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DIDÁTICA E PRÁTICA DO ENSINO DA GEOGRAFIA Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autor: Arlindo de Souza CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Cristina Danna Steuck Profa. Jociane Stolf Revisão de Conteúdo: Prof. Vilmar Klemann Revisão Gramatical: Profa. Marli Helena Faust Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2010 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 910 S7293d Souza, Arlindo de. Didática e Prática do Ensino da Geografia/ Arlindo de Souza. Centro Universitário Leonardo da Vinci - Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2010.x ; 89. p.: il Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-250-4 1. Geografia - Didática 2. Ensino de Geografia I. Centro Universitário Leonardo da Vinci II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título Arlindo de Souza Mestrado em Educação pela FURB – Universidade de Blumenau – 1997; Especialização em Geografia Humana pela UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí – 1988; Graduado em Geografia, Licenciatura pela UNIVALI, 1974; Professor de Geografia no Ensino Fundamental e Médio, nas redes públicas estadual e municipal, e particular, por 30 anos; Professor Universitário, desde 1992, das disciplinas de: Metodologia do Ensino da Geografia, Prática do Ensino da Geografia, Prática docente – projetos integrados e Orientador de TCC; Ocupou as funções de Diretor, Coordenador da área de Geografia na Secretaria Regional de Estado da Educação e Desporto de Santa Cataria em Blumenau e Coordenador do Curso Superior de Geografia da UNIVALI; Co-autor de três livros: documentos norteadores da Proposta Curricular de Santa Catarina: Disciplinas curriculares; Formação docente e Temas transversais (1988-1998); Autor do livro didático: Metodologia do ensino da geografia da UNIVALI. Sumário APRESENTAÇÃO ..................................................................... 7 CAPÍTULO 1 As Tendências Pedagógicas no Ensino da Geografia ....... 9 CAPÍTULO 2 O Uso de Recursos Didáticos para o Ensino da Geografia: Aplicação dos conhecimentos Teórico-Metodológicos 23 CAPÍTULO 3 Análise de Bibliografias na Área da Geografia ............... 47 CAPÍTULO 4 Instrumentos de Avaliação de Aprendizagem na Geografia ......................................................................... 61 CAPÍTULO 5 As Perspectivas Sócio–Históricas Relativas à Formação Docente ............................................................ 71 CAPÍTULO 6 A Reflexão-Ação na e Sobre a Prática Pedagógica do Ensino de Geografia ............................................................ 81 APRESENTAÇÃO Prezado(a) aluno(a) O presente Caderno de Estudo, da disciplina Didática e Prática do Ensino da Geografia, Curso de Pós-Graduação – Especialização em Metodologia de Ensino de Geografia, na modalidade a distância, da UNIASSELVI, tem por objetivo apresentar conhecimentos teórico-práticos que possam auxiliar os seus estudos sobre a Geografia e o seu ensino. Compreender a Geografia e seu modo de ensinar, em seus diferentes aspectos, bem como apresentar novos caminhos, ajuda na construção da ciência geográfica. Conscientes da necessidade de atualizar e aprofundar questões referentes à Geografia e ao seu ensino, e para ajudá-lo nesta caminhada do conhecimento, colocamos à sua disposição seis capítulos com informações, orientações sobre As tendências pedagógicas no ensino da Geografia, O uso de recursos didáticos para o ensino da geografia, Aplicação dos conhecimentos teórico-metodológicos, Análise crítica das bibliografias existentes na área de geografia, Instrumentos de avaliação de aprendizagem na geografia, As perspectivas sócio-históricas relativas à formação docente e A reflexão-ação na e sobre a prática pedagógica do ensino de geografia. Em cada capítulo, além dos textos, indicamos leituras complementares e apresentamos atividades de estudo para você complementar o seu aprendizado. Além disso, você perceberá que os conteúdos e atividades estão relacionados a assuntos do seu dia a dia como professor de Geografia. Esses conteúdos e atividades não têm a pretensão de ser um “receituário” para o seu trabalho, nem têm a pretensão de esgotar o assunto, e, sim, contribuir para a reflexão sobre sua práxis do processo ensino-aprendizagem da Geografia. Espero subsidiar e instigar o seu olhar geográfico. O autor. CAPÍTULO 1 As Tendências Pedagógicas no Ensino da Geografia A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Apropriar-se de fundamentos teórico-metodológicos sobre as tendências pedagógicas no ensino da Geografia. 3 Adotar uma atitude responsável em relação ao ensino da Geografia. 10 Didática e Prática do Ensino da Geografia 11 As Tendências Pedagógicas no Ensino da Geografia Capítulo 1 Contextualização Neste primeiro capítulo você conhecerá fundamentos teórico-metodológicos sobre as tendências pedagógicas da Geografia e do seu ensino. Tais fundamentos, certamente, contribuirão para que você amplie seus horizontes, pense e repense o mundo com atitude responsável. Durante o seu estudo, trocaremos ideias sobre a nossa área de atuação, que farão com que nós, geógrafos, possamos desenvolver um trabalho de qualidade e tenhamos orgulho da nossa profissão. A Geografia, como ciência social, engloba contribuições de vários campos do saber que, em muito, ajudarão no entendimento das contradições do mundo atual. Acredito que, ao final deste estudo, cada um possa tornar o ensino, ou a pesquisa da Geografia, mais interessante e desafiador. As Tendências Pedagógicas no Ensino da Geografia A Geografia, entendida como uma ciência social, tem como preocupação a organização do espaço, além da responsabilidade na formação dos cidadãos. Não há mais como reproduzir a “Geografia dos professores“ (LACOSTE, 1988, p. 251), a Geografia de textos descontextualizados, intermináveis listas de exercícios, atividades sem o uso de mapas e afins, entre outros, que tornavam e ainda tornam as aulas desinteressantes e cansativas, negando todo o laboratório vivo do meio ambiente, como se não existissem os homens com seus ideais, reflexões e conflitos. A respeito disso, assim se manifesta Gonçalves (1984, p. 18): “[...] a Geografia deve ser entendida como um momento necessário da sociedade, que só pode ser compreendida dentro da totalidade social de que faz parte e que ajuda a construir”. A falta de conhecimento sobre educação e principalmente sobre a Geografia e o seu ensino teve e terá, certamente, reflexos negativos sobre a qualidade do ensino. Dito isso, observe as figuras que apresentam as diversas correntes de geografia: a tradicional, a quantitativa, a da percepção e a crítica, e realize a atividade de estudo. A Geografia deve ser entendida como um momento necessário da sociedade, que só pode ser compreendida dentro da totalidade social de que faz parte e que ajuda a construir. 12 Didática e Prática do Ensino da Geografia Nomeie as figuras que seguem com a respectiva corrente geográfica. Procure saber (pesquisar) mais sobre elas na obra indicada na fonte e/ou em outras para ampliar seu conhecimento sobre cada corrente geográfica. Figura 1 – Corrente geográfica Fonte: Kozel e Filizola (1996). Adaptado para fins didáticos. Para Pereira (1999, p. 30): Este saber transmitidopela geografia tradicional elimina o raciocínio e a compreensão e leva à mera listagem de conteúdos dispostos numa ordem enciclopédica linear que, mais uma vez, evidencia uma precedência do natural sobre o social, para que o social seja visto como natural. Atividade de Estudos: 1) A corrente geográfica da figura 1 chama-se: _________________ 13 As Tendências Pedagógicas no Ensino da Geografia Capítulo 1 ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 2) Relacione outras características sobre esta corrente geográfica: ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Figura 2 - Corrente geográfica Fonte: Kozel e Filizola (1996). Adaptado para fins didáticos. É a “escola quantitativa e teorética”, na expressão de Moreira (1991, p. 43), que propõe a “nova geografia”, contraposta à geografia de origem europeia, à “velha geografia”. 14 Didática e Prática do Ensino da Geografia Apoia-se esta “nova geografia” num método quantitativo e sistemático, neutralizador de conflitos e serve de instrumento para um planejamento, a serviço da manutenção da realidade existente. Atividade de Estudos: 1) A corrente geográfica da figura 2 chama-se: _________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 2) Relacione outras características sobre esta corrente geográfica: ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Figura 3 - Corrente geográfica Fonte: Kozel e Filizola (1996). Adaptado para fins didáticos. Sobre esta corrente geográfica, Kozel e Filizola (1996, p. 15) afirmam que: 15 As Tendências Pedagógicas no Ensino da Geografia Capítulo 1 Também denominada geografia humanística ou comportamental, a geografia da percepção se vale da psicologia para elaborar sua base teórico-metodológica. Preocupada em resgatar a importância do homem no estudo geográfico – pois ele havia se transformado apenas em mais um dado numérico a ser computado – essa corrente introduz em seus procedimentos metodológicos investigações sobre a maneira como as pessoas sentem o espaço em que vivem e como se relacionam com ele. Atividade de Estudos: 1) A corrente geográfica da figura 3 chama-se: _________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 2) Relacione outras características sobre esta corrente geográfica: ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Figura 4 – Corrente geográfica Fonte: Kozel e Filizola (1996). Adaptado para fins didáticos. A respeito da gênese da Geografia, Andrade (1987, p.14) afirma que: Naturalmente, o agravamento da pobreza, a destruição da natureza e a relação das forças populares, no plano político, 16 Didática e Prática do Ensino da Geografia atingiram também a geografia, e surgiu o que se chamou Geografia Crítica ou Geografia Radical, reunindo em um só bloco todos aqueles que, almejando uma reforma da sociedade, melhor distribuição da renda, etc., batalharam para sensibilizar a geografia e os geógrafos para os problemas sociais, políticos e econômicos. Atividade de Estudos: 1) A corrente geográfica representada na figura 4 chama-se: ______ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 2) Relacione outras características sobre esta corrente geográfica: ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Diante do estudo realizado, ainda fica uma pergunta no ar: Qual é tipo de corrente geográfica que você, professor, deve utilizar no ensino da Geografia? É aquela que vem ao encontro da construção de uma sociedade mais equânime. Aquela que faz com que o aluno se sinta sujeito da construção do espaço geográfico. Cabe lembrar que nenhuma corrente geográfica deve ser entendida como uma “camisa de força”. Não sejamos dogmáticos. O professor deve e pode optar por uma ou mais correntes, depende da proposta, desde que se sinta seguro em relação a elas. O importante é fazer um bom trabalho. Urge, pois, que o professor deixe de trabalhar com conceitos “prontos” e desencadeie um processo de construção de conceitos e de saberes significativos. 17 As Tendências Pedagógicas no Ensino da Geografia Capítulo 1 O professor deve sair da sua condição de mero transmissor de conhecimentos e o aluno, da mera condição de receptor passivo dos mesmos. O processo ensino-aprendizagem requer conteúdos e métodos para a elaboração de conceitos. Requer, igualmente, uma interação maior e melhor entre o professor e o aluno, sendo que ao professor cabe a responsabilidade pelo planejamento, mediação e desenvolvimento desse processo, para que seja promovida a aprendizagem do aluno, que deve, por sua vez, assumir a postura de querer aprender. É preciso que você reflita criticamente a respeito dos conteúdos que serão trabalhados e de que forma os mesmos serão abordados, pois é por meio deles que você incentivará o aluno a agir como sujeito do processo de ensino- aprendizagem desencadeado no espaço da sala de aula. No ambiente da sala de aula, os recursos didáticos devem servir de meios para que se alcance o fim, a aprendizagem, sendo que esses recursos jamais deverão ser vistos como substitutos do professor. Para que isso aconteça, faz-se necessário que todo professor da área da geografia vá além do curso de graduação. Faz-se necessária a busca de novas dinâmicas, de práticas alternativas e métodos que mudem o jeito de ensinar e, para tal, recomendamos que você busque na leitura e na formação continuada métodos, técnicas, recursos que vão transformar o ensino praticado. Conforme afirma Callai (1986, p. 27), para que você possa avançar e fazer da Geografia algo interessante para seus alunos, existem alguns desafios: “[...] saber o que queremos com o ensino da geografia [...] tendo claro o caminho que seguiremos para isto e conhecer de forma mais completa o espaço a ser estudo e ensinado”. É preciso valorizar o conhecimento acumulado pelo aluno como sendo extremamente necessário no processo de ensinar e aprender. A você, caro(a) professor(a), cabe a função de ampliar o conhecimento pessoal trazido pelo aluno para o ambiente escolar e fazer as conexões com os saberes já produzidos. No mundo atual torna-se imperativo compreender alguns aspectos estudados na Geografia, tais como: a “explosão” populacional, os problemas ecológicos,a indústria e a multiplicação das atividades econômicas, a urbanização e a justiça social, a modernização do campo, o progresso científico, o acelerado avanço tecnológico, enfim, questões a que a Geografia não crítica não responderia. [...] Saber o que queremos com o ensino da geografia [...] tendo claro o caminho que seguiremos para isto e conhecer de forma mais completa o espaço a ser estudo e ensinado. 18 Didática e Prática do Ensino da Geografia Sem dúvida, essas e outras preocupações vão além da responsabilidade do professor de Geografia, mas não podem ser bem sucedidas sem ele. E para aprofundar ainda mais o estudo sobre – As tendências pedagógicas no ensino da Geografia – leia o texto que segue (GONÇALVES, 1988, p. 19-21): A CHAVE DA GEOGRAFIA O saber geográfico tem um caráter político. O estudo da organização do espaço é o ponto de partida para uma compreensão melhor do homem. Por meio do trabalho os homens se apropriam da natureza. O espaço geográfico é alguma coisa produzida pela sociedade. Qualquer sociedade organiza seu espaço através do processo de trabalho, apropriando-se socialmente da natureza. Os homens socialmente produzem a sua geografia para se reproduzirem enquanto seres humanos, num contexto de relações sociais determinadas. A questão é sermos geógrafos para tentar compreender o papel da organização do espaço na sociedade, tendo em vista a compreensão desta sociedade e, ao mesmo tempo, sermos geógrafos para a produção de um conhecimento que nos permita transformar a realidade. A geografia tem ignorado essa relação dos homens entre si e que determina o que vai ser feito da natureza. Os homens são sempre tratados como homens abstratos e não como homens concretos que, na nossa sociedade, ou são industriais ou operários; ou são banqueiros ou bancários; latifundiários ou posseiros. Estes são os homens concretos que se relacionam com a natureza, sob determinadas relações sociais. Em função dessas relações sociais é que se desenvolve o processo de trabalho, que é o processo de transformação da natureza em coisas úteis para a vida humana. Essa é a chave para a geografia que deve levar em conta a análise do processo de trabalho, A “explosão” populacional, os problemas ecológicos, a indústria e a multiplicação das atividades econômicas, a urbanização e a justiça social, a modernização do campo, o progresso científico, o acelerado avanço tecnológico, enfim, questões a que a Geografia não crítica não responderia. 19 As Tendências Pedagógicas no Ensino da Geografia Capítulo 1 visto como um processo social de apropriação da natureza, não de maneira individual, mas dentro de determinados objetivos definidos socialmente, influenciados fortemente por aqueles que controlam os próprios meios de produção. Fonte: GONÇALVES, Carlos Walter P. Reflexões sobre a geografia e educação: notas de um debate. In: MARQUES, Lucia A. (org.) Fundamentos para o ensino da geografia: seleção de textos. São Paulo: SE/CENP, 1988, p. 19-21. Atividade de Estudos: 1) E para finalizar os estudos deste capítulo, com base no texto, interprete a citação que segue: “Em função dessas relações sociais é que se desenvolve o processo de trabalho, que é o processo de transformação da natureza em coisas úteis para a vida humana” (GONÇALVES, 1988, p. 21). ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 2) Leia e faça o fichamento do artigo Diálogo entre as Ciências Sociais e a Geografia, de autoria de Antonia Maria Duarte de Queiroz e Luciene Rodrigues (texto completo em arquivo pdf), disponível em: <http://www.caminhosdegeografia.ig.ufu.br/ viewarticle.php?id=787&layout >. Acesso em: 09 jul. 2009. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 20 Didática e Prática do Ensino da Geografia O Fichamento é o registro dos estudos de um livro ou de um texto e a estrutura do fichamento é composta pelo cabeçalho, assunto, referência(s) e corpo (resumo) – disposto em fichas. Algumas Considerações Neste capítulo você estudou sobre as tendências pedagógicas no ensino da Geografia. A nossa intenção foi desencadear uma reflexão de ordem teórica e metodológica, bem como possibilitar a construção de uma atitude responsável em relação à Geografia e seu ensino. Os aspectos teóricos e metodológicos da Geografia devem ser de tal forma dinâmicos que engajem o aluno, direta e ativamente, no processo de aprendizagem, tornando a prática pedagógica interessante e útil. Não esqueça: a leitura das obras referenciadas é muito importante para sua autoaprendizagem. No próximo capítulo você estudará o uso de recursos didáticos e a aplicação dos conhecimentos teórico-metodológicos para o ensino da Geografia. Bons estudos! 21 As Tendências Pedagógicas no Ensino da Geografia Capítulo 1 Referências ANDRADE, Manoel C. de. Geografia, ciência da sociedade: introdução à análise do pensamento geográfico. São Paulo: Atlas, 1987. _________. Manoel C. Caminhos e descaminhos da Geografia. 3. ed. Campinas, São Paulo: Papirus, 1998. CALLAI, Jaime Luiz. Área dos estudos sociais: metodologia. Ijuí: UNIJUÌ, 1986. CASTELLAR, Sonia (org.). Educação Geográfica: teorias e práticas docentes. 2. ed. São Paulo: contexto, 2006. CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (org.). Ensino de geografia: práticas e textualizações no cotidiano. Porto Alegre: Mediação. 2000. GONÇALVES, Carlos W. P. Reflexões sobre Geografia e educação: notas de um debate. In: O Ensino da Geografia e, questão e outros temas. Terra Livre, Marco Zero, n. 2, 1988. KOZEL, Salete; FILIZOLA, Roberto. Didática de geografia: memórias da Terra: o espaço vivido. São Paulo: FTD, 1996. LACOSTE, Yves. A Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. São Paulo: Papirus, 1988. MOREIRA, Ruy. O que é Geografia. 11. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991. PEREIRA, Raquel Maria Fontes do Amaral. Da Geografia que se ensina à gênese da geografia moderna. 3. ed. Florianópolis: UFSC, 1999. QUEIROZ, Antonia Maria Duarte de; RODRIGUES, Luciene. Diálogo entre as Ciências Sociais e a Geografia. Caminhos de Geografia. Uberlândia, v.9, n.28, p. 114-125, 2008. Disponível em: <http://www.caminhosdegeografia.ig.ufu.br/ viewarticle.php?id=787&layout>. Acesso em: 09 jul. 2009. SOUZA, Arlindo de. A Proposta Curricular/ SC/ 1991 e a Geografia: uma análise da teoria e da prática. 1997. 126 f. Dissertação (Mestrado em Educação – Ensino Superior). Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 1997. 22 Didática e Prática do Ensino da Geografia CAPÍTULO 2 O Uso de Recursos Didáticos para o Ensino da Geografia: Aplicação dos Conhecimentos Teórico-Metodológicos A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Conhecer fundamentos teóricos e práticos sobre recursos e técnicas que podem auxiliar, com maior ou menor frequência, o processo ensino-aprendizagem de Geografia. 3 Empregar conhecimentos sobre recursos e técnicas, para garantir a efetividade do processo ensino-aprendizagem. Contextualização 24 Didática e Prática do Ensino da Geografia 25 O Uso de Recursos Didáticospara o Ensino da Geografia: Aplicação dos Conhecimentos Teórico-Metodológicos Capítulo 2 Contextualização Neste estudo a preocupação é atualizá-lo quanto aos fundamentos teóricos e práticos sobre o uso de recursos e técnicas considerados instrumentos auxiliares no processo ensino-aprendizagem de Geografia. Os exemplos de recursos e técnicas, bem como a sua aplicação, poderão ser utilizados por você para auxiliar o aluno a realizar uma aprendizagem mais interessante e eficiente. Os recursos e técnicas de ensino e aprendizagem são alternativas para motivar o aluno visando promover o saber fazer. É importante ressaltar que os fundamentos teóricos e práticos aqui descritos não têm a pretensão de se transformar em receituário, mas, sim, em objeto de reflexão e (re)elaboração conforme a prática pedagógica de cada professor. O Uso de Recursos Didáticos para o Ensino da Geografia Recursos didáticos são instrumentos que fazem parte do ambiente de aprendizagem e auxiliam o processo ensino-aprendizagem da Geografia. É todo material que o professor usa para preparar e ministrar aula. São exemplos de recursos didáticos: livros, apresentações, filmes, atividades, exercícios, mapas, ilustrações e outros. Para Araújo (1998, p. 23), “A racionalidade de uma ação instrumental (prática) carrega consigo uma racionalidade teórica, onde se encontram os fins, os valores, as crenças que se pretendem atingir ou vivenciar”. É preciso ficar atento, pois o papel deles é auxiliar no ensino de alguns conteúdos ou transmissão de informações. Cabe lembrar que por meio do uso adequado dos recursos e técnicas se consegue sensibilizar e motivar o aluno para o conteúdo ministrado. O uso adequado dos recursos e das técnicas tem a função de colaborar: • no desenvolvimento da capacidade de observação; • como motivador do interesse do aluno; 26 Didática e Prática do Ensino da Geografia • para desenvolver a experimentação concreta; • na fixação da aprendizagem; • para concretizar os conteúdos da aprendizagem. A finalidade dos recursos é tornar os conteúdos ministrados mais facilmente assimilados. Não se esqueça dos recursos “audiovisuais”, que são a união de imagens e de sons utilizados nas técnicas usadas, tão importantes nos procedimentos pedagógicos. Para Pontuschka (2007, p. 216), [...] os recursos didáticos na qualidade de mediadores do processo de ensino-aprendizagem, se adequadamente utilizados, permitem melhor aproveitamento neste processo, maior participação e interação aluno-aluno e professor-aluno. Veja a seguir a classificação e alguns dos seus exemplos: 1) Pedagógicos – mapas, globo, atlas, livros, periódicos, cartazes, filmes, etc. 2) Tecnológicos – Televisão, filmadora, datashow, computador, vídeo, retroprojetor, rádio, etc. 3) Naturais – vegetais, animais, rochas, água, etc. 4) Culturais – museus, bibliotecas, exposições, etc. Certamente existem recursos diferentes dos apresentados e que podem ser aproveitados em sua prática pedagógica. “A utilização de recursos didáticos deve levar em conta o conceito que está sendo trabalhado, os objetivos a serem alcançados e as características do desenvolvimento cognitivo [...]”. (KOZEL; FILIZOLA, 1996, p. 92). Atividade de Estudos: Que habilidades e atitudes desenvolver em nosso aluno ao estudar os recursos naturais e as necessidades básicas do ser humano? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 27 O Uso de Recursos Didáticos para o Ensino da Geografia: Aplicação dos Conhecimentos Teórico-Metodológicos Capítulo 2 ______________________________________________________ ______________________________________________________ Embora tenhamos inúmeros recursos, apresentaremos só alguns, acompanhados de atividade para uma melhor compreensão dos mesmos: a) Mapa É uma representação gráfica plana proporcionalmente reduzida da superfície da Terra ou de parte dela. Figura 5 – Mapa do Brasil Fonte: Disponível em: <http://www.limasolucoes. com.br/images/mapaBrasil.gif>. Acesso em: 10 out. 2009. Para Del Rio e Oliveira (1996, p. 187): O mapa sempre ocupou um lugar de destaque na Geografia, onde é ao mesmo tempo instrumento de trabalho, registro e armazenamento de informação e um modo de expressão e comunicação, uma linguagem gráfica. Os mapas para uso na Geografia podem ser do tipo humano, O mapa sempre ocupou um lugar de destaque na Geografia, onde é ao mesmo tempo instrumento de trabalho, registro e armazenamento de informação e um modo de expressão e comunicação, uma linguagem gráfica. 28 Didática e Prática do Ensino da Geografia físico, político, temático, etc. Para o uso de mapas recomenda-se que sejam simples e adequados ao nível de compreensão do aluno e apresentem impressão correta das áreas. “Croqui é uma representação esquemática dos fatos geográficos. Não é um mapa, [...], tem um valor interpretativo de expor questões, não sendo obra de um especialista em cartografia” (SIMIELLI, 1999, p.105). Conforme Castrogiovanni (2000, p. 32), Cartografia é o conjunto de estudos e operações lógico- matemáticos, técnicas e artísticas que, a partir de observações diretas e da investigação de documentos e dados, intervém na construção de mapas, cartas, plantas e outras formas de representação, bem como no seu emprego pelo homem. Assim, a cartografia é uma ciência, uma arte e uma técnica. A cartografia é um recurso importante no processo de ensino e pesquisa. Ensinar utilizando as diversas formas de representação e escalas cartográficas ajuda o aluno nos estudos geográficos. Por meio do sensoriamento remoto é possível o mapeamento e a atualização de dados cartográficos e temáticos, a produção de dados meteorológicos, entre outros. Atualmente a cartografia é muito utilizada na produção de mapas em ambiente gráfico computacional. Para saber mais sobre cartografia, acesse o site do IBGE: http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/manual_ nocoes/indice.htm O Atlas é um conjunto de mapas e o Globo, um modelo da Terra, um mapa esférico. No manuseio do Atlas, “O mapa passa a ser a forma, por excelência, de representar o espaço. E ele requer que se percorra um caminho fundamental para que o aluno consiga entendê-lo” (SANTA CATARINA, 1998, p.133). Ter à mão esses recursos é ter um mundo de informações. Para ampliar ainda mais os seus estudos, visite os sites oficiais do: 29 O Uso de Recursos Didáticos para o Ensino da Geografia: Aplicação dos Conhecimentos Teórico-Metodológicos Capítulo 2 - Google Earth 2009b – disponível em: <http://earth.google. com>. Acesso em: 07 jul. 2009. - Google Maps 2009d – disponível em: <http://maps.google. com.br>. Acesso em: 07 jul. 2009. Atividade de Estudos: O “Olhar Espacial” é uma maneira de fazer Geografia (o método a usar). O Olhar Espacial é um processo que estuda uma determinada realidade social para verificar as marcas inscritas nesse espaço. 1) Selecione os mapas do Brasil Clima e Vegetação, com a mesma escala. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 2) De posse dos dois mapas, responda às três etapas da Metodologia do Olhar Espacial: a) Observação/ descrição (dos dois mapas). ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ b) Comparação/ correlação/ análise(entre os dois mapas). ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ c) Conclusão/ síntese. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 30 Didática e Prática do Ensino da Geografia b) Bússola Figura 6 – Bússola Fonte: O autor. O significado da palavra bússola é “pequena caixa”. As primeiras notícias que se tem de seu uso vêm da China, onde ela era usada há mais de sete séculos. É um instrumento que usa uma agulha magnética, com movimento leve, sobre a figura da rosa-dos-ventos, para determinar a direção do norte magnético do planeta (grande imã). O saber fazer da localização e da orientação é importante para o ensino de Geografia, pois possibilita o manuseio de mapas e do globo. O uso da bússola em atividades com mapas torna o saber e o fazer do aluno mais real. Leitura complementar: ACZEL, Amir D. Bússola: A invenção que mudou o mundo. Trad. Borges, Maria Luiza X. de A. Jorge Zahar Editor, 2002. Por volta de 1060, os chineses descobriram que uma agulha de ferro, ao ser friccionada com uma pedra-imã, apontava para o norte, quando flutuava sobre uma palha numa tigela com água. No período dos descobrimentos, os europeus utilizavam essas bússolas simples. E deu certo: avistaram o BRASIL! O saber fazer da localização e da orientação é importante para o ensino de Geografia, pois possibilita o manuseio de mapas e do globo. O uso da bússola em atividades com mapas torna o saber e o fazer do aluno mais real. 31 O Uso de Recursos Didáticos para o Ensino da Geografia: Aplicação dos Conhecimentos Teórico-Metodológicos Capítulo 2 c) Sistema de posicionamento global – GPS Figura 7 – GPS Fonte: Disponível em: <http://tecnologia.culturamix.com/blog/wp-content/ uploads/2013/07/fontes-alternativas-de-energia-foto.jpg>. Acesso em: 14 jul. 2009. O Sistema de Posicionamento Global, conhecido por GPS, desenvolvido nos anos 80 pelo departamento de Defesa dos Estados Unidos, serve para determinar a posição de um receptor na superfície terrestre ou em órbita. Em 2000 foi disponibilizada, pelo governo norte-americano, a transmissão de sinais pelos satélites para a comunidade civil. No ensino de Geografia esse sistema pode nos dar as coordenadas geográficas de um lugar na Terra, desde que tenhamos um receptor de seus sinais. É uma tecnologia muito útil para diversas aplicações, como o controle de frotas, sistema de segurança, agricultura, georreferenciamento de elementos do terreno em áreas de meio ambiente, na saúde e na educação. d) Internet A internet é um mecanismo de disseminação da informação e divulgação mundial e um meio de interação entre indivíduos. A Internet é um sistema global de comunicação, constituído por um grande número de redes de computadores interligados, através do qual milhões de pessoas podem se comunicar e compartilhar um imenso acervo de informações, recursos e serviços. (GUIZZO, 2002, p. 31). 32 Didática e Prática do Ensino da Geografia As possibilidades que a Internet oferece permitem uma maior interação entre o professor e o aluno. Acessar grandes bibliotecas on- line e centros de pesquisa são alguns dos caminhos para incentivar a leitura e a pesquisa. Ao professor cabe orientar seu aluno sobre o uso ético desse recurso e aprender a filtrar e aproveitar o que é confiável. É graças à Internet que cursos de pós-graduação em Metodologia do Ensino de Geografia, como o seu, podem ser oferecidos nos mais diversos e distantes cantos do planeta para capacitar professores em casa ou no local do trabalho. Atividade de Estudos: 1) Pesquise, na rede virtual, sites que tratam da Geografia e do ensino da cartografia. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ e) Filme Atualmente os filmes constituem-se em uma fonte de cultura e informação. Vivemos sob a marca do visual. Colocar em causa a “sociedade do espetáculo” nos parece uma tarefa inadiável para aqueles que estão mobilizados pelo desejo e pela necessidade de um mundo melhor. Acreditamos que o diálogo da geografia com o cinema é um vir-a-ser, capaz de contribuir para superar a nossa condição de meros objetos das representações. E assim fazer de nossas salas de aula lugares de invenção de novas e mais generosas utopias. (BARBOSA, 1999, p. 131). A maioria das instituições de ensino dispõe de um aparelho de televisão, videocassete ou DVD, tornando possível organizar sessões de filmes ligados a um tema em estudo. Nesse tipo de atividade, receber informações – sinopse – sobre o que e para Ao professor cabe orientar seu aluno sobre o uso ético da internet e aprender a filtrar e aproveitar o que é confiável. 33 O Uso de Recursos Didáticos para o Ensino da Geografia: Aplicação dos Conhecimentos Teórico-Metodológicos Capítulo 2 que vão assistir a um determinado filme ajuda a despertar o interesse do aluno. Também é preciso planejar o tempo disponível para a sessão, a estrutura física do local, bem como a instalação dos aparelhos. Discutir o que foi visto e encaminhar atividades complementares enriquecem o aprendizado. Um exemplo de encaminhamento pode ser o Estudo do Meio. Segundo Nidelcoff (1979, p. 10): [...] ‘meio’ é toda aquela realidade, física, biológica, humana, à qual se ligam de uma maneira direta através da experiência e com a qual estão em intercâmbio permanente. [...] ‘estudo’ é aproximar-se do ‘meio’, vivendo-o, descobrindo coisas, explicar as características, certos fenômenos ou fatos, analisar causas e consequências. Atividade de Estudos: “Quero mostrar às pessoas o que elas não querem ver” (Jorge Furtado). 1) Assista ao vídeo “Ilha das Flores”, de Jorge Furtado, 1989, duração 13 min. Disponível em: http://video.google.com/ videoplay?docid=5310352391555601366&ei=E11TSoyVJ4 bOqQKOvozSAw&q=ilha+das+flores ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 2) Para realizar o saber fazer, responda às questões que seguem: a) Em breves palavras, descreva o filme. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ b) Como vivem e o que fazem os diferentes personagens do filme? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 34 Didática e Prática do Ensino da Geografia c) Que medidas podem minimizar a problemática apresentada pelo filme? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ d) Qual o papel da Educação e, principalmente, da Geografia, nesse processo? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Leitura complementar: NIDELCOFF, Maria Teresa. A escola e a compreensão da realidade: ensaio sobre a metodologia das ciências sociais. Tradução: Maria C. Celidônio. São Paulo: Brasiliense, 1979. f) Rochas ATerra, nosso planeta, sofreu e sofre constantes transformações. O resfriamento do magma deu origem às primeiras rochas, denominadas de rochas Ígneas, que se formaram no planeta Terra. As rochas Metamórficas resultam de outros tipos de rochas, devido a modificações do meio físico em que elas originariamente se encontram. Já as rochas Sedimentares resultam da ação do homem, da água, do calor e do frio que provocam constantes alterações dessas rochas. São os rios, as geleiras e os ventos os responsáveis pelos depósitos dos fragmentos dessas rochas em locais diversos. A Terra leva milhões e milhões de anos para formar e concentrar os minerais. Diante disso, os recursos minerais devem ser utilizados da maneira mais racional possível. Na aula de geografia pode ser mostrado ao aluno como os minerais são indispensáveis, pois os encontramos em todas as partes, nas casas, nas ruas, nas pontes, entre outros, nas cidades e também nos campos. 35 O Uso de Recursos Didáticos para o Ensino da Geografia: Aplicação dos Conhecimentos Teórico-Metodológicos Capítulo 2 O estudo das rochas pode ser uma aula produtiva e dinâmica. Esse conteúdo pode ser planejado de uma maneira diferente; para isso, relacionar os recursos minerais ao cotidiano dos alunos é uma boa opção. Na aula de geografia pode ser mostrado ao aluno como os minerais são indispensáveis, pois os encontramos em todas as partes, nas casas, nas ruas, nas pontes, entre outros, nas cidades e também nos campos. As figuras que seguem nos mostram os principais recursos minerais da Terra e as principais rochas e minerais de Santa Catarina, bem como, sua presença em nossas vidas. Figura 8 – Recursos minerais Fonte: CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais 36 Didática e Prática do Ensino da Geografia Figura 9 – Recursos minerais Fonte: CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. 37 O Uso de Recursos Didáticos para o Ensino da Geografia: Aplicação dos Conhecimentos Teórico-Metodológicos Capítulo 2 A seguir, veja como os recursos minerais são importantes na vida da gente: Figura 10 – Recursos minerais Fonte: CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais 38 Didática e Prática do Ensino da Geografia As informações e os dados apresentados podem subsidiar e auxiliar o processo ensino-aprendizagem dos conteúdos de geologia estudados na geografia física. Para saber mais, na hora de planejar sua aula sobre recursos minerais, solicitar materiais e/ou outros dados sobre recursos minerais, acesse a página da CPRM: http://www.cprm.gov.br/ Aplicação dos Conhecimentos Teórico-Metodológicos O conteúdo que segue abordará algumas técnicas de ensino auxiliares do processo de ensino e aprendizagem de Geografia. Num trabalho com técnicas, o método é o “caminho” para alcançar determinado fim e a técnica é a operacionalização do método, é o como fazer. Para Veiga (2006, p.8-9), As técnicas de ensino são sempre meios, nunca fins. [...] é preciso ficar claro que as técnicas de ensino podem cumprir papel relevante na criação e na manutenção das relações de denominação em sala de aula, ou, ao contrário, podem ser vistas como instrumento de emancipação e de diálogo, e, portanto, de fortalecimento de competências socioafetivas e cognitivas complexas. O ensino puramente verbalista deve ser evitado. A aprendizagem é mais eficaz quanto mais se possa vivenciar uma experiência concreta. a) Portfólio O portfólio é a coletânea de trabalhos, artigos, exercícios e provas contidas numa pasta individual. O portfólio também é conhecido como “diário” do aluno ou do professor, onde cada qual, além de colecionar diversos materiais, faz anotações, registros e reflexões sobre o processo ensino-aprendizagem. As técnicas de ensino são sempre meios, nunca fins. 39 O Uso de Recursos Didáticos para o Ensino da Geografia: Aplicação dos Conhecimentos Teórico-Metodológicos Capítulo 2 Atualmente já é comum o uso do portfólio digital. Leitura complementar: SHORES, Elizabeth; GRACE, Cathy. Manual de portfólio: um guia passo a passo para o professor. Porto Alegre: Artmed, 2001. O portfólio pode ser utilizado, na educação, com o objetivo de organizar o processo ensino-aprendizagem de Geografia. Atividade de Estudos: Gostou da ideia do portfólio? Que tal organizar o seu? Bom trabalho! ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ b) Metodologia da Problematização O fundamental no uso da metodologia da problematização é que, por meio de uma situação de dúvida, desperta a curiosidade e conduz o aluno à ação na busca de uma possível solução. A metodologia da problematização altera e melhora a linha metodológica da prática pedagógica e, consequentemente, dá novas oportunidades para o aluno desenvolver suas capacidades. Em suma, essa técnica induz o aluno a observar uma realidade, elaborar uma situação-problema, estabelecer pontos-chave, teorizar, estabelecer hipótese(s) de solução e propor aplicação à realidade. Para compreender: 40 Didática e Prática do Ensino da Geografia 1. Realidade: estabelecer e estudar um determinado aspecto de determinada realidade. 2. Problema: a partir de fatos observados, formular uma situação-problema da realidade em estudo. 3. Pontos-chave: o que é fundamental sobre os aspectos do problema. 4. Teorização: recorrer a teorias, já existentes, que fundamentem o problema em estudo. 5. Hipótese(s): afirmativas positivas ou negativas como alternativas de solução. 6. Aplicação à realidade: etapa que possibilita intervir, exercitar, lidar com situações pertinentes à solução do problema. A metodologia da problematização tem como referência o Método do Arco, de Charles Maguerez, apresentado por Bordenave e Pereira (1982), que se desenvolve conforme segue: Figura 11 – Teoria do Arco Fonte: Bordenave e Pereira (1982). c) Estudo de Caso O Estudo de Caso, quando utilizado no processo ensino-aprendizagem de Geografia, é uma técnica que pretende aprofundar o nível de compreensão de um fenômeno que está sendo vivido por uma pessoa ou grupo. Um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos, (YIN, 2005, p. 32). 41 O Uso de Recursos Didáticos para o Ensino da Geografia: Aplicação dos Conhecimentos Teórico-Metodológicos Capítulo 2 A análise de um caso compreende: 1. Definição do caso: expor o problema do caso em estudo. 2. Descrição do caso: listar informações e/ou dados gerais, que ajudem a identificar o problema em estudo. 3. Prescrição do caso: relacionar encaminhamentos para uma possível solução do caso (mudança da situação apresentada). No estudo de caso o aluno desenvolve o pensamento reflexivo, vivencia tomada de decisões e propicia capacidade de discernimento. j) Mapa Conceitual É um digrama indicando relações entre conceitos ou entre palavras que representam conceitos. A construção de um mapa conceitual se faz com a representação de conceitos; utilizam-se figuras geométricas, usam-se linhas para ligar os conceitos, setas para dar sentido de direção e podem-se usar palavras-chave sobre as linhas que conectam os conceitos. Leitura complementar: MOREIRA, Marco A. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Centauro, 2002. O mapa conceitual é um recurso adequado para tomar parte, trocar e negociar estratégias de ensino, aprendizagem e avaliação. Ensinar e aprender Geografia em pleno século XXI é um grande desafio. Nessa perspectiva, uma aprendizagem significativarequer interagir com as mudanças no mundo. Diante da importância da aprendizagem significativa no processo ensino- aprendizagem, buscamos em Santa Catarina (2001, p. 80) o mapa conceitual que representa o corpo conceitual, uma linguagem geográfica, como proposta para o ensino de geografia. No estudo de caso o aluno desenvolve o pensamento reflexivo, vivencia tomada de decisões e propicia capacidade de discernimento. . 42 Didática e Prática do Ensino da Geografia Conforme Corrêa (1995, p. 16): Como ciência social a geografia tem como objetivo de estudo a sociedade que, no entanto, é objetivada via cinco conceitos- chave que guardam entre si forte grau de parentesco, pois todos se referem à ação humana modelando a superfície terrestre: paisagem, região, espaço, lugar e território. A partir dos dos cinco conceitos-chaves apresentamos um exemplo de mapa- conceitual 43 O Uso de Recursos Didáticos para o Ensino da Geografia: Aplicação dos Conhecimentos Teórico-Metodológicos Capítulo 2 Organizar uma proposta, um plano de ensino requer organização e coordenação do professor. Com o mapa conceitual apresentado, o professor pode repensar o seu ensino de Geografia, deixar de trabalhar com conceitos “prontos” e desencadear um processo de construção de conceitos saberes. Para ensinar bem, o professor deverá saber como vai ensinar, deverá utilizar recursos e técnicas que permitam transmitir de forma clara e significativa os conteúdos que já são do conhecimento dele. Algumas Considerações Neste segundo capítulo, apresentamos estudos, fundamentos teóricos e metodológicos sobre recursos e técnicas como instrumentos auxiliares no processo ensino-aprendizagem de Geografia. Esses recursos e técnicas servem para aumentar o alcance da mensagem, ou seja, fazer com que você compreenda melhor o conteúdo. Foram descritos alguns recursos e algumas técnicas, sendo que em alguns e algumas foram propostas atividades de estudo para que o saber fazer se torne mais efetivo. O estudo deste capítulo é muito importante, pois você poderá aproveitar as informações e orientações na sua ação pedagógica de Geografia. Vamos lá! Referências ACZEL. Amir D. Bússola: A invenção que mudou o mundo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. ARAÚJO, José Carlos Souza. Para uma análise das representações sobre as técnicas de ensino. In: VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org.). Técnicas de ensino por que não? 7. ed. Campinas: Papirus, 1998. BARBOSA, Jorge Luiz. Geografia e cinema: em busca de aproximações e do inesperado. In: CARLOS, Ana Fani A. Geografia em sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999. BORDENAVE, Juan Diaz; PEREIRA, Adir M. Estratégias de ensino aprendizagem. 4. ed. Petrópolis, rio de Janeiro: Vozes, 1982. CASTROGIOVANNI, Antonio C. (org.) Ensino de Geografia: práticas e 44 Didática e Prática do Ensino da Geografia textualizações no cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2000. CORRÊA, Roberto L. Espaço: um conceito-chave. In: CASTRO, Iná et al. Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. DEL RIO, V.; OLIVEIRA, L. (org.) Percepção Ambiental: a experiência brasileira. São Paulo: Studio Nobel, 1996. GUIZZO, Érico. Internet o que é – o que oferece – como conectar-se. 1. ed. São Paulo: Editora Ática, 2002. IBGE. Atlas Geográfico Escolar. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. CPRM. Disponível em: <http://www.cprm.gov.br/>. Acesso em: 07 jul. 2009. KOZEL, Salete; FILIZOLA, Roberto. Didática de Geografia: memórias da Terra: o espaço vivido. São Paulo: FTD, 1996. LEITE, Lígia Silva (org.). Tecnologia Educacional: descubra suas possibilidades na sala de aula. Rio de janeiro: Diadorim, 1996. MOREIRA, Marco A. Aprendizagem significativa: a teoria de Davis Ausubel. São Paulo: Centauro, 2002. NIDELCOFF, Maria Tereza. A escola e a compreensão da realidade: ensaio sobre a metodologia das ciências sociais. Trás. Marina C. Celidônio. São Paulo: Brasiliense, 1979. PONTUSCHKA, Nídia Nacib et al. Para ensinar e aprender geografia. São Paulo: Cortez, 2007. SIMIELLE, Maria Helena Ramos. Cartografia no ensino fundamental e médio. In: CARLOS, Ana Fani A. Geografia em sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999. SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação e do Desporto. Proposta Curricular de Santa Catarina: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio: Formação docente para educação infantil e séries iniciais. Florianópolis: COGEN, 1998. ______. Secretaria de Estado da Educação e do Desporto. Diretrizes 3: organização da prática escolar na educação básica: conceitos científicos essenciais, competências e habilidades. Florianópolis: Diretoria de Ensino Fundamental/ Diretoria doe Ensino Médio, 2001. http://www.cprm.gov.br/ 45 O Uso de Recursos Didáticos para o Ensino da Geografia: Aplicação dos Conhecimentos Teórico-Metodológicos Capítulo 2 SHORES, Elizabeth; GRACE, Cathy. Manual de portfólio: um guia passo a passo para o professor. Porto alegre: Artemed, 2001. VEIGA, Ilma P. A. Técnicas de ensino: novos tempos, novas configurações. Campinas, Papirus, 2006. YIN, Robert K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. Trad. Daniel Grassi. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. ______. Secretaria de Estado da Educação e do Desporto. Diretrizes 3: organização da prática escolar na educação básica: conceitos científicos essenciais, competências e habilidades. Florianópolis: Diretoria de Ensino Fundamental/ Diretoria doe Ensino Médio, 2001. SHORES, Elizabeth; GRACE, Cathy. Manual de portfólio: um guia passo a passo para o professor. Porto alegre: Artemed, 2001. VEIGA, Ilma P. A. Técnicas de ensino: novos tempos, novas configurações. Campinas, Papirus, 2006. YIN, Robert K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. Trad. Daniel Grassi. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. 46 Didática e Prática do Ensino da Geografia CAPÍTULO 3 Análise de Bibliografias na Área da Geografia A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Apreender as noções básicas sobre o processo de produção didático- pedagógica da Geografia. 3 Selecionar, por meio de vários critérios, instrumentos que consigam efetivar uma boa relação entre o aluno, o professor e a obra. 48 Didática e Prática do Ensino da Geografia 49 Análise de Bibliografias na Área da Geografia Capítulo 3 Contextualização Neste capítulo, você apreenderá as noções básicas e os critérios de seleção de produções de Geografia e seu ensino. Para que você possa efetivar esse processo, por meio de uma escolha consciente e satisfatória, é necessário ter clareza do papel da Geografia no processo de ensinar e aprender. A sua inserção neste debate será importante para compreender o caminho que o ensino de Geografia deve seguir. Análise Crítica de Bibliografias na Área da Geografia Auxiliares indispensáveis no processo ensino-aprendizagem de Geografia são, certamente, os livros didáticos e paradidáticos. Os livros didáticos, como elementos de intermediação no processo ensino-aprendizagem, são os recursos instrucionais mais utilizados em sala de aula. Muitas vezes, os únicos utilizados. Atividade de Estudos: 1) Como professor ou como ex-aluno de Geografia, responda: A organização e o desenvolvimento das aulas de Geografia, com ou sem livro-texto, são suficientes para compreender o mundo em que se vive? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Os livros paradidáticos devem ser utilizados como complemento ao livro didático, como aprofundamento do conhecimento do professor. É fundamental a utilização dos paradidáticos no processo de ensino e aprendizagem. Os livrosdidáticos, são recursos instrucionais mais utilizados em sala de aula. Os livros paradidáticos devem ser utilizados como complemento ao livro didático. 50 Didática e Prática do Ensino da Geografia Você, contudo, há de valer-se deles com senso crítico, pois são, muitas vezes, instrumentos de manipulação ideológica, contribuindo mais para o fracasso do que para o sucesso do ensino da Geografia. A seleção é “[...] uma escolha filosófica e deve ter coerência como fundamentos teórico-metodológicos com os quais trabalha ou aos quais está submetido”. (FERNANDES, 1999, p. 151). No contexto do livro didático, o próprio professor pode ser vítima de um processo que é destinado a dirigir, pois nem sempre teve uma formação competente que lhe proporcione ser “juiz” dos livros didáticos ou, por razões adversas, aceitar a “ditadura” do processo de escolha. Ser “juiz” importa ver o livro não como um fim ou algo definidor do trabalho do professor, mas como um meio a serviço da sua proposta de ensino. Na escolha de paradidáticos, ao contrário do livro didático, isso é menos ditatorial. Para Lajolo (1996, p. 8), “Não há livro que seja à prova de professor: o pior livro pode ficar bom na sala de aula de um bom professor e o melhor livro desanda na sala de aula de um mau professor”. É na diversidade de muitos manuais que se encontram as “saídas” para um bom trabalho, em termos de experimentos e inovações, evitando, assim, todo e qualquer sistema teórico fechado. Para a realização de um bom trabalho existem várias formas de utilizar produções culturais no ensino de Geografia. Para o Geógrafo José William Vesentini (1984, p. 11), o importante “[...] é usar criticamente o manual, relativizando-o, confrontando-o com outros livros, com informações de jornais e revistas, com a realidade circundante”. Uma boa alternativa, nem sempre viável, é cada professor investir na produção de livros e materiais a partir dos seus conhecimentos e vivências da Geografia. GEOGRAFIA Foi aí que nasci: nasci na sala do terceiro ano, sendo professora D. Emerenciana Barbosa, que Deus tenha. Até então era analfabeto e despretensioso. Lembro-me: nesse dia julho, o sol que descia da serra Não há livro que seja à prova de professor: o pior livro pode ficar bom na sala de aula de um bom professor e o melhor livro desanda na sala de aula de um mau professor. 51 Análise de Bibliografias na Área da Geografia Capítulo 3 era bravo e parado. A aula era de Geografia e a professora traçava no quadro-negro nomes de países distantes. As cidades vinham surgindo na ponta dos nomes, e Paris era uma torre ao lado de uma ponte e um rio, a Inglaterra não se enxergava bem no nevoeiro, um esquimó, um condor surgiam misteriosamente, trazendo países inteiros. Então, nasci, isto é, senti necessidade de escrever... Carlos Drummond de Andrade Complemento do Livro Didático O uso do livro didático no processo ensino-aprendizagem de Geografia requer cuidados. Alguns problemas podem ser evitados com a definição de critérios de avaliação. Entre várias propostas de critérios, encontramos em Schäffer (1999, p. 141): Mais importante do que esta análise, no entanto, é a decisão sobre o livro didático como recurso para o ensino. Nesta dimensão da escolha, a análise precisa ser muito mais criteriosa. Cabe uma verificação acurada quanto à orientação dada aos conteúdos; à correção e atualidade das informações; à distribuição das unidades: ao tratamento dos conceitos desenvolvidos; à adequação e correção dos exemplos e ilustrações (mapas, gráficos, tabelas, fotos, etc.) e dos exercícios eventualmente propostos. Atividade de Estudos: 1) Na dimensão da escolha explicitada na citação de Schäffer (1999, p. 141), faça a análise criteriosa de um livro didático de seu interesse, conforme segue: a) Abordagem dos conteúdos. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Cabe uma verificação acurada quanto à orientação dada aos conteúdos; à correção e atualidade das informações; à distribuição das unidades: ao tratamento dos conceitos desenvolvidos; à adequação e correção dos exemplos e ilustrações (mapas, gráficos, tabelas, fotos, etc.) e dos exercícios eventualmente propostos. 52 Didática e Prática do Ensino da Geografia b) Atualidade das informações. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ c) Distribuição das unidades. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ d) Tratamento dos conceitos desenvolvidos (corpo conceitual da Geografia). ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ e) Adequação dos exemplos, ilustrações e dos exercícios. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ A DITADURA DO LIVRO DIDÁTICO A pergunta “Deve o professor de geografia fazer uso do manual didático?” precisa ser relativizada. Não se trata apenas, e nem principalmente, do tipo de obra a ser utilizado, da escolha entre A, B ou C. Independentemente do material adotado pelo professor (que até pode ser o melhor em termos de conteúdo e tratamento pedagógico de vocabulário, das questões propostas, da adequação aos ensinamentos da psicologia educacional, etc.), o que se constata na realidade é que o livro didático constitui um elo importante na corrente do discurso da competência: é o lugar do saber definido, pronto, acabado, correto e, dessa forma, fonte última de referência e contrapartida dos erros das experiências de vida. Ele acaba assim tomando a forma de critério do saber, fato que pode ser ilustrado pelo terrível cotidiano do “Veja no livro”, “Estude da página x até a y”, “Procure no livro”, etc. [...]. É possível manter outra relação com o livro didático. O professor 53 Análise de Bibliografias na Área da Geografia Capítulo 3 pode e deve encarar o manual não como o definidor de todo o seu curso, de todas as suas aulas, mas fundamentalmente como um instrumento que está a seu serviço, a serviço de seus objetivos e propostas de trabalho. Trata-se de usar criticamente o manual, relativizando-o, confrontando-o com outros livros, com informações de jornais e revistas, com a realidade circundante. Ao invés de aceitar a “ditadura” do livro didático, o bom professor deve ver nele (assim como em textos alternativos, em slides ou filmes, em obras paradidáticas, etc.) tão-somente um apoio ou complemento para a relação ensino-aprendizagem que visa a integrar criticamente o educando ao mundo. Fonte: VESENTINI, José William. A questão do livro didático no ensino da geografia. In: VESENTINI, José William (org.) Geografia e ensino: textos críticos. Campinas: Papirus, 1989, p. 161. O livro paradidático não é um livro específico, pois tem por objetivo aprofundar ou ampliar um determinado assunto. Sua função não é a de dar suporte direto, mas auxiliar, de modo facultativo, no processo ensino-aprendizagem. Atividade de Estudos: Leia e analise a citação de Schäffer (199, p. 145) que segue: O que se precisa enfatizar é a necessidade de maior exigência com a qualidade, com a procura por uma diversidade séria de textos, na qual inicia a ter um crescente papel o livro paradidático, e com textos de caráter regional que insiram temas transversais,necessidades essas que emanam dos documentos legais, como a Lei de Diretrizes da Educação Nacional (LDB) e os PCN. Você concorda com a citação de Schäffer? ( ) Sim ( ) Não Justifique sua escolha: ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 54 Didática e Prática do Ensino da Geografia Com relação à escolha do material didático, Fernandes (1999, p. 151) chama a atenção dizendo que é “[...] uma escolha filosófica e deve ter coerência com os fundamentos teórico-metodológicos, com os quais trabalha ou aos quais está submetido”. Um exercício de compreensão crítica sobre uma obra é a Resenha, cuja finalidade é a descrição da obra. É a apresentação do conteúdo da obra. Atividade de Estudos: Faça a Resenha de uma obra de seu interesse conforme indicação que segue: I – OBRA a) Autor b) Título c) Comunidade em que foi publicada d) Firma pública e) Ano f) Número de páginas g) Formato h) Edição i) Preço II – CREDENCIAIS DO AUTOR (informações gerais sobre o autor, nacionalidade, formação, outras obras, etc.). III – RESUMO DA OBRA (são as principais ideias expressas pelo autor, descrição sintetizada do conteúdo). IV – CONCLUSÃO DO AUTOR (o autor faz conclusões? (ou não?) Quais foram? Onde estão colocadas?). V – METODOLOGIA DO AUTOR (método de abordagem: indutivo, dedutivo, etc.; técnica(s) utilizada(s): opinião, etc.). VI – QUADRO DE REFERÊNCIAS DO AUTOR (corrente de pensamento: funcionalismo, materialismo histórico, etc.). VII – QUADRO DE REFERÊNCIAS DO RESENHISTA (obras lidas 55 Análise de Bibliografias na Área da Geografia Capítulo 3 pelo resenhista que tratam do assunto). VIII – CRÍTICA DO RESENHISTA (julgamento da obra, mérito da obra, etc.). IX – INDICAÇÃO DO RESENHISTA (a quem é dirigida? Fornece subsídios para o estudo de alguma área do conhecimento?). X – RESENHISTA(S). DATA: _____/______/________. Assinatura: ___________________ Aproveite este momento de estudo e faça uma visita aos principais SITES, na Internet, das editoras que mais lançam obras sobre a Geografia: - www.livrariasaraiva.com.br - www.papirus.com.br - www.cortezeditora.com.br - www.editoraatlas.com.br - www.editoracontexto.com.br - www.atica.com.br - www.editoramediacao.com.br - www.editorabrasiliense.com.br - www.unijui.edu.br/component/option,com_wrapper/Itemid,3172/ lang,iso- 8859-1 Intermediações Bibliográficas Na Geografia – Algumas Considerações As obras que tratam da Geografia, quer sejam didáticas ou paradidáticas, devem indicar caminhos alternativos para um trabalho de qualidade dessa área do conhecimento. 56 Didática e Prática do Ensino da Geografia As reflexões aqui dispostas são sugestões de como os assuntos abordados em obras podem contribuir e/ou serem viáveis, na ação pedagógica do professor. Assuntos como o clima, a agricultura, a água, o meio ambiente, entre outros, conhecimentos vitais para a humanidade, principalmente no século atual, abordados em obras paradidáticas, precisam ser aproveitados no ensino da Geografia, pois os avanços tecnológicos por si sós não são suficientes para minimizar o flagelo da fome e/ou outros em todo mundo. Leituras e debates complementares desses assuntos, mesmo que abordados em manuais didáticos, são atividades essenciais para uma compreensão melhor dos mecanismos que regulam em escala local e global e vice-versa. O problema é ainda maior quando se trata de ambientes urbanos, a partir do intenso deslocamento populacional que transforma o Brasil em país urbano, pois os impactos provocados pela ocupação sem controle apontam para graves consequências nos planos socioeconômicos. A qualidade da água, do ar, das áreas verdes, do meio físico, por exemplo, estão pedindo socorro, sem esquecer os aspectos afetivos, decorrentes desses problemas, como as relações de vizinhança, que devem ser fundamentais na Geografia, principalmente para quem prepara as gerações futuras. O surgimento de uma nova ordem mundial, a partir da crise bipolar, requer uma discussão maior sobre o século XXI, em particular do Brasil, pois grande número de países se encontra num processo de modernização. Para seu conhecimento, seguem algumas sugestões de obras paradidáticas, entre inúmeras que existem, que podem intermediar os conteúdos propostos pelos manuais didáticos. Título: Amazonas: monopólio, expropriação e conflitos Autor: Ariovaldo Umbelino de Oliveira Editora: Papirus Título: Êxodo rural e urbanização Autores: Fernando Portela e José William Vesentini Editora: Ática Título: Energia para o século XXI As obras que tratam da Geografia, quer sejam didáticas ou paradidáticas, devem indicar caminhos alternativos para um trabalho de qualidade. 57 Análise de Bibliografias na Área da Geografia Capítulo 3 Autores: Francisco C. Scarlato e Joel Pontin Editora: Ática Título: Agricultura camponesa no Brasil Autor: Ariovaldo Umbelino de Oliveira Editora: Contexto Título: Os riscos: o homem como agressor e vítima do meio ambiente Autora: Yvette Veyret Editora: Contexto Título: Do desenho ao mapa Autora: Rosângela Doin de Almeida Editora: Contexto Entendemos também que a melhoria da qualidade do processo ensino- aprendizagem de Geografia não depende somente dos livros didáticos e paradidáticos. Faz-se necessária uma prática docente e pedagógica, entre professores e alunos, de conceitos e saberes para compreender melhor o mundo em que se vive. O lugar e a hora são agora, pois, segundo Fazenda (1979, p. 121): “[...] prevê-se um espaço onde o educador possa dizer sua palavra. Muitas coisas esse educador já faz intuitivamente, mas faltam-lhe respaldo e assessoramento técnico constante de alguém que queira dividir com ele seu saber, suas angústias e limitações”. Para ampliar seus conhecimentos e para propor novas práticas para o seu processo ensino-aprendizagem de Geografia, seguem algumas referências abordando questões teóricas e práticas, que são referências da nossa formação continuada e que podem ser lidas durante o curso ou após o término do mesmo, para dar suporte à sua formação continuada. CALLAI, Helena Copetti. A formação do profissional da Geografia. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 1999. 58 Didática e Prática do Ensino da Geografia CASTELLAR, Sonia (org.). Educação Geográfica: teorias e práticas docentes. 2. ed. São Paulo: contexto, 2006. CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos et. al. Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 2. ed. Porto Alegre: UFRGS/ AGB, 1999. CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (org.). Ensino de geografia: práticas e textualizações no cotidiano. Porto Alegre: Mediação. 2000. CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção de conhecimentos. Campinas: Papirus, 1998. PASSINI, Elza Yasuko (org.). Prática de Ensino de geografia e estágio supervisionado. São Paulo: Contexto, 2007. PEREIRA, Raquel Maria Fontes do Amaral. Da Geografia que se ensina à gênese da geografia moderna. 3. ed. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 1999. PONTUSCHKA, Nídia Nacib et. al. Para ensinar e aprender geografia. São Paulo: Cortez, 2007. SIMIELLE, Maria Helena Ramos. Cartografia no ensino fundamental e médio. In: CARLOS, Ana Fani A. Geografia em sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999. Algumas Considerações Neste capítulo três debruçamo-nos sobre noções básicas e o processo de produções culturais e como selecionar estes instrumentos para efetivar uma boa relação com o aluno. As obras didáticas e paradidáticas devem estar adequadas ao nível cognitivo do aluno. Os textos e suas respectivas atividades devem ter uma certa lógica para proporcionar ao aluno uma reflexão da sua realidade, portanto, muito cuidado na seleção desse material. É fundamental, ao selecionar o livro didático e o paradidático,verificar se os 59 Análise de Bibliografias na Área da Geografia Capítulo 3 mesmos atendem aos objetivos estabelecidos pelo professor. Não tenha medo desse processo. Sempre é hora de (re)começar. Referências FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro. São Paulo: Cortez, 1992. FERNANDES, Bernardo Mançano. O livro paradidático na sala de aula: do planejamento ao uso. In: CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos. Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 2. ed. Porto alegre: UFRGS, 1999. LAJOLO, Marisa. Livro didático: um (quase) manual do usuário. Em aberto, Brasília: ano 16. n. 69, p. 3-8, jan/fev., 1996. PONTUSCHKA, Nídia Nacib. Para ensinar e aprender Geografia. São Paulo: Cortz, 2007. SCHÄFFER, Neiva Otero. O livro didático e o desempenho pedagógico: anotações de apoio à escolha do livro texto. In: CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (org.). Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 2. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1999. VESENTINI, José William. A questão do livro didático no ensino de geografia. In: Semana da Geografia. Textos. Manaus: UFAM, 1984. ______. José William. A questão do livro didático no ensino da geografia. In: VESENTINI, José William (org.). Geografia e ensino, textos críticos. Campinas: Papirus, 1989. 60 Didática e Prática do Ensino da Geografia CAPÍTULO 4 Instrumentos de Avaliação de Aprendizagem na Geografia A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Conhecer aspectos teóricos e práticos sobre avaliação do processo ensino e aprendizagem de geografia. 3 (Re)Significar a concepção de avaliação por meio do confronto de informações e dados. 62 Didática e Prática do Ensino da Geografia 63 Instrumentos de Avaliação de Aprendizagem na Geografia Capítulo 4 Contextualização Nos capítulos anteriores, estudamos algumas questões teóricas e práticas sobre a Geografia e o seu ensino. Em especial vamos tratar agora de questões referentes à avaliação, um assunto tão importante quanto os anteriores, mas ao mesmo tempo conflitante no cenário do processo ensino-aprendizagem. Embora não pretendamos nos alongar nas diversas abordagens sobre avaliação, não podemos deixar de nos preocupar com essa questão, pois além de fazer parte das nossas discussões, a valorização da nota continua sendo um mecanismo de controle que interfere no processo do ensino e da aprendizagem de geografia. Essas e outras complexidades levam o professor de Geografia a se questionar sobre o que e como fazer. Então: O que entendemos por avaliação? Como se dá a nossa prática avaliativa? Instrumentos de Avaliação da Aprendizagem na Geografia Em nosso dia a dia estamos sempre avaliando e sendo avaliados. Mas é, sem dúvida, na escola que o processo de avaliar acontece de maneira mais efetiva, provocando sérios prejuízos àqueles que a ele são submetidos. Avaliar é uma “tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem”. (LIBÂNEO, 1994, p. 195). Para Ausubel et al. (apud SOUZA, 1993, p. 30), “Avaliar significa emitir um julgamento de valor ou mérito, examinar os resultados educacionais, para saber se preenchem um conjunto particular de objetivos educacionais”. A avaliação escolar vem sendo, há longa data, um problema, pois exclui muita gente do acesso ao saber. Um dos grandes entraves foi e é seu uso como instrumento de controle da disciplina e de ameaça de aprovação ou reprovação dos alunos em sala de aula. Para Sampaio (1997, p. 64): Esse modelo de ensino permite ao aluno entender informações, memorizar e mecanizar aquisições, ter bom desempenho em Avaliar é uma “tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente, que deve acom- panhar passo a passo o proces- so de ensino e aprendizagem”. (LIBÂNEO, 1994, p. 195). 64 Didática e Prática do Ensino da Geografia provas de devolução das informações transmitidas e com isso avançar no percurso seriado; possibilita, entretanto, que os conteúdos não sejam apropriados, mas que se possa aprender a responder nas provas o que foi memorizado apenas para um desempenho satisfatório nesta situação, o que equivale a conseguir sucesso sem aprendizagem real. Esse problema afetou, e ainda afeta, grande parte dos professores, em particular os de Geografia que têm a preocupação em aprimorar o processo avaliativo, pois há um distanciamento entre o que dizem as diversas teorias e práticas da avaliação e aquilo que acontece em sala de aula. Assim sendo, o ponto crucial está com o professor que, nesse processo avaliativo, ainda conta com a postura dos pais, em sua maioria ex-alunos com uma cultura de avaliação como medida classificatória, seletiva, de aprovação e de reprovação, que muitas vezes dificulta mudanças na prática do avaliar. Na verdade, o processo de avaliar, em larga escala, ainda proporcionou grandes progressos no ensino, pois continua sendo classificatório e seletivo. A avaliação como elemento integrador e motivador deve passar por constantes correções das possíveis distorções e novos encaminhamentos. Felizmente, a avaliação tem sido alvo de preocupação de alguns professores, principalmente daqueles que a entendem como inerente à educação, enquanto concebida como problematização, reflexão e questionamento sobre o ensinar e o aprender. Os cursos de formação de professores, o currículo, o projeto pedagógico, o “ser” da criança e do adolescente, o processo ensinar e aprender, a formação continuada e a avaliação não podem ficar de fora dessa discussão. Esta só é Ponta desse grande iceberg. Nesse sentido, esclarece Darsie (1996, p. 48): Se a ação educativa visa promover modificações nos sujeitos nela e por ela envolvidos, interferindo na aprendizagem deste, e se a ação de aprender se torna capaz de provocar tais modificações... então a avaliação da ação de aprender deve refletir tal intencionalidade. Assim, a avaliação passa a ser um instrumento da intencionalidade educativa, não mero momento de constatação desta. 65 Instrumentos de Avaliação de Aprendizagem na Geografia Capítulo 4 Indicamos como leitura complementar o artigo de: FIRME, Thereza Penna. Os Avanços da Avaliação no Século XXI. Disponível em: <http://www.cenpec.org.br/modules/editor/arquivos/ c8a0633f-4d01-eae6.pdf>. Acesso em: 06 jul. 2009. Parafraseando Celso dos Santos Vasconcellos, em seu livro “Avaliação: concepção dialético-libertadora do processo de avaliação escolar”. São Paulo: 1995, propomos, para a prática antiga de avaliar, uma avaliação processual e formativa a partir dos seguintes princípios: • Abrir mão do uso autoritário da avaliação. • Alterar a metodologia de trabalho em sala de aula. • Redimensionar o uso da avaliação. • Redimensionar o conteúdo da avaliação. • Alterar a postura diante dos resultados. • Criar uma nova mentalidade junto aos alunos, aos professores e à comunidade acadêmica. Atividade de Estudos: A partir dos princípios apontados por Vasconcellos para uma avaliação processual e formativa, liste algumas ações que possam concretizá-los. a) Como abrir mão do uso autoritário da avaliação? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 66 Didática e Prática do Ensino da Geografia ______________________________________________________ b) Como alterar a postura diante dos resultados? ______________________________________________________
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