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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA – UNIPAMPA CAMPUS SANTANA DO LIVRAMENTO - RS CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS O AVANÇO DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOB GETÚLIO E JUSCELINO Prof. Altacir Bunde E-mail: altacirbunde@unipampa.edu.br Santana do Livramento – RS – Outubro de 2020 INTRODUÇÃO ➢ Ao longo do século XX o Brasil transitou de uma economia agroexportadora para uma economia de base industrial. Tal movimento foi acompanhado por um debate longo e abrangente, envolvendo vários tipos de discussões sobre o papel do setor exportador brasileiro no desenvolvimento, o papel e a estrutura ao Estado necessária a este desenvolvimento, as condições e formatos das políticas monetárias e fiscais, ente outras. ➢ Neste período ganhou novo fôlego o chamado “ciclo ideológico do desenvolvimentismo”, que se originou em 1930, experimentou um auge a partir de 1945 e entrou em crise no início da década de 1960. ➢Para alguns pensadores a forma assumida pela industrialização brasileira, de 1930 a 1960, também pode ser chamado PSI. Dois governos se destacaram neste período: Getúlio Vargas e Jucelino Kubitschek (JK). ➢Os dois governos de Getúlio Vargas e depois de JK encarregaram-se dessa tarefa instalando um sistema de transportes que ligasse os Estados brasileiros, o que terminou aumentando o fluxo de mercadorias e pessoas entre os mesmos. ➢Os produtos industriais produzidos sobretudos na região sudeste alcançou outras regiões do Brasil, causando a falência de indústrias que não conseguiam competir, e estabelecendo um forte centro econômico e industrial em São Paulo e Rio de Janeiro. ➢ Vargas, que representava os conceitos e anseios da Revolução de 1930, passou a investir fortemente na criação da infraestrutura industrial: indústria de base e energia, e criou diversas companhias decisivas para a industrialização, como, a Companhia Siderúrgica Nacional (1941), a Companhia Vale do Rio Doce (1943) e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945). ➢ O governo de Vargas, ainda em seu primeiro governo, também criou leis trabalhistas que satisfizessem os trabalhadores e que terminaram preparando o país para a organização no crescimento das indústrias, como foi o caso da CLT. ➢ Cabe ressaltar que a partir de 1946, quando o General Eurico Gaspar Dutra assumiu a presidência do Brasil este adotou política econômica inspirada no liberalismo e na empresa privada. ➢ Nesse governo, não houve incentivos para o crescimento industrial nacional. ➢ A industrialização ocorrida durante os anos de 1946-1950 foi resultado do processo em curso e não da política adotada pelo governo Dutra. ➢ A política adotada pelo governo Dutra possibilitou “[...] a reintegração do subsistema econômico brasileiro, no âmbito do sistema econômico mundial, sob a hegemonia dos Estados Unidos.” (Ianni, 1986, p.101). ➢ Segundo Luiz Gonzaga Belluzzo (2009), o processo de industrialização no Brasil começou quando Getúlio Vargas reagiu à derrocada dos preços do café, com políticas de defesa da economia nacional: a compra dos estoques excedentes e a moratória para as dívidas dos cafeicultores. ➢ Estas medidas e a desorganização do mercado mundial – provocada pela depressão e depois pela guerra – ensejaram um forte impulso à industrialização do país, é a abertura do período “desenvolvimentista”. ➢ Para Belluzzo (2009), o segundo conflito mundial, ampliou as oportunidades de crescimento da indústria de bens de consumo não-duráveis (têxteis, calçados, alimentos e bebidas) e de alguns insumos processados, como óleos e graxas, vegetais e ferro gusa. ➢ Estes setores cresceram rapidamente não só para suprir a demanda doméstica, mas também para atender às exportações. ➢ Ainda durante a guerra, o presidente Getúlio Vargas negociou com os americanos a construção da siderúrgica de Volta Redonda. ➢ Este empreendimento, crucial para as etapas subsequentes da industrialização brasileira, entrou em operação em 1946. ➢ Terminado o conflito mundial em 1945, caiu a ditadura de Vargas. ➢ O governo eleito do general Dutra herdou reservas elevadas em moeda forte, acumuladas durante a guerra e queimou o dinheiro com uma política liberal de comércio exterior. ➢Para o autor, a grande Depressão dos anos 1930 e a 2ª Guerra Mundial foram experiências terríveis vividas pelas sociedades modernas no século XX. ➢As lideranças políticas intelectuais e religiosas que sobreviveram aos dois cataclismos estavam dispostas a impedir a repetição da tragédia que levou milhões de pessoas à falência, ao desemprego e, depois, as submeteu ao terror do totalitarismo nazifascista e à morte. ➢ Americanos e europeus, socialistas e democrata-cristãos concordavam, então, que o capitalismo e a democracia só poderiam conviver e sobreviver sob duas condições: 1.se as forças destrutivas que levaram ao colapso da economia fossem controladas pelo Estado e pela sociedade; 2.se os riscos e desigualdades produzidos pela operação dos mercados fossem contrabalançados por ações destinadas a criar e defender os direitos econômicos e sociais das classes não proprietárias. ➢Nos países periféricos, predominantemente exportadores de produtos primários, acentuaram-se os movimentos em prol do desenvolvimento da indústria. ➢A industrialização era vista como a única resposta adequada aos inconvenientes da dependência da demanda externa. ➢A renda nacional dependia da exportação de produtos sujeitos à tendência secular de queda de preços e flutuações cíclicas da demanda. ➢A economia brasileira havia mudado e evoluído entre 1930 e 1945. O fazendão atrasado e melancólico cedia espaço para a urbanidade industrial incipiente. ➢Mas, a velha economia primário-exportadora deixou uma herança de deficiências na infraestrutura – energia elétrica, petróleo, transportes, comunicações –, nas desigualdades regionais e na péssima distribuição de renda. ➢ Eleito em 1950, Getúlio Vargas retomou o projeto desenvolvimentista. ➢ Lançou em 1951 o Plano de Eletrificação, criou o BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) em 1952, a Petrobrás em 1953. ➢ O avanço da industrialização só poderia ocorrer com a modernização dos setores já existentes e constituição de departamentos industriais que produzissem equipamentos, componentes, insumos pesados e bens duráveis. ➢ Getúlio cometeu suicídio em 24 de agosto de 1954. JUSCELINO KUBITSCHEK (1956 – 1961) ➢Depois de Vargas, o governo de Juscelino Kubitschek (1956 – 1961) também trouxe projetos governamentais em relação ao crescimento industrial, que ganhou maior dimensão com a criação de medidas alfandegárias, propiciando, assim, a vinda de empresas internacionais para o Brasil. ➢ Seu Plano de Metas incentivou a produção industrial, que crescia aceleradamente, e o governo de JK concentrou atenções em investimentos na área de energia e de transportes. ➢Na época, diversas empresas multinacionais investiram no Brasil, entre elas notavelmente a montadora de automóveis Volkswagen, entre outras. ➢Para Belluzzo (2009), com a morte de Vargas, as eleições de 1955 transcorreram num ambiente turbulento. ➢As forças que levaram Vargas ao suicídio no ano anterior tentaram impedir a posse de Juscelino Kubitschek, eleito em 1955. ➢No poder, JK prometeu avançar 50 anos em 5. Segundo o autor, pode-se dizer que cumpriu a promessa. Governou sob a orientação do Plano de Metas elaborado a partir de dois estudos: o da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos e o da Comissão Mista BNDE-CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). ➢O Plano de Metas contemplava cinco prioridades: energia, transportes, alimentação, indústrias de base e educação. ➢O governo concentrou os gastos na infraestrutura. ➢A construção de Brasília e a abertura de estradas, como a Belém- Brasília, integravam o projeto de interiorização do desenvolvimento. ➢No governo JK foram constituídos os grupos executivos, coordenados pelo conselho nacional de desenvolvimento, compostos por empresários dosetor privado e de técnicos do BNDE, com o propósito de coordenar os programas de investimento e a divisão do trabalho entre o capital estrangeiro e o nacional nas diversas áreas. Essa era a tarefa dos grupos executivos criados na época. ➢Em 1958 foi criada a SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) com o propósito de promover o desenvolvimento naquela região. ➢O Plano de Metas articulou as ações do governo, do setor privado nacional e do capital produtivo internacional, que já experimentava uma forte expansão. ➢A grande empresa americana movimentava-se dos Estados Unidos para a Europa, então em reconstrução. ➢Ao mesmo tempo, as companhias europeias, em maior número, e as americanas transladavam suas filiais para os países em desenvolvimento dotados de estruturas produtivas mais avançadas e que apresentavam taxas de crescimento mais elevadas. ➢O Brasil, entre 1956 e 1960 cresceu em média 7% ao ano. ➢No período desenvolvimentista, ou seja, nos governos Vargas e JK foram travadas as batalhas decisivas pela consolidação do processo de industrialização. ➢Juscelino ganhou os duelos que Getúlio concebeu. ➢O “desenvolvimentismo” como projeto de um capitalismo nacional cumpriu o seu destino através do Plano de Metas. ➢ O projeto juscelinista integrou a economia brasileira ao vigoroso movimento de internacionalização do capitalismo do pós-guerra. ➢ A análise do Plano de Metas explicita a concepção de um bloco integrado de investimentos na infraestrutura, no setor de bens de capital e de bens de consumo duráveis. ➢ As inovações institucionais consubstanciadas nos Grupos Executivos conferiram plasticidade ao aparelho econômico do Estado. ➢ Juscelino tomou posse em 1956 e atravessou o mandato sob as ameaças do golpismo antinacional, o mesmo que foi frustrado pelo suicídio de Getúlio em 1954 e que conseguiu submeter o país na quartelada de 1964 (Belluzzo, 2009). ➢Para Lacerda, Bocchi; Rego; Borges e Marques (2000), a experiência brasileira de planejamento estatal, consubstanciada no Plano de Metas do governo JK, é considerada um caso bem-sucedido de formulação e implementação de planejamento. ➢Além dos amplos projetos de infraestrutura, o Estado conseguiu articular grande somas de investimentos privados de origem externa e interna, destinadas as áreas como indústria automobilística, construção naval e construção aeronáutica, tomando apenas setores em que o transbordamento dos efeitos interindustriais das cadeias produtivas, a montante e a jusante, são extremamente importantes. ➢ O governo JK usou o instrumental do planejamento, para sintetizar a sua proposta política de desenvolvimento acelerado. ➢ Naquele momento, a ideologia desenvolvimentista, verdadeiro sinônimo de industrialização, tornou-se mundialmente, a chave e a palavra de ordem para escapar do chamado subdesenvolvimento. ➢ Na corrida para o desenvolvimento industrial caberia avançar na construção do departamento I, propiciando a implantação das indústrias produtoras de bens duráveis, como a emblemática indústria automobilística. ➢ Contrariamente ao projeto nacionalista de Vargas, havia uma clara aceitação da predominância do capital externo, limitando-se o capital nacional ao papel de sócio menor deste processo. ➢ Os grandes investimentos estatais em infraestrutura, bem como empresas estatais do setor produtivo, estariam a serviço da acumulação privada. ➢ No entanto, um olhar mais critico sobre o período, revela que JK deixaria para seus sucessores a parte ruim dos “50 anos em 5”: a inflação alta, o déficit público elevado e a deterioração das contas externas, na certeza de encontrar, cinco anos mais tarde, um país saneado, mas estagnado, pronto para reconduzi-lo a mais cinco anos de desenvolvimentismo presidencial. Trata-se de estratégia de triste recorrência na história administrativa do país (em todas as esferas de governo), que apenas lentamente vem sendo superada (Giambiagi; Villela; Castro e Hermann, 2011). ➢ Dessa forma, pode-se dizer que com medidas políticas adotadas tanto por Vargas como JK a indústria no Brasil experimentou momentos de grande crescimento, organização e prosperidade, seja através do processo de substituição de importações ou pelo desenvolvimentismo, depende de como queiramos analisar o período. ➢ Da mesma maneira, seus projetos nacional- desenvolvimentistas, apesar de antagônicos em suas ideologias e modos de execução, visavam o mesmo objetivo. ➢ Assim, Vargas e JK na constituição e direção política de seus governos atuaram, utilizando-se da totalidade dos seus poderes e inferindo em todos os setores que compreendem o país entre 1930 e 1945 e 1950 e 1954 com Vargas e 1956 e 1961 com JK. Plano de Metas: revisão O Plano de Metas (1956-1960) ➢ O Plano de Metas é uma fase importante do PSI ➢ Mas a lógica do Plano de Metas vai além do PSI, já que a industrialização por ele promovida não é apenas uma reação ao estrangulamento externo. ➢ Alguns investimentos setoriais serviam para atacar alguns pontos de estrangulamento, outros setores eram tomados como pontos de germinação. Pontos de estrangulamento: áreas de demanda insatisfeita em função das características desequilibradas do desenvolvimento econômico. Pontos de germinação: áreas que geram demanda derivada. ALGUNS ASPECTOS RELATIVOS AO PLANO DE METAS ➢O plano pode ser dividido em alguns pontos chaves: i. investimentos estatais em infraestrutura (transporte e energia elétrica). ii. estímulo ao aumento da produção de bens intermediários (aço, carvão, cimento, zinco). iii.incentivos à introdução de setores de consumo duráveis (automóveis) e de capital. iv.Crescimento da presença das empresas multinacionais http://2.bp.blogspot.com/_lOSe7CxJx6Q/SYEA3YXZnbI/AAAAAAAAAqY/FOo_hmxqLxA/s400/Populismo+-+Charge+faz+cr%C3%ADtica+%C3%A0+pol%C3%ADtica+industrial+de+JK,+jornal+Ultima+Hora,+15+de+dezembro+de+1956..jpg Ano PIB Indústria Agricultura Serviços 1955 8,8 11,1 7,7 9,2 1956 2,9 5,5 -2,4 0 1957 7,7 5,4 9,3 10,5 1958 10,8 16,8 2 10,6 1959 9,8 12,9 5,3 10,7 1960 9,4 10,6 4,9 9,1 1961 8,6 11,1 7,6 8,1 Fonte: IBGE Taxas de crescimento do Produto e setores 1955-1961 taxas de crescimento da produção industrial no Plano de Metas 1955/62: materiais de transporte: + 711%; materiais elétricos e de comunicações: + 417%; têxtil: + 34%; alimentos: + 54%; bebidas: + 15%. PROBLEMAS: A HERANÇA DE JK Herança JK: Desequilíbrio fiscal ◼Déficit sobe de 1 para 4% do PIB ◼Metas e café ◼ Congresso – criação de despesas sem cobertura ◼Problemas de financiamento ◼ Orçamento esgota ◼ Elevação de impostos – problema com qualidade (eficiência) Deterioração BP ◼Queda dos Termos de Troca ◼Queda de exportação de café e aumento nas remessas ao exterior (dividendos, juros e amortizações) Inflação Transição: crescimento elevado A ESTABILIZAÇÃO COM JK ➢ Alckmim ➢Busca apoio do FMI – recursos externos ➢Exigência de estabilização – ajuste interno ➢Proposta de Alckmim – ajuste clássico - não aceito (externa e internamente) ➢Diminuição de gastos (custeio e investimento) ➢Restrições a elevações salariais ➢Não financiamento estocagem de café ➢Lucas Lopes assume o ministério ➢PEM PEM – PLANO DE ESTABILIZAÇÃO MONETÁRIA PEM – inaugura gradualismo ◼Combate gradual ◼Mantém aspectos anteriores mas com menor intensidade ◼Evita corte de investimentos (custeio), aumento de impostos ◼Correção de desequilíbrios (reajustes de tarifas) – inflação corretiva ◼Relativo aperto creditício – tetos Problemas com instrumentos de política monetária ◼Mesmo gradualismo – conflito PEM x Metas Também reações interna e externas Rompe com FMI e queda Lucas Lopes Sebastião de Almeida - descontrole QUESTÕES POLÍTICAS NO FIM JK Mudanças no cenário sindical Continuidade da penetração de movimentos que buscam maior autonomia sindical frente as ações do governo: cresce politização do setor e parte do operariado escapa ao controle◼Problema na renovação das lideranças ◼Novos setores/regiões (ABC-SP) ◼Organizações paralelas: ◼ PUI: Pacto de Unidade Sindical: SP – privado ◼ PUA: Pacto de Unidade e Ação: RJ – publico Início da movimentação no campo ◼Ligas camponesas no NE Polarização volta a crescer
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