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O Sistema de Ensino pH apresenta um material capaz de 
auxiliar o aluno a enxergar os caminhos que ele poderá 
seguir, possibilitando que, ao fi nal do Ensino Médio, ele 
tenha desenvolvido um pensamento crítico para atuar 
como cidadão, enfrentar os desafi os da sociedade e 
obter excelentes resultados no Enem e nos demais 
vestibulares do Brasil.
ENSINO 
MÉDIO
1asérie MANUAL DOPROFESSOR
2Caderno
Geografia
295753
526157217
CAPAS_PH_HUMANAS_C2_PROF_Geografia.indd 2 8/22/16 17:26
Geografia
Manual do Professor
Thiago de Almeida Kiefer
Cláudio Ribeiro Falcão
Luiz Antônio Duarte
pH_EM1_C2_001a004_IN_Geo_MP.indd 1 8/22/16 17:29
Créditos das imagens de abertura: Ciências Humanas: rsfatt/Shutterstock, 
Stanislav Fosenbauer/Shutterstock, T.Dallas/Shutterstock, Hill Street Studios/
Shutterstock, baranozdemir/Shutterstock, ostill/Shutterstock (História), Richard 
Newstead/Shutterstock (Geografia)
Direção de inovação e conteúdo: Guilherme Luz
Direção executiva de integração: Rafaela de Escobar Khouri
Direção editorial: Renata Mascarenhas, Luiz Tonolli e Lidiane Olo
Gerência editorial: Bárbara Muneratti de Souza
Gerência de produção editorial: Ricardo de Gan Braga
Coordenação pedagógica e gestão de projeto: Fabrício 
Cortezi de Abreu Moura
Gestão de projeto editorial: Camila Amaral Souza
Desenvolvimento pedagógico: Filipe Couto
Revisão pedagógica: Ribamar Monteiro
Fluxo de produção: Fabiana Manna, Daniela Carvalho e 
Paula Godo
Gestão de área: Alice Silvestre e Camila De Pieri Fernandes 
(Linguagens), Wagner Nicaretta e Cláudia Winterstein (Ciências Humanas)
Edição: Caroline Zanelli Martins (Língua Portuguesa e Redação), 
Cíntia Leitão (Língua Portuguesa e Redação), Eduardo Akio Shoji (Línguas 
Estrangeiras e Arte), Carla Rafaela Monteiro (História), 
Elena Judensnaider (Geografia)
Revisão: Hélia Gonsaga (ger.), Letícia Pieroni (coord.), Ana 
Curci, Célia da Silva Carvalho, Cesar G. Sacramento, Danielle 
Modesto, Lilian Miyoko Kumai, Luciana Batista de Azevedo, 
Luís Maurício Boa Nova, Marília Lima, Marina Saraiva, Maura 
Loria, Patrícia Travanca, Paula Teixeira de Jesus, Tayra Alfonso, 
Rosângela Muricy, Vanessa Lucena, Vanessa de Paula Santos
Edição de arte: Daniela Amaral (coord.), Catherine Saori 
Ishihara, Daniel Hisashi Aoki
Diagramação: Casa de Tipos, Fábio Cavalcante, 
Luiza Massucato, Renato Akira dos Santos
Iconografia e licenciamento de texto: Sílvio Kligin (superv.), 
Denise Durand Kremer (coord.), Claudia Bertolazzi, Claudia 
Cristina Balista, Ellen Colombo Finta, Jad Silva, Karina Tengan, 
Sara Plaça (pesquisa iconográfica), Liliane Rodrigues, Thalita Corina 
da Silva (licenciamento de textos)
Tratamento de imagem: Cesar Wolf, Fernanda Crevin
Ilustrações: Alexandre Koyama, Casa de Tipos, Júlio Dian
Cartografia: Eric Fuzii, Alexandre Bueno
Capa: Gláucia Correa Koller
Foto de capa: Sanjatosi/Shutterstock
Projeto gráfico de miolo: Gláucia Correa Keller
 
Todos os direitos reservados por SOMOS 
Sistemas de Ensino S.A.
Rua Gibraltar, 368 – Santo Amaro
CEP: 04755-070 – São Paulo – SP
(0xx11) 3273-6000
© SOMOS Sistemas de Ensino S.A.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Uma publicação
Sistema de ensino pH : ensino médio : caderno 1 a
 4 : humanas, 1ª série : professor. -- 1. ed. --
 São Paulo : SOMOS Sistemas de Ensino, 2017.
 Conteúdo: Língua portuguesa I / Raphael Hormes --
Redação / Marcelo Caldas -- História / Igor
Vieira -- Geografia / Augusto Neto.
 1. Geografia (Ensino médio) 2. História (Ensino
médio) 3. Livros-texto (Ensino médio) 4. Português
(Ensino médio) 5. Português - Redação (Ensino médio)
I. Hormes, Raphael. II. Caldas, Marcelo. III. Vieira,
Igor. IV. Augusto Neto.
16-01439 CDD-373.19
Índices para catálogo sistemático:
1. Ensino integrado: Livros-texto: Ensino médio 373.19
2017
ISBN 978 85 468 0421-4 (PR)
Código da obra 526157217 
1ª edição
1ª impressão
Impressão e acabamento
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Sumário 
geral
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
5
7 Industrialização clássica
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10 O espaço urbano: 
conceitos e dinâmicas
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Ó
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11
8 Industrialização tardia
M
Ó
D
U
LO
31
11 O espaço urbano: o 
desenvolvimento do 
setor terciárioM
Ó
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U
LO
16
9 Redes de transporte e 
de comunicação
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36
12 O espaço rural
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HABILIDADES E COMPETÊNCIAS
Competência de área 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
 H1 – Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
 H2 – Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
 H3 – Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.
 H4 – Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
 H5 – Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência de área 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações 
socioeconômicas e culturais de poder.
 H6 – Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
 H7 – Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
 H8 – Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem 
econômico-social.
 H9 – Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.
 H10 – Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade 
histórico-geográfica.
Competência de área 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as 
aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais.
 H11 – Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
 H12 – Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
 H13 – Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
 H14 – Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica 
acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
 H15 – Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência de área 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no 
desenvolvimento do conhecimento e na vida social.
 H16 – Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
 H17 – Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
 H18 – Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações socioespaciais.
 H19 – Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
 H20 – Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência de área 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da 
democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
 H21 – Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
 H22 – Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
 H23 – Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
 H24 – Relacionar cidadania e democraciana organização das sociedades.
 H25 – Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência de área 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos 
históricos e geográficos.
 H26 – Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
 H27 – Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e(ou) geográficos.
 H28 – Relacionar o uso das tecnologias com os impactos socioambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
 H29 – Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações 
humanas.
 H30 – Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
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7
Módulo
OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES
• Tipos de indústrias conforme diferentes crité-
rios de classificação
• Industrialização clássica
• Primeira, Segunda e Terceira Revoluções Indus-
triais
• Impactos da Revolução Técnico-científico-infor-
macional na produção industrial
• Economias pós-industriais: novas formas de ge-
ração de emprego e renda
• H17 - Analisar fatores que explicam o impacto das 
novas tecnologias no processo de territorialização da 
produção.
• H20 - Selecionar argumentos favoráveis ou contrários 
às modificações impostas pelas novas tecnologias à 
vida social e ao mundo do trabalho.
• Identificar os diferentes tipos de indústrias.
• Diferenciar os contextos econômico, político, social e 
tecnológico de cada revolução industrial.
• Avaliar os impactos da industrialização na organização 
do espaço e do trabalho.
Industrializa•‹o cl‡ssica
INTRODUÇÃO
Durante muito tempo a indústria foi o principal ele-
mento norteador da produção do espaço geográfico. Sa-
bemos que o seu aparecimento gradual impôs ao ser hu-
mano uma maneira própria de se relacionar com o tempo 
e com o espaço. A importância do estudo da geografia das 
indústrias é fundamental não apenas para que os alunos 
compreendam como ela foi e continua sendo capaz de in-
fluenciar a organização espacial e as relações sociais e do 
trabalho mas também por ser a base para o bom enten-
dimento de assuntos abordados mais adiante, até mesmo 
de questões pertinentes ao espaço rural, tendo em vista o 
crescimento da produção industrial voltada ao campo (in-
dústria de agroquímicos, maquinário agrícola, etc.). Mais 
do que nunca, a indústria também vem colaborando com 
a produção do espaço geográfico do meio rural, ao mes-
mo tempo que o espaço urbano continua sendo, embora 
não de maneira exclusiva, o seu lócus principal. 
Nesse módulo, ao tratarmos das revoluções indus-
triais, serão constantemente abordados assuntos que 
também são de competência das aulas de Sociologia e 
de História. Discutiremos, por exemplo, os conceitos de 
mais-valia, exército industrial de reserva e o próprio sur-
gimento (e evolução) do capitalismo. Assim, pode ser 
interessante que os professores de Geografia estejam 
em contato constante com as equipes de Sociologia e 
de História, para que, por meio de um verdadeiro inter-
câmbio de conhecimentos, seja possível levar aos alu-
nos pontos de vista das outras ciências a todo instante, 
fazendo-os adquirir uma visão mais sistêmica do mun-
do. Por meio desse contato, trabalhos interdisciplinares 
podem ser formulados, o que igualmente colabora para 
o rompimento de uma visão fragmentada do conheci-
mento – o que, infelizmente, ainda é muito comum na 
educação básica.
ESTRATÉGIAS DE AULA
 AULA 1
É importante que no início da aula o professor defina 
como as indústrias podem ser classificadas. Esse esclare-
cimento é necessário para que os alunos compreendam 
exatamente o que será estudado nesse módulo e no se-
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guinte. Assim, informe à turma que as indústrias podem 
ser divididas em clássicas, aquelas que surgiram primeiro, 
em um processo gradual, nos países centrais; planificadas, 
típicas de países socialistas; e tardias, que apareceram 
posteriormente nos países periféricos em uma industria-
lização bastante acelerada. Estudaremos inicialmente, no 
Módulo 7, a industrialização dos países centrais ou desen-
volvidos, portanto, a indústria clássica. Em seguida, no 
Módulo 8, trabalharemos com a industrialização tardia, 
dos países periféricos ou em desenvolvimento. 
Outra maneira bastante usual de se classificar as in-
dústrias é por meio do tipo de bem que cada uma produz. 
Chamamos de indústria de bens de produção ou indústria 
de base a indústria de bens intermediários que produz a 
matéria-prima semielaborada, que será utilizada ainda por 
outras indústrias (por exemplo, siderurgia e metalurgia). 
Pertence também à indústria de base a chamada indústria 
de bens de capitais ou de bens de produção, que é aquela 
que fabrica máquinas e equipamentos a serem utilizados, 
mais uma vez, por outras indústrias. Por último, temos as 
indústrias de bens de consumo duráveis (automóveis, ele-
trodomésticos, etc.) e de bens de consumo não duráveis 
(têxtil, calçados, alimentos, etc.).
Visto isso, é possível trabalhar as revoluções indus-
triais. Vale a pena deixar claro para a turma que essas re-
voluções não possuem uma data bem definida de início e 
fim. Devemos entendê-las como conjuntos de inovações 
técnicas e tecnológicas que apareceram ao longo da His-
tória e foram capazes de causar mudanças não só no am-
biente de trabalho, mas também, de modo mais geral, em 
toda a vida social. Essas revoluções surgiram no mundo 
desenvolvido e posteriormente avançaram para os países 
em desenvolvimento.
Para introduzir a Primeira Revolução Industrial, que apa-
receu originalmente na Inglaterra na segunda metade do 
século XVIII, mostre para a turma que fatores como o acúmu-
lo de capital proveniente das colônias britânicas e o cerca-
mento dos campos ingleses (enclosures), que já aconteciam 
desde o século XVI, mas que ganharam amplitude no pró-
prio século dessa Revolução Industrial, foram determinantes. 
Explique que, com as Leis de Cercamentos, editadas por di-
versos monarcas ingleses, vários campos coletivos do meio 
rural se tornaram privados e, assim, muitos camponeses que 
antes sobreviviam do uso dessas terras passaram a se ver 
impossibilitados de continuar ali. Não lhes restando outra 
opção, esses camponeses partiram em direção às cidades, 
constituindo aquilo que na terminologia marxista chama-se 
de “exército industrial de reserva”, ou seja, uma força de tra-
balho que excede as necessidades de produção. Apresente 
essa expressão aos alunos e mostre que um grande exce-
dente de trabalhadores ociosos, portanto não absorvidos 
pelo mercado de trabalho, tende a rebaixar os salários, situa-
ção favorável para o empresariado inglês da época.
Caracterize a Primeira Revolução Industrial procu-
rando mostrar que a principal transformação suscitada 
por ela se deu no campo do trabalho, com a gradativa 
substituição do artesão pelo trabalhador assalariado. 
Diferentemente do artesão, o trabalhador assalariado 
não domina todas as etapas da produção e não é dono 
dos meios de produção ou do produto final resultado 
do trabalho (que, por sua vez, é cada vez mais coletivo 
e especializado).
Cabe ainda ressaltar os impactos da utilização cres-
cente da máquina a vapor nos processos fabris. Além 
de a máquina ter dispensado mão de obra, contribuin-
do para o desemprego estrutural, ela também contri-
buiu para o aumento do exército industrial de reserva 
de outra forma, já que permitia que qualquer pessoa 
(homens, mulheres, crianças ou idosos, mesmo sem es-
pecialização) participasse da atividade industrial, favo-
recendo assim o rebaixamento dos salários. Fora isso,permitiu também o aumento da produção nas fábricas 
e da produtividade dos trabalhadores que a operavam, 
contribuindo para o aumento da mais-valia – outro ter-
mo marxista que deve ser explicado aos alunos. A mais-
-valia pode ser entendida como o trabalho realizado 
pelo trabalhador que não lhe é pago e que, portanto, 
fica com o empregador. Cabe aqui diferenciar mais-va-
lia de lucro, já que a confusão é frequente entre os alu-
nos. O lucro tem origem a partir da mais-valia, quando 
retiramos os demais custos que o empregador possui 
além dos salários pagos aos funcionários, como aluguel, 
matéria-prima, energia, entre outros. 
Ao final da Aula 1, resolva com a turma as questões 1 
e 4 da seção Praticando o aprendizado. Para casa, suge-
rimos que os alunos trabalhem os exercícios da seção De-
senvolvendo habilidades, sobretudo as questões 2 e 9.
Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utiliza-
ção das questões da seção Aprofundando o conhecimento.
 AULA 2
Comece a segunda aula fazendo uma caracteriza-
ção geral da Segunda Revolução Industrial, de modo 
a apresentar para os alunos o período aproximado do 
seu surgimento (segunda metade do século XIX), o seu 
grande advento (motor a combustão), as indústrias que 
receberam destaque no período (automobilística, side-
rúrgica, petroquímica) e as grandes fontes energéticas 
que receberam impulso nesse contexto (eletricidade e 
petróleo). Reserve a maior parte do tempo destinado 
à Segunda Revolução Industrial para trabalhar o para-
digma fordista que surgiu nesse instante nos Estados 
Unidos. Mostre que o fordismo se apropriou de algumas 
ideias da chamada Administração Cientifica de Frederick 
Taylor (taylorismo), como o estudo dos movimentos e do 
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tempo de execução das tarefas e a padronização como 
meio de obter uniformidade e reduzir os custos, além 
da hierarquização fabril em trabalhadores pensantes e 
não pensantes. Para Taylor, essas práticas deveriam au-
mentar a produção e a produtividade das fábricas. É im-
portante explicar o paradigma advindo desse modelo: o 
aumento contínuo dos ganhos com produtividade, sem 
distribuição com a classe trabalhadora, tende a acarre-
tar desequilíbrio econômico, como ficou evidente com 
a crise de 1929. 
Após 1929, sobretudo após a Segunda Guerra Mun-
dial, iniciou-se uma nova fase do capitalismo que durou 
até a década de 1970, marcada pela forte intervenção do 
Estado na economia. Medidas como fortalecimento dos 
sindicatos, criação de direitos trabalhistas, diminuição 
da jornada de trabalho, 13o salário, férias remuneradas 
e diferentes formas de salário indireto (com a criação de 
obras públicas e o estímulo ao crédito) caracterizavam 
um Estado de Bem-Estar Social, que pretendia aumentar 
a demanda agregada. Assim, depois de 1929, nota-se o 
binômio fordismo-keynesianismo (uma referência às ideias 
do economista John Maynard Keynes, idealizador desse 
Estado forte e interventor), que promovia não apenas a 
produção em massa, mas também o consumo em massa. 
Aqui uma confusão aparece frequentemente nas turmas. 
Seria Estado de Bem-Estar Social sinônimo de New Deal? 
Explique para os alunos que o New Deal é o nome que 
se dá para o Estado de Bem-Estar Social que aparece nos 
Estados Unidos na década de 1930, durante o mandato do 
presidente Franklin Delano Roosevelt.
Na década de 1970, o modelo vigente, marcado pela 
aliança entre o empresariado e um Estado disposto a fo-
mentar o consumo, começou a dar sinais de desgaste. A 
conjuntura econômica parecia não mais permitir a distri-
buição dos ganhos em produtividade com os trabalha-
dores, como ocorria desde o pós-1929. Primeiramente 
porque o elevado preço do barril de petróleo encarecia a 
produção (vale a pena lembrar que em 1973 e 1979 tive-
mos, respectivamente, o primeiro e o segundo choques 
do petróleo); em segundo lugar porque os produtos for-
distas eram bastante duráveis, o que logo estagnaria o 
consumo e, consequentemente, diminuiria os ganhos dos 
capitalistas; em terceiro porque os direitos trabalhistas e 
o elevado preço da mão de obra pareciam pesar demais 
sobre os empresários, inclusive desencorajando novos in-
vestimentos no setor produtivo.
No meio dessa atmosfera de crise do fordismo da déca-
da de 1970, teve início a Terceira Revolução Industrial, que 
teve como grande advento o microchip e como principais 
indústrias a da microeletrônica, informática, robótica, biotec-
nologia, química fina, entre outras. As novas tecnologias que 
apareceram foram muito úteis para recuperar a produtivida-
de das fábricas, em queda com o aumento dos custos de 
produção, sobretudo da mão de obra. Além disso, os traba-
lhadores sofreram ao serem substituídos por robôs, compu-
tadores e processos cada vez mais automatizados. 
Se o fordismo foi o paradigma da Segunda Revolu-
ção Industrial, temos agora o toyotismo, que prega a 
redução dos grandes estoques (produção just in time, 
ou seja, de acordo com a demanda) a fim de evitar des-
perdícios materiais. O trabalho hierarquizado e especia-
lizado deu lugar a células de trabalho, com trabalhado-
res polivalentes. No trabalho em grupo, um funcionário 
fiscaliza o outro, exigindo-lhe produtividade máxima, 
além de contribuir para evitar o desperdício de tempo 
com retrabalhos que só ocorreriam ao final da linha de 
montagem, quando um eventual problema fosse cons-
tatado. Na célula de trabalho a verificação acontece de 
forma mais imediata. 
No toyotismo, as indústrias estão cada vez mais 
atentas às novas demandas do mercado consumidor e 
às constantes variações do seu gosto. As plantas fabris 
se desconcentram pelo mundo em busca de vantagens 
comparativas, como mão de obra barata, leis ambien-
tais frágeis, isenções fiscais, entre outras. A terceiriza-
ção se faz cada vez mais presente, com plantas inteiras 
ficando sob responsabilidade de empresas contratadas 
para a fabricação de determinados componentes que 
mais tarde serão apenas reunidos, dando origem ao 
produto final. 
Destaque que, embora nesse instante diversas indús-
trias se multiplicassem pelos países em desenvolvimento, 
que ofereciam essas e outras vantagens comparativas, 
eram os países desenvolvidos que guardavam, essen-
cialmente, as funções de concepção, pesquisa e desen-
volvimento, publicidade, etc. Esses países continuaram 
despontando como grandes centros possuidores de mão 
de obra qualificada capazes de suprir tal trabalho. Des-
se modo, notamos que, com maior desconcentração in-
dustrial, o mundo desenvolvido nitidamente passou por 
aquilo que denominamos desindustrialização, ou seja, 
perda de capacidade industrial do país frente ao setor 
terciário, que passa a concentrar mais os empregos e a 
geração de riquezas. 
A Terceira Revolução Industrial aconteceu no con-
texto da globalização e da afirmação das ideias neoli-
berais, que defendem, em oposição ao keynesianismo, 
menos intervenção do Estado na economia de modo a 
favorecer o cenário para o empresariado e para os ne-
gócios. Aos poucos percebemos uma flexibilização das 
leis trabalhistas, com o aparecimento de novas modali-
dades de emprego, inclusive com o trabalho terceiriza-
do. Sabemos que se terceiriza não só a produção mas 
o corpo de funcionários das próprias empresas. Assim, 
verifica-se o desmonte do Estado de Bem-Estar Social e 
afirmação de um Estado Mínimo.
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Ao final da Aula 2, resolva com a turma as questões 
3 e 5 da seção Praticando o aprendizado. Para casa, su-
gerimos que os alunos trabalhem os exercícios da seção 
 I. TIPOS DE INDÚSTRIAS
A) Bens de consumo
 ➜ Produtos voltados para o mercado consumidor 
final 
Subdivisão:
 ➜ Duráveis: uso contínuo
• Exemplo: carros, eletrodomésticos, etc.
 ➜ Não duráveis: uso momentâneo
• Exemplo: alimentos, remédios, cosméticos, etc.
B) Bens de produção (indústria de base)
• Produtos voltadospara outras indústrias
Subdivisão:
 ➜ Bens intermediários: promovem o beneficiamen-
to da matéria-prima
• Exemplo: cimento, tintas, siderúrgicas, etc.
 ➜ Bens de capital: produzem equipamentos para o 
processo industrial
• Exemplo: autopeças, maquinário industrial, etc. 
C) Classifi cação por tipo de processo
 ➜ Clássica: processo gradual
• Exemplo: Inglaterra
 ➜ Tardia: processo acelerado
• Exemplo: Brasil
 ➜ Planificada: países socialistas
• Exemplo: URSS
 II. REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS
 ➜ Marcos tecnológicos
• Produtos 
• Energias
• Transportes 
• Materiais
Obs.: mostram evolução gradativa
Primeira Revolução Industrial
 ➜ Século XVIII
 ➜ Inglaterra
 ➜ Indústria têxtil
 ➜ Máquina a vapor
Desenvolvendo habilidades, sobretudo as questões 3, 4 e 5. 
Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utiliza-
ção das questões da seção Aprofundando o conhecimento.
 SUGESTÃO DE QUADRO
 ➜ Carvão mineral
 ➜ Ferrovias
A) Novas classes sociais
 ➜ Burguesia industrial: detentores dos meios de 
produção
 ➜ Proletariado: detentores da força de trabalho
 ➜ Relação assalariada
 ➜ Ausência de leis trabalhistas
 ➜ Conflitos sociais
Obs.: máquina trabalhador
 ➜ Mais-valia: diferença entre o lucro produzido e o 
valor pago ao trabalhador
• Exemplo:
- Ampliação da jornada de trabalho
- Ampliação da produtividade
 ➜ Desemprego estrutural: aniquilação de um pos-
to por uma reestruturação no processo produtivo
 ➜ Novos agentes: mulheres e crianças
B) Transformações
 ➜ Sindicalismo: luta por melhores condições de 
trabalho
 ➜ Imperialismo/neocolonialismo: divisão interna-
cional do trabalho clássica
 ➜ Concentrações de capital: passagem da “livre 
concorrência” para o “capitalismo monopolista”
 Obs.: estratégias de concentração surgidas na Pri-
meira Revolução Industrial
Segunda Revolução Industrial
 ➜ Segunda metade do século XIX
 ➜ Estados Unidos
 ➜ Navegação marítima
 ➜ Indústria automobilística
 ➜ Petróleo
 ➜ Imperialismo
 ➜ Liberalismo econômico
A) Taylorismo
 ➜ Otimização da produtividade = hierarquização 
da produção
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FORMAS DE CONCENTRAÇÕES DE CAPITAIS
• Monopólio: uma empresa dominando um mercado
• Oligopólio: poucas empresas dominando um mercado
• Cartel: acordo entre empresas para exercer regulações de 
produção e/ou de mercado
• Truste horizontal: fusão entre empresas do mesmo ramo 
ou setor
• Truste vertical: uma empresa controlando todas as etapas 
de um processo produtivo
• Dumping: prática de concorrência de mercado desleal
• Holding: empresa criada para dominar um grupo por 
meio do mercado de ações
• Conglomerado: grupo de empresas atuante em seto-
res de diversas áreas (geralmente comandado por uma 
holding)
• Pool: associação temporária entre empresas de modo que 
ambas se beneficiem mutuamente
 SUGESTÃO DE QUADRO COMPLEMENTAR (pH1)
• Cargo de chefia: mão de obra qualificada – tra-
balhador “pensante”
• Cargo operacional: mão de obra especializada 
– trabalhador operário
B) Fordismo
 ➜ Teoria taylorista linha de montagem
 ➜ Produção em massa – gera estoques
 ➜ Produção em série – padronizada (ou “estandar-
tizada”)
 Obs.: produção em massa precisa de consumo em 
massa
C) Keynesianismo
 ➜ Condições sociais boas = “salários indiretos” = 
= mais consumo
• Nos Estados Unidos
• Franklin Delano Roosevelt
• New Deal
 ➜ Estado de Bem-Estar Social ou Welfare State
• Nos Estados Unidos
• Anos dourados
• Sociedade de consumo
D) Transformações
 ➜ Telecomunicações: investimento em setores es-
tratégicos
 ➜ Segunda Guerra Mundial: mundo bipolar da 
Guerra Fria
Terceira Revolução Industrial
 ➜ Anos 1970
 ➜ Japão e Alemanha (destaques)
 ➜ Indústrias de ponta
 ➜ Robótica/química fina
 ➜ Energia nuclear e fontes alternativas
 ➜ Telecomunicações
A) Segunda crise do fordismo
 ➜ Anos 1970
 ➜ Produto estandartizado e durável: menos consumo
 ➜ Crises do petróleo (1973/1979): descapitalização 
dos Estados nacionais
 ➜ Leis trabalhistas: mão de obra mais cara
B) Toyotismo
 ➜ Sistema produtivo do modelo “pós-fordista” 
(flexibilidade)
• Processos automatizados
• Mão de obra qualificada
• Trabalhador multifuncional
 ➜ Desconcentração industrial
• Busca por vantagens comparativas
• Deseconomias de aglomeração
• Surgimento de tecnopolos
Obs.: principais fatores locacionais
- Mão de obra barata
- Solo urbano barato
- Leis trabalhistas frágeis
- Leis ambientais frágeis
- Incentivos fiscais
 - Infraestrutura (energia, transporte, comunica-
ção)
- Flexibilização dos produtos e da produção
Produtos customizados
Produção just in time
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ATIVIDADES COMPLEMENTARES
SUGESTÃO I
O nível de empregabilidade nos países centrais nun-
ca mais foi o mesmo daquele verificado no período com-
preendido entre o pós-Segunda Guerra Mundial e o início 
da crise do binômio fordismo-keynesianismo, na década 
de 1970. Nos países desenvolvidos, o desemprego cres-
ceu a partir desse instante. Tente reunir a turma em gru-
pos, de modo que cada grupo seja responsável por buscar 
a taxa de desemprego média das décadas de 1950, 1960, 
1970, 1980, 1990 e 2000 de um determinado país desen-
volvido (oriente os grupos para que consigam esses da-
dos). Os alunos deverão apresentar argumentos que jus-
tifiquem a elevação do desemprego a partir de 1970 no 
país escolhido.
SUGESTÃO II
Caso sua escola disponha de mais tempo de aula para 
Geografia, utilize a seção ph+ para mostrar aos alunos que, 
com a Primeira Revolução Industrial, diferentes formas de 
concentração de capitais passaram a ocorrer, como mo-
nopólios, oligopólios, trustes verticais e horizontais, car-
teis, etc. Utilize exemplos recentes de empresas que estão 
inseridas em concentrações de capitais desses tipos para 
facilitar o entendimento dos alunos. A Microsoft já foi acu-
sada diversas vezes de exercer monopólio no mercado de 
sistemas operacionais com o Microsoft Windows. Quantos 
grandes bancos privados existem no Brasil? Estaríamos 
diante de um oligopólio? As fusões recentes envolvendo 
as empresas do setor de alimentos Sadia e Perdigão, por 
exemplo, podem se encaixar como um exemplo de truste 
horizontal, enquanto a atuação da Petrobras em diversas 
etapas do processo produtivo e de comercialização da ga-
solina configuraria truste vertical. 
MATERIAL DE APOIO AO PROFESSOR
LIVROS
FANI, A. Espaço e indústria. São Paulo: Contexto, 1992.
HARVEY, D. Condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1993.
_______. O enigma do capital: e as crises do capitalismo. 
Trad. João Alexandre Peschanski. São Paulo: Boitempo, 
2011.
IANNI, O. Enigmas da modernidade-mundo. Rio de Janeiro: 
Civilizacao Brasileira, 2000.
LIPIETZ, A. Audácia: uma alternativa para o século XXI. São 
Paulo: Nobel, 1991.
SITES
Confederação Nacional da Indústria (CNI) 
Disponível em: <www.cni.org.br>. Acesso em: 5 jul. 2016.
Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
Disponível em: <www.mdic.gov.br>. Acesso em: 5 jul. 2016.
FILMES
Tempos modernos. Estados Unidos, 1936, 87 min. Direção: 
Charles Chaplin.
A corporação. Canadá, 2003, 145 min. Direção:  Mark 
Achbar, Jennifer Abbott.
Capitalismo: uma história de amor. Estados Unidos, 2009, 
127 min. Direção: Michael Moore.
Trabalho interno. Estados Unidos, 2010, 108 min. Direção: 
Charles H. Ferguson.
GABARITO COMENTADO
 APROFUNDANDO O CONHECIMENTO
6. a. As corporações transnacionais, a exemplo da ame-
ricana Ford, sofreram uma descentralização das 
linhas de produção pelo mundo nas últimas dé-
cadas. Principalmente a partir da década de 2000, 
as filiais também passaram a produzir para o mer-
cado globalizado e não apenas para os mercados 
internos. Houve estímulo para o desenvolvimento 
de produtos adaptados à realidade local e para a 
criação de centros tecnológicos também nas filiais, 
algo que até então era muito centralizado nas ma-
trizes das companhias.ANOTAÇÕES
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Módulo
OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES
• Divisões Internacionais do Trabalho e a indus-
trialização tardia de países periféricos
• O modelo de substituição de importações da 
América Latina
• Plataformas de exportação: os Tigres Asiáticos
• H16 - Identificar registros sobre o papel das técnicas e 
tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida 
social.
• H18 - Analisar diferentes processos de produção ou cir-
culação de riquezas e suas implicações socioespaciais.
• Identificar o conceito de Divisão Internacional do Tra-
balho e sua evolução ao longo do tempo.
• Problematizar os impactos da Divisão Internacional do 
Trabalho.
• Compreender os diferentes modelos de industrialização.
Industrializa•‹o tardia
INTRODUÇÃO
Logo após a Segunda Guerra Mundial, os países de-
senvolvidos passaram por um período de forte crescimento 
econômico que se estendeu da década de 1950 até os anos 
1970. Nesse período funcionou bem a aliança entre gover-
nos e empresariado, com o modelo fordista de produção 
tendo encontrado no Estado interventor o verdadeiro motor 
do consumo. Foi nesse contexto, absorvendo os excedentes 
de capital dos países desenvolvidos, que os países periféricos 
da América Latina e da Ásia passaram por grandes mudanças 
econômicas, inclusive no setor industrial. 
Até a década de 1970, os países emergentes da Amé-
rica Latina e da Ásia apresentavam taxas muito próximas 
de crescimento da produção industrial. A partir de então, 
nos anos 1980, a América Latina viveu um período que 
ficou conhecido como “década perdida”, marcado por 
estagnação da economia, inflação descontrolada e forte 
endividamento externo. Alguns economistas utilizam o 
termo “estagflação” (estagnação do PIB com alta inflação) 
para caracterizar o momento histórico. Ali começou a se 
delinear muito bem um contraste entre essas economias 
e as asiáticas. Na década de 1990, o contraste ficou ainda 
mais bem definido. Como isso ocorreu?
Neste módulo, proponha uma investigação sobre a in-
dustrialização tardia da América Latina e da Ásia, a fim de 
que o aluno compreenda suas especificidades e chegue à 
resposta dessa questão.
ESTRATÉGIAS DE AULA
 AULA 1
Sugerimos que o professor trace, ao longo das aulas, 
uma linha histórica com as principais características das po-
líticas econômicas adotadas na América Latina e nos países 
asiáticos, de modo que os alunos notem bem essas dife-
renças. A linha histórica pode ser encontrada na seção Su-
gestão de quadro deste manual. É importante que a cada 
aula a turma seja estimulada a refletir sobre o papel que os 
Estados exerceram na industrialização dessas regiões. 
Assim, logo na primeira aula levante a discussão so-
bre o mito do laissez-faire. É fundamental que os alu-
nos desconstruam um possível determinismo de que as 
forças do livre mercado sejam a melhor solução para os 
problemas econômicos encontrados nos países da Amé-
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rica Latina. A história mostra que, embora esse seja um 
discurso muito forte nos países desenvolvidos, o próprio 
laissez-faire só apareceu neles em um segundo momento, 
quando o desenvolvimento industrial e tecnológico lhes 
permitia obter ganhos com abolições de tarifas alfande-
gárias. Devemos sempre ficar atentos às recomendações 
dos países desenvolvidos, dadas geralmente por meio 
de instituições ditas multilaterais – mas cujo controle é 
exercido por eles mesmos –, para avaliar se não se trata 
de estratégias a favor da manutenção do status quo, ou 
seja, de uma Divisão Internacional do Trabalho marcada 
pela desigualdade. O Estado teve um papel importante 
tanto na industrialização dos países desenvolvidos como 
nos que se industrializaram tardiamente. 
No Brasil e no restante da América Latina, a tenta-
tiva de romper os laços existentes com o subdesenvol-
vimento se deu seguindo a recomendação da Cepal 
(Comissão Econômica para a América Latina e Caribe) 
na década de 1950, que via a industrialização como úni-
ca alternativa para o desenvolvimento. No entanto, a 
ausência de capitais nesses países fez com que os go-
vernos da América Latina fossem buscar nas multina-
cionais europeias e estadunidenses uma opção. Assim, 
indústrias multinacionais aumentaram sua participação 
nas economias latino-americanas, deslocando para um 
patamar superior o nível de dependência desses países 
frente ao mundo desenvolvido. 
Ao final da Aula 1, resolva com a turma preferencial-
mente as questões 3 e 4 da seção Praticando o apren-
dizado. Para casa, sugerimos que os alunos trabalhem os 
exercícios da seção Desenvolvendo habilidades, sobre-
tudo a questão 6. 
Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utiliza-
ção das questões da seção Aprofundando o conhecimento.
 AULA 2
Na segunda aula, sugerimos que o professor foque nas 
estratégias de industrialização dos países asiáticos, sempre 
estabelecendo comparações com a América Latina. 
Embora o Estado estivesse presente tanto na indus-
trialização latino-americana como na asiática, no primeiro 
caso não notamos a atuação dos governos para disciplinar 
o capital. Na América Latina, as multinacionais passaram a 
ter o controle de setores considerados estratégicos. Isso 
não significa que a industrialização asiática se deu com 
ausência do capital multinacional, mas, sim, que nesses 
países o Estado sempre esteve acima dos grandes grupos 
estrangeiros.
Muitos países asiáticos, sobretudo a Coreia do Sul, 
Taiwan e até mesmo a China, em um segundo momento, 
seguiram o modelo japonês de industrialização. Nesses 
países, o Estado esteve ainda mais presente que no caso 
do Japão na busca de corrigir seu atraso estrutural. No sé-
culo XIX, não havia grupos empresariais no Japão, ainda 
predominantemente feudal, e restou ao Estado coman-
dar a industrialização do país criando fábricas em setores 
como a construção naval, siderurgia, metalurgia, entre 
outros. Mais adiante, essas indústrias do Estado passaram 
para as mãos da iniciativa privada, por meio de privatiza-
ções que beneficiaram bancos e comerciantes, que ad-
quiriram essas empresas a baixo custo e se favoreceram 
de subsídios do governo. Nasciam assim os chamados 
zaibatsus, conglomerados industriais japoneses como a 
Mitsui e a Mitsubishi.
Após a Segunda Guerra Mundial, o Estado japonês, 
visando uma transformação econômica ainda maior, 
adotou uma forte política de financiamento bancário, 
controle de importações, controle cambial, restrições 
à entrada e saída de empresas do mercado nacional e 
até mesmo a limitação de importação de tecnologia es-
trangeira. No Japão, assim como na Coreia do Sul, os 
grupos estrangeiros interessados em atuar no mercado 
desses países eram forçados a transmitir know-how aos 
grupos empresariais locais.
Ainda sobre o caso sul-coreano, o professor pode 
mencionar aos alunos que durante o governo do gene-
ral Park Chung Hee (1961-1979) houve grande incremento 
da indústria sul-coreana, sobretudo na indústria de base. 
Como estratégia, Park realizou um amplo programa de 
estatização dos bancos, dispondo então de crédito para 
setores que são intensivos em tecnologia e em capital. 
Soma-se a isso uma série de subsídios estatais aos chama-
dos chaebols (conglomerados sul-coreanos, geralmente 
controlados por famílias) e a desvalorização cambial, que 
favorecia as exportações.
Diferentemente do ocorrido na América Latina, as 
medidas protecionistas e os subsídios verificados na Ásia 
apareceram em caráter temporário, sendo exigidos em 
contrapartida exportações e incrementos tecnológicos 
nas empresas. Na América Latina, o que se viu foi justa-
mente o oposto, com as multinacionais estrangeiras no 
controle de diversos setores estratégicos, sem a existência 
de um plano de desenvolvimento tecnológico-científico 
nacional. Assim, no longo prazo, verificamos na região 
uma indústria poucocompetitiva, com baixa produtivida-
de e dependente de políticas protecionistas.
Ao final da Aula 2, resolva com a turma preferencial-
mente as questões 2 e 5 da seção Praticando o apren-
dizado. Para casa, sugerimos que os alunos trabalhem os 
exercícios da seção Desenvolvendo habilidades, sobre-
tudo as questões 1, 3 e 5. 
Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utiliza-
ção das questões da seção Aprofundando o conhecimento.
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 I. INDUSTRIALIZAÇÃO TARDIA OU PERIFÉRICA
 ➜ Ocorre a partir do século XX
 ➜ Industrialização acelerada
 ➜ Forte dependência do capital estrangeiro
• Exemplos: América Latina, Ásia, África do Sul
Obs.: outros modelos de industrialização
– Clássica
– Planificada
 II. INDUSTRIALIZAÇÃO NA AMÉRICA LATINA
A) Início do século XX (até 1930)
 ➜ Industrialização incipiente
 ➜ Bens de consumo não duráveis
• Exemplos: alimentos, calçados, roupas, etc.
 ➜ Dependência dos bens de capitais (modernização 
conservadora)
 ➜ Colaboração da Primeira Guerra Mundial e crise de 1929
• Vácuo de mercado (a diminuição da entrada de pro-
dutos importados impulsiona a indústria nacional) 
B) Anos 1930, 1940, 1950
 ➜ Tentativa de construir capitalismo menos dependente
• Indústria de base (matéria-prima semielaborada)
• Vargas (Brasil), Perón (Argentina), Ibarra (Equador), 
etc.
C) Anos 1950, 1960, 1970
 ➜ Nacional desenvolvimentismo (Cepal)
• Capital estrangeiro
• Indústria de bens de consumo duráveis
• Exemplos: eletrodomésticos, automóveis
 ➜ Aumento do endividamento externo
 ➜ Ditaduras
D) Anos 1980
 ➜ Crise da dívida
• Crise econômica
– Estado ineficiente
– Estagflação (inflação economia estagnada)
 ➜ Redemocratização
E) Anos 1990
 ➜ Adoção da cartilha neoliberal
 ➜ 1989: Consenso de Washington (FMI Tesouro dos 
Estados Unidos) 
• Pressão externa para a adoção de medidas neoli-
berais
– Abertura comercial
– Privatizações
– Redução do gasto público
Obs.: A adoção da cartilha neoliberal trouxe a crise so-
cial para a América Latina
F) Anos 2000
 ➜ Onda rosa latino-americana
• Emergência da esquerda
• Exemplos: Chávez (Venezuela), Morales (Bolí-
via), Kirchner (Argentina), Lugo (Paraguai), Correa 
(Equador), Ortega (Nicarágua), Lula (Brasil).
 ➜ Fortalecimento do papel da atuação do Estado em 
questões econômicas e sociais
 III. INDUSTRIALIZAÇÃO DOS TIGRES ASIÁTICOS
A) Tigres Asiáticos: Cingapura, Hong Kong, Coreia do 
Sul e Taiwan
• Forte crescimento econômico durante a década de 
1970
 ➜ Modelo de industrialização: Industrialização Orienta-
da para a Exportação (IOE)
• Forte participação do capital estrangeiro
• Produção voltada para o mercado externo
• Forte papel do Estado
 ➜ Infraestrutura
 ➜ Crédito para investimentos produtivos
 ➜ Educação e qualificação profissional
Obs.: Na Coreia do Sul houve maior resistência para o 
ingresso do capital estrangeiro nos anos 1980
– Opção do Estado pelo fortalecimento dos chae-
bols (conglomerados empresariais com laços fa-
miliares)
• Exemplos: Hyundai, Daewoo, Samsung
B) Novos Tigres Asiáticos
 ➜ Indonésia, Vietnã, Malásia, Tailândia e Filipinas
 ➜ Se beneficiaram do acúmulo de capitais nos Tigres 
Asiáticos, recebendo investimentos
 ➜ Atualmente abrigam diversas indústrias dos setores 
têxteis, calçados, brinquedos, eletrônicos, etc.
 SUGESTÃO DE QUADRO
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ATIVIDADES COMPLEMENTARES
SUGESTÃO I
Os produtos de maior valor agregado são aqueles cuja 
produção demanda mais conhecimento. São os mais ca-
ros, como automóveis, celulares, computadores e tablets. 
Peça aos alunos que pesquisem e tragam para a sala de 
aula uma lista de indústrias brasileiras e sul-coreanas que 
fabricam esses equipamentos. A atividade pode ser inte-
ressante para demonstrar o quanto tende a ser proveitoso 
o investimento estatal em educação, ciência e tecnologia 
para a economia de um país.
SUGESTÃO II
 O desempenho extraordinário dos Tigres Asiáticos 
nos anos 1960 passou a dar sinais de desgaste na década 
de 1990. Em 1997, os jornais do mundo todo noticiavam a 
chamada “crise asiática”. Peça aos alunos que pesquisem 
individualmente ou em grupos as causas dessa crise. É 
fundamental que investiguem quais foram essas causas e 
também os impactos que ela trouxe para os demais países 
do mundo. Eles foram sentidos no Brasil? Quais ações os 
Tigres Asiáticos tomaram para contornar a crise? 
MATERIAL DE APOIO AO PROFESSOR
LIVROS
AMSDEN, Alice. A difusão do desenvolvimento: o modelo 
de industrialização tardia e a Grande Ásia Oriental. Revista 
de Economia Política, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 133-140, 
jan-mar. 1992. 
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Macroeconomia da es-
tagnação: crítica da ortodoxia convencional no Brasil pós-
-1994. São Paulo: 34, 2007. 
CARDOSO, Fernando Henrique; FALETTO, Enzo. Depen-
dência e desenvolvimento na América Latina: ensaio de 
interpretação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.
COUTINHO, Luciano. Coreia do Sul e Brasil: paralelos, su-
cessos e desastres. In: FIORI, José Luís (Org.). Estados e 
moedas no desenvolvimento das nações. Petrópolis: Vo-
zes, 2000.
FERREIRA JÚNIOR, Hamilton de Moura; SANTOS FILHO, 
Otaviano Canuto. Coreia do Sul e Taiwan: notas sobre a 
política industrial. Revista de Economia Política, São Paulo, 
v. 10, n. 2, p. 116-131, abr-jun. 1990. 
KIM, Linsu. Da imitação à inovação: a dinâmica do apren-
dizado tecnológico da Coreia. Campinas: Ed. da Unicamp, 
2005. 
SAWAYA, Rubens. Subordinação consentida: capital multi-
nacional no processo de acumulação da América Latina e 
Brasil. São Paulo: Fapesp/Annablume, 2006. 
GABARITO COMENTADO
 PRATICANDO O APRENDIZADO
3. e. Como mencionado corretamente na alternativa e, 
o processo de industrialização dos países latino-
-americanos, implantado a partir da década de 
1950, utilizou como modelo um tripé de inves-
timentos: estatais, para infraestrutura (energia e 
transportes) e indústria de base; transnacionais, 
para as indústrias de bens de consumo duráveis; 
e privados nacionais, para indústrias de bens de 
consumo não duráveis. As transnacionais, a par-
tir desse momento, passaram a produzir no país 
o que antes era importado, o que caracteriza in-
dustrialização substitutiva de importações. Estão 
incorretas as alternativas: a, porque o crescimento 
populacional não foi um fator de atração das trans-
nacionais; b, porque não ocorria, nessa década, o 
baixo crescimento vegetativo; c, porque a interna-
cionalização dos mercados só ocorreu com a aber-
tura dos mercados na década de 1990 e os países 
latinos apresentavam elevadas dívidas externas e 
baixas reservas cambiais; d, porque as diversida-
des regionais não são um fator de atração das in-
dústrias e a baixa renda per capita é um indicativo 
de pequeno mercado consumidor.
4. a. Como mencionado corretamente na alternativa a, 
a espacialidade diferenciada, resultado do nível 
desigual de produção tecnológica no âmbito glo-
bal, constrói um fluxo financeiro de pagamento de 
licenças, ou seja, cessão do uso de uma marca ou 
patente de um produto. Estão incorretas as alter-
nativas: b, porque os fluxos de capitais especula-
tivos ou Smart Money direcionam-se a países com 
relativa estabilidade econômica e política de juros 
altos, como é o caso do Brasil; c, porque a utiliza-
ção da tecnologia não está associada à questão de 
impostos, e sim à de licenciamentos; d, porque os 
investimentos em infraestrutura não são produtos 
de patenteamento de tecnologia; e, pois IDEs se 
dão em maior volume no sentido contrário.
5. c. Como mencionado corretamente na alternativa c, 
Coreia do Sul, Hong Kong, Cingapura e Taiwan (ou 
Formosa) compõem o grupo denominado Tigres 
Asiáticos, países que adotaram forte política neoli-
beral para seu ingresso no mercado mundial. 
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 DESENVOLVENDO HABILIDADES1. d. A análise do gráfico indica um expressivo crescimen-
to das exportações oriundas da Ásia a partir da dé-
cada de 1970, o que pode ser explicado pela aber-
tura econômica promovida pela China e pela política 
de atração de investimentos dos Tigres ou Dragões 
Asiáticos, como mencionado corretamente na alter-
nativa d. Estão incorretas as alternativas a, b, c e e, 
pois a perda de mercado pela América do Norte, 
Europa, América do Sul e Central e África ocorre em 
razão da elevação da competitividade asiática. 
 APROFUNDANDO O CONHECIMENTO
3. a. Como mencionado corretamente na alternativa a, a 
pujança econômica dos países denominados Ti-
gres Asiáticos e Novos Tigres Asiáticos baseia-se 
em um processo de desenvolvimento industrial 
direcionado para o mercado externo, alavanca-
do por fortes investimentos estrangeiros, mão de 
obra numerosa e barata, legislações ambientais 
flexíveis, incentivos e subsídios fiscais. Estão in-
corretas as alternativas: b, porque a tecnologia 
utilizada pelos Tigres Asiáticos e Novos Tigres 
era inicialmente fornecida pelas transnacionais; 
c, porque o desenvolvimento econômico foi ala-
vancado pela industrialização; d, porque a base 
do desenvolvimento é a produção industrial; e, 
porque o desenvolvimento dos Tigres Asiáticos, 
iniciado na década de 1970, teve o Japão como 
parceria principal.
7. c. A alternativa a está incorreta porque, a partir da 
Revolução Técnico-Científica na década de 1970, 
ocorreu o aumento da demanda por mão de obra 
qualificada e especializada. A alternativa b está 
incorreta porque os setores primário e secundá-
rio foram largamente automatizados, resultando 
em grandes índices de desemprego estrutural, 
restando ao setor terciário, por inclusive abranger 
mais atividades, a maior oferta de empregos. A 
alternativa c está correta porque a projeção eco-
nômica mundial demanda por parte dos Estados 
o incentivo ao P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) 
garantindo desenvolvimento ao seu setor produ-
tivo. A alternativa d está incorreta porque o maior 
número de inovações tecnológicas ocorre em na-
ções tradicionalmente desenvolvidas. A alternativa 
e está incorreta, porque, na nova Divisão Interna-
cional do Trabalho, não se nota inversão nos fluxos 
predominantes de pagamentos de royalties em 
relação à anterior.
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Módulo
OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES
• Redução virtual das distâncias 
• Características dos diferentes modais de trans-
portes
• Meios de comunicação: conectividade, simulta-
neidade
• H21 - Identificar o papel dos meios de comunicação na 
construção da vida social.
• Problematizar as características positivas e negativas 
dos modais de transporte.
• Avaliar os impactos dos avanços tecnológicos das tele-
comunicações no contexto da globalização.
Redes de transporte
e de comunica•‹o
INTRODUÇÃO
Os meios de transporte, assim como os de comunica-
ção, são encontrados no espaço geográfico e permitem a 
existência de fluxos. Em uma sociedade capitalista, esse 
conjunto de objetos, também chamado de rede, adquire 
ainda a função de proporcionar a geração de riquezas, 
seja por permitir a movimentação de mercadorias até o 
seu destino final, seja por promover a viabilidade dos ne-
gócios a partir do deslocamento dos insumos necessá-
rios para a produção (matérias-primas, pessoas, energia, 
capitais, etc.). Na atual fase de expansão do capitalismo, 
em consequência da globalização, cada vez mais novos 
negócios se fazem por meio da internet. São fluxos ima-
teriais que atingem a escala planetária e transformam 
distâncias físicas em proximidade virtual. Assim, quanto 
maior for o grau de inserção de um país ou região no 
capitalismo, maior será sua infraestrutura de transporte 
e de comunicação. A precariedade ou saturação dessa 
infraestrutura, contudo, tende a acarretar problemas de 
desenvolvimento, afugentando os investimentos. 
Estudar as redes de transporte e comunicação é, 
portanto, investigar a fundo a sociedade e a produção 
do espaço geográfico. Nesse módulo, o professor deve 
estar atento às estruturas e aos fluxos que fazem parte 
do cotidiano do aluno, ajudando-o a interpretá-los e a 
compreender melhor a sociedade na qual está inserido. 
ESTRATÉGIAS DE AULA
 AULA 1
Reserve a primeira aula para apresentar aos alunos os 
principais meios de transporte utilizados para a movimen-
tação de pessoas e mercadorias no mundo. Julgamos des-
necessário o aprofundamento, nesse momento, referente 
aos meios de transporte brasileiros, pois os alunos estuda-
rão esse conteúdo no módulo 19.
Inicie a aula explicando as vantagens e as desvanta-
gens do sistema rodoviário de transportes. É importante 
desconstruir o estigma de que esse modal apresenta ape-
nas desvantagens. Mostre que o seu custo de implanta-
ção é bastante pequeno, o que constitui uma vantagem, 
já que é necessária apenas a construção da via por onde 
ocorrerá o tráfego de veículos, que são adquiridos por 
terceiros. Assim, é sem dúvida um modal bastante prio-
rizado no mundo em desenvolvimento. Embora apre-
sente alto custo operacional, o modal rodoviário é extre-
mamente competitivo para o transporte de mercadorias 
dispersas e de pequenas cargas, tendo em vista que sua 
flexibilidade (possibilidade de se deslocar para os mais 
diversos pontos isolados) pode permitir a eliminação do 
custo de transbordo e compensar o elevado consumo 
de combustível. 
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Situação muito diferente é a do transporte ferroviário, 
que apresenta elevado custo de implantação, já que ne-
cessita de vias mais elaboradas e da aquisição dos pró-
prios veículos que irão compor o tráfego. Os elevados 
custos de transbordo nesse modal, que apresenta traçado 
extremamente fixo (portanto, pouco flexível), são com-
pensados pela grande capacidade de transporte de carga 
a um custo energético menor que o transporte rodoviário. 
Assim, consideramos o transporte ferroviário como de bai-
xo custo operacional.
A rede hidroviária apresenta um custo de implantação 
bastante variável. Geralmente, ele é baixo, aumentando 
de acordo com a necessidade de realização de obras de 
engenharia, como canais, eclusas, entre outras. Desta-
que para os alunos que esse transporte muitas vezes tem 
abrangência limitada, pois depende de um traçado de vias 
que é natural. Fora isso, em períodos de forte estiagem, a 
utilização do modal pode ser inviável. Uma vantagem é o 
custo operacional, que, embora apresente pequena ele-
vação no caso de navios de menor calado, é considerado 
pequeno. 
O sistema aeroviário, quando pensado para o trans-
porte de mercadorias, deve ser utilizado apenas em casos 
excepcionais (grandes desastres ambientais, conflitos bé-
licos, etc.), tendo em vista seu elevado custo de implan-
tação, operação e manutenção. Explique aos alunos que 
isso se dá porque, além dos grandes custos que envolvem 
a construção de aeroportos, deve-se considerar o gasto 
com compra de aeronaves, pagamento de trabalhadores 
bastante qualificados, elevado consumo de combustíveis, 
etc. Ainda, o modal aeroviário pode ser utilizado para o 
transporte de mercadorias de altíssimo valor unitário e, 
logicamente, de pequeno peso e volume (há uma séria 
restrição de carga), como joias e produtos eletrônicos de 
última geração – quando somado ao seu valor de venda 
o preço do frete, não se verifica grande variação relativa 
de valor. 
Apresente aos alunos o sistema dutoviário, talvez me-
nos conhecido por eles. Os dutos são utilizados para o 
transporte de matérias, geralmente líquidos. No entanto, 
existe a possibilidade do transporte de sólidos granula-
res (pequenos sólidos na forma de grãos), como ocorre 
no caso dos minerodutos. Trata-se de mais uma rede de 
transporte com traçado extremamente fixo, mas vantajosa 
conforme a necessidade do transporte de grandes volu-
mes em altas velocidades.No caso dos minerodutos, o 
consumo elevado de água, necessária para o bombea-
mento do sólido por grandes extensões, representa nítida 
desvantagem.
Ao final da Aula 1, resolva com a turma a questão 1 da 
seção Praticando o aprendizado. Para casa, sugerimos 
que os alunos trabalhem os exercícios da seção Desenvol-
vendo habilidades, sobretudo as questões 2, 5 e 9. 
Como aprofundamento facultativo, sugerimos a uti-
lização das questões da seção Aprofundando o conhe-
cimento.
 AULA 2
Reserve a segunda aula para trabalhar os meios de 
comunicação. Como já foi mencionado, os meios de 
transporte e de comunicação estão intimamente ligados 
à geração de riquezas em uma sociedade capitalista. Não 
à toa, as revoluções industriais vieram acompanhadas de 
inovações nos meios de transporte. O mesmo ocorreu 
com as redes de comunicação: o telégrafo, aparelho utili-
zado para transmitir códigos através de pontos distintos, 
aparece no contexto da Primeira Revolução Industrial. Du-
rante a Segunda Revolução Industrial surgiram os chama-
dos meios de comunicação de massa, como a rádio e a te-
levisão. Mostre aos alunos que, com a TV e o rádio, deixa 
de ser necessário existirem dois agentes ativos para que 
a comunicação aconteça. Os meios de comunicação de 
massa, além de possuírem enorme abrangência, ao utili-
zarem recursos sonoros e visuais voltados para o ambiente 
e não apenas para uma única pessoa, levam a informação 
até mesmo para quem não apresenta qualquer interesse a 
priori em adquiri-la. Assim, possuir o controle de um meio 
de comunicação de massa representa deter um poder va-
lioso, capaz de influenciar hábitos, opiniões, valores, etc. 
Com a Terceira Revolução Industrial, assistimos ao apare-
cimento da internet, que, paradoxalmente, aproxima as 
pessoas de maneira nunca antes vista por meio da sua ins-
tantaneidade, mas também as deixa mais distantes umas 
das outras, se considerarmos que as relações de convívio 
social cada vez mais se dão a partir de avatares. 
É inegável que a internet trouxe vantagens para a co-
municação. Com isso, ela passou a acumular um volume 
de dados espantoso. No entanto, muitas vezes não nos 
atentamos para questões que envolvem a segurança e o 
sigilo de nossas informações pessoais que trafegam pela 
rede. Recentemente, declarações do ex-agente da Agên-
cia de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) 
Edward Snowden nos mostraram que essas informações 
são constantemente utilizadas sem o consentimento da 
população norte-americana por empresas e Estados. 
Faça, no final da aula, uma discussão com a turma sobre 
as relações de poder que envolvem a internet. 
Ao final da Aula 2, resolva com a turma as questões 
3 e 5 da seção Praticando o aprendizado. Para casa, 
sugerimos que os alunos trabalhem os exercícios da 
seção Desenvolvendo habilidades, sobretudo as ques-
tões 3, 4 e 8.
Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utiliza-
ção das questões da seção Aprofundando o conhecimento.
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 SUGESTÃO DE QUADRO
 I. TIPOS DE TRANSPORTES
A) Rodoviário
 ➜ Implantação rápida e barata
 ➜ Custo de manutenção elevado
• Intemperismo (climas tropicais)
• Uso intenso
• Baixa qualidade do asfalto
 ➜ Custo de operação elevado
• Engenharia de tráfego
• Dependência do petróleo
 ➜ Flexibilidade “porta a porta”
 ➜ Pouco volume de carga
 ➜ Adequado para curtas distâncias
B) Ferroviário
 ➜ Implantação cara
 ➜ Custo de manutenção e operação baixo
 ➜ Pouca flexibilidade
 ➜ Alta capacidade de carga
 ➜ Longas distâncias
C) Hidroviário
 ➜ Custos variáveis
• Navegação marítima
• Navegação fluvial
- Geralmente pouco utilizado, por causa de ne-
cessidade da construção de eclusas
 ➜ Custo operacional baixo
 ➜ Portos ineficientes = gargalos estruturais
Obs.: navegação de cabotagem; realização de esca-
las na faixa litorânea
D) Aeroviário
 ➜ Alto custo de implantação e manutenção
• Tecnologia
• Consumo energético
• Mão de obra qualificada
 ➜ Mais rápido e cômodo
 ➜ Carga de baixo volume e alto valor agregado
 ➜ Transporte aeroviário 3 globalização / Terceira Revo-
lução Industrial
• Produtos menores e mais caros
• Aumento do fluxo de pessoas
• Aumento do número de compras pela internet
E) Dutoviário
 ➜ Cargas extremamente específicas
 ➜ Válido apenas em caso de quantidades muito grandes
 ➜ Alto custo de implantação
 ➜ Alto custo operacional no caso de combustíveis
Obs.: oleodutos e gasodutos 3 importância geopo-
lítica
 II. COMUNICAÇÃO
 ➜ Primeira Revolução Industrial ⇒ Telégrafo
 ➜ Segunda Revolução Industrial ⇒ Rádio, televisão (co-
municação de massa)
 ➜ Terceira Revolução Industrial ⇒ Internet e celulares
• Aproximação virtual?
• Encurtamento de distâncias?
• Supressão do espaço pelo tempo?
• Auge do processo de globalização
 III. TIPOS DE MALHA DE TRANSPORTES
A) Malha divergente
 ➜ Economias dependentes
 ➜ Pouca integração
 ➜ Comum em países periféricos
 ➜
ÁREA PORTUÁRIA
ÁREA PRODUTORA
B) Malha convergente
 ➜ Integração regional
 ➜ Forte mercado interno
 ➜ Mais complexa e cara
 ➜ Comum em países centrais
C) Malha radial
 ➜ Integra um ponto central a outras regiões
• Capitais, centros econômicos, praças, etc.
 SUGESTÃO DE QUADRO COMPLEMENTAR (pH1)
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ATIVIDADES COMPLEMENTARES
SUGESTÃO I
Em 2013, as ruas da cidade de São Paulo foram toma-
das por protestos contra o aumento da tarifa de ônibus e 
de metrô e a favor do passe livre (transporte público gra-
tuito subsidiado pelo governo por meio de impostos). Tal 
movimento despertou uma série de protestos em cidades 
de todo o Brasil que englobavam pautas muito variadas. 
A questão da mobilidade urbana, porém, sempre se fez 
presente. Peça aos alunos que se reúnam em grupos e 
pesquisem sobre a viabilidade da implementação de uma 
tarifa zero para o transporte público da sua cidade. Dê 
exemplos de cidades que tomaram a iniciativa e hoje têm 
o passe livre como realidade: Agudos (SP) e Maricá (RJ) 
são cidades que podem ser mencionadas.
SUGESTÃO II
A partir de 2010 o mundo presenciou a eclosão de 
uma série de manifestações, que tiveram início na Tunísia, 
despertando aquela que ficou conhecida como Primavera 
Árabe. Além das revoluções da Primavera Árabe em países 
como Egito, Líbia, Iêmen, entre outros (além da própria Tu-
nísia), que pediam a queda de ditaduras que já se arrasta-
vam por décadas, outras manifestações se deram no sul da 
Europa e nos Estados Unidos. Dessa vez, os protestos eram 
contra o sistema financeiro e os Estados. Em todos esses 
casos, a internet assumiu um papel de destaque. 
Divida a turma em grupos e peça que cada um inves-
tigue o papel da internet em um desses episódios. Suge-
rimos que cada grupo fique responsável por uma grande 
manifestação. Além dos citados Primavera Árabe (Orien-
te Médio e norte da África) e Ocupe Wall Street (Estados 
Unidos), o professor pode indicar: Geração à Rasca (Por-
tugal), Movimento dos Indignados (Espanha), as Jornadas 
de Junho de 2013 (Brasil), e a Revolução do Guarda-Chuva 
(Hong Kong). Cada grupo deverá apresentar o resultado do 
seu trabalho para a classe, em um formato de seminário.
SUGESTÃO III
A seção pH+ desse módulo trabalha os diferentes ti-
pos de malhas de transportes (convergente, divergente e 
radial). Caso sua escola disponha de mais tempo de aula 
de Geografia, trabalhe com os alunos essa seção. É impor-
tante interpretar cuidadosamente cada malha com os alu-
nos. Estimule-os a inferir os significados socioeconômicos 
de cada malha apresentada, por exemplo: um país com 
densa malha convergente deve apresentar amplo e disper-
so mercado consumidor em seu território. Países com boa 
malha divergente possivelmente apresentam ou já apre-
sentaram economias dependentes do mercado externo. 
Esse tipo de malha seria típico de países ex-colônias? Faça 
o questionamentoe estimule-os à reflexão. 
MATERIAL DE APOIO AO PROFESSOR
LIVROS
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRANSPORTES PÚBLICOS - 
ANTP. O transporte na cidade do século 21. 2000. Disponível 
em: <http://files-server.antp.org.br/_5dotSystem/download/
dcmDocument/2013/01/10/012FAEC5-F0F4-4515-8E0F-3
BDC2ECE1EB4.pdf>. Acesso em: 6 maio 2016. 
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRANSPORTES PÚBLICOS 
- ANTP. Transporte humano: cidades com qualidade de 
vida. São Paulo: ANTP, 1997. 
BALLOU, H. Ronald. Logística empresarial. São Paulo: Edi-
tora Atlas, 2009.
CAIAFA, Janice. Jornadas urbanas: exclusão, trabalho e 
subjetividade nas viagens de ônibus na cidade do Rio de 
Janeiro. Rio de Janeiro: FGV, 2002.
CASTRO, Iná E. et al. (Org.). Brasil: questões atuais da reor-
ganização do território. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. 
COIMBRA, Delfim Bouças. O conhecimento de carga no 
transporte marítimo. 2. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2000. 
COSTA, Luiz S. S. As hidrovias interiores no Brasil. Rio de 
Janeiro: Femar, 2001. 
PALHARES, Guilherme L. Transporte aéreo e turismo: 
gerando desenvolvimento socioeconômico. São Paulo: 
Aleph, 2001.
TOLEDO, Vera V. de et al. A riqueza nos trilhos: história das 
ferrovias no Brasil. São Paulo: Moderna, 1998.
VAINER, Carlos B. Cidades rebeldes: passe livre e as mani-
festações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Carta 
Maior/Boitempo, 2013.
VASCONCELLOS, Eduardo A. Circular é preciso, viver não 
é preciso: a história do trânsito na cidade de São Paulo. 
São Paulo: Fapesp, 1999.
SITES
Agência Nacional dos Transportes Terrestres. Disponível 
em: <www.antt.gov.br>. Acesso em: 9 maio 2016.
Marco Civil da Internet – Palácio do Planalto (Presidên-
cia da República). Disponível em: <www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm>. Acesso 
em: 19 maio 2016. 
Ministério das Comunicações. Disponível em: <www.mc.
gov.br>. Acesso em: 9 maio 2016.
Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. Disponível 
em: <www.transportes.gov.br>. Acesso em: 9 maio 2016.
Se a cidade fosse nossa. Disponível em: <http://seacid
adefossenossa.com.br>. Acesso em: 9 maio 2016.
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FILMES
Ir e vir
(Brasil, 2008, 55 min. TV Brasil)
A rede social
(EUA, 2010, 121 min. Direção: Aaron Sorkin)
TEXTO
ONU aprovou resolução proposta por Brasil e 
Alemanha
A repercussão das revelações de Edward Snowden levou 
quase 200 países a aprovarem uma resolução contra a espiona-
gem sugerida pelos governos alemão e brasileiro na Assembleia 
Geral da ONU, em dezembro de 2013.
A iniciativa representa a primeira resposta internacional 
de peso às revelações sobre a espionagem praticada pela in-
teligência americana.
O texto pede aos países que revejam seus procedimen-
tos e legislação relacionados a programas de vigilância e que 
protejam a privacidade dos usuários da internet e de outras 
formas de comunicação eletrônica.
Também faz um apelo para que sejam criados ou manti-
dos mecanismos de controle independentes e efetivos, capa-
zes de assegurar transparência e prestação de contas sobre os 
programas que interceptam dados pessoais.
Ao longo dos 11 artigos da proposta, os governos alemão e 
brasileiro reafirmam o direito humano do indivíduo “à privaci-
dade e a não ser submetido a ingerências arbitrárias ou ilegais 
em sua vida privada. Bem como o direito à proteção da lei 
contra tais ingerências ou ofensas, reconhecendo que o exer-
cício do direito à privacidade constitui requisito essencial à 
realização do direito à liberdade de opinião e de expressão sem 
ingerências e um dos pilares de uma sociedade democrática”.
A resolução insta os países a “respeitar e proteger o di-
reito à privacidade, incluindo o contexto das comunicações 
digitais”, com base na doutrina de que os direitos humanos 
devem ser preservados também on-line.
Privacidade
O documento afirma que, embora preocupações com a 
segurança pública possam justificar a coleta e a proteção de 
certas informações sensíveis, os Estados devem assegurar o 
total cumprimento de suas obrigações sob a lei internacional 
de direitos humanos.
O texto também solicita que a alta comissária das Nações 
Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, apresente um 
relatório à 69a Assembleia Geral, que acontece este ano [2014].
Esse deve ser um dos primeiros resultados práticos da 
medida, trazendo recomendações e análises sobre a proteção 
do direito à privacidade no contexto da vigilância nacional e 
extraterritorial das comunicações, interceptação e coleta de 
dados pessoais.
A resolução não especifica qualquer país como alvo das 
recomendações, mas foi claramente uma resposta direta às 
notícias sobre o monitoramento de Angela Merkel e Dilma 
Rousseff pela NSA.
Em nota emitida pelo Itamaraty, o governo brasileiro co-
memorou a aprovação da proposta como um “reconhecimen-
to, pela comunidade internacional, de princípios universais 
defendidos pelo Brasil, como a proteção do direito à privaci-
dade e à liberdade de expressão, especialmente contra ações 
extraterritoriais de Estados em matéria de coleta de dados, 
monitoramento e interceptação de comunicações”.
A medida, no entanto, não obriga os países a cumprir 
as determinações – as resoluções da Assembleia Geral, ao 
contrário das do Conselho de Segurança da ONU, não são 
vinculantes, apenas fazem recomendações. Já no Conselho 
de Segurança, os Estados Unidos têm poder de veto – ou 
seja, impor obrigações ao país, na prática, é muito difícil pe-
los atuais instrumentos da ONU.
Ainda assim, a iniciativa conseguiu o apoio de 193 paí-
ses, incluindo os Estados Unidos, tornando-se um importan-
te instrumento político e com peso moral.
Especialmente no momento em que a administração 
Barack Obama está sendo pressionada não apenas para mu-
dar seus programas de espionagem, mas também para abrir 
mão da gestão unilateral da internet.
Disponível em: <www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/espionagem-cibernetica/
mundo-o-mundo-perplexo-diante-do-big-brother/onu-aprovou-resolucao-proposta-por-
brasil-e-alemanha>. Acesso em: 19 maio 2016. Adaptado.
GABARITO COMENTADO
 PRATICANDO O APRENDIZADO
1. a. A matriz de transportes é fundamental nos dias 
de hoje para que haja melhoria nas condições de 
vida. Sistemas de transporte racionais possibilitam 
maior integração, articulação e controle territorial 
com mais inclusão, custos menores e poucos im-
pactos ambientais. O país X tem boas perspecti-
vas no transporte rodoviário e ferroviário devido 
a sua pequena extensão territorial, e deve evitar 
o sistema aquaviário devido ao clima rigoroso. O 
país Y, ao apostar no sistema rodoviário, acaba se 
prejudicando devido aos altos custos em função 
da economia subdesenvolvida e de sua grande ex-
tensão territorial. 
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2. e. No mundo e no Brasil ocorre significativa difusão 
da internet, porém as parcelas mais pobres ou 
com nível baixo de escolaridade apresentam di-
ficuldade de acesso. Assim, acrescenta-se à desi-
gualdade social a exclusão digital, que em alguns 
casos pode aprofundar as distâncias sociais e até 
o acesso ao mercado de trabalho. O Estado deve, 
portanto, promover políticas de acesso aos com-
putadores e à internet para as classes sociais mais 
carentes, como incentivos fiscais e crédito facilita-
do para a aquisição de computadores, laborató-
rios estruturados de informática em escolas públi-
cas e centros com acesso gratuito à internet.
3. e. Os avanços nas áreas de tecnologia de comunica-
ção e informática promovem uma verdadeira revo-
lução nas relações sociais e econômicas. A facilidade 
de produção em grande escala barateia os custos 
de aquisição de produtos de informática, cada vez 
mais acessíveis. Há aumento de interatividade com 
o mundo e intensificação de fluxos imateriais. A al-
ternativa aé falsa, pois não houve ampliação da 
inclusão social, mesmo com o interesse das classes 
mais baixas pelas novas tecnologias. A alternativa 
b é falsa, pois as desigualdades sociais persistem 
e não permitem acesso maior e mais democráti-
co às tecnologias de informática. A alternativa c é 
falsa, pois as redes globais de informação garantem 
um aumento nos fluxos imateriais. A alternativa d é 
falsa, pois as novas tecnologias informacionais ga-
rantem redes sociais mais dinâmicas e com maior 
capacidade de fluidez. 
4. b. A globalização é caracterizada pela integração do 
espaço mundial por meio das redes de telecomu-
nicação, informática e transporte. Esse processo 
facilitou a dispersão de atividades industriais e de 
serviços no espaço mundial, beneficiando as em-
presas, entre as quais as transnacionais. Um dos 
exemplos são os serviços prestados à distância por 
empresas indianas do setor de informática para 
consumidores dos países desenvolvidos. 
5. b. Como mencionado corretamente na alternativa b, 
o enunciado faz referência à utilização dos meios 
de comunicação para a mobilização política. Estão 
incorretas as alternativas seguintes porque o texto 
não evidencia o caráter do discurso promovido. 
 DESENVOLVENDO HABILIDADES
1. e. Com o desenvolvimento econômico e social, au-
mentaram as demandas por energia e os processos 
de obtenção de energia tornaram-se complexos e 
dispendiosos. Uma das ideias mais simples e ba-
ratas para o transporte de combustíveis estratégi-
cos, como o petróleo e o gás natural, são as du-
tovias, que na realidade são uma adaptação dos 
milenares aquedutos. A alternativa a é falsa, pois 
o carvão é sólido e não pode ser transportado em 
dutovias. A alternativa b é falsa pela mesma razão.
A alternativa c é falsa, pois o urânio é um mi-
neral utilizado em estado sólido. A alternativa d 
é falsa, pois o níquel é um mineral utilizado em 
estado sólido. 
4. a. O processo de globalização é caracterizado pela 
aceleração dos fluxos de mercadorias, de capital 
financeiro, de informação, de ideologias e de pes-
soas no espaço mundial. O processo é viabilizado 
pela modernização e integração das tecnologias 
de informática, incluindo a expansão da internet.
8. b. O avanço da tecnologia da informação com a inte-
gração da telecomunicação, da informática e dos 
satélites artificiais possibilitou o avanço do capita-
lismo financeiro globalizado, facilitando o fluxo de 
capital financeiro e a atividade comercial, uma vez 
que estimulou o acesso ao crédito e à expansão 
da internet e, por sua vez, o aumento do consumo. 
9. e. Como mencionado corretamente na alternativa e, o 
eixo do Pacífico possui, em razão da localização das 
economias mais dinâmicas em suas bordas, expres-
sivo fluxo comercial, resultando em maior desloca-
mento de commodities. Estão incorretas as demais 
alternativas porque não citam corretamente o ocea-
no com maior fluxo de commodities. 
10. a. Todas as passagens apontadas possuem impor-
tância estratégica. O canal do Panamá (1) liga de 
modo mais rápido a costa leste dos Estados Uni-
dos à sua costa oeste; a passagem de navios pelo 
canal de Beagle evita as tormentas do cabo Horn; 
o canal da Mancha (3) faz com que boa parte das 
embarcações economizem tempo e distância ao 
deixarem de contornar as Ilhas Britânicas ao norte 
para se chegar ao mar do Norte; o canal de Suez 
liga o mar Vermelho ao mar Mediterrâneo, encur-
tando a viagem do golfo Pérsico, área petrolífera, 
aos portos europeus e americanos. O canal da Ni-
carágua é um empreendimento chinês que busca 
a ligação entre o oceano Atlântico (mar do Cari-
be) e o oceano Pacífico, através da Nicarágua, na 
América Central.
 APROFUNDANDO O CONHECIMENTO
1. c. O mapa representa maior fluxo aéreo entre os paí-
ses desenvolvidos e, portanto, como menciona-
do corretamente na alternativa c, um retrato da 
intensificação das relações criadas pelo processo 
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de globalização entre os países que o lideram. 
Estão incorretas as alternativas: a, porque o pro-
cesso não se refere à aculturação; b, porque a 
análise do contexto global do tráfego não indica 
o processo de urbanização dos países; d, por-
que o mapa indica o fluxo aéreo e não a conur-
bação das metrópoles. 
3. b. O desenvolvimento dos meios de telecomunica-
ção e transporte permitiu uma mudança concei-
tual nas noções de tempo e espaço, permitindo 
redução relativa das distâncias e, consequente-
mente, maior integração territorial. 
4. c. Ao longo do tempo, houve um avanço das tecno-
logias de comunicação praticamente concomi-
tante ao avanço do capitalismo na sociedade e 
no espaço. No mundo globalizado, as telecomu-
nicações e a informática são fundamentais, po-
rém se difundem de modo desigual e seletivo 
do ponto de vista social e geográfico. Nos paí-
ses desenvolvidos, o acesso à tecnologia é mais 
abrangente, enquanto nos países emergentes e 
subdesenvolvidos, parcelas das sociedades es-
tão excluídas. 
5. d. As cidades de países emergentes apresentam 
os maiores problemas de trânsito, a exemplo 
dos grandes congestionamentos em metrópoles 
como São Paulo. Em parte, o problema deve-se 
ao aumento das vendas de automóveis associado 
à propaganda e à cultura do automóvel individual 
e aliado à elevação do poder de compra da clas-
se média emergente. A rede viária não acompa-
nhou o aumento da frota e, em muitas cidades, o 
transporte público é insuficiente e excessivamen-
te caro. No caso de Moscou, o quadro é menos 
grave, visto que a cidade conta com uma ampla 
rede metroviária, em grande medida herdada do 
período socialista, sendo uma opção ao uso do au-
tomóvel particular. 
ANOTA‚ÍES
 
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Módulo
OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES
• Conceitos básicos de urbanização
• Hierarquia urbana
• Redes urbanas 
• Organização interna das cidades e planejamen-
to urbano 
• H19 - Reconhecer as transformações técnicas e tec-
nológicas que determinam as várias formas de uso e 
apropriação dos espaços rural e urbano.
• Identificar os principais conceitos relacionados à geo-
grafia urbana.
• Compreender as ações e as transformações causadas 
por diferentes agentes no espaço urbano. 
• Analisar o processo de urbanização no mundo no sé-
culo XXI.
O espaço urbano:
conceitos e dinâmicas
INTRODUÇÃO
A geografia urbana é uma área da Geografia que es-
tuda os processos de formação e reprodução do espaço 
urbano e os que se desenvolvem nesse meio. A organi-
zação do ser humano nas cidades não é um fenômeno 
recente. No entanto, sabemos que a industrialização, 
embora tenha surgido depois da urbanização, se rela-
ciona diretamente com ela, contribuindo para o seu alar-
gamento. Assim, um marco para o desenvolvimento do 
espaço urbano é a Primeira Revolução Industrial. Com 
a guinada industrial do final do século XVIII, as cidades 
cresceram e se mostraram o local ideal para o desenvol-
vimento de um capitalismo industrial que engatinhava. A 
cidade possui como característica elementar sua capaci-
dade de concentrar mão de obra, mercado consumidor, 
capitais, enfim, os elementos necessários para o desen-
volvimento capitalista.
Sendo assim, qual a importância de estudar o espaço 
urbano? Responder a essa pergunta pode motivar os alu-
nos a iniciar mais essa nova jornada de estudo. Ao longo 
do módulo, procure demonstrar que não se pode igno-
rar os processos que ocorrem nas cidades, onde aproxi-
madamente 54% da população mundial vivia em 2014 e 
onde 66% dos seres humanos estarão até 2050, segundo 
dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Esses 
processos são diversos e variados, mas podem começar 
a ser analisados a partir dos conceitos elucidados nas au-
las destinadas a esse módulo.
ESTRATÉGIAS DE AULA
AULA 1
Inicie a primeira aula discutindo com os alunosos 
possíveis significados de urbanização. Diga que esse é 
um termo polissêmico, portanto, que apresenta mais de um 
significado. Sugerimos apresentar quatro deles, descri-
tos a seguir. 
É fundamental dizer que geralmente urbanização apa-
rece na literatura como sinônimo de crescimento da popu-
lação urbana em um ritmo superior ao da população rural. 
Como a taxa de natalidade das áreas urbanas costumam 
ser menores que aquelas encontradas nas áreas rurais, 
para que ocorra urbanização dentro do significado men-
cionado é necessário que ocorra migração de pessoas do 
campo para a cidade. 
A urbanização também pode ser entendida como uma 
expansão da mancha urbana. Entende-se por mancha ur-
bana o conjunto de casas, vias, postes de luz, enfim, toda 
a infraestrutura urbana. Assim, o crescimento horizontal 
dessa infraestrutura é outra possibilidade de significado 
do termo. 
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Podemos entender a urbanização ainda como o aumen-
to de infraestrutura urbana em um lugar, mas não de manei-
ra horizontal ou com expansão da mancha urbana. Existem 
diversos lugares na cidade que carecem de infraestrutura 
urbana, como as milhares de favelas das cidades brasilei-
ras. Quando alguma infraestrutura chega nessas áreas (por 
exemplo, por meio da construção de uma praça ou do siste-
ma de esgoto) pode ser dito que está ocorrendo urbaniza-
ção. Dentro da cidade formal, já urbanizada, quando temos a 
melhoria da infraestrutura urbana existente também há esse 
sentido de urbanização. Para que o aluno compreenda bem 
esse processo, utilize o exemplo das placas que geralmente 
são fixadas em ruas que apresentam obras de reasfaltamen-
to, reconstrução de calçadas, troca de iluminação pública, 
etc. Constantemente esses letreiros apresentam os dizeres 
“obras de urbanização”. 
Por fim, a urbanização pode ser entendida como a ex-
pansão do modo de vida urbano. Sabemos que os hábi-
tos tipicamente urbanos não se encontram mais restritos 
apenas ao perímetro das cidades. A expansão da abran-
gência dos meios de comunicação para áreas rurais ajuda 
na difusão de um certo padrão de consumo e de hábitos 
culturais típicos do meio urbano, agora presentes também 
no campo.
Em seguida, prossiga com a explicação dos conceitos 
apresentados no Caderno do Aluno. Embora não seja fun-
damental respeitar a ordem do Caderno, pode ser mais 
fácil para os alunos compreender o que seria uma região 
metropolitana após a conceituação de metrópole. Da mes-
ma forma, para uma boa compreensão de megalópole, é 
importante explicar primeiro a definição de metrópole. 
É um equívoco comum entre os alunos acreditar que 
a megalópole é uma metrópole de maiores proporções. 
Esse erro é reforçado por uma confusão causada pelo uso 
desse conceito na grande mídia, que o utiliza constante-
mente para definir uma metrópole de grandes propor-
ções territorial e populacional. Discuta com a turma o 
significado de megalópole apresentado no módulo: uma 
grande mancha urbana contígua, resultante do processo 
de conurbação entre duas ou mais regiões metropolita-
nas. Explique que a intensa troca de fluxos entre duas ou 
mais regiões metropolitanas, mesmo sem a união total de 
suas manchas urbanas, também pode criar uma megaló-
poles. Como exemplos de megalópole no mundo, temos 
Bosnywash (abrange a região entre as cidades de Boston 
e Washington, incluindo também Nova York, e se localiza 
na costa leste dos Estados Unidos); Chipitts (compreen-
dendo a região entre Chicago e Pittsburg e englobando 
também as cidades de Cleveland e Detroit, nos Estados 
Unidos); Sansan (região entre São Francisco e São Diego, 
na costa oeste dos Estados Unidos, onde se destaca a ci-
dade de Los Angeles); Tokkaido (que compreende as re-
giões metropolitanas de Tokio, Yokohama, Nagoya, Osaka 
e Kobe, no Japão); Londres-Leeds (que inclui também 
as cidades de Birmingham, Liverpool, Manchester e 
Bradford, no Reino Unido).
Ao discutir o conceito de megacidade, explique que 
ele é meramente quantitativo, diferentemente da defi-
nição de metrópole, que envolve critérios qualitativos 
(presença de comércios e serviços raros ou de qualidade 
destacável). Toda cidade com mais de 10 milhões de ha-
bitantes pode ser considerada uma megacidade. Mostre 
aos alunos que o fenômeno das megacidades se dá muito 
mais no mundo subdesenvolvido, onde a industrialização 
e a urbanização aconteceram de maneira mais concentra-
da, atraindo uma grande quantidade de pessoas para as 
poucas cidades que concentravam os empregos. Na Eu-
ropa, onde o processo de urbanização foi mais disperso e 
gradual, não existem megacidades. 
Ao final da Aula 1, resolva com a turma a questão 1 
da seção Praticando o aprendizado. Para casa, sugerimos 
que os alunos trabalhem os exercícios da seção Desenvol-
vendo habilidades, sobretudo as questões 3, 4 e 10. 
Como aprofundamento facultativo, sugerimos a 
utilização das questões da seção Aprofundando o 
conhecimento.
 AULA 2
Na segunda aula, é importante discutir com a turma 
os processos que levam à construção do espaço urbano, 
bem como a desigualdade socioespacial e os conflitos po-
líticos, sociais e econômicos existentes na cidade.
Apresente os agentes responsáveis pela construção 
do espaço urbano (Estado, capital, sociedade), mostran-
do como cada um atua. Discuta como nem sempre esses 
agentes convivem em harmonia, e que o choque de inte-
resses é frequente. Na cidade capitalista, nem sempre as-
sistimos o Estado se relacionando da mesma maneira com 
os outros dois agentes. O mais comum é que ele tenda 
para o lado do capital. 
Mostre também aos alunos que a cidade que esta-
mos estudando é bastante desigual. Ela não apresenta a 
mesma infraestrutura em sua totalidade, nem as mesmas 
amenidades, comércios e serviços. Assim, os espaços que 
são dotados dessas qualidades geralmente representam 
um sítio urbano mais caro. Em uma sociedade de classes, 
os estratos mais ricos adquirem os melhores e mais caros 
espaços, restando para a população mais pobre aqueles 
menos valorizados. Desse modo, concluímos que o espa-
ço urbano consegue materializar a desigualdade social 
existente. Esse processo recebe o nome de segregação 
socioespacial. É importante diferenciar a segregação so-
cioespacial da chamada autossegregação socioespacial 
ou autoexclusão. Enquanto a primeira ocorre a partir da 
valorização e desvalorização dos espaços, que passam a 
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ser adquiridos por populações de maior ou menor poder 
aquisitivo, a segunda é representada por espaços criados 
propositalmente para uma classe privilegiada, com maior 
poder aquisitivo. Os condomínios de luxo são um exem-
plo de autossegregação socioespacial e frequentemente 
também são chamados de enclaves fortificados. Questio-
ne a turma sobre outros exemplos de autossegregação 
socioespacial. O shopping center, sem dúvida, se enqua-
dra bem como uma resposta.
Em seguida, discuta com os alunos como as obras 
de revitalização dos centros comerciais contribuem para 
uma cidade cada vez mais dividida socialmente. Ao pro-
moverem a valorização seletiva do espaço urbano, com 
a implementação de nova infraestrutura, as populações 
tradicionais dessas áreas, geralmente com menor poder 
aquisitivo, não dão conta de arcar com os custos maiores 
de aluguel, produtos e serviços, que também inflacionam, 
e acabam sendo expulsas, geralmente para áreas mais pe-
riféricas da cidade, onde encontram um menor custo de 
vida. Explique que chamamos de gentrificação esse pro-
cesso de mudança do perfil social de uma determinada 
área, sendo os novos moradores pertencentes a uma clas-
se social mais abastada. Geralmente as obras de revitaliza-
ção implicam gentrificação. Questione os alunos se seria 
possível realizar obras de revitalização (que apresentam 
pontos positivos, como o maior dinamismodo comér-
cio, mais segurança, estímulo ao turismo, etc.) sem que 
ocorra gentrificação. É fundamental que o aluno perceba 
a importância de as populações pobres dos bairros que 
recebem obras de melhoria também usufruirem dessas 
melhorias, não sendo expulsas para lugares distantes. Na 
seção de Material de apoio ao professor deste Manual, 
você encontra sugestões de sites de notícias com exem-
plos de políticas governamentais em países da Europa 
que visam deter a gentrificação. Você pode apresentá-las 
aos alunos.
Por fim, é interessante começar uma discussão com 
a turma a respeito do papel das favelas e dos bairros 
pobres no contexto da segregação socioespacial. Essas 
comunidades constituem espaços onde o poder estatal 
se apresenta de maneira mais frágil. A falta de atuação 
do Estado nessas áreas, não oferecendo satisfatoria-
mente saneamento básico, segurança, habitação de 
qualidade, etc., criou espaços que apresentam um va-
lor do solo urbano mais baixo, compatível com a renda 
dos estratos sociais de menor poder aquisitivo. Muitas 
vezes, as favelas se constituem como elementos de in-
tegração na cidade, já que estão localizadas próximas a 
áreas bastante valorizadas, que geralmente concentram 
o emprego, sendo portanto uma alternativa ao estabele-
cimento da população mais pobre em uma área perifé-
rica. Deixe claro para o aluno que morar muito distante 
do seu trabalho pode implicar sua perda ou uma desvan-
tagem em possíveis entrevistas de emprego, já que isso 
representa um custo maior para o empregador, obriga-
do a arcar com valores mais elevados para o transporte 
do trabalhador.
No final de 2013 e no início de 2014, eclodiram nos 
shopping centers brasileiros uma série de encontros de 
jovens de classes de baixa renda, que logo ganharam co-
notação política, os chamados “rolezinhos”. Proponha um 
debate com a turma apresentando notícias da época que 
relatem tais movimentos. Será que os “rolezinhos” desa-
fiaram a segregação socioespacial? Por que foram alvo de 
tantas críticas, sendo inclusive proibidos de ocorrer, em 
alguns casos, por mandato judicial? Por que o shopping 
center foi escolhido como palco para esses encontros? 
Será que as cidades, sobretudo as áreas mais pobres, não 
carecem de espaços públicos de lazer? Levante essas e 
outras questões na discussão.
Ao final da Aula 2, resolva com a turma as questões 2 e 
4 da seção Praticando o aprendizado. Para casa, sugeri-
mos que os alunos trabalhem os exercícios das seções De-
senvolvendo habilidades, sobretudo as questões 1, 2 e 5. 
Como aprofundamento facultativo, sugerimos a uti-
lização das questões da seção Aprofundando o conhe-
cimento.
I. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS
 ➜ Urbanização
• Termo polissêmico (concepções diferentes)
• Crescimento urbano maior que o crescimento rural
• Expansão da cidade ou surgimento de novas cidades
• Ampliação de infraestrutura urbana
• Proliferação do modo de vida urbano
 ➜ Rede urbana
• Toda a infraestrutura que articula as cidades 
(transporte e comunicação)
• Permite a ocorrência dos fluxos
 ➜ Hierarquia urbana
• Qualidade e quantidade de serviços
• Infraestrutura de transporte e comunicação
• Diferentes poderes de polarização das cidades
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Esquema clássico
Metrópole nacional
Metrópole regional
Centro regional
Cidade local
Vila
Relações entre as cidades em uma rede urbana
FONTE: SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. 
Geografia geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 1999.
Esquema atual 
Metrópole 
nacional
Metrópole regional
Centro regional
Cidade local
Vila
 ➜ Metrópóle
• “Cidade mãe”
• Cidade polarizadora de serviços, capital e bens
• Obs.: região metropolitana: conurbação entre a metrópole e as cidades vizinhas (ocorre conurbação quando a mancha 
urbana de duas ou mais cidades se integra ao ponto de os limites se tornarem imperceptíveis)
II. CONCEITOS CONTEMPORÂNEOS 
 ➜ Megalópole
• Conurbação entre duas ou mais metrópoles
• Regiões de intenso desenvolvimento urbano
Exemplo: Bosnywash, Chipitts, Tokkaido
 ➜ Cidades globais
• “Coração” da economia de um país
• Centralização dos fluxos informacionais e de capital (presença de bolsas de valores, etc.)
• Possuem hierarquia urbana própria entre elas
• Destaca-se o setor terciário
 ➜ Megacidades
• Cidades com mais de 10 milhões de habitantes
• Conceito meramente populacional
 ➜ Macrocefalia urbana
• Processo típico de países periféricos
• Crescimento urbano acelerado + falta de planejamento
• Violência, desemprego, trânsito, ocupações irregulares
• Hipertrofia do setor terciário (informalidade)
 ➜ Desmetropolização
• Diminuição do ritmo de crescimento de uma região metropolitana
• Inchaço urbano torna grandes cidades menos atrativas
• Queda da qualidade de vida nos grandes centros
• Desconcentração industrial e populacional (para pequenas e médias cidades)
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ATIVIDADES COMPLEMENTARES
SUGESTÃO I
Recentemente, as cidades brasileiras abrigaram 
grandes eventos esportivos (Copa do Mundo de 2014 
e Jogos Olímpicos de 2016). Divida a turma em gru-
pos e peça aos alunos que apresentem um seminá-
rio sobre os impactos das intervenções urbanas para 
atender aos megaeventos no Brasil. Sabemos que as 
cidades sofreram grandes transformações urbanas 
com esses eventos. Qual o impacto disso na segrega-
ção socioespacial? Será que os investimentos feitos 
em transporte público conseguiram diminuir essa ca-
racterística marcante das cidades brasileiras? Ou será 
que as intervenções nas cidades reforçaram a segre-
gação socioespacial?
SUGESTÃO II
Caso sua escola apresente um tempo extra de aula, tra-
balhe com a turma a seção pH1, que no módulo explora 
as diferentes concepções de subúrbio. No Brasil, tal termo 
adquiriu um significado que se distanciou dos processos e 
do momento em que esse espaço geográfico foi construí-
do, adquirindo um caráter pejorativo e muito ligado à po-
breza e ao que é arcaico. De maneira distinta, encontramos 
concepções que atrelam o subúrbio a uma área periférica, 
incorporada à cidade tardiamente e que apresenta uma me-
nor disponibilidade de serviços. Ainda, o termo pode ser 
empregado para se referir mais especificamente às áreas da 
cidade com menor densidade demográfica. Nos Estados 
Unidos, após a Segunda Guerra Mundial, os centros comer-
ciais de cidades como Los Angeles passaram por grandes 
transformações. Com o aumento da violência, as popula-
ções mais ricas deixaram as áreas centrais, buscando áreas 
mais afastadas e com segurança, maior lazer, etc. – esses 
IV. AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE “SUBÚRBIO”
Concepção original
 ➜ Espaço que cerca uma cidade
• Transição entre o urbano e o rural
• Menor densidade demográfica
• Pode abrigar pequenas propriedades agrícolas, 
condomínios de luxo, parques, etc.
Obs.: com a expansão da mancha urbana...
Suburbano → urbano
Concepção pejorativa
 ➜ Constantemente utilizada no Brasil
 ➜ Bairros onde as classes mais pobres residem
 ➜ Carência de infraestrutura
 ➜ Menor qualidade de vida
III. ORGANIZAÇÃO INTERNA DA CIDADE
 ➜ Os diferentes agentes produzem o espaço urbano e 
o expandem
• Capital (busca o lucro com a venda do espaço ur-
bano)
• Estado (cria infraestrutura urbana e as leis)
• Sociedade (busca a sobrevivência)
 ➜ Espaço articulado (cidade formal – bem integrada 
pelos fluxos) 
Exemplo: Shopping centers
 ➜ Espaço fragmentado (cidade informal – excluída es-
pacialmente) 
Exemplo: Comunidades carentes, favelas
 ➜ Segregação socioespacial
• Materialização da desigualdade social no espaço 
urbano
• Classes com maior poder aquisitivo se apropriam 
dos melhores e mais caros espaços
• Periferização da população de baixa renda
• Áreas periféricas desarticuladas (falta de infraestru-
tura de transportes)
• Favelização➜ Gentrificação
• Mudança do perfil social de uma localidade
• Chegada de população de maior poder aquisitivo
• Geralmente acompanha processos de valorização do 
espaço urbano por meio de obras de revitalização
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são os subúrbios de Los Angeles. As áreas centrais, agora 
menos valorizadas, se tornaram espaços ocupados por 
uma população com menor poder aquisitivo, como imi-
grantes latinos e afro-americanos.
MATERIAL DE APOIO AO PROFESSOR
 
LIVROS
CARLOS, Ana Fani Alessandri; DAMIANI, Amélia Luisa e 
SEABRA, Odette Carvalho de Lima. O espaço no fim de 
século: a nova raridade. São Paulo: Contexto, 1999. 
CARLOS, Ana Fani Alessandri. A (re)produção do espaço 
urbano. São Paulo: Edusp, 1994. 
. A cidade. São Paulo: Contexto, 2011. 
; SOUZA, Marcelo Lopes de; SPOSITO, Maria Encarna-
ção. A produção do espaço urbano: agentes e processos, 
escalas e desafios. São Paulo: Contexto, 2011.
CORRÊA, Roberto Lobato. Rede urbana e formação espa-
cial: uma reflexão considerando o Brasil. Revista Território, 
n. 8, jan. jun. 2000. 
DAMIANI, Amélia Luisa. A urbanização crítica na metró-
pole de São Paulo a partir de fundamentos da geografia 
urbana. In: Anais do 12o Encuentro de Geógrafos de Amé-
rica Latina, Egal, 2009. 
HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. São 
Paulo: Annablume, 2005. 
LEFEBVRE, Henri. Espaço e política. Belo Horizonte: Ed. 
UFMG, 2008. 
MATOS, Olgária. A cidade e o tempo. Revista Espaço e 
Debate, n. 7, São Paulo, 1983, p. 7-15. 
MONBEIG, Pierre. O estudo geográfico das cidades. In: 
Boletim Geográfico. Rio de Janeiro: IBGE, out. 1943. 
SANTOS, Milton. O espaço dividido: os dois circuitos da 
economia urbana dos países subdesenvolvidos. Rio de Ja-
neiro: Francisco Alves, 1979. 
. Manual de geografia urbana. São Paulo: Edusp, 2008. 
SEABRA, O. Os territórios do uso: cotidiano e modo de 
vida. Revista Cidades, n. 2, 2004, pp. 181-206. 
SINGER, Paul. Economia política da urbanização. São Pau-
lo: Contexto, 2002. 
SMITH, Neil. Gentrificação, a fronteira e a reestruturação 
do espaço urbano. In: GeoUSP, n. 21. São Paulo: DG-USP, 
2007. 
SOJA, Edward. Geografias pós-modernas: a reafirmação 
do espaço na teoria social crítica. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar, 1993. 
SITES
Paris anuncia medidas radicais para impedir a gentrificação
Disponível em: <www.archdaily.com.br/br/759927/paris-
anuncia-medidas-radicais-para-impedir-gentrificacao>. 
Acesso em: 28 abr. 2016.
Berlim é a primeira cidade alemã a controlar aluguéis
Disponível em: <http://oglobo.globo.com/mundo/berlim-
a-primeira-cidade-alema-controlar-alugueis-16333820>. 
Acesso em: 28 abr. 2016.
FILMES
Grosso calibre. Brasil, 2010,14 min. Direção: Guilherme Ar-
ruda, Ludmila Curi, Thiago Vieira. Disponível em: <https://
vimeo.com/16190014>. Acesso em: 28 abr. 2016.
Notícias de uma guerra particular. Brasil, 1999, 57 min. Di-
reção: Kátia Lund, João Moreira Salles.
Cidade de Deus. Brasil, 2002, 130 min. Direção: Fernando 
Meirelles, Kátia Lund.
Hiato. Brasil, 2008, 20 min. Direção: Vladimir Seixas. Dispo-
nível em: <www.youtube.com/watch?v=UHJmUPeDYdg>. 
Acesso em: 28 abr. 2016.
GABARITO COMENTADO
 PRATICANDO O APRENDIZADO
1. a. Significado das figuras: [I] centro urbano isolado; 
[II] aglomeração urbana com dois centros urbanos 
com conurbação: união física de cidades devido 
ao crescimento urbano; [III] aglomeração urbana 
sem conurbação, mas com interação como fluxos 
populacionais/movimentos pendulares e econô-
micos; [IV] região metropolitana com metrópole 
principal polarizando cidades próximas; [V] mega-
lópole: interação socioeconômica entre regiões 
metropolitanas. 
2 . e. Como mencionado corretamente na alternativa e, a 
análise da figura demonstra a segregação social ur-
bana, estando os edifícios – representação de me-
lhores condições sociais – margeados pela periferia, 
cujas condições habitacionais e sanitárias remetem 
ao espaço do baixo poder aquisitivo, caracterizado 
pela infraestrutura deficiente e pela insuficiência das 
políticas públicas. Estão incorretas as outras alterna-
tivas porque o tema da figura não é a dinâmica natu-
ral, o impacto ambiental, a população ribeirinha ou 
as adversidades do meio urbano. 
3. d. A difusão do meio técnico-científico-informacional 
através das redes de telecomunicações, transpor-
tes e informática no período da globalização tor-
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nou a rede hierárquica urbana mais flexível, uma 
vez que permite que pequenas cidades se rela-
cionem diretamente com metrópoles nacionais 
e globais sem passar por cidades intermediárias. 
Um dos exemplos é o crescimento do trabalho 
on-line em casa, com utilização de computadores 
e internet. 
4. a. A iniciativa do Estado em estimular moradias com 
“rendas mistas”, ou seja, unidades habitacionais 
com moradores de diferentes segmentos de renda 
(classe média, média-baixa e baixa), é importante 
para diminuir a segregação socioespacial urbana. 
Permite que famílias de baixa renda tenham aces-
so a bairros com melhor infraestrutura e também 
favorece a interação e o convívio social entre mo-
radores com diferentes níveis de renda e origens 
culturais. Como nos Estados Unidos a proporção 
de pobres é maior entre latinos e negros, o con-
ceito de habitação social favorece a diminuição da 
intolerância racial. 
5. d. A África Negra (Subsaariana) e o sul da Ásia apre-
sentam grandes porcentuais de população urbana 
e população rural que moram em assentamentos 
precários, no Brasil denominados de aglomerados 
subnormais em áreas urbanas (favelas). 
 DESENVOLVENDO HABILIDADES
1. b. Como mencionado corretamente na alternativa b, 
os desequilíbrios registrados nas encostas resultam 
da urbanização desordenada, onde a população de 
baixa renda é empurrada para as áreas periféricas, 
ocupando regiões de preservação. Estão incorretas 
as alternativas: a e c, porque as atividades econômi-
cas situam-se em áreas mais centrais e regulares; 
d, porque os equipamentos urbanos são as obras 
de infraestrutura da cidade e instalam-se em áreas 
reguladas; e, porque os projetos habitacionais não 
ocupam áreas de risco. 
2. e. A análise da imagem mostra a segregação do es-
paço urbano, marcada pela desigualdade de condi-
ções sociais mencionada corretamente na alternativa 
e. Estão incorretas as alternativas: a, porque a segre-
gação resulta da ausência da garantia dos direitos 
básicos do cidadão; b, porque a imagem mostra os 
cinturões de favelamento, o que indica déficit habita-
cional; c, porque a segregação indica descontrole do 
uso do espaço urbano; d, porque a imagem mostra 
a polaridade das classes sociais. 
3. d. Como mencionado corretamente na alternativa 
d, o fluxo migratório entre municípios que com-
põem a região metropolitana de Belo Horizonte 
está associado à sua conurbação, criando a inte-
gração físico-espacial entre eles. Estão incorretas 
as alternativas: a e c, porque a migração pendu-
lar ocorre de áreas adjacentes para a metrópole, 
área de maior problema ambiental; b, porque as 
migrações confirmam a hierarquia urbana, já que 
ocorrem de municípios menores para o município 
maior; e, porque as migrações confirmam a con-
centração dos investimentos. 
4. c. Como mencionado corretamente na alternativa c, 
o mapa indica a localização e a polarização das ci-
dades globais, ou seja, cidades cuja influência se 
estende pelo globo. Estão incorretas as demais al-
ternativas porque não correspondem à informação 
evidenciada pelo mapa. 
5. e. De modo geral, nas cidades é melhor o acesso à 
educação e à saúde do que nas zonas rurais. Po-
rém, em países subdesenvolvidos marcados pela 
grande desigualdade social, parcela importante 
da população infantil vive em situação de pobre-
za ou miséria. Portanto, são frequentes o trabalho 
infantil,crianças de rua, vulnerabilidade em mora-
dias insalubres, além da exposição a doenças pela 
insuficiência de saneamento básico. 
6. a. Como mencionado corretamente na alternativa 
a, os países subdesenvolvidos, em especial no 
continente africano, respondem pelo maior cres-
cimento da urbanização no período analisado. Es-
tão incorretas as alternativas: b, porque o menor 
crescimento urbano na América do Sul indica um 
processo em curso há mais tempo; c, porque os 
países do Norte ou desenvolvidos já estão próxi-
mos de concluir seu processo de urbanização; d, 
porque a África não registra crescimento industrial 
expressivo; e, porque África e Ásia permanecem 
com seus espaços rurais pouco modernizados.
7. e. Como mencionado corretamente na alternativa e, o 
mapa representa as áreas de densa urbanização com 
a conurbação de uma ou mais metrópoles. Estão in-
corretas as alternativas: a, porque os centros auto-
mobilísticos não são encontrados, por exemplo, no 
continente africano; b, porque a produção de maté-
ria-prima é associada aos países subdesenvolvidos 
e distribuída de forma mais genérica; c, porque a 
maior produção de petróleo encontra-se principal-
mente no Oriente Médio; d, porque os elevados 
índices de natalidade estão associados a países de 
menor renda. 
8. d. A alternativa a é incorreta porque define o pro-
cesso que cria as megalópoles e não as cidades 
globais; a alternativa b é incorreta porque, em-
bora a maior parte das cidades globais esteja lo-
calizada em países desenvolvidos, o IDH não é cri-
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tério para sua definição; a alternativa c é incorreta 
porque descreve o processo de metropolização; e 
a alternativa e é incorreta porque descreve o pro-
cesso de surgimento de uma megalópole. 
9. d. Como mencionado corretamente na alternativa d, 
o crescimento demográfico na América Latina tem 
se apresentado em ritmo mais reduzido, eviden-
ciando a evolução no processo de transição demo-
gráfica, além de menor êxodo rural e menor ritmo 
de metropolização. Estão incorretas as alternati-
vas: a, porque megacidades são núcleos urbanos 
com mais de 10 milhões de habitantes e, na Amé-
rica Latina, somente a Cidade do México e São 
Paulo correspondem ao conceito; b, porque em-
bora tenha se ampliado a oferta e o crédito para 
moradias, o déficit habitacional não foi eliminado; 
c, porque apesar do crescimento econômico bra-
sileiro, os problemas sociais persistem no país; e e, 
porque ainda persistem os problemas sociais das 
cidades latino-americanas. 
10. a. O esquema mostra um sistema de redes e fluxos 
no qual os locais de menor influência estão subor-
dinados aos de maior influência, mostrando a re-
lação de hierarquia entre eles. 
 APROFUNDANDO O CONHECIMENTO
1. b. Como mencionado corretamente na alternativa b, 
a economia subterrânea subsiste com a ausência 
de políticas oficiais do Estado. Estão incorretas as 
alternativas: a, porque a urbanização incipiente é 
característica dos países subdesenvolvidos de uma 
forma geral; c, porque não é a explosão demográ-
fica a causa da ocupação desordenada do espaço; 
d, porque os bolsões de favelamento não ocorrem 
como resultado de mutirões; e e, porque embora 
as características apontadas pela alternativa este-
jam corretas, elas não ameaçam o desenvolvimen-
to global. 
2. a. O texto aborda a multiplicidade de culturas e etnias 
das grandes cidades, compondo um mosaico de di-
ferenças, como corretamente mencionado na alter-
nativa a. Estão incorretas as alternativas: b, porque, 
segundo o texto, quanto maior a cidade, maior é sua 
heterogeneidade; c, porque o tema abordado pelo 
texto não é a imigração, e sim a composição que os 
diferentes tipos étnicos criam no espaço das grandes 
cidades; d, porque o tema abordado pelo texto não 
é a xenofobia; e, porque não se encerrou a miscige-
nação da população das cidades. 
3. b. A análise das imagens de satélite permite afir-
mar que o maior crescimento da periferia urbana 
aconteceu em Chengdu, na República Popular da 
China. Isso se deve ao rápido processo de urbani-
zação no território chinês causado pela industria-
lização, pela expansão do setor terciário e pelo 
intenso êxodo rural. 
5. c. Como mencionado corretamente na alternativa c, 
megacidades são núcleos urbanos com população 
superior a 10 milhões de habitantes. Estão incorre-
tas as alternativas: a, porque cidade global é uma 
cidade cuja polarização se estende em nível mundial 
em razão de seu caráter econômico ou cultural; b, 
porque metrópoles são cidades que polarizam áreas 
conurbadas; d, porque rede urbana é uma rede de 
cidades; e, porque área metropolitana é um conjun-
to de cidades conurbadas entre si, em torno de uma 
metrópole. 
ANOTA‚ÍES
 
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11
Módulo
OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES
• Caracterização dos setores produtivos
• Terciarização das atividades produtivas: a ex-
pansão dos setores financeiro, comercial e de 
serviços 
• Novas formas de geração de emprego e renda 
nos setores comercial e de serviços
• Hipertrofia do setor terciário e trabalho informal
• H20 - Selecionar argumentos favoráveis ou contrários 
às modificações impostas pelas novas tecnologias à 
vida social e ao mundo do trabalho.
• Identificar cada um dos setores produtivos.
• Diferenciar terceirização de terciarização.
• Problematizar o processo de terciarização no mundo 
subdesenvolvido.
O espaço urbano:
o desenvolvimento do
setor terciário
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, tem sido inegável o crescimento 
da importância do setor terciário (comércio e serviços) na 
economia de praticamente todos os países. Em alguns, so-
bretudo nos desenvolvidos, o terciário apresenta elevado 
índice de empregabilidade, ocupando mais de 70% da Po-
pulação Economicamente Ativa dos Estados Unidos, por 
exemplo. No Brasil, embora haja uma diferença qualitativa, 
esse também é de longe o setor que mais emprega.
Outra característica marcante do terciário é a sua pos-
sibilidade de incluir atividades que produzem algo não 
tangível, diferentemente dos bens primários e secundá-
rios. Referimo-nos aos serviços que, com a atividade co-
mercial, compõem o setor. O setor de prestação de servi-
ços apresenta ótimas oportunidades para os capitalistas, 
tendo em vista que nele produção, distribuição e consu-
mo são processos que ocorrem paralelamente, de manei-
ra simultânea, permitindo a acumulação de riquezas de 
maneira quase instantânea. 
Contudo, é apenas isso que explica o crescimento 
desse setor? O estudo deste módulo propõe ao aluno 
uma investigação aprofundada sobre o setor terciário, 
bem como um esclarecimento sobre as atuais necessida-
des do mercado de trabalho, algo fundamental para a sua 
plena inserção quando adulto.
ESTRATÉGIAS DE AULA
 AULA 1
É importante, desde o início, apresentar à turma 
os diferentes setores da economia, dando exemplos 
de atividades que se enquadram em cada segmento 
da classificação (primário, secundário e terciário). Para 
evitar confusões, apresente também os setores da so-
ciedade civil, destacando que o primeiro setor corres-
ponde ao Estado; o segundo, aos entes privados (em-
presas); e o terceiro, à sociedade organizada na forma 
de instituições, como organizações não governamen-
tais (ONGs). 
Mostre a diversidade do setor terciário, que envol-
ve uma série de atividades muito distintas, empregando 
profissionais pouco e muito qualificados. Assim, o terciá-
rio pode ser subdividido em inferior e superior (também 
chamado de quaternário), de acordo com alguns autores. 
O setor quaternário engloba serviços que exigem grande 
quantidade de conhecimento e informação por parte dos 
seus profissionais, que atuam em áreas como computa-
ção, tecnologia da informação, telecomunicações, edu-
cação superior, pesquisa e desenvolvimento, consultoria 
jurídica, entre outros.31
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Embora tenha apresentado expansão muito signi-
ficativa em tempos recentes, a população empregada 
no terciário sofre de um risco também encontrado nos 
outros setores: o desemprego estrutural – aquele que 
se dá por conta de uma mudança no processo produti-
vo, como a introdução de uma máquina para desempe-
nhar uma função antes realizada por um trabalhador. O 
professor pode utilizar o exemplo recente da tendência 
de substituição de funcionários em estacionamentos 
privativos (como os dos shoppings centers) por máqui-
nas eletrônicas que recebem o pagamento pelo serviço. 
Diferencie desemprego estrutural do conjuntural, expli-
cando que esse último é provocado por uma conjuntura 
econômica desfavorável (crise econômica).
Ainda na primeira aula, mostre aos alunos que a 
Terceira Revolução Industrial impulsionou o setor ter-
ciário, já que fez surgir uma série de serviços de apoio 
às indústrias de informática, microeletrônica, robótica, 
telecomunicações, entre outras. Além disso, discuta a 
tendência de surgimento de uma série de empresas 
prestadoras de serviços, que até então eram oferecidos 
pela empresa principal (serviços jurídicos, contábeis, 
manutenção, segurança, etc.), ocorrida no contexto 
de afirmação do neoliberalismo, a partir da década de 
1980.
Ao final da Aula 1, resolva com a turma as questões 1 e 
2 da seção Praticando o aprendizado. Para casa, sugerimos 
que os alunos trabalhem os exercícios da seção Desenvol-
vendo habilidades, sobretudo as questões 8 e 10. 
 Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utili-
zação das questões da seção Aprofundando o conheci-
mento.
 AULA 2
Após a Segunda Guerra Mundial, sobretudo a par-
tir dos anos 1970, notamos no mundo uma tendência de 
transferência das indústrias dos países desenvolvidos para 
os países subdesenvolvidos (principalmente asiáticos, 
como a China, a Índia e os Tigres Asiáticos) em busca de 
mais vantagens comparativas, como isenções fiscais, mão 
de obra e terrenos baratos, entre outras. Esse fenômeno, 
típico do mundo desenvolvido atual, é conhecido como 
desindustrialização. Como consequência, nos países cen-
trais, houve declínio da força de trabalho ocupada no setor 
industrial, absorvida pelo terciário, que nesses países apre-
senta um forte dinamismo. Não é à toa que a população 
do mundo desenvolvido é chamada de sociedade pós-in-
dustrial. Contudo, existem países considerados periféricos 
ou semiperiféricos que não conseguem desenvolver políti-
cas capazes de atrair o capital industrial que procura novos 
espaços, e acabam também se desindustrializando. Nesses 
países, quase sempre pobres, se verifica que o terciário é 
menos dinâmico e não consegue absorver toda a massa 
desempregada pela indústria no setor terciário formal. 
Como resultado, surge um setor terciário informal incha-
do (grande parte da população trabalhando sem carteira 
assinada, no comércio ambulante ou realizando serviços 
esporádicos diversos, como de limpeza, de pintura, etc., e, 
logo, sem garantias trabalhistas). Chamamos esse fenôme-
no de hipertrofia do terciário.
Nessa aula, aproveite para esclarecer alguns con-
ceitos econômicos importantes, como Produto Interno 
Bruto, Produto Nacional Bruto (mostrando que o PIB 
considera todas as riquezas geradas em uma economia 
em um ano, não desprezando o que é remetido para o 
exterior, como faz o PNB) e População Economicamente 
Ativa (PEA), que corresponde à população empregada 
somada à parcela da população desempregada que bus-
ca emprego. Como os países subdesenvolvidos apresen-
tam muitas firmas estrangeiras, que remetem seus lucros 
para o país-sede da empresa, geralmente o PNB de suas 
economias é menor que o PIB, enquanto o oposto se ve-
rifica nos países desenvolvidos.
Por fim, trabalhe com a turma aspectos da geogra-
fia do turismo. Diversos serviços estão relacionados ao 
turismo, como hospedagem, guia de viagem, traslado, 
entre outros. Além disso, aponte como a presença de 
turistas em determinada área provoca o aumento da 
demanda por bens, desde os mais essenciais (como 
alimentos) até outros mais específicos, relacionados à 
própria estadia dos turistas (suvenires, presentes, etc.). 
Assim, a atividade turística é cada vez mais incentiva-
da pelo mundo. Vale a pena destacar que no hemisfé-
rio norte encontramos os países melhor colocados nos 
rankings de competitividade no setor, uma vez que nos 
países desenvolvidos são encontrados melhor infraes-
trutura de transportes, melhores serviços de hospeda-
gem, grandioso cuidado com o patrimônio arquitetôni-
co e histórico, além de maciços investimentos por parte 
do Estado em campanhas publicitárias de estímulo à 
atividade turística. Nos países subdesenvolvidos, con-
dições sociais adversas, como a violência e o menor in-
vestimento em transportes e conservação arquitetônica, 
frequentemente diminuem a atratividade do turismo. 
Contudo, é importante lembrar que nos países pobres 
estão os ambientes naturais menos degradados, além 
de haver maior número de dias ensolarados por ano e 
grande diversidade cultural, muitas vezes definida como 
exótica – fatores que contribuem para o fortalecimento 
da atividade turística nesses locais. 
Ainda sobre o turismo internacional, destaque o fato 
de a maior parte dos turistas do mundo virem dos Estados 
Unidos, da Europa Ocidental e do Japão, já que nesses paí-
ses há renda per capita mais elevada. O grande destaque 
turístico mundial é a França, que recebe principalmente tu-
ristas estadunidenses e japoneses. Recentemente, o Brasil 
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 SUGESTÃO DE QUADRO
 I. INTRODUÇÃO
 ➜ Setores da economia 
• Primário
- Agricultura, pecuária, extrativismo vegetal e mineral
• Secundário
- Indústria e construção civil
• Terciário 
- Comércios e serviços
Obs.: setor quaternário (terciário avançado)
- Serviços que exigem grande quantidade de infor-
mação e conhecimento
Exemplo: Consultorias financeira e jurídica, servi-
ços de TI
 ➜ Organização da sociedade civil
• Primeiro setor: Estado
• Segundo setor: empresas privadas
• Terceiro setor: ONGs 
 II. EVOLUÇÃO DO SETOR TERCIÁRIO
 ➜ Forte crescimento a partir dos anos 1970
 ➜ Expansão da urbanização para os países periféricos
• Maior participação da mulher no mercado de tra-
balho
• Aumento da demanda por serviços: creches, servi-
ços de limpeza doméstica, etc.
• Aumento do consumo
• A cidade concentra bens e serviços
 ➜ Terceira Revolução Industrial 
• Serviços de apoio técnico às indústrias de informá-
tica, robótica e microeletrônica
• Tendência de terceirização
• Contratação de empresas que oferecem serviços 
antes realizados por funcionários próprios
 ➜ Desindustrialização e desemprego estrutural
• Desindustrialização: diminuição relativa da partici-
pação das indústrias na economia
• Transferência da população ocupada no setor in-
dustrial para o setor terciário
- Países centrais: absorção pelo terciário formal 
- Países periféricos: absorção pelo terciário infor-
mal (hipertrofia do terciário)
Obs.: O desemprego estrutural na indústria também é 
responsável pela transferência de população para o setor 
terciário
• Com a Terceira Revolução Industrial, os processos 
fabris se tornam mais automatizados
Obs.: Terceirização 3 terciarização 
- Terceirização: subcontratação de empresas
- Terciarização: crescimento da população empre-
gada no setor terciário
 III. O TURISMO NO MUNDO
 ➜ O que é turismo?
• Deslocamento a partir de viagens para permanên-
cia curta em lugares distintos de onde vive
• Período de permanência inferior a um ano
• Fins de lazer, negócios e outros
 ➜ Turismo internacional
• Vantagens dos países desenvolvidos (mais compe-
titivos):
- Melhor infraestrutura hoteleira
- Melhor infraestrutura de transportes- Maior gasto com publicidade, conservação do 
patrimônio e segurança
• Vantagens dos países em desenvolvimento (me-
nos competitivos):
- Ambientes naturais menos degradados
- Maior número de dias ensolarados
- Diversidade cultural
Obs.: A maior parte dos turistas internacionais são de 
países desenvolvidos (maior renda per capita)
recebeu importantes eventos esportivos de grande proje-
ção internacional, como a Copa do Mundo Fifa 2014 e os 
Jogos Olímpicos de 2016, que criaram a possibilidade de 
incremento da atividade turística no país para os anos se-
guintes. No entanto, para que essa expectativa se concre-
tize, é fundamental que as autoridades governamentais es-
tejam atentas às demandas por infraestrutura e segurança 
– elementares para o turismo em qualquer parte do mundo.
Ao final da Aula 2, resolva com a turma as questões 3 
e 5 da seção Praticando o aprendizado.
Para casa, sugerimos que os alunos trabalhem os exer-
cícios da seção Desenvolvendo habilidades, sobretudo 
as questões 1, 2 e 3. Como aprofundamento facultativo, 
sugerimos a utilização das questões da seção Aprofun-
dando o conhecimento.
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ATIVIDADE COMPLEMENTAR
O professor pode solicitar aos alunos que façam, em 
grupo, uma investigação sobre potencialidades e garga-
los encontrados em suas cidades que poderiam afetar o 
setor turístico. A cidade apresenta apelo turístico? Caso 
positivo, como é esse turismo? Baseia-se em algum even-
to importante ou em aspectos culturais ou históricos? A 
cidade apresenta um grande fluxo de turistas de negócios 
(empresários, comerciantes, compradores, etc.)? Como o 
turismo contribui localmente para geração de renda? As 
respostas a esses questionamentos e outras informações 
que os alunos achem relevantes deverão ser apresentadas 
em um trabalho escrito.
MATERIAL DE APOIO AO PROFESSOR
LIVROS
BOULLON, R. C. Planejamento do espaço turístico. Bauru: 
Edusc, 2002. 
CORRÊA, R. L. Construindo o conceito de cidade média. 
In: SPOSITO, M. E. B. (Org.). Cidades Médias: espaços 
em transição. São Paulo: Expressão Popular, 2007.
CRUZ, R. de C. A. da. Introdução à geografia do turismo. 
São Paulo: Editora Roca Ltda. 2001.
FERRETTI, E. R. Turismo e meio ambiente: uma aborda-
gem integrada. São Paulo: Editora Roca Ltda. 2002.
LEFEBRVE, H. A revolução urbana. Trad. Sérgio Martins. 
Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999.
RODRIGUES, A. B. Turismo e espaço: rumo a um conhe-
cimento transdisciplinar. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1997.
SANTOS, M. A urbanização brasileira. 3. ed. São Paulo: 
Hucitec, 1994.
______. Espaço e método. São Paulo: Nobel, 1985. 
______. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio 
técnico-científico informacional. 4. ed. São Paulo: Huci-
tec,1998.
GABARITO COMENTADO
 PRATICANDO O APRENDIZADO
5. e. Ao longo da História, o avanço tecnológico, com 
as sucessivas técnicas de iluminação noturna, per-
mitiu a “colonização da noite” para as atividades 
sociais e produtivas. Esse processo foi concomitan-
te ao desenvolvimento do capitalismo, permitindo 
utilizar cada vez mais o período noturno para o 
trabalho humano e, evidentemente, para ampliar a 
produção e a lucratividade. 
 DESENVOLVENDO HABILIDADES
1. a. As atividades ligadas ao setor turístico são basica-
mente antropológicas, pois o ser humano é o seu 
principal agente, tanto em termos econômicos 
como cultural e socialmente. O turismo é antes de 
tudo um impulso humano em busca de um modo 
de ocupar seu tempo livre do trabalho, e para tan-
to ele vai se valer das inúmeras possibilidades de 
turismo, como de lazer, ecológico, histórico, entre 
outras modalidades. Cada uma dessas modalida-
des, por sua vez, implicará serviços, equipamentos 
e infraestrutura de todos os tipos, como hospe-
dagem, transporte e alimentação, desdobrando-
-se em atividades diretas e indiretas. Trata-se de 
uma atividade com grande potencial de geração 
de empregos e recursos econômicos. O termo 
“indústria do turismo”, além de mal-empregado, 
sobrevaloriza o aspecto econômico, desprezan-
do sua força social. A alternativa b é falsa, porque 
aumenta a dinâmica e a capacidade de organizar 
e deslocar grupos; a alternativa c é falsa, porque 
considera praticamente todas as possibilidades de 
comércio e serviços; a alternativa d é falsa, porque 
reconhece seus setores indiretos e sua capacidade 
de gerar empregos; a alternativa e é falsa, porque 
não há relação de causa e efeito entre a atividade 
industrial e a geração de empregos. 
 ➜ Turismo no Brasil
• Grande potencialidade
- Copa do Mundo (2014) e Olimpíadas (2016)
Maior visibilidade do país
 Aumento da renda do brasileiro nas últimas dé-
cadas
- Aumento no turismo interno
Observa•‹o: Problemas relacionados ao turismo no 
Brasil:
• Estímulo aos fluxos ilegais (drogas e prostituição)
• Segregação socioespacial
• Áreas turísticas tendem a ofertar produtos e servi-
ços por valores mais elevados
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5. d. As commodities são matérias-primas minerais, 
energéticas e agropecuárias com preço definido 
nas bolsas de valores. Principalmente a partir da 
década de 2000, o preço das commodities foi 
elevado nos mercados internacionais. Esse qua-
dro estimulou a produção desse tipo de merca-
doria em vários países, inclusive no Brasil, devido 
aos ganhos com as exportações. Isso reflete no 
território, e algumas regiões passam a ser alta-
mente especializadas, a exemplo da soja produ-
zida em trechos do Centro-Oeste, Nordeste e 
Sul, da exploração de minério de ferro em Minas 
Gerais e no Pará, além da perspectiva de cresci-
mento da exploração de petróleo e produtos pe-
troquímicos em estados como o Rio de Janeiro e 
o Espírito Santo. 
6. a. Como mencionado corretamente na alternativa 
a, a medida indicada no texto é restritiva aos es-
trangeiros, o que irá favorecer a contratação de 
nativos. Estão incorretas as alternativas: b, porque 
as medidas buscam priorizar a população nativa 
no mercado de trabalho; c, porque as ações men-
cionadas são do Estado, e não das empresas es-
tatais; d, porque as medidas buscam priorizar a 
população nativa no mercado de trabalho; e, por-
que o texto versa sobre a questão do trabalho e 
da imigração, e não de investimentos. 
8. e. O capitalismo financeiro, sob a égide do neoli-
beralismo, diminuiu o controle do Estado sobre 
o sistema financeiro. O excesso de crédito para 
estimular o crescimento econômico pode propor-
cionar uma sensação de consumo irreal e levar a 
crises decorrentes de inadimplência, como ocor-
reu com os Estados Unidos a partir de 2008, com 
os problemas no setor imobiliário. 
9. e. A charge retrata muitos dilemas do mundo globa-
lizado, a imigração dos países subdesenvolvidos 
para os desenvolvidos, a crise econômica e o de-
semprego nos países desenvolvidos, bem como 
a expansão das transnacionais para alguns países 
emergentes em busca de vantagens, como a mão 
de obra barata e os incentivos fiscais. 
10. e. Com o processo de globalização, a difusão geográ-
fica das novas tecnologias permitiu a modernização 
das linhas de produção nas indústrias. O avanço da 
automação industrial aumentou a produtividade e o 
lucro das empresas. Entretanto, causou consequên-
cias perversas, como o crescimento do desemprego 
estrutural, provocado pela modernização tecnológica.
 APROFUNDANDO O CONHECIMENTO
1. a. Como mencionado corretamente na alternativa a, os 
países da bacia do Pacífico ou Ásia Oriental, como 
China, Tigres Asiáticos e Novos Tigres Asiáticos têm 
apresentado melhor disposição para o crescimento 
de suas economias e, portanto, maior potencial para 
absorver a força de trabalho. Estão incorretas as al-
ternativas: b e c, porque os países do Oriente Médio 
e do Norte da África têm suas economias baseadas 
no setor petroquímico, não apresentando tendên-
cias à absorçãoda mão de obra; d, porque a China 
é mais adequada à absorção da mão de obra em 
razão de sua política comercial e produtiva.
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12
Módulo
OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES
• Atividades agropastoris e questões agrárias
• Sistemas de produção agrícola
• Modernização tecnológica e complexos agroindustriais
• Políticas agrárias
• H19 - Reconhecer as transformações técnicas 
e tecnológicas que determinam as várias for-
mas de uso e apropriação dos espaços rural e 
urbano.
• Identificar os principais sistemas agrícolas atuais.
• Compreender as diferentes formas de associa-
ção do capital à produção agrícola. 
• Problematizar a adoção de novas tecnologias 
no campo capazes de gerar desequilíbrios 
ambientais.
O espa•o rural
INTRODUÇÃO
Em 2007, a ONU constatou pela primeira vez que o 
número de habitantes das cidades superava o de pes-
soas vivendo no campo. Porém, mesmo em um cenário 
concretizado de maioria da população mundial vivendo 
no espaço urbano, o campo manteve sua importância, 
ainda que tenha passado por profundas transformações 
nas últimas décadas. Veja a notícia a seguir, publicada no 
site do Banco Mundial:
O alto custo dos alimentos eleva 
o nœmero de protestos populares
[...] Desde 2007 até hoje [2014], o mundo presenciou 
53 manifestações violentas em consequência do alto preço 
dos alimentos ou de sua escassez. E embora a América Lati-
na tenha tido sua cota de protestos por esse mesmo motivo, 
também foi protagonista de uma série de inovações que po-
deriam ajudar a atenuar a situação mundial. [...]
Disponível em: <www.worldbank.org/pt/news/feature/2014/06/02/
alto-precio-alimentos-america-latina-manifestaciones>. 
Acesso em: 9 maio 2016.
O meio rural continua sendo o espaço da produção 
de alimentos, que são fundamentais para a sobrevivência 
do ser humano. Diferentemente de outros meios de pro-
dução, a terra não pode parar de produzir, caso contrário 
a existência humana estaria ameaçada. Quando vivencia-
mos situações de escassez de alimentos ou de elevação 
de seus preços, manifestações como as da notícia se tor-
nam frequentes. Mas quais as motivações para as crises 
dos alimentos? A partir da década de 1950, surgiu um am-
plo conjunto de técnicas e tecnologias com a proposta de 
aumentar a produção e a produtividade no campo. Nesse 
sentido, não restam dúvidas de que essas inovações foram 
exitosas. No entanto, atualmente há cerca de 800 milhões 
de pessoas passando fome no mundo, segundo dados da 
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a 
Agricultura (FAO). Qual é, então, a real causa da fome no 
mundo? Será que o campo nos dias atuais (ao menos para 
grandes grupos do agronegócio) não estaria muito além 
de apenas o espaço da produção de alimentos e, portan-
to, da garantia de sobrevivência humana, mas, sim, um 
espaço de produção de riquezas? Como a América Latina 
vem se esforçando para mitigar esse problema? A partir 
do estudo deste módulo, o professor deve discutir com a 
turma possíveis respostas para esses e outros questiona-
mentos acerca do espaço rural.
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ESTRATÉGIAS DE AULA
 AULA 1
Inicialmente, comece a primeira aula trabalhando com 
a turma conceitos que serão importantes para uma melhor 
compreensão da matéria. Faça uma diferenciação de ter-
mos que equivocadamente são considerados sinônimos. 
Por exemplo, é comum a confusão entre “agrário” (que 
se refere a uma estrutura fundiária) e “agrícola” (termo li-
gado à produção) ou entre “produção” (número absoluto 
de uma safra, geralmente expresso em quilogramas ou 
toneladas) e “produtividade” (número relativo, que comu-
mente aparece relacionando uma certa produção a uma 
área, em geral expresso em quilogramas por hectare ou 
toneladas por hectare). 
Em seguida, a partir da fotografia de uma determina-
da lavoura, peça à turma que tente inferir os processos 
técnicos que ocorreram durante sua produção. Tente 
utilizar uma fotografia que apresente pistas que ajudem 
nas respostas, como sinais de mecanização (com um tra-
tor ao fundo da plantação, ou com as marcas de um no 
solo). É provável que os alunos mencionem máquinas, 
agrotóxicos, fertilizantes artificiais e sementes genetica-
mente modificadas. Discuta com a turma como, a partir 
de 1950, essas tecnologias começaram a chegar grada-
tivamente ao campo e que elas constituem a chamada 
Revolução Verde, defendida por fundações de grandes 
grupos empresariais, governos e organismos internacio-
nais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e o 
Banco Mundial, como instrumento de combate à fome 
e à miséria.
Passado mais de meio século do início dessa revolução, 
que promoveu uma modernização no campo em diferentes 
países, algumas avaliações críticas podem ser feitas. Ques-
tione a turma sobre como poderia explicar o fato de a Re-
volução Verde realmente ter conseguido aumentar a produ-
ção e a produtividade em diversas lavouras sem resolver o 
problema da fome. É fundamental que a turma compreenda 
que vivemos em um mundo com enorme desigualdade de 
renda, e que, com isso, os alimentos também se encontram 
mal distribuídos. Em outras palavras, enquanto a população 
com maior poder de compra adquire mais alimentos, a po-
pulação pobre vive em estado de fome. 
Vale a pena discutir a ideia que relaciona o atual qua-
dro de fome no planeta ao crescimento populacional glo-
bal. Aponte que, embora a população mundial continue 
crescendo (a taxas cada vez menores na média geral), o in-
cremento na capacidade de produção de alimentos acon-
teceu em taxas superiores às do crescimento populacional 
mundial nos últimos 50 anos. Destaque que, por um lado, 
há hoje aproximadamente 800 milhões de pessoas sem 
renda suficiente para adquirir alimentos que garantam 
uma quantidade mínima de calorias para viver com saúde, 
e que, por outro lado, um número aproximadamente igual 
de pessoas sofre de obesidade.
É importante também discutir como a Revolução Ver-
de não chegou igualmente para todos os produtores. 
Tratores, colheitadeiras agrícolas e determinadas semen-
tes transgênicas, que muitas vezes dependem da utiliza-
ção de agroquímicos específicos para o sucesso da la-
voura, obrigando a sua compra, podem trazer custos que 
na maioria das vezes não são acessíveis aos pequenos 
produtores. Mencione para a turma valores atualizados 
de um trator ou uma colheitadeira de última geração. 
Grandes proprietários, que dispunham de capital para 
investir, adquiriram substancialmente novas tecnologias, 
sendo capazes de aumentar sua produção e, consequen-
temente, seus lucros, ao mesmo tempo em que dispen-
savam mão de obra (que acabou migrando para a cida-
de), já que agora as máquinas agrícolas podiam substituir 
o trabalho humano.
Discuta também como a Revolução Verde aumentou a 
dependência tecnológica dos países em desenvolvimento 
em relação aos desenvolvidos. Os produtos da Revolução 
Verde, ao serem exportados para os países desenvolvidos 
sem a transferência de tecnologia para os países em desen-
volvimento, aprofundaram laços de dependência já verifica-
dos desde o período colonial. Aponte também que muitos 
dos novos produtos utilizados são capazes de gerar impac-
tos ambientais por vezes irreversíveis. O uso de agrotóxicos 
e fertilizantes químicos quintuplicou nos últimos 30 anos, e 
existem inúmeras pesquisas que relacionam a ingestão indi-
reta de pesticidas à ocorrência de problemas como câncer, 
desordens do sistema nervoso e defeitos congênitos. Mes-
mo sendo capazes de promover safras com produtividade 
elevada, esse ganho não ocorre de maneira proporcional à 
utilização de pesticidas. Não estaríamos, assim, colocando 
nossa própria vida em risco? Existe ainda um polêmico de-
bate sobre quais seriam os efeitos de longo prazo dos orga-nismos geneticamente modificados para a saúde humana e 
a biodiversidade do planeta.
O debate sobre a Revolução Verde não pode vir desa-
companhado de uma contextualização histórica. Nos anos 
1950, a Europa, ainda arrasada com os efeitos da Segunda 
Guerra Mundial, vivia um quadro de insegurança alimentar, 
e a Guerra Fria se iniciava. A afirmação de uma Revolução 
Verde procurava esvaziar as lutas sociais contra a miséria, 
ao passo que trazia soluções meramente técnicas para o 
problema. Vale a pena lembrar que, em 1949, o Partido Co-
munista Chinês (PCC) chegava ao poder na China, por meio 
da Revolução Chinesa, e a então União Soviética parecia 
dispor de um modelo de organização social capaz de supe-
rar as contradições do mundo capitalista.
Por fim, coloque em discussão a recente crise dos ali-
mentos que vem se formando devido a alguns fatores, 
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como: muitos gêneros alimentícios são alvo de especulação 
em bolsas de valores, sendo comum que sofram oscilações 
em seu preço; a agricultura é cada vez mais dependente 
de agroquímicos e máquinas, que utilizam derivados do 
petróleo na sua composição e como fonte de energia, res-
pectivamente – logo, uma alta no preço do petróleo tende 
a encarecer a produção e consequentemente o preço dos 
gêneros agrícolas; em alguns países ocorre uma disputa 
por terras, que podem ser utilizadas para a produção de ali-
mentos ou para a produção de biocombustíveis, sendo que 
em diversos deles já se verifica avanço das áreas destinadas 
à produção de biocombustíveis sobre aquelas que antes se 
destinavam a produzir alimentos, o que também pode aju-
dar a encarecê-los; por fim, deve-se considerar ainda que, 
com o crescimento das economias emergentes, houve um 
aumento geral do consumo, inclusive de alimentos, e esse 
aumento da demanda tende a provocar elevação nos pre-
ços. Por exemplo, entre os anos 1990 e 2012, o consumo de 
carne de frango na China passou de 3,4 quilos per capita/
ano para 10,8 quilos.
Ao final da Aula 1, resolva com a turma as questões 1, 3 e 
4 da seção Praticando o aprendizado. Para casa, sugerimos 
que os alunos trabalhem os exercícios das seções Desenvol-
vendo habilidades, sobretudo as questões 6 e 7. 
Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utiliza-
ção das questões da seção Aprofundando o conhecimento.
 AULA 2
Utilize a segunda aula para discutir com a turma como, 
com a chegada da Revolução Verde, foi possível observar 
uma inter-relação dos setores da economia, envolvendo a 
agropecuária e a indústria e criando o que chamamos de 
Complexos Agroindustriais (CAIs). Por exemplo, uma in-
dústria do setor agroquímico vende um herbicida para um 
produtor de laranjas. Esse produtor vende a laranja para 
uma indústria do setor de bebidas, que a processa e ven-
de para uma rede de supermercados. Nesse exemplo de 
CAI, temos a integração dos setores primário (produtor de 
laranjas), secundário (indústria agroquímica e indústria de 
bebidas) e terciário (rede de supermercados). Atualmente, 
um agente importantíssimo na composição dos CAIs são 
os bancos, pois se relacionam com produtores, indústrias, 
distribuidores e comerciantes por meio do fornecimento 
de crédito.
Discuta também os principais sistemas agrícolas en-
contrados no mundo, classificando-os em intensivos (alta 
produtividade) e extensivos (baixa produtividade). É fun-
damental mencionar os impactos ambientais dos sistemas 
mais presentes no Brasil, como plantation e agricultura 
de roça (itinerante). O sistema agrícola plantation tende a 
causar não só a chamada erosão genética (perda de biodi-
versidade), típica das monoculturas, mas também costuma 
criar um ambiente propício para a proliferação de pragas. 
Comente como uma maior variedade de culturas gera uma 
maior quantidade de ecossistemas, aumentando o número 
de predadores naturais de possíveis pragas que venham a 
surgir. A erosão qualitativa do solo (perda de nutrientes) é 
mais um dos impactos ambientais do plantation. 
Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, a agricul-
tura de roça também se mostra problemática do ponto de 
vista ambiental, já que nela é comum a utilização de técnicas 
bastante arcaicas, como a queimada. Explique para a turma 
que a queima da vegetação original de um ambiente pode 
favorecer a fertilização do solo, mas que a fertilidade atribuí-
da a partir das cinzas é momentânea. Em pouco tempo, o 
solo se mostra esgotado, inviabilizando a continuidade da 
lavoura e obrigando o agricultor a desmatar uma nova área 
(geralmente, mais uma vez por meio da queimada, alimen-
tando um círculo vicioso).
Peça previamente aos alunos que tragam para essa 
aula notícias de jornais, revistas e sites sobre as dificuldades 
que os produtores brasileiros enfrentam para colocar seus 
produtos nos mercados europeu e estadunidense. Utilize 
essa atividade para introduzir o assunto do conflito exis-
tente entre os países em desenvolvimento, exportadores 
agrícolas, e o governo dos Estados Unidos e a União Euro-
peia. Aproveite para caracterizar a agricultura nesses dois 
espaços. Destaque que os subsídios agrícolas (benefícios 
financeiros) oferecidos aos produtores norte-americanos e 
europeus não são a única maneira de dificultar a entrada 
dos gêneros agrícolas oriundos de países periféricos nesses 
mercados. Constantemente, rígidas barreiras fitossanitárias 
(alegações de contaminações biológicas) são colocadas de 
maneira pouco transparente com esse mesmo fim. Os paí-
ses em desenvolvimento são os principais defensores do 
fim dessas barreiras e de uma revisão das políticas agrícolas 
dos países desenvolvidos. Estes, por sua vez, exigem a re-
dução das tarifas alfandegárias dos países mais pobres, o 
que certamente garantiria aos seus produtos, sobretudo os 
industrializados (e portanto de maior valor agregado), mais 
competitividade. Em geral, os países em desenvolvimento 
costumam se negar a realizar uma ampla redução dessas 
tarifas, como forma de proteger seus já frágeis mercados. 
Esse embate entre países desenvolvidos e em desenvol-
vimento já dura mais de 15 anos na chamada Rodada de 
Doha, uma negociação proposta pela Organização Mundial 
do Comércio (OMC) que busca a liberalização do comércio 
mundial (ver seção Material de apoio ao Professor).
Ao final da Aula 2, resolva com a turma a questão 5 da se-
ção Praticando o aprendizado. Para casa, sugerimos que os 
alunos trabalhem os exercícios das seções Desenvolvendo 
habilidades, sobretudo as questões 2, 5, 8, 9 e 10. 
Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utiliza-
ção das questões da seção Aprofundando o conhecimento.
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 SUGESTÃO DE QUADRO
I. CONCEITOS GERAIS
 ➜ Agrário
• Referente à estrutura fundiária
 ➜ Agrícola
• Referente à produção no campo
 ➜ Produção 3 produtividade
• Quantidade produzida → produção
• Relação produção 3 área → produtividade
II. REVOLUÇÃO VERDE
 ➜ Décadas de 1950 e 1960: países centrais criam um 
pacote tecnológico
• Intuito: aumentar a produtividade
• Discurso: combate à fome
• Fato: aumento da dependência tecnológica
 ➜ Consequências
• Maior produtividade
• Maior concentração fundiária
• Mais desemprego rural
• Agravamento da fome
• Intensificação do êxodo rural
• Agravamento dos impactos ambientais
Obs.: OGMs (Organismos Geneticamente Modificados):
 ➜ Aumento de produtividade e qualidade
 ➜ Quais os impactos sobre o ser humano?
 ➜ Podem atuar: 
• Criando produtos resistentes às pragas (re-
duz o uso de agrotóxicos)
• Criando produtos resistentes aos agrotóxi-
cos (aumenta o uso dos mesmos)
Obs.: CAIs (Complexos Agroindustriais):
 ➜ Integração de mais de um setor da economia 
envolvendo a agricultura
 ➜ Forma de monopólio de mercado
 ➜ Podem atuar:
• Concentrando renda (estímulo ao agrone-
gócio)
• Concentrando terras no campo (elevando a 
pobreza)
III. ATUAL CRISE DOS ALIMENTOS➜ Altos preços do petróleo
 ➜ Lógica das commodities
 ➜ Aumento de demanda
 ➜ Agricultura energética (milho nos Estados Unidos, 
beterraba na Europa)
IV. SISTEMAS DE PRODUÇÃO
 ➜ Sistemas extensivos
• Baixa produtividade
• Técnicas rudimentares
• Países subdesenvolvidos
 ➜ Sistemas intensivos
• Elevada produtividade
• Uso intensivo de tecnologia ou mão de obra qua-
lificada
• Mais comum em países desenvolvidos
 ➜ Plantation
• Grande propriedade
• Monocultura
• Mercado externo
• Mão de obra temporária
• Mecanização
• Fortes impactos ambientais
 ➜ Roça itinerante
• Pequena propriedade
• Policultura
• Mercados regionais
• Mão de obra familiar
• Técnicas arcaicas (impactos ambientais)
• Subsistência
V. ESTUDOS DE CASO
 ➜ Estados Unidos
• Pequenas e médias propriedades
• Uso de tecnologia
 ➜ Mão de obra
• Mercado interno
• Não precisou de reforma agrária
• Sempre possuiu estrutura fundiária desconcentrada
 ➜ Homestead Act (1862)
• Doação de terras a imigrantes
• Pequenos lotes
• Obrigatoriedade de manter a posse da terra por 
cinco anos
 ➜ Organizados em belts (cinturões monocultores)
• Vêm se tornando policultores (menor risco de mer-
cado 1 menor risco de pragas)
 ➜ Europa
• Elevado valor da terra
• Espaço restrito (continente pequeno)
• Clima mais rigoroso
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ATIVIDADE COMPLEMENTAR
O professor pode planejar suas aulas de modo a reservar 
mais tempo para a discussão com a turma acerca da Rodada 
de Doha e de barreiras que os países desenvolvidos impõem 
aos produtores agrícolas estrangeiros. Nesse caso, pode ser 
interessante não apenas pedir aos alunos que tragam no-
tícias sobre as ações dos países desenvolvidos que visam 
proteger seus mercados, mas um trabalho mais amplo, que 
pode envolver uma simulação da Rodada de Doha, na qual 
cada grupo de alunos represente um país e tente expor seus 
interesses referentes ao tema. É importante que na atividade 
exista um equilíbrio entre países desenvolvidos e em desen-
volvimento.
MATERIAL DE APOIO AO PROFESSOR
LIVROS
BERTERO, José Flavio. Lutas & resistências. Londrina: Edi-
tora Londrina, 2006. 
BORGES, Maria Eliza Linhares. Representações do uni-
verso rural e luta pela reforma agrária no leste de Minas 
Gerais. In: Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 24, 
n. 47, 2004.
MESQUITA, Helena Angélica de. Espaço agrário brasilei-
ro: exclusão e inclusão social. In: Boletim Goiano de Geo-
grafia do Instituto de Estudos Socioambientais, 2008.
SILVA, José F. Graziano da. O que é questão agrária. São 
Paulo: Brasiliense, 2000.
VALVERDE, Orlando. A fazenda de café escravocrata no 
Brasil. In: Revista Brasileira de Geografia. Rio de Janeiro: 
IBGE, v. 29, n.1, jan.-mar. 1967.
SITES
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e 
Agricultura 
Disponível em: <www.fao.org>. Acesso em: 7 jul. 2016.
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) 
Disponível em: <www.embrapa.br>. Acesso em: 7 jul. 2016.
Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário
Disponível em: <http://mds.gov.br>. Acesso em: 7 jul. 2016.
FILMES
O mundo segundo a Monsanto. França, 2008, 108 min. Di-
reção: Marie-Monique Robin.
O veneno está na mesa. Brasil, 2011, 49 min. Direção: Sil-
vio Tendler.
O veneno está na mesa 2. Brasil, 2014, 70 min. Direção: 
Silvio Tendler.
TEXTO
Rodada de Doha da Organização 
Mundial do Comércio
Em novembro de 2001, em Doha, no Catar, foi lançada 
a Rodada de Doha da OMC, também conhecida como Ro-
dada de Doha para o Desenvolvimento, por meio da qual os 
ministros das Relações Exteriores e de Comércio comprome-
teram-se a buscar a liberalização comercial e o crescimento 
econômico, com ênfase nas necessidades dos países em de-
senvolvimento.
As negociações da Rodada incluíam agricultura, acesso 
a mercados para bens não agrícolas (Nama), comércio de 
serviços, regras (sobre aplicação de direitos antidumping, 
subsídios e medidas compensatórias, subsídios à pesca e 
acordos regionais), comércio e meio ambiente (incluído o 
comércio de bens ambientais), facilitação do comércio e 
alguns aspectos de propriedade intelectual, além de uma 
discussão horizontal sobre tratamento especial e diferen-
ciado a favor de países em desenvolvimento. Fora do man-
dato formal da Rodada, mas em paralelo a suas tratativas, 
• Espaço muito urbanizado
• Reforma agrária “via impostos”
• Estímulo fiscal às pequenas propriedades
• Sobretaxação de grandes propriedades
• Política Agrícola Comum (PAC)
 ➜ Estados Unidos e Europa praticam “subsídios agríco-
las”
• Agricultura modernizada → concentração de renda 
e terras
• Artifício estatal para amenizar o quadro
• Problema: uso abusivo como forma de dumping 
internacional
 ➜ Sudeste Asiático
• Populações muito grandes
– Sistema intensivo pelo alto uso de mão de obra
• Jardinagem
– Rizicultura em terras alagadas
– Policultura, mas predomina a produção de arroz
– Terraceamento
– Pouca possibilidade de mecanização
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eram discutidos aperfeiçoamentos das regras sobre solução 
de controvérsias.
O Brasil e diversos outros países em desenvolvimento 
entenderam que o centro das negociações da Rodada Doha 
deveria ser as negociações em agricultura, setor em que se 
concentram boa parte das exportações desses países. Deve-
-se ressaltar que, durante as rodadas negociadoras do anti-
go Gatt, esse setor foi objeto de um esforço de liberalização 
significativamente modesto, quando comparado ao setor de 
bens manufaturados, razão pela qual ainda goza de elevada 
proteção contra importações em muitos países e está sujei-
to a disciplinas menos exigentes. Nesse sentido, a Rodada 
de Doha deveria ter por objetivo corrigir tanto quanto pos-
sível as distorções que prevalecem no comércio agrícola, 
promovendo a eliminação dos subsídios à exportação, redu-
ção substancial e disciplinamento dos subsídios à produção 
(apoio interno), além de ampliação do acesso aos mercados 
desses bens.
No contexto das negociações agrícolas da Rodada, foi cria-
do, em agosto de 2003, às vésperas da Conferência Ministerial 
de Cancun, o agrupamento denominado G-20 Comercial. Esse 
grupo, composto por países em desenvolvimento de três conti-
nentes (América Latina, Ásia e África), defende o cumprimen-
to, de forma ambiciosa, dos três pilares do mandato agrícola da 
Rodada Doha: acesso a mercados (redução de tarifas), elimi-
nação dos subsídios à exportação e redução dos subsídios de 
apoio interno (mormente à produção). O Brasil exerceu papel 
de grande relevo na coordenação das posições dessa coalizão 
durante as negociações agrícolas na OMC.
No cenário atual de recuperação pós-crise econômica e fi-
nanceira global e de preocupação com o recrudescimento do 
protecionismo comercial, a conclusão da Rodada e o fortale-
cimento do sistema multilateral do comércio, em bases equi-
libradas, transparentes e inclusivas, tornam-se ainda mais ne-
cessários. Os progressos obtidos nas negociações, entretanto, 
foram insuficientes, especialmente a partir de julho de 2008, 
quando reunião de ministros em Genebra fracassou na tentativa 
de aprovar acordo nas áreas de agricultura e Nama.
Disponível em: <www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/diplomacia-economica-
comercial-e-financeira/694-a-rodada-de-doha-da-omc>. Acesso em: 19 maio 2016.
GABARITO COMENTADO
 PRATICANDO O APRENDIZADO
1. d. A agricultura praticada em países subdesenvol-
vidos e em alguns países emergentes ainda se 
ressente dos resquícios do período colonial, da 
Divisão Internacional do Trabalho e do mercado 
internacional de commodities. O resultado é a lar-
ga utilização do sistema de plantation até os dias 
de hoje. Além disso, os países capitalistas centrais 
oferecem variadas formas de subsídios a seus agri-
cultores e aplicam barreiras protecionistas diver-
sas, dificultando e prejudicando o comércio exte-
rior, comreflexos acentuados sobre os países mais 
pobres. 
2. d. A alternativa a está incorreta: embora tenha ha-
vido o desenvolvimento de programas para agri-
cultura familiar, a pequena propriedade no Brasil 
segue excluída do cenário da produção agrícola 
modernizada, haja vista que, neste caso, impera 
o fator investimento, ao passo que, na pequena 
propriedade, o fator trabalho. A alternativa b está 
incorreta: no cenário descrito ocorre o fortaleci-
mento de grandes grupos empresariais e não de 
cooperativas agrícolas. A alternativa c está incor-
reta: embora a teoria descrita na afirmativa esteja 
correta, a Índia não pode ser usada como exem-
plo, porque não eliminou a pobreza alimentar e 
por utilizar predominantemente a agricultura de 
jardinagem. A alternativa d está correta: a afir-
mativa descreve o processo de subordinação do 
campo à cidade, no qual a agricultura deixa de ser 
produtora de alimentos, passando a ser produtora 
de insumos para a indústria. A alternativa e está in-
correta: os investimentos e insumos característicos 
da produção agropecuária moderna têm promovi-
do o aumento da concentração fundiária. 
 DESENVOLVENDO HABILIDADES
1. c. As tecnologias desenvolvidas e aplicadas na agri-
cultura mostram disparidades no volume de in-
vestimentos. Países mais ricos investem mais, com 
melhores resultados. O Brasil tem na Empresa Bra-
sileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) sua me-
lhor expressão no setor. O país exporta tecnologia 
em diversos produtos, mas ainda investe pouco em 
comparação a nações mais desenvolvidas. A alterna-
tiva a é falsa, porque os países mais pobres recebem 
investimentos tecnológicos externos em contrapar-
tida de uma produção intensiva e exclusiva dedica-
da à exportação, e não ao bem-estar social de suas 
populações. A alternativa b é falsa, porque o capital 
tecnológico em agricultura possibilita melhoria na 
produtividade, não implicando em transferência de 
unidades de produção para a zona rural. A alternati-
va d é falsa, porque a questão tecnológica submete 
o campo cada vez mais ao capital urbano. A alterna-
tiva e é falsa, porque é justamente pela relação tec-
nológica urbana aplicada no campo que não existe 
essa inversão de subordinação. 
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2. e. A agricultura de jardinagem é uma prática milenar, 
muito utilizada na Ásia, caracterizada pelas peque-
nas propriedades, com uso intensivo de mão de 
obra numerosa em um sistema com conhecimento 
técnico, no cultivo principalmente de arroz. A alter-
nativa a é falsa, porque plantation corresponde a 
grandes propriedades rurais monocultoras com a 
produção voltada basicamente para exportação. A 
alternativa b é falsa, porque as roças são pequenas 
áreas com pouca mão de obra e sistema rudimen-
tar de produção para subsistência. A alternativa c é 
falsa, porque a agricultura orgânica é o resultado de 
produção em pequenas e médias áreas utilizando 
adubos orgânicos, manejo de pragas por meio de 
controle biológico, sem uso de pesticidas e defen-
sivos agrícolas ou adubos químicos. A alternativa d 
é falsa, porque a agricultura itinerante é similar ao 
sistema de roças, no qual o trabalhador, com a ajuda 
da família ou de mais algumas pessoas, utiliza-se de 
uma pequena área para cultivo de subsistência por 
um determinado período de tempo e, quando sente 
o esgotamento da área, muda sua roça para outra 
localidade. 
3. e. Em países desenvolvidos, como os Estados Uni-
dos, os investimentos em tecnologia estão entre 
os princípios que fazem desses países grandes 
destaques econômicos e financeiros no mundo. O 
gráfico mostra o aumento de produtividade (ren-
dimento obtido em uma determinada área), que 
é proporcional ao aumento em investimentos tec-
nológicos, resultando em aumento dos custos de 
produção (principalmente os custos de material). 
Na alternativa a, o aumento de produtividade diz 
respeito à rentabilidade de áreas já incorpora-
das, não dependendo da expansão de áreas de 
produção. As alternativas b e c são falsas, pois o 
aumento de produtividade demanda, necessaria-
mente, aumentos de custos materiais em insumos, 
como agrotóxicos. A alternativa d está incorreta, 
pois entende-se que, com a diminuição do custo 
com mão de obra, houve diminuição do número 
de empregos.
4. c. A Revolução Industrial provocou grande expansão 
urbana e forte reorganização do trabalho e do con-
sumo. Nesse sentido, a produção agrícola acompa-
nhou necessariamente essas mudanças e passou a 
ocupar cada vez mais áreas de cultivo com produtos 
voltados para o consumo industrial, como algodão, 
e energético, como a cana para extração de etanol. 
A alternativa a é falsa. Os problemas relacionados à 
fome mundial são muito mais o resultado da distribui-
ção irregular de alimentos do que da sua produção.
A alternativa b é falsa. A produtividade agrícola re-
lacionada aos melhoramentos técnicos aumenta o 
rendimento por área. Não ocorre necessariamente 
um aumento de áreas cultiváveis para aumentar a 
produção, enquanto as áreas urbanas estão em ex-
pansão em todo o mundo. A alternativa d é falsa. 
As demandas agrícolas atuais exigem maior em-
prego de adubos e corretivos para se atingir uma 
produção em grande escala. A alternativa e é falsa. 
O setor primário está cada vez mais mecanizado, 
diminuindo a oferta de trabalho. 
6. d. Apesar do aumento da produção agropecuária e 
da relação “toneladas por habitante”, houve um 
aumento da subnutrição nos últimos anos rela-
cionado a fatores como: elevação dos preços 
dos alimentos vinculada à alta dos combustíveis 
e dos insumos agrícolas; aumento do consumo 
em algumas nações emergentes, a exemplo dos 
Brics; prioridade para as exportações, e não para 
o abastecimento interno, em alguns países sub-
desenvolvidos; produções destinadas à indústria 
e à produção de biocombustíveis em detrimento 
dos cultivos de alimentos básicos; aumento da 
pobreza e do desemprego em nações afetadas 
pela crise financeira internacional. 
7. a. A alternativa a é correta: a falta de acesso ao alimen-
to, cujo valor agregado constitui-se como mercado-
ria, tem como causa o baixo ou o inexistente po-
der de compra por parte da população em escala 
nacional ou mundial. A alternativa b é incorreta: 
contrariando a teoria malthusiana, a produção de 
alimentos em escala mundial é superior à popula-
ção, não sendo a escassez a causa da fome. A alter-
nativa c é incorreta: embora os conflitos e guerras 
possam causar crises de fome, eles se constituem 
como causa conjuntural, e não estrutural, da fome, 
e não ocorrem em países ricos. A alternativa d é 
incorreta: as novas tecnologias resultam em au-
mento da produção e produtividade. A alternativa 
e é incorreta: o padrão alimentar do tipo fast-food 
é desaprovado em termos nutricionais. 
8. e. O avanço do agronegócio em vários países, como 
os Estados Unidos e o próprio Brasil, deve-se ao 
grande aporte de capital para investimento, o 
uso de mão de obra especializada (economistas, 
agrônomos, veterinários, etc.), a aplicação de bio-
tecnologia, a utilização de insumos (agrotóxicos e 
fertilizantes) e intensa mecanização. Esses fatores 
propiciaram um elevado aumento de produtivida-
de, lucratividade e expansão das exportações. 
9. c. A alternativa a é incorreta: não existe homogenei-
dade na produção agrícola mundial, haja vista que 
sua prática depende de inúmeros fatores, diferen-
ciados segundo as paisagens físicas e econômicas; 
e tampouco foi eliminada a concentração fundiá-
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ria, especialmente nos países subdesenvolvidos. 
A alternativa b é incorreta: no Sudeste Asiático 
predomina a agricultura de jardinagem, na qual 
a rizicultura, que atende ao mercado interno, é 
praticada nos vales dos grandes rios. A alternativa 
c é correta: o país classifica-se atualmente como 
terceiro maior exportador mundial de alimentos, 
entretanto, persistem osproblemas de concentra-
ção fundiária e os conflitos no campo. A alternativa 
d é incorreta: as regiões agrícolas apontadas na 
afirmativa são as áreas mediterrâneas, contudo, 
também nessas porções, há investimentos em tec-
nologia e impactos decorrentes da produção. A al-
ternativa e é incorreta: nos Estados Unidos ocorre 
o predomínio de grandes propriedades. 
10. a. Países desenvolvidos como os Estados Unidos, 
o Japão e parte da União Europeia são protecio-
nistas com produção agropecuária. Para dificul-
tar a entrada de importados, aplicam tarifas de 
importação excessivas e muitos promovem sub-
sídios que tornam seus produtos mais compe-
titivos no mercado internacional. Essas políticas 
prejudicam os países subdesenvolvidos exporta-
dores de commodities agrícolas, como o Brasil. 
Na Organização Mundial do Comércio (OMC), 
o G20, grupo de países em desenvolvimento, 
reivindica a eliminação dos subsídios dos países 
desenvolvidos. 
 APROFUNDANDO O CONHECIMENTO
2. c. O sistema agrícola denominado de “jardinagem 
oriental” é comum no sul, sudeste e leste asiá-
ticos, a exemplo de nações como China, Indo-
nésia e Filipinas. É um sistema que utiliza muita 
mão de obra, é pouco mecanizado, insere-se 
em regiões com alta densidade demográfica e 
apresenta expressiva produção para o merca-
do interno. Um exemplo é o cultivo de arroz em 
planícies fluviais e encostas com terraceamento 
(terraços que reduzem a erosão e proporcionam 
maior infiltração de água). 
3. b. Dairy Belt é o cinturão dos laticínios representa-
do pelo maior rebanho de gado leiteiro do país. 
Por ser um produto perecível, tem como fator lo-
cacional a proximidade do mercado consumidor, 
que, no caso dos Estados Unidos, tem na região 
nordeste do país a área de maior adensamento 
populacional, com a presença das megalópoles 
Boswash e Chipitts, como mencionado correta-
mente na alternativa b.
4. a. Os cinco países que apresentam os maiores per-
centuais de subsídios para sua produção agrícola 
caracterizam-se por menores extensões e fatores 
limitantes, como relevo montanhoso e climas rigo-
rosos, o que gera maior custo de produção, como 
citado corretamente na alternativa a. Estão incor-
retas as alternativas: b, porque a produção desses 
países é de caráter intensivo e com alta produti-
vidade no setor agrícola; c, porque apresentam 
grande produção de insumos e ausência de terras 
devolutas (terras pertencentes ao Estado); d, por-
que os latifúndios de exportação são característi-
cas de países subdesenvolvidos, embora possuam 
pequena porcentagem da população economica-
mente ativa no setor primário. 
5. d. É uma unanimidade o fato de que o comércio ex-
terior, uma vez praticado de modo racional e equi-
librado, tem grande potencial de melhorar as rela-
ções internacionais e diminuir a miséria, a pobreza 
e o subdesenvolvimento. Esse pode ser o discur-
so, mas a prática revela que os países mais ricos, 
principalmente os do G7(8), insistem em colocar 
barreiras protecionistas para produtos primários e, 
quando ocorrem acordos internacionais que que-
bram ou diminuem tarifas, partem para barreiras 
fitossanitárias e zoossanitárias. A alternativa a é 
falsa, porque aumentam as taxações de produ-
tos agropecuários. A alternativa b é falsa, porque 
os países subdesenvolvidos, em geral, importam 
poucos produtos primários agropecuários. A alter-
nativa c é falsa, porque a elevação da taxa de câm-
bio deixa os produtos exportados de um país com 
preços mais baixos, favorecendo sua venda. Além 
disso, existe uma elevação dos preços internos do 
produto, o que favorece o desencadeamento de 
processo inflacionário. A alternativa e também é 
falsa, já que as barreiras fitossanitárias e zoossani-
tárias são medidas bem mais sutis que as cotas de 
importação e as tarifas alfandegárias.
ANOTA‚ÍES
 
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ANOTAÇÕES
 
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Geografia
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Módulo
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7
OBJETOS DO CONHECIMENTO
• Tipos de indústria conforme diferentes critérios de 
classificação
• Industrialização clássica
• Primeira, Segunda e Terceira Revoluções Industriais
• Impactos da Revolução Técnico-científico-informacional na 
produção industrial
• Economias pós-industriais: novas formas de geração de emprego e 
renda
HABILIDADES
• H17 - Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo 
de territorialização da produção.
• H20 - Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas 
novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
• Identificar os diferentes tipos de indústrias.
• Diferenciar os contextos econômico, político, social e tecnológico de cada revolução 
industrial.
• Avaliar os impactos da industrialização na organização do espaço e do trabalho.
Industrialização 
clássica
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Ao entrarmos em qualquer loja ou mercado do Brasil e observarmos os produtos industrializados 
disponíveis, percebemos que a maioria deles não foi produzida no país; muitos produtos, inclu-
sive, foram produzidos em mais de um lugar do mundo. Caso resolvêssemos anotar a origem 
dos produtos industriais que possuímos, concluiríamos que as áreas de produção são por muitas 
vezes distintas das áreas de consumo. Identificaríamos, também, que a localização espacial das 
etapas de produção dos artigos industrializados independe do preço final ou da sofisticação 
do produto. 
PARA COMEÇAR
COMPREENDENDO MELHOR
Cadeia produtiva 
É o conjunto de atividades que se articulam progressivamente desde os insumos básicos 
até o produto final, incluindo distribuição e comercialização, constituindo-se em segmentos 
(elos) de uma corrente.
Na medida em que os processos de produção se tornam mais internacionalmente frag-
mentados, as empresas situadas em diferentes países participam na produção de uma mesma 
mercadoria final, mas em diferentes fases da cadeia produtiva. O valor agregado da cadeia é di-
vidido por vários países e empresas e envolve, cada vez mais, fluxos de comércio internacional 
de bens pertencentes a um único setor, mas em diferentes fases de produção. A segmentação 
internacional dos processos de produção é estimulada pela busca da minimização dos custos 
e economias de escala que surgem por meio da expansão dos mercados.
Disponível em: <www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=2&menu=3252>. Acesso em: 25 abr. 2016. Adaptado.
A cadeia produtiva de um produto pode 
abranger o planeta inteiro. Para entender me-
lhor essa situação, vamos observar o caso da 
Apple. Mais de 700 indústrias espalhadas pelo 
mundo fornecem peças, matéria-prima e mão 
da obra para a Apple. A maior parte dessas 
fábricas está na Ásia; há, no entanto, fábricas 
espalhadas por todos os continentes, inclusive 
no Brasil. Por que a Apple atua dessa forma? 
Não seria mais simples produzir tudo ou quase 
tudo num mesmo lugar? Como historicamen-
te isso se deu? Será que todos os trabalhado-
res que de alguma forma contribuem para a 
cadeia produtiva possuem as mesmas condi-
ções de trabalho? Quais são as repercussões 
espaciais dessa forma de produzir, trabalhar e consumir? Essas são algumas das reflexões 
que faremos neste módulo. Para isso, precisamos analisar o desenvolvimento histórico da 
indústria no mundo, sabendo que ele não se deu de maneira homogênea. Analisaremos 
o caso dos países de industrialização clássica – e, portanto, o próprio desenvolvimento do 
capitalismo – e, no módulo seguinte, os países de industrialização planificada e tardia.
Exemplo de identificação contida nos produtos 
que são consumidos atualmente. São informações 
que vão desde características técnicas, como 
códigos, modelos, etc., até a procedência do 
produto. Na foto, lemos que ele foi desenvolvido 
na Califórnia (designed by Apple in California), 
nos Estados Unidos,e montado na China 
(assembled in China).
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O fenômeno da industrialização
A atividade industrial é, por excelência, a atividade de transformação da matéria-prima em bens inter-
mediários ou em bens de consumo por meio do trabalho, resultando num produto. As atividades industriais 
são classificadas como atividades secundárias ou como pertencentes ao setor secundário da economia. No 
quadro abaixo, podemos encontrar as atividades que integram os três setores da economia. Veja:
Setor primário Setor secundário Setor terciário
Extração de recursos naturais 
e produção de alimentos e 
matéria-prima.
Atividades de transformação dos 
recursos naturais em produtos 
acabados ou semiacabados.
Atividades de prestação de serviços 
ou venda de produtos.
Agricultura, pecuária, silvicultura, 
extrativismo vegetal, 
extrativismo mineral, pesca.
Indústria, construção civil.
Comércio (lojas de varejo, 
supermercados, lanchonetes, 
restaurantes, etc.), serviços (escola, 
transporte público, hospitais, 
eventos, emissoras de rádio e TV).
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PARA APRENDER
VISÃO GEOGRÁFICA
Tipos de indœstrias 
Podemos classificar as indústrias usando como critério o destino dos bens produzidos. 
As indústrias que produzem bens que se destinam ao consumidor final são chamadas indústrias de bens 
de consumo. Elas são divididas em dois tipos: as de bens de consumo duráveis (ex: móveis, eletroeletrônicos, 
automóveis, etc.) e as de bens de consumo não duráveis (ex: alimentos, bebidas, remédios, etc.). De maneira 
genérica, essas indústrias buscam locais com maior oferta de mão de obra e com mais facilidade de acesso ao 
mercado consumidor. Até mesmo a existência de incentivos fiscais pode influenciar na localização. 
As indústrias que produzem bens para outras indústrias são classificadas como indústrias de bens de produ-
ção ou de base. Podem ser subdivididas em indústrias de bens intermediários (ou de transformação), as quais 
transformam os recursos naturais em matérias-primas industriais. São exemplos os setores metalúrgico, siderúrgico, 
de extração mineral, petroquímico, termelétrico e hidrelétrico. Por usarem grandes quantidades de recursos natu-
rais, tendem a se localizar perto de jazidas minerais, recursos hídricos ou áreas providas de excelente infraestrutura 
de transportes de carga (portos, ferrovias e dutos). Já as indústrias de bens de capital produzem máquinas, moto-
res e equipamentos para outras indústrias ou outros setores produtivos. Tendem a se localizar perto de empresas 
consumidoras de seus produtos, ou seja, em grandes regiões industriais. 
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A necessidade de sobrevivência e de produção de bens fez, ao longo da história da humanida-
de, diferentes grupos sociais procurarem obter da natureza os meios de subsistência necessários à sua 
manutenção, bem como desenvolver mecanismos que tornassem sua vida mais segura e confortável. 
As técnicas, conforme surgiam, permitiam o aumento da produção industrial, assim como a satisfação dessas 
necessidades e o surgimento de outras. 
No fim do século XVIII, em algumas áreas da Europa Ocidental, surgiram mecanismos que aceleraram 
os processos de transformação de matérias-primas em bens de produção e de consumo. Esse momento da 
História foi uma verdadeira revolução produtiva, que ficou conhecida como Revolução Industrial. É impor-
tante ressaltar que essas mudanças não foram somente técnicas e seus impactos não se limitaram apenas ao 
aumento da produtividade. As transformações atingiram a ciência, o modo de viver, os valores. Vale lembrar 
que o desenvolvimento da atividade industrial representou a mundialização das relações capitalistas, ou seja, 
ao estudarmos esse tema estamos estudando também a evolução e o desenvolvimento do modelo capita-
lista de produção. 
VISÃO GEOGRÁFICA
E antes como funcionava? – O capitalismo comercial
O capitalismo já existia antes da Revolução Industrial. Chamamos essa fase de capitalismo comercial: ela 
vai do século XVI (período de expansão marítima) até o século XVIII. A concentração de capital se dava pela 
atividade comercial, isto é, pela troca de mercadorias. A transferência das riquezas obtidas nas colônias para as 
metrópoles europeias marcou esse período, caracterizando o mercantilismo. É fundamental ressaltar que houve 
significativo enriquecimento da burguesia europeia; o capital acumulado mais tarde foi utilizado para o desen-
volvimento da indústria. Em outras palavras, foi a acumulação primitiva de capital na etapa comercial que criou 
as condições para a Revolução Industrial.
Os acontecimentos que se desencadearam a partir 
desse momento viabilizaram o desenvolvimento do ca-
pitalismo, ou seja, a expansão e a valorização do capital. 
Vamos analisar alguns desses acontecimentos:
• O surgimento de máquinas e de novas formas de 
trabalhar permitiram o aumento da produtividade. 
Houve a ampliação da divisão do trabalho, a di-
versificação de empregos e de novos hábitos de 
consumo, bem como o surgimento de novas pro-
fissões e o desaparecimento de outras; 
• O desenvolvimento de técnicas e máquinas agrí-
colas permitiu o incremento da produtividade do 
solo, liberando a população do campo que, por 
sua vez, migrou para a cidade e serviu de mão de 
obra para a manufatura e, posteriormente, para a 
grande indústria;
• O avanço na tecnologia dos meios de transporte 
(ferrovias, barcos a vapor, etc.) e comunicação (te-
légrafo e, posteriormente, o telefone) fez com que grandes distâncias passassem a ser percorridas mais 
rapidamente e a comunicação se tornasse mais veloz e eficiente. Assim, as distâncias pareciam diminuir, 
e logo a ampliação do comércio se tornou possível, tanto em nível nacional como internacional;
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Reconstrução de máquina a vapor produzida no final do século XVIII por 
James Watt. Movida a carvão mineral, ela possibilitou o considerável aumento 
de produtividade nas atividades têxteis. 
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• O tempo das máquinas foi sobreposto ao tempo natural: as 
estações do ano e os ciclos naturais já não importavam tanto 
quanto o tiquetaquear dos relógios e os apitos da fábrica;
• O aumento da produtividade contribuiu para a diminuição 
do preço das mercadorias, tornando acessíveis produtos an-
tes inacessíveis à maior parte da população;
• O crescimento urbano e a modernização agrícola, dos 
meios de comunicação e de transporte provocaram mu-
danças no espaço geográfico. Muito mais do que um 
conjunto de modificações técnicas para a melhoria e a 
aceleração da produção, a industrialização fez com que a 
atividade industrial passasse a subordinar as demais ativi-
dades econômicas;
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O trem a vapor foi o principal meio de transporte durante o período 
inicial do capitalismo industrial. Foi criado em 1805 e, junto com o barco 
a vapor, criado em 1814, foi responsável pela expansão do fluxo de 
mercadorias e de pessoas pelo continente europeu e pelo mundo, sendo 
fundamental para a consolidação industrial e do capitalismo. 
• O espaço geográfico passou a predominar sobre o espaço natural. A capacidade de intervenção do ser 
humano sobre o meio cresceu de maneira significativa. Progressivamente, houve também alterações 
profundas no meio natural. O desmatamento e a poluição da atmosfera, do solo e dos recursos hídricosalteraram climas locais e globais. Enfim, a industrialização, a urbanização, a agropecuária e a extração 
mineral crescentes desde o século XVIII caminharam juntas no processo de alteração do meio ambien-
te, causando desequilíbrios ecológicos.
VISÃO GEOGRÁFICA
O sŽculo XVIII e a Raz‹o
Perto do fim do século XVIII, boa parte do mundo passava por enorme mudança política. A Era da 
Razão produzia cientistas cujas descobertas levavam a novas tecnologias que transformariam o modo de 
produção de bens. Ao mesmo tempo, filósofos políticos inspiravam revoluções [...]. Entre os pensadores 
que se destacaram nesse período, Adam Smith foi um dos que obteve mais sucesso. [...] Smith argu-
mentava que os indivíduos tomavam decisões econômicas com base na razão e no interesse próprio, não 
pelo bem da sociedade. Quando lhes permitiam agir desse modo em uma sociedade livre com mercados 
competitivos, uma “mão invisível” guiava a economia pelo bem de todos. Essa foi a primeira descrição 
detalhada de uma economia de livre mercado, que Smith defendia a fim de garantir a prosperidade e a 
liberdade. As ideias de Adam Smith coincidiram com a Revolução Industrial na Grã-Bretanha, um perío-
do de crescimento econômico acelerado assistido pelas novas tecnologias que surgiram. 
Autores diversos. Livro da economia. 1. ed. São Paulo: Globo Livros, 2013. p. 50-51. Adaptado.
Tais mudanças não ocorreram de modo homogêneo pelo mundo. Os lugares viveram e vivem as trans-
formações ocasionadas pelo desenvolvimento industrial de maneira diferenciada, e essas diferenciações es-
tão muito relacionadas às características econômicas, políticas e até mesmo naturais dos lugares. De forma 
esquemática, podemos agrupar as regiões do mundo segundo os seguintes modelos de industrialização: o 
clássico, o planificado e o tardio. Neste módulo vamos dar destaque às características e ao histórico do de-
senvolvimento do modelo clássico de industrialização.
Modelo cl‡ssico
O modelo clássico de industrialização ocorreu, inicialmente, a partir do século XVIII em várias regiões 
da Europa (especialmente Inglaterra, Bélgica, Alemanha, França, Itália e Holanda). Em seguida, espalhou-se 
por outros países (como Japão, Estados Unidos, etc.). Tais países deflagraram processos econômicos, sociais 
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e políticos que até hoje influenciam o resto do mundo. Costuma-se dividir o processo industrial desses países 
em três etapas: Primeira, Segunda e Terceira Revoluções Industriais. Cada uma dessas fases se caracterizou 
por inovações técnicas, sociais e econômicas que dificilmente podem ser datadas de modo exato por serem, 
na verdade, resultado de eventos ocorridos ao longo de muitos anos e em diferentes regiões do mundo. 
A Primeira Revolução Industrial
A Primeira Revolução Industrial teve como berço a Inglaterra e se 
deu após o surgimento da máquina a vapor, no século XVIII. O apro-
veitamento da energia da combustão do carvão mineral e da água em 
ebulição e a sua transformação em energia mecânica fizeram funcio-
nar as máquinas, o que resultou no aumento da produção de bens. 
O processo de industrialização com base nas máquinas a vapor possuía 
o carvão como principal fonte de energia. As áreas de industrialização 
clássica surgiram, portanto, próximas aos depósitos carboníferos; dessa 
forma, a presença do carvão mineral se tornou o principal fator de lo-
calização industrial daquele período. 
As indústrias têxteis eram o setor de vanguarda. Os setores meta-
lúrgico, de transporte (ferrovias e navios) e de extração mineral (carvão 
para fins energéticos) se tornaram fundamentais para sustentar o ritmo 
de produção dos bens de consumo do setor têxtil. A Revolução Indus-
trial também deflagrou mudanças no ritmo de produção no meio rural 
e na organização do meio urbano.
Mudanças no espaço rural
O desenvolvimento de novas tecnologias de produção desencadeou uma espiral de transformações. As 
novas máquinas aceleraram a produção nas indústrias têxteis, o que provocou uma demanda crescente por 
lã. O meio rural europeu se transformou rapidamente com o cercamento dos campos, processo de transfor-
mação dos campos abertos e terras comuns, tradicionalmente utilizados pelos camponeses e pessoas sem 
posses, em propriedades fechadas, de caráter particular. Era necessário mais espaço para produção de lã, e, 
assim sendo, famílias inteiras de trabalhadores rurais foram expulsas das fazendas, encolhendo a produção 
de alimentos para subsistência e ampliando os rebanhos de ovelhas. 
A chegada de novas máquinas para ceifar o trigo e de colheitadeiras possibilitou uma revolução agrícola, 
ou seja, o aumento da produtividade no campo. A modernização da produção rural gerou excedentes agríco-
las, viabilizando o aumento da oferta de alimento para a população urbana e de matérias-primas para as fábri-
cas. Quanto aos antigos trabalhadores rurais, milhares foram expulsos 
do campo. O êxodo rural provocou um afluxo tremendo de pessoas 
para as cidades – gerando excedentes de mão de obra para o setor in-
dustrial em expansão. Aos olhos do desenvolvimento econômico, esse 
excedente era positivo. Uma vez em “excesso”, o valor da mão de obra 
diminuía e, se aplicarmos a lei da oferta e da procura para o trabalhador, 
tínhamos mais trabalhadores disponíveis e dispostos a receber valores 
mais baixos de salário. A massa de pessoas oriundas do campo estava 
ansiosa por empregos, mesmo que em péssimas condições.
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Criança operária trabalhando em fábrica de algodão 
nos Estados Unidos, em 1908. O tear mecânico pode ser 
considerado o grande advento da Primeira Revolução 
Industrial.
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Ceifeira mecânica puxada a cavalos no século XIX. Desenvolvida no setor 
industrial, essa e muitas outras tecnologias foram aplicadas no campo 
e determinaram um enorme aumento de produtividade no setor agrícola, 
atendendo às demandas crescentes das indústrias.
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Mudanças no espaço urbano
Com o processo de urbanização, a massa libe-
rada do campo se dirigiu para as cidades em busca 
de emprego e de melhor qualidade de vida. Os cen-
tros urbano-industriais se expandiram rapidamente, 
estimulando o setor de construção civil, o comércio, 
as atividades financeiras e de serviços e o desenvol-
vimento dos meios de transporte e comunicação. 
Tudo isso constituiu a revolução urbana. 
COMPREENDENDO MELHOR
Artesanato
Os primeiros objetos feitos pelo ser humano eram artesanais. Isso pode ser identificado no Período 
Neolítico (6.000 a.C.), quando o ser humano aprendeu a polir a pedra, a fabricar a cerâmica como utensí-
lio para armazenar itens e a cozer alimentos, além de descobrir a técnica de tecelagem das fibras animais 
e vegetais. O artesão responde por todo o processo de transformação da matéria-prima em produto aca-
bado, mas, antes da fase de transformação, é responsável pela seleção da matéria-prima a ser utilizada e 
pela concepção ou pelo projeto do produto a ser executado. 
A partir do século XI, o artesanato ficou 
concentrado em espaços conhecidos como 
oficinas, em que um pequeno grupo de apren-
dizes vivia com o mestre-artesão, detentor de 
todo o conhecimento técnico. Ele oferecia, 
em troca de mão de obra barata e fiel, conhe-
cimento, vestimentas e comida. Criaram-se as 
Corporações de Ofício, organizações que os 
mestres de cada cidade ou região formavam a 
fim de defender seus interesses.
O artesanato é tradicionalmente a pro-
dução de caráter familiar, na qual o produtor 
(artesão) possui os meios de produção (sen-
do o proprietário da oficina e das ferramen-
tas) e trabalha com a família em sua própria casa. Ele realiza todas as etapas da produção,desde o preparo 
da matéria-prima até o acabamento; ou seja, não há divisão do trabalho ou especialização para a confecção 
de algum produto. Em algumas situações, o artesão é acompanhado por um ajudante ou aprendiz.
Com a mecanização da indústria, o artesão passou a ser identificado como aquele que produz objetos 
pertencentes à chamada cultura popular. 
Disponível em: <http://pointdaarte.webnode.com.br/news/a-historia-do-artesanato>. Acesso em: 26 abr. 2016. Adaptado.
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Peças feitas de cerâmica à venda em Manaus (AM), em 2015.
Fábrica de cobre em Cornualha, na Inglaterra, no século XIX. 
As cidades inglesas do século XVIII e XIX tiveram suas paisagens 
radicalmente alteradas pelas chaminés das fábricas, pela 
poluição por elas produzida e pela redução de áreas verdes. 
Apesar de toda a modernização em infraestrutura, esses 
espaços eram extremamente insalubres, ou seja, as condições 
de sobrevivência eram precárias, realidade que só começou a 
ser alterada décadas mais tarde.
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Rapidamente, surgem novas edificações industriais, como galpões e fábricas; bairros operários são cons-
truídos próximos às fábricas; estações ferroviárias, ruas e avenidas mais largas são feitas para permitir a circu-
lação de veículos, mercadorias e pessoas.
Com a Revolução Industrial, a cidade, que no passado era fortemente dependente do campo, já que 
dependia quase exclusivamente da produção agrícola, passa a produzir. A partir de então, a nova cidade não 
somente representa o mercado ou o local das trocas, mas também tem o papel da produção, hospedando o 
próprio meio de produção: a indústria.
Mudanças no trabalho
Uma das mudanças mais importantes nesse período foi a forma de trabalhar, uma vez que o trabalho ar-
tesanal deu lugar à produção manufatureira. Antes da Revolução Industrial, o artesão era responsável pela 
transformação da matéria-prima em produto e o seu trabalho apresentava características peculiares: o artesão 
era dono dos instrumentos de trabalho e do produto do seu trabalho e dominava todas as etapas da produção.
A necessidade de aumentar a produção fez o trabalho do artesão ser gradativamente substituído pelo 
trabalho do operário assalariado. Vejamos o que diferencia esse novo personagem em relação ao artesão:
• O trabalhador assalariado não é dono dos instrumentos do seu trabalho: a fábrica, as máquinas e a 
matéria-prima pertencem ao capitalista;
• Ele não é dono do produto do seu trabalho. O objeto produzido por meio do trabalho do artesão não 
lhe pertence, mas sim ao capitalista;
• O trabalhador assalariado não conhece todas as etapas da produção. Percebeu-se que, ao dividir o 
trabalho em diferentes etapas, a produção era acelerada, ou seja, a produtividade aumentava. O traba-
lhador sofreu uma especialização e, portanto, ficou alienado do processo.
COMPREENDENDO MELHOR
Alienação do trabalhador
Com o processo de divisão do trabalho e de especialização, o trabalhador sofre alienação em relação ao 
produto do seu trabalho. Ele trabalha produzindo determinado objeto; no entanto, como ele não tem mais o 
conhecimento sobre todas as etapas da produção, ele perde a noção do todo.
Se não é mais o trabalhador que domina todas as etapas 
da produção, quem então detém esse conhecimento? O ca-
pitalista. Com isso, devemos pensar: apesar do aumento da 
produtividade, o trabalhador ganhou ou perdeu importân-
cia nesse processo?
Na ilustração, é possível notar 
um exemplo de alienação 
do trabalho: cada pessoa é 
responsável por uma única 
tarefa que compõe o processo 
de lavagem de roupa.
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Na ilustração, é possível notar 
um exemplo de alienação 
do trabalho: cada pessoa é 
responsável por uma única 
tarefa que compõe o processo 
de lavagem de roupa.
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O quadro social também se alterou: com o nascimento da indústria moderna, novas classes sociais bas-
tante distintas surgem. De um lado, havia a burguesia industrial (dona dos meios de produção); de outro, 
o proletariado ou operariado, que vendia a sua força de trabalho em troca de salário. Essa é a relação de 
trabalho que caracteriza o modo de produção capitalista: o trabalho assalariado. Ao estudarmos o conceito 
de mais-valia, fica evidente o porquê de esse tipo de trabalho predominar sobre os demais no capitalismo. 
Vale lembrar que muitos trabalhadores foram expropriados da terra (por meio do cercamento dos cam-
pos), e até mesmo alienados do seu conhecimento técnico (devido à divisão do trabalho e à especialização), 
portanto, não lhes restava outra opção além de vender sua força de trabalho em troca de um salário geral-
mente baixo. Na primeira fase da Revolução Industrial, a exploração dos trabalhadores representava uma 
enorme fonte de lucros para a burguesia industrial. A inexistência de leis trabalhistas explicava as longas 
jornadas de trabalho, o uso de mão de obra infantil, a alta rotatividade de trabalhadores e os salários baixís-
simos. Até meados do século XIX, inúmeras pequenas empresas disputavam os consumidores, procurando 
oferecer produtos com qualidade e preços atraentes e praticando a livre concorrência (característica do ca-
pitalismo concorrencial). Foi a fase do liberalismo econômico, doutrina baseada na livre concorrência entre 
empresas privadas e contrária à intervenção do Estado na economia.
UM OUTRO OLHAR
Marx e o conceito de mais-valia
Por meio da definição do conceito de mais-valia, Marx ajudou no entendimento dos mecanismos de explo-
ração do trabalhador por meio do capitalismo.
A mais-valia é o trabalho feito pelo trabalhador que não é pago pelo empregador. O trabalhador não rece-
be pelo que produziu, e sim pela hora trabalhada na forma de salário. Essa diferença entre o que o trabalhador 
recebe e o valor do produto representa o grau de exploração da força de trabalho e é um dos mais importantes 
componentes do lucro obtido pelo capitalista. Aumentar a jornada de trabalho e a produtividade através do uso 
de máquinas ou novas técnicas é fundamental para aumentar a mais-valia e, com isso, o lucro, mas essas táticas 
prejudicam ainda mais a qualidade de vida do trabalhador.
Os trabalhadores reagem
A sociedade que estava surgindo se caracterizava pela forte desigualdade. As condições de trabalho na 
Primeira Revolução Industrial eram péssimas, e, ao longo do tempo, a pressão social foi crescendo e diversos 
pensadores começaram a elaborar análises críticas do modelo de desenvolvimento do capitalismo industrial. 
Os textos de Karl Marx e Friederich Engels foram os mais marcantes e representativos na crítica ao capitalismo. 
 Os estudos desenvolvidos pelos críticos do capitalismo extravasaram o plano teórico e passaram a in-
fluenciar os trabalhadores, que começaram a se organizar. Os ideais socialistas e anarquistas contribuíram 
para que o proletariado urbano formasse os primeiros sindicatos, e o operariado começou a ter consciência 
da sua existência como classe social e do conflito de interesses existentes entre burguesia e proletariado.
UM OUTRO OLHAR
Saœde do trabalhador
Chaminés cada vez maiores foram construídas nas fábricas para expelirem a fumaça oriunda da queima do car-
vão. O uso desse mineral como principal combustível impactou diretamente a saúde do trabalhador nesse período.
Somada às longas jornadas de trabalho e ao ambiente insalubre das fábricas e das residências (principalmente 
cortiços), a queima do carvão foi determinante para o desenvolvimento de doenças respiratórias, como a tuberculose.
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Quais eram as principais reivindicações? Redução da carga horária de trabalho para oito horas diárias, 
melhor remuneração, direito a folgase férias e proibição do trabalho infantil. Greves e manifestações passam 
a fazer parte do cenário urbano no final do século XIX. Em longo prazo, todos esses processos levaram ao 
surgimento de leis trabalhistas e à melhoria das gerações futuras de mão de obra, progressivamente mais 
exigentes e qualificadas. 
Divisão Internacional do Trabalho (DIT) clássica
A crescente demanda por matérias-primas para as indústrias e por alimentos para a população urbana 
em expansão intensificou a disputa por áreas fornecedoras de recursos naturais, por mercado e por novas 
áreas de investimento. Foi nesse momento (final do século XIX) e por conta dessas necessidades que ocorreu 
a expansão imperialista neocolonial, tendo como alvos prioritários a Ásia e a África.
Os territórios africanos e asiáticos foram invadidos e explorados pelos colonizadores. A produção local, 
antes voltada às necessidades da população nativa, foi substituída por cultivos comerciais de exportação. Os 
colonizadores se apossaram das melhores terras e ali instalaram suas fazendas, usando a mão de obra nativa 
para isso. Privados da oferta abundante de alimento, os povos desses países passaram a conhecer a fome e a 
proliferação de doenças. Quanto ao artesanato, este foi sendo suplantado pela introdução dos produtos in-
dustriais da metrópole, reduzindo as chances de desenvolvimento industrial autônomo. Nesse contexto surgiu 
a Divisão Internacional do Trabalho (DIT) clássica, na qual os países centrais eram fornecedores de produtos 
industrializados, bens e serviços sofisticados (a preços altos), e os países periféricos se especializaram em forne-
cer matérias-primas minerais e agrícolas (a preços baixos). Assim sendo, a relação entre os países foi baseada 
em um sistema de trocas desiguais que contribuiu para a concentração financeira nos países centrais industriali-
zados. Quando falamos em DIT, queremos marcar o papel que cada país, continente ou área tem na economia 
mundial. No final do século XIX e início do século XX, esses papéis eram bastante evidentes. 
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NÍGER
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SUDÃO
ÁFRICA
ORIENTAL
INGLESA
ÁFRICA
ORIENTAL
ALEMÃ
ÁFRICA
DO
SUDOESTE
ESTADO
LIVRE
DO CONGO
ANGOLA
RODÉSIA
COLÔNIA
DO CABO
TRANSVAAL
ORANGE
MADAGASCAR
ETIÓPIA
ERITREIA
SOMÁLIA
MOÇAMBIQUE
CAMARÕES
LÍBIA
(IMPÉRIO
OTOMANO)
IMPÉRIO
OTOMANO
LIBÉRIA
SENEGAL
COSTA DO OURO
TOGO
MARROCOS
RIO DE
OURO
TUNÍSIA
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
ÍNDICO
Trópico de Capricórnio
Trópico de Câncer
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Mar Mediterrâneo 
Estados independentes em 1900
Territórios
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O imperialismo europeu 
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COMPREENDENDO MELHOR
Monopólio e oligopólio
Referem-se à concentração de 
capital por meio do controle da pro-
dução e do mercado consumidor por 
uma empresa (monopólio) ou um 
grupo (oligopólio) de empresas.
A partilha dos continentes 
africano e asiático, ocorrida 
durante o século XIX e 
no início do século XX, 
atendeu às demandas 
das grandes potências 
industrializadas na Europa, 
concretizando a relação 
da Divisão Internacional 
do Trabalho (DIT) clássica, 
em que tais colônias 
forneciam matéria-prima 
e se transformavam em 
mercados consumidores dos 
produtos industrializados 
dos países europeus. 
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OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ÍNDICO
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MANCHÚRIA
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IMPÉRIO OTOMANO
IMPÉRIO
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 Trópico de Câncer 
Círculo Polar Ártico 
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Com o mesmo propósito em 
relação à África, a partilha dos 
territórios asiáticos atendia 
aos interesses comerciais 
dos europeus. Destaque 
para a China e para a Índia, 
que à época já possuíam 
grandes populações que se 
converteriam em mercados 
consumidores importantes. 
Mudan•as econ™micas
No final do século XIX, a competição agressiva entre as empresas cau-
sou um processo de concentração e centralização de capital. Como isso 
ocorreu? As empresas traçaram diversas estratégias de concorrência feroz, 
fazendo uso, inclusive, de práticas desleais, o que levou muitas pequenas 
empresas à falência, provocando forte concentração empresarial. Do ponto 
de vista econômico, isso representou a passagem do capitalismo concorren-
cial e liberal ao capitalismo monopolista. 
Vários setores da economia foram monopolizados por verdadeiros im-
périos econômicos. Os EUA foram um terreno fértil para esses impérios que 
formaram grandes grupos empresariais. Podemos citar alguns: Rockefeller 
(petróleo), Vanderbilt (ferrovias), Carnegie (aço), Morgan (bancos), entre ou-
tros. Nesse mesmo período, tivemos a financeirização da economia: as maio-
res empresas passaram a se associar a instituições financeiras. As empresas, 
em busca de investimentos, lançavam ações e as negociavam nas bolsas de 
valores, o que permitia a entrada de capitais que eram investidos na produ-
ção, permitindo o aumento ou a modernização da produção. 
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/>
A charge ironiza o poder do grupo Rockefeller, detentor da Standard Oil Company. A 
companhia monopolizou o refino e a venda de petróleo no mercado estadunidense até 
o ano de 1911, quando o governo dos Estados Unidos aplicou a lei federal antitruste, 
dividindo-a em várias empresas menores e acabando com o monopólio do petróleo no país. 
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A Segunda Revolução Industrial
No final do século XIX, assim como no século anterior, novas tecnologias despontam causando o progres-
so técnico. Nações como Japão e EUA se destacaram nesse momento, incorporando e criando inovações. 
Houve grandes mudanças no setor energético (petróleo e eletricidade), no de indústrias pesadas (siderurgia, 
petroquímica e motores a combustão), no de transportes (veículos automotivos) e no de comunicações (te-
légrafo e telefone). 
Todas essas tecnologias foram significativas e importantes e, sem dúvida, alteraram o espaço, a vida 
do ser humano e o jeito de produzir. O setor mais representativo dessa nova fase foi o automobilístico, res-
ponsável pela introdução de novas técnicas de produção, que, posteriormente, foram adotadas por outras 
empresas. 
As transformações vividas no setor automobilístico que tiveram os EUA como berço mudaram a forma 
de produzir, dando origem a um novo modelo de produção que mais tarde passou a ser denominado como 
Fordismo. 
Diversas condições favoreceram os Estados Unidos e transformaram o país na grande potência econômi-
ca e no principal modelo de industrialização dessa fase, despontando como potência industrial no início do 
século XX. 
Dos pontos que favoreceramos EUA, podemos destacar alguns:
• Recursos naturais disponíveis para sua expansão industrial (sobretudo petróleo);
• Políticas de estímulo ao crescimento populacional, atraindo imigrantes como força de trabalho;
• Independência precoce se comparada à do resto da América;
• Religiosidade fortemente influenciada por ideias expansionistas e autojustificadas pela ideia de pre-
destinação e de uma suposta superioridade estadunidense;
• Geopolítica agressiva e expansionista;
• Estímulo ao crescimento econômico por conta da Primeira Guerra Mundial, que arrasou a Europa.
Uma nova potência e um novo modelo de produção
O território estadunidense foi solo fértil para o desenvolvimento de novas técnicas e tecnologias. 
Alguns indivíduos visionários contribuíram para as mudanças em curso. Entre muitos, devemos destacar 
três personagens que, com as suas inovações técnicas e econômicas, transformaram a forma de produzir, 
trabalhar e viver. O primeiro que vamos estudar é Frederick Taylor, o segundo, Henry Ford e o terceiro, 
o economista John Maynard Keynes.
O engenheiro estadunidense Frederick Taylor criou uma forma de organização do trabalho industrial 
hierarquizado. O seu método se baseava na racionalização da produção e numa clara divisão entre os traba-
lhadores no controle do tempo de trabalho e na divisão das tarefas. 
Os trabalhadores “pensantes” exerciam as atividades administrativas. No geral, eram trabalhadores com 
mais formação que os demais, enquanto as atividades produtivas eram feitas por operários “executantes”, 
cada vez mais especializados em serviços repetitivos. Assim, aspectos intelectuais e manuais do trabalho 
se separaram. Como esse modelo de organização do trabalho contribuiu para a produção? Por um lado, a 
crescente especialização aumentava o grau de alienação do trabalhador e, por outro, a repetição das tarefas 
acelerava o ritmo de produção, o que acabava por compensar o aumento dos salários exigido pelos sindica-
tos na época. Em resumo, pagava-se um pouco mais devido às pressões sociais, mas o ganho com a produ-
tividade compensava e ainda aumentava a mais-valia e, consequentemente, o lucro. 
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Outro personagem fundamental foi Henry Ford, que, além 
de aperfeiçoar o modelo taylorista, introduziu a linha de mon-
tagem em sua fábrica e também a produção em série e com 
produtos padronizados. A indústria automobilística viveu um 
salto em sua produtividade, e o tempo de produção de um au-
tomóvel foi reduzido drasticamente. 
VISÃO GEOGRÁFICA
Ford T – Só temos preto!
O Ford T produzido por Henry Ford só podia ser 
comprado na cor preta. Isso porque a tinta preta seca-
va mais rapidamente, facilitando a produção em grande 
escala. 
Antes de Ford implementar seu modelo de pro-
dução, eram necessárias 12 horas para produzir um 
carro; esse tempo foi reduzido para aproximadamente 
1 hora e 30 minutos. Com o aumento da produtivida-
de, o preço final do carro também caiu de 850 dólares 
para 280.
O modelo pensado por Ford era baseado na produção em massa, ou seja, em produzir em grandes 
quantidades a fim de baratear os custos, diminuir os preços e aumentar os lucros, vendendo um volume 
maior de carros. Ford entendeu que era possível produzir com menos custos e, dessa forma, permitir que os 
trabalhadores fossem transformados em consumidores. Em outras palavras, era possível tornar o preço de 
várias mercadorias mais acessível à população e ampliar o mer-
cado consumidor, mas, para isso, era imprescindível remunerar 
melhor os trabalhadores. Resumindo: a produção em massa 
deveria ser acompanhada do consumo em massa. 
Outra característica do modelo cunhado por Ford e que de-
pois foi replicado por todos os outros setores industriais foi a 
padronização dos produtos. A variação de produtos era peque-
na e, dessa forma, produzia-se muito da mesma coisa. Assim, a 
Ford fabricou o mesmo modelo de carro durante anos.
O artista Andy Warhol, conhecido por abordar 
valores da sociedade de consumo em suas obras, 
ao retratar latas de sopa Campbell’s na década 
de 1960, relatava uma característica marcante do 
modelo industrial fordista: a padronização. 
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Cena do filme Tempos modernos, de 1936, estrelado por Charlie Chaplin, no 
qual o seu personagem trabalha em uma linha de montagem de uma fábrica 
fordista no início do século XX. O filme faz uma crítica às mazelas do dia a 
dia da produção industrial para o operário, submetido a trabalhar e produzir 
incessantemente em atividades extenuantes, insalubres e mal-remuneradas.
Ford modelo T nos anos 1920.
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Todas essas transformações ocorridas na produção também 
trouxeram impactos no espaço. Como e por que isso se deu? 
Uma das transformações espaciais assistidas foi a concentração 
espacial, também chamada por alguns de economia de aglo-
meração. No processo produtivo automobilístico outras fábri-
cas eram necessárias, empresas que forneciam peças: essas em-
presas deveriam estar perto da indústria automobilística.
O modelo que foi implantado nos EUA e na indústria au-
tomobilística se espalhou pelo mundo e por outros setores 
industriais, principalmente após a Primeira Guerra Mundial 
(1914-1918). A Europa passou, então, a apresentar uma grande 
produtividade industrial, concorrendo com os Estados Unidos. 
Em meados da década de 1920, a grande produção industrial 
superou o aumento do consumo. A superprodução de merca-
dorias, associada ao subconsumo, fez despencar o valor das 
ações das empresas, provocando falências e a crise genera-
lizada em 1929. A conjuntura recessiva gerou desemprego e 
retração ainda mais grave do mercado consumidor. 
Da crise de 1929 aos Anos Dourados
A crise de 1929 foi aguda e afetou todos os setores da economia. O liberalismo econômico entrou em 
decadência. O modelo de não intervenção do Estado passou a ser questionado e muitos atestavam que o 
modelo fordista havia fracassado. O desemprego cresceu, o consumo caiu, o lucro despencou e as fábricas 
faliram. É nesse cenário que o terceiro personagem passa a ter importância, o economista John Maynard 
Keynes (1883-1946). Ele surgiu como principal teórico e defensor da intervenção estatal na economia como 
solução para a crise, e defendia junto a Ford o aumento do consumo através de ganhos salariais.
Sua teoria – o keynesianismo – buscava a garantia do pleno emprego e do aquecimento do mercado 
interno por meio da intervenção do Estado na economia. Essas intervenções eram traduzidas pela implemen-
tação de programas de cunho social (que promoviam geração 
de empregos e acesso a educação, a saúde pública, a segu-
ridade e a previdência social) e pela reativação de empresas 
por meio de investimentos estatais (com foco na infraestrutura 
energética e de transporte). 
O keynesianismo foi adotado nos EUA e na Europa e é cha-
mado de diversas formas pelo mundo: Welfare State, Estado 
de Bem-Estar Social, Estado assistencialista, etc. Foi possível 
observar significativa melhoria na qualidade de vida nos paí-
ses que adotaram tal política, assim como aumentos salariais e 
conquistas sociais. No longo prazo, houve aumento nos custos 
de produção de bens nesses países, tendo como principal mo-
tivação a elevação das taxas de impostos e o aumento do custo 
com a mão de obra. Vale ressaltarque o cenário social e político 
contribuiu muito para que os governos adotassem as ideias de 
Keynes. A classe trabalhadora continuava a pressionar por ga-
nhos salariais e benefícios e, no cenário pós-Segunda Guerra 
Mundial, a existência do bloco socialista pressionava o mundo 
capitalista a oferecer mais vantagens à classe trabalhadora.
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No dia 24 de outubro de 1929 as ações de diversas empresas 
despencaram na bolsa de valores de Nova York. Esse dia ficou 
conhecido como “quinta-feira negra”. A fotografia mostra um grande 
tumulto nessa data em Wall Street, rua que abriga a bolsa de valores. 
Wall Street é considerada o coração financeiro dos Estados Unidos até 
os dias de hoje.
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O crescente número de desempregados nas enormes filas 
para receber doações de alimentos, durante a crise de 1929, 
contrastava com a peça publicitária que trazia os dizeres: 
“O padrão de vida mais elevado do mundo. Não há jeito melhor 
de viver do que o jeito americano”. 
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Ao fim da Segunda Guerra Mundial, a influência global dos EUA estava garantida e assegurada, o dólar era 
a moeda internacional e os EUA lideravam o bloco capitalista. Por meio do plano Marshall, o país financiou a 
recuperação da Europa Ocidental. Nesse contexto, o modelo econômico fordista-keynesiano se difundiu pelo 
planeta, excluindo, claro, o bloco socialista. Enquanto as empresas adotavam práticas fordistas, os governos, 
em maior ou menor grau, seguiam a tendência econômica keynesiana, aumentando a intervenção do Estado 
na economia. Ganhos reais de salário, surgimento ou fortalecimento de leis trabalhistas, consolidação de sindi-
catos, intervenção direta do Estado na economia, criação de obras públicas e facilidade de crédito são apenas 
alguns exemplos de políticas típicas desse Estado interventor que visavam ao aumento da demanda agregada. 
O pós-guerra foi a era de ouro ou, como alguns historiadores denominam, os Anos Dourados do capi-
talismo: a qualidade de vida do trabalhador melhorou, a renda subiu, o nível de escolaridade da população 
mundial aumentou e a economia capitalista se expandiu.
Crise da década de 1970 e nascimento de um novo modelo
A década de 1970 representou a derrocada do modelo fordista. Logo no início da década, explodiu a crise 
do petróleo, que atingiu em cheio o modelo de produção fordista, ou seja, o modelo de desenvolvimento do 
capitalismo. Devemos lembrar que a indústria automobilística era o coração da economia fordista e que o pe-
tróleo era a principal fonte energética do planeta.
Com a elevação do preço do petróleo, a maior parte dos produtos ficou mais cara. O custo de produção 
subiu, os preços dos produtos foram elevados e o consumo começou a diminuir. O fato de uma das caracte-
rísticas do fordismo ser a pequena diversidade de produtos contribuiu, em parte, para a redução do consu-
mo. Outro fator fundamental para o encarecimento da produção foram os ganhos salariais obtidos em alguns 
países por meio de conquistas sociais, que reduziram a margem de lucro das empresas. 
Por esses fatores, o fordismo já não funcionava como antes e as empresas começaram a buscar soluções 
técnicas e tecnológicas que resolvessem a crise. Com isso, os setores industriais incorporaram novas estraté-
gias produtivas, que incluíam a segmentação produtiva (variedade de produtos) associada à terceirização da 
produção de componentes. Isso teve repercussões em diversos países que permaneciam rurais até o fim do 
século XX e que rapidamente se industrializaram.
COMPREENDENDO MELHOR
Terceiriza•‹o
No atual contexto de extrema competição por mercados e tendo em vista o aumento da concorrência em escala global, 
assistimos a parte das empresas recorrerem à terceirização.
Entende-se por terceirização a delegação de tarefas de determinada empresa ao pessoal de outra empresa, prestadora 
de serviços, que passa a realizar essas tarefas com os próprios funcionários. A terceirização também ocorre quando uma 
empresa subcontrata uma pessoa jurídica, transferindo para ela a responsabilidade de produção de determinado produto 
ou componente.
Na prática, a terceirização tem se apresentado como um mecanismo de redução de custos para as empresas, além de dar 
mais agilidade e flexibilidade para o sistema de produção, contribuindo para o aumento de produtividade e, consequentemente, 
de competitividade. 
Mas como as empresas contratadas conseguem oferecer um serviço tão barato e vantajoso para as contratantes? Sabe-se 
que, em geral, o salário de trabalhadores terceirizados é menor que aquele dos empregados formais de empresas que possuem 
um corpo próprio de funcionários. Essa é uma das estratégias das empresas terceirizadas para oferecer um orçamento mais com-
petitivo às empresas contratantes. Muitas vezes, além de salários mais baixos, não existe preocupação e, consequentemente, 
investimento em segurança do trabalho, salubridade e conforto para a realização das atividades.
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O desenvolvimento constante de novas tecnologias e linhas de produtos criou a necessidade de 
reduzir estoques. Daí a flexibilização das linhas de montagem, que a partir de pequenas alterações ou 
mudanças de peças passaram a produzir séries diversificadas de um mesmo produto. O lançamento su-
cessivo de linhas de produtos leva à obsolescência planejada de mercadorias que, apesar de funciona-
rem perfeitamente bem, são por vezes substituídas por modelos novos. Essa estratégia explica por que 
os mercados consumidores atuais dificilmente ficam saturados e as vendas permanecem em alta. Essas 
e outras características compõem o que se chama de Revolução Técnico-científico-informacional (TCI), 
realizada inicialmente pelos líderes do modelo de industrialização clássica, Estados Unidos e Europa. 
Como ela foi precedida pelas revoluções industriais dos séculos XVIII e XIX, passou a ser chamada de Ter-
ceira Revolução Industrial.
 A Terceira Revolução Industrial 
O padrão de produção industrial já passava por transformações na década de 1950, mas as mudanças só 
foram sentidas efetivamente na década de 1970, constituindo a Terceira Revolução Industrial ou Revolução 
Técnico-científico-informacional. Nesta fase, assumem a liderança econômica as indústrias que investem em 
tecnologia e em qualificação da mão de obra não apenas no segmento produtivo, mas também na adminis-
tração, na gestão financeira e nas estratégias de propaganda e comércio. Apesar de as indústrias das etapas 
anteriores (de automóveis, metalúrgica, siderúrgica) ainda serem muito importantes, o que sustenta as atuais 
“indústrias de ponta” são as atividades que produzem serviços de alta tecnologia (pertencentes ao setor 
terciário moderno, também chamado de quaternário), como informática, telecomunicações, robótica, gestão 
financeira, negócios, etc. 
A Revolução TCI se iniciou no Japão e na Europa Ocidental, em particular na Alemanha, e também nos 
Estados Unidos. As indústrias da robótica, informática, telecomunicação, microeletrônica, biotecnologia e 
química fina apareceram nesse período. Lembre-se de que, no fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão e a 
Alemanha estavam destruídos econômica, social e moralmente e proibidos de manter exércitos. Interessados 
em consolidar sua influência político-econômica nesses países, os EUA proveram ajuda financeira (por meio 
dos planos Marshall e Colombo, para Europa e Ásia, respectivamente), fundamental na reconstrução de todo 
o aparato de produção e infraestrutura. Estrategicamente,Japão e Alemanha priorizaram a alocação de in-
vestimentos nos setores de educação, ciência e tecnologia a fim de recuperar sua importância econômica. 
Os setores industriais mais re-
presentativos da Terceira Revolu-
ção Industrial são a microeletrôni-
ca, o microcomputador, o software, 
a telemática, a robótica, a enge-
nharia genética e os semicondu-
tores. Os novos setores de ponta 
representam a aplicação de conhe-
cimentos científicos que, no início, 
foram considerados dispensáveis, 
ou seja, sem utilidade prática. 
Apple, Microsoft, HP e Intel 
são exemplos de marcas que 
aparecem no contexto da 
Terceira Revolução Industrial 
e do desenvolvimento da 
computação. 
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A ciência e a tecnologia avançadas passaram a comandar o ritmo das mudanças e as estratégias de 
mercado e de obtenção de lucros. O mercado financeiro incorporou os avanços tecnológicos, ganhando 
agilidade para realizar maior número de transações em cada vez menos tempo. No mundo globalizado, a 
interligação de computadores torna possível a transferência de milhões de dólares em questão de segundos 
(o que é conhecido como fast money ou “capitais voláteis”) entre diferentes países. A transformação espacial 
mais significativa da Revolução TCI se refere à dispersão mundial da indústria. 
Os tradicionais centros urbano-industriais constituíam-se como áreas de altos custos de produção, apre-
sentando as chamadas deseconomias de aglomeração, com mão de obra exigente (sindicatos fortes, altos 
salários e amplos direitos trabalhistas), altos impostos (para a manutenção do Estado de Bem-Estar Social) 
e leis ambientais rigorosas, entre outras. No contexto da Terceira Revolução Industrial, muitas indústrias 
transferiram suas plantas para novos locais na busca por vantagens locacionais comparativas, como custos 
de produção menores, por meio do pagamento de salários mais baixos e da aquisição de terrenos baratos, 
ou, ainda, infraestrutura de transporte menos saturada, incentivos fiscais e subsídios, no geral concedidos 
por estados ou países menos desenvolvidos a fim de atrair empresas para seu território. Atualmente, muitas 
fábricas de capital estadunidense e europeu encontram-se em países como Índia e China, produzindo para 
grandes marcas dessas mesmas regiões, através da terceirização. Essas fábricas se instalam em países perifé-
ricos, de acordo com suas vantagens locacionais comparativas.
A desconcentração industrial foi viabilizada pelos eficientes sistemas de transporte e de telecomunicação, 
que possibilitaram a integração produtiva das unidades fabris. Antigas áreas industriais em grandes centros ur-
banos foram desativadas; em muitas dessas áreas, o espaço que antes era ocupado pela indústria cedeu lugar 
à expansão de novos bairros residenciais, prédios comerciais ou áreas de lazer ou serviços. Um dos maiores 
exemplos é a Tate Modern, no centro de Londres, antiga fábrica que foi convertida em galeria de arte. 
Ciclo de produção da Barbie: no infográfico acima é possível notar a grande quantidade de países que participam da produção da 
boneca. A desconcentração industrial só é possível graças aos avanços nas redes de telecomunicações e transportes.
China
Ásia
Europa
América do Norte
América Latina
Ciclo de produção da Barbie
O petróleo é 
extraído na Arábia 
Saudita e enviado 
para Taiwan, onde 
é transformado 
em fl ocos de 
PVC. Enquanto 
isso, o nylon para 
os cabelos é 
produzido no Japão 
e os moldes são 
fabricados nos 
Estados Unidos. 
Todos esses itens 
são enviados para 
a China, onde são 
produzidas as 
bonecas.
Arábia 
Saudita
Taiwan Japão Estados 
Unidos
China Todo 
planeta
A Barbie é a boneca mais 
vendida do mundo. São 
120 milhões de exemplares a 
cada ano, o que signifi ca que 
duas Barbies são vendidas 
por segundo. A produção 
de cada boneca usa o 
equivalente a cerca de 3,2 
xícaras de óleo ou cerca de 
1127 watts de energia.
50 000
13 524 MW
A Barbie é composta 
de 6 diferentes 
materiais, incluindo 
a embalagem. Foram 
estimados os volumes 
de cada material 
e relacionados os 
respectivos maiores 
produtores do 
planeta.
5% 
algodão
Estados Unidos 
Índia 
Brasil
Austrália
Uzbequistão
5% 
acetato
Estados Unidos
Inglaterra
Alemanha
França
Brasil
10% 
nylon
China
Estados Unidos
Taiwan
Coreia do Sul
Japão
10% 
borracha
Tailândia
Indonésia
Malásia
Índia
Vietnã
25% 
papel
China
Estados Unidos
Japão
Alemanha
Canadá
45% 
PVC
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As imensas estações ferroviárias, portos e armazéns de carga foram sendo transformados em espaços co-
merciais e de serviços sofisticados ou de lazer: Píer 17 (Nova York); Musée D’Orsay (Paris), etc. Surge a indús-
tria globalizada: uma empresa pode conceber um projeto em Tóquio ou São Francisco, realizar as etapas da 
produção em vários países diferentes, de acordo com as vantagens que oferecem, e garantir suas vendas em 
escala mundial. Globaliza-se, assim, não só a produção como também o mercado. Essa dinâmica levou a maior 
especialização industrial nos mais diversos países e regiões do mundo e à consequente intensificação das tro-
cas comerciais em escala planetária. No caso das indústrias típicas da Terceira Revolução Industrial, um fator 
fundamental foi a permanência de centros de produção de desenvolvimento técnico-científico-informacional 
em áreas onde havia disponibilidade de mão de obra muito qualificada. Assim, as indústrias de alta tecnologia, 
como as do setor de informática e de telecomunicação, se concentram nos chamados tecnopolos.
VISÃO GEOGRÁFICA
Vale do Silício
Os tecnopolos são espaços típicos da Terceira Revolução Industrial que agregam o grande capital, os centros de pesquisa, a 
comunidade científica, as universidades e a mão de obra universitária. O ambiente de sinergia envolvendo esses agentes é capaz 
de promover grandes inovações tecnológicas, que geram riquezas e empregos. O maior tecnopolo do mundo está localizado na 
Califórnia (Estados Unidos) e abrange cidades próximas de São Francisco – é o chamado Vale do Silício (Silicon Valley). Além do 
apoio do governo estadunidense e do impulso da corrida armamentista do pós-Segunda Guerra Mundial, teve grande importân-
cia na formação desse tecnopolo a Universidade de Stanford, como destaca a reportagem abaixo:
[...] A Leland Stanford Jr, gratuita, abriu as portas em 1o de outubro de 1891 para 555 alunos e 15 professores. Nos anos 
seguintes, a instituição conseguiu atrair docentes de renome mundial, o que por sua vez atraiu outros acadêmicos de destaque.
Os anos se passaram até que, em 1925, um homem chamado Frederick Terman se tornou diretor da Escola de En-
genharia. Em 1955, ele foi nomeado reitor e exerceu papel central no fortalecimento de uma cultura empreendedora e 
daquilo que se tornou o ecossistema de negócios e inovação que está na base da formação do Vale do Silício.
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Isso porque Terman estimulava alunos e professores a montarem suas próprias empresas em vez de privilegiarem 
a carreira acadêmica. Antes mesmo de se tornar reitor, ele criou, em 1946, o Parque Industrial Stanford, que foi a 
base para a aproximação entre a universidade e a indústria. “Nenhuma outra universidade alocou ou manteve essa 
quantidade de terra para o crescimento industrial”, escreve Deborah (Perry Piscione) em seu livro [Os segredos do Vale 
do Silício, Editora HSM]. “Ela arrendou terras para empresas em desenvolvimento,como Hewlett-Packard, General 
Eletric e Lockheed, e hoje o Parque de Pesquisas Stanford, como é conhecido, abriga cerca de 150 empresas.”
Além disso, Terman incentivou os professores a atuar como consultores pagos para corporações, num outro impulso 
de aproximação entre a academia e o setor privado. Sua visão era a de que isso não apenas ajudaria os docentes a se man-
terem atualizados sobre as necessidades das empresas como também seria um instrumento para facilitar o financiamento 
de pesquisas e parcerias para os alunos. Essa estratégia é vista hoje pelo corpo docente de Stanford como a contribuição 
mais importante para o “ambiente acadêmico-empreendedor” de Stanford e do Vale.
O resultado disso é que a universidade é hoje o “bastião da inovação, ajudando a criar quase seis mil empresas alta-
mente inovadoras”, segundo Deborah.
Entre as companhias cuja tecnologia ou plano de negócios foi desenvolvido em função de pesquisas em Stanford 
estão Cisco, eBay, Eletronic Arts, Linkedin, HP, Google, Netflix, Nvidia, Logitech, Sun e Tesla Motors [...].
Disponível em: <www.istoedinheiro.com.br/blogs-e-colunas/post/20150527/
como-stanford-tornou-motor-vale-silicio/6815>. Acesso em: 27 abr. 2016. Adaptado.
As novas tecnologias permitiram o nascimento de um modelo de produção – pós-fordismo – que apre-
senta novas formas de organização da produção e do trabalho. Uma das líderes no desenvolvimento desse 
novo modelo de produção foi a Toyota (automobilística japonesa), que lançou as bases do pós-fordismo ou 
toyotismo. Foi nesse contexto que se acelerou a industrialização de pequenos países do Sudeste Asiático, 
no modelo de plataformas de exportação. Tais países se situavam numa área geoestratégica disputada pe-
las superpotências da Guerra Fria e foram incorporados na estratégia de produção pós-fordista, recebendo 
investimentos e apoio estadunidense, japonês e europeu para se industrializarem. Os custos de produção 
eram baixíssimos, incluindo mão de obra barata, ausência de direitos trabalhistas, isenções fiscais e forte 
dependência política, econômica e tecnológica. 
Esse grupo de países ficou conhecido como Tigres Asiáticos devido à sua agilidade administrativa, à 
ferocidade dos governos locais (alguns deles, ditaduras) e à agressividade concorrencial de seus produtos, o 
que promoveu elevadas taxas de crescimento econômico entre os anos 1960 e 1980.
COMPREENDENDO MELHOR
Toyotismo
Entre os principais aspectos do modelo de produção toyotista estão as linhas de produção flexível. Elas permitem que uma 
mesma linha de montagem produza modelos diferentes, atingindo, portanto, mercados diversificados. As séries produzidas são 
diversificadas e limitadas para nunca saturar o mercado e manter os preços elevados. Alterações no design, introdução ou subs-
tituição de componentes e inovações tecnológicas podem ser feitas a partir de pequenas reestruturações no interior da linha de 
produção, utilizando-se os mesmos equipamentos. Os recursos da microeletrônica e da informática viabilizam essas frequentes 
mudanças. O conceito de “produzir sob encomenda” ficou conhecido como just in time: atinge-se determinada produção num 
prazo específico e, em geral, após acertar a venda com os clientes. Isso reduz o risco de a indústria ficar com os estoques enca-
lhados nas fábricas. A Toyota percebeu que desenvolver as tecnologias dos novos modelos industriais poderia ser mais rentável 
que produzi-los efetivamente. Por isso, aperfeiçoou a segmentação da produção e a terceirização da produção de componentes 
industriais ou de parte das atividades para outra empresa ou para prestadores de serviços. Isso diminuiu o custo dos encargos tra-
balhistas pela redução da quantidade de trabalhadores fixos da própria empresa. Os lucros ficariam garantidos pelo pagamento 
de royalties das patentes dos produtos projetados pela Toyota.
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O modelo toyotista foi progressivamente incorporado por centenas de transnacionais, intensificando a reor-
ganização da geografia industrial no mundo, particularmente nos países de industrialização mais antiga. O custo 
social dessa modernização foi o desemprego no setor industrial do mundo desenvolvido, devido ao encolhimen-
to de seu PIB industrial, fenômeno que chamamos de desindustrialização. Nas indústrias que ali permaneceram, 
notou-se a comum adesão às novidades técnicas e operacionais da Terceira Revolução Industrial, o que trouxe a 
eliminação de diversas categorias de empregos. No entanto, o setor terciário vem crescendo muito desde então. 
O terciário (comércio, serviços e finanças) vem passando por uma grande diversificação, o que gera empregos e 
atividades econômicas: novos tipos de comércio, expansão do turismo, da informática, das telecomunicações, 
das pesquisas científicas e tecnológicas, etc. A terciarização (aumento do setor terciário) é, na verdade, um sub-
produto da Revolução TCI seja do ponto de vista espacial, seja em relação ao mercado de trabalho.
Na década de 1980, os defensores do liberalismo econômico ressurgiram (por isso são chamados de neolibe-
rais) e se consolidaram mundialmente. A teoria neoliberal surgiu nos países centrais como uma reação ao Estado 
Intervencionista e ao Estado do Bem-Estar Social. Para os neoliberais, o capitalismo industrial estava ameaçado 
pelas reivindicações trabalhistas (negociadas pelos sindicatos) e pelos gastos sociais e excesso de impostos. Cor-
tar os gastos e manter uma taxa de desemprego que diminuísse o poder dos sindicatos foi a solução apontada 
pelos neoliberais para eliminar esses obstáculos. O neoliberalismo prega, portanto, a não intervenção do Estado 
na economia, e foi implantado inicialmente no Reino Unido durante o governo da conservadora Margaret That-
cher (eleita primeira-ministra em 1979) e posteriormente nos EUA pelo republicano Ronald Reagan. 
Esquema de produção toyotista em contraposição ao modelo de produção fordista anterior. 
Os operários não podem 
contribuir com ideias próprias 
para o processo fabril
O salário do trabalhador é reajustado 
de acordo com o aumento da taxa de 
lucro da fábrica. Isso permite que ele 
também seja um consumidor potencial.
TOYOTISMO
FORDISMO
A linha de montagem controla o tempo 
de execução das tarefas do trabalhador 
especializado e evita a perda de 
tempo dele, reduzindo seus 
deslocamentos pela fábrica
O trabalhador é alienado e 
quaisquer distrações são 
coibidas pela gerência
Eventuais defeitos dos produtos são 
conhecidos apenas no fi nal da esteira, ou 
seja, há maior desperdício de tempo, já 
que o defeito só é conhecido após uma 
inspeção no fi nal da montagem do produto
Não existem 
grandes 
estoques do 
produto fi nal, 
o que evita o 
desperdício
Os operários são polivalentes, ou seja, 
vários realizam as mesmas tarefas
O trabalho acontece em células que reúnem 
vários funcionários. Assim, um trabalhador 
acaba fi scalizando o outro. 
Eventuais defeitos são 
rapidamente percebidos.
Peças e componentes são 
requisitados de acordo 
com a demanda
O operário é participativo 
e a criatividade é 
estimulada. Ele contribui 
com ideias para o 
processo fabril
Existe grande 
segmentação produtiva 
(variedade de produtos)
Geração de grandes estoques de 
um único produto fi nal, o que pode 
resultar em mais desperdício
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A partir desses dois países, o modelo neoliberal se propagou, culminando em uma progressiva redução 
da regulamentação da economia pelo Estado e incluindo, ainda, a privatização de diversos setores, antes ad-
ministrados pelo poder público. Conforme a ação coercitiva do Estado era reduzida, ocorria uma nova onda 
de concentrações financeiras e megafusões, com o objetivo de ampliar o controle de mercados ou disputá-
-los com maior competitividade. Taismecanismos se tornaram cada vez mais poderosos à medida que foram 
implementadas políticas neoliberais em todos os países do mundo, por pressão dos grandes organismos 
internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI). 
Nos países periféricos, a adoção de políticas neoliberais se intensificou na década de 1990 e se caracte-
rizou pela onda de privatizações de estatais, pela abertura econômica generalizada, pela redução do papel 
do Estado na regulamentação da economia e na seguridade social, entre outras medidas. Isso foi proposto 
como “modelo de recuperação econômica” para países endividados ou em recessão, mas, na maior parte 
dos casos, gerou maior dependência em relação aos megaempresários globais. 
Em setembro de 2008 o mundo foi novamente abalado por uma megacrise internacional. A queda das bolsas 
de valores nos EUA, no Japão e em diversos países europeus chegou em pouco tempo (mas não com a mesma 
intensidade da crise de 1929) ao restante do mundo. Desde então, temos visto a recessão se aprofundar em diver-
sos segmentos produtivos, com maior intensidade nos países centrais. Novamente, o mercado financeiro, o setor 
industrial, as indústrias, a população desassistida e desempregada, etc., olham para o Estado esperando soluções. 
A intervenção estatal vem sendo usada em todos esses países, em maior ou menor grau. Desde o início da década 
de 2010 percebe-se que os líderes econômicos mundiais lutam para identificar caminhos que reduzam o quadro de 
desemprego e recessão em seus países. Só o tempo confirmará se o século XXI assistirá a mudanças de paradigmas 
econômicos, sociais, tecnológicos e geopolíticos tão drásticos como os ocorridos ao longo do século XX.
SITUAÇÃO-PROBLEMA
Como Zara e cinco grifes reagiram 
à acusação de trabalho escravo
Além de serem nomes conhecidos do grande público, as 
varejistas Marisa, Pernambucanas, C&A, Zara, Collins e Gre-
gory guardam, de certa forma, um passado em comum: todas 
entraram na mira do Ministério do Trabalho em função do su-
posto uso de trabalho escravo na produção das peças que abas-
tecem suas araras Brasil afora.
Na visão do procurador do Trabalho Luiz Fabre, falar sobre 
o assunto não deixa de tocar em questões de ordem humani-
tária. Mas para além da situação de exploração dos indivíduos, 
a adoção do trabalho escravo também mexe com os cofres do 
governo – e das companhias concorrentes. “Em razão da não 
anotação da carteira de trabalho, há evasão de tributos não re-
colhidos. A partir daí começa a haver concorrência desleal, pois 
fica difícil para as empresas cumpridoras da legislação traba-
lhista competirem de igual para igual”, afirma.
É verdade que as condições encontradas pelas equipes de 
fiscalização nas fornecedoras e oficinas terceirizadas foram 
semelhantes em todos os casos, a começar pela presença de 
imigrantes ilegais, condições precárias de trabalho e imposição 
de jornadas exaustivas. Às voltas com as acusações de envol-
vimento, contudo, as empresas adotaram posturas diferentes.
Enquanto algumas resolveram aumentar o controle sobre 
sua cadeia de produção, outras sustentaram não ter responsa-
bilidade sobre os processos adotados pelas oficinas que costu-
ram suas peças. [...]
A marca que é “possivelmente a mais devastadora e inova-
dora varejista do mundo” – nas palavras do diretor criativo da 
Louis Vuitton – se viu no meio de um escândalo que correu o 
mundo no ano passado. Isso porque as equipes de fiscalização 
trabalhista em São Paulo encontraram pessoas trabalhando em 
condições precárias em oficinas subcontratadas pela Zara, do 
grupo espanhol Inditex. Em comum, jornadas de até 16 horas 
por dia, salários irrisórios, proibição de deixar o local sem auto-
rização prévia e até uso de mão de obra infantil. Ambientes sem 
ventilação e com fiação exposta completavam o pacote, que 
resultou em 48 autos de infração contra a empresa.
Inicialmente, o Ministério Público do Trabalho pediu uma 
indenização por dano moral coletivo no valor de 20 milhões de 
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reais. Pelo acordo fechado em dezembro de 2011, a empresa 
pagará 17% desse valor – ou 3,4 milhões – em “investimentos 
sociais”. A previsão de punição para subcontratações, presente 
na primeira versão do termo de ajustamento de conduta, tam-
bém acabou sendo suprimida do texto final.
Ainda assim, Luís Alexandre Faria, auditor fiscal que co-
mandou as investigações, classificou a atitude da empresa como 
arrojada e “no caminho certo”. Daqui em diante, a Zara será ime-
diatamente multada em 50 mil reais se alguma de suas oficinas 
for flagrada em situação semelhante, assumindo a responsabili-
dade jurídica por qualquer ocorrência. A empresa também vem 
se envolvendo em ações de auxílio a imigrantes, auxiliando a 
regularização desses trabalhadores no país e destinando recur-
sos a um fundo de emergência para suprir suas necessidades 
básicas. Até agora, já foram desembolsados 1,3 milhão de reais. 
Nos primeiros seis meses do ano, a Zara realizou 260 auditorias 
completas, abrangendo a totalidade da sua cadeia, composta por 
40 fornecedores e 208 oficinas externas. [...]
Disponível em: <http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/o-que-a-zara-e-
5-grifes-fazem-mesmo-com-o-trabalho-escravo>. Acesso em: 27 abr. 2016.
Graças às tecnologias da Terceira Revolução Industrial, vivemos 
em um mundo em que cada vez os fluxos globais se dão em maior 
intensidade, o que pode ser entendido como globalização ou mun-
dialização. Algumas dessas tecnologias, como as relacionadas à in-
formática e às telecomunicações, permitiram às empresas que coor-
denassem seus processos produtivos a distâncias cada vez maiores. 
Logo, houve maior transferência da produção industrial para os paí-
ses subdesenvolvidos, principalmente aqueles que mais se valeram 
de estratégias como incentivos fiscais, salários baixos, flexibilizações 
na legislação trabalhista – incluindo nessa última o surgimento de 
novas modalidades de trabalho, como o terceirizado. Assim, os mais 
diferentes espaços do planeta passaram a competir entre si para o 
recebimento desses investimentos. Junto da maior difusão da indús-
tria, assistimos à precarização do trabalho, que é bastante evidente. 
Embora a reportagem evidencie a preocupação do Estado bra-
sileiro com o tema, procurando punir os casos de trabalho análogos 
à escravidão, é evidente que muitas empresas se valem de estra-
tégias desumanas para competir nesse cenário de extrema concor-
rência global. Deparamo-nos, então, com uma grande questão: se, 
por um lado, a terceirização é capaz de aumentar a competitividade 
das empresas e contribuir para a manutenção do emprego, por ou-
tro lado, frente a esse cenário avassalador de competição em escala 
global, não seria ela perversa para o trabalhador, colaborando para 
o aumento da desigualdade social? Teria a Terceira Revolução In-
dustrial, ao criar as bases técnicas para a desconcentração industrial, 
colaborado para o aumento da desigualdade? Ainda mais se consi-
derarmos os inúmeros postos de trabalho perdidos com os proces-
sos fabris cada vez mais automatizados, com a utilização de robôs e 
computadores? O trabalho terceirizado, típico dessa atual revolução 
industrial que vivenciamos, não estaria recriando situações muito pa-
recidas com aquelas notadas na Inglaterra do século XVIII: jornadas 
de trabalho exaustivas, insuficiência de garantias trabalhistas, condi-
ções de trabalho precárias, entre outras? 
A partir da notícia notamos mais uma das muitas contradições 
que são inerentes ao capitalismo: embora utilize a mão de obra assa-
lariada típica do sistema econômico, as relações de trabalho forçado 
e precário largamente utilizadas no período anterior à industrialização 
parecem ainda lhe ser fundamentais em algumas situações. 
Ao longo desse módulo foi possível verificar que as indústrias são classificadas de diferentes 
maneiras – uma delas é de acordo como que é capaz de produzir. Assim, temos as indústrias de 
bens de consumo (duráveis e não duráveis), que produzem bens diretamente para o consumidor 
final; e as indústrias de bens de produção (ou indústria de base), que se dividem entre aquelas 
que produzem os chamados bens intermediários – matéria-prima semielaborada (aço e cimento, 
por exemplo) – e os bens de capital (máquinas e tratores, por exemplo). 
Também identificamos os diferentes contextos em que as revoluções industriais ocorreram. Enquanto 
a Primeira Revolução Industrial surgiu ainda em vias de afirmação do capitalismo concorrencial, a Se-
gunda Revolução Industrial se desenvolveu em uma fase de capitalismo já consolidado, com diversos 
grupos realizando monopólios em seus respectivos mercados de atuação. A Terceira Revolução In-
dustrial vem em um contexto de sinais de esgotamento do binômio fordismo-keynesianismo, eviden-
te na década de 1970, e de reafirmação de ideias liberais no campo econômico.
PARA CONCLUIR
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1. (Udesc) São exemplos da indústria de bens de consumo 
(ou leve): 
a) Indústria de autopeças e de alumínio. 
b) Indústria de automóveis e de eletrodomésticos. 
c) Indústria de plásticos e borracha e de alimentos. 
d) Indústria de máquinas e de aço. 
e) Indústria de ferramentas e chapas e ferro. 
2. (PUC-RJ) A Revolução Tecnológica das últimas décadas 
acelerou a velocidade de transmissão da informação e 
modificou as noções de próximo e distante. Essas mu-
danças influem nas estratégias de localização das indús-
trias. A alternativa que indica corretamente os fatores 
que atuam na localização dos estabelecimentos indus-
triais da “nova economia” é: 
a) a proximidade das fontes de matérias primas indus-
triais e do abastecimento energético.
b) a existência da logística de circulação e o acesso às 
redes de informações.
c) a proximidade das agências de notícias e das institui-
ções de coleta de dados.
d) a oferta de mão de obra e a facilidade de acesso aos 
mercados de consumo.
e) a garantia dos investimentos especulativos e a den-
sidade das redes de transporte.
3. (UFF-RJ) O sucesso das indústrias de alta tecnologia re-
side na integração de diferenciados fatores que variam 
segundo as regiões geográficas. Todavia, o modo de de-
senvolvimento dessas indústrias repousa sobre determi-
nadas condições qualitativas indispensáveis, tais como: 
a) existência de uma densa rede de transportes desti-
nados à exportação de bens, descentralização das 
Veja, no Manual do Professor, o gabarito comentado das quest›es sinalizadas com asterisco.
H17
C5
atividades comerciais e elevados investimentos em 
indústrias de base local.
b) criação de infraestruturas viárias, redução de impos-
tos e presença indispensável de indústrias químicas 
como suporte de suas atividades produtivas.
c) inovação técnico-científica permanente, capital hu-
mano agregado e integração com uma rede urbana 
dotada de equipamentos e serviços de energia, infor-
mação e comunicação.
d) expansão permanente da rede de comunicação, cria-
ção de territórios independentes da legislação na-
cional e isenção de taxas de exportação para outras 
regiões e países.
e) flexibilização das leis trabalhistas, proximidade de 
amplos mercados de consumo e, sobretudo, presen-
ça de jazidas energéticas. 
4. ENEM
 
(Adaptada) A evolução do processo de transfor-
mação de matérias-primas em produtos acabados ocorreu 
em três estágios: artesanato, manufatura e maquinofatura.
Um desses estágios foi o artesanato, em que se:
a) trabalhava conforme o ritmo das máquinas e de ma-
neira padronizada. 
b) trabalhava geralmente sem o uso de máquinas, como 
o tear mecânico. 
c) empregavam fontes de energia abundantes para o 
funcionamento das máquinas. 
d) realizava parte da produção por cada operário, com 
uso de máquinas e trabalho assalariado. 
e) faziam interferências do processo produtivo por téc-
nicos e gerentes com vistas a determinar o ritmo de 
produção.
H20
C6
PRATICANDO O APRENDIZADO
Ainda, compreendemos as diferentes estratégias para o aumento da mais-valia nas diferentes re-
voluções industriais, culminando na utilização cada vez maior da informática e da robótica em pro-
cessos de automação das fábricas que, quando não reduzem o seu corpo de funcionários pela 
substituição do ser humano pela máquina, o fazem a partir da adoção de novas modalidades de 
trabalho, como o terceirizado.
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5. (Uerj – Adaptada) 
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95%
automóvel televisão geladeira lava-roupa
99%
89%
13%
25% 24%
7,5% 8,4%1%
França: equipamentos dos domicílios (%)
FONTE: ADOUMIÉ, Vincent et al. Histoire gŽographie, 3. Paris: Hachette Éducation, 2006. Adaptado.
O gráfico aponta importantes mudanças no padrão de consumo de países desenvolvidos, entre as décadas de 1950 e 1990. 
O modelo produtivo e a correspondente explicação para tais mudanças estão apontadas em: 
a) consumismo – aumento do volume de crédito para a população.
b) sistêmico-flexível – adoção do livre-cambismo como política alfandegária.
c) fordismo – transferência aos trabalhadores de ganhos de produtividade.
d) neofordismo – redução do preço dos produtos por subsídios governamentais.
e) taylorismo – diminuição da durabilidade dos produtos, estimulando o consumo.
1. (Cefet-MG – Adaptada)
Nas últimas décadas, o setor do trabalho assalariado nas 
regiões da tríade [Estados Unidos, Europa Ocidental e Ja-
pão] contraiu-se de modo significativo. A redução da renda 
do trabalhador dependente atingiu no decorrer dos últimos 
anos todos os segmentos da classe operária, incluindo o 
assim chamado núcleo ocupacional da grande indústria. 
Um quarto de todos os que são obrigados ao trabalho de-
pendente não consegue mais manter o próprio padrão de 
vida além do nível de pobreza, mesmo com horas e mais 
horas extras.
ROTH, Karl Heinz. Crise global, proletarização global, contraperspectivas. 
In: FUMAGALLI, A; MEZZADRA, S. (Orgs.) A crise da economia global: 
mercados financeiros, lutas sociais e novos cenários políticos. 
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. p. 269-320. Adaptado.
O fragmento refere-se às alterações ocorridas na atuali-
dade no mundo do trabalho nas regiões da tríade. Nes-
se contexto, um fator que contribui diretamente para 
essas mudanças é a(o): 
a) incremento da atuação da Organização Internacio-
nal do Trabalho no combate às atividades trabalhis-
tas informais.
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DESENVOLVENDO HABILIDADES
b) ampliação do desemprego de nativos na zona do euro 
devido ao intenso fluxo de imigrantes nos últimos anos.
c) transferência de postos de trabalho dos países cen-
trais para os periféricos com o intuito de atenuar cus-
tos de produção. 
d) decréscimo da produção industrial do país mais de-
senvolvido da Europa, impactando as contratações 
nos demais continentes. 
e) adoção pela China dos moldes nipônicos de produ-
ção, culminando na liberação de mão de obra nos 
grandes centros industriais. 
2. (Vunesp-SP) Assinale a alternativa que indica corretamen-
te o fator considerado determinante para a localização 
das indústrias durante a Primeira Revolução Industrial (fi-
nal do século XVIII a meados do século XIX). 
a) Reservas de petróleo. 
b) Incentivos fiscais. 
c) Mão de obra especializada. 
d) Jazidas de carvão mineral. 
e) Disponibilidade de água. 
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3. (Mack-SP)
Flagrantes mostram roupas da Zara 
sendo fabricadas por escravos
O quadro encontrado pelos agentes do poder público,e 
acompanhado pela Repórter Brasil, incluía contratações com-
pletamente ilegais, trabalho infantil, condições degradantes, 
jornadas exaustivas de até 16h diárias e cerceamento de liber-
dade (seja pela cobrança e desconto irregular de dívidas dos 
salários, o truck system, seja pela proibição de deixar o local de 
trabalho sem prévia autorização). Apesar do clima de medo 
entre as vítimas, um dos trabalhadores explorados confirmou 
que só conseguia sair da casa com a autorização do dono da 
oficina, só concedida em casos urgentes, como quando levou 
seu filho ao médico [...].
As vítimas libertadas pela fiscalização foram aliciadas na 
Bolívia e no Peru. [...] Em busca de melhores condições de 
vida, deixam os seus países rumo ao “sonho brasileiro”.
Extraído de: <http://noticias.uol.com.br>.
O conteúdo da reportagem tem relação com a questão 
do trabalho no mundo contemporâneo e:
a) ocorre apenas em países subdesenvolvidos, fato que 
justifica a opção de instalação da empresa mencionada 
no Brasil.
b) caracteriza a exploração de trabalhadores em condi-
ções desumanas, seja em países ricos ou pobres, no 
que se convencionou chamar de “precarização do 
trabalho”.
c) tem se tornado cada vez menos frequente, pois o 
processo de globalização tem permitido o combate 
a esse fenômeno em todos os países do mundo.
d) não ocorre na Europa e na América do Norte, re-
giões onde os imigrantes são tratados segundo o 
respeito às leis trabalhistas, em países cujos gover-
nos igualam o tratamento entre trabalhadores nati-
vos e estrangeiros.
e) envolve apenas trabalhadores estrangeiros em áreas 
urbanas do Brasil, não se verificando condições desse 
tipo de superexploração do trabalho nas áreas rurais.
4. (UFG-GO) Nas últimas décadas do século XX, a intensi-
ficação do uso de alta tecnologia induziu uma nova lógi-
ca de localização industrial. Os atuais espaços industriais 
caracterizam-se pela capacidade organizacional e tecno-
lógica de distribuir o processo produtivo em diferentes 
localidades.
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A espacialização do processo produtivo revela que:
a) os atuais espaços industriais, espalhados pelo globo, 
utilizam muita força de trabalho qualificada e poucos 
trabalhadores semiqualificados. 
b) as novas indústrias foram instaladas considerando-se 
a abundância de mão de obra e a proximidade do 
mercado consumidor. 
c) as empresas instalaram unidades produtivas em al-
guns países de industrialização tardia, incentivadas 
pela política de substituição de importações. 
d) a criação de espaços industriais, nos países do Tercei-
ro Mundo, foi promovida pelas políticas estatais de 
incentivo ao consumo dos países centrais. 
e) os novos espaços industriais organizam-se em torno 
de fluxos de informação que reúnem e distribuem, ao 
mesmo tempo, as fases da produção. 
5. (UFJF-MG) De acordo com Schumpeter, a economia in-
dustrial evoluiu por meio da destruição criadora. Quan-
do um conjunto de novas tecnologias encontra aplicação 
produtiva, as tecnologias tradicionais são “destruídas”, 
isto é, deixam de criar produtos, de competir no merca-
do e acabam sendo abandonadas.
Marque a alternativa correta:
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1785 1845 1900 1950 1990 2020
2 3 4 5
Legenda
1 – Força hidráulica, têxteis, ferro
2 – Vapor, ferrovias, aço
3 – Eletricidade, químicos, motor a combustão interna
4 – Petroquímicos, eletrônicos, aviação
5 – Redes digitais, software, novas mídias
FONTE: MAGNOLI, Demétrio; ARAÚJO, Regina. Projeto de ensino de geografia: natureza, 
tecnologia, sociedades, geografia geral. São Paulo: Moderna, 2000. Adaptado.
a) Na fase da estabilização, as pequenas empresas con-
seguem vencer a concorrência e dominam o mercado. 
b) É na fase descendente que ocorre a destruição cria-
dora e não há excesso de oferta. 
c) Na fase inicial de cada onda, os mercados estão satu-
rados e as grandes empresas desaparecem. 
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d) Em todas as ondas do século XX, a energia foi o princi-
pal fator de localização das indústrias transnacionais. 
e) A introdução de novas tecnologias implica em novas 
formas de organização do espaço geográfico. 
6. (Fatec-SP) Considere o texto apresentado a seguir.
As indústrias estão distribuídas de forma desigual no plane-
ta, pois tendem a se concentrar nos lugares onde há fatores 
favoráveis a sua localização. Como esses fatores são definidos 
historicamente, variam com o passar do tempo, dependendo 
do tipo de indústria.
Sene e Moreira, 1998.
Assim, genericamente, tal como oferta de incentivos fis-
cais, mão de obra e mercado consumidor, podem-se con-
siderar como principais fatores locacionais para indústrias:
Fontes 
de 
energia
Infraestrutura 
de 
transportes
Rede de 
comunicações
Disponibilidade 
de água
a) X X X
b) X X X
c) X X
d) X X X X
e) X X
7. (UFSM-RS) Com relação aos fatores locacionais da in-
dústria, pode-se afirmar: 
a) Independentemente do tipo de indústria, os fatores 
locacionais, em ordem crescente de importância, 
são a mão de obra, as fontes de energia e as maté-
rias-primas. 
b) A qualificação da força de trabalho foi mais importan-
te nos setores típicos da Primeira Revolução Industrial, 
o que caracterizou as zonas industriais até meados do 
século XIX. 
c) Na Segunda Revolução Industrial, as jazidas de carvão 
mineral condicionavam a localização das fábricas, sur-
gindo grandes regiões industriais em torno das bacias 
carboníferas de Londres e do Reno/Ruhr. 
d) O mercado consumidor é um dos fatores determinan-
tes da localização da indústria, o que explica a ligação 
histórica entre o fenômeno industrial e as concentra-
ções urbanas. 
e) Em virtude dos avanços tecnológicos, a indústria con-
temporânea já pode prescindir das redes de transpor-
tes e comunicações, o que explica o atual processo 
de desconcentração espacial. 
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8. (UFF-RJ) No mundo contemporâneo, marcado pela glo-
balização, a expressão “fábrica global” busca sintetizar 
os novos processos de ordenamento do território fabril, 
cuja característica principal é: 
a) a concentração da produção de bens em grandes uni-
dades fabris para administrar melhor as relações de 
trabalho e integrar todas as tarefas técnico-produtivas.
b) a segmentação do processo produtivo de bens em 
diferentes lugares, tendo como suporte de realiza-
ção as redes técnicas de informação, financiamento 
e comercialização.
c) a centralização do processo produtivo em um único 
ponto do território, para evitar a divisão técnica do 
trabalho e impedir o desperdício de energia.
d) a integração estratégica de vários ramos e setores em 
uma única região, com o objetivo de monopolizar os 
mercados mundiais de consumo.
e) a produção especializada de bens e serviços em me-
gaempresas, com o objetivo de fortalecer o domínio 
do mercado interno e a competitividade em seus paí-
ses de origem. 
9. (UEL-PR)
Ainda que a indústria seja a forma através da qual a so-
ciedade apropria-se da natureza e transforma-a, a industria-
lização é um processo mais amplo, que marca a chamada 
Idade Contemporânea, e que se caracteriza pelo predomínio 
da atividade industrial sobre as outras atividades econômicas. 
Dado o caráter urbano da produção industrial (produção essa 
totalmente diferenciada das atividades produtivas que se de-
senvolvem de forma extensiva no campo, como a agricultura e 
a pecuária) as cidades se tornaram sua base territorial, já que 
nelas se concentram capital e força de trabalho.
SPÓSITO, M. E. B. Capitalismo e urbaniza•‹o. 
São Paulo: Contexto, 1988. p. 43.
Com base no texto acima, assinale a alternativa correta. 
a) A industrialização é um processo que ocorre somente 
em grandes cidades. 
b) A base territorial da produção industrial são as cidades, 
pois nelas se concentram capitale força de trabalho. 
c) As cidades da Idade Contemporânea devem sua exis-
tência exclusivamente às atividades industriais. 
d) Em todas as grandes cidades da Idade Contemporânea, 
as atividades industriais concentram-se estrategicamen-
te no perímetro central, junto à área de comércio. 
e) A industrialização é um processo que ocorre somente 
nas cidades do mundo desenvolvido. 
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10. (UFPR) Observe o mapa a seguir:
RÚSSIA
CHINA
AUSTRÁLIA
COREIA
DO SUL
JAPÃO
Círculo Polar Antártico
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ÍNDICO
OCEANO
GLACIAL ÁRTICO
Equador
Trópico de Câncer
Trópico de Capricórnio
Círculo Polar Ártico
AMÉRICA
DO SUL
ÁFRICA
EUROPA
ORIENTE
MÉDIO
ÁSIAAMÉRICA
DO NORTE
N
4370
km
0
Com base no mapa e nos conhecimentos de Geografia, 
assinale a alternativa correta. 
a) O mapa indica os centros políticos e econômicos das 
maiores potências militares e geopolíticas do mundo. 
b) Estão indicadas as maiores concentrações populacionais 
de cada uma das grandes civilizações modernas: a ame-
ricana, a europeia, a russa, a negra, a oriental e a austral. 
c) A maioria das grandes concentrações urbanas do 
mundo se localiza no hemisfério Norte, devido ao pa-
pel do clima temperado e dos grandes vales pluviais 
na origem da civilização. 
d) As áreas indicadas mostram concentrações urbanas e 
industriais que vêm perdendo importância relativa na 
economia mundial em função do crescimento demo-
gráfico e industrial da Índia. 
e) As áreas indicadas são grandes concentrações indus-
triais em termos de valor da produção, sem conside-
rar diferenças relacionadas à sofisticação dos produ-
tos e da tecnologia. 
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APROFUNDANDO O CONHECIMENTO
1. (Ufes – Adaptada) O modelo industrial centrado nas indús-
trias petroquímicas e automobilísticas, que predominou 
durante quase todo o século XX, vem perdendo terreno 
para novos setores, como o da informática, da robótica, da 
biotecnologia e de outros, caracterizando a passagem da 
Segunda para a Terceira Revolução Industrial.
Assinale a informação que corresponde a esse processo. 
a) A liderança norte-americana foi quebrada: Europa Oci-
dental, Japão e URSS disputavam a hegemonia mundial 
em condições de igualdade com os Estados Unidos. 
b) O mundo está cada vez mais integrado com o avanço 
técnico-científico-informacional, mas crescem também 
as desigualdades socioeconômicas internacionais.
c) A formação profissional em cursos técnicos de nível 
médio não é essencial para os novos profissionais, 
tendo em vista o pouco avanço e a pequena utilização 
da ciência e da tecnologia no mundo industrial.
d) A mão de obra especializada passa a ser mais impor-
tante do que os recursos naturais, a extensão do terri-
tório ou o número de habitantes. 
e) O surgimento de progressivas mudanças nos méto-
dos de produção e de trabalho, no consumo e nas 
relações entre as empresas e os consumidores torna 
as atividades mais repetitivas e pouco criativas. 
2. (Uerj) 
ANDRÉ DAHMER. O Globo, 25 abr. 2012. Adaptado.
A crítica feita nos quadrinhos se relaciona com uma con-
tradição do capitalismo globalizado, o qual se caracteri-
za simultaneamente por: 
a) elitização do acesso digital – popularização das mí-
dias alternativas.
b) requinte dos sistemas produtivos – declínio dos regi-
mes democráticos.
c) manipulação dos padrões técnicos – simplificação 
dos métodos de gestão.
d) consumo de produtos sofisticados – exploração da 
força de trabalho fabril.
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3. (Uerj) 
3a do plural (Engenheiros do Hawaii) 
Corrida pra vender cigarro
Cigarro pra vender remédio
Remédio pra curar a tosse
Tossir, cuspir, jogar pra fora
Corrida pra vender os carros
Pneu, cerveja e gasolina
Cabeça pra usar boné
E professar a fé de quem patrocina
Querem te matar a sede, eles querem te sedar
Eles querem te vender, eles querem te comprar [...]
Corrida contra o relógio
Silicone contra a gravidade
Dedo no gatilho, velocidade
Quem mente antes diz a verdade
Satisfação garantida
Obsolescência programada
Eles ganham a corrida antes mesmo da largada [...]
Extraído de: <http://letras.terra.com.br>.
Os diferentes modelos produtivos de cada momen-
to do sistema capitalista sempre foram o resultado  da 
busca por caminhos para manter o crescimento 
da produção e do consumo. A crítica ao sistema econômi-
co presente na letra da canção está relacionada à seguin-
te estratégia própria do atual modelo produtivo toyotista: 
a) aceleração do ciclo de renovação dos produtos.
b) imposição do tempo de realização das tarefas fabris.
c) restrição do crédito rápido para o consumo de mer-
cadorias.
d) padronização da produção dos bens industriais de 
alta tecnologia.
4. (UPF-RS – Adaptada) Observe na figura os diversos mo-
delos locacionais da indústria siderúrgica e analise as 
afirmativas abaixo.
Modelos locacionais da indœstria siderœrgica
M
A
M
B C
D E F
G H
M
Sucata
I
M
M M M
M
M
M
M
Minério de ferro
Carvão mineral
Usina siderúrgica Movimento das
matérias-primas
Movimento de
produtos
Mercado
FONTE: TERRA; ARAÚJO, 2008. p. 410.
a) Nos modelos locacionais da figura, a usina é atraída 
pelas reservas de ambas as matérias-primas (carvão e 
ferro).
b) Nos modelos locacionais da figura, a usina é atraída 
pelas reservas de ambas as matérias-primas (carvão e 
ferro), pelas reservas de uma dessas matérias-primas 
ou pelo mercado de consumo.
c) No modelo locacional “A”, a localização da usina é típi-
ca das indústrias da Terceira Revolução Industrial.
d) Nos modelos locacionais “G” e “I”, a localização da 
usina não está relacionada à presença de matérias-
-primas, o que acontece com frequência em siderur-
gias implantadas nas últimas décadas.
e) No modelo locacional “A” evidencia a presença de um 
sistema de transportes e comunicação desenvolvido.
5. (Unisc-RS – Adaptada) O processo de industrialização pode 
ser considerado um dos principais propulsores da moder-
nização das sociedades. Sobre isso, é importante ressaltar 
que as dinâmicas industriais passaram por diferentes eta-
pas até se configurarem da maneira como as conhecemos 
atualmente. Acerca dessas etapas, pode-se afirmar que:
a) Primeira Revolução Industrial: foi a primeira etapa do 
processo de industrialização, ocorrida entre meados 
do século XVIII e final do século XIX. O Reino Unido 
era considerado a grande potência industrial e as téc-
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nicas industriais, quando comparadas ao que conhe-
cemos hoje, eram simples. Predominavam questões 
acerca da máquina a vapor, da indústria têxtil e do car-
vão mineral como fonte de energia. As empresas da 
época, em sua maioria, eram de pequeno ou médio 
porte e davam forma ao contexto do keynesianismo.
b) Segunda Revolução Industrial: teve início a partir das últi-
mas décadas do século XIX. Aos poucos, o Reino Unido 
foi cedendo seu lugar de liderança a países como Esta-
dos Unidos, que apresentavam economias mais dinâmi-
cas. Foi uma fase marcada pelas mudanças técnicas e 
tecnológicas relacionadas ao surgimento da eletricidade 
e à utilização do petróleo como fontes de energia. Mui-
tas empresas passaram por processos de expansão en-
quanto o capitalismo monopolista passou a se fortalecer. 
Neste contexto, emergiu o Toyotismo.
c) Terceira Revolução Industrial: também conhecida como 
Revolução Técnico-científico-informacional, iniciou-se 
em meados do século XX. É uma fase marcada pelo 
avanço dos conhecimentos e das tecnologias que envol-
vem as dinâmicas industriais. Destacam-se, nesta fase, a 
informática, a robótica, a biotecnologia, entre outros.
d) TerceiraRevolução Industrial: marcada pela inserção 
de robôs e computadores no processo produtivo, que 
ao automatizarem os processos industriais eliminaram 
o trabalho humano das fábricas.
e) Terceira Revolução Industrial: marcada por uma maior 
autonomia da ciência em relação à técnica, já que a 
primeira torna-se mais independente da produção in-
dustrial. 
6. (UFSJ-MG – Adaptada) Observe a imagem abaixo.
A montadora Ford, de capital norte-americano, anunciou hoje 
(04/01/2012) a produção global de um modelo de utilitário es-
portivo, o EcoSport, projetado por cerca de 1,2 mil engenheiros 
brasileiros e argentinos no centro de desenvolvimento da com-
panhia em Camaçari, na Bahia. O carro, que deverá ser vendido 
em 100 países, será produzido nas fábricas da Ford na Bahia, na 
Tailândia e na Índia.
Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-01-04/modelo-
de-carro-concebido-no-brasil-vira-produto-global>. Acesso em: 27 ago. 2012.
Assinale a alternativa que apresenta características da 
produção industrial atual representada pelo lançamento 
do Novo Ecosport. 
a) Estreita relação entre pesquisa e tecnologia e descon-
centração industrial na produção de produtos globais. 
b) Rígida padronização (estandartização) dos produtos 
com o objetivo de atender o gosto dos clientes. 
c) Produção baseada no modelo just in time, que exige 
grandes almoxarifados no interior das fábricas. 
d) Linha de produção fordista, com eliminação da terceiri-
zação na produção e na incorporação de mão de obra 
pouco qualificada de países em desenvolvimento. 
e) Flexibilidade na produção, com diversos modelos sendo 
elaborados e montados em grandes plantas industriais. 
7. (Uern)
LUCCI, E. A.; BRANCO, A. L.; MENDONÇA, C. Geografia geral 
e do Brasil: Ensino Médio, 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
A ilustração apresentada mostra algumas mudanças tecno-
lógicas que trouxeram repercussões econômicas e sociais 
importantes para o espaço geográfico e para o modo de 
vida em sociedade. A forma e a organização industrial atual 
estão relacionadas a um país e um modelo. 
Assinale a associação correta. 
a) Fordismo – EUA. 
b) Toyotismo – China. 
c) Taylorismo – EUA. 
d) Just in time – Japão. 
e) Pós-fordismo – Brasil.
8. (Vunesp-SP) A velocidade de transmissão da informação foi 
acelerada e transformou as noções de próximo e distante. 
Isso se deve à Revolução Tecnológica ocorrida em todo o 
mundo nas últimas décadas. Essas mudanças influenciaram 
diretamente as estratégias de localização das indústrias.
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Indique e comente dois fatores que atuam na localiza-
ção dos estabelecimentos industriais na nova conjuntura 
econômica. 
Entre os fatores que influenciam a localização das indústrias estão
a infraestrutura (transportes, telecomunicações e informática) e os 
incentivos fiscais (redução ou isenção temporária de impostos). São 
fatores que explicam, inclusive, a descentralização da atividade industrial 
e a instalação de filiais de transnacionais em países subdesenvolvidos. 
9. (UFC-CE) Com relação ao destino dos bens produzidos, 
as indústrias podem ser classificadas como indústrias de 
bens  de produção (ou indústrias de base) e indústrias 
de bens de consumo.
a) Sobre as indústrias de bens de produção, responda 
ao que se pede.
a.1. Nomeie duas das suas principais características.
As indústrias de bens de produção transformam recursos 
naturais em matérias-primas para outras indústrias. Produzem 
bens para o abastecimento direto de outras indústrias ou de 
setores da infraestrutura de um país. São muito importantes 
para o desenvolvimento econômico de um país, pois fornecem 
o alicerce do desenvolvimento industrial. Movimentam grandes 
quantidades de matérias-primas e consomem muita energia. 
a.2. Cite os dois principais grupos.
As indústrias de bens de produção podem ser de dois tipos: 
indústrias de bens intermediários e indústrias de bens de capital
(ou de equipamento). 
a.3. Cite dois exemplos para cada grupo de indústria.
Exemplos de indústrias de bens intermediários: metalúrgica, 
siderúrgica, petroquímica, extrativa mineral, entre outras. 
Exemplos de indústrias de bens de capital: de produção de 
máquinas, motores e equipamentos para os setores de 
transporte, de saneamento básico, de eletrificação, entre outras.
b) Sobre as indústrias de bens de consumo, responda ao 
que se pede.
b.1. Nomeie duas das suas principais características.
As indústrias de bens de consumo produzem direto para o 
mercado consumidor. São indústrias voltadas para o
atendimento das necessidades de consumo da população. 
b.2. Cite os dois principais grupos.
Essas indústrias se dividem em dois grupos: indústrias de
bens de consumo duráveis e indústrias de bens de consumo
não duráveis. 
b.3. Cite dois exemplos para cada grupo de indústria. 
Exemplos de indústrias de bens de consumo duráveis: de 
automóveis, eletrodomésticos, entre outras. Exemplos de 
indústrias de bens de consumo não duráveis: de alimentos, 
tecidos, remédios, vestuário, entre outras. 
10. (Uerj) 
Seis milh›es de combina•›es
A empresa sueca Scania, uma das líderes na venda de ca-
minhões pesados no Brasil, foi buscar inspiração no Lego, o 
brinquedo de montar, para criar um sistema modular de fabri-
cação de veículos.
Juntando as diferentes peças, a Scania pode fazer 6 milhões 
de combinações. Com o objetivo de tornar a operação viável 
do ponto de vista comercial, a montadora reduziu o número 
de alternativas no catálogo, mas manteve a quantidade de op-
ções em cerca de 100 modelos de caminhão.
Revista Veja, 28 maio 2003.
Identifique:
a) o tipo de modelo produtivo relacionado à estratégia 
descrita e uma característica do perfil da mão de obra 
a ele associada;
Sistema de produção toyotista, caracterizado pela alta 
especialização da mão de obra, robotização e fragmentação 
espacial das unidades de produção.
b) duas consequências do sistema adotado pela Scania 
para a organização das suas filiais no mundo. 
Diminuição dos custos operacionais; maior poder de adaptação da 
produção perante mudanças de perfil dos consumidores. 
 
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Concentração de capitais
Além do monopólio e do oligopólio, já estudados, existem ainda muitas outras estratégias de concentração de capitais 
utilizadas pelas empresas. Veja:
Cartel – Oligopólio formado por empresas independentes, que fazem produtos semelhantes, mas possuem acordos para 
dominar o mercado entre elas. Os exemplos mais famosos no século XX foram os cartéis das empresas de petróleo e das 
montadoras de veículos. 
Truste – Empresas formadas pela incorporação de várias empresas para constituir uma única organização. Os trustes 
podem ser horizontais, quando atuam num mesmo ramo de produtos, ou verticais, quando controlam todo o processo 
de produção, da matéria-prima até o produto acabado. O controle de mercado por trustes e cartéis impede a livre con-
corrência, podendo restringir a oferta de produtos, elevar preços e prejudicar a sociedade como um todo. Atualmente, 
monopólios, oligopólios, trustes e cartéis são proibidos na maioria dos países. 
Dumping – Pode ser entendido como qualquer forma de concorrência desleal. A forma mais comum de dumping se dá quando 
uma empresa rebaixa o preço de um produto ou serviço visando eliminar um ou mais concorrentes.
Segundo o artigo 4 da Lei federal 8137/90, constituem práticas de dumping criminalizadas: 
III – discriminar preços de bens ou de prestação de serviços por ajustes ou acordo de grupo econômico, com o 
fim de estabelecer monopólio, ou de eliminar, total ou parcialmente, a concorrência; 
IV – açambarcar, sonegar, destruir ou inutilizar bens de produção ou de consumo, com o fim de estabelecer 
monopólio ou deeliminar, total ou parcialmente, a concorrência; 
V – provocar oscilação de preços em detrimento de empresa concorrente ou vendedor de matéria-prima, mediante 
ajuste ou acordo, ou por outro meio fraudulento; 
VI – vender mercadorias abaixo do preço de custo, com o fim de impedir a concorrência.
Holding – Trata-se de uma empresa que apresenta a função de administrar outras empresas ou participações acionárias de em-
presas. Quando encontramos uma holding com grande diversificações de empresas, ou seja, sendo responsável por empresas 
que atuam em atividades de ramos muito variados, podemos dizer que estamos diante de um conglomerado.
Pool – Associação temporária entre empresas de modo que ambas se beneficiem mutuamente (compartilhamento de tec-
nologia, ganhos com publicidade, baratear custos com fornecedores, entre outras possibilidades). 
ANOTAÇÕES
 
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Módulo
8
OBJETOS DO CONHECIMENTO
• Divisões Internacionais do Trabalho e a industrialização 
tardia de países periféricos
• O modelo de substituição de importações da América Latina
• Plataformas de exportação: os Tigres Asiáticos
HABILIDADES
• H16 - Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na 
organização do trabalho e/ou da vida social. 
• H18 - Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas 
e suas implicações socioespaciais.
• Identificar o conceito de Divisão Internacional do Trabalho e sua evolução ao 
longo do tempo.
• Problematizar os impactos da Divisão Internacional do Trabalho.
• Compreender os diferentes modelos de industrialização.
Industrialização 
tardia
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[...] Naqueles anos 1970 o Brasil produzia mais automóveis do que toda a Ásia, menos o Japão. 
Hoje, todos os asiáticos têm suas próprias marcas, e as exportam para o Brasil, a começar pela Coreia. 
Mas não é só. Os coreanos estão instalando no Brasil suas próprias montadoras! A Hyundai é uma delas. 
O mesmo está ocorrendo com a China, que antes importava o Santana, calhambeque da VW monta-
do aqui. Nos anos 1980, a produtividade média da economia brasileira era igual à coreana. Hoje, a da 
asiática é três vezes maior do que a nossa. Entre os oito líderes do setor automotriz se encontram Brasil 
e México, ambos em franca expansão. Mas são esses países, entre aqueles oito, os únicos que não têm 
marca própria. As maquiladoras mexicanas (as peças fabricadas nos EUA atravessam a fronteira para 
serem montadas pela mão de obra aviltada) importam 75% dos insumos que processam.
Disponível em: <www.cartacapital.com.br/economia/por-que-o-brasil-nao-produz-aco>. Acesso em: 29 abr. 2016.
O fenômeno da industrialização está longe de se apresentar como algo homogêneo. Ao con-
trário, notamos que ela se deu de maneira bastante diferenciada ao longo do mundo, sendo os 
países desenvolvidos os primeiros a largar na corrida industrial, ainda no século XVIII. Somente no 
século XX notamos uma industrialização significativa nos países de periferia do capitalismo, como 
é o caso daqueles da América Latina e os chamados Tigres Asiáticos: Coreia do Sul, Cingapura, 
Hong Kong e Taiwan, pequenos países do Leste da Ásia.
A industrialização nesses dois grupos de economias ganha forte impulso com a aplicação de 
excedentes de capitais dos países mais ricos, sobretudo dos Estados Unidos, durante as décadas 
de 1950 e 1960, uma vez que era evidente o sucesso do Estado keynesiano em terras norte-ame-
ricanas – algo materializado nas elevadas taxas de crescimento econômico e empregabilidade do 
período. Assim, muito se fala que os países de industrialização tardia não se industrializaram, mas 
sim foram industrializados a partir da instalação de indústrias estrangeiras que buscavam menor 
custo de produção e a expansão de seus mercados consumidores. 
Entre as décadas de 1950 e 1970 os países da América Latina e os Tigres Asiáticos passaram por 
uma fase de intensa industrialização e crescimento de suas economias. No entanto, a partir da 
década de 1980, as políticas econômicas adotadas na Ásia diferiam bastante daquelas adotadas 
PARA COMEÇAR
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Em 2012 a sul-
-coreana Hyundai 
inaugurou sua 
primeira fábrica no 
Brasil, localizada 
na cidade de 
Piracicaba (SP), 
com capacidade 
de produzir 
34 carros por hora.
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na América Latina ao longo do percurso industrial, bem como produziram efeitos muito distintos. 
Observe as taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Leste da Ásia (sem 
incluir o Japão) e da América Latina na tabela a seguir. 
Crescimento de longo prazo do PIB per capita (baseado em médias anuais)
1980-1989 1990-1999
Leste da Ásia e o Pacífi co* 5,8 6,3
América Latina e Caribe 20,9 1,5
*Japão não incluso.
FONTE: WORLD Bank. Global Economic Prospects 2005: trade, regionalism and development. Washington: The World Bank, 2005.
Nos anos seguintes, o desenvolvimento desses países ficou ainda mais contrastante, não só em 
aspectos econômicos – como se pode constatar por meio do trecho citado no início da seção 
ou das taxas de crescimento do PIB da na tabela acima –, mas também a partir de indicadores 
que avaliam aspectos sociais da população, como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que 
vai de 0 a 1. Quanto mais perto do 1, maior o índice de desenvolvimento humano do país. 
Crescimento real do PIB
2000 2001 2002 2003 2004
Média mundial 4,6 2,5 3,0 4,0 5,1
Ásia (países em desenvolvimento*) 5,4 3,2 4,7 5,7 5,9
América Latina e Caribe 3,9 0,5 20,1 2,2 5,7
*Com exceção de Índia e China, países que apresentaram crescimento econômico ainda mais acelerado no período.
FONTE: IMF. Word Economic Outlook, 2005. Globalization and External Imbalances. Washington: IMF, 2005.
A tabela abaixo mostra a colocação dos países da América Latina e daqueles que compõem os 
Tigres Asiáticos no ranking de IDH da ONU de 2014.
País Posição mundial IDH
Argentina 40 0,836
Belize 101 0,715
Bolívia 119 0,662
Brasil 75 0,755
Chile 42 0,832
Cingapura 11 0,912
Colômbia 97 0,720
Coreia do Sul 17 0,898
Costa Rica 69 0,766
Cuba 67 0,769
El Salvador 116 0,666
Equador 88 0,732
Guiana Francesa 124 0,636
Guatemala 128 0,627
Haiti 163 0,483
Honduras 131 0,606
Hong Kong 12 0,910
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País Posição mundial IDH
México 74 0,756
Nicarágua 125 0,631
Panamá 60 0,780
Paraguai 112 0,679
Peru 84 0,734
República Dominicana 101 0,715
Taiwan* – –
Uruguai 52 0,793
Venezuela 71 0,762
* Taiwan não é reconhecida pela maioria dos países da ONU como país, mas sim como província da China.
FONTE: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Disponível em: <www.pnud.org.br/atlas/ranking/Ranking-IDH-Global-2014.aspx>. 
Acesso em: 4 maio 2016.
Como podemos ver, uma assimetria surgiu a partir dos anos 1980 entre essas duas regiões do mundo. 
Como é possível explicar o excelente desempenho econômico e social dos Tigres Asiáticos em relação 
aos países da América Latina? Como as políticas econômicas e sociais foram conduzidas em cada região? 
E, ainda, como se deu o papel do Estado em cada um desses casos? Neste módulo investigaremos a 
industrialização tardia da América Latina e dos Tigres Asiáticos para que possamos comparar os dois mo-
delos, entendendo desde já que a industrialização tardia também não foi um fenômeno igual em todo o 
mundo, mas guarda peculiaridades de acordo com a região.
 Industrialização tardia na América Latina
PARA APRENDER
América Latina: a região 
abrange 20 países: 
Argentina, Bolívia, Brasil, 
Chile, Colômbia, Costa Rica, 
Cuba, Equador, El Salvador, 
Guatemala, Haiti, Honduras, 
México, Nicarágua, Panamá, 
Paraguai, Peru, República 
Dominicana, Uruguai 
e Venezuela. 
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Antes de analisarmos o processo histórico de desenvolvimento da América Latina, cabe pontuar algumas 
questões relativas à identidade latino-americana: o que é ser latino-americano, se é que existe uma identidade 
comum à região? Compartilhamos traços culturais, como línguas de origem latina e a presente e predominante 
religiosidade católica, mas o que nos une e nos faz semelhantes está além dessas proximidades culturais. 
A unidade latino-americana foi forjada por meio de um processo histórico comum de dominação, explora-
ção e subdesenvolvimento, somado à presença de elites oligárquicas que mantiveram a concentração de renda 
e de terras ao longo das décadas. Observe no gráfico a seguir algumas características marcantes da população 
da região.
Século XIX
Com as independências ao longo do século XIX, a América Latina passou por significativas mudanças, 
principalmente nas últimas décadas do século. A influência ibérica foi sendo gradativamente substituída pela 
influência inglesa conforme a nova Divisão Internacional do Trabalho (DIT), com base no desenvolvimento no 
capitalismo industrial.
Conhecendo melhor a população da América Latina: além de proximidades culturais, como a grande presença da religião 
católica nos países, o histórico de processos comuns de dominação e subdesenvolvimento ajudaram na criação de uma 
identidade latino-americana. A carência de saneamento básico e a persistência de elevados índices de criminalidade podem ser 
considerados problemas que caracterizam a região.
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Quais transformações históricas foram im-
pulsionadas pela nova DIT? O gradativo e ine-
xorável fim da escravidão e o consequente avan-
ço das relações de assalariamento contribuíram 
para a formação de um mercado consumidor 
que, por sua vez, estimulou o nascimento das 
primeiras indústrias na América Latina.
Curiosa e contraditoriamente, a entrada da 
América Latina na Divisão Internacional do Tra-
balho permitia a modernização técnica e o desenvolvimento de setores industriais, mas o modelo agroexpor-
tador colonial foi mantido e se fortaleceu. A presença dos setores agroexportadores não se limitava ao cená-
rio econômico: no quadro político, o poder das oligarquias estava assegurado por décadas. A associação do 
desenvolvimento técnico/econômico com a manutenção de estruturas de poder oligárquicas no século XIX 
marcou a América Latina para sempre. 
Início do século XX (até os anos 1930)
Embora pequenos sinais de industrialização já fossem vistos desde o século XIX, sobretudo no final do 
século, a América Latina manteve até os anos 1930 seu papel de primário-exportadora e vivenciou a espe-
cialização de áreas produtoras, seja o Brasil com o café, Cuba com a cana e o tabaco, os países da América 
Central com a banana, seja o Chile com o cobre ou a Bolívia com o estanho. 
Houve também, ainda no século XIX, o surgimento de uma indústria de bens de consumo não duráveis 
fortemente dependente de tecnologia. Alguns países latinos, como Brasil, México e Argentina, entre outros, 
viveram um crescimento econômico com o desenvolvimento de indústrias de bens de consumo não duráveis 
para abastecer o nascente mercado consumidor interno, ou mesmo indústrias de beneficiamento de alimen-
tos para exportação. Esse crescimento foi estimulado pela Primeira Guerra Mundial e ganhou maior impulso 
após a crise de 1929.
As crises internacionais (a Primeira Guerra Mundial e a crise de 1929) causaram retração nas exportações 
dos Estados Unidos e da Europa. Assim, a concorrência estrangeira foi drasticamente vencida, o que abriu 
espaço para as indústrias nacionais de bens de consumo (alimentícias, têxtil, calçados, móveis, bebidas, etc.). 
No plano geopolítico, ao longo do século XX, a América Latina assistiu ao avanço norte-americano. 
O que se viu foi a construção da hegemonia dos Estados Unidos sobre a América Latina desde o início do 
século XIX, como ficava claro a partir da Doutrina Monroe.
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CUBA
1898
HAITI
1804
MÉXICO
1821
REPÚBLICA
DOMINICANA
1844
VENEZUELA
1819
COLÔMBIA
1819
EQUADOR
1822
PERU
1821
BOLÍVIA
1825
PARAGUAI
1811
BRASIL
1822
ARGENTINA
1816
URUGUAI
1828
GUIANA 1966
Guiana Francesa (FRA)
SURINAME 1975
BELIZE 1981
HONDURAS 1838
NICARÁGUA 1838
GUATEMALA
1838
EL SALVADOR
1838
COSTA RICA
1838 PANAMÁ
1903
CHILE
1818
OCEANO
PACÍFICO 
OCEANO
ATLÂNTICO
Equador
Trópico
 de Cap
ricórnio
Trópico de
 Câncer
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Os pa’ses independentes na AmŽrica
América Latina em transformação: no mapa, 
é possível ver a data da independência dos 
países da região. O Haiti foi pioneiro no 
processo de emancipação, libertando-se da 
metrópole francesa ainda em 1804.
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A intenção dessa e de outras políticas que vieram ao longo do século XX era claramente garantir o mer-
cado latino para a expansão das empresas dos Estados Unidos. Com a evolução dessas ações e com a con-
cordância de alguns setores políticos latinos, muitas atividades econômicas passam a ser controladas pelo 
capital estadunidense.
UM OUTRO OLHAR
Na virada do século XIX para o XX, os Estados Unidos passam a ser os maiores investidores na América 
Latina e em pouco tempo superaram o investimento europeu no continente. De 1897 a 1930, o total de ca-
pital norte-americano investido diretamente na América Latina aumentou 17 vezes. Nos anos 1930, mais de 
30% dos investimentos externos feitos na América Latina tinham como origem os EUA. 
O capital estadunidense foi gradativamente dominando diversos setores das economias latinas, para 
então criar monopólios. Essas grandes empresas dos EUA comandavam não somente o cenário econômico, 
mas também o político: governos eram apoiados, eleitos e derrubados com a participação direta ou indireta 
das empresas e até mesmo dos órgãos de governo dos EUA. Como exemplos, temos empresas como a 
Standart Oil, que dominava o setor petrolífero no México e na Venezuela, e a United Fruit, que controlava o 
espaço agrícola de vários países da América Central.
A tentativa de um desenvolvimento próprio
Entre as décadas de 1930 e 1950, diversos países latino-americanos vivenciaram o advento de gover-
nos populistas. O Brasil de Vargas e a Argentina de Perón são exemplos dessa tendência, cujos governos 
buscavam um desenvolvimento nacional próprio, menos dependente, priorizando o capital nacional e o 
mercado interno.
Os líderes que governavam a América Latina nesse período se utilizavam do seu forte carisma e respaldo 
popular, em parte conquistados pelo discurso nacionalista e pelo avanço das leis trabalhistas. Eles buscavam 
governar próximos do povo, demonstrando preocupação com as necessidades das massas e, com isso, dife-
renciando-se dos governos oligárquicos que dominavam anteriormente.
COMPREENDENDO MELHOR
Doutrina Monroe
Expressa pela primeira vez 1823 e subsequentemente 
repetida e elaborada pelos governos dos EUA, a doutrina 
manifestava hostilidade a qualquer outra colonização ou in-
tervenção política de potências europeias no hemisfério oci-
dental. Mais tarde, isso passou a significar que os EUA eram a 
única potência com o direito de interferir em qualquer ponto 
do hemisfério. À medida que os EUA foram se tornando mais 
poderosos, a Doutrina Monroe foi sendo encarada com mais 
seriedade pelos Estados europeus.
HOBSBAWM, Eric J. A Era dos ImpŽrios Ð 1875-1914. 
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. Adaptado.
Expressa pela primeira vez 1823 e subsequentemente 
repetida e elaborada pelos governos dos EUA, a doutrina 
manifestavahostilidade a qualquer outra colonização ou in-
tervenção política de potências europeias no hemisfério oci-
dental. Mais tarde, isso passou a significar que os EUA eram a 
única potência com o direito de interferir em qualquer ponto 
do hemisfério. À medida que os EUA foram se tornando mais 
poderosos, a Doutrina Monroe foi sendo encarada com mais 
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COMPREENDENDO MELHOR
Contradi•›es do populismo
Por um lado, concederam direitos sociais e trabalhistas para amenizar problemas como analfabetismo, 
desemprego, fome, baixa remuneração e condições precárias de trabalho. Por outro lado, seguiram com 
práticas repressivas. Entre as práticas repressivas podem ser destacadas a proibição de sindicatos oposi-
tores, a perseguição (censura, prisão, etc.) a membros desses sindicatos e a subordinação do movimento 
operário a centrais sindicais controladas pelos governos.
DA SILVA, Paulo Renato. O populismo na AmŽrica Latina. Disponível em: 
<http://anphlac.fflch.usp.br/populismo-america-apresentacao>. Acesso em: 3 maio 2016. Adaptado.
Para esses governos era fundamental desenvolver formas de comunicação e de controle da informação. 
Os meios de comunicação funcionavam como instrumentos de divulgação e de propaganda do Estado, re-
forçando sempre a imagem do líder e as conquistas econômicas e políticas alcançadas no período com um 
constante discurso nacionalista.
A partir dos anos 1930, as economias latinas viveram forte crescimento econômico, acompanhado do 
desenvolvimento de setores urbanos industriais e, consequentemente, da expansão das cidades. Esses go-
vernos representavam o avanço dos interesses políticos e do poder de segmentos urbanos em detrimento 
das elites rurais e oligárquicas que até então comandavam a política.
Em cada país o populismo apresentou características próprias; no entanto, as semelhanças entre 
os discursos e as práticas foram maiores que as diferenças. O que caracterizava esses governos como 
populistas?
• Defesa da diminuição da dependência internacional, lançando a base para o desenvolvimento industrial.
• Criação de empresas nacionais em setores estratégicos da economia, como no caso da nacionalização 
do petróleo (no México, no Brasil, na Argentina, no Equador, na Bolívia e na Venezuela).
• Investimento em infraestrutura e na indústria de base.
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Pemex: Empresa estatal mexicana do setor de petróleo. Criada em 1938 pelo carismático general-presidente Lázaro Cárdenas, 
a Pemex exerceu um monopólio na exploração do hidrocarboneto que durou 76 anos. Na foto, posto em San Luis Potosí, no 
México, em 2016.
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No plano econômico temos o nascimento do modelo de substituição de importações, em que o Estado 
assume o papel de grande promotor do desenvolvimento industrial.
Esse modelo de desenvolvimento baseado no capital nacional entrou em choque com os interesses ex-
ternos, o que explica o apoio dos Estados Unidos aos governos que substituíram os populistas na América 
Latina. Assim, assistimos nas décadas posteriores ao desmonte desse modelo baseado no capital nacional 
e a priorização de uma política econômica mais vinculada aos capitais externos.
• Figura do líder carismático aceito pelas 
massas.
• Avanço das leis trabalhistas que favore-
ceram as novas classes sociais urbanas. 
Vale ressaltar que, se por um lado esse 
conjunto de leis concedia vantagens aos 
trabalhadores, por outro evitava ruptu-
ras ou mudanças mais radicais e ou re-
volucionárias.
• Autoritarismo.
• Políticas assistencialistas.
• Controle dos meios de comunicação 
(propaganda e censura).
Perón discursa na Casa Rosada, em Buenos Aires, 
na Argentina, em 1950.
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Participantes do desfile em comemoração ao Primeiro de Maio carregam cartaz com foto de Getúlio Vargas no Rio de Janeiro (RJ), 
em 1942.
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Da euforia à recessão
Dos anos 1950 até a década de 1970, os países da América Latina experimentaram o chamado nacional-
-pragmatismo, que buscava um desenvolvimento bastante acelerado da economia. O governo brasileiro de 
Juscelino Kubitscheck (1956-1961) é o grande exemplo desta tendência na América Latina. Neste momento, 
assistimos no Brasil, na Argentina e em outros países a entrada do capital internacional, ou seja, a internacio-
nalização da economia latino-americana. As multinacionais que foram introduzidas neste período acabaram 
dominando os mercados latinos, seja através de práticas desleais de concorrência seja pela qualidade de 
seus produtos. Nas décadas seguintes, as ditaduras latino-americanas deram prosseguimento a essa orien-
tação desenvolvimentista.
Na década de 1980, a América Latina sofria com a forte crise econômica, mas a democracia voltava grada-
tivamente à política latina com as redemocratizações. Os países latino-americanos viveram nos anos 1980 um 
forte período de recessão fruto do endividamento externo contraído nos anos 1960 e 1970 a fim de garantir 
o desenvolvimento acelerado da indústria. Vale lembrar que, com a crise do petróleo da década de 1970, as 
taxas de juros se elevaram e as dívidas desses países se transformaram em números exorbitantes. Nos anos 
1980, o Estado, que era o grande motor do processo de crescimento industrial, quebrou, já que o orçamento 
dos países estava comprometido com o pagamento da dívida externa. Os investimentos em infraestrutura 
foram abandonados, o desemprego cresceu e o desenvolvimento econômico estagnou.
Neoliberalismo e Onda Rosa
A década de 1990 foi marcada pela adoção de práticas neoliberais que exigiam a abertura de mercados 
de forma ainda mais arrojada e generosa que as já inventadas. Em 1989, sob comando do G7, grupo forma-
do por França, Alemanha Itália, Canadá, Estados Unidos, Inglaterra e Japão (a Rússia viria a se juntar a eles 
no final da década de 1990, formando o G8), o 
Consenso de Washington determinou novos 
pré-requisitos para que os países obtivessem 
COMPREENDENDO MELHOR
O modelo de substitui•‹o de importa•›es
O modelo de substituição de importações é um modelo de industrialização tardia que caracteriza os 
países latino-americanos, entre 1930 e 1960, aproximadamente. É um modelo que se origina do estran-
gulamento externo caracterizado pela redução persistente do coeficiente de importações. Toda a estrutura 
da economia e da sociedade se modifica, à medida que a indústria se instala, que a sociedade se urbaniza, 
que a participação relativa da indústria na renda e no emprego aumenta.
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. Estado e subdesenvolvimento industrializado. São Paulo, Brasiliense, 1977. Adaptado.
Presidentes neoliberais Alberto Lacalle, do Uruguai, 
Fernando Collor de Mello, do Brasil, Andreas Rodriguez, 
do Paraguai, e Carlos Menem, da Argentina, se encontram 
em Brasília em 1991.
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UM OUTRO OLHAR
Um clube de ricos altamente contestado
Em novembro de 1975, o presidente francês Valéry Giscard d’Estaing convidou os chefes de Estado 
dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Japão; a Itália, e depois o Canadá, se juntariam a eles em 
1976 (formando o G7) [...]. Em 2000, os países do G8 representavam 12% da população, 45% da produ-
ção e 60% das despesas militares mundiais. Em 1997, a chegada da Rússia, sem suprimir o G7, inaugurou 
o G8. [...]
O G8 desempenha um papel ativo na imposição de um credo e na direção da fase neoliberal da 
globalização.A doutrina que orienta as políticas baseia-se no tríptico: estabilização, liberalização, 
privatizações. Para responder às críticas que aumentavam, o dogma foi formalizado em 1990 pelo econo-
mista John Williamson, com a denominação de “consenso de Washington”. Baseia-se em sete princípios: 
disciplina fiscal (equilíbrio orçamentário e baixa dos recolhimentos fiscais); liberalização financeira 
(taxas fixadas unicamente pelo mercado de capitais); liberalização comercial (suspensão de barreiras 
alfandegárias); abertura total das economias ao investimento direto; privatização da totalidade 
das empresas; desregulamentação (eliminação de todos os obstáculos à concorrência); proteção to-
tal dos direitos de propriedade intelectual das multinacionais.
Para impor essas políticas, o G8 conta com o apoio das instituições financeiras internacionais – o 
Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial –, nas quais dispõe da maioria do capital. Constrói 
com firmeza o quadro institucional da globalização neoliberal, cujo elemento determinante é a Organiza-
ção Mundial do Comércio (OMC).
MASSIAH, Gustave. Um clube de ricos altamente contestado. Disponível em: 
<http://diplo.org.br/imprima643>. Acesso em: 3 maio 2016. Adaptado.
É importante ressaltar que, ao mesmo tempo que existia pressão externa para adoção das práticas mais 
liberais na economia (FMI), a pressão interna e a aceitação popular do pensamento liberal avançavam. A crise 
vivida pelos Estados latino-americanos na década de 1980 contribuiu para reforçar a ideia de que o Estado 
era ineficiente e incapaz de gerir a economia e, portanto, de garantir o bem-estar da sociedade. Diante dessa 
realidade, políticos e partidos com discursos liberais chegaram ao poder favorecidos pela crise do Estado e 
pela consequente descrença quanto à própria importância do Estado na economia.
A eficácia neoliberal foi construída a partir de três bases:
1) A crise econômica que os Estados, principalmente os latinos, viviam nos anos 1980 (chamados de “dé-
cada perdida”);
2) A crítica crescente ao Estado keynesiano, cada vez mais considerado muito caro em função da sua 
carga tributária;
3) A falência do socialismo no Leste Europeu e da crise da URSS (1989-1991). Com os regimes de esquer-
da falidos, a vitória do capitalismo neoliberal pareceu sorrir para o mundo, enquanto qualquer alternativa 
ideológica era taxada de ultrapassada e retrógrada.
empréstimos junto ao Fundo Monetário Internacional e ao Ban-
co Mundial. Países como Brasil, México e Argentina seguiram o 
novo modelo de maneira quase escolar, enquanto outros países 
do continente tentavam se adaptar às novas diretrizes do FMI.
Líderes da Onda Rosa: Nestor Kirchner, da Argentina; Evo Morales, da 
Bolívia; Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil; e Hugo Chávez, da Venezuela, 
após reunião na Argentina em 2006. ED
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COMPREENDENDO MELHOR
Anos 1980: uma década que nasceu perdida
A década de 1980 na América Latina foi marcada por eventos de grande intensidade na vida po-
lítica e econômica. Gradativamente, assistimos ao fim das ditaduras e ao retorno à democracia. Em 
países vitimados por ditaduras militares e tiranias pessoais, o direito à livre expressão, à mobilização 
social, à participação e à representação políticas foi um avanço indiscutível. Condição básica para 
novos tempos, a organização e defesa de Estados representativos, assim como a governabilidade 
garantida pelo respeito às instituições, foram estabelecidas de forma pacífica e legítima. 
No entanto, no campo econômico, para a América Latina a década de 1980 foi, quase sem exce-
ção, catastrófica. Cada país apresenta características que lhes são próprias, mas é possível traçar um 
conjunto de fatores e consequências comuns para essas economias. As décadas anteriores (1950 e 
1960) haviam sido marcadas pelo forte endividamento dos Estados latinos, por conta de empréstimos 
muitas vezes usados para garantir crescimento econômico acelerado. Nos anos 1980, no entanto, a 
conta chegou. Os países credores também passavam por dificuldades e, com isso, ficou cada vez 
mais difícil conseguir novos empréstimos, além de a taxa de juros dos empréstimos já contraídos 
ter aumentado significativamente. A América Latina viveu uma verdadeira crise da dívida, o que se 
refletiu no congelamento quase completo do crescimento econômico dos países da região por mais 
de dez anos.
Ao final da década de 1990 e início do novo século, as sociedades latino-americanas reagiram: os baixos 
investimentos em setores sociais nos últimos anos haviam evidenciado as deficiências e limitações do Estado 
diante das exigências do modelo neoliberal. O papel que os órgãos de representação político-institucional 
passaram a desempenhar estava bem longe dos anseios populares. Em alguns casos, como o da Argentina, 
a obediência cega às ordens do mercado levou a uma das piores crises financeiras sul-americanas, com des-
gaste da moeda, inoperância dos setores produtivos e crise social. 
Nos primeiros anos do século XXI, alternativas ao neoliberalismo se apresentaram esperançosas na Amé-
rica Latina. A região teve chefes de Estado escolhidos em eleições livres e diretas e que haviam participado 
de movimentos sociais e políticos identificados de alguma maneira com demandas populares. É o caso de 
Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador) e Hugo Chávez (Venezuela), ligados aos extratos mais baixos 
da sociedade e às tradições indígenas de seus países; ou Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (Brasil), 
Michelle Bachelet (Chile), Tabaré Vasquez (Uruguai) e Fernando Lugo (Paraguai), que lutaram contra os regi-
mes militares nas décadas de 1970 e 1980. 
A “nova esquerda” latino-americana, chamada de Onda Rosa (ou Maré Rosa), recuperou antigos bordões 
revolucionários, associando-os à necessidade de manutenção do Estado democrático e da inserção na eco-
nomia de mercado. Apesar das especificidades regionais, os representantes dessa “nova esquerda” têm em 
comum o desejo de superação da herança histórica de subordinação e de desigualdades, buscando também 
ultrapassar o atraso social e das estruturas produtivas e logísticas locais. 
Tem havido, ainda, esforço maior de aproximação diplomática entre os Estados latino-americanos. A 
frequência de reuniões de cúpula entre suas lideranças e diversos acordos e parcerias políticas, comerciais e 
mesmo militares vem renovando o panorama da área. Graças à nova tendência de cooperação internacional 
e à manutenção dos regimes democráticos, os países da região têm alterado a percepção das nações euro-
peias e dos EUA acerca de suas realidades. 
Muito ainda é preciso ser feito. A conquista e a sustentação da democracia foram apenas um primeiro grande 
passo na história da América Latina. A superação das deficiências econômicas, a solução dos inúmeros problemas 
sociais, o desenvolvimento amazônico – de interesse comum a diversos países da América do Sul –, a promoção 
de uma infraestrutura moderna, eficiente e integrada, além da contínua redução da pobreza da região, certamen-
te serão desafios para esses países nos próximos anos.
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 Industrialização tardia dos Tigres Asiáticos
O surgimento e a rápida expansão de um espaço industrial dinâmico em pequenos países do leste e 
sudeste da Ásia a partir dos anos 1970 tiveram relação direta com o aumento de investimentos japoneses, 
norte-americanos e europeus. 
Não se pode compreender a modernização dos Novos Países Industrializados (NPI) fora do contexto da revo-
lução técnico-científica e da globalização. Enquanto as empresas instaladas nos Estados Unidos, Japão e Europa 
Ocidental dirigiam seus investimentos para setores de tecnologia mais sofisticada, alguns países asiáticos forne-
ciam componentesindustriais de tecnologia média para as economias desenvolvidas. 
A prosperidade econômica – sobretudo industrial – de Taiwan, Coreia do Sul, Cingapura e Hong Kong traz à 
tona a polêmica entre os que defendem o modelo de crescimento com base em capitais externos e os que criti-
cam o modelo devido à dependência econômica gerada.
Até os anos 1950, essas áreas em nada diferiam de outros países periféricos: a população era pouco numerosa 
e predominantemente rural, na sua maioria analfabeta, em um território reduzido sem grandes reservas de recur-
sos minerais ou combustíveis fósseis. 
A partir dos anos 1960, o processo de industrialização teve início nesses países, fundamentado na entrada de 
capitais e tecnologia estrangeiros. Empresas transnacionais estimularam a industrialização regional, visando pro-
duzir componentes industriais para o mercado externo aproveitando os baixíssimos custos produtivos na região. 
Esse modelo industrial foi denominado de plataformas de exportação e deu origem aos Novos Países Industria-
lizados (NPI) ou Tigres Asiáticos.
A pobreza na América Latina
Nas últimas décadas, a pobreza na região 
diminuiu de forma gradual, mas constante. 
Durante a crise de 2008-2009, essa tendência 
se manteve. No entanto, a partir de 2011 foi 
possível notar uma diminuição do ritmo de 
combate à pobreza.
Evolução da população pobre e indigente (1990-2013)
48,4
1990 1999 2002 2008 2011 2012 2013
Pobres não
indigentes
22,6 18,6 19,3
12,9 11,6 11,3 11,5
43,8 43,9
33,5
29,6 28,2 27,9
Indigentes
Início da crise
financeira
mundial
A partir de 2008 o
combate à pobreza se
tornou mais difícil, tendo
em vista a desaceleração
da economia e o aumento
dos preços de alimentos.
FONTE: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
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37,1 14,2
MÉXICO
45,3 13,5
EL SALVADOR
32,9 10,4
COLÔMBIA
23,9 9,7
VENEZUELA
18,6 5,4
BRASIL
5,9 1,1
URUGUAI
17,8 7,3
COSTA RICA
32,2 12,9
EQUADOR
25,8 6,0
PERU
4,3 1,7
ARGENTINA
41,2 20,9
REPÚBLICA
DOMINICANA
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1270
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Pobres não indigentes
Indigentes
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Em três décadas, esses países se tornaram fortemente industrializa-
dos e urbanizados, com importantes empresas locais que se projetam a 
nível internacional com grande competitividade. 
Os fatores que estimularam sua rápida expansão econômica foram:
• localização estratégica devido aos interesses geopolíticos dos EUA 
em estimular o desenvolvimento com base no modelo capitalista, 
diante do risco de expansão do socialismo sino-soviético; 
• entrada de capitais, tecnologias e empresas estrangeiras interessadas 
em aproveitar as vantagens locacionais na área;
• atrativos governamentais (isenções fiscais, legislação ambiental permis-
siva, subsídios, controle e/ou repressão de movimentos trabalhistas);
• implantação de modernas redes de infraestrutura logística (energia, 
transportes e comunicações) graças ao modelo de “Estado interven-
tor e desenvolvimentista”;
• força de trabalho disciplinada e barata, não sindicalizada; a progres-
siva qualificação profissional garantiu a habilidade em incorporar 
novos paradigmas tecnológicos e informacionais, típicos da Terceira 
Revolução Industrial;
• grandes superávits comerciais devido à economia voltada para ex-
portações, à limitação do mercado interno e à desvalorização das 
moedas locais;
• fortes subsídios estatais à população, com imensos investimentos 
em habitação popular, transportes coletivos, saúde pública e educa-
ção de excelência.
Trópico de Câncer
Á S I A
CINGAPURA
Hong Kong
TAIWAN
COREIA DO SUL
Equador
OCEANO
ÍNDICO
OCEANO
PACÍFICO
N
780
km
0
Primeira geração dos Tigres Asiáticos
Embora o rápido desenvolvimento urbano-industrial tenha como 
sustentação o capital estrangeiro, a presença de regimes políticos 
opressores e a imensa exploração dos trabalhadores, o crescimento 
econômico também esteve associado à melhoria das condições de vida 
da população. 
A superação de diversos aspectos do “subdesenvolvimento” e a sen-
sível melhoria das condições econômicas e sociais nas últimas décadas 
estão relacionadas ao alto padrão de eficiência dos setores de educação 
e saúde públicas, habitação popular e transportes coletivos. O aumento 
da expectativa de vida e do nível de escolaridade elevaram o IDH desses 
países, apesar de os salários terem tido uma elevação pequena.
A transferência de novas fábricas para países como Tailândia, Malá-
sia e Indonésia iniciou um novo ciclo de investimentos industriais que se 
aceleraria no fim da década de 1980, gerando os Novos Tigres Asiáticos. 
Os Novos Países Industrializados (NPI) asiáticos estão longe de 
formar um grupo homogêneo. Apesar de terem muitos pontos em co-
mum, principalmente quanto ao processo de industrialização, há gran-
des diferenças entre eles.
A cidade-Estado de Cingapura e o enclave chinês de Hong Kong 
têm poucos milhões de habitantes e alto nível de renda. Já a Indonésia, 
com quase 240 milhões de habitantes, é a quarta potência demográfica 
do mundo e grande exportadora de petróleo, mas amarga graves pro-
blemas socioeconômicos.
M A L Á S I A
TAILÂNDIA
I N D O N É S I A
Trópico de Câncer
Á S I A
Equador
OCEANO
ÍNDICO
OCEANO
PACÍFICO
N
820
km
0
Novos Tigres Asiáticos
Nos mapas, a primeira geração dos Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Cingapura, 
Hong Kong e Taiwan) está mostrada em laranja, enquanto os Novos Tigres Asiáticos 
(Tailândia, Malásia e Indonésia) estão mostrados em verde. FO
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Do ponto de vista dos setores econômicos, a diversidade é também a regra. Hong Kong e Cingapura têm um 
forte setor financeiro (ou seja, bancos centralizados) e enorme importância comercial e portuária. Coreia do Sul 
e Taiwan consolidaram capacidades tecnológicas nacionais. Malásia e Tailândia, apesar de dinâmicos, ainda não 
dominam todos os setores de alta tecnologia. Indonésia e Filipinas ainda estão distantes da maturidade industrial. 
Os níveis de renda distinguem nitidamente os NPI. Cingapura, Hong Kong e Taiwan apresentam PIB per 
capita similar ao de diversos países desenvolvidos, enquanto Indonésia e Filipinas ainda apresentam baixos 
níveis de desenvolvimento humano.
Características específicas dos NPI 
Cingapura
O menor dos Tigres Asiáticos se destaca pela eficiente política econômica que desde a independência (1965) 
vem resultando em expressiva expansão econômica e forte melhoria do padrão de vida médio da população. 
Desde sua industrialização, a cidade-Estado foi garantindo lenta elevação nos níveis salariais, melhorando pro-
gressivamente as condições materiais dos trabalhadores.
Hotel e cassino Marina Bay Sands, em Cingapura. A arquitetura e a engenharia sofisticadas do prédio refletem a atmosfera de 
modernidade de desenvolvimento econômico que a cidade-Estado recebeu nas últimas décadas. Foto de 2016.
COMPREENDENDO MELHOR
Cingapura é uma cidade-Estado, ou seja, é um país composto de apenas uma cidade, uma sede adminis-
trativa, que se autogoverna sem nenhuma instância admisnistrativa superior. Não é o único caso no mundo: o 
Vaticano, sede da Igreja Católica Romana, também é uma cidade-Estado e está localizado em um enclave na 
cidade de Roma, capital da Itália. Mônaco, igualmente localizada na Europa, é uma cidade-Estado governada por 
uma monarquia constitucional, e ainda está bastante ligada à França, que havia anexado o território na Revolução 
Francesa e perdido sua soberaniaem 1815, com o Congresso de Viena.
Cingapura, por sua vez, declarou sua independência do Reino Unido em 1963 e ingressou na República da 
Malásia, mas em 1965 se separou da Malásia, passando a se proclamar autônoma e adotando um sistema de 
democracia parlamentarista, em que o governo é exercido por um primeiro-ministro e por um presidente.
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O governo de Cingapura oferece todas as facilidades fiscais, jurídicas e logísticas para empresas instalarem 
fábricas no país, considerando positivo o efeito multiplicador no parque fabril e do capital investido no país. 
A ajuda financeira recebida dos EUA e os empréstimos contraídos em bancos no exterior (com juros baixos) 
também contribuíram para a arrancada da industrialização. 
A diversidade industrial inclui os setores de construção civil, indústria petroquímica, estaleiros navais, 
eletrônica, satélites, telecomunicações, semicondutores, farmacêutica, têxtil, etc.
Os altos investimentos em educação garantiram que, em uma geração, o nível de qualificação profissional 
da população se elevasse muito, facilitando a absorção dos avanços tecnológicos das empresas estrangeiras.
O país possui imensas regiões portuárias extremamente modernas e conta com poderosa frota naval 
mercantil, constituindo importante entreposto comercial, por estar situado numa importante rota da navega-
ção internacional entre os oceanos Índico e Pacífico. O setor financeiro também se destaca regionalmente.
Com apenas 641 km², o país importa todos os insumos primários de que precisa. A água vem da Malásia; 
os laticínios, da Austrália. O petróleo é importado da Indonésia, os alimentos são importados da Tailândia e 
do Vietnã. Suas exportações industriais de alto valor agregado e a exportação de serviços e de tecnologia 
mantêm a balança comercial superavitária. 
Um aspecto notável em Cingapura é a coexistência cultural respeitosa de grupos de diferentes composi-
ções étnicas, religiosas e linguísticas (chineses, hindus, sihks, malaios, islâmicos e descendentes de ingleses) 
em um país tão pequeno.
Entretanto, a intolerância do governo pode levar à cadeia ou ao pagamento de pesadas multas quem 
sujar as ruas, vender chicletes ou fumar em lugares públicos. Em Cingapura, ainda existem punições como 
pena de morte para traficantes e consumidores de drogas e chicotadas em público para pichadores. 
No entanto, talvez o fator que mais impressione em Cingapura seja o alto nível de vida da população. Os 
modernos conjuntos arquitetônicos e a qualidade e a eficiência dos equipamentos urbanos e dos serviços 
públicos se compara aos japoneses. O ótimo padrão do ensino público e das habitações populares, garanti-
das a todos, é algo grandioso.
Porto de Cingapura, um dos maiores do mundo: através das trocas comerciais, esse porto se conecta a mais de 600 outros portos, espalhados em mais de 
cem países. Foto de 2014.
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A Coreia sofreu entre 1950 e 1953 uma guerra representativa das disputas geopolíticas da Guerra Fria. 
Além de perdas humanas e materiais, o país foi dividido na altura do paralelo 38° N, dando origem a dois 
países. A parte Norte se tornou comunista com apoio sino-soviético. O Sul, capitalista, passou à influência 
norte-americana, tendo recebido grande ajuda financeira para se desenvolver.
A Coreia do Sul, quatro décadas atrás, era essencialmente um país rural com uma economia pouco 
diversificada. Dentro do contexto de apoio internacional econômico do modelo das plataformas de 
exportação, a Coreia do Sul passou a exportar sapatos e aço. Em seguida, navios, eletrônicos e auto-
móveis. Nos anos 1990, já exportava produtos de alta tecnologia, como monitores digitais, celulares e 
semicondutores. A Coreia do Sul tem hoje a maior diversidade industrial entre os NPI e as empresas 
nacionais de maior porte.
Em oposição à teoria neoliberal, que defende a ação mínima do Estado na economia, a prosperidade 
sul-coreana foi construída em um regime político rígido e controlado. 
O enorme desenvolvimento do país deveu-se, em parte, à forte aliança das empresas com o governo. 
Essa associação privilegiou, no início, investimentos em obras de infraestrutura e em indústria pesada volta-
da para exportação. Progressivamente, os setores industriais se diversificaram, sempre buscando alto nível 
técnico e excelência em qualidade. 
Os altos investimentos sociais elevaram os níveis de qualificação acadêmica e profissional. As redes logís-
ticas são extremamente modernas e eficientes, o que é bom tanto para a população como para as empresas. 
O desenvolvimento econômico sul-coreano reforça a ideia de que o Estado forte pode ter um papel po-
sitivo no crescimento econômico e na melhoria das condições sociais. 
O país possui grandes conglomerados 
industriais denominados chaebols. Os qua-
tro maiores – Daewoo, Hyundai, Samsung e 
LG (antiga Lucky-GoldStar) – são responsá-
veis por mais de 45% da produção do país, 
constando entre as maiores empresas mun-
diais líderes em inovações tecnológicas.
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Seul, na 
Coreia do Sul. 
Foto de 2015.
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Os esforços dos sul-coreanos em elevar salários são grandes, especialmente no setor industrial. A alta 
oferta de mão de obra (qualificada e barata), a crescente automação produtiva e a evasão de empresas para 
países com custos de produção ainda mais baixos dificultam a melhoria das condições trabalhistas. Como 
outros países de alto nível tecnológico, a Coreia do Sul vê na expansão do setor terciário uma alternativa para 
diversificar o mercado de trabalho e melhorar o nível salarial. 
A crise no mercado cambial e financeiro asiático de 1997 dificultou os negócios de algumas empresas. Houve 
casos de falências e fusões, sendo o exemplo mais famoso o da incorporação da Kia Motors pela Hyundai em 1998.
COMPREENDENDO MELHOR
A crise cambial e financeira asi‡tica
O evento que se tornou o gatilho da crise foi o anúncio, em 2 de julho de 1997, de que o baht, moe-
da tailandesa, passaria a flutuar, ao que se seguiu sua desvalorização imediata em 15%. Problemas em 
instituições financeiras domésticas já haviam iniciado uma crise de confiança. Em menos dois meses, 
Filipinas, Malásia e Indonésia desistiram da defesa de suas moedas, também sofrendo depreciações 
substantivas. A despeito da aprovação de pacotes emergenciais de empréstimos pelo FMI à Tailândia, em 
agosto, e posteriormente à Indonésia e à Coreia, a crise continuou se aprofundando. A Coreia do Sul foi 
o último estágio da crise em 1997, com uma queda de 25% em sua moeda durante o mês de novembro, a 
qual abriu nova onda de desvalorizações em massa [...]. 
Todas as economias emergentes da região, incluindo aquelas que contornaram a crise cambial, en-
frentaram quedas pronunciadas em suas bolsas de valores. Ao final de 1997, nos cinco países em crise, os 
preços das ações haviam caído, no mínimo, à metade dos patamares iniciais.
CANUTO. Otaviano. Revista Econ™mica, n. 4, p. 25-60, dez. 2000. Disponível em: 
<www.uff.br/revistaeconomica/v2n2/3-octaviano.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2016.
A Coreia do Norte, socialista, permanece governada pelo partido único e é um dos países mais fechados 
do mundo. O país priorizou a indústria de base e hoje desenvolve o projeto de construção de mísseis nuclea-
res, desafiando a ONU e as potências regionais (Japão, China e Rússia). O atraso econômico e tecnológico 
dos setores da economia civilmantém baixo o IDH da Coreia do Norte.
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Com mais de 90% 
da população 
conectada à 
internet, a Coreia 
do Sul possui a 
maior velocidade 
média de conexão 
do mundo.
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Taiwan
A ilha de Taiwan (Formosa) já fez parte da China. De-
clarou sua independência em 1949, passando a se inti-
tular República da China Nacionalista. Isso ocorreu após 
a fuga de chineses e de líderes do Partido Nacionalista 
(Kuomintang) na retaguarda da revolução conduzida por 
Mao Tse-Tung. Os refugiados preservaram em Taiwan o 
sistema político chinês anterior à revolução comunista, 
o que foi feito sob a redoma de proteção militar e apoio eco-
nômico dos EUA.
A história de Taiwan é marcada pela duplicidade da polí-
tica norte-americana e pelas tensões com a China. Sessenta 
anos depois de sua criação, Taiwan ainda não teve a inde-
pendência reconhecida pelo governo chinês, que considera 
a ilha uma “província rebelde”. 
A China propõe a reintegração de Taiwan sob o lema “um 
país, dois sistemas”, nos moldes do que ocorre com Hong 
Kong. O governo de Taiwan sempre recusou essas propostas, 
temendo perder sua autonomia e prevendo a incompatibili-
dade entre os dois regimes políticos.
VISÃO GEOGRÁFICA
Taiwan é um país? A ONU não pode dizer.
Até o início da década de 1970, Taiwan ocupava na ONU a cadeira reservada à China, que, apesar de ter 
1 bilhão de habitantes, não era reconhecida. 
Com o rompimento sino-soviético em 1965, os EUA passaram a ter grande interesse na aproximação com 
a China comunista. Em 1972, o presidente Nixon iniciou as negociações com o governo chinês e, em 1973, a 
República Popular da China foi reconhecida pela ONU. 
Ao ser admitida como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a China alegou que Taiwan 
era uma província rebelde não independente, exigindo, portanto, sua expulsão da organização. Com o Consen-
so de 1992, reunião ocorrida no mesmo ano entre China e Taiwan, as duas partes se reconheceram como uma 
única China indivisível, embora Taiwan desfrute de eleições parlamentares e presidenciais.
As esporádicas ameaças de invasão chinesa justificaram os investimentos no setor militar. Hoje, Taiwan 
produz – e exporta – aviões, navios de guerra e equipamentos eletrônicos. Esse setor se consolidou, em parte, 
devido aos investimentos norte-americanos em indústrias de base e equipamentos bélicos, feitos durante a 
guerra do Vietnã (1959-1975).
Taiwan possui ainda indústrias tradicionais, como as do ramo têxtil, de sapatos, de brinquedos; indústrias 
de equipamentos elétricos e eletrônicos; e petroquímica. Com localização geográfica favorável e sólida base 
industrial, Taiwan quer se fortalecer como centro econômico, assim como Hong Kong e Cingapura. 
Taipei, em Taiwan. Foto de 2016.
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Made in Taiwan: processador da 
AMD fabricado na ilha.
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Hong Kong
Com uma população de quase 7 milhões de habitantes, a ex-colônia britânica de Hong Kong é um dos 
maiores centros financeiros do mundo. Sua história geopolítica e situação atual imbricam interesses europeus 
(ingleses) e chineses em grande medida.
Em 1841, a China “perdeu” Hong Kong para a 
Inglaterra, que consolidou sua importância como 
entreposto comercial nas rotas para a Ásia. Graças 
a um acordo firmado em 1984, o Reino Unido acei-
tou devolver o território de Hong Kong à China em 
1997, em troca da manutenção do capitalismo por 
50 anos. No presente momento, Hong Kong é uma 
Região Administrativa Especial chinesa. 
Hong Kong tem renda per capita e qualidade 
de vida em geral muito superiores ao restante da 
China, com vida econômica própria e certa autono-
mia política, longe de ser ampla e irrestrita. Não é à 
toa que, em 2014, uma série de manifestações, que 
ganharam o nome de Revolução do Guarda-Chuva, 
aconteceram na ilha, pedindo mais liberdade ao 
Partido Comunista Chinês.
UM OUTRO OLHAR
A Revolu•‹o do Guarda-Chuva
O governo chinês enfrentou seu maior desafio político desde 1989, ano do Massacre da Praça da Paz 
Celestial, quando manifestantes foram às ruas pedir mais liberdade e foram violentamente reprimidos. 
Dessa vez, quem tentou se impor foi Hong Kong, ilha que viveu sob o domínio britânico por décadas foi 
devolvida à China em 1997 e é um 
dos maiores centros financeiros 
do mundo. Dezenas de milhares 
de pessoas se concentraram em 
frente à sede do governo de Hong 
Kong para protestar contra o Parti-
do Comunista (PC) da China, de-
fender a democracia e o direito de 
escolher livremente seu governan-
te em 2017, como estava acerta-
do. O movimento foi apelidado de 
Revolução do Guarda-Chuva por 
ser a forma que os manifestantes 
se protegem do gás lacrimogêneo 
e do spray de pimenta disparado 
por policiais.
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Hong Kong, na China. Foto de 2016.
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O estopim foi a declaração de Pequim de que o cargo de governança da ilha seria disputado apenas 
por candidatos aprovados antecipadamente por um comitê representativo do PC, decisão que causou 
revolta aos moradores. 
No acordo com os britânicos, ficou estabelecido que Hong Kong seria uma região administrativa 
especial, gerenciada com menor intervenção do governo e relativa liberdade de expressão. O regime ficou 
conhecido como “um país, dois sistemas”.
O início dos protestos estava programado para o dia 1o de outubro, data que marca a fundação da 
China Comunista, mas os grupos pró-democracia bloquearam as ruas que dão acesso aos escritórios 
da região antes do esperado. As manifestações foram lideradas pelo Occupy Central With Love and Peace 
(Ocupe Central com Amor e Paz), movimento conduzido por um pastor batista de 70 anos e dois profes-
sores da Universidade Chinesa de Hong Kong.
Apesar da pressão popular, o governo chinês reiterou que não fará concessões aos militantes. Após 
cinco dias de intensos protestos, os confrontos se acentuaram quando grupos tentaram derrubar barrica-
das aparentemente contra os ativistas pró-democracia que paralisaram as principais avenidas da cidade. 
Dezenas de prisões ocorreram. A tecnologia foi uma importante aliada para driblar a repressão e favorecer 
a comunicação entre os ativistas. 
Ainda assim, Pequim prometeu não ceder e advertiu a comunidade internacional de que não admite 
interferências em assuntos internos. Para o PC chinês, há 65 anos no poder, manter-se firme em suas 
posições significa “cortar o mal pela raiz” e evitar o fortalecimento de outros grupos oposicionistas. 
Revista IstoŽ. Disponível em: <www.istoe.com.br/reportagens/385612_A+REVOLUCAO+DO+GUARDA+CHUVA>. Acesso em: 3 maio 2016.
A China não tem interesse em intervir demais na política de Hong Kong, temendo fuga de capitais e um 
retrocesso econômico. Grande parte da economia de Hong Kong é dependente da confiança dos investido-
res internacionais. 
Os interesses econômicos de Hong Kong e da China são mútuos. A China depende do capital gerado em 
Hong Kong para impulsionar o desenvolvimento das regiões mais pobres do país. Hong Kong é hoje uma das 
regiões mais ricas do mundo, com uma renda per capita superior a 25 mil dólares. 
Com os custos de produção se elevando em Hong Kong devido à elevação salarial e ao aumento do custo 
do solo, Hong Kong considera a China área para expansão de negócios. Além disso, as empresas montadas em 
Hong Kong veem a China como mercado consumidor para seus produtos. 
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HongKong apresenta outra singularidade em relação aos demais Tigres Asiáticos: sua economia é forte-
mente pautada no setor financeiro, havendo ali dezenas de bancos locais, vários estrangeiros (HSBC, Banco 
do Leste da Ásia, Banco da China, Citibank, etc.) e bolsas de valores diversas.
No mais, diversos aspectos comuns tornam Hong Kong um Tigre Asiático típico. Os imensos investimen-
tos em habitação popular acabaram com as “sampanas”, barcos precários onde vivia boa parte da popula-
ção do país até os anos 1980. Nas encostas dos morros, as favelas foram substituídas por enormes prédios 
residenciais. Nas ladeiras, há gigantescas escadas rolantes para atender à população em seu deslocamento 
diário. Imensos conjuntos habitacionais, ótimo sistema de transportes públicos e escolas e hospitais de qua-
lidade garantem um alto padrão de vida. 
O novo milagre econômico da Coreia do Sul
São duas cenas emblemáticas: o showroom da Sony em Tó-
quio não tem filas ou consumidores desesperados para colocar 
as mãos em algum aparelho recém-chegado. O da Samsung, no 
centro de Seul, é um barulhento entra e sai de grupos de todas 
as idades. Tem um clima de parque de diversões, com brin-
quedos novos sendo inaugurados. Enquanto a japonesa Sony 
luta contra prejuízos e a falta de lançamentos bombásticos, a 
sul-coreana Samsung Electronics brilha. É a grande rival dos 
smartphones e tablets da Apple, tirou da Nokia o título de maior 
fabricante de celulares do planeta e atropelou não só a Sony 
como dois outros gigantes japoneses, Panasonic e Sharp, no 
mercado de TVs. A empresa é a síntese de um país que fez 
apostas certas no futuro e assumiu o papel de potência indus-
trial e tecnológica.
Os recordes da Samsung – US$ 5,2 bilhões de lucro e 20 mil 
smartphones Galaxy vendidos por hora no primeiro trimestre – 
escancaram o novo capítulo de um milagre econômico, que 
tem o investimento em tecnologia como protagonista. A ima-
gem de uma nação que fabricava produtos baratos e ruins foi 
substituída por outra, moderna e influente. O primeiro ciclo do 
crescimento sul-coreano foi impulsionado por uma economia 
centralizada, amparada por exportações e uma mão de obra 
disciplinada e mal remunerada. Foi a era de ouro dos Tigres 
Asiáticos, soterrada pela crise monetária de 1997.
Desde então, os sul-coreanos mergulharam num processo de 
reinvenção. Estão se movendo com o pé no acelerador e as mãos 
nos gadgets nacionais. Embora seu Produto Interno Bruto (PIB, 
conjunto de bens e serviços produzidos pelo país) seja modesto 
perto do dos vizinhos japoneses e chineses (US$ 1,1 trilhão,
o 15o do mundo), o país é tido por especialistas como modelo 
por quem busca saltos em competitividade, oportunidades de 
negócios e melhores índices sociais. Como o Brasil.
86% dos jovens nas faculdades
Para alcançar o mesmo salto de qualidade, o caminho que 
o Brasil precisa trilhar é longo. Diretor do Centro de Economia 
Mundial da Fundação Getulio Vargas (FGV), o economista 
Carlos Langoni destaca duas diferenças estruturais profundas 
na formação das economias do Brasil e da Coreia do Sul a par-
tir da metade do século passado.
– Da Segunda Guerra Mundial até os anos 1990, o Bra-
sil montou um parque industrial com baixa capacidade. Nos 
dois modelos, o Estado foi o motor da economia, mas o Brasil 
não foi exposto ao ambiente de competitividade no exterior. No 
caso da Coreia, a industrialização veio junto com forte estímulo 
às exportações, enquanto no Brasil houve um foco na substi-
tuição de importações voltada somente para atender ao nosso 
enorme mercado interno – diz Langoni.
Outra vantagem sul-coreana em relação ao Brasil, reflete 
Langoni, é a valorização da qualificação da mão de obra por 
meio da educação.
– O Brasil só começou a descobrir que a rentabilidade do 
capital humano é maior do que a do capital físico na década 
de 1990. Na Coreia, desde o início, houve um processo de 
industrialização com acumulação de capital humano – analisa.
A Samsung, maior empresa de tecnologia do mundo em fa-
turamento, é a marca mais conhecida dessa virada, mas nomes 
como Hyundai e LG também comprovam o poder crescente 
do selo made in Korea. São grifes globais que explicam por que 
a Coreia do Sul do século XXI está sendo comparada ao Japão 
dos anos 1980 e início dos 1990.
SITUAÇÃO-PROBLEMA
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– Somos um país de apenas 50 milhões de pessoas. Temos 
que pensar para além de nossas fronteiras, ao contrário dos 
japoneses, que podem focar em seu mercado doméstico. Tudo 
o que fizemos foi pensando na competitividade internacio-
nal – explica Kenneth Hong, diretor de comunicações da LG, 
segunda maior fabricante de TVs do mundo.
Entre 1970 e 2011, a renda per capita dos sul-coreanos 
subiu de US$ 254 para US$ 22 mil. A evolução se reflete nas 
ruas de Seul. A metrópole é globalizada, segura e high-tech, 
com transportes públicos impecáveis. Após a guerra que di-
vidiu a península entre comunismo e capitalismo, o Sul viu 
seu PIB triplicar em quatro décadas, com políticas econômi-
cas ditadas pelo regime militar. A prioridade para a educação 
– uma obsessão entre os sul-coreanos – reduziu os índices de 
analfabetismo a menos de 1%, ajudando a deixar a pobreza no 
passado e a formar trabalhadores altamente qualificados (86% 
dos jovens cursam o ensino superior).
O ponto de ruptura veio com a crise financeira no fim dos 
anos 1990, que sacudiu a Ásia e abriu uma nova página na his-
tória dos conglomerados sul-coreanos, os chaebol, cujos poderes 
iam além dos negócios. O Fundo Monetário Internacional (FMI) 
ajudou na recuperação do país, que já completara a transição para 
a democracia, e as empresas passaram por reestruturações pro-
fundas. Leis que impediam demissões caíram; fábricas foram fe-
chadas; escritórios, enxugados, e companhias, vendidas.
A decisão do governo de investir de forma ousada em no-
vas tecnologias, criando uma geração conectada, foi funda-
mental para que uma nova Coreia do Sul surgisse. De acordo 
com dados do Instituto de Pesquisa Econômica da Samsung 
(Seri, na sigla em inglês), o país aplica hoje 3,74% do PIB na 
área de pesquisa e desenvolvimento – índice que só perde 
para os de Israel e Finlândia no ranking da Organização para 
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, que 
reúne os países mais industrializados). 
Não à toa, o PIB sul-coreano avançou 3,6% em 2011, o do-
bro da média da OCDE. Em 2012, a projeção é crescer 3,3%.
– As reestruturações deixaram as companhias menos vul-
neráveis a crises globais. Além disso, passaram a tomar deci-
sões de forma mais rápida, fator essencial em meio à revolução 
tecnológica. E investimos nas áreas certas. A Samsung deixou 
de ser analógica para apostar no universo digital – resume o 
analista Hansoo Kang, do Seri.
Câmbio também é trunfo de exportações
A moeda desvalorizada também está entre os trunfos das ex-
portações sul-coreanas. Segundo dados do FMI, mil wons corea-
nos equivalem a US$ 0,85 ou US$ 0,69 – ou, ainda, a R$ 1,70.
Sem uma mudança de mentalidade industrial, no entanto, 
marcas que hoje estão em ascensão teriam continuado apaga-
das, defendem os executivos. A Hyundai já foi motivo de pia-
da entre as montadoras. Seus rivais tiveram que engolir o riso 
quando o sedã de luxo Genesis, projetado para competir com 
os dos tradicionais modelos alemães como Audi A6, BMW Sé-
rie 5 e Mercedes-Benz Classe E, ganhou o prêmio de carro do 
ano nos EUA em 2009. Em 2011, o sedã médio Elantra repe-
tiu o feito, desbancado concorrentes como os japoneses Toyota 
Corolla e Honda Civic.
– Investimos em qualidade e vemos os resultados agora. 
Criamos carros eficientes, com design caprichado, e apostamos 
na diversificação do mercado mundial, para não depender de 
uma região específica – explicou William Lee, vice-presidente 
da Hyundai, que constrói a primeira fábrica brasileira, em Pi-
racicaba (SP), com investimento previsto de US$ 600 milhões 
(R$ 1,2 bilhão).
Acusada pela Apple de copiar suaspatentes, a Samsung 
trava uma batalha ferrenha com a concorrente. Um encontro 
entre os executivos-chefes das duas empresas, Tim Cook e 
Choi Gee-Sung, foi arranjado pela corte federal de São Fran-
cisco, mas, após dois dias de conversas, não houve acordo. O 
início do julgamento do caso está previsto para julho. Nada que 
pareça abalar os arranha-céus de Seul, que está contratando 
engenheiros na Índia. Os talentos nacionais já não são sufi-
cientes para a ofensiva global.
Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/o-novo-milagre-
economico-da-coreia-do-sul-5159200>. Acesso em: 3 maio 2016.
A partir da reportagem, podemos entender melhor 
não só a política industrial dos Tigres Asiáticos nos úl-
timos anos, mas também um pouco dos resultados das 
ações praticadas pelos Estados que compõem a região, 
sobretudo a partir da crise asiática de 1997. Nesses países, 
como é o caso da Coreia do Sul, a intervenção econômi-
ca de instituições como o FMI não ocorreu de maneira 
indiscriminada, mas, ao contrário, sob tutela do Estado, 
sempre preocupado com interesses nacionais como a 
empregabilidade e a manutenção dos investimentos em 
educação, ciência e tecnologia, com o intuito de fomentar 
a competitividade das empresas do seu país. Será que o 
mesmo não teria ocorrido com os países hoje considera-
dos desenvolvidos? 
Procure refletir com a sua turma e com a ajuda do seu 
professor a atuação do Estado nesse grupo de países, no 
passado e nos dias atuais. 
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PARA CONCLUIR
Com o estudo deste módulo, vimos que a industrialização tardia está longe de ser entendida 
como um fenômeno igual em todo o mundo subdesenvolvido, que começa a viver significativa-
mente a industrialização no século XX. É inegável que os Tigres Asiáticos conseguiram transformar 
as oportunidades históricas em melhores condições socioeconômicas para sua população. 
A Ásia teve a seu favor a vantagem de abrigar o grande palco da Guerra Fria, valendo-se de volu-
mosas ajudas financeiras dos Estados Unidos, bem como mais liberdade para o estabelecimento 
de mecanismos com desenvolvimento mais independentes. A maior liberdade política permitiu 
a implementação de medidas que responderam bem à crise do petróleo da década de 1970. 
O câmbio desvalorizado foi um artifício fundamental para fazer decolarem as exportações. 
Taxa de crescimento do PIB (%) 
(mŽdia anual para o per’odo)
País/território 1980-1990 1990-2000 2000-2025
Brasil 2,7 2,9 2,2
México 1,1 3,1 1,9
Argentina 20,7 4,3 2,2
Coreia do Sul 8,9 5,7 4,6
Cingapura 6,7 7,8 4,2
Hong Kong 6,9 4,0 4,3
FONTE: Disponível em: <www.revista.vestibular.uerj.br/questao/questao-discursiva.php?
seq_questao=486>. Acesso em: 12 maio 2016.
O contraste entre as taxas de crescimento dos Tigres Asiáticos em relação àquelas dos países 
da América Latina mostra a supremacia do primeiro grupo no campo econômico ao logo das 
décadas de 1980 e 1990. Em ambos os casos, tanto na industrialização da América Latina como 
naquela verificada nos Tigres Asiáticos, o que se viu foi um Estado bastante atuante no desenvol-
vimento industrial. No entanto, diferentemente do que houve na América Latina, os países da Ásia 
souberam atrair o capital internacional sem perder as rédeas do seu controle. Assim, por exemplo, 
os subsídios concedidos às multinacionais que se instalavam nos Tigres Asiáticos eram acompa-
nhados de contrapartidas como metas de exportações ou inovações tecnológicas. Não é à toa 
que países como a Coreia do Sul se tornaram líderes em tecnologia de ponta. As empresas sul-co-
reanas são extremamente competitivas no mercado internacional. Por outro lado, os países latino-
-americanos estiveram durante muito tempo acomodados em uma economia fechada, portanto 
com poucos concorrentes, focada no mercado interno priorizado pela política de substituição de 
importações. Quando houve a abertura econômica aos importados na América Latina dos anos 
1990, as isenções fiscais (um tipo de subsídio de que os países asiáticos também lançavam mão) 
passaram a estar cada vez mais presentes, porém na quase absoluta maioria das vezes sem a im-
posição de qualquer retorno, o que contribuiu para que no longo prazo as indústrias apresentas-
sem ali menor produtividade e capacidade de competição diante da concorrência internacional. 
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Fora isso, os Tigres Asiáticos realizaram investimentos maciços em educação, pesquisa científica e 
desenvolvimento de tecnologia. Esses investimentos, combinados com valores sociais, como dis-
ciplina e hierarquia, permitiram a formação de um capital humano que apresenta elevada produti-
vidade, sendo a base de uma economia sólida, bem mais disposta a atravessar qualquer eventual 
crise econômica.
1. (Uespi – Adaptada) Com relação ao tema “Divisão Inter-
nacional do Trabalho”, sabe-se que:
a) O centro da economia mundial representa o local do 
poder de comando, sendo predominantes as ativida-
des industriais e a produção de bens industrializados 
nesses espaços. 
b) Um grande bloco de economias de mercado, apesar 
de ser dependente de tecnologia, conseguiu alcançar 
uma posição socioeconômica intermediária, se desvin-
culando da dominação de uma estrutura de poder de 
comando decorrente do centro capitalista mundial. 
c) A combinação entre os poderes militar, religioso e as 
formas superiores de produção na Inglaterra possibi-
litou a este país uma posição de hegemonia na eco-
nomia mundial até o final do século XIX. 
d) A Divisão Internacional do Trabalho tende a expressar 
as especializações econômicas dos países, bem como 
suas relações de poder desenvolvidas, nas diferentes 
fases da evolução histórica do sistema capitalista. 
e) A facilidade de acesso à Terceira Revolução Industrial 
e Tecnológica tornaram maiores as possibilidades de 
transição de nações periféricas para as nações do 
centro capitalista. 
2. (FGV-SP) Na América Latina, países como o Brasil, o México, 
a Argentina e o Chile deflagraram processos industriais an-
tes da Segunda Guerra Mundial, baseados no desenvolvi-
mento do mercado interno (substituição de importações) e, 
mais tarde, em estímulo à indústria de base. Enquanto isso, 
os Tigres Asiáticos ingressaram na industrialização no pós-
-guerra, utilizando como modelo a exportação de bens de 
consumo para o mercado internacional.
Refletindo para além do texto, podemos afirmar que os 
países subdesenvolvidos: 
a) mencionados industrializaram-se em momentos di-
ferentes da história do capitalismo e por caminhos 
diferentes, no entanto, vêm superando a situação de 
pobreza econômica e social. 
b) mencionados podem servir como modelos para os 
demais que desejarem sair da condição de subdesen-
volvimento, pois o caminho é a urbanização. 
c) mencionados demonstram que a situação de pobreza 
das populações permanece apesar da industrialização, 
porque persiste a dependência em várias dimensões da 
vida em relação aos países de capitalismo avançado. 
d) não mencionados podem, de modo geral, seguir o 
exemplo dos chamados Tigres Asiáticos e tornarem-
-se desenvolvidos, distanciando-se do tipo de indus-
trialização latino-americana. 
e) não mencionados apenas estão atrasados na indus-
trialização, pois ela ainda é muito recente, mas, de 
acordo com a ordem mundial, pós-Guerra Fria, pode-
rão encontrar o rumo do desenvolvimento. 
3. (Uespi) A partir da década de 1950, verificou-se uma in-
tensificação no processo de industrialização em diversas 
regiões do planeta. No caso de países latino-americanos, 
como o Brasil, a Argentina e o México, em que se baseou, 
fundamentalmente, a industrialização? 
a) Nos recursos minerais e no crescimento populacional. 
b) Na farta mão de obra barata e na baixa taxa de cresci-
mento vegetativo. 
c) Na internacionalizaçãodos mercados, primeiramente, 
e nas elevadas taxas de reserva cambial. 
d) Nas diversidades regionais e na renda per capita da 
população. 
e) Na substituição das importações e, posteriormente, 
na internacionalização dos mercados. 
Veja, no Manual do Professor, o gabarito comentado das quest›es sinalizadas com asterisco.
PRATICANDO O APRENDIZADO
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4. (Uerj – Adaptada) 
BRASIL
VENEZUELA
MÉXICO
ESTADOS
UNIDOS
CHINA
ARGENTINA
RÚSSIA
CANADÁ
SUÉCIA
REINO UNIDO
FRANÇA
BÉLGICA
SUÍÇA
ITÁLIA
ISRAEL
ALEMANHA
HOLANDA
ÁUSTRIA
ÁFRICA DO SUL
AUSTRÁLIA
NOVA ZELÂNDIA
ÍNDIA
CINGAPURA
TAIWAN
JAPÃO
COREIA
DO SUL
N
2120
km
0
Número de patentes registradas
nos Estados Unidos entre 1963 e 2003
por nacionalidade do solicitante.
1000 10000 100000 500000 Estados Unidos: 2132534
Produção tecnológica no mundo
FONTE: El Atlas de Le Monde Diplomatique II. Buenos Aires: Capital Intelectual, 2006. Adaptado.
A distribuição espacial da produção técnico-científica entre os países, parcialmente apresentada no mapa, é um dos 
fatores que explicam as desigualdades socioeconômicas entre as nações. Pela importância do mercado consumidor norte-
-americano, quase todos os produtos ou tecnologias relevantes desenvolvidos no mundo são registrados nesse país.
Um resultado dessa espacialidade diferenciada é a formação de um grande fluxo financeiro internacional para as em-
presas dos países desenvolvidos.
Esse fluxo está mais adequadamente associado a: 
a) pagamentos de licenças.
b) capitais para especulação.
c) compensações de impostos.
d) investimentos em infraestrutura.
e) investimentos estrangeiros diretos.
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5. (UCS-RS) A partir dos anos 1970, outros países se juntaram 
ao Japão na categoria dos que se destacam pela rapidez 
dos processos de industrialização: são conhecidos como 
Tigres Asiáticos. Destacam-se por apresentarem elevada 
produção industrial destinada essencialmente ao merca-
do externo. São eles: 
a) China, Coreia do Sul, Cingapura e Taiwan. 
b) China, Coreia do Sul, Coreia do Norte e Malásia. 
c) Coreia do Sul, Hong Kong, Cingapura e Taiwan. 
d) Vietnã, Malásia, Cingapura e Filipinas. 
e) Coreia do Sul, Malásia, Vietnã e Cingapura. 
1. (FGV-SP) Analise o gráfico para responder à questão.
Exportações mundiais de 
mercadorias por região (%)
1953 1963 1973
0
10
20
30
40
50
%60
1983 1993 2003 2008
xxxxxxxxxx xx xxxxxxx xx xx xxxxxxxx x x xx x xx x
A. do 
Norte
A. do 
Sul e 
Central
Europa
Ásia
África
xxxx
FONTE: Extraído de: <www.wto.org/french/res_f/statis_f/its2009_f/its2009_f.pdf>.
A análise do gráfico e os conhecimentos sobre o comér-
cio mundial permitem afirmar que, entre 1953 e 2008:
a) as exportações norte-americanas de produtos de bai-
xa tecnologia perderam importância no mundo devi-
do à concorrência com os produtos europeus. 
b) os países da América do Sul e Central reduziram o 
percentual de exportações porque encontraram difi-
culdades para se integrarem em blocos econômicos. 
c) o comércio exterior europeu sofreu oscilações e en-
trou em declínio quando os países do leste da Europa 
iniciaram a transição para o sistema capitalista. 
d) o crescimento das exportações asiáticas foi expres-
sivo devido à ascensão econômico-industrial dos Ti-
gres Asiáticos e, posteriormente, da China. 
e) o continente africano, exportador de commodities 
agrícolas, vem reduzindo a participação no comér-
cio mundial devido aos sérios problemas ambientais 
que enfrenta. 
2. (Unifesp) A industrialização do Sudeste Asiático ocorreu 
em duas etapas. Na primeira, surgiram os chamados Tigres 
de primeira geração, que receberam capital do Japão. 
H6
C2
H9
C2
Na segunda, eles investiram nos Tigres da segunda gera-
ção. Assinale a alternativa que lista corretamente os Tigres 
Asiáticos de primeira e de segunda geração. 
a) Primeira geração: Coreia do Sul, Taiwan e Cingapura.
 Segunda geração: Indonésia, Malásia e Tailândia. 
b) Primeira geração: Coreia do Sul, Malásia e Taiwan.
 Segunda geração: Cingapura, Indonésia e Tailândia. 
c) Primeira geração: Taiwan, Tailândia e Malásia.
 Segunda geração: Coreia do Sul, Cingapura e Indo-
nésia. 
d) Primeira geração: Coreia do Sul, Cingapura e Indonésia.
 Segunda geração: Malásia, Tailândia e Taiwan. 
e) Primeira geração: Cingapura, Indonésia e Tailândia.
 Segunda geração: Coreia do Sul, Malásia e Taiwan. 
3. (Mack-SP) A arrancada industrial dos Tigres Asiáticos, 
pós-Segunda Guerra Mundial, coincide com a implanta-
ção da Guerra Fria no mundo bipolarizado da época.
Esse fato só foi possível em virtude: 
a) da ajuda financeira recebida na época do tesouro ja-
ponês, que sempre defendeu seus interesses econô-
micos na região. 
b) da poupança interna desses países que, mesmo an-
tes da Segunda Guerra Mundial, já controlavam suas 
importações, estimulando as exportações de bens de 
consumo duráveis. 
c) da ajuda financeira norte-americana, por meio do Pla-
no Colombo, uma forma de instalar o cordão sanitário 
na região. 
d) da ajuda financeira soviética, que visava ampliar sua 
área de influência por toda a região. 
e) da ajuda financeira mútua entre os países do bloco, 
que trocavam entre si matérias-primas, tecnologias 
e uma intensa abertura do mercado consumidor de 
toda a região. 
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DESENVOLVENDO HABILIDADES
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4. (Cesgranrio-RJ) A Península Coreana, a partir dos anos 
1950, quando se dividiu em dois Estados, recebeu forte 
impulso industrial. De um lado, a Coreia do Sul domina-
ria tecnologias de ponta e se converteria num dos Tigres 
Asiáticos. De outro lado, a Coreia do Norte teria sua in-
dustrialização dirigida para os setores de: 
a) eletrodomésticos e automóveis. 
b) alimentos e tecidos. 
c) perfumaria e cosméticos. 
d) siderurgia e indústria mecânica. 
e) computação e aviação. 
5. (Fuvest-SP) Sobre o modelo de industrialização implemen-
tado em países do Sudeste Asiático, como Coreia do Sul e 
Taiwan, e o adotado em países da América Latina, como a 
Argentina, o Brasil e o México, pode-se afirmar que:
a) nos países do Sudeste Asiático, a participação de ca-
pital estrangeiro impediu o desenvolvimento de tec-
nologia local, ao passo que, nos países latino-ameri-
canos, ela promoveu esse desenvolvimento. 
b) nos dois casos, não houve participação do Estado na 
criação de infraestrutura necessária à industrialização. 
c) nos países do Sudeste Asiático, a organização dos tra-
balhadores, em sindicatos livres, encareceu o produto 
final, ao passo que, nos países latino-americanos, a 
ausência dessa organização tornou os produtos mais 
competitivos. 
d) nos dois casos, houve importante participação de ca-
pital japonês, responsável pelo desenvolvimento tec-
nológico nessas regiões. 
e) nos países do Sudeste Asiático, a produção industrial 
visou à exportação, ao passo que, nos países latino-
-americanos, a produção objetivou o mercado interno. 
6. (FGV-SP) Considere o gráfico a seguir, representado em 
porcentagem.
10
46
18
34
13
43
1960 1989
Bens 
manufaturados
Outros produtos 
primários
2o e 3o produtos 
de exportação
Primeiro produto 
de exportação
(primário)
13
23
H18
C4
H18
C4
H6
C2
A leitura desse gráfico e seus conhecimentos sobre o 
comércio mundial permitem afirmar que os países gene-
ricamente representados no gráfico são:
a) aqueles que ingressaram na Comunidade Econômica 
Europeia, na década de 1980, como Portugal, Espanha 
e Grécia. 
b) os novos países industriais da África e da América La-
tina, que passaram a se industrializar rapidamente a 
partir da instalação de zonas francas. 
c) aqueles quepassaram a se integrar a poderosos blocos 
econômicos, como Canadá, Austrália e China, membros 
da Apec.
d) os chamados países subdesenvolvidos industrializados, 
como Brasil, México e Índia, que desenvolveram par-
ques industriais a partir da década de 1960. 
e) os países mediterrâneos da Europa e do norte da África, 
que apresentam forte crescimento industrial a partir das 
últimas décadas e têm balanças comerciais favoráveis.
7. (Fatec-SP – Adaptada) Caracterizam corretamente os 
Tigres Asiáticos: 
a) Área de influência dos capitais norte-americanos; países 
em desenvolvimento com base industrial; Taiwan, Co-
reia do Sul, Paquistão e Hong Kong.
b) Área de influência dos capitais ingleses; subdesen-
volvimento com base agrária; Taiwan, Coreia do Sul, 
Cingapura e Hong Kong.
c) Área de influência dos capitais norte-americanos; 
desenvolvimento autocentrado; Vietnã, Irã, Afega-
nistão e Paquistão.
d) Área de influência dos capitais japoneses; desen-
volvimento autocentrado; Vietnã, Irã, Afeganistão e 
Paquistão.
e) Área de influência dos capitais japoneses; países em 
desenvolvimento com base industrial; Taiwan, Coreia 
do Sul, Cingapura e Hong Kong.
8. (Unirio-RJ) A respeito do processo de industrialização 
dos países subdesenvolvidos, podemos afirmar que:
a) em seu conjunto, o chamado “Terceiro Mundo” ba-
seou seu crescimento industrial no setor de bens de 
produção.
b) os países conhecidos como Tigres Asiáticos se indus-
trializaram a partir da década de 1960, baseando seu 
parque industrial em plataformas de exportação. 
c) Arábia Saudita, Bolívia e África do Sul são países não 
industrializados, cuja economia se baseia na exporta-
ção de produtos primários.
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d) China, Vietnã, Camboja, Laos e Birmânia são países 
industrializados na década de 1980, especializados na 
produção de microcomponentes eletrônicos. 
e) Brasil, México e Formosa são nações que se industria-
lizaram após a Segunda Guerra Mundial, baseadas no 
processo de substituição de importações. 
9. (Unirio-RJ) O milagre japonês de desenvolvimento baseia-
-se em vários fatores, entre os quais o da orientação da 
indústria japonesa em trabalhar cada vez mais com valores 
agregados maiores. Assim, “1 tonelada de satélite” custa 
200 vezes mais do que “1 tonelada de automóvel” e 20 000 
vezes mais do que “1 tonelada de navio cargueiro”.
Baseado nesse princípio, o governo japonês estimulou, 
nas últimas décadas, a(o): 
a) substituição dos materiais que equipam os navios car-
gueiros, buscando ampliar as margens de lucro dos 
armadores japoneses. 
b) reaparelhamento dos estaleiros, informatizando-os e au-
mentando, também, o valor agregado dos navios. 
c) sucateamento da indústria naval e os investimentos 
maciços em chips para computadores que vão equi-
par satélites.
H18
C4
d) investimento decrescente na indústria automotiva e 
naval, e crescente na astronáutica, robótica e de brin-
quedos. 
e) deslocamento crescente de instalações industriais de 
baixo valor agregado para fora do Japão, sobretudo 
para os Tigres Asiáticos. 
10. (UFRN – Adaptada) A revolução técnico-científica (ou 
Terceira Revolução Industrial) está centrada na articula-
ção entre informática, robótica, biotecnologia e teleco-
municações.
Essa revolução contribuiu para o surgimento de uma 
nova Divisão Internacional do Trabalho, que:
a) reafirmou os países da América Latina e da África na 
condição de principais exportadores de matérias-pri-
mas e compradores de tecnologia. 
b) colocou os países da América Anglo-Saxônica e da 
Ásia na condição de hegemônicos produtores de 
novas tecnologias. 
c) tornou os países asiáticos exportadores de produtos 
eletroeletrônicos. 
d) transformou os países europeus em compradores de 
tecnologia aeroespacial. 
e) permitiu a diminuição da desigualdade social no 
mundo.
H7
C2
1. (UFPE – Adaptada) 
A importância do processo de modernização na modelação 
das economias subdesenvolvidas só vem à luz plenamente em 
fase mais avançada quando os respectivos países embarcam 
no processo de industrialização.
Celso Furtado
Sobre esse assunto, podemos afirmar que:
a) as primeiras indústrias que se instalam nos países 
subdesenvolvidos concorrem com a produção arte-
sanal e se destinam basicamente a produzir bens 
duráveis.
b) a industrialização de um país subdesenvolvido tende 
a assumir a forma de manufatura local daqueles bens 
de capitais que eram previamente importados.
c) com a industrialização dos países subdesenvolvidos, 
mesmo existindo controle da produção por firmas 
estrangeiras, foi possível romper com a situação de 
dependência econômica.
d) a industrialização, nas condições de dependência, de 
uma economia periférica requer intensa absorção 
de progresso técnico, sobretudo para a produção de 
novos produtos.
e) é durante a fase de “substituição das importações” 
que tem início, realmente, a formação de um sistema 
industrial nos Tigres Asiáticos.
2. (Fatec-SP – Adaptada)
Exportações mundiais de mercadorias por regiões 
selecionadas (em bilhões de dólares) (1948-2006)
Anos 1948 1963 1983 1993 2006
Valor 59 157 1 838 3 675 11 783
APROFUNDANDO O CONHECIMENTO
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Participação nas exportações de mercadorias por regiões 
selecionadas (em bilhões de dólares) (1948-2006)
Regiões/anos 1948 1963 1983 1993 2006
América do Norte 28,1 19,9 16,8 18,0 14,2
América do Sul e 
Central
11,3 6,4 4,4 3,0 3,6
África 7,3 5,7 4,5 2,5 3,1
Ásia (menos Japão) 13,6 9 11,1 16,2 22,3
Europa 35,1 47,8 43,5 45,4 42,1
Japão 0,4 3,5 8,0 9,9 5,5
FONTE: OMC, 2007.
O desempenho das exportações de mercadorias na região 
do Continente Asiático (menos o Japão), principalmente 
após os anos 1980, pode ser explicado por fatores tais 
como: 
a) a chamada industrialização tardia dos Tigres Asiáticos 
e da Índia. 
b) a chamada industrialização clássica nos países da ex-
-URSS, após o fim do socialismo. 
c) a criação de grupos acordos de livre circulação de 
pessoas entre os países do continente. 
d) a nova inserção do continente na divisão mundial do 
trabalho como grande produtor agropecuário. 
e) a Terceira Revolução Industrial e as conquistas sociais 
do neoliberalismo na maior parte destes países.
3. (UTFPR) Apesar da importância econômica dos Tigres 
Asiáticos, o Sudeste da Ásia ainda registra grande po-
pulação rural e baixos índices de desenvolvimento hu-
mano. Os Novos Tigres Asiáticos, no entanto, tentam 
mudar essa realidade.
Assinale a única alternativa que explica corretamente 
esse processo econômico em curso na região. 
a) Investem na produção de maquinofaturas para ex-
portação. 
b) A tecnologia da indústria é fornecida pelos Estados 
locais. 
c) O motor da economia na região é a agricultura de 
exportação. 
d) A base desse processo é a exploração de petróleo 
e ferro. 
e) O crescimento econômico deve-se à emergência 
da Índia. 
4. (PUC-MG – Adaptada) No mundo capitalista, a indus-
trialização contemporânea apresenta certa dispersão 
do processo produtivo em áreas que oferecem maiores 
vantagens econômicas. Entre os reflexos dessa realida-
de nos países periféricos, sabe-se que:
a) Ocorre implantação de avanços tecnológicos e ex-
pansão da produção em países periféricos, como 
estratégias instituídas pelo modelo industrial vigente, 
para ampliar seus mercados. 
b) O consumo dos produtos disponibilizados pela indús-
tria moderna não é suficiente para alterar hábitos cul-
turais nos países periféricos e atendendo ao sistema 
de capital mundial. 
c) Não há discrepância entre o setor público dos países 
periféricos e o da iniciativa privada internacional e/ou 
nacional.
d) Há uma ordem preestabelecida para o acesso a uma 
vida mais digna, favorecida pela expansão do proces-
so de produção em países periféricos.e) Pós-Segunda Grande Guerra houve uma reafirmação 
das industrias nos países centrais, diminuindo o nú-
mero de empresas atuando no exterior. 
5. (UEG-GO) Os Tigres Asiáticos eram países subdesenvol-
vidos até a década de 1970, quando promoveram uma 
rápida e eficiente industrialização. Cite três fatores que 
favoreceram esse processo de industrialização. 
Protecionismo alfandegário; repressão ao sindicalismo e às greves; 
mão de obra abundante e barata; criação das Zonas de Processamento 
de Exportação (ZPE); forte apoio do governo com a criação de
infraestrutura e o investimento na educação, bem como a formação
de mão de obra qualificada.
6. (Ufes) Hong Kong, ilha cedida aos ingleses, em 1842, 
mediante contrato de arrendamento mercantil, retornou 
à administração chinesa em 1997. Elabore um texto ex-
plicando a importância de Hong Kong para a China e vi-
ce-versa e as implicações desse retorno para Taiwan em 
termos econômicos e políticos.
Deve-se abordar: a dependência da China em relação a Hong Kong 
para o recebimento de investimentos estrangeiros cuja reprodução 
é necessária para promover o desenvolvimento das regiões mais 
distantes e pobres do país; a dependência de Hong Kong em relação 
ao mercado chinês para colocação de produtos via reexportação:
tendo um dos maiores e bem equipados portos do mundo, Hong Kong 
ampliou a abertura para o mercado chinês e consequentemente o 
poder econômico da China; o retorno da ex-colônia inglesa à China 
representa para Taiwan a possibilidade de utilização de Hong Kong 
como porta de entrada da China continental para comercialização 
entre as duas Chinas. Como Hong Kong é considerada uma Região 
Administrativa Especial, autônoma em relação aos assuntos 
econômicos, pode atuar como um entreposto entre as duas. 
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 7. (UnB-DF – Adaptada)
Do princípio do século XVII ao fim do século XVIII, o as-
pecto geral do mundo natural alterou-se de tal forma que 
Copérnico teria ficado pasmo. A revolução que ele iniciara 
desenvolveu-se tão rápido e de modo tão amplo que não só a 
Astronomia se transformou, mas também a Física. Quando 
isso aconteceu, dissolveram-se os últimos vestígios do univer-
so aristotélico. A Matemática tornou-se uma ferramenta cada 
vez mais essencial para as ciências físicas.
A visão do Universo adotada por Galileu – morto em 1642, 
ano do nascimento de Isaac Newton – baseava-se na observa-
ção, na experimentação e numa generosa aplicação da Mate-
mática. Uma atitude de certa forma diferente daquela adota-
da por seu contemporâneo mais jovem, René Descartes, que 
começou a formular uma nova concepção filosófica do Uni-
verso, que viria a destruir a antiga visão escolástica medieval.
Em 1687, Newton publicou os Principia, cujo impacto foi 
imenso. Em um único volume, reescreveu toda a ciência dos 
corpos em movimento com uma incrível precisão matemática. 
Completou o que os físicos do fim da Idade Média haviam 
começado e que Galileu tentara trazer à realidade. As três leis 
do movimento de Newton formam a base de todo o seu tra-
balho posterior.
COLIN, Ronan. Hist—ria ilustrada da ci•ncia: da Renascença à revolução científica. 
São Paulo: Círculo do Livro, s/d. p. 73, 82-3 e 99. Adaptado.
Na atualidade, o desenvolvimento científico e tecnológi-
co, elemento propulsor das relações econômicas, culmi-
nou em uma verdadeira revolução informacional devido à 
importância da produção de conhecimento. Acerca desse 
contexto do mundo atual, assinale a opção correta. 
a) Exige-se, na atualidade, mão de obra com baixa qualifi-
cação, já que a robótica vem ampliando seu campo de 
aplicação. 
b) A oferta de emprego no setor industrial, que tem ul-
trapassado a do setor terciário no século XX, é resulta-
do direto do desenvolvimento tecnológico nos países 
altamente industrializados. 
c) Não somente as empresas, mas também os Estados, 
têm atuado no fomento do desenvolvimento científi-
co e tecnológico. 
d) As inovações tecnológicas concentram-se nos países 
de economia emergente, como nos chamados Tigres 
Asiáticos. 
e) Na nova Divisão Internacional do Trabalho, nota-se 
nos hemisférios do globo uma inversão nos fluxos de 
predominantes de pagamentos de royalties, em rela-
ção à anterior.
8. (Uerj) Os países subdesenvolvidos que se industrializa-
ram durante o século XX basearam-se em modelos dife-
rentes de implementação de sua atividade fabril, o que 
gerou quadros sociais e econômicos consideravelmente 
distintos entre eles. Observe a tabela a seguir:
Taxa de crescimento do PIB (%) 
(média anual para o período)
País/território 1980-1990 1990-2000 2000-2005
Brasil 2,7 2,9 2,2
México 1,1 3,1 1,9
Argentina 20,7 4,3 2,2
Coreia do Sul 8,9 5,7 4,6
Cingapura 6,7 7,8 4,2
Hong Kong 6,9 4,0 4,3 
FONTE: Extraído de: <www.scipione.com.br>. Adaptado.
Indique duas características do modelo de industrializa-
ção adotado pelos países latino-americanos presentes 
na tabela acima. Indique também dois motivos que ex-
pliquem o melhor desempenho econômico dos Tigres 
Asiáticos no período entre 1980 e 2005. 
Duas das características: ênfase nas indústrias de bens de consumo; 
associação entre gasto público e capital privado; obtenção de 
recursos financeiros externos por meio de empréstimos; produção 
industrial voltada para o mercado interno, diminuindo as importações.
Dois dos motivos: controle da inflação; incentivo ao desenvolvimento 
de uma forte poupança interna; implantação de um modelo de gestão 
do Estado mais eficiente; melhor distribuição de renda, em relação 
aos países latino-americanos; investimentos em educação, permitindo 
a formação de um amplo mercado interno. 
9. (Vunesp-SP) A charge retrata um movimento ocorrido 
em 2014 na cidade de Hong Kong.
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Identifique esse movimento e sua motivação. Como o 
lema “um país, dois sistemas” relaciona-se à situação de 
Hong Kong perante a China? 
O movimento ocorrido em 2014 foi denominado Occupy Central 
(em referência ao Occupy Wall Street de 2011 nos Estados Unidos) 
e tinha como objetivo protestar contra a decisão do governo chinês em 
estabelecer uma triagem sobre os candidatos de Hong Kong antes da 
votação da população civil, contrariando a decisão de que as eleições 
de 2017 seriam determinadas pela população local. O princípio “um 
país, dois sistemas” foi adotado por Deng Xiaoping para a devolução 
de Hong Kong pela Inglaterra em 1997, com o qual o governo chinês 
se compromete, a despeito da prática do socialismo, a respeitar a 
autonomia e a manutenção do sistema capitalista dessa província 
em alto nível durante 50 anos após a reunificação, sendo que esse 
princípio é adotado como uma pseudoconstituição por Hong Kong. 
Em razão disso, a decisão da China em interferir nas eleições 
de Hong Kong fere o princípio “um país, dois sistemas”. 
10. (Fuvest-SP) A Coreia do Sul e a Coreia do Norte têm po-
pulações com a mesma composição étnica, mas mode-
los políticos e econômicos contrastantes.
Coreia
do Norte
1,8
Coreia
do Sul
32,4
Renda per capita Expectativa de vida
Em milhares de dólares Em anos
Coreia
do Norte
69,2
Coreia
do Sul
79,3
Gasto militar Internet
Coreia
do Norte
0,1
Em % da renda per capita Em no de usuários
para cada
100
habitantes
Coreia
do Norte
22,3
Coreia
do Sul
2,8
Coreia
do Sul
81,5
FONTE: Revista Exame, abr. 2013. Adaptado.
Com base nas informações acima e em seus conheci-
mentos:
a) descreva o processo de divisão política que levou à for-
mação desses dois países situados na península da Co-
reia, caracterizando seus respectivos regimes políticos;
A divisão da península coreana aconteceu no contexto da Guerra 
Fria (ordem bipolar) durante a Guerra da Coreia (1950-1953). ONorte foi apoiado pela União Soviética e China, enquanto o Sul 
foi apoiado pelos Estados Unidos. O resultado foi a divisão da 
nação em dois Estados com orientação política e econômica 
diferentes. A Coreia do Norte (República Democrática da Coreia) 
com regime socialista autoritário de partido único; e a Coreia 
do Sul (República da Coreia) com regime capitalista e com 
democracia pluripartidária na atualidade.
b) explique qual é a posição de cada um desses países 
em relação à questão nuclear atual;
A Coreia do Norte apresenta um programa nuclear com finalidade 
bélica e elevado gasto militar per capita, realizou testes nucleares 
subterrâneos (2006, 2009 e 2013) e abandonou o TNP (Programa 
de Não Proliferação Nuclear). Esse quadro tem gerado tensão com 
seus adversários geopolíticos: Estados Unidos, Japão e Coreia do 
Sul. A Coreia do Sul é contrária às investidas nucleares do norte, 
não apresenta armas nucleares, mas é aliada estratégica dos 
Estados Unidos, país detentor de armamento atômico.
c) explique a situação atual de cada um desses dois paí-
ses, no contexto das exportações mundiais. Justifique 
com exemplos. 
A Coreia do Norte é um país subdesenvolvido, embora tenha 
zonas industriais e alguns recursos minerais. A agricultura é pouco 
produtiva e o país frequentemente depende de ajuda externa 
para alimentar sua população. Portanto, as exportações norte-
-coreanas são muito modestas. A Coreia do Sul, país com alta 
renda per capita e acentuada penetração da internet, é um dos 
Tigres Asiáticos, sendo uma potência emergente do ponto de 
vista econômico e grande exportador de produtos industrializados 
de médio e alto valor agregado: máquinas industriais, eletrônicos, 
computadores, automóveis e navios. 
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Reformulação ou fim da Maré Rosa na América do Sul?
Maré Rosa é um termo que serviu para designar, no meio acadêmico, a ascensão de partidos enqua-
drados na denominada esquerda política, por toda a América do Sul, nos anos 2000. O termo explicita 
a ideia de que essa “esquerda” sofreu reformulações internas, passando da tonalidade vermelha para a 
rosa, isto é, perdendo parte de seu radicalismo originário na busca pela tomada e manutenção do poder. 
Esse fenômeno de ascensão de uma nova classe política ao Executivo Federal na maior parte dos países 
da região rompeu com uma tendência de décadas de governos mais tradicionais de centro e de direita, 
levando ao que alguns autores, como o acadêmico uruguaio da London School of Economics Francisco 
Panizza, denominaram de “Maré Rosa” (Panizza, 2006). Esse conceito tem como inspiração a chamada 
Onda Rosa, caracterizada pela ascensão de governos da denominada Terceira Via – especialmente, na 
Europa dos anos 1990 – sucedendo a governos de orientação conservadora, ao mesmo tempo em que 
buscavam uma reformulação da social-democracia, ajustada ao neoliberalismo. A definição desse novo 
conceito revela a transformação da esquerda sul-americana, conferindo-lhe um caráter menos radical e, 
por isso, não podendo ser caracterizado como uma maré vermelha. 
No entanto, os últimos anos vêm apontando uma possível mudança conjuntural no espaço geopolíti-
co sul-americano. De uma forma geral, a América do Sul parece estar sujeita a uma espécie de spillover 
político ou, em outras palavras, um efeito de transbordamento de ideias e práticas. Após diversos proble-
mas econômicos – especialmente, fiscais e monetários – ainda agravados pela redução mundial no preço 
das commodities (principal produto na pauta de exportação dessas economias), crescem as insatisfações 
sociais e políticas, reduzindo o grau de governabilidade de diversos países.
Na Argentina, o descontrole inflacionário e a insolvência fiscal prometem eleições presidenciais [de 2014] 
com um resultado mais afastado do chamado kirchnerismo. Com a formação histórica de um segundo turno 
em uma eleição bastante acirrada, o resultado aponta mais para uma derrota eleitoral do governista Daniel 
Scioli, que não logrou os 45% dos votos necessários, do que uma vitória de alcance do segundo turno com 
Mauricio Macri. Entre os dois candidatos, Scioli e Macri, respectivamente, atuais governador e prefeito de 
Buenos Aires – ambos empresários –, o último representa uma agenda mais liberalizante. No entanto, até 
Scioli, candidato com apoio explícito do governo argentino, tenta se dissociar discretamente do kirchnerismo, 
montando uma agenda própria e antecipando nomes de eventuais ministros. Seja governo ou oposição, no 
campo da política externa, a Argentina já aponta – a partir da plataforma política e discursos de ambos os can-
didatos finalistas – para uma agenda mais liberalizante, com a reativação de tratados comerciais do Mercosul 
e reaproximação com o Brasil no âmbito comercial. 
A Bolívia, por sua vez, afasta-se cada vez mais do bolivarianismo, adotando práticas macroeconômicas 
mais ortodoxas – com direito, inclusive, a elogios do Fundo Monetário Internacional –, mas misturadas 
também com políticas anticíclicas de investimento público. De uma forma ou de outra, os índices bas-
tante positivos de crescimento econômico boliviano, somados à sua recente adesão ao Mercosul como 
membro pleno em julho de 2015 e os últimos discursos do Executivo Federal, parecem demonstrar um 
incentivo a mais às possibilidades de investimento de capital privado e à liberalização do comércio via 
integração regional com os países do Cone Sul. 
Ao norte, a Venezuela compila crise diplomática com a Colômbia com as suas crises política e eco-
nômica internas, resultando na consolidação da decadência do chavismo na figura de Nicolás Maduro. 
[...] Ademais, juntamente com a Venezuela, o governo de Rafael Correa também tem sofrido diretamente 
com a queda internacional do preço do petróleo e o aumento do dólar, moeda adotada pelo Equador 
desde 2000 – uma contradição interna para o denominado “nacionalismo de esquerda” de Correa. Com 
a economia dolarizada, as exportações equatorianas perdem competitividade, o que dificulta a situação 
GOTAS DE SABER
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fiscal superavitária, importante para o gasto extra em políticas sociais. Com expectativa de estagnação ou 
crescimento negativo do PIB para 2015, fica claro que seu modelo de crescimento com base em variáveis 
externas tornam o Equador vulnerável. Impossibilitado de desvalorizar a sua moeda e dependente da flu-
tuação do preço do barril de petróleo, as margens de manobra para retorno do crescimento equatoriano 
ficam muito reduzidas. 
Está claro, a partir deste brevíssimo panorama, que a América do Sul segue vulnerável, tanto no 
âmbito econômico quanto no âmbito político, o que independe da vigência de governos de direita ou de 
esquerda, como a própria História nos mostra. Em época favorável de boom das commodities, os países 
sul-americanos deveriam ter levado a cabo reformas de estrutura produtiva. Contudo, pouquíssimo foi 
feito enquanto havia condição fiscal para tal. Como resultado, hoje, frente a um cenário desfavorável, as 
balanças comerciais desses países são diretamente afetadas. A questão que se coloca é menos se a crise 
da esquerda sul-americana é um desvio temporário – como defende o vice-governador boliviano, Álvaro 
García Linera – ou se é o fim da chamada Maré Rosa, e mais como se chegar a um maior desenvolvimento 
com redução da desigualdade nesses países, tão vulneráveis a crises econômicas externas e crises políticas 
internas com democracias ainda pouco maduras. 
Resta a esperança de que os governos sul-americanos, sejam eles caracterizados como esquerda ou 
direita, passem a se preocupar menos com a manutenção no poder e mais com a situação de seus países 
e populações. Uma saída interessante dessa atual conjuntura seria o investimento em uma integração 
real, que saiado plano das ideias e dos discursos, harmonizando políticas de crescimento com benefício 
conjunto. A integração é um imperativo para o fortalecimento das economias regionais e inserção mais 
sólida no sistema internacional, seja via comércio exterior seja por aumento de poder de barganha política 
e fortalecimento da imagem. 
Muitas vezes, tempos de crise são também tempos de oportunidade e de espaço para mudança, mas 
é necessário saber conquistá-los e agir antes que seja tarde. 
COSTA. Ariane. Reformulação ou fim da Maré Rosa na América do Sul? Disponível em: <www.cebri.org/portal/publicacoes/
cebri-textos/reformulacao-ou-fim-da-mare-rosa-na-america-do-sul;jsessionid=44ECF511E1083CBA122E4D7BF7CB36EC>. 
Acesso em: 3 maio 2016. Adaptado.
ANOTAÇÕES
 
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Módulo
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OBJETOS DO CONHECIMENTO
• Redução virtual das distâncias 
• Características dos diferentes modais de transportes
• Meios de comunicação: conectividade e simultaneidade 
HABILIDADES
• H21 - Identificar o papel dos meios de comunicação na construção 
da vida social.
• Problematizar as características positivas e negativas dos modais de trans-
porte.
• Avaliar os impactos dos avanços tecnológicos das telecomunicações no con-
texto da globalização.
Redes de 
transporte e
de comunica•‹o
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PARA COMEÇAR
Os fluxos materiais e imateriais na era da globalização
Ao longo dos últimos anos, especialmente a partir do início do século XX, ocorreram grandes 
transformações tanto nas tecnologias das comunicações como na dos transportes, o que acelerou 
o ritmo das mudanças espaciais. Nas comunicações, a difusão da telefonia, o surgimento do rádio 
e da televisão, do fax, da telefonia celular e da internet são alguns dos exemplos que fizeram au-
mentar a velocidade das trocas de informação (representando fluxos imateriais). 
Há alguns anos a internet possibilita a troca de mensagens instantâneas em pontos muito dis-
tantes entre si. Tal realidade levou muitas pessoas a avaliar em que havia ocorrido a “morte das 
distâncias” e que o mundo havia ‘encolhido’. De fato, a possibilidade de se estabelecer relações 
entre locais distantes ‘aproximou’ os espaços. Tem havido, portanto, uma redução virtual das 
distâncias no mundo.
Com os avanços tecnológicos das telecomunicações e dos meios de transporte, foi possível conectar mais 
intensa e rapidamente as pessoas em diferentes partes do mundo, “encurtando as distâncias”.
O mesmo vale para o sistema de transporte. O surgimento da aviação, a aceleração e o aumento 
da capacidade de carga dos navios, a expansão do rodoviarismo após a criação dos motores 
de combustão interna, os trens de alta velocidade e a ampliação de estruturas portuárias são 
exemplos de inovações que contribuíram para a intensificação da velocidade das trocas de mer-
cadorias e da circulação de pessoas (representando fluxos materiais). Essas novidades criaram as 
condições básicas para uma série de transformações importantes nas relações entre os diversos 
espaços. Podemos destacar, entre elas, o aumento do comércio internacional, tanto em volume 
de cargas como em valor; a consolidação da atividade turística internacional e a ampliação do 
fluxo migratório.
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1500-1840
1850-1930
Anos 1950
A melhor média de velocidade das carruagens
e dos barcos a vela era de 16 km/h
As locomotivas a vapor alcançavam em média 100 km/h;
os barcos a vapor, 57 km/h
Aviões a propulsão
480-640 km/h
Anos 1960
Jatos de passageiros
800-1100 km/h
Essa “aceleração contemporânea” nos sistemas de transporte e de comunicação fortaleceu e 
impulsionou o avanço do processo de globalização. No mercado financeiro, por exemplo, a velo-
cidade da informação é de fundamental importância para que as decisões sejam tomadas pelos 
donos do capital. O comportamento negativo de uma bolsa como a de Nova York é observado 
no mundo inteiro e influencia instantaneamente o comportamento de outras bolsas importantes 
como as de Londres e de Tóquio. Com a aviação, é possível estar em qualquer grande centro ur-
bano do mundo em algumas horas de viagem. As realidades econômicas, políticas e culturais são 
profundamente afetadas pela globalização.
Portanto, sem esse aparato logístico e sem as relações e as conexões criadas a partir dessas 
estruturas, o processo de globalização provavelmente não teria se consolidado, e as realidades 
políticas, econômicas e culturais poderiam ser bem diferentes. 
Recentemente, constatou-se que países como os Estados Unidos utilizam sua primazia tecnológi-
ca nos setores de informática e de telecomunicações como arma geopolítica. Com a justificativa 
de combater o terrorismo, o Estado e as empresas privadas violam a privacidade dos cidadãos 
através da espionagem. O mesmo parece acontecer contra líderes e empresas de outros países, 
de modo que se consiga obter vantagens estratégicas. O escândalo da espionagem norte-ame-
ricana veio à tona com as denúncias do ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional dos 
Estados Unidos (NSA, em inglês, National Security Agency) Edward Snowden e tem provocado 
reações de países como o Brasil e a Alemanha (ambos alvos da espionagem estadunidense), que 
cobraram providências da ONU. 
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O “encolhimento virtual 
do mundo” causado pelo 
avanço dos transportes 
e das telecomunicações 
aproxima mais as 
pessoas, os países 
e as empresas e foi 
fundamental para 
a consolidação da 
globalização econômica.
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COMPREENDENDO MELHOR
A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou por unanimidade, em dezembro de 2013, 
em votação simbólica, a proposta que estende à internet o direito à privacidade já previsto 
na Declaração Internacional dos Direitos. A resolução, copatrocinada por Brasil e Alemanha, 
não prevê punição para quem descumpri-la, mas tem o peso político de um texto apoiado por 
quase 200 países, inclusive o seu principal alvo, os Estados Unidos.
A resolução conclama os Estados-membros da ONU a respeitarem e assegurarem o res-
peito à privacidade e determina que os cidadãos não podem “ser submetidos a ingerências 
arbitrárias ou ilegais em sua vida privada, em sua família, em seu domicílio ou em sua corres-
pondência”. Reconhece que o exercício do direito à privacidade é importante para a realização 
do direito à liberdade de expressão e está na base das sociedades democráticas e ainda exige 
que os países revejam seus procedimentos e seus conceitos de segurança.
A proposta, inicialmente apenas brasileira, começou a ser desenhada depois das revelações 
de Edward Snowden de que os Estados Unidos espionavam governos, cidadãos e empresas de 
países, aliados ou não, e que o Brasil era um de seus alvos preferenciais. A proposta, feita pela 
presidente Dilma Rousseff na abertura da Assembleia Geral em setembro, foi recebida com 
indiferença até que se descobriu que Alemanha, México, França, Espanha e outros países eu-
ropeus também estavam sendo vigiados. Quando descobriu que até mesmo o celular pessoal da 
chanceler Angela Merkel estava sendo vigiado, a Alemanha decidiu copatrocinar a resolução. [...]
Disponível em: <http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2013/12/bonu-aprova-propostab-
do-brasil-e-da-alemanha-contra-espionagem.html>. Acesso em: 5 maio 2016. Adaptado.
Podemos observar na saúde pública problemas que também se relacionam ao incremento e à maior 
utilização das redes de transportes e de comunicação. Em 2016, o número de brasileiros infecta-
dos pelo zika vírus chamou a atenção da opinião pública. Muitos pesquisadores acreditam que 
Edward JosephSnowden 
tornou públicos, em 2013, 
diversos detalhes sobre os 
programas que constituem o 
sistema de vigilância global 
da Agência de Segurança 
Nacional dos Estados Unidos 
(NSA). Atualmente, o analista 
de sistemas encontra-se 
asilado na Rússia.
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o vírus tenha se deslocado das ilhas da Micronésia até a Polinésia francesa, chegando então ao 
Brasil por meio da enorme quantidade de turistas que visitou o país durante a Copa do Mundo 
de 2014. É inegável que o turismo tem uma importante contribuição para o desenvolvimento so-
cial e econômico dos países, mas o intenso intercâmbio populacional que surge com as viagens 
entre diferentes pontos do mundo, cada vez mais frequentes, também facilita a proliferação de 
doenças, que somadas a características como a pobreza nas cidades, a negligência no desenvol-
vimento de tratamentos e a precariedade dos sistemas de saúde potencializa as chances de que 
epidemias se transformem em verdadeiras pandemias.
COMPREENDENDO MELHOR
Diz-se que há uma  epidemia  quando uma doença infecciosa transmissível que ocorre 
numa região se espalha rapidamente entre pessoas de outras regiões, originando ali um grande 
número de casos da doença, chamado surto epidêmico [...]. A gripe aviária e a infecção pelo ví-
rus ebola são exemplos recentes de epidemia.
Existe uma pandemia quando uma doença contagiosa se espalha em grandes proporções, 
por um ou mais continentes ou pelo mundo, causando inúmeras mortes e, eventualmente, 
destruindo cidades ou regiões inteiras. Uma pandemia ocorre devido ao aparecimento de uma 
doença nova para a qual a população não tenha resistência ou quando o agente infeccioso se 
espalha facilmente. A Aids e a gripe espanhola, por exemplo, são exemplos de pandemias.
ABC.MED.BR, 2014. Quais são os significados e as diferenças de endemia, epidemia e pandemia? Disponível em: <www.abc.med.
br/p/561642/quais-sao-os-significados-e-as-diferencas-de-endemia-epidemia-e-pandemia.htm>. Acesso em: 3 abr. 2016.
Seriam o rápido avanço das doenças e as interceptações de mensagens por meio da espionagem 
algumas das faces mais perversas da “aceleração contemporânea”? 
Neste módulo, também abordaremos os principais meios de transporte e suas adequações, para 
conhecer as bases de seu funcionamento, estabelecer suas principais vantagens e desvantagens, 
além de analisar seus custos iniciais e finais e o impacto desses custos sobre o valor dos produtos.
Tipos de modais
É importante levar em consideração que não existe um tipo de modal de transporte que seja ideal para 
toda e qualquer situação. A escolha deverá ocorrer especificamente para cada região, levando em conside-
ração a finalidade do transporte. Por exemplo: o transporte rodoviário é totalmente viável e é mais adequado 
em países como a Alemanha, que possui um território relativamente pequeno, menor do que no Brasil, que 
possui dimensões territoriais continentais. Não podemos imaginar, contudo, a viabilidade da implantação de 
uma rede hidroviária em um país com clima desértico. 
Considerando características, vantagens e limitações inerentes aos diferentes tipos de transporte, perce-
bemos que os sistemas viários que integram dois ou mais tipos de veículos são extremamente eficientes. Tais 
sistemas são chamados de intermodais e vêm sendo implantados de modo crescente no mundo.
PARA APRENDER
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Rodovias
O sistema de transporte rodoviário baseia-se na construção de vias expressas de rodagem em curta, 
média ou longa distância. O deslocamento de mercadorias é feito essencialmente em caminhões ou veí-
culos utilitários e o deslocamento de pessoas é feito principalmente em automóveis pessoais, motocicletas 
ou ônibus.
A grande vantagem do modelo rodoviário é a flexibilidade que ele proporciona. Em nenhum outro meio 
de transporte é possível a entrega de mercadorias no sistema “porta a porta”. Essa flexibilidade, aliada à 
agilidade do transporte rodoviário, faz dele um modelo de excelência, principalmente quando se trata de 
cargas perecíveis.
Outra vantagem das rodovias está no baixo custo de implantação das estradas e terminais rodoviários 
quando comparado ao custo das ferrovias ou de terminais ferroviários e/ou portuários. Por isso, as rodovias 
costumam ser priorizadas por países com poucos recursos disponíveis para investir no setor de transportes. 
Existem, contudo, desvantagens desse modelo que não podem ser esquecidas. O modal rodoviário tem 
baixa capacidade de carga: são necessários muitos caminhões para transportar a mesma carga transportada 
por apenas um trem ou um navio. Isso demanda número maior de viagens por parte dos caminhoneiros e, 
por consequência, maior consumo energético. O gasto de energia aumenta o custo final do modal rodoviá-
rio, o que eleva o valor dos produtos transportados e os torna menos competitivos. Isso contribui para elevar 
o chamado custo país. (Veja o boxe Compreendendo melhor na página seguinte.)
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A integração de 
diferentes modais de 
transporte possibilita 
a utilização dos pontos 
positivos de cada um 
deles para a realização 
do transporte de um 
determinado produto, 
barateando-o. No mundo 
globalizado, essa tem 
sido a principal saída para 
a redução dos custos.
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As rodovias também exigem manutenção constante de seus pavimentos e de sua sinalização. Essa manu-
tenção é cara, especialmente quando se tem rodovias de longa extensão e em ambientes úmidos e chuvosos, 
tendo em vista a ação do intemperismo sobre o asfalto. Como o consumo energético aumenta de acordo com 
as distâncias percorridas, recomenda-se o uso do modelo rodoviário de transporte para curtas distâncias.
As maiores vantagens do 
transporte rodoviário são a 
flexibilidade e a capacidade 
de entrega de cargas “porta a 
porta”. Sua baixa capacidade 
de carga, porém, o torna 
um meio de transporte de 
complementação de outros 
meios de transporte. Na foto, 
transportadora japonesa 
realizando entrega, em 2015.
Autobahn é o nome do sistema de rodovias existentes da Alemanha. Em alguns trechos rodoviários bem conservados não há limite 
de velocidade.
COMPREENDENDO MELHOR
O custo país é um cálculo feito sobre os custos que cada país apresenta para a produção e a comercialização 
de qualquer produto e/ou serviço. Ele analisa as dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que encare-
cem o investimento, o que pode dificultar o desenvolvimento nacional, aumentando o desemprego, o trabalho 
informal, a sonegação de impostos e a evasão de divisas. A utilização de um meio de transporte inadequado, ou 
seja, mais caro, para o deslocamento de um produto tende a encarecê-lo, diminuindo sua competitividade interna-
cional. Como exemplo disso temos os agricultores brasileiros, que gastam aproximadamente de três a cinco vezes 
mais do que os argentinos e os norte-americanos para transportar seu produto do campo para o porto utilizando 
rodovias. A comparação com os Estados Unidos é bastante interessante, pois, assim como o Brasil, trata-se de um 
país de grandes dimensões; o sistema ferroviário ali, no entanto, é amplamente utilizado. Veja o gráfico a seguir e 
observe como o elevado custo do transporte no Brasil encarece a exportação de produtos para a China.
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É importante não confundir o custo país (ou custo Brasil, quando aplicado ao Brasil) com o risco país (risco 
Brasil). O segundo é um indicador financeiro calculado por agências de risco, como a Moody’s, a Standard 
& Poor´s e a Fitch Ratings. A partir de critérios políticos e econômicos, essas agências classificam os países 
conforme o grau de segurança que os seus governos oferecem aos investidores estrangeiros.
Ferrovias
O sistema de transporte ferroviário é baseado no deslocamento de veículos desenvolvidos para transitar 
sobre as vias férreas. Esses veículos podem ser trens, bondes, comboios e vagonetes, que são vagões com 
tração própria. As vias férreas são constituídas de carris (trilhos) paralelos e as distâncias entre os trilhos são 
denominadas bitolas.
Por terem um traçado fixo, as ferrovias não são capazes de atender demandas “porta a porta” como 
as rodovias. A construção de terminais de embarque e desembarque de pessoas e mercadorias são bem 
mais caras e a construção das vias férreas em si são mais dispendiosas do que as rodovias. As operações de 
embarque e desembarque também são mais complexas e mais caras do que o carregamento ou o descar-
regamento de um caminhão. No entanto, a ferrovia possui vantagens que o modelo rodoviário não possui.
As ferrovias possuem alta capacidade de carga. Para o transporte de passageiros, as vantagens são imen-
sas, pois os trens comportam muito mais passageiros do que os ônibus de viagem, além de possibilitarem, 
em alguns casos, mais conforto para os viajantes. Nas grandes cidades, o enorme fluxo de pessoas é faci-
litado pela implantação de trens e metrôs. As malhas de trens urbanos devem ser integradas às de ônibus, 
barcas, etc. para serem ainda mais eficientes.
FONTE: Centrogrãos; Caramuru and Soy Transport Calition; BCR Rosário.
Sorriso, Brasil
US$ 129/Ton
Caminhão
Caminhão
Hidrovia
US$ 38/Ton
US$ 25/Ton
US$ 45/Ton
US$ 174/Ton
US$ 66/Ton
US$ 102/Ton
US$ 46/Ton
US$ 71/Ton
China
Santos, Brasil
Illinois, EUA New Orleans, 
EUA
Córdoba, 
Argentina
Rosário, 
Argentina
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Atualmente, há trens bem mais rápidos do que 
ônibus ou automóveis pessoais. O francês TGV (Train 
à Grande Vitesse – trem de grande velocidade), o 
espanhol AVE (Alta Velocidad Española – alta veloci-
dade espanhola) e o alemão Maglev (Magnetic Levi-
tation Transport – transporte de levitação magnética) 
implantados em Xangai, na China, são exemplos de 
trens que atingem 300 km/h. Alguns trens já ultrapas-
saram a velocidade de 580 km/h; tais modelos só não 
concorrem mais intensamente com a aviação por con-
ta de seus custos extremamente elevados.
Os trens de alta velocidade 
têm sido uma excelente 
opção para o transporte de 
pessoas e de mercadorias 
de alto valor e/ou perecíveis 
em relação a outros meios 
de transporte. No caso 
francês, o TGV proporcionou 
uma descentralização das 
indústrias e dos serviços 
da cidade de Paris em 
direção às cidades mais 
distantes e mais periféricas 
da França. O sistema se 
mostrou interessante por 
integrar o centro das cidades 
com um tempo de viagem 
considerado excelente, além 
de ser mais prático do que 
o aeroviário, que deixa os 
passageiros em aeroportos 
muito distantes do centro. 
Na foto acima temos um 
trem TGV a caminho de 
Estrasburgo; a imagem 
ao lado mostra o mapa 
das linhas de trem de alta 
velocidade na Europa.
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VISÃO GEOGRÁFICA
VLT: Veículo Leve sobre Trilhos
O VLT é um tipo de transporte ferroviário de média capacidade. Os trens operam levando entre 10 e 30 mil 
passageiros por hora e sentido, ou seja, mais que o ônibus convencional e menos que o metrô. Esse sistema 
sobre trilhos traz características dos antigos bondes, muito comuns nas cidades brasileiras até meados do século 
XX. No entanto, o novo bonde aparece agora com tecnologia mais eficiente, permitindo ao veículo que seja mais 
leve, econômico e capaz de emitir menor ruído sonoro. Diferentemente do metrô, ele não apresenta elevados 
custos com perfuração e desapropriação, pois é superficial e geralmente seu traçado é implementado junto 
às vias públicas já existentes. Na Europa, os VLTs são chamados tram e transportaram mais de 120 milhões de 
passageiros em 2012. Em 2011, o comprimento da rota do sistema atingiu quase 140 km, tornando-se uma das 
maiores redes de transportes do continente.
Legenda:
 310 - 320 km/h 190 - 200 mph
 270 - 300 km/h 165 - 185 mph
 240 - 260 km/h 150 - 160 mph
 200 - 230 km/h 125 - 145 mph
 < 200 km/h < 125 mph
 Em construção/
aprimoramento
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Apesar de o consumo energético das ferrovias em geral ser alto, quando se compara a relação entre 
consumo de energia e carga transportada as ferrovias têm larga vantagem diante das rodovias. Se o modal 
ferroviário possui um custo inicial mais alto, esse custo não cresce tanto com o aumento das distâncias.
O efeito dessa relação positiva, portanto, é um valor final mais baixo para os produtos transportados, o 
que aumenta a competitividade das mercadorias. Ou seja, se as cargas a serem transportadas forem muito 
volumosas e as distâncias a percorrer forem grandes, o modelo ferroviário pode ser uma excelente opção. 
Cargas pesadas e longas distâncias se enquadram bem no perfil de países com extensos territórios, como 
Brasil, Estados Unidos, Índia, China e Rússia. 
No Brasil, além 
da menor malha 
ferroviária, 
os trens 
apresentam 
menor 
velocidade 
média.
FerroviasExtensão: 225000 km FerroviasExtensão: 64000 km FerroviasExtensão: 29000 km
CHINA BRASILESTADOS UNIDOS
N
770
km
0
N
990
km
0
N
980
km
0
Velocidade média nas ferrovias (km/h)
China BrasilEstados Unidos
0 60
km/h
10 50
20 40
30
0 60
km/h
10 50
20 40
30
0 60
km/h
10 50
20 40
30
FONTE: Instituto Ilos; Confederação Nacional do Transporte; Empresa de Planejamento em Logística e Macrologística.
Hidrovias e cabotagem
As hidrovias são, conceitualmente, caminhos ou rotas preestabelecidas para o tráfego em ambientes 
aquáticos como rios, lagos, mares e canais de navegação artificiais. O sistema hidroviário de transporte, 
portanto, baseia-se na navegação de embarcações de diferentes tipos e tamanhos por essas rotas aquáticas. 
Entre as principais vantagens do modelo hidroviário estão a elevada capacidade de carga e o baixo consumo 
energético em relação à carga transportada.
A evolução da engenharia naval permitiu o surgimento de navios com imensa capacidade de carga nas 
últimas décadas do século XX. São os superpetroleiros e os supergraneleiros. A possibilidade de deslocar 
tamanha quantidade de carga em apenas uma viagem reduziu drasticamente os custos dos transportes. 
Isso foi fundamental para alavancar o crescimento da economia mundial e a globalização, mas, principal-
mente, para os países que dependem de matérias primas de alto volume, como o Japão.
Se o transporte em navios grandes demanda tão alto consumo de energia, a relação dessa energia com a car-
ga transportada é bastante positiva em comparação aos outros meios de transporte, o que reduz o valor final dos 
produtos transportados. Os custos também são reduzidos por outras razões: na navegação oceânica não é preciso 
construir hidrovias, apenas os portos para embarque e desembarque. O caminho das embarcações é natural. 
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Na navegação fluvial, eventualmen-
te são necessárias obras de aprofunda-
mento do leito dos rios, de retirada de 
rochas do fundo, construção de eclusas 
para ganhar navegabilidade nos desní-
veis

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