JURÍDICO DA LIVRE INICIATIVA 
7.1 Pressupostos constitucionais do regime jurídico-comercial 
A função do Estado na exploração das atividades econômicas é supletiva, 
deixando aos particulares o papel primordial. (art. 170 CF) 
A exploração econômica por parte do Estado, só ocorre em dois casos (art. 173 
CF): 
- Segurança nacional 
- Relevante interesse coletivo 
Estes são pressupostos constitucionais do regime jurídico-comercial. 
Ao atribuir tal condição aos particulares à Constituição é possível uma previsão 
sob o ponto de vista jurídico de regime específico pertinente às obrigações do 
empreendedor privado. 
O regime capitalista reserva ao particular a primazia na produção, porém, deve 
cuidar para que ele possa desincumbir-se, plenamente dessa tarefa. 
Caso não existisse regime jurídico à produção de bens, a sociedade ficaria 
estagnada da produção dos mesmos. 
 
 
19 
 
É pressuposto de um ordenamento jurídico comercial, uma Constituição que 
adote princípios do liberalismo ou de uma vertente neoliberal, no regramento da ordem 
econômica. 
Sem um regime econômico de livre iniciativa, de livre competição, não há direito 
comercial. 
Ao nível da legislação complementar, o direito comercial, procura garantir a livre 
iniciativa e a livre competição através da repressão ao abuso do poder econômico e à 
concorrência desleal. 
7.2 Proteção da Ordem Econômica e da Concorrência 
O legislador, em consonância com as regras de um regime econômico 
neoliberal, estabeleceu mecanismos de amparo à liberdade de competição e iniciativa. 
Estes mecanismos, basicamente, configuram a coibição de práticas 
empresariais incompatíveis com o referido regime, as quais se encontram agrupadas 
em duas categorias: 
- Infração à ordem econômica 
- Concorrência desleal 
7.3 Abuso do Poder Econômico 
As infrações à ordem econômica (ou abuso de poder econômico) estão 
definidas na Lei nº 8.884/94 (LIOE). 
Para ficar caracterizado o abuso de poder econômico, deve ocorrer duas 
situações: 
- O Art. 20 prevê o objetivo ou efeitos possíveis da prática empresarial ilícita 
- O art. 21 elenca diversas hipóteses em que a infração pode ocorrer. São elas: 
Limitar, falsear, prejudicar a livre concorrência ou livre iniciativa. 
Dominar mercado relevante de bens ou serviços 
Aumentar arbitrariamente os lucros 
O ato deve ferir ao art. 20, portanto há atos que são praticados que não são 
considerados ilícitos infracionais. 
Ex: Franquear ingresso em cinema na data do aniversário da pessoa. 
 
 
20 
 
É irrelevante a culpa ou não do empresário 
As infrações aos artigos referidos ensejam repressão de natureza 
administrativa, para a qual compete ao CADE (Conselho Administrativo de Defesa 
Econômica), autarquia federal vinculada ao Ministério da Justiça. 
O CADE será auxiliado pela Secretaria de Direito Econômico (SDE) do MJ, com 
competência para a realização das averiguações preliminares e a instrução do 
processo administrativo. 
Prevê a Lei as seguintes sanções administrativas: 
Multa 
Publicação pela imprensa da decisão condenatória 
Proibição de contratar com o Poder Público ou com Instituições Financeiras 
oficiaisInscrição no Cadastro Nacional de defesa do consumidor 
Recomendação de licenciamento obrigatório de patente titularizada pelo 
infrator. 
Negativa de parcelamento de tributos e de cancelamento benefícios fiscais. 
Determinação de atos societários, como cisão ou transferência de controle 
compulsório. 
As decisões administrativas tomadas pelo CADE, são títulos executivos 
extrajudiciais, e comportam execução judicial específica, quando impõem obrigação 
de fazer e de não fazer, podendo o Juiz decretar a intervenção na empresa. 
Os referidos órgãos atuam também em caráter preventivo, validando contratos 
entre particulares que possam limitar ou reduzir a concorrência. 
Paralelamente ao CADE e a SDE, a Lei 8.137/90, tipifica algumas práticas 
empresariais como crime de ordem econômica. Arts. 4º e 6º. 
7.4 Concorrência desleal 
A repressão à concorrência desleal é feita em dois níveis pelo direito: 
- Na área do direito penal, a lei tipifica como crime de concorrência desleal no 
art. 195 da LPI (Lei de Propriedade Industrial – 9.279/96) 
Exemplos: 
 
 
21 
 
- Publicar falsa afirmação em detrimento de concorrente, com objetivo de obter 
vantagem. 
- Empregar meio fraudulento para desviar, em seu proveito ou de terceiro, a 
clientela de certo comerciante. 
- Dar ou prometer dinheiro a empregado de concorrente para que este 
proporcione vantagem, faltando a dever do empregado. 
No plano civil, a repressão à concorrência desleal pode ter fundamento 
contratual ou extracontratual. 
Com fundamento contratual, o concorrente desleal deve indenizar o empresário 
prejudicado, por ter descumprido a obrigação decorrente de contrato entre eles. 
Com o CCB de 2002, na omissão de contrato, o alienante de estabelecimento 
empresarial não pode restabelecer-se na mesma praça, concorrendo com o 
adquirente, no prazo de 5 (cinco) anos seguintes ao negócio. 
A pena para quem infringir essa regra civil é a de ser obrigado a cessar suas 
atividades e indenizar a outra parte pelos danos provenientes do desvio de clientela 
sobrevindo durante o período de restabelecimento (art. 1.147). 
O problema está na composição da reparação do dano quando se funda na 
concorrência desleal extracontratual. 
Quando ocorre a responsabilidade penal, em decorrência, também ocorre à 
reparação do dano civil. 
A própria lei (LPI), em seu art. 209, indica que o empresário, além de ter que 
reparar danos tipificados, também prevê a mesma reparação para danos não 
tipificados como crimes tendentes a prejudicar a reputação ou os negócios alheios, 
criar confusão entre estabelecimentos comerciais ou entre produtos. 
A teoria clássica da responsabilidade civil, baseada na culpa, não confere 
solução satisfatória para a aplicação desse dispositivo legal. 
A confusão formada é que todo empresário tem intenção de atrair clientela ao 
seu estabelecimento, provocando com isso, dano aos demais empresários do mesmo 
setor. 
A concorrência regular e a desleal, reúnem elementos da teoria clássica da 
responsabilidade civil (dolo, dano e relação causal). Contudo só a desleal pode gerar 
responsabilidade civil. 
 
 
22 
 
A distinção entre concorrência desleal e a regular é bastante imprecisa e 
depende de uma apreciação especial e subjetiva das relações costumeiras entre os 
empresários, pois não há critério geral e objetivo para a caracterização da 
concorrência desleal não criminosa. 
4.3.4 Proibidos de exercer empresa 
 A incapacidade jurídica é o principal obstáculo ao exercício da empresa. 
 Os plenamente capazes para a prática dos atos e negócios jurídicos, nos casos 
de incapacidade jurídica, são proibidos de exercer a empresa. 
 A CF em seu art. 5º, XIII estabelece a previsão em lei ordinária das proibições 
ao exercício da empresa. 
 O principal caso de proibição é o do falido não reabilitado. 
 A quebra e a reabilitação devem ser decretadas pelo juiz 
 Se a falência não foi fraudulenta basta à declaração de extinção das obrigações 
para considerar-se reabilitado. 
 Se a falência, porém, foi fraudulenta, além da declaração da extinção das 
obrigações, o falido também tem que provar sua reabilitação penal. 
 O direito comercial proíbe o exercício de empresa também àqueles que foram 
condenados pela prática de crime cuja pena vede o acesso à atividade 
empresarial. 
 O art. 35, II da LRE (Lei de Registro de Empresas 8.934/94) determina que se 
da pena aplicada, decorrer a pena de vedação do exercício do comércio a junta 
comercial não poderá arquivar ato constitutivo de empresas, individual ou 
societária. 
 Uma vez concedida à reabilitação, cessa a proibição. 
 Outra proibição diz respeito a leiloeiro. 
 Os demais casos interessam indiretamente ao direito comercial, pois são 
previsões localizadas em outros campos do direito, mais precisamente no 
direito público. 
 Os funcionários públicos não podem exercer atividade empresarial para evitar 
que eles se ocupem de outra atividade, senão, a atividade pertinente a seu 
cargo ou função pública. 
 
 
23 
 
 No direito aeronáutico, os serviços de transporte aéreo doméstico são 
reservados às pessoas jurídicas brasileiras. 
 No direito constitucional, também encontramos vedações ao exercício de 
empresa, como por exemplo, a assistência à saúde, que é vedada a empresas 
com capitais estrangeiros, salvo nas exceções legais (CF, art. 199 § 3º). 
 Aos devedores do INSS, também encontramos vedação ao exercício da 
empresa. 
 Ao impedido que exerça empresa, não observando as vedações, incorre em 
sanções de ordem administrativa e penal. 
 Quanto às obrigações, não pode o proibido alegar proibição do exercício da 
atividade para se livrar de vínculo contratual obrigacional, e nem aquele que 
assume obrigações com ele. 
A diferença entre a incapacidade para o exercício de empresa e os proibidos 
de exercer o comércio é: 
- A primeira é o estabelecimento da proteção do próprio incapaz, afastando-
o dos riscos inerentes à atividade econômica. 
- A segunda está relacionada com tutela de interesse público ou mesmo das 
pessoas que se relacionam com interesse do empresário. 
8 MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE 
O Poder Público dispensa tratamento diferenciado às microempresas e às 
empresas de pequeno porte, no sentido de simplificar o atendimento às obrigações 
administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, podendo a lei, inclusive, 
reduzir ou eliminar tais obrigações. 
O objetivo dessa norma é o de incentivar tais empresas, criando as condições 
para o seu desenvolvimento. 
Em cumprimento ao art. 179 da Constituição Federal, editou-se a Lei nº 
9.841/99 (Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte). 
Microempresa = receita bruta anual de até R$ 240.000,00 (Duzentos e 
Quarenta Mil Reais). 
Empresa de Pequeno Porte = receita bruta anual entre R$ 240.000,00 e R$ 
2.400.000,00. 
 
 
24 
 
Esses valores são periodicamente atualizados pelo Poder Executivo. 
Os empresários individuais ou as sociedades empresárias poderão solicitar o 
enquadramento mediante simples comunicação solicitando inscrição no registro 
especial. 
A partir do arquivamento da inscrição deverão acrescer ao seu nome as 
expressões Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte, ou, as abreviaturas “ME” 
ou “EPP”. 
As vantagens com a inscrição nessas modalidades de empresas são: 
Eliminação de exigências burocráticas no campo trabalhista e previdenciário 
Direito a condições favorecidas no acesso ao crédito bancário. 
O Poder Executivo deve estabelecer incentivos fiscais e financeiros, de forma 
simplificada e descentralizada para proporcionar o seu desenvolvimento. 
Em 1996, com a Lei nº 9.317 foi criado o SIMPLES (Sistema Integrado de 
Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno 
Porte). 
Estabelece a referida Lei o pagamento mediante único recolhimento de 
diversos tributos (IR, PIS, IPI, contribuições e, eventualmente,o ICMS e o ISS) 
proporcional ao seu faturamento. 
O conceito de receita bruta anual é sinônimo de faturamento e considera como 
tal todos os ingressos derivados do exercício da atividade comercial ou econômica. 
A escrituração contábil é específica e abrange dois livros: O caixa e o registro 
de inventário. 
9 REGISTRO DE EMPRESA 
9.1 Orgão de registro de empresa 
Uma das obrigações do empresário, isto é, do exercente de atividade 
econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços é a de 
inscrever-se no Registro das Empresas, antes de dar início à exploração de seu 
negócio (CCB. art. 967) 
O registro de empresa está estruturado de acordo com a Lei 8.934/94 LRE (Lei 
de registro de Empresas). 
 
 
25 
 
Esta Lei dispõe sobre o registro público de empresas mercantis e atividades 
afins. 
Funciona por um sistema integrado de dois níveis diferentes: 
- Federal – Departamento Nacional do Registro do Comércio. 
- Estadual – Junta Comercial 
Essa repartição vincula hierarquicamente seus órgãos, variando em função da 
matéria. 
O DNRC integra o Ministério do desenvolvimento, Indústria e Comércio 
Exterior, e entre suas atribuições, estão as seguintes: 
Supervisionar e coordenar a execução do registro de empresa, expedindo, para 
esse fim, as normas e instruções necessárias, dirigidas às juntas comerciais de todo 
o País. 
Orientar e fiscalizar juntas comerciais, zelando pela regularidade na execução 
do registro de empresa. (caso suas instruções não sejam atendidas, caberá 
representação junto às autoridades administrativas competentes, como Secretário de 
Estado ou até mesmo o Governador). 
Promover ou providenciar medidas correcionais do Registro de Empresa. 
(somente poderá ocorrer se resultar positiva a interferência apresentada à autoridade 
estadual, concordando que a correção se faça pelo órgão federal). 
A atuação do DNRC é supletiva por força do princípio constitucional federativo. 
Organizar e manter atualizado o Cadastro Nacional das empresas mercantis. 
Esse cadastro não tem efeitos registrários. 
Não supre o registro da Junta Comercial para fins de regularidade do exercício 
do comércio. 
É um simples banco de dados que serve de subsídio à política econômica 
federal. 
É competência de o DNRC fixar diretrizes gerais para a prática dos atos 
registrários, pelas juntas comerciais, acompanhando a sua aplicação e corrigindo 
distorções. 
Às Juntas comerciais, órgão da administração estadual cabe à execução do 
registro de empresa além de outras atribuições legalmente estabelecidas. E 
destacam-se entre suas funções, as seguintes: 
Assentamento dos usos e práticas mercantis. 
 
 
26 
 
O comércio rege-se também por normas consuetudinárias, cuja compilação é 
da Junta Comercial. 
Na forma do seu regimento interno, o assentamento deve ser precedido de 
ampla discussão no meio empresarial e análise de sua adequação à ordem jurídica 
vigente, pela Procuradoria. 
Serve como início de prova através de certidão, a quem interessar o 
assentamento desses usos e práticas. 
Habilitação e nomeação de tradutores públicos e intérpretes comerciais. 
Cabe a Junta exercer o poder disciplinar e estabelecer o código de ética da 
atividade e controlar o exercício da profissão. 
Expedição da carteira de exercício profissional de empresário e demais 
pessoas legalmente inscritas no registro de empresa. 
A Junta Comercial é subordinada hierarquicamente de forma híbrida: 
- deve reportar-se ao DNRC quando a matéria for técnica. 
- Deve reportar-se ao Estado quando a matéria for de ordem administrativa. 
Assim, não pode o governador do Estado expedir decreto referente a registro 
de sociedade comercial. 
Não pode também o DNRC interferir em questões de funcionalismo ou de 
dotação orçamentária da junta. 
Se a matéria se tratar de questão de Direito Comercial é ao DNRC que deve se 
reportar a Junta. 
Se a questão é de matéria de direito administrativo ou de direito financeiro, diz 
respeito ao Poder Executivo estadual. 
O prejudicado pela ilegalidade no ato registral na junta, poderá recorrer ao 
judiciário. 
A Justiça competente para apreciar a validade dos atos da junta comercial é a 
Estadual. 
Se se tratar de mandado de Segurança contra ato pertinente ao registro das 
empresas, hipótese em que a Junta age por orientação do DNRC, a competência é 
da Justiça Federal. (CF art. 109, VIII). 
 
 
27 
 
9.2 Atos de registro de empresa 
São três os atos: Matrícula, Arquivamento e Autenticação 
Matrícula é o ato de inscrição dos tradutores públicos, intérpretes comerciais, 
leiloeiros, trapicheiros e administradores de armazéns gerais. São profissionais que 
desenvolvem atividades paracomerciais. 
Os dois primeiros além de matriculados, são também habilitados e nomeados, 
os três últimos são apenas matriculados. 
O arquivamento é pertinente à inscrição do empresário individual, isto é, do 
empresário que exerce sua atividade econômica como pessoa física, bem como à 
constituição, dissolução e alteração contratual das sociedades comerciais. 
O CCB determina que os atos modificativos da inscrição do empresário sejam 
averbados à margem desta (art. 968, § 1º). A Averbação é uma espécie de 
arquivamento. 
Também são arquivados os atos de registro das Cooperativas, dos Consórcios 
de empresas, grupos de Sociedades, Empresas Mercantis Estrangeiras autorizadas 
a funcionar no Brasil, Microempresas e empresas de Pequeno Porte. 
Autenticação está ligada aos denominados instrumentos de escrituração, que 
são os livros comerciais e as fichas escriturais. 
É requisito de regularidade do documento, pois se configura como validade de 
escrituração mercantil. 
 
9.2.1 Processo decisório de registro de empresa 
Prevê a lei dois regimes de execução do registro de empresa: 
- Decisão Colegiada 
- Singular (arts. 41 e 42 LRE). 
Pela decisão colegiada ocorre o arquivamento de autos relacionados com a 
sociedade anônima, tais como estatutos, as atas de assembléia geral, do conselho de 
administração etc. 
Nesse mesmo regime se enquadra o arquivamento da transformação, 
incorporação, fusão e cisão de sociedade comercial de qualquer tipo. 
 
 
28 
 
Também pela decisão colegiada ocorrem os mesmos atos acima quanto a 
consórcio de empresas ou grupo de sociedade. 
As Juntas comerciais possuem dois órgãos colegiados: 
- Plenário 
- Turmas 
Em plenário os vogais (no mínimo 11 e no máximo23), que, excluídos o 
Presidente e o Vice-Presidente, serão distribuídos, em sessão inaugural do órgão, em 
turmas de 3 membros cada que deliberam por maioria. 
O prazo para decisão colegiada é de 10 dias, findos os quais poderão os 
interessados requerer o arquivamento independente de deliberação. 
No regime de deliberação singular, compreende a matrícula, a autenticação e 
todos os demais arquivamentos. 
Ex: Contrato social de sociedade limitada, alteração contratual desta 
sociedade, inscrição de empresário individual. 
É o Presidente quem determina a prática de ato registral de forma singular e 
pode ser designado um vogal à escolha do mesmo (presidente). 
Pode também recair ao funcionário público do órgão que tenha conhecimentos 
comprovados de direito comercial e de registro de empresa. 
O Prazo para decisão singular é de 3 dias. 
O Julgamento de recurso dos atos praticados pela Junta sempre se faz pelo 
regime de decisão colegiada, ainda que o ato tenha sido praticado em outro regime. 
A Instância competente para apreciar recursos é o Plenário. 
9.3 Inatividade da empresa 
O empresário individual e a sociedade empresária que não procederem a 
qualquer arquivamento no período de 10 anos devem comunicar à Junta que ainda se 
encontram em atividade. (art. 60 LRE). 
Se não o fizerem serão considerados inativos. 
A inatividade autoriza a Junta a proceder ao cancelamento do registro e a 
consequente perda da proteção do nome empresarial pelo titular inativo. 
A Junta deve comunicar aoempresário, previamente, acerca da possibilidade 
do cancelamento, podendo fazê-lo por edital. 
 
 
29 
 
Se atendida à comunicação desfaz-se a inatividade. 
Caso não seja atendida, efetua-se o cancelamento do registro, informando-se 
ao fisco. 
Se no futuro o empresário resolver reativar o registro, deverá obedecer aos 
mesmos procedimentos relacionados com a constituição de uma nova empresa. 
Após o cancelamento, ele não tem do direito de reivindicar o mesmo nome 
empresarial anteriormente adotado, caso tenha sido registrado por outro empresário. 
Do cancelamento não decorre a dissolução da sociedade. 
Decorre apenas a irregularidade no seu funcionamento. 
A consequência é o exercício irregular da atividade empresarial. 
9.4 Empresário irregular 
O Empresário não registrado não pode usufruir de benefícios que o direito 
comercial libera a seu favor e contra ele vão as seguintes restrições quando se tratar 
de exercente individual da empresa: 
Não tem legitimidade ativa para o pedido de falência de seu devedor. (Somente 
o empresário inscrito na JC, tem esta condição desde que comprove a inscrição). 
Porém, ele pode ter sua falência requerida e pode requerer a sua própria falência. 
Não tem legitimidade ativa para requerer recuperação judicial, pois a lei dá 
como condição a inscrição para ter acesso a esse favor legal. 
Não pode ter seus livros autenticados no registro de empresa, não podendo 
usá-los como eficácia probatória em prováveis ou futuros processos, devendo, se 
decretada a sua falência, ser esta fraudulenta. 
Quando se tratar de sociedade empresária, além dessas consequências, 
também será imposta as do art. 990 do CCB, onde os sócios respondem solidária e 
ilimitadamente, respondendo diretamente aquele que, dentre eles, administrou a 
sociedade. 
Além dessas consequências, ainda temos os seguintes efeitos secundários: 
Impossibilidade de participar de licitações nas modalidades de concorrência 
pública e tomada de preço. 
Impossibilidade de inscrição em cadastros fiscais 
 
 
30 
 
Ausência de matrícula junto ao INSS, que incorre em multa e na hipótese de 
sociedade comercial a proibição de contratar com o poder público. 
9.5 Obrigações Comuns A Todos Os Empresários 
Todos os empresários estão sujeitos às três seguintes obrigações: 
- Registrar-se no Registro de Empresa antes de iniciar suas atividades 
- Escriturar regularmente os livros obrigatórios (art. 967 CCB) 
- Levantar balanço patrimonial e de resultado econômico a cada ano (art. 1.179 
CCB). 
9.6 Espécies de Livros Empresariais 
Existe apenas uma categoria de empresários que se encontra dispensada de 
escriturar os livros obrigatórios: é a dos microempresários e empresários de pequeno 
porte, pois são optantes pelos SIMPLES. (arts. 970 e 1.179 § 2º CCB). 
Apesar da dispensa eles têm que ter registros obrigatoriamente em livros caixa 
e Registro de Inventário. 
A dispensa ocorre em virtude da opção pelo regime tributário diferenciado do 
SIMPLES, que permite o recolhimento de diversos impostos e contribuições mediante 
um único pagamento mensal. 
A escrituração é obrigatória, porém com grau de simplificação. 
Livros empresariais são aqueles cuja escrituração é obrigatória ou facultativa 
ao empresário, em virtude da legislação especial. 
Além destes, o empresário é obrigado a escriturar outros livros, não mais por 
causa do direito comercial, mas, sim, por força de legislação de natureza tributária, 
trabalhista ou previdenciária. 
Livros empresariais são de duas espécies: 
- Obrigatórios – São aqueles cuja escrituração é imposta ao empresário; a sua 
ausência por isso, traz consequências sancionadoras (inclusive no campo penal). 
- Facultativos – São os livros que o empresário escritura com vistas a um 
melhor controle sobre os seus negócios e cuja ausência não importa nenhuma 
sanção. 
 
 
31 
 
Sendo obrigatórios os livros empresariais se dividem em duas categorias: 
Comuns e Especiais. 
- Comuns são os livros obrigatórios cuja escrituração é imposta a todos os 
empresários, indistintamente. 
- Especiais são todos aqueles cuja escrituração é imposta apenas a uma 
determinada categoria de exercentes de atividade empresarial. 
No direito comercial há apenas um (1) livro comercial obrigatório comum, que 
é o Diário, por força do art. 1.180 do CCB. 
O Diário é obrigatório aos empresários, independente da natureza da atividade 
econômica que exploram, do tipo de sociedade adotado. 
Na categoria de livros obrigatórios especiais, a relação completa dos livros 
desta categoria é bastante extensa e variada. Como exemplo temos: 
- Livros especiais de banco, leiloeiro, corretores navais, registro de duplicatas, 
Entrada e saída de mercadorias, registro de ações nominativas, atas de assembléias 
gerais, presença de acionistas, etc. 
Entre os livros facultativos, que não são muito usados, podem-se citar o Caixa 
e o Conta Corrente. 
O empresário pode criar instrumentos de registro contábil novos, de acordo 
com suas necessidades gerenciais,os quais integrarão, sem dúvida, a categoria de 
livros empresariais facultativos. 
9.7 Exibição Judicial e Eficácia Probatória dos Livros 
Os livros comerciais, em tese, gozam da proteção do princípio do sigilo, 
conforme art. 1.190 do CCB. 
A exibição de livros empresariais em juízo por isso não pode ser feita por 
simples vontade das partes ou por decisão do juiz, senão em determinadas hipóteses 
da lei. 
Em primeiro lugar deve-se distinguir a exibição parcial da exibição total. 
A parcial se destina a garantir o princípio do sigilo, resguardando da curiosidade 
alheia as partes da escrituração mercantil que não interessam a certa demanda 
judicial, além de, é claro não dificultar a sua elaboração e utilização. 
 
 
32 
 
Na exibição parcial o que se faz é uma extração da suma que interessa ao juízo 
e restituição imediata do livro ao empresário. 
Já a exibição total dos livros pode importar sua retenção em cartório durante 
todo o andamento da ação, não se assegurando o sigilo de seus dados e dificultando 
a sua utilização e escrituração pelo empresário. 
Assim, a exibição total dos livros comerciais só pode ser determinada pelo juiz, 
a requerimento da parte, em apenas algumas ações, como por exemplo: 
- Ações relativas à sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou 
gestão à conta de outrem ou falência. 
A exibição parcial pode ser decretada de ofício ou a requerimento da parte, em 
qualquer ação judicial, sempre que útil à solução da demanda. 
Somente na falência pode o juiz determinar de ofício a exibição total dos livros. 
A exibição tem força probante conforme os arts. 378 e 379 do CPC, ou seja, o 
livro empresarial prova contra seu titular, sendo-lhe permitido demonstrar por outros 
meios probatórios a inveracidade dos dados contábeis que lhes são desfavoráveis. 
A restrição da exibição à parte interessada ou ao juiz, não vale para as 
autoridades administrativas, garantindo o legislador a certos funcionários públicos 
irrestritos acesso à escrituração mercantil. 
9.8 Balanços Anuais 
Há obrigação de levantar, anualmente, dois balanços 
- O Balanço patrimonial, demonstrando o ativo e o passivo, compreendendo 
todos os bens, créditos e débitos. 
- O Balanço de resultado econômico, demonstrando a conta dos lucros e 
perdas. 
É imposta a todos os empresários, pessoas físicas ou jurídicas (CC, art.1.179, 
in fine). 
A esta obrigação não pode furtar-se nenhum empresário, exceto o 
microempresário e o de pequeno porte. 
Há empresários obrigados a levantar balanço e outros demonstrativos em 
período mais breve que o anual (como as instituições financeiras que, em virtude do 
contido no art. 31 da LRB, devem fazê-lo semestralmente. 
 
 
33 
 
A Lei de Falências, no art. 178, define como crime falimentar a inexistência dos 
documentos de escrituração contábil obrigatórios, entre os quais se incluem os 
balanços patrimoniais e de resultadoeconômico. 
Assim, incorrem em conduta criminosa o empresário e os representantes legais 
das sociedades empresarias caso venha a ser decretada a sua falência se os 
balanços anuais não tinham sido levantados, escriturados e autenticados pelo 
Registro do Comercio. 
A obrigação de levantamento anual de balanço, dessa forma, traz ao 
empresário que a descumpre e vem a falir, requer a recuperação judicial ou 
homologação da recuperação extrajudicial, a sanção penal do art.178 da LF. 
Além de afastar a conduta criminosa, o cumprimento dessa obrigação traz 
benefícios ou evita prejuízos para o empresário. 
Por exemplo: 
a) as sociedades anônimas estão sujeitas a regime próprio sobre 
demonstrações financeiras, que incluem o balanço patrimonial (LSA, arts. 178 a 184) 
e o demonstrativo de resultado do exercício (Art.187), e a ausência de seu 
levantamento acarreta responsabilidades dos administradores; 
b) a legislação tributária sobre imposto de renda sujeita determinadas 
categorias de empresários contribuintes ao dever de elaboração de balanços 
periódicos; 
c) o acesso ao credito bancário tem sido condicionado à apresentação dos 
balanços regularmente elaborados, de modo a restar fechado o acesso ao credito 
bancário aos empresários que não os possuam; 
d) a participação em licitações públicas depende de comprovação da 
regularidade economic0-financeira, feita inclusive através da representação de 
balanços (Lei n> 8.666/93, art. 31,I). 
10 ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 
CONCEITO (ART. 1.142) 
“Considera-se estabelecimento todo o complexo de bens organizado, 
para o exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”. 
É o complexo de bens de natureza variada: 
 
 
34 
 
- Materiais ( mercadorias, máquinas, imóveis, veículos, equipamentos etc.) 
- Imateriais (marcas, patentes, tecnologia, ponto, etc) 
Devem ser reunidos e organizados pelo empresário ou pela sociedade 
empresária, por serem necessários e úteis ao desenvolvimento e exploração de sua 
atividade econômica, ou melhor, ao exercício da empresa. 
É elemento essencial a empresa 
Não existe atividade empresarial sem que antes se organize um 
estabelecimento. 
10.1 Estabelecimento como Objeto de Direitos e de Negócios Jurídicos (Art. 
1.143) 
“Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios 
jurídicos translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua 
natureza”. 
Tal ocorre por integrar o patrimônio do empresário e da sociedade empresária, 
sendo, portanto, uma garantia aos seus credores. 
Pode constituir objeto de negócios jurídicos efetivados pelo empresário ou pela 
sociedade empresária, que podem dela dispor livremente, atendendo a certos 
requisitos: 
 Trespasse 
 Permuta 
 Dação em pagamento 
 Doação 
 Arrendamento ou locação 
 Usufruto 
 Comodato 
 Sucessão falencial 
 Sucessão causa mortis 
 
 
35 
 
10.2 Eficácia Erga Ominis de Alienação, Usufruto ou Arrendamento de 
Estabelecimento (Art. 1.144) 
Se o estabelecimento empresarial for objeto de contrato que vise aliena-lo, dá-
lo em usufruto ou arrenda-lo, esse negócio jurídico apenas produzirá efeitos em 
relação a terceiros depois de sua averbação à margem da inscrição do empresário na 
Junta e na Imprensa Oficial. 
10.3 Trespasse ou Alienação do Estabelecimento Empresarial (Art. 1.145). 
Trespasse é o contrato de compra e venda de estabelecimento empresarial, ou 
melhor, do complexo de bens materiais ou imateriais utilizados na exploração da 
atividade econômica. 
Com ele o estabelecimento passa a integrar o patrimônio do adquirente, 
consequentemente será preciso tutelar os interesses dos credores. 
Se o empresário ou a sociedade não possuir bens para cobrir seu passivo, só 
poderá alienar eficazmente seu estabelecimento se: 
Pagar todos os seus credores 
Obter o consentimento expresso ou tácito, de seus credores, dentro do prazo 
de 30 dias, contado da notificação que lhes fez daquela sua pretensão. 
Os credores podem opor-se ao trespasse se o preço não for suficiente para 
cobrir as dívidas sociais. 
A não obediência poderá incorrer em falência, sendo a venda ineficaz perante 
a massa falida. 
O estabelecimento poderá ser reivindicado em favor da coletividade dos 
credores, prejudicando o adquirente. 
O adquirente que não provar solvência do alienante ou anuência dos credores, 
poderá perder o estabelecimento para a massa falida. 
10.4 Responsabilidade do Adquirente do Estabelecimento (Art. 1.146) 
Ocorrida à alienação ou trespasse do estabelecimento, o seu adquirente 
sucederá o passivo do alienante. 
 
 
36 
 
Será responsável pelo pagamento dos débitos pendentes, anteriores à 
transferência, ligados àquele estabelecimento, desde que estejam regularmente 
contabilizados. 
Deve-se arrolar dívidas sociais, os credores e os valores correspondentes, mas 
o alienante continuará, quanto aos créditos vencidos, responsável solidariamente, 
pelo prazo de 01 (um) ano contados da publicação do ato de arquivamento. 
Quanto aos créditos vincendos, por igual lapso temporal a partir da data do 
vencimento do título correspondente. 
O alienante (devedor primitivo) poderá, portanto, ser demandado pelo credor. 
10.5 Publicação de Concorrência (Parágrafo Único) 
Para proteção do estabelecimento empresarial e do ponto, que é um de seus 
elementos essenciais, em função do vulto do empreendimento, do tipo de atividade 
econômica exercida, do perfil da clientela: 
A- O alienante não poderá durante os 5 (cinco) anos subseqüentes à 
transferência, restabelecer-se em idêntico ramo, na mesma praça, para fazer 
concorrência ao adquirente do estabelecimento, a não ser que haja 
autorização expressa. 
B- O locador, ou arrendador, e o locatário, ou arrendatário, por sua vez, também 
não poderão fazer concorrência ao locatário, ou arrendatário, e ao usufrutuário 
do estabelecimento empresarial durante o prazo da vigência dos contratos. 
OBS: O restabelecimento poderá caracterizar enriquecimento indevido, pelo 
desvio de clientela. 
É comum nos contratos de trespasse a inclusão de cláusula de não 
restabelecimento. 
O Empresário ou sociedade alienante não pode ficar impedido de explorar 
atividades não concorrentes. 
Cláusulas que proíbam exercício de qualquer atividade em qualquer local e sem 
restrições temporais serão nulas. 
Poderá o alienante se restabelecer na mesma atividade em local não 
alcançável pelo potencial econômico do antigo estabelecimento. 
 
 
37 
 
10.6 Sub-Rogação Pessoal (Art. 1.148) 
Havendo transferência do estabelecimento empresarial, exceto estipulação em 
sentido contrário, o adquirente sub-rogar-se-á em todos os direitos e deveres do 
alienante nos contratos por ele efetivados para fazer frente à exploração do 
estabelecimento, desde que não tenham caráter pessoal. 
Ressalvando a responsabilidade do alienante e havendo justa causa, terceiros 
poderá rescindir contratos estipulados para o desenvolvimento de atividade 
econômica no prazo de 90 dias da publicação. 
10.7 Cessão de Créditos Relativos ao Estabelecimento Transferido (Art. 1.149) 
Se o alienante veio a ceder os créditos contabilizados no ativo e referentes ao 
estabelecimento transferido, terá eficácia no instante em que a transferência for 
publicada. 
Se algum devedor de boa-fé vier a solver seu débito, pagando-o ao cedente, e 
não ao cessionário, liberado estará de sua obrigação. 
10.8 Nome Empresarial (Art. 1.155) 
É a firma ou denominação social com que o empresário, a sociedade 
empresária, e também, por equiparação, a sociedade simples, a associação e a 
fundação se apresentam no exercício de suas atividades, visto ser seu elemento de 
identificação. 
FIRMA - Só pode ter por base o nome civil do empresário ou os dos sócios, 
que constitui também sua assinatura. 
 DENOMINAÇÃO – Na denominação poder-se-á usar nome civil ou um 
“elemento fantasia”, mas a assinatura, neste último caso, será sempre como 
nome civil, lançado sobre o nome empresarial impresso carimbado. 
10.9 Formação da Firma do Empresário (Art. 1.156) 
O Empresário só poderá adotar firma, baseada em seu nome civil, completo ou 
abreviado, acrescentada ou não, do gênero da atividade econômica por ele exercida. 
 
 
38 
 
Ex: João Antunes Vieira; J.A. Vieira; A. Vieira Jóias. 
9.2.2 Firma social de sociedade com sócios de responsabilidade ilimitada (art. 
1.157) 
Na sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada, apenas os 
nomes civis desses sócios deverão figurar na firma social, visto que ficarão solidária 
e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações contraídas sob a mencionada firma. 
Para a formação dessa firma bastará aditar ao nome civil de um daqueles 
sócios a locução “e companhia” ou sua abreviatura “& CIA”, para fazer referência aos 
sócios dessa categoria. 
10.10 Firma social da sociedade limitada (art. 1.158) 
Se a sociedade limitada usar firma, esta se comporá com o nome civil de um 
ou mais sócios, desde que pessoas físicas, acompanhada, no final, pela palavra 
“LIMITADA” ou sua abreviatura “LTDA”. 
Em casos de omissão, poderá gerar responsabilidade solidária e ilimitada dos 
administradores que efetivarem operações usando a firma. 
DENOMINAÇÃO DE SOCIEDADE LIMITADA – Se houver opção por uma 
denominação social, esta designará o objeto da sociedade, sendo permitido nela 
figurar o nome de um ou mais sócios. 
Deverá conter, no final, a palavra “LIMITADA” ou sua abreviatura “LTDA”, para 
que não haja responsabilidade solidária e ilimitada do administrador que a empregar 
nos negócios empresariais. 
9.2.3 Denominação social de sociedade cooperativa (art. 1.159) 
A sociedade cooperativa deverá adotar denominação integrada pela palavra 
“COOPERATIVA” antes da especificação de sua atividade ou objeto. 
Ex: Cooperativa Agropecuária de Barretos. 
 
 
 
39 
 
9.2.4 Denominação de sociedade anônima (art. 1.160) 
A sociedade Anônima apenas poderá exercer suas atividades sob 
denominação designativa do objeto social, integrada pela locução “SOCIEDADE 
ANÔNIMA” ou pelo vocábulo “COMPANHIA”, por extenso ou abreviadamente. 
Poderá também constar o nome civil do fundador, acionista ou pessoa que 
contribuiu para a sua formação. 
9.2.5 Nome empresarial de sociedade comandita por ações (art. 1.161) 
Poderá utilizar firma (constando o nome de sócio ou diretor) ou denominação 
(indicando o objeto social) identificando seu tipo societário pela locução “COMANDITA 
POR AÇÕES” e designando o objeto social. 
Ex: Decorações Araújo Mendes, Comandita por ações; Confeitaria Flor de 
Portugal, C.A. 
9.2.6 Caso de proibição de adoção de nome empresarial (art. 1.162) 
A sociedade em conta de participação, por sua natureza secreta e por ser uma 
sociedade não personificada, está proibida de adotar nome empresarial, não podendo, 
portanto, ter firma ou denominação. 
A atividade constitutiva do seu objeto social será exercida pelo sócio ostensivo, 
em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade. 
11 EXCLUSIVIDADE DE USO DO NOME EMPRESARIAL 
O empresário deve adotar nome que o distinga de qualquer outro já inscrito no 
mesmo registro. 
Se optar por um nome empresarial idêntico ao de algum outro, anteriormente 
inscrito, deverá nele acrescentar elementos distintivos ou alguma designação que o 
diferencie daquele, sob pena de cometer crime de concorrência desleal por usurpação 
de nome empresarial. 
 
 
40 
 
O Titular do nome empresarial tem direito à exclusividade de seu uso. 
O objetivo é proteger o nome empresarial e o interesse do empresário, 
preservando sua clientela e seu crédito. 
O uso do nome idêntico, poderá: 
Desviar clientes, que desavisados venham a negociar com o usurpador. 
Abalar o crédito de conceituado empresário, com protesto de título, pedido de 
falência ou concordata em nome do usurpador. 
9.2.7 Inalienabilidade do nome empresarial (art. 1.164) 
O nome empresarial não poderá ser objeto de alienação. 
Só poderá ocorrer se houver permissão contratual, utilizando o do alienante, 
precedido do seu próprio na qualidade de sucessor. 
11.1 Alteração obrigatória da firma social em razão de morte , exclusão e 
retirada de sócio (ART. 1.165) 
Se houver óbito, exclusão ou retirada de sócio cujo nome civil constava da firma 
social, esta precisará ser alterada. 
Está se dará mediante a adoção de outra denominação. 
A pena da não exclusão será a de o espólio ou o ex-sócio continuar a ter a 
mesma responsabilidade pelas obrigações sociais que tinha quando era membro do 
quadro associativo. 
Se a sociedade formada por irmãos ou parentes com o mesmo sobrenome, e 
a firma social contiver tal apelido de família, o óbito de um deles não obriga a sua 
modificação. 
 
11.2 Garantia do uso exclusivo do nome empresarial (ART. 1.166) 
A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, bem 
como as respectivas averbações, no registro próprio, assegura a exclusividade do uso 
de seu nome empresarial nos limites do respectivo Estado. 
 
 
41 
 
Também é assegurado em todo o território nacional, se houver registro na 
forma de lei especial. 
Com isso, impede-se que outra empresa use a mesma firma, que é tutelada 
juridicamente. 
9.2.8 Imprescritibilidade da ação para anular inscrição do nome de 
empresário (art. 1.167) 
Sendo o nome empresarial um direito da personalidade, por identificar o 
empresário e a sociedade no exercício de suas atividades, o lesado pelo seu uso 
indevido poderá a qualquer tempo propor ação contra Junta Comercial para anular 
sua inscrição, se feita com violação de lei ou de contrato. 
9.2.9 Cancelamento da inscrição do nome empresarial (art. 1.168) 
Qualquer interessado poderá requerer o cancelamento da inscrição do nome 
empresarial, perante o Registro Público de Empresas, se a sociedade for empresária, 
ou o Registro Civil das pessoas Jurídicas, se simples quando: 
 Cessar o exercício da atividade para que foi adotado. 
 Houver o término da liquidação da sociedade que o inscreveu 
Tal cancelamento será de ofício, depois de concluídos os procedimentos de 
liquidação da sociedade seguido da baixa do referido registro. 
9.2.10 Conceito de Sociedade Empresária 
Na construção do conceito de sociedade empresária, dois institutos jurídicos 
servem de alicerces: 
 
-De um lado, a pessoa jurídica, 
-De outro, a atividade empresarial. 
 
 
42 
 
Uma primeira aproximação ao conteúdo deste conceito se faz pela idéia de 
pessoa jurídica empresaria, ou seja, que exerce atividade econômica sob a forma de 
empresa. 
É uma idéia correta, mas incompleta ainda. Somente algumas espécies de 
pessoa jurídica que exploram atividade definida pelo direito como de natureza 
empresarial é que podem ser conceituadas como sociedades empresarias, qualquer 
que seja o seu objeto. 
Um ponto de partida, assim, para a conceituação de sociedade empresaria é o 
da sua localização no quadro geral das pessoas jurídicas. 
No direito brasileiro, as pessoas jurídicas são divididas em dois grandes grupos. 
De um lado, as pessoas jurídicas de direito público, tais a União, os Estados, e 
os Municípios, o Distrito federal, os Territórios e as autarquias; 
De outro, as de direito privado, compreendendo todas as demais. 
O que diferencia um de outro grupo é o regime jurídico a que se encontram 
submetidos. 
As pessoas jurídicas de direito público gozam de uma posição jurídica 
diferenciada em razão da supremacia dos interesses que o direito encarregou-se de 
tutelar; 
As de direito privado estão sujeitas a um regime jurídico caracterizado pela 
isonomia, inexistindo valoração diferenciada dos interesses defendidos por elas. 
Uma pessoa jurídica de direito público quando se relaciona com uma pessoa 
jurídica de direito privado se relacionam entre si em pé de igualdade. 
É irrelevante, para se determinar o enquadramento de uma pessoa jurídicanum 
ou noutro destes grupos, a origem dos recursos destinados à sua constituição. 
Isto porque o direito contempla pessoas jurídicas constituídas, exclusivamente, 
por recursos públicos, mas que se encontram , por determinação constitucional, 
sujeitas ao regime de direito privado, que são as empresas públicas. 
Por esta ideia, inclusive, introduz-se a subdivisão existente no grupo das 
pessoas jurídicas de direito privado. 
De uma lado, as chamadas estatais, cujo capital é formado, majoritárias ou 
totalmente, por recursos provenientes do poder público, que compreende a sociedade 
de economia mista, da qual particulares também participam, embora minoritariamente, 
e a já lembrada empresa pública. 
 
 
43 
 
De outro lado, as pessoas jurídicas de direito privado não-estatais, que 
compreendem a fundação, a associação e as sociedades. 
As sociedades, por sua vez, se distinguem da associação e da fundação em 
virtude de seu escopo negocial, e se subdividem em sociedades simples e 
empresárias. 
A distinção entre sociedade simples e empresária não reside, como se poderia 
pensar, no intuito lucrativo. Embora seja da essência de qualquer sociedade 
empresaria a persecução de lucros – inexiste pessoa jurídica dessa categoria com 
fins filantrópicos ou pios - , este é um critério insuficiente para destacá-la da sociedade 
simples. 
Isto porque também há sociedade não empresarias com escopo lucrativo, tais 
as sociedades de advogados, as rurais sem registro na Junta etc. 
O que irá, de verdade, caracterizar a pessoa jurídica de direito privado não-
estatal como sociedade simples ou empresaria será o modo de explorar seu objeto. 
O objeto social explorado sem empresarialidade (isto é, sem profissionalmente 
organizar os fatores de produção) confere à sociedade o caráter de simples, enquanto 
a exploração empresarial do objeto social caracterizará a sociedade como empresaria. 
Por critério de identificação da sociedade empresaria elegeu, pois ,o direito o 
modo de exploração do objeto social. 
Esse critério material, que dá relevo à maneira de se desenvolver a atividade 
efetivamente exercida pela sociedade, na definição de uma natureza empresarial, é 
apenas excepcionado em relação às sociedades por ações. 
Estas serão sempre empresarias, ainda que o seu objeto não seja 
empresarialmente explorado (CC, art. 982, parágrafo único; LSA, art. 2º, parágrafo 
1ªº). 
De outro lado, as cooperativas nunca serão empresarias, mas necessariamente 
sociedades simples, independentemente de qualquer outra característica que as 
cerque (CC, art. 982, parágrafo único). 
Salvo nestas hipóteses – sociedade anônima, em comandita por ações ou 
cooperativas - , o enquadramento de uma sociedade no regime jurídico empresarial 
dependerá, exclusivamente, da forma com que explora seu objeto. 
Uma sociedade limitada, em decorrência, poderá ser empresaria ou simples: 
se for exercente de atividade econômica organizada para a produção ou circulação 
 
 
44 
 
de bens ou serviços, será empresaria; caso contrário ou se dedicando a atividade 
econômica civil (sociedade de profissionais intelectuais ou dedicadas às atividades 
rural sem registro na Junta Comercial), será simples. 
Assentadas estas premissas, a sociedade empresaria pode ser conceituada 
como “a pessoa jurídica de direito privado não-estatal, que explora empresarialmente 
seu objeto social ou a forma de sociedade por ações”. 
9.2.11 Classificação das Sociedades Empresarias 
Classificam-se as sociedades empresarias segundo diversos critérios. Cuidarei 
de três dele, de maior importância. 
Primeiramente, a classificação das sociedades de acordo com a 
responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais; em seguida, a classificação 
quanto ao regime de constituição e dissolução; por fim, a classificação quanto às 
condições para alienação da participação societária. 
Antes de examinar cada um destes critérios, no entanto faz-se necessário 
apresentar a enumeração dos tipos societários existentes no direito empresarial. 
São eles: a sociedade em nome coletivo (N/C), a sociedade em comandita 
simples(C/S- algum ou alguns dos sócios, denominados de comanditados, tem 
responsabilidade ilimitada pelas obrigações sociais e outros denominados de 
comanditários respondem limitadamente por essas obrigações), a sociedade em 
comandita por ações(C/P), a sociedade limitada (Ltda), e a sociedade anônima ou 
companhia (S/A). 
12 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS PELAS 
OBRIGAÇÕES SOCIAIS. 
Em razão do princípio da autonomia patrimonial, ou seja, da personalização da 
sociedade empresária, os sócios não respondem, em regra, pelas obrigações desta. 
Se a pessoa jurídica é solvente, quer dizer, possui bens em seu patrimônio 
suficientes para o integral cumprimento de todas as suas obrigações, o patrimônio 
particular de cada sócio é, absolutamente, inatingível por dívida social. 
 
 
45 
 
Mesmo em caso de falência, somente após o completo exaurimento do capital 
é que se poderá cogitar de alguma responsabilidade por parte dos sócios, ainda 
assim, condicionada a uma série de fatores. 
A responsabilidade dos sócios pelas obrigações da sociedade empresária é 
sempre subsidiária. 
À vista do disposto no art. 1.024 do CC e art. 596 do CPC, que asseguram aos 
sócios o direito de exigirem o prévio exaurimento do patrimônio social, a 
subsidiariedade é a regra na responsabilidade deles por obrigação da sociedade. 
Quando a lei qualifica de “solidária” a responsabilidade de sócios – ao delimitar 
a dos membros da N/C (CC, art.1.039) dos comanditados da C/S (art.1.045), dos 
diretores da C/A (art.1.091) ou dos da limitada em relação à integralização do capital 
social (art.1.052), ela se refere às relações entre eles; quer dizer, se um sócio 
descumpre sua obrigação, esta pode ser exigida dos demais, se solidários. 
Quando se diz, portanto, que a responsabilidade do sócio pelas obrigações da 
sociedade é subsidiária, o que se tem em mira é, justamente, esta regra de que sua 
eventual responsabilização por dívidas sociais tem por pressuposto o integral 
comprometimento do patrimônio social. 
É subsidiária no sentido de que se segue à responsabilidade da própria 
sociedade. 
Esgotadas as forças do patrimônio social é que se poderá pensar em executar 
o patrimônio particular do sócio por saldos existentes no passivo da sociedade. 
O direito brasileiro da atualidade não conhece nenhuma hipótese de limitação 
de responsabilidade pessoal. 
Assim, quando a sociedade estiver respondendo por obrigação sua, terá 
responsabilidade ilimitada; também o sócio, quando responder por ato seu, ainda que 
relacionado com a vida social, terá responsabilidade ilimitada. 
Somente se concebe, no presente estagio evolutivo do direito nacional, a 
limitação da responsabilidade subsidiária. 
Os sócios respondem, assim, pelas obrigações sociais, sempre de modo 
subsidiário, mas limitada ou ilimitadamente. 
Se o patrimônio social não foi suficiente para integral pagamento dos credores 
da sociedade, o saldo do passivo poderá ser reclamado dos sócios, em algumas 
 
 
46 
 
sociedades, de forma ilimitada, ou seja, os credores poderão saciar seus créditos até 
a total satisfação, enquanto suportarem os patrimônios particulares dos sócios. 
Em outras sociedades, os credores somente poderão alcançar dos patrimônios 
particulares um determinado limite, além do qual o respectivo saldo será perda que 
deverão suportar. Em um terceiro grupo de sociedades, alguns dos sócios tem 
responsabilidade ilimitada e outros não. A classificação que se verá a seguir tenta 
sintetizar este quadro. 
As sociedades empresarias, portanto, segundo o critério que considera a 
responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais, dividem-se em : 
Sociedade ilimitada – em que todos os sócios respondem ilimitadamente pelas 
obrigações sociais. O direito contempla um só tipo de

Outros materiais