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Pós-graduação – Faculdade LEGALE DIREITO CONSTITUCIONAL APLICADO Prof. Ricardo A. Andreucci Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 O que é Direito Const. Aplicado? É uma nova abordagem do Direito Constitucional na visão dos outros ramos do Direito. É o estudo do Direito Civil, do Direito Penal, do Direito Tributário, do Direito do Trabalho, do Direito Previdenciário, do Direito Processual Penal etc sob uma ótica constitucional. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Constitucionalismo Aplicado É voltado para uma nova categoria de profissionais do Direito, comprometidos com a prevalência dos postulados constitucionais em consonância com a base principiológica que permeia todos os ramos do Direito. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Constitucionalismo Aplicado Visa conferir uma formação jurídica complementar diferenciada. Rompe com o paradigma tradicional dos cursos de pós-graduação. A cada aula é analisado um tema novo e instigante. Fomenta a discussão e o aprofundamento das questões mais atuais que estão sendo discutidas nos Tribunais Superiores. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Constitucionalismo Aplicado Exemplos de alguns temas que serão analisados nas nossas aulas: Teoria geral dos Direitos Fundamentais. Princípios e regras. Interpretação, eficácia, conteúdo essencial e restrições. Possibilidade de renúncia. Ativismo Judicial. Judicialização da política. Politização do judiciário. Mínimo existencial. Reserva do possível e orçamento. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Constitucionalismo Aplicado Direito Civil Constitucional. Reflexão sobre a interação entre o Direito Civil e o Direito Constitucional e a forma de incidência das normas constitucionais nas relações jurídicas de Direito Privado, com o estudo da eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Constitucionalismo Aplicado Relação entre Tratados e a Constituição de 1988. Conflitos entre a CRFB e os tratados internacionais. Sistema monista e dualista. Decisões do STF. Direitos fundamentais aplicados ao Biodireito. Bioética e Dignidade Humana.Engenharia genética e pesquisa em seres humanos. Biodireito. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Constitucionalismo Aplicado Constitucionalismo e crimes de intolerância. Racismo. Discriminação e preconceito da legislação brasileira. Remédios constitucionais aplicados ao processo do trabalho individual e coletivo. Aplicabilidade e resguardo. Utilização nas relações sindicais. Princípios constitucionais do processo penal. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Constitucionalismo - noção Ordenamento de uma sociedade política mediante uma Constituição escrita, cuja supremacia significa a subordinação a suas disposições de todos os atos emanados dos poderes constituídos que formam o governo. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Constitucionalismo O marco histórico do novo direito constitucional, na Europa continental, foi o constitucionalismo do pós-guerra, especialmente na Alemanha e na Itália. No Brasil, foi a Constituição de 1988 e o processo de redemocratização que ela ajudou a protagonizar. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Constitucionalismo - características É um fenômeno antigo. Tem seu apogeo no liberalismo do final do século XVIII, propagando o movimento jurídico, social, político e ideológico, em que se almejava assegurar direitos e garantias fundamentais,bem como a separação dos poderes em oposição ao absolutismo reinante no Antigo Regime. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Constitucionalismo medieval Na Idade Média, o direito constitucional ocupa-se em delimitar o poder estatal, em virtude, originariamente, da difusão de idéias jusnaturalistas. Tal período foi de grande relevância para a consagração de liberdades públicas e direitos e garantias fundamentais, mormente quando, em1215, a Inglaterra elabora sua Magna Charta Libertatum. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Constitucionalismo A Carta Magna, outorgada por João Sem Terra, é tida como o primeiro instrumento solene que previu direitos incorporados até os dias atuais às constituições de todo o mundo, tais como: direito de petição, instituição do Tribunal do Júri, direito ao devido processo legal, habeas corpus, direito ao acesso à Justiça, liberdade de religião, dentre outros. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Magna Charta Libertatum Rei João da Inglaterra – “João sem terra”. Filho de Henrique II – Rei da Inglaterra. Herda o trono, com a morte de seu irmão “Ricardo Coração de Leão”. Sucessivos fracassos e problemas com a Igreja. Os barões ingleses invadem Londres. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Magna Charta Libertatum Barões ingleses – impõe uma carta de direitos – Magna Charta Libertatum. Em 1215 a Carta é assinada por João e pelos barões ingleses. Pouco tempo depois, com a desocupação de Londres, João resolve não aceitar a Carta, iniciando- se uma verdadeira guerra civil na Inglaterra. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Magna Charta Libertatum Em 1216, João morre. Seu filho, Henrique III, reedita a Carta, embora com a supressão de alguns artigos. Até hoje a Magna Charta inspira constituições da maioria dos países, sendo um importante diploma precursor dos Direitos Humanos. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Magna Charta Libertatum Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Magna Charta Libertatum Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 João, Rei da Inglaterra Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Due process of Law “Clause 39”: “no free man shall be imprisoned or deprived of his lands except by judgement of his peers or by the law of the land”. Art. 5º, LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Constitucionalismo O constitucionalismo moderno ganha vulto no fim do século XVIII, com o advento das constituições – agora escritas e rígidas – dos Estados Unidos da América em 1787 e da França em 1791. Tais documentos assinalam, derradeiramente, a separação de poderes. Nesta fase, começa a surgir o movimento pós-positivista, pautado, principalmente, nos princípios jurídicos, em detrimento da análise fria do normativismo. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Pós-positivismo O marco filosófico do novo direito constitucional é o pós-positivismo. O debate acerca de sua caracterização situa-se na confluência das duas grandes correntes de pensamento que oferecem paradigmas opostos para o Direito: o jusnaturalismo e o positivismo. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Pós-positivismo Jusnaturalismo pode ser definido como o Direito Natural, ou seja, todos os princípios, normas e direitos que se têm como idéia universal e imutável de justiça e independente da vontade humana. Já o positivismo, no Direito, pugnava a necessidade de codificação, de se estabelecer regras pré-definidas, para uma maior segurança da sociedade. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Pós-positivismo O pós-positivismo busca ir além da legalidade estrita, mas não despreza o direito posto; procura empreender uma leitura moral do Direito, mas sem recorrer a categorias metafísicas. A interpretação e aplicação do ordenamento jurídico hão de ser inspiradas por uma teoria de justiça, mas não podem comportar voluntarismos ou personalismos, sobretudo os judiciais. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Direito e Moral O pós-positivismo é uma opção teórica que considera que o direito depende da moral, tanto no momento de reconhecimento de sua validade como no momento de sua aplicação. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150Direito e Moral Nessa visão, os princípios constitucionais, tais como a dignidade humana, o bem-estar de todos ou a igualdade, influenciariam a aplicação das leis e demais normas concretas. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Direito e Moral Essa visão do direito é inspirada em obras de filósofos do direito como Robert Alexy e Ronald Dworkin. Alguns preferem denominar essa visão de direito "moralismo" ou neoconstitucionalismo. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Neoconstitucionalismo Surge como o conjunto de mudanças que incluem a força normativa da Constituição, a expansão da jurisdição constitucional e o desenvolvimento de uma nova dogmática da interpretação constitucional. Desse conjunto de fenômenos resultou um processo extenso e profundo de constitucionalização do Direito. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Neoconstitucionalismo Em outras palavras, o neoconstitucionalismo seria uma gama de fenômenos no âmbito do Direito Constitucional, que, em conjunto, acabaram por gerar uma constitucionalização do Direito como um todo. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Neoconstitucionalismo No neoconstitucionalismo, há uma hierarquia entre normas não apenas formais, mas axiológicas, que objetivam, mormente, a concretização dos direitos fundamentais. Buscam-se os verdadeiros valores que definem o direito justo. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Críticas O ativismo judicial nocivo e violador da tripartição dos poderes. Ativismo judicial que fere o ideal de Estado Democrático e abre precedentes para condutas arbitrárias e ilegais. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Críticas A criação de um estado jurisdicional, em que o Poder Judiciário limitaria o poder do povo em se autogovernar; A possibilidade de deturpação de um sistema jurídico pautado por conceitos abertos e indeterminados. FGabriel Valadares de Morais - 02570879150 BEM JURÍDICO-PENAL, CONSTITUIÇÃO E DIREITOS FUNDAMENTAIS Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Importância do tema Quais os critérios que devem nortear o legislador penal na criação de novos delitos e na abolição de delitos existentes? 34 Poderia o STF, em verdadeiro ativismo judicial, criminalizar uma conduta, a pretexto de adequação da realidade a uma escala axiológica constitucional? Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Homofobia - criminalização ADO MI 4733/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 13.6.2019. (MI-4733) Em conclusão de julgamento, o Plenário, por maioria, julgou procedentes os pedidos formulados em ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) e em mandado de injunção (MI) para reconhecer a mora do Congresso Nacional em editar lei que criminalize os atos de homofobia e transfobia. Determinou, também, até que seja colmatada essa lacuna legislativa, a aplicação da Lei 7.716/1989 (que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor) às condutas de discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero, com efeitos prospectivos e mediante subsunção. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Homofobia - criminalização “1. Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar os mandados de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição da República, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem expressões de racismo, compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se, por identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos primários de incriminação definidos na Lei nº 7.716, de 08.01.1989” Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Aborto - Anencéfalo ADPF - 54 “O Plenário, por maioria, julgou procedente pedido formulado em arguição de descumprimento de preceito fundamental ajuizada, pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde - CNTS, a fim de declarar a inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo seria conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128, I e II, do CP. Prevaleceu o voto do Min. Marco Aurélio, relator. ” Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Aborto - Anencéfalo “Ressurtiu que a tipificação penal da interrupção da gravidez de feto anencéfalo não se coadunaria com a Constituição, notadamente com os preceitos que garantiriam o Estado laico, a dignidade da pessoa humana, o direito à vida e a proteção da autonomia, da liberdade, da privacidade e da saúde.” Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Bases da ciência penal A moderna ciência penal não pode prescindir de uma base empírica nem de um vínculo com a realidade que lhe propicie legitimidade. Também não pode renunciar a um dos poucos conceitos que lhe permitem a crítica ao Direito Penal Positivo. 39Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Seleção dos bens jurídicos Maior problema: fixar concretamente os critérios pelos quais se deve proceder à seleção dos bens e valores fundamentais da sociedade. 40Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Principais desafios Somente os bens jurídicos fundamentais devem ser objeto de atenção do legislador penal. Quais são os bens jurídicos fundamentais? Como devem ser escolhidos ou selecionados? E o problema da hipercriminalização? 41Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Principais desafios Como enfrentar a dimensão política na escolha do bem jurídico? E os interesses do Estado? Poderiam os interesses do Estado estar em conflito com os interesses da sociedade? Qual interesse deve prevalecer? 42Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Escolha dos valores Os valores a serem escolhidos variam segundo o modelo de sociedade, sendo um reflexo necessário de sua estrutura. 43 O Direito Penal deve ser instrumento do Estado Democrático e Social de Direito. Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Posição de Hassemer HASSEMER - “o bem jurídico penal é o orifício da agulha pelo qual têm que passar os valores da ação: nenhuma reforma do Direito Penal pode ser aceitável se não se dirige à proteção de algum bem jurídico, por mais que esteja orientada aos valores da ação.” 44Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Valoração do bem jurídico A valoração do bem jurídico condensa aspectos sociológicos, axiológicos, ideológicos e normativos, que integram a sua unidade conceitual. 45Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Contextualização O bem jurídico é contextualizado na história da criminalização no direito penal brasileiro e nas suas origens, para que se possa atingir um diagnóstico seguro dos câmbios estruturais e valorativos que reorganizam o sistema punitivo, em face, exatamente, da valoração do bem jurídico, como núcleo atrativo dos valores vigentes na sociedade. 46Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Crime - pena Com a eleição do bem juridicamente tutelado é definida a conduta que deverá ser criminalizada e a proporção da pena. 47Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Fundamento constitucional Todos esses pontos atingem o maior grau de condensação na Constituição Federal, que reúne, hodiernamente e na categoria de direitos fundamentais, um elenco significativo de bens jurídicos que devem ser tutelados pelo direito penal, estabelecendo, inclusive, entre eles, uma graduação axiológica, que pode ser medida pelo conteúdo da norma constitucional, que em determinados casos atinge elevado nível de cogência e imperatividade. 48Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 O bem jurídico no Brasil O bem jurídico e os princípios básicos do Direito Penal. Princípio da Ofensividade. Princípio da Alteridade. Princípio da Adequação Social. Princípioda Intervenção Mínima e da Fragmentariedade. Princípio da Insignificância. 49Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Exemplos Descriminalização do adultério (art. 240,CP); Descriminalização das drogas (está na pauta do STF); Descriminalização do aborto (está na pauta do STF); Novos crimes sexuais: importunação sexual, pedofilia (?) etc Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Objeto material e objeto jurídico Não se deve confundir o OBJETO MATERIAL (objeto da conduta) com o OBJETO JURÍDICO (bem jurídico tutelado) do delito. O objeto da conduta se exaure no plano estrutural do tipo penal; o bem jurídico se evidencia no plano axiológico (valor). 51Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Objeto material e objeto jurídico O objeto material é o objeto real atingido diretamente pelo atuar do agente. Esse objeto pode ser corpóreo (ex.: pessoa ou coisa) ou pode ser incorpóreo (ex.: honra). 52Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Bem jurídico Já o objeto jurídico é considerado um ente (dado ou valor social) material ou imaterial haurido no contexto social, de titularidade individual ou metaindividual reputado como essencial para a coexistência e o desenvolvimento do homem em sociedade e, por isso, jurídico- penalmente protegido. 53Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Bem jurídico e Constituição O bem jurídico deve estar SEMPRE em compasso com o quadro axiológico (valores) vazado na Constituição Federal e com o princípio do Estado Democrático e Social de Direito. 54Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Valores constitucionais Portanto: a ordem dos valores constitucionalmente relevantes constitui o paradigma do legislador penal infraconstitucional. 55Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Funções do bem jurídico 1) Função de garantia ou função de limitar o direito de punir do Estado. Nullun crimen sine injuria. O legislador não pode tipificar senão as condutas graves, que lesionem ou coloquem em perigo autênticos bens jurídicos (pautados pela Constituição Federal). 56Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Funções do bem jurídico 2) Função teleológica ou interpretativa. Na interpretação do tipo penal deve-se considerar seu sentido e alcance de acordo com a finalidade de proteção ao bem jurídico. Os elementos objetivos e subjetivos do tipo giram em torno do bem jurídico. 57Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Funções do bem jurídico 3) Função individualizadora: O bem jurídico funciona como critério de medição da pena, no momento concreto de sua fixação, levando-se em conta a gravidade da lesão ao bem jurídico. Relação entre bem jurídico e culpabilidade (como juízo de reprovação social). 58Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Funções do bem jurídico 4) Função sistemática: O bem jurídico serve como critério para a sistematização dos tipos penais em grupos. Ex.: crimes contra a vida, crimes contra o patrimônio, crimes contra a honra, crimes contra a dignidade sexual etc. 59Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 CONCLUSÃO EM CONCLUSÃO: nenhuma norma infraconstitucional deve ignorar o quadro axiológico (valores) pautado pela Constituição Federal, servindo os valores constitucionais como lastro para a criminalização de novas condutas e para a descriminalização daquelas que não guardam consonância com o Estado Democrático e Social de Direito. 60Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Referências bibliográficas Referências bibliográfica : - “Bem jurídico Penal e Constituição”, de Luiz Regis Prado, 3ª ed., Ed. RT. - “Manual de Direito Penal”, de Ricardo Antonio Andreucci, 14ª ed., Saraiva. - “Legislação Penal Especial”, de Ricardo Antonio Andreucci, 14ª ed., Saraiva. 61Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 CONSTITUCIONALISMO, GLOBALIZAÇÃO E CRIME Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Globalização Globalização é um processo pelo qual ocorre a integração entre as economias e sociedades de vários países, sendo que esta permite a transnacionalização de mercadorias, serviços e informações. Prof. Ricardo A. Andreucci 63Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Globalização e Crime Globalização Integração Crime Prof. Ricardo A. Andreucci 64Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Conceitos ultrapassados A sociedade moderna exige um repensar sobre conceitos existentes, tais como Soberania, Jurisdição e Competência, intrinsecamente ligados à questão do território, que se tornaram ultrapassados frente ao advento do ciberespaço. Prof. Ricardo A. Andreucci 65Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Novo paradigma Globalização Crime novo paradigma Prof. Ricardo A. Andreucci 66Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Novo paradigma O ponto nevrálgico que se apresenta no mundo globalizado, portanto, é o da atuação dos Estados em sistemas globais ou regionais, que os obriga a reverem sua autonomia política, bem como sua soberania, tendo em vista que esta pode desprender-se da idéia de fronteiras e territórios fixos. Prof. Ricardo A. Andreucci 67Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Mundo globalizado Globalização + Integração + Crime Prof. Ricardo A. Andreucci Há a necessidade de uma ampliação da colaboração jurídica, econômica, e política dentro de um mundo globalizado 68Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Criminalidade globalizada A realidade tem demonstrado que fronteiras nacionais não constituem mais obstáculo significativo para a criminalidade globalizada. Prof. Ricardo A. Andreucci 69Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Criminalidade globalizada Portanto, a globalização trouxe consigo a necessidade de aprimoramento de mecanismos de combate à criminalidade de natureza transnacional e, consequentemente, de repensar a Ciência Criminal, bem como, despertou uma consciência mundial para a necessidade de estabelecimento de mecanismos de justiça supranacional. Prof. Ricardo A. Andreucci 70Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Direito Internacional Penal Surge o Direito Internacional Penal Prof. Ricardo A. Andreucci 71Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Disciplinas diferentes Direito Penal Internacional Direito Internacional Penal Prof. Ricardo A. Andreucci 72Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Direito Penal Internacional Quando tratamos de aplicação da lei penal no espaço, na realidade, estamos adentrando a seara do Direito Penal Internacional. O Direito Penal Internacional trata de questão interna, posto que vinculado ao Direito nacional de cada Estado. Prof. Ricardo A. Andreucci 73Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Direito Penal Internacional O Direito Penal Internacional compreende um conjunto de princípios e normas que disciplinam conflitos de leis no espaço, isto é, trata das hipóteses de um crime lesar bens jurídicos de dois ou mais países. Prof. Ricardo A. Andreucci 74Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Direito Internacional Penal O Direito Internacional Penal trata da justiça penal em caráter supranacional, para o combate aos crimes que atingem bens considerados da humanidade ou universais, tais como: genocídio, crimes de guerra, tráfico de mulheres etc. Prof. Ricardo A. Andreucci 75Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Internacionalização do crime Em 1999 o vírus denominado I love you, que partiu de um computador localizado nas Filipinas causou danos consideráveis em máquinas de todo o mundo, desde Europa até América, passando pela Ásia. Prof. Ricardo A. Andreucci 76Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Internacionalização do crime A existência de múltiplas redes de difusão de pornografia infantil em toda a Internet Prof. Ricardo A. Andreucci 77GabrielValadares de Morais - 02570879150 Pedofilia na rede Em 2007 cerca de mil novos sites de pedofilia foram criados todos os meses no Brasil. Destes, 52% tratam de crimes contra crianças de 9 a 13 anos, e 12% dos sites de pedofilia expõem crimes contra bebês de zero a três meses de idade, com fotografias. Prof. Ricardo A. Andreucci 78Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Pedofilia na rede O levantamento sobre a pedofilia revela ainda que 76% dos pedófilos do mundo estão no Brasil. Prof. Ricardo A. Andreucci 79Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Territorialidade no Brasil Território nacional: espaço terrestre, espaço marítimo, espaço aéreo, espaço fluvial, espaço cósmico. Território por equiparação: art. 5º, §§ 1º e 2º. Brasil: Princípio da Territorialidade Temperada – art. 5º, caput. Extraterritorialidade – art. 7º do CP. Prof. Ricardo A. Andreucci 80Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Território virtual ou ciberespaço Com o advento da Internet e, com ela, do ciberespaço, a concepção clássica de território transfigurou-se, posto que esta possibilitou o tráfego rápido e eficiente de informações, bem como uma interação num espaço que desconhece os limites impostos por fronteiras. Prof. Ricardo A. Andreucci 81Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Ciberespaço O ciberespaço não dispõe de fronteiras territoriais, mas de normas ou técnicas, que regulam sistemas de acesso e que não pertencem ao mundo jurídico. Assim, não vigora o conceito de soberania e nem de competência territorial. Prof. Ricardo A. Andreucci 82Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Ciberespaço Dessa forma, um agente pode estar no Chile e invadir o sistema informático de uma empresa sediada no Canadá, através de um provedor brasileiro, sendo que os prejuízos provocados pela invasão ocorrerão no Japão. Como fica a questão do local do crime? Qual será o Estado competente para processar e julgar o sujeito? Se um país não pune certa atividade cibernética danosa, um país atingido deve usar o poder coercitivo de seu ordenamento jurídico para deter um individuo que está fora dos limites de sua soberania? Prof. Ricardo A. Andreucci 83Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Ponto para discussão A visão clássica de soberania, como poder do Estado de aplicar suas leis dentro dos limites de seu território, solucionando as lides que lhe são submetidas, modernamente sofreu uma relativização, diante da necessidade de criação de instrumentos internacionais para atuarem subsidiariamente, quando o conflito de interesses extrapolar os limites internos de um país, ganhando contorno internacional. Prof. Ricardo A. Andreucci 84Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 DIDH Internacionalmente, há um consenso: a necessidade de criação de um Direito Internacional dos Direitos Humanos. Prof. Ricardo A. Andreucci 85Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 DIDH Direito Internacional dos Direitos Humanos: sistema de normas internacionais, procedimentos e instituições desenvolvidas para implementar esta concepção e promover o respeito aos direitos humanos em todos os países, no âmbito mundial. Prof. Ricardo A. Andreucci 86Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 DIDH Mas é preciso lembrar: os delitos que a consciência universal reprova já são objeto de tratados e convenções entre muitos países. Prof. Ricardo A. Andreucci 87Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Tribunal Penal Internacional Surge, então, a necessidade de uma Corte Penal Internacional, na qual seria aplicado o Princípio da Justiça Penal Universal. Prof. Ricardo A. Andreucci 88Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Tribunal Penal Internacional Mas, para isso, é necessário que a sujeição jurisdicional a uma corte estrangeira não caracterize forma de renúncia ao direito interno. Prof. Ricardo A. Andreucci 89Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Tribunal Penal Internacional DECRETO Nº 4.388, DE 25 DE SETEMBRO DE 2002 Promulga o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional Congresso Nacional aprovou o texto do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, por meio do Decreto Legislativo nº 112, de 6 de junho de 2002; Prof. Ricardo A. Andreucci 90Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Crimes da competência do Tribunal Art. 5º. 1. A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a comunidade internacional no seu conjunto. Nos termos do presente Estatuto, o Tribunal terá competência para julgar os seguintes crimes: a) O crime de genocídio; b) Crimes contra a humanidade; c) Crimes de guerra; d) O crime de agressão. Prof. Ricardo A. Andreucci 91Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Genocídio Art. 6º. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "genocídio", qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal: Prof. Ricardo A. Andreucci 92Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Genocídio a) Homicídio de membros do grupo; b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo; c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar a sua destruição física, total ou parcial; d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo; e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo. Prof. Ricardo A. Andreucci 93Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Crimes contra a Humanidade Art. 7º. 1. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crime contra a humanidade", qualquer um dos atos seguintes, quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo conhecimento desse ataque: Prof. Ricardo A. Andreucci 94Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Crimes contra a Humanidade a) Homicídio; b) Extermínio; c) Escravidão; d) Deportação ou transferência forçada de uma população; e) Prisão ou outra forma de privação da liberdade física grave, em violação das normas fundamentais de direito internacional; Prof. Ricardo A. Andreucci 95Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Crimes contra a Humanidade f) Tortura; g) Agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, esterilização forçada ou qualquer outra forma de violência no campo sexual de gravidade comparável; Prof. Ricardo A. Andreucci 96Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Crimes contra a Humanidade h) Perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, tal como definido no parágrafo 3o, ou em função de outros critérios universalmente reconhecidos como inaceitáveis no direito internacional, relacionados com qualquer ato referido neste parágrafo ou com qualquer crime da competência do Tribunal; Prof. Ricardo A. Andreucci 97Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Crimes contra a Humanidade i) Desaparecimento forçado de pessoas; j) Crime de apartheid; k) Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande sofrimento, ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental. Prof. Ricardo A. Andreucci 98Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Crimes de guerra Art. 8º. 1. O Tribunal terá competência para julgar os crimes de guerra, em particular quando cometidos como parte integrante de um plano ou de uma política ou como parte de uma prática em larga escala desse tipo de crimes. Prof. Ricardo A. Andreucci 99Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Exercício da jurisdição Art. 12.1. O Estado que se torne Parte no presente Estatuto, aceitará ajurisdição do Tribunal relativamente aos crimes a que se refere o artigo 5°. Prof. Ricardo A. Andreucci 100Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Denúncia por um Estado Parte Art. 14. 1. Qualquer Estado Parte poderá denunciar ao Procurador uma situação em que haja indícios de ter ocorrido a prática de um ou vários crimes da competência do Tribunal e solicitar ao Procurador que a investigue, com vista a determinar se uma ou mais pessoas identificadas deverão ser acusadas da prática desses crimes. 2. O Estado que proceder à denúncia deverá, tanto quanto possível, especificar as circunstâncias relevantes do caso e anexar toda a documentação de que disponha. Prof. Ricardo A. Andreucci 101Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Direito aplicável Art. 21. 1. O Tribunal aplicará: a) Em primeiro lugar, o presente Estatuto, os Elementos Constitutivos do Crime e o Regulamento Processual; Prof. Ricardo A. Andreucci 102Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Direito aplicável b) Em segundo lugar, se for o caso, os tratados e os princípios e normas de direito internacional aplicáveis, incluindo os princípios estabelecidos no direito internacional dos conflitos armados; Prof. Ricardo A. Andreucci 103Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Direito aplicável c) Na falta destes, os princípios gerais do direito que o Tribunal retire do direito interno dos diferentes sistemas jurídicos existentes, incluindo, se for o caso, o direito interno dos Estados que exerceriam normalmente a sua jurisdição relativamente ao crime, sempre que esses princípios não sejam incompatíveis com o presente Estatuto, com o direito internacional, nem com as normas e padrões internacionalmente reconhecidos. Prof. Ricardo A. Andreucci 104Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Direito aplicável 2. O Tribunal poderá aplicar princípios e normas de direito tal como já tenham sido por si interpretados em decisões anteriores. Prof. Ricardo A. Andreucci 105Gabriel Valadares de Morais - 02570879150 Direito aplicável 3. A aplicação e interpretação do direito, nos termos do presente artigo, deverá ser compatível com os direitos humanos internacionalmente reconhecidos, sem discriminação alguma baseada em motivos tais como o gênero, definido no parágrafo 3° do artigo 7°, a idade, a raça, a cor, a religião ou o credo, a opinião política ou outra, a origem nacional, étnica ou social, a situação econômica, o nascimento ou outra condição. Prof. Ricardo A. Andreucci 106Gabriel Valadares de Morais - 02570879150