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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA – UNOESC ÁREA DAS CIÊNCIAS AGRÁRIAS CAMPUS APROXIMADO DE CAMPOS NOVOS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA LIANA THAYSE RIBEIRO MAYELLI BERTUSSO REVISÃO DE LITERATURA: COMPOSTAGEM DOS RESÍDUOS DA PRODUÇÃO AVÍCOLA: CAMA DE FRANGOS E CARCAÇAS DE AVES Campos Novos - SC 2020 2 LIANA THAYSE RIBEIRO MAYELLI BERTUSSO REVISÃO DE LITERATURA: COMPOSTAGEM DOS RESÍDUOS DA PRODUÇÃO AVÍCOLA: CAMA DE FRANGOS E CARCAÇAS DE AVES Revisão bibliográfica apresentado ao Curso de Medicina Veterinária, Área das Ciências Agrárias, da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, como requisito parcial para aprovação na componente curricular Avicultura. Docente: Professora Dra. Tássia S. Bertipaglia Campos Novos - SC 2020 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO……………………………………………………………………….4 2. COMPOSTAGEM DOS RESÍDUOS……………………………………………...5 2.1. ETAPAS PARA FORMAÇÃO DE COMPOSTEIRAS…………………………..7 2.2 BENEFÍCIOS ECONÔMICOS DA COMPOSTAGEM………………………......9 2.3 FATORES QUE AFETAM O DESENVOLVIMENTO DA COMPOSTAGEM.....9 3.0 CONCLUSÃO………………………………………………………………………...10 REFERÊNCIAS..………………………………………………………………………….11 4 1. INTRODUÇÃO A compostagem é um processo biológico anaeróbio que faz o tratamento de resíduos e carcaças e constitui-se como um processo natural mediado por microrganismos que transformam esses resíduos orgânicos. é um sistema de reciclagem dos nutrientes e uma maneira de acelerar a decomposição da matéria orgânica em relação ao que ocorreria no meio ambiente, possibilitando uma maior atividade dos microrganismos (ORRICO JÚNIOR; ORRICO; LUCAS JÚNIOR , 2010). O descarte dessas carcaças no meio ambiente sem tratamento pode acarretar em problemas ambientais e de contaminação química e biológica da água e do solo, provocando uma situação de risco para a população em torno da propriedade. O propósito dessa revisão foi avaliar a eficiência do processo de compostagem dos resíduos avícolas e a conservação dos nutrientes contidos nos resíduos de cama e carcaças das aves. 5 2. COMPOSTAGEM DOS RESÍDUOS A demanda por proteína animal tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, fazendo com que sistemas agropecuários e agroindustriais aumentassem suas produções a fim de suprir essa demanda. Nesse contexto, o aumento da produção de animais tem gerado grande quantidade de dejetos, necessitando de manejos diários, alterando a característica dos resíduos, entretanto, esse processo afeta a estrutura e qualidade dos solos, caracterizando um problema econômico, social e ambiental (PAIVA, 2010). O descarte de carcaças de animais mortos no meio ambiente pode levar a sérios problemas de contaminação química e microbiológica do solo e da água, colocando em risco a qualidade de vida da população ao redor das unidades produtoras (ORRICO JÚNIOR; ORRICO; JÚNIOR, 2010). A incineração inadequada, fossas sépticas, aterro e alimentação de outras espécies apresentam riscos ambientais, além de limitação econômica (SALMINEN & RINTALA, 2002). A escolha, na maioria das vezes, é pelo método que apresentar o menor custo, porém, além da preocupação com o custo, deve-se levar em consideração quais os impactos ambientais gerados pela escolha do método. Devido a isso, a compostagem de carcaças de aves mortas tem se mostrado um método eficiente e econômico em unidades produtoras (SIVAKUMAR et al., 2008 apud KLÉCIA et al., 2013). De acordo com Paiva, 2010, a compostagem de carcaças de aves mortas é um processo caracterizado pela presença de ar e umidade, sendo controlado por micro-organismos benéficos que transformam resíduos orgânicos em produtos finais úteis. Além de ser um processo econômico, a compostagem com carcaças de aves mortas fornece um destino adequado para animais mortos, permitindo reciclagem desses resíduos e uma menor mão de obra em comparação com outros métodos. O processo de compostagem possui três fases, necessitando de condições específicas de temperatura, umidade, aeração, pH e relação carbono/nitrogênio. Os microrganismos presentes são predominantemente aeróbios e os facultativos, variando entre temperaturas de 20 a 65 graus. Esses microorganismos são responsáveis pelo aumento de temperatura da compostagem (Reis et al, 2004). A umidade é essencial para que a compostagem aconteça, sendo que o ideal é que permaneça em 55%. Umidades superiores ou inferiores a isso levam a problemas na atividade biológica (Reis et al, 2004). É recomendado que a compostagem seja feita em ambiente aeróbico, pois ela eleva o pH pela formação de ácidos e gás carbônico, e após isso, inicia uma reação com a matéria orgânica, neutralizando o pH, mantendo-se um ambiente alcalino até o fim do processo. (Reis et al, 2004). A relação C/N é um indicador do nível de maturidade do processo. A relação deve iniciar alta e ir diminuindo no decorrer do processo, indicando que o material está pronto para ser utilizado como adubo orgânico (Reis et al, 2004). 6 Os principais nutrientes encontrados nos resíduos vegetais e animais estão na forma orgânica e são decompostos em diferentes estágios (Kiehl, 1985). Para que ocorra a digestão, enzimas hidrolíticas são liberadas pelos microrganismos, retirando porções solúveis e de baixo peso molecular da matéria orgânica, sendo necessário um ambiente aeróbio, para que a matéria orgânica absorvida seja metabolizada (Kiehl, 2004). De acordo com Corrêa et al. (1982) o início da decomposição dos resíduos orgânicos, predominam bactérias que são responsáveis pela quebra inicial da matéria orgânica, promovendo a liberação de calor na massa em compostagem. Nesta fase, ocorre também a atuação de fungos heterotróficos, pois utilizam a matéria orgânica sintetizada pelas bactérias e outros microrganismos, como fonte de energia. O produto estabilizado se dá pela transformação do resíduo orgânico, com características desagradáveis, como odor, aspecto e contaminação por microorganismos patogênicos em um adubo com características favoráveis, de fácil manipulação e isento de microorganismos patogênicos (Fernandes e Silva, 1999). De acordo com Paiva, 2009, o preparo da compostagem com carcaças de frango deve ser realizado conforme a figura a seguir: Figura 1: recomendações para formação das camadas de aves mortas para compostagem. Fonte: PAIVA (2009). 7 O processo de compostagem se utiliza uma mistura de esterco seco de aves ou cama de aviário, carcaças de aves e uma fonte de carbono adequada, como capim seco, grimpas de pinus, palhada de feijão, etc. A água é adicionada em quantidade suficiente para manter o material úmido. a mistura nunca deve ficar saturada de água. A tabela 1, de acordo com o guia para operar uma compostagem de aves mortas, demonstra as quantidades recomendadas para compostagem de frangos. Tabela 1 - Proporção de materiais necessários no processo de compostagem por volume e porpeso. Fonte: Circular ANR-580, Alabama Cooperative Extension Service, Auburn University, Alabama - USA. 2.1. ETAPAS PARA FORMAÇÃO DE COMPOSTEIRAS A composteira pode ser construída de madeira, alvenaria de tijolos ou blocos de cimento pré-fabricados. Figura 2 - câmara de fermentação. Para o revestimento do piso, deve colocar 30 cm de uma fonte de carbono que provoque aeração, podendo ser maravalha nova ou palhada de qualquer cultura, como por exemplo, soja ou arroz. 8 Figura 3 - Compostagem com casca de arroz e palhada de soja; PAZINI et al., 2019. Segundo mencionado por PAZINI et al., 2019, deve ser adicionado uma camada de carcaças com um espaço de 15 cm, os espaços podem ser preenchidos com material aerador (pode ser cama de aviário), e inserir 1/3 água aos poucos. Figura 4 - Agregação de água, distribuição das aves; PAZINI et al., 2019 Deve-se continuar o procedimento quantas etapas forem preciso, até atingir 1,50 m de altura. Ao concluir a pilha, é feita a adição de uma camada de material aerador seco e deixado fermentar, no caso de frangos de corte, por 10 dias. Após esse tempo, deve-se derrubar a pilha e remontar acrescentando água. Após 10 dias, o material pode ser utilizado como adubo ou ser mais uma vez empregado como material aerador na formação das novas pilhas. (PAZINI et al., 2019). 9 2.2 BENEFÍCIOS ECONÔMICOS DA COMPOSTAGEM Os benefícios econômicos estão interligados tanto no destino final das carcaças quanto no destino correto evitando assim, contaminações de água solo, transformando em um material orgânico e futuramente utilizado na propriedade. Para ser utilizado na agricultura, o composto orgânico deve possuir aspectos de adubo orgânico, como coloração, umidade e odor (AUGUSTO, 2016). Em relação a sanidade, o produto final não deve conter bactérias e vírus, por esse motivo não é recomendável a utilização de animais que morreram por doenças sanitárias. 2.3 FATORES QUE AFETAM O DESENVOLVIMENTO DA COMPOSTAGEM Os fatores que precisam ser levados em consideração no processo da compostagem podem afetar o desenvolvimento se realizado de forma incorreta, portanto, a temperatura, umidade, aeração, pH e relação C/N devem ser avaliadas para a execução correta da compostagem. Outros fatores que impedem a aplicação incluem falta de espaço na propriedade, odores e atração de moscas e a demanda de tempo por parte dos produtores. Por isso, o conhecimento da técnica é essencial para a realização correta do processo de compostagem (COSTA, 2014). 10 3. CONCLUSÃO Em virtude do processo mencionado, a compostagem de carcaças de frango é uma alternativa para o produtor, pois além de ser um método ambientalmente correto, de baixo custo e baixa mão-de-obra. existem alguns fatores relacionados que podem afetar a eficácia da compostagem, como a relação C/N, ph, umidade e granulação, por esse motivo é importante o conhecimento do manejo adequado a fim de evitar impactos ambientais e produzir uma compostagem de qualidade na propriedade. 11 REFERÊNCIAS AUGUSTO, Karolina Von Züben. AVICULTURA INDUSTRIAL. In: Compostagem de aves mortas. São Paulo: Gessulli Agribusiness:, 20 abr. 2016. Disponível em: https://www.aviculturaindustrial.com.br/imprensa/compostagem-de-aves-mortas/20091006-1 00450-h595. Acesso em: 8 out. 2020. Corrêa, D., F.P. Pressi, M.L.G. Jacometti e P.I.Spitzner. 1982. Tecnologia de fabricação de fertilizantes orgânicos. In: Cerri, C.C.; D. Athié. FERNANDES, Fernando; SILVA, Sandra Márcia Cesário Pereira. Manual Prático para a Compostagem de Biossólidos. Desenvolvido pela Prosab – Programa de Pesquisa em Saneamento Básico, 1999. Disponível em: . Acesso em: 03 out 2020. Kiehl, E.J. 1985. Fertilizantes orgânicos. Editora Agronômica Ceres Ltda. Piracicaba. p 492. Kiehl, E.J. 2004. Manual de compostagem:maturação e qualidade do composto. 4ª ed. E.J. Kiehl. Piracicaba. p. 173. Klécia Bernardes de Lima et al. Avaliação do sistema de produção da avicultura industrial nas regiões de Pombal e Catolé do Rocha – PB. Revista Verde (Mossoró – RN - Brasil), v. 8, n. 2, p. 224 - 239, abr – jun , 2013. ORRICO JÚNIOR, MARCO A. P.; ORRICO, ANA C. A.; JÚNIOR, JORGE DE LUCAS. COMPOSTAGEM DOS RESÍDUOS DA PRODUÇÃO AVÍCOLA: CAMA DE FRANGOS E CARCAÇAS DE AVES. Jaboticabal, Scielo, ano 2010, v. 30, n. 3, p. 538-545, 27 jan. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/eagri/v30n3/17.pdf. Acesso em: 3 out. 2020. PAIVA, D. P. Guia para operar uma compostagem de aves mortas. Desenvolvido pela Embrapa – Suínos e aves, 2004. Disponível em: . Acesso em: 03 out 2020. PASSOS, Marco Aurélio Afonso dos Santos Veríssimo et al. COMPOSTAGEM DE CARCAÇAS DE FRANGO: UMA REVISÃO. CESUMAR – Centro Universitário de Maringá, Maringá - PR, v. 1, n. 10, p. 1-4, 8 out. 2020. PAZINI, Ronaldo Cesar et al. Destino das carcaças de aves mortas: COMPOSTAGEM. RazilianJournal of Development, Taquaritinga SP, v. 5, ed. 6, p. 4493-4502, 1 abr. 2019. 12 REIS, M.F.P., ESCOSTEGUY, P.V., SELBACH, P. Teoria e Prática da Compostagem de Resíduos Sólidos Urbanos. Passo Fundo, UPF, 2004. SALMINEN, E.; RINTALA, J. Anaerobic digestion of organic solid poultry slaughterhouse waste - a rewiew. Bioresource Technology, Oxford, v.83, n.1, p.13-26, 2002. VALENTE, B.S. et al. FATORES QUE AFETAM O DESENVOLVIMENTO DA COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS ORGÂNICOS: ISSUES CONCERNING COMPOSTING OF ORGANIC RESIDUES. Departamento de Zootecnia. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas., Rio Grande do Sul, v. 58, p. 61-85, 2 abr. 2009.
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