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Prof. Ricardo A. Andreucci Constitucionalismo e Crimes de Intolerância Racismo, discriminação e preconceito na legislação brasileira 1Prof. Ricardo A. Andreucci Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Igualdade na CF Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Prof. Ricardo A. Andreucci 2 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Igualdade na CF Art. 4º A República Federativa do Brasil rege- se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: (...) VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; Prof. Ricardo A. Andreucci 3 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Igualdade na CF Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; Prof. Ricardo A. Andreucci 4 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Igualdade na CF Art. 5º (...) XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; Prof. Ricardo A. Andreucci 5 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Igualdade na CF Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Prof. Ricardo A. Andreucci 6 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci INTOLERÂNCIA Intolerância é uma atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferenças em crenças e opiniões. Intolerância é não respeitar o direito de ser diferente. 7 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Desafio Como equacionar o racismo, o preconceito e a intolerância com a liberdade de opinião e expressão? 8 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci INTOLERÂNCIA A intolerância está baseada no preconceito e pode levar à discriminação. Formas comuns de intolerância incluem ações discriminatórias de controle social, como racismo, sexismo, homofobia, homofascismo, heterossexismo, edaísmo (discriminação por idade), intolerância religiosa e intolerância política. 9 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci INTOLERÂNCIA Em sua forma cotidiana, a intolerância é uma atitude expressa através de argumentação raivosa, menosprezando as pessoas por causa de seus pontos de vista ou características físicas e/ou culturais, retratando algo negativamente devido aos próprios preconceitos etc. Num nível mais extremo, pode levar à violência; em sua forma mais severa, ao genocídio. Possivelmente, o exemplo mais infame na cultura ocidental seja o Holocausto. 10 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Holocausto Holocausto, também conhecido como Shoá (em hebraico), foi o genocídio ou assassinato em massa de cerca de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, no maior genocídio do século XX, através de um programa sistemático de extermínio étnico patrocinado pelo Estado nazista, liderado por Adolf Hitler e pelo Partido Nazista e que ocorreu em todo o Terceiro Reich e nos territórios ocupados pelos alemães durante a guerra. Prof. Ricardo A. Andreucci 11 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Holocausto Dos nove milhões de judeus que residiam na Europa antes do Holocausto, cerca de dois terços foram mortos; mais de um milhão de crianças, dois milhões de mulheres e três milhões de homens judeus morreram durante o período. Prof. Ricardo A. Andreucci 12 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci ESCALA DE ALLPORT Escala de Allport é um método para medir o preconceito numa sociedade. Também é conhecida por Escala de Preconceito e Discriminação de Allport ou Escala de Preconceito de Allport. 13 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci ESCALA DE ALLPORT Ela foi descrita pelo psicólogo Gordon Allport em seu livro The Nature of Prejudice (1954). Allport viveu de 1897 a 1967. A Escala de Allport vai de 1 a 5. 14 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci ANTILOCUÇÃO Nível 1 - Antilocução Antilocução significa um grupo majoritário fazendo piadas abertamente sobre um grupo minoritário. A fala se dá em termos de estereótipos negativos e imagens negativas. Isto também é chamado de incitamento ao ódio. É geralmente vista como inofensiva pela maioria. 15 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci ANTILOCUÇÃO A antilocução por si mesma pode não ser danosa, mas estabelece o cenário para erupções mais sérias de preconceito. Por exemplo, piadas sobre portugueses (no Brasil), brasileiros (em Portugal), negros, gays, portadores de deficiências, gordos etc. 16 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci ESQUIVA Nível 2 - Esquiva O contato com as pessoas do grupo minoritário passa a ser ativamente evitado pelos membros do grupo majoritário. Pode não se pretender fazer mal diretamente, mas o mal é feito por meio do isolamento. 17 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci DISCRIMINAÇÃO Nível 3 - Discriminação O grupo minoritário é discriminado, negando-lhe oportunidades e serviços e acrescentando preconceito à ação. 18 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci DISCRIMINAÇÃO Os comportamentos têm por objetivo específico prejudicar o grupo minoritário impedindo-o de atingir seus objetivos, como obtenção de educação ou empregos etc. O grupo majoritário está tentando ativamente prejudicar o minoritário. 19 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci ATAQUE FÍSICO Nível 4 - Ataque Físico O grupo majoritário vandaliza as coisas do grupo minoritário, queima propriedades e desempenha ataques violentos contra indivíduos e grupos. 20 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci ATAQUE FÍSICO Danos físicos são perpetrados contra os membros do grupo minoritário. Por exemplo, linchamento de negros nos Estados Unidos da América; pogroms (Pogrom, do russo погром) é um ataque violento maciço a pessoas, com a destruição simultânea do seu ambiente - casas, negócios, centros religiosos. Historicamente, o termo tem sido usado para denominar atos em massa de violência, espontânea ou premeditada, contra judeus e outras minorias étnicas da Europa, Ex.: e a aplicação de pixe e penas em mórmons nos EUA dos anos 1800. 21 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci EXTERMÍNIO Nível 5 - Extermínio O grupo majoritário busca a exterminação do grupo minoritário. Ele tenta liquidar todo um grupo de pessoas (por exemplo, a população dos índios norte- americanos, a Solução Final para o Problema Judeu, a Limpeza Étnica na Bósnia etc). 22 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150Prof. Ricardo A. Andreucci TERMINOLOGIA É muito comum estabelecer-se a confusão entre: RACISMO, DISCRIMINAÇÃO e PRECONCEITO. 23 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Racismo O termo “racismo” geralmente expressa o conjunto de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças, entre as etnias, ou ainda uma atitude de hostilidade em relação a determinadas categorias de pessoas. Pode ser classificado como um fenômeno cultural, praticamente inseparável da história humana. 24 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Discriminação A “discriminação”, por seu turno, expressa a quebra do princípio da igualdade, como distinção, exclusão, restrição ou preferência, motivado por raça, cor, sexo, idade, trabalho, credo religioso ou convicções políticas. 25 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Preconceito Já o “preconceito” indica opinião ou sentimento, quer favorável, quer desfavorável, concebido sem exame crítico, ou ainda atitude, sentimento ou parecer insensato, assumido em conseqüência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio, conduzindo geralmente à intolerância. 26 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci INTOLERÂNCIA Portanto, em regra, o racismo ou o preconceito é que levam à discriminação. 27 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci OUTRAS FORMAS DE INTOLERÂNCIA A intolerância, motivo de diversos crimes, se manifesta, ainda, de diversas outras formas: Homofobia, Transfobia, Heterossexismo, Xenofobia, Etnocentrismo, 28 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci OUTRAS FORMAS DE INTOLERÂNCIA Intolerância Racial; Intolerância Religiosa; Intolerância Social; Intolerância Sexual; Intolerância com a aparência alheia. 29 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Gordofobia A gordofobia, agressão que atinge todas as idades, está, mais uma vez, diretamente ligada aos padrões de beleza que a sociedade escolhe para nós. O gordofóbico despreza pessoas gordas e obesas, sente-se desconfortável perto delas, além de se sentir no direito de usar o peso do outro como motivo de piadas. 30 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Gordofobia 72% dos comentários na Internet sobre intolerância com aparência são explicitamente ofensivos, atingindo pessoas acima do peso ou com características físicas fora dos padrões. 6,2% dos empregadores admitiram que não contratam gordos. (fonte: site comunicaquemuda.com.br) 31 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Misoginia Assédio, ódio declarado, incitações a estupro, nudez vazada, pornografia de vingança e discursos travestidos de “piada” são formas de misoginia – nome dado ao ódio e à aversão às mulheres – tanto nas redes sociais quanto fora delas. Prof. Ricardo A. Andreucci 32 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Misoginia “A misoginia, assim como acontece com outras intolerâncias, ganha proporções muito maiores no meio digital, pois existe uma linha muito tênue entre o que é liberdade de expressão e o que se torna discurso de ódio. Ao mesmo tempo que a internet dá mais espaço para que as pessoas digam o que querem, ela também escancara a desigualdade de gênero existente em todas as esferas da sociedade.” (fonte: site comunicaquemuda.com.br) Prof. Ricardo A. Andreucci 33 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci HOMOFOBIA A homofobia é um termo criado para expressar o ódio, aversão ou a discriminação de uma pessoa contra homossexuais ou homossexualidade. 34 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci HOMOFOBIA O termo é um neologismo criado pelo psicólogo George Weinberg, em 1971, numa obra impressa, combinando as palavra grega phobos ("fobia"), com o prefixo homo-, como remissão à palavra "homossexual". 35 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci HOMOFOBIA Phobos (grego) é medo em geral. Fobia seria assim um medo irracional (instintivo) de algo. Porém, "fobia" neste termo é empregado, não só como medo geral (irracional ou não), mas também como aversão ou repulsa em geral, qualquer que seja o motivo. 36 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Homofobia - criminalização ADO MI 4733/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 13.6.2019. (MI-4733) “Em conclusão de julgamento, o Plenário, por maioria, julgou procedentes os pedidos formulados em ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) e em mandado de injunção (MI) para reconhecer a mora do Congresso Nacional em editar lei que criminalize os atos de homofobia e transfobia. Determinou, também, até que seja colmatada essa lacuna legislativa, a aplicação da Lei 7.716/1989 (que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor) às condutas de discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero, com efeitos prospectivos e mediante subsunção.” 37Prof. Ricardo A. Andreucci Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Homofobia - criminalização “1. Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar os mandados de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição da República, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem expressões de racismo, compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se, por identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos primários de incriminação definidos na Lei nº 7.716, de 08.01.1989” 38Prof. Ricardo A. Andreucci Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci TRANSFOBIA A transfobia é a aversão a pessoas trans (transexuais, transgêneros, travestis) ou discriminação a estes. A transfobia manifesta-se normalmente de forma mais reconhecida socialmente contra as pessoas trans adultas, quer sob a forma de opiniões negativas, quer sobre agressões físicas ou verbais. 39 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci TRANSFOBIA Manifesta-se também muitas vezes de forma indireta com a preocupação excessiva em garantir que as pessoas sigam os papéis sociais associados ao seu sexo biológico. Por exemplo, frases como "menino não usa saia" são, em sentido lato, uma forma de transfobia. 40 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci HETEROSSEXISMO Heterossexismo é um termo relativamente recente e que designa um pensamento segundo o qual todas as pessoas são heterossexuais até prova em contrário. Um indivíduo ou grupo classificado por heterossexista não reconhece a possibilidade de existência da homossexualidade (ou mesmo da bissexualidade). 41 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci HETEROSSEXISMO Tais comportamentos são ignorados ou por se acreditar que são um "desvio" de algum padrão, ou pelo receio de gerar polêmicas ao abordar determinados assuntos em relação à sexualidade. Apesar de poder ser considerada como uma forma de preconceito, se diferencia da homofobia por ter como característica o ato de ignorar manifestações sexuais geralmente minoritárias (as situações homofóbicas não só não ignoram como apresentam aversão). 42 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci XENOFOBIA Xenofobia é comumente associada a aversão a outras raças e culturas. É também associado à fobia em relação a pessoas ou grupos diferentes, com os quais o indivíduo que apresenta a fobia habitualmente não entra em contato e evita. 43Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci ETNOCENTRISMO Etnocentrismo é uma atitude na qual a visão ou avaliação de um grupo sempre seria baseada nos valores adotados pelo seu grupo, como referência, como padrão de valor. Trata-se de uma atitude discriminatória e preconceituosa. Basicamente, encontramos em tal posicionamento um grupo étnico sendo considerado como superior a outro. 44 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci LEGISLAÇÃO NO BRASIL LEI AFONSO ARINOS LEI Nº 1.390, DE 3 DE JULHO DE 1951 Inclui entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceitos de raça ou de cor. 45 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci LEI nº 7.437, de 20.12.1985 Incluí, entre as contravenções penais, a prática de atos resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil, dando nova redação à Lei nº 1.390, de 3 de julho de 1951 - Lei Afonso Arinos. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art 1º - Constitui contravenção, punida nos termos desta Lei, a prática de atos resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil. Art 2º - Será considerado agente de contravenção o diretor, gerente ou empregado do estabelecimento que incidir na prática referida no art. 1º desta Lei. 46 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci LEI nº 7.716, de 05.01.1989 Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. (Alterada pelas Leis nº 8.081/90 e 9.459 / 97 já incluídas no texto) O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.” (nova redação dada pela Lei nº 9.459, de 13 de maio de 1997) (redação original) Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor. 47 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Lei 12.288/10 Art. 1o Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica. Prof. Ricardo A. Andreucci 48 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Lei 12.288/10 Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se: I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada; Prof. Ricardo A. Andreucci 49 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Lei 12.288/10 Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se: II - desigualdade racial: toda situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica; Prof. Ricardo A. Andreucci 50 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Lei 12.288/10 Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se: III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais; Prof. Ricardo A. Andreucci 51 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Lei 12.288/10 Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se: IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição análoga; Prof. Ricardo A. Andreucci 52 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Lei 12.288/10 Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se: V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no cumprimento de suas atribuições institucionais; Prof. Ricardo A. Andreucci 53 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Lei 12.288/10 Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se: VI - ações afirmativas: os programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades. Prof. Ricardo A. Andreucci 54 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Lei 7.716/89 - Crimes em espécie Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. 55 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Crimes em espécie A Lei n. 7.716/89, nesse artigo, estabelece punição aos crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, sem, entretanto, esclarecer os precisos contornos de cada uma dessas expressões. 56 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Raça Raça pode ser definida como cada um dos grupos em que se subdividem algumas espécies animais (no caso específico da lei — os humanos), cujos caracteres diferenciais se conservam através das gerações (p. ex., raça branca, amarela, negra). 57 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Cor Cor indica a coloração da pele em geral (branca, preta, vermelha, amarela, parda). 58 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Etnia Etnia significa coletividade de indivíduos que se diferencia por sua especificidade sociocultural, refletida principalmente na língua, religião e maneiras de agir. Grupo que tem a mesma cultura, os mesmos hábitos. Por exemplo: indígenas 59 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Religião Religião é a crença ou culto praticados por um grupo social, ou ainda a manifestação de crença por meio de doutrinas e rituais próprios (p. ex., católica, protestante, espírita, muçulmana, islamita etc.). 60 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Procedência nacional Procedência nacional significa o lugar de origem da pessoa, a nação da qual provém, o lugar de onde procede o indivíduo (p. ex., italiano, japonês, português, árabe, argentino etc.), incluindo, a nosso ver, a procedência interna do País (p. ex., nordestino, baiano, cearense, carioca, gaúcho, mineiro, paulista etc.). 61 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Portadores do vírus HIV A Lei n. 12.984, de 2-6- 2014, definiu o crime de discriminação dos portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e doentes de AIDS. Prof. Ricardo A. Andreucci 62 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Portadores do vírus HIV Art. 1º Constitui crime punível com reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, as seguintes condutas discriminatórias contra o portador do HIV e o doente de aids, em razão da sua condição de portador ou de doente: I - recusar, procrastinar, cancelar ou segregar a inscrição ou impedir que permaneça como aluno em creche ou estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado; II - negar emprego ou trabalho; III - exonerar ou demitir de seu cargo ou emprego; IV - segregar no ambiente de trabalho ou escolar; V - divulgar a condição do portador do HIV ou de doente de aids, com intuito de ofender-lhe a dignidade; VI - recusar ou retardar atendimentode saúde. Prof. Ricardo A. Andreucci 63 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Injúria por preconceito ATENÇÃO: Não há que confundir, como frequentemente ocorre, crime de racismo (previsto pela Lei n. 7.716/89) com o crime de injúria por preconceito. 64 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Injúria por preconceito O racismo resulta de discriminação, de preconceito racial, implicando segregação, impedimento de acesso, recusa de atendimento etc. a alguém. A injúria racial é crime contra a honra, agindo o sujeito ativo com animus injuriandi (vontade de ofender) elegendo como forma de execução do crime justamente a utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem da vítima. 65 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Injúria por preconceito A injúria por preconceito, também chamada de injúria racial, foi acrescentada ao Código Penal pela Lei n. 9.459/97, consistindo na utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem, para ofender a honra subjetiva da vítima (auto-estima). 66 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Injúria por preconceito Vem prevista no § 3º do art. 140 do Código Penal: “§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”. 67 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Jurisprudência “A utilização de palavras depreciativas referentes à raça, cor, religião ou origem, com o intuito de ofender a honra subjetiva da pessoa, caracteriza o crime previsto no § 3º do art. 140 do CP, ou seja, injúria qualificada, e não o crime previsto no art. 20 da Lei n. 7.716/89, que trata dos crimes de preconceito de raça ou de cor” (TJSP — RT, 752/594). 68 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Jurisprudência “RACISMO — Não caracterização — Ofensa consistente em chamar alguém de ‘preto’, acompanhada de outros adjetivos pejorativos — Ato discriminatório inocorrente — Simples crime de injúria — Artigo 140, § 3º, do Código Penal, com a redação dada pela Lei Federal n. 9.459, de 1997 — Trancamento da ação penal — Ordem concedida” (TJSP — JTJ, 210/321). 69 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 STF – Inq. 1458/RJ – Tribunal Pleno Ementa: “QUEIXA-CRIME - INJÚRIA QUALIFICADA VERSUS CRIME DE RACISMO - ARTIGOS 140, § 3º, DO CÓDIGO PENAL E 20 DA LEI Nº 7.716/89. Se a um só tempo o fato consubstancia, de início, a injúria qualificada e o crime de racismo, há a ocorrência de progressão do que assacado contra a vítima, ganhando relevo o crime de maior gravidade, observado o instituto da absorção. Cumpre receber a queixa-crime quando, no inquérito referente ao delito de racismo, haja manifestação irrecusável do titular da ação penal pública pela ausência de configuração do crime. Solução que atende ao necessário afastamento da impunidade.” Prof. Ricardo A. Andreucci 70 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 RHC 19.166-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 24/10/2006. Trata-se de RHC em favor de denunciados pela suposta prática do delito tipificado no art. 20 da Lei n. 7.716/1989. A vítima, passageiro a bordo de aeronave de empresa americana com destino ao Rio de Janeiro, desentendeu-se com os acusados, dois comissários de bordo, primeiro quanto ao assento em que estava posicionado e, num segundo incidente, após o passageiro ter solicitado os nomes dos acusados, que não usavam crachá, foi novamente desrespeitado (fato ocorrido em território nacional). Prof. Ricardo A. Andreucci 71 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 RHC 19.166-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 24/10/2006. O primeiro denunciado, incitado pelo segundo denunciado, proferiu a seguinte ofensa: "amanhã vou acordar jovem, bonito, orgulhoso, rico e sendo um poderoso americano e você vai acordar como safado, depravado, repulsivo, canalha e miserável brasileiro". Narra-se, nos autos, que o segundo denunciado, extremamente irritado, concorreu material e moralmente para o ato do primeiro denunciado, e partiu para agressão física, mas não atingiu o brasileiro por ter sido contido por outros passageiros. Prof. Ricardo A. Andreucci 72 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 RHC 19.166-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 24/10/2006. Recebida a denúncia, impetraram os recorrentes habeas corpus em que alegam a ilegitimidade ativa do MP, mas o Tribunal a quo, por votação unânime, denegou a ordem. Isso posto, o Min. Relator explicou que, no caso, a conduta dos recorrentes não se limitou ao delito de injúria preconceituosa - ataque verbal em que se procura atingir a honra subjetiva da vítima por raça, cor, etnia, origem etc (art. 140, § 3º, do CP). Prof. Ricardo A. Andreucci 73 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 RHC 19.166-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 24/10/2006. Em tese, houve o delito de preconceito de procedência nacional previsto no art. 20 da Lei n. 7.716/1989, em que a intenção dos denunciados foi contra toda a coletividade brasileira, ao ressaltar a pretensa superioridade advinda do fato de serem americanos em contraposição à condição de ser brasileiro. Logo, a alegada ilegitimidade ad causam do MP não procede. Afirmou, ainda, que a conduta do segundo acusado amolda- se, em um primeiro momento, ao da incitação para que ocorressem as agressões verbais descritas na denúncia. Prof. Ricardo A. Andreucci 74 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 RHC 19.166-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 24/10/2006. Com esse entendimento, o Min. Relator denegou a ordem, reconhecendo que a denúncia vem respaldada em depoimentos de diversas testemunhas, sendo precipitado o trancamento da ação penal. Após essas considerações, a Turma, por unanimidade, negou o recurso em habeas corpus em relação ao primeiro recorrente e, por maioria, negou provimento ao recurso do segundo recorrente.” Prof. Ricardo A. Andreucci 75 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Lei 7.437/85 ATENÇÃO: as condutas resultantes de preconceito ou discriminação por raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional encontram-se tipificadas na Lei 7.716/89 como crimes, enquanto as condutas resultantes de preconceito ou discriminação por sexo e estado civil encontram-se tipificadas na Lei 7.437/85 como contravenções penais. 76 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Lei 7.437/85 Art. 1º. Constitui contravenção, punida nos termos desta lei, a prática de atos resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil. 77 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Condutas resultantes de preconceito ATENÇÃO: antes de proceder ao estudo dos crimes em espécie previstos pela Lei n. 7.716/89, deve ser ressaltado que, para a configuração de todos os tipos penais analisados, há a necessidade de que todas as condutas sejam resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Assim, embora tal elemento não conste expressamente da descrição típica de cada ilícito estudado, deve ser necessariamente considerado em razão do contido no art. 1º dessa lei. 78 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Crimes em espécie Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos: Pena — reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 79 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Inclusão da Lei 12.288/10 Parágrafo único.Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, obstar a promoção funcional. 80 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Crimes em espécie Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada: Pena — reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 81 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Inclusão da Lei 12.288/10 § 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de descendência ou origem nacional ou étnica: 82 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Inclusão da Lei 12.288/10 I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empregado em igualdade de condições com os demais trabalhadores; II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma de benefício profissional; III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário. 83 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Inclusão da Lei 12.288/10 § 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas exigências. 84 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Crimes em espécie Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador: Pena — reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos. 85 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Crimes em espécie Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau: Pena — reclusão de 3 (três) a 5 (cinco) anos. Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de 18 (dezoito) anos a pena é agravada de 1/3 (um terço). 86 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Casos concretos Duas alunas evangélicas (Maringá/PR – 2017) foram impedidas de frequentar a escola por usarem saias. Aluno é impedido de frequentar escola com guias de candomblé (Rio de Janeiro/RJ – 2014). Prof. Ricardo A. Andreucci 87 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Crimes em espécie Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar: Pena — reclusão de 3 (três) a 5 (cinco) anos. 88 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Crimes em espécie Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público: Pena — reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos. 89 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Caso concreto Em Portugal, em 2017, um caso se tornou de grande repercussão, porque um casal de ciganos foi impedido de frequentar um restaurante. Prof. Ricardo A. Andreucci 90 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Crimes em espécie Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos ao público: Pena — reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos. 91 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Caso concreto Em 2013, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) instaurou inquérito civil para apurar supostas discriminações sociais praticadas contra babás por quatro clubes localizados na Zona Sul do Rio. As babás só poderiam entrar nos estabelecimentos se estiverem usando uniformes brancos. Prof. Ricardo A. Andreucci 92 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Crimes em espécie Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabelecimentos com as mesmas finalidades: Pena — reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos. 93 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Crimes em espécie Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos: Pena — reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos. 94 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Crimes em espécie Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios, barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido: Pena — reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos. E OS TAXIS??? 95 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Crimes em espécie Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas. Pena — reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar e social. Pena — reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. 96 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Jurisprudência “AÇÃO PENAL — Justa causa — Racismo — Indiciada que impede namoro do filho com a vítima, em razão da diferença de raças — Denúncia baseada no artigo 14 da Lei Federal n. 7.716, de 1989 — Admissibilidade — Respaldo, ademais, na prova oral colhida no inquérito policial — Recebimento da referida inicial determinado — Recurso provido” (TJSP — JTJ, 183/264). 97 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Ateísmo Não se inclui o ateísmo nessa noção de religião. A discriminação por ateísmo, portanto, constitui fato atípico. Considerando-se o ateu como aquele que não crê em Deus ou em deuses e, por sua vez, religião como crença necessariamente vinculada à existência de Ente ou entes superiores, o ateísmo enquadrar-se-ía como espécie de doutrina filosófica não amparada pela Lei n. 7.716/89. 98 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Questão Polícia Federal Delegado Federal – CESPE – 2004. Pedro pediu em casamento Carolina, que tem 16 anos de idade, e ela aceitou. O pai de Carolina, porém, negou-se a autorizar o casamento da filha, pelo fato de o noivo ser negro. Todavia, para não ofender Pedro, solicitou a Carolina que lhe dissesse que o motivo da sua recusa era o fato de ele ser ateu. Nessa situação, o pai de Carolina cometeu infração penal. Gabarito Oficial: CERTO 99 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Efeitos da condenação Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o servidor público, e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a 3 (três) meses. 100 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Efeitos da condenação Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. Os citados efeitos da condenação, entretanto, segundo estabelece o art. 18, não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. 101 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Crimes em espécie Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional: Pena — reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. 102 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Crimes em espécie § 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos, propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada,para fins de divulgação do nazismo: Pena — reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa. 103 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Suástica Suástica é um símbolo místico que originalmente representa a busca pela felicidade, salvação e boa sorte. A suástica é formada por uma cruz com as suas extremidades curvadas e posicionada em torno de um centro estático. Em algumas culturas a suástica representa o conceito do movimento cíclico e de regeneração da vida. Prof. Ricardo A. Andreucci 104 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Suástica Acredita-se que a suástica exista há mais de 7 mil anos, tendo sido utilizada por povos que habitavam a região da Eurásia, durante o Período Neolítico. O símbolo também foi usado por antigas civilizações da América do Norte e América Central. Prof. Ricardo A. Andreucci 105 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Suástica Há registros de que o símbolo já era usado no Período Neolítico, sendo também encontrado na história de inúmeras civilizações, como os Astecas, os Celtas, os Budistas, os Gregos, os Hindus, no Egito, entre outros. Prof. Ricardo A. Andreucci 106 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Cruz suástica ou gamada Essa mesma cruz, com os braços voltados para o lado direito, foi adotada como emblema oficial do III Reich e do Partido Nacional-Socialista alemão. Tornou-se símbolo do nazismo. O nazismo (abreviatura de nacional-socialismo, em alemão), como se sabe, era a doutrina que exacerbava as tendências nacionalistas e racistas, constituindo a ideologia de Adolph Hitler (1889- 1945). 107 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Cruz suástica ou gamada – Símbolo do Nazismo 108 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Crimes em espécie § 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza: Pena — reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa. 109 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Revista VEJA – 15.12.2011 O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro avaliou como racista a letra da música Veja os Cabelos Dela, de autoria do deputado federal Tiririca. A decisão condena a gravadora Sony, detentora dos direitos autorais da música a pagar indenização de 1,2 milhão de reais. A ação foi movida por dez organizações não governamentais que lutam contra o racismo. Prof. Ricardo A. Andreucci 110 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Revista VEJA – 15.12.2011 As entidades alegaram que trechos da música são ofensivos aos negros. Num trecho, a canção diz: “Veja veja veja veja veja os cabelos dela/Parece bom-bril, de ariá panela/Parece bom-bril, de ariá panela/Eu já mandei, ela se lavar/Mas ela teimo, e não quis me escutar/Essa nega fede, fede de lascar...” Prof. Ricardo A. Andreucci 111 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Crimes em espécie § 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência: I — o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo; II — a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas. 112 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Prof. Ricardo A. Andreucci Crimes em espécie § 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreendido. 113 Gabriel Valadares de Morais - 02570879150
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