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Laís Kemelly – HM V PALS Introdução • A insuficiência respiratória aguda não reconhecida é a principal causa de parada cardíaca na população pediátrica. As crianças possuem algumas particularidades fisiológicas que as tornam mais suscetíveis ao desenvolvimento de insuficiência respiratória, como: • Pequeno diâmetro de vias aéreas, produzindo uma tendência à obstrução • Funções musculares intercostal e diafragmática menos maduras, favorecendo a exaustão (eu entendi isso como uma dificuldade de utilizar a musculatura acessória em necessidade) • Caixa torácica mais complacente • Incoordenação toracoabdominal durante o sono REM, prejudicando a higiene brônquica • Pulmões com menos elastina, reduzindo sua propriedade de recolhimento elástico e consequentemente a complacência pulmonar • Sistema imunológico em desenvolvimento, favorecendo as infecções Definições • Angústia respiratória Sinais e sintomas de padrão respiratório anormal, com taquipneia (↑ de frequência respiratória) e aumento de esforço respiratório (uso de musculatura acessória, retrações intercostais, batimento de asa de nariz) É considerada um estágio de compensação no qual o paciente mantém as trocas gasosas adequadas a partir do aumento do trabalho e da frequência respiratória. • Insuficiência respiratória Incap acidade pulmonar no fornecimento de O2 ou eliminação de CO2 em níveis que atendam a demanda metabólica do organismo. Quando a criança entra em exaustão ou apresenta uma piora na função respiratória que não pode ser compensada pelo mecanismo anterior • Falência cardiopulmonar Insuficiência respiratória associada ao choque, que requer intervenção imediata para impedir a evolução para PCR. angústia respiratória → insuficiência respiratória → falência cardiopulmonar → parada cardiorrespiratória Essa seria uma “história natural da doença”, sendo que é possível que os problemas evoluam de forma diferente. A insuficiência respiratória pode acontecer de forma abrupta, sem ser precedida da angústia, como nos casos de obstrução de via aérea por corpo estranho. Tipos de Insuficiência Respiratória Classificação fisiopatológica De acordo com o conteúdo de O2 e CO2 no sangue arterial • IR hipoxêmica: (tipo 1) Insuficiência Respiratória Aguda na Criança PaO2 < 60mmHg, PaCO2 >55mmHg e SatO2 <90% Laís Kemelly – HM V PALS ∟ pO2 arterial < 60 mmHg em ar ambiente ∟ oxigenação inadequada • IR hipercápnica (tipo 2) ∟ pCO2 arterial > 50 mmHg ∟ventilação inadequada As duas formas podem coexistir como uma falha combinada de oxigenação e ventilação. Classificação por critério de tempo • Aguda ∟ Alterações de início recente, horas/dias ∟ Há um desequilíbrio acidobásico, porque os mecanismos compensatórios fisiológicos ainda não ocorreram • Crônica ∟ Alterações que se desenvolvem ao longo de semanas/anos ∟ Os mecanismos compensatórios já aconteceram ∟ ↑ níveis de hemoglobina (melhora no transporte de O2) ∟ ↑ níveis de bicarbonato (compensação na acidemia respiratória) A avaliação do paciente com comprometimento respiratório: PALS da AHA – ABCDE. Avaliação da Via Aérea Objetivo: definir se é uma via livre ou obstruída. Como avaliar? • Observar movimentos toracoabdmonais • Auscultar os ruídos dos sons respiratórios • Observar a movimentação do ar • Observar a sensação de fluxo de ar através do nariz e boca Quais são os sinais sugestivos de obstrução? • Alteração da voz (rouquidão) • Estridor (inspiratório ou bifásico) • Esforço respiratório sem sons respiratórios ou sensação de fluxo de ar por nariz/boca Avaliação do Desempenho Respiratório Avaliado pela análise de: • Frequência respiratória • Esforço respiratório • Entrada de ar • Sons respiratórios • Oximetria de pulso Frequência Respiratória A FR deve ser avaliada antes de manipular o paciente, pois a agitação causada pelo exame físico pode alterar a frequência basal. A FR adequada é inversamente proporcional à idade • Taquipneia (>) • Bradipneia (<) • Apneia o Cessação da respiração por 20s o Cessação por menos tempo, caso acompanhada de bradicardia, cianose ou palidez. Laís Kemelly – HM V PALS Esforço Respiratório Os sinais de esforço respiratório são uma tentativa do paciente compensar a piora da troca gasosa. Geralmente, o aumento deles é proporcional à gravidade do sofrimento respiratório Entrada de Ar Avaliada a partir de: • Observação da expansão da parede torácica • Ausculta da movimentação distal do ar A diminuição desses parâmetros pode ser considerada um sinal de ventilação inadequada. A assimetria da entrada de ar pode ser um sinal de processo patológico unilateral. • Atelectasias • Pneumotórax • Derrame pleural Sons Respiratórios e Ausculta Respiratória Pode-se associar o tipo de som com o local no qual ocorre comprometimento. Sinais em Outros Sistemas O comprometimento respiratório afeta outros sistemas. Sistema circulatório: • Palidez cutânea • Cianose • Extremidades frias • Taquicardia • Bradicardia Sistema neurológico: • Agitação • Ansiedade • Irritabilidade • Rebaixamento do nível de consciência Hiperoxemia -> irritabilidade, agitação Hipercapnia -> sonolência, estágio mais avançado vai deprimindo o SNC Oximetria de Pulso A avaliação da oximetria depende de: • Iluminação ambiental • Pigmentação da pele • Perfusão tecidual • Concentração de hemoglobina Exames Complementares A radiografia de tórax pode ser utilizada para confirmar diagnósticos de pneumonia, edema pulmonar, pneumotórax ou derrame pleural. A gasometria arterial avalia a extensão da hipoxemia ou hipercarbia e auxilia na diferenciação entre hipoxemia aguda e crônica. SatO2 > 94% → OXIGENAÇÃO ADEQUADA SatO2 < 75% → CIANOSE CENTRAL Laís Kemelly – HM V PALS Hipoxia -> quando vai reduzindo a pO2 pra baixo de 80. A saturação boa não quer dizer que não tem hipoxemia, a Sat < 94 só manifesta quando pO2 está próxima a 60. Classificação Após avaliação por anamnese, exame físico e complementares, o paciente deve ser classificado quanto ao grau de comprometimento e ao tipo de problema respiratório. O médico deve ficar atento para sinais que são indicativos de insuficiência respiratória grave com progessão para insuficiência cardiopulmonar. • Sat O2 > 90% com O2 suplementar em altas concentrações • Número elevado de sinais de esforço respiratório • Bradipneia • Apneia • Movimentação de ar distal fraca ou ausente • Rebaixamento de nível de consciência É importante observar a evolução do paciente! A criança com comprometimento respiratório grave entra em exaustão • Desaparecimento do esforço • Abrandamento da frequência respiratória HCO3- REDUZIDO → acidose metabólica PCO2 REDUZIDO → acidose respiratória OS DOIS EM REDUÇÃO → acidose mista Laís Kemelly – HM V PALS Tratamento O manejo do comprometimento respiratório tem como objetivo: • Garantir a patência e a sustentabilidade da via aérea (manter pérvia, desobstruída) • Dar suporte para oxigenação e ventilação adequadas As intervenções são classificadas em simples e avançadas, sendo indicadas de acordo com a condição da via aérea. Intervenções simples • Colocação da criança em posição de conforto • Manobra de inclinação da cabeça e elevação do pescoço (chin-lift) para abrir a via aérea • Manobra de extensão da mandíbula sem extensão da cabeça (jaw thrust) quando houver suspeita de lesão da coluna cervical • Aspiração do nariz e orofaringe • Técnicas de desobstrução de via aérea por corpo estranho em pacientes conscientes • Dispositivos acessórios da via aérea (ex. cânula orofaríngea) Intervenções avançadas • Aplicação de pressão positiva contínuana via aérea (CPAP) • Ventilação não-invasiva (BIPAP) • Remoção de corpo estranho por laringoscopia direta • Cricotireoidotomia • Intubação orotraqueal o Glasgow maior ou igual a 9: grave Sistemas de Oferta de O2 A seleção do sistema de oferta depende da condição clínica do paciente e da fração inspirada de oxigênio (FiO2) necessária para manter SatO2 > 94%. (ou seja, quanto ele tem que receber para alcançar a saturação adequada) Quando suplementar O2? • Hipoxemia confirmada o pO2 < 60mmHg o Sat O2 < 94% • Suspeita de hipoxemia em situação aguda Laís Kemelly – HM V PALS Os sistemas de baixo fluxo fornecem FiO2 de acordo com o fluxo inspiratório do paciente, sendo classificados como sistemas de oferta de oxigênio de desempenho variável. Os sistemas de alto fluxo fornecem concentrações de oxigênio inspirado específica, com fluxo que atende ou excede as necessidades de fluxo inspiratório do paciente, são classificados como sistemas de oferta de oxigênio de desempenho fixo. Cânula nasal é adequada para: • Criança consciente • Comprometimento respiratório leve • Requer O2 suplementar em ↓ concentração Paciente que não é capaz de manter ventilação espontânea → bolsa-máscara até o estabelecimento de via aérea avançada. (famoso AMBU) Ventilação Mecânica Não-Invasiva Nesse cenário, há o fornecimento de suporte respiratório mecânico sem o uso de IOT. Os principais modos utilizados são: • CPAP – continuous positive airwaypressure • BiPAP – bilevel positive airway-pressure É utilizada nas situações em que a IRA é reversível em um período de tempo relativamente curto, com o objetivo de maximizar a função pulmonar até reverter a causa precipitante. Meio que “ganha tempo”, reduz a carga sobre os músculos respiratórios pelo aumento da ventilação, poupando o esforço respiratório do paciente e melhorando a troca gasosa antes da exaustão. “Embora existam vantagens teóricas em relação à cânula nasal padrão e máscaras faciais, evidências atuais não demonstraram equivalência ou superioridade sobre os outros modos de suporte respiratório não invasivo como CPAP ou BiPAP.” IOT e Ventilação Mecânica Invasiva Indicada quando ocorre a identificação de deterioração progressiva ou prevista do comprometimento respiratório, apesar da otimização terapêutica indicada para o tipo de problema respiratório. (mesmo tratando a causa base, ainda não teve resposta satisfatória). • Inabilidade para manter oxigenação e ventilação adequadas • Inabilidade para manter e/ou proteger a via aérea • Potencial para deterioração clínica (epiglotite ou lesão térmica de VAS por inalação de fumaça/queimadura). https://www.youtube.com/watch?v=vZzElGJQ7rc – técnica IOT Diagnóstico quanto Indicação teórica de IOT e VMI • pO2 < 60 mmHg, recebendo FiO2 > 0,6 • pH < 7,2 devido à ↑ CO2 https://www.youtube.com/watch?v=vZzElGJQ7rc
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