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1 Considerações iniciais – Classes de Palavras 01 Aula 1B Português “Não sei português...”; “Não cai gramática...” Nada mais equivocado do que esse tipo de pensa- mento ao se começar uma preparação para o vestibular. É evidente que você sabe e conhece sua língua – o que pode lhe causar dificuldade, talvez, seja a nomen- clatura específica responsável pela nomeação, definição e caracterização de muitos fenômenos linguísticos. Uma prova natural de que você conhece seu idioma é o fato de que esteja entendendo este texto, agora, neste exato momento em que está estudando e lendo a teoria, certo? Quanto a “não cair gramática” nas provas, bem, do que você está falando? De um tipo de exame bem conservador, tradicional, em que é preciso reconhecer o nome de coletivos, formas superlativas, a classificação de uma oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo (!!) ? Se for essa a sua preocupação, saiba que esse tipo de conhecimento mais estanque ain- da é cobrado – cada vez menos, é verdade – em provas muito específicas, como aquelas feitas para concursos públicos. E no vestibular? Não se deixe enganar pela falsa ideia de que “não aparece gramática” na prova. Tomara que você não tenha que perceber esse equívoco de avaliação apenas quando se deparar com as questões de língua no exame. É óbvio que o fato linguístico é cobrado nas provas de português. Basta verificar os exames mais recentes e comprovar a frequência dos questionamentos relacio- nados à gramática. A questão, aqui, é esperar o modo como será enfocado o fenômeno linguístico, e aí você encontrará provas que se pautam por uma abordagem mais direta, “seca”, e outras que tratarão da língua e da gramática de uma maneira mais expressiva, frequentemente contextualizando o fenômeno de língua em um cenário que sirva de suporte para a construção de uma reflexão, de uma pergunta. Em alguns momentos deste curso de Português B, você poderá achar que não esteja “estudando” língua ou gramática, mas não seja ingênuo: decodificar e entender a “superfície” dos enunciados, a fim de se chegar às intenções das informações que temos à nossa volta, faz parte de um estudo gramatical cada vez mais presente e cobrado, por exemplo, nos exames vestibulares. As peças, as regras, o jogo 2 5 6 9 3 4 3 6 4 9 7 2 4 8 9 1 5 7 8 2 5 6 7 9 5 9 3 8 2 6 8 5 3 5 7 Diz-se que o sudoku foi inventado por um arquiteto aposentado e teve suas primeiras publicações em jornais nos anos 70. Nos anos 2000, virou febre mundial, tendo inclusive publicações específicas do quebra-cabeça vendidas em livrarias e bancas de jornal, além, é claro, de versões on-line. 2 Extensivo Terceirão Quem nunca jogou sudoku tende a achar complica- do o diagrama com números dispostos aleatoriamente em 81 casas. Ainda que pareça complicado, a lógica da “brincadeira” é muito simples, e por isso elegante: em cada nicho de 9 espaços o jogador deve inserir os números de 1 a 9, tomando o cuidado de não repetir o dígito ao longo das linhas horizontal ou vertical em que ele está inserido. À medida que vão se preenchendo os espaços, o jogador reconhece as possibilidades de uso ao longo das linhas ou aquilo que não poderá aparecer ali de modo algum. Esta é a regra básica do jogo. “Mas o que isso tem a ver com gramática, ainda mais no início de um curso?” – se esse é um questionamento que lhe apareceu agora, calma. Imagine que cada língua seja um grande jogo, e que os seres humanos – usuários dos idiomas naturais – sejam os seus jogadores. Ora, uma condição inicial para que sejamos bons jogadores neste contexto é a de que conheçamos as peças e as regras que definem e caracterizam o jogo, certo? É por isso que vivemos lendo, escrevendo, discutin- do em língua portuguesa. É assim que nos tornamos bons jogadores deste jogo cujas peças são as palavras, expressões e sentenças criadas e circulantes “por” e “entre” todos nós. E as regras do jogo? Ora, boa parte das regras você conhece desde criança, inclusive de forma muito na- tural, porque ouvia, repetia, era “corrigido” pelos mais velhos e aos poucos ia apreendendo a estrutura da lín- gua portuguesa, tomando conhecimento do “manual de instrução” do nosso idioma. Não se deixe enganar: escrever ou falar “bem” não significa, em hipótese alguma, falar ou escre- ver de forma difícil, empolada. Pelo contrário, isso em alguns contextos fica ridículo, porque artificial. Um bom usuário da língua, um bom jogador, sabe reconhecer o cenário propício para determinados usos. Na prática Certamente você já trabalhou – e muito – com termos como morfologia, sintaxe, sintática, semântica, fonema, entre tantos outros recorrentes na sua vida escolar, não? E muito provavelmente você acabou fazendo vários exercícios (como os da famigerada análise sintática) sem saber exatamente em que terreno estava pisando, certo? Então, para início de nossa conversa, vamos tentar organizar os campos de estudo da frente de Português B, segundo as tradicionais áreas gramaticais. Morfologia: estudo da forma e da classificação das palavras; Sintaxe: estudo das combinações possíveis na língua; Semântica: estudo dos sentidos decorrentes das combinações possíveis na língua. Desta divisão inicial, que será o foco na nossa frente, podemos imaginar diferentes níveis de análise, e isso será visto ao longo deste curso. Por exemplo: • análise da palavra; • análise da palavra em relação a outra palavra dentro de uma frase; • análise de uma frase em relação a outra frase dentro de enunciados maiores; • análise do texto e seus componentes estruturais e discursivos. Atenção! Como você deve ter notado, este é apenas um primeiro contato com alguns aspectos muito mais intuitivos sobre sua noção gramatical. Conhecer as áreas de estudo da gramática, por exemplo, vai ajudar no sentido de saber onde se pisa, sem que se apele para recursos mecânicos ou macetados no estudo dos fatos linguísticos. A série de exercícios ao final da teoria contempla assuntos variados tocando as três áreas observadas nesta aula. Trata-se de uma espécie de diagnóstico de sua capacidade de leitura e, por que não, do seu conhecimento gramatical. Não se assuste, não se intimide, não se desespere se os resultados ficarem aquém do que você espera. Esta é a primeira aula! Vejamos, daqui a alguns meses, como estará sua relação com a língua depois deste curso, certo? Por fim, lembre-se disto: não faz sentido dizer algo como “não entendo” ou “não sei” português. Como? Até este ponto exato da leitura você não de- codificou e entendeu este texto justamente porque conhece a língua portuguesa? Viu? É só o começo. [O jogo de sudoku desta aula fica como “brinde” de boas-vindas. A resolução está no gabarito dos exercícios desta aula.] Aula 01 3Português 1B Apelando à metáfora, pensemos as palavras como peças de um grande jogo que é a língua. Essas peças precisam se combinar, se arranjar para que possam produzir enunciados claros, eficientes, expressivos. Um ponto inicial diante de tamanho conjunto seria pensar na organização dos seus componentes de forma a facilitar nossa percepção quanto às características das palavras. Não é assim que costumamos fazer com tudo aquilo de que dispomos em grande número? Afinal, um pouco de ordem no conjunto sempre ajudará... Pense, por exemplo, em uma pequena biblioteca – que pode ser a sua: há várias maneiras de dispormos, organizarmos, os livros nessa biblioteca. Por exemplo: • por título em ordem alfabética; • por gênero literário; • por autor; • por escola literária; Classes de palavras I Você sabe: um jogo como o xadrez exige que conheçamos as suas peças e seus movi- mentos. Cada uma dessas peças tem carac- terísticas específicas em sua movimentação, contribuindo cada qual ao seu modo para a organização e progresso do jogo. Não conhecer essas “marcas” torna pratica- mente impossível a tarefa de se jogar xadrez. Coloquemos agora, então,as palavras em xeque. Se nos dispusermos a conhecer sua natu- reza, suas principais características, teremos maior noção das combinações e movimentos que lhes são permitidos ou proibidos. Com o tempo, quem sabe possamos inclusive trabalhar as palavras com a intenção de criar enunciados que não ape- nas “comuniquem”, mas o façam de forma expressiva, revelando um grau especial de nossa consciência acerca do idioma e de suas possibilidades. Você pode estar pensando: “Ora, mas uma criança não conhece as propriedades de uma palavra e mesmo assim ela se comunica, fala, escreve...” É verdade que as pessoas não precisam conhecer a fundo as propriedades das palavras para se comunicar, mesmo porque a linguagem é especial condição inata ao ser humano. É certo também, por exemplo, que nós usamos um computador sem saber todos os nomes de seus componentes ou a sua função, e isso não nos im- pede de explorarmos esse aparato. Propõe-se aqui, portanto, uma possibilidade de superarmos aquilo que é apenas o básico, o elementar – que não nos impedirá a comunicação ou o uso de um computador, é verdade, mas de alguma forma sempre nos limitará. Se é possível conhecer a fundo as peças do sistema, para delas tirarmos proveito além do mínimo esperado, previsível, por que não fazê-lo, ainda mais em um momento crucial de nossa vida escolar, quando somos cobrados como bons leitores, bons redatores...? © Sh ut te rs to ck / H ed zu n Va sy l • por ano de publicação; • por assunto. P. Im ag en s/ Pi th 4 Extensivo Terceirão Assim, se as palavras são passíveis de organização e classificação, haverá uma área de estudo responsável por esse trabalho. Trata-se da Morfologia. Morfologia e Sintaxe A Sintaxe se ocupa das combinações possí- veis entre os elementos de uma língua. Para essa área de estudo, importa verificar como é possível relacionar um e outro componente da língua, quando isso não é possível e quais são as consequên- cias dessas duas possibilidades. A Sintaxe, na nossa metáfora do jogo, seria algo equivalente às regras, ao manual de instruções do jogo que seria a língua. A Morfologia, por sua vez, preocupa-se com o ele- mento linguístico em sua forma básica, ou seja, quais são as características fundamentais da palavra, como separar uma a uma em grupos que englobem características comuns e/ou divergentes. Dessa preocupação, surgem as chamadas classes de palavras ou classes gramaticais. Classes de palavras Segundo suas características, cada palavra da língua estará situada em um grupo específico. É natural que ao estudarmos duas palavras se percebam marcas muito parecidas entre elas, enquanto em relação a outras não apresentem qualquer ponto em comum. É dessa percepção que iremos “alocando” cada palavra nesta ou naquela classe gramatical. Você verá, nas próximas aulas, que algumas classes funcionam sempre como núcleos da frase, enquanto outras sempre aparecerão como periféricas daqueles núcleos. Podemos entender a Morfologia como área de estu- do preocupada em descrever as palavras em suas partes componentes e classificá-las segundo as características observadas. - o Estud. ESTUDO / S Que fatores seriam fundamentais na identificação de uma palavra em determinada classe gramatical? 1. Capacidade de flexão – flexão é o nome que se dá à mudança na forma da palavra sem que isso signifique a criação de uma nova palavra. Por exemplo: para a palavra “gato”, temos “gatoS” e “gatA”, suas formas flexionadas. Conclusão: “gato” é uma palavra variável. Já uma palavra como “quando” não apresenta flexão. Note que não há plural (flexão de número), feminino (flexão de gênero) ou conjugação (flexão verbal) desse termo, que é invariável. Neste início de estudo, as flexões básicas para classi- ficação das palavras são as seguintes: a) flexão de gênero – há dois gêneros básicos, o mas- culino e o feminino (no latim e no grego havia, ainda, um terceiro gênero, o neutro); b) flexão de número – singular e plural; c) flexão de tempo – flexão do verbo, que pode se apresentar no presente, pretérito (passado) ou futuro. 2. Função na frase – lembre-se de que um dos fatores de coesão trata da relação, do contato entre as palavras. Ora, tomando a língua como um jogo de relações entre os termos de um enunciado ou de um texto, se soubermos identificar quem se relaciona a quem em uma frase já se torna mais fácil reconhecer- mos diferentes ou semelhantes funções da palavra dentro do conjunto. Assim, um ponto de partida seguro em nossa aná- lise será saber reconhecer as relações estabelecidas no interior dos enunciados, em um jogo de “quem se liga a quem”. Isso significa identificar as relações essenciais de coesão nas frases. (1) Alice brinca com Francisco no quintal. (2) Quero ver sempre Alice com Francisco. É de se intuir que tais expressões apresentem funções diferentes. Isso, por um motivo bem óbvio e simples: em (1), com Francisco está relacionado a um verbo – “brinca”; em (2), a um nome – “Alice”. Quer dizer: o mesmo termo “com Francisco” jamais poderia apresentar uma mesma função sintática (de- corrente da combinação das peças), pois ele se liga a núcleos diferentes. Essa simples observação já nos facilita demais a análise sintática, por exemplo, dando sentido claro ao que se investiga, sem que fiquemos presos a macetes. Classes fundamentais Substantivo VERBO Artigo Advérbio Preposição Adjetivo Pronome Conjunção Numeral Substantivo e verbo são as classes mais abundantes da língua; por isso mesmo as fundamentais, em torno das quais se organiza a maioria esmagadora dos enun- ciados linguísticos. Aula 01 5Português 1B Você acabou de ver como essas duas classes nucleares atraem categorias gramaticais que dependem delas, como elementos periféricos na composição do enunciado. A seguir, observaremos algumas características do substantivo e do verbo. Na frente de Português A, ao longo do ano você estudará mais exaustivamente essas duas categorias. Substantivo Tudo aquilo que existe no mundo (e mesmo o que não existe!) sempre é nomeado. Gramaticalmente, a categoria de palavras que nomeia isso que existe é o SUBSTANTIVO. Essa é a classe das palavras as quais dão nome aos seres, às coisas, aos entes, aos sentimentos, às ações existentes no mundo. “duende” pode não existir de fato, mas faz parte da cultura humana, da nossa experiência como leitores, contadores e ouvintes de histórias. Linguisticamente, portanto, “duende” tem existência e precisa de um nome que designe esse ser mitológico. Quem atende a essa necessidade é a categoria conhecida como substantivo. Substantivo Próprio x Substantivo Comum O substantivo próprio toma um elemento de forma individualizada, particularizando-o. O substantivo comum, por sua vez, nomeia os elementos de forma generalizada, não os individualiza. Por exemplo: homem José mulher Lurdes time Corinthians cidade Beirute curso Positivo Substantivo Concreto x Substantivo Abstrato Substantivo concreto: essa é uma classificação que diz respeito a tudo o que existe de forma estabelecida na cultura humana, seja um ser, uma coisa, um ente – te- nham eles existência real ou não. Um elemento que não seja visível ou palpável pode muito bem ser concreto, ao contrário do que muitos possam pensar. São concretos, assim: Deus, carro, gripe, vento, bola, vestibular, vampiro. Já o substantivo abstrato designa nomes que se referem a qualidades, estados, sentimentos e ações estabelecidos e encontrados justamente naqueles que são os substantivos concretos. Por exemplo: “Deus”, gramaticalmente, é um substantivo concreto. Considerando-se que a “Deus” se atribua a “onipotência” ou a “bondade”, esses sim são substantivos abstratos, pois repousam exatamente no substantivo concreto. Outro caso: uma pessoa, quando “insistente”, é porque carrega consigo o traço da “insistência”. Esse, sim, seria um substantivo abstrato, pois reconhecido noconcreto “pessoa”. Um ato “corajoso” contém o traço da “coragem”, que é o seu abstrato correspondente. Verbo Categoria de palavras relacionadas às ideias de • ação (estudar, dormir) • estado (parecer, continuar) • fenômeno (nevar, amanhecer). O verbo é uma categoria fundamental que sofre vá- rios tipos de flexão (variação, como você verá a seguir) e se relaciona diretamente ao substantivo (nome) na articulação dos elementos centrais de uma frase. Na verdade, o verbo é uma categoria de duplo papel, subordinando-se quase sempre a um substantivo e tendo outras palavras a ele subordinado. Por exemplo: (3) Nesta quarta aula, nós lembraremos poucos conceitos. Nesta frase, as relações de contato se dão da seguin- te maneira (observe que cada relação terá o núcleo em negrito): • “lembraremos” está ligado a “nós”; • “poucos conceitos” está ligado a “lembraremos”; • “nesta quarta aula” está ligado a “lembraremos”; • “nesta” e “quarta” estão ligados a “aula”; • “poucos” está ligado a “conceitos”. Lembremos sucintamente algumas possibilidades de flexão das formas verbais • Tempo: presente, pretérito, futuro. (entendo) (entendi) (entenderei) • Modo: indicativo, subjuntivo, imperativo. (entendia) (entendesse) (entenda) • Pessoa: 1ª 2ª 3ª (entenderia) (entenderíamos) (entenderias) (entenderíeis) (entenderia) (entenderiam) • Número: singular – plural (entende) (entendem) 6 Extensivo Terceirão Testes Assimilação 01.01. Separe as palavras do texto abaixo em dois grupos, o das variáveis e o das invariáveis: Uau! Ninguém notou, mas aquele jovem garoto, o primeiro de sua fila, estava bastante cansado. Variáveis: Invariáveis: 01.02. Aponte a alternativa que apresenta uma indicação correta sobre o termo destacado: a) O avião voava baixo. → palavra variável. b) O avião é muito baixo. → palavra invariável. c) O garotinho correu feliz. → palavra variável. d) O garotinho ficou feliz. → palavra invariável. e) O ator fala muito. → palavra variável. 01.03. No conjunto abaixo, todas as palavras são substantivos. Identifique como “C” os concretos e como “A” os abstratos. Pele ( ) Ternura ( ) Dor ( ) Chinelo ( ) Compaixão ( ) Namoro ( ) Pé ( ) Corrida ( ) Saudade ( ) Anjo ( ) Violino ( ) Rebeldia ( ) Caderno ( ) Bebê ( ) Beleza ( ) 01.04. (UNESP – SP) – É invariável quanto a gênero e a número o termo sublinhado em: a) “O resto era composto de areia e sujeira”. b) “O pão era particularmente atingido”. c) “O açúcar e outros ingredientes caros”. d) “Uma autoridade altamente confiável”. e) “Um pouquinho de manipulação e engodo”. Lembrete 1. Substantivo e verbo > palavras nucleares e variáveis. 2. Substantivo é uma palavra que designa os seres e as coisas do mundo – físico ou das ideias. É a palavra que indica o nome de tudo o que há. 3. Verbo é a única palavra que pode variar no tempo – presente, pretérito ou futuro. De maneira mais prática, via de regra as pessoas reconhecem um verbo quando verificam a possibilidade de conjugar a palavra. É um método prático, sem dúvida. O verbo expressa noções de ação (chutar, escrever), estado (ser, estar), fenômeno (chover, garoar), sentimen- to (amar, adorar). Aperfeiçoamento 01.05. (UPE – PE) – Observe os ter- mos sublinhados do trecho a seguir: “O especialista é um homem que sabe cada vez mais sobre cada vez menos, e por fim aca- ba sabendo tudo sobre nada”. (George Bernard Shaw) Sobre eles, é CORRETO afirmar a) “mais” é palavra variável que indica intensidade. b) “menos” se classifica como palavra invariável que exprime ideia de modalidade. c) “tudo” e “nada” se classificam como termos que se referem a algum antecedente. d) “mais” e “menos” se classificam como palavras invariáveis que en- cerram ideia de intensidade. e) “menos” exprime ideia de tempo- ralidade, e “nada” se refere a algo declarado anteriormente. 01.06. Complete as orações com o substantivo abstrato adequado. a) Procure descobrir o que os jovens conhecem sobre a escrita. Garanto que essa pode- rá ampliar os horizontes do trabalho em sala. b) Poucos trabalhadores voltaram ao trabalho depois de iniciada a gre- ve. A à fábrica, garantem os grevistas, dependerá das negociações. Aula 01 7Português 1B c) Ana não precisa lutar para sobreviver. Afinal, sua está garantida desde o seu nasci- mento. d) A cidade está sempre crescendo. Isso é preocupante, pois o desordenado implica problemas de todos os tipos. e) Atualizar os conhecimentos é uma exigência dos dias de hoje. Sem , as dificuldades enfrentadas se multiplicam. f ) Conceder privilégios parece ser uma característica do go- verno, mas tal pode trazer malefícios. g) Matar os pobres filhotes é crime que não tem perdão. Toda será rigorosamente punida. h) Recordar a cena me trazia lágrimas aos olhos, como acon- tece com qualquer daquela época. Instrução: Texto para a questão 01.07. Uma obra de arte é um desafio; não a ex- plicamos, ajustamo-nos a ela. Ao interpretá-la, fazemos uso dos nossos próprios objetivos e es- forços, dotamo-la de um significado que tem sua origem nos nossos próprios modos de viver e de pensar. 1Numa palavra, qualquer gênero de arte que, de fato, nos afete, torna-se, deste modo, arte moderna. As obras de arte, porém, são como altitudes inacessíveis. Não nos dirigimos a elas diretamen- te, mas contornamo-las. Cada geração as vê sob um ângulo diferente e sob uma nova visão; nem se deve supor que um ponto de vista mais re- cente é mais eficiente do que um anterior. Cada aspecto surge na sua altura própria, que não pode ser antecipada nem prolongada; e, todavia, o seu significado não está perdido porque o sig- nificado que uma obra assume para uma geração posterior é o resultado de uma série completa de interpretações anteriores. Arnold Hauser, Teorias da arte. Adaptado. 01.07. (FUVEST – SP) – No trecho “Numa palavra, qualquer gênero de arte que, de fato, nos afete, torna-se, deste modo, arte moderna” (ref. 1), as expressões sublinhadas podem ser substituídas, sem prejuízo do sentido do texto, respectiva- mente, por a) realmente; portanto. b) invariavelmente; ainda. c) com efeito; todavia. d) com segurança; também. e) possivelmente; até. 01.08. Observe as imagens a seguir: DAMAS © S hu tte rs to ck l/v al za n imagem 1 © Sh ut te rs to ck /P ho to RK imagem 2 XADREZ © Sh ut te rs to ck /O lg aO zi k imagem 3 © P. Im ag en s/ Pi th imagem 4 Aplicando aos jogos os conceitos fundamentais das áreas mais importantes de estudo da gramática, poderíamos dizer que: a) todos os jogos apresentam a mesma morfologia. b) todos os jogos apresentam a mesma sintaxe. c) em 1 e 2, a sintaxe dos jogos é diferente. d) 1 e 2 apresentam mesma sintaxe e diferente morfologia. e) 3 e 4 apresentam mesma morfologia e diferente sintaxe. 8 Extensivo Terceirão 01.09. (FGV – SP) – Leia a tira. © Fe rn an do G on sa le s/ Fo lh ap re ss (Folha de S.Paulo, 08.08.2018) a) No contexto da tira, a expressão “Que gata!” assume uma conotação positiva, irônica ou pejorativa? Justifique a sua resposta. b) Tendo como referência as classes de palavras, explique o efeito de humor na tira, analisando as falas das personagens. Instrução: O poema a seguir, de Carlos Drummond de Andrade, serve de base para a questão 01.10. Poema do jornal O fato ainda não acabou de acontecer e já a mão nervosa do repórter o transforma em notícia. O marido está matando a mulher. A mulher ensanguentada grita. Ladrões arrombam o cofre. A polícia dissolve o meeting. A pena escreve. Vem da sala de linotipos a doce música mecânica. 01.10. (UEL – PR) – Sobre os termos“já” e “nervosa”, presentes no segundo verso de “Poema do jornal”, considere as afirma- tivas a seguir. I. O termo “já” é ligeiramente antecipado, pois se refere à transformação em notícia, mas essa antecipação garante maior ênfase à questão do tempo como marca expressiva do poema. II. O termo “nervosa” contém, a princípio, um significado divergente do adjetivo “doce”, mas ambos os termos são associados com a agitação e a aceleração do cotidiano moderno. III. O termo “já” é empregado como contraponto ao termo “ainda”, utilizado no verso anterior, embora ambos estejam subor- dinados ao fato citado no verso inicial. IV. O termo “nervosa” indica que o repórter, assim como o poeta e como o sujeito lírico, exibe o desconforto para administrar emoções no acompanhamento da vida moderna. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. Aula 01 9Português 1B Aprofundamento 01.11. (FGV – SP) – Examine esta propaganda da década de 1930: Disponível em: <http://acervo.estadao.com.br.> Adaptado. Assim como a imagem, também o texto da propaganda contém marcas da época em que ela foi criada. a) Além da ortografia, em que essas marcas são mais nu- merosas e visíveis, é possível identificar, no vocabulário, algumas palavras pouco comuns em textos publicitários atuais. Cite um substantivo e um advérbio utilizados no texto que apresentem essa característica e proponha, para eles, sinônimos mais atuais. b) Também na sintaxe é possível identificar pelo menos uma frase estruturada em ordem indireta (sujeito posposto ao verbo), tendência rara hoje em dia. Reescreva-a em ordem direta. Instrução: Leia o texto de Jacques Fux para responder às questões 01.12 e 01.13. Literatura e Matemática Letras e números costumam ser vistos como símbolos opostos, correspondentes a sistemas de pensamento e linguagens completamente diferen- tes e, muitas vezes, incomunicáveis. Essa perspec- tiva, no entanto, foi muitas vezes recusada pela própria literatura, que em diversas ocasiões va- leu-se de elementos e pensamentos matemáticos como forma de melhor explorar sua potenciali- dade e de amplificar suas possibilidades criativas. A utilização da matemática no campo literário se dá por meio das diversas estruturas e rigores, mas também através da apresentação, reflexão e transformação em matéria narrativa de problemas de ordem lógica. Nenhuma leitura é única: o texto, por si só, não diz nada; ele só vai produzir sentido no momento em que há a recepção por parte do leitor. A matemática pode, também, potencializar o texto, tornando ainda mais amplo o seu campo de leituras possíveis a partir de regras ou restrições. Muitas passagens de Alice no País das Maravi- lhas e Alice através do espelho, de Lewis Carroll, estão repletas de enigmas e problemas que até os dias de hoje permitem aos leitores múltiplas interpretações. Edgar Allan Poe é outro escritor a construir personagens que utilizam exaustiva- mente a lógica matemática como instrumento para a resolução dos enigmas propostos. Explorar as relações entre literatura e matemá- tica é resgatar o romantismo grego da possibilida- de do encontro de todas as ciências. É fazer uma viagem pelo mundo das letras e dos números, da literatura comparada e das ficções e romances de diversos autores que beberam (e continuarão be- bendo) de diversas e potenciais fontes científicas, poéticas e matemáticas. Disponível em: <http://tinyurl.com/h9z7jot > Acesso em: 17.08.2016. Adaptado. 01.12. (FATEC – SP) – No texto, entende-se que a) o substantivo literatura, no primeiro parágrafo, está uti- lizado no sentido denotativo, pois se refere à produção escrita informal. b) o verbo dizer, no segundo parágrafo, está utilizado no senti- do denotativo, pois há um substantivo que possui voz ativa. c) o substantivo matemática, no segundo parágrafo, está utilizado no sentido denotativo, pois as incógnitas são representadas por letras gregas. d) o advérbio exaustivamente, no terceiro parágrafo, está utilizado no sentido conotativo, pois está relacionado ao cansaço dos escritores. e) o verbo beber, no quarto parágrafo, está utilizado no sentido conotativo, pois remete ao sentido de absorver intelectualmente. 10 Extensivo Terceirão 01.13. (FATEC – SP) – No trecho “correspondentes a sistemas de pensamento e linguagens”, a palavra destacada é a) um artigo definido feminino que concorda com o subs- tantivo sistemas. b) um pronome possessivo referente ao substantivo pen- samento. c) uma conjugação no presente do indicativo para o verbo haver. d) uma preposição regida pelo adjetivo correspondentes. e) um adjetivo para destacar o advérbio linguagens. Instrução: Leia o poema “Sou um evadido”, do escritor português Fernando Pessoa, para responder às questões 01.14 e 01.15. Sou um evadido. Logo que nasci Fecharam-me em mim, Ah, mas eu fugi. Se a gente se cansa Do mesmo lugar, Do mesmo ser Por que não se cansar? Minha alma procura-me Mas eu ando a monte, Oxalá que ela Nunca me encontre. Ser um é cadeia, Ser eu é não ser. Viverei fugindo Mas vivo a valer. (Obra poética, 1997.) 1“andar a monte”: andar fugido das autoridades. 01.14. (UNIFESP) – “Se a gente se cansa Do mesmo lugar, Do mesmo ser Por que não se cansar?” (2ª. estrofe) Os termos sublinhados constituem a) pronomes, somente. b) conjunção, pronome e pronome, respectivamente. c) conjunções, somente. d) pronome, conjunção e conjunção, respectivamente. e) conjunção, conjunção e pronome, respectivamente. 01.15. (UNIFESP) – “Rima rica” é aquela que ocorre entre palavras de classes gramaticais diferentes, a exemplo do que se verifica a) na primeira estrofe (“nasci”/“fugi”) e na segunda estrofe (“lugar”/“cansar”). b) na terceira estrofe (“monte”/“encontre”), apenas. c) na segunda estrofe (“lugar”/“cansar”), apenas. d) na primeira estrofe (“nasci”/“fugi”) e na terceira estrofe (“monte”/“encontre”). e) na segunda estrofe (“lugar”/“cansar”) e na terceira estrofe (“monte”/“encontre”). Instrução: Texto para as questões 01.16 e 01.17. O lema da tropa O destemido tenente, no seu primeiro dia como comandante de uma fração de tropa, ven- do que alguns de seus combatentes apresentavam medo e angústia diante da barbárie da guerra, gritou, com firmeza, para inspirar seus homens a enfrentarem o grupamento inimigo que se apro- ximava: – Ou mato ou morro! Ditas essas palavras, metade de seus homens fu- giu para o mato e outra metade fugiu para o morro. 01.16. (EEAR – SP) – Considere o seguinte trecho do texto: “– Ou mato ou morro! Ditas essas palavras, metade de seus homens fu- giu para o mato e outra metade fugiu para o morro.” No fragmento acima, para que houvesse redução de pos- sibilidades interpretativas, do ponto de vista morfológico, e manutenção do sentido original desejado pelo tenente, bastaria que ele, ao encorajar seus combatentes, a) acrescentasse preposições, como, por exemplo, “para”, antes dos substantivos, criando locuções adverbiais. b) acrescentasse determinantes às palavras, como, por exemplo, o artigo definido “o” antes dos substantivos. c) conjugasse os verbos pronunciados no tempo presente do modo indicativo. d) pronunciasse as palavras considerando-as como verbos na forma nominal do infinitivo. 01.17. (EEAR – SP) – No texto acima, considerando os aspectos morfológicos da Língua Portuguesa, a construção do humor se efetua, principalmente, pela a) falta de capacidade linguística dos combatentes que, ao confundirem as palavras do tenente, no contexto, atribuíram valores de advérbios aos verbos pronunciados pelo tenente. b) ausência de interpretação plausível por parte dos com- batentes que, ao ouvirem as palavras, confundem suas classes gramaticais, atribuindo a elas valores inadmissíveis na Língua Portuguesa.Aula 01 11Português 1B c) capacidade que os combatentes tiveram de interpretar as palavras pronunciadas, confundindo verbos com substantivos, justificando, com isso, a vasta flexibilidade de sentidos de uma língua em sua situação de uso. d) capacidade de os combatentes trocarem, propositalmen- te, as classes morfológicas das palavras pronunciadas pelo tenente, justificando o medo deles e a rigidez de significados e inflexibilidade de sentidos de tais palavras. Instrução: Textos para a questão 01.18. I. Diante da dificuldade, municípios de diferentes regiões do país realizaram um segundo “dia D” neste sábado. O primeiro ocorreu em 18 de agos- to. A adesão, no entanto, ainda ficou abaixo do esperado. Agora, a recomendação é que estados e municípios façam busca ativa para garantir que todo o público‐alvo da campanha seja vacinado. (Folha de S. Paulo. São Paulo. 03/09/2018.) II. Pensar sobre a vaga, buscar conhecer a empresa e o que ela busca já faz de você alguém especial. Muitos que procuram o balcão de emprego não compreendem que os detalhes são fundamentais para conseguir a recolocação. Agora, não pense que você vai conseguir na primeira investida, a busca por um novo emprego requer paciência e persistência, tenha você 20 anos ou 50. (Balcão de Emprego. Disponível em: <https://empregabrasil.com.br/>) 01.18. (FUVEST – SP) – O termo “Agora” pode ser substituído, respectivamente, em I e II e sem prejuízo de sentidos nos dois textos, por a) Neste momento; Por conseguinte. b) Neste ínterim; De fato. c) Portanto; Ademais. d) Todavia; Então. e) Doravante; Mas. Desafio 01.19. (FUVEST – SP) – Considere os textos para responder à questão. I. A tônica é que os pequenos jogadores da equipe de futebol Javalis Selvagens estão tranquilos e até confortáveis, bem cuidados na caverna pela nu- merosa equipe internacional que tenta retirá-los dali, e que têm muita vontade de voltar a comer seus pratos favoritos quando voltarem para casa. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/07/internacio- nal/1530941588_246806.html>. Adaptado. II. Bem, minha vida mudou muito nos últimos dois anos. O mundo que explorei mudou muito. Eu vi muitas paisagens diferentes durante as tur- nês, e é realmente inspirador ver o quão grande é o mundo. Eu quero explorar e experimentar dife- rentes partes da natureza, mas eu não gosto do de- serto, sinto muito pelas plantas! Ou talvez eu goste disso… te deixa com sede de olhar para ele… Disponível em: <http://portalaurorabr.com/2018/09/16/eu_sou_feminis- ta_porque_sou_mulher_diz_aurora_em_entrevista_ao_independent/>. III. a) Quanto ao sentido, a palavra “bem”, destacada nos três textos, desempenha a mesma função em cada um deles? Justifique. b) Reescreva o trecho “Eu quero explorar e experimentar diferentes partes da natureza, mas eu não gosto do de- serto, sinto muito pelas plantas!”, empregando o discurso indireto e fazendo as adaptações necessárias. Comece o período com “Ela disse que”. 12 Extensivo Terceirão Instrução: O texto a seguir serve de base para a questão 01.20. O meu nome é Severino, não tenho outro de pia. (...) E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é que a morte severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida). MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina e outros poemas em voz alta. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980. 01.20. (UERJ) – No poema, o autor lança mão da mudança de classe de palavras como recurso expressivo da criação poética. Com base nisso, indique a classe gramatical das palavras sublinhadas, na ordem em que aparecem. Em seguida, explique o sentido que o termo severina assume na expressão “morte severina”, tendo em vista a representação que se faz do retirante. Gabarito 2 5 4 1 7 6 9 3 8 7 9 8 3 5 2 4 6 1 1 3 6 8 4 9 5 7 2 4 8 7 2 9 3 6 1 5 9 6 5 7 8 1 3 2 4 3 1 2 5 6 4 7 8 9 5 7 1 9 3 8 2 4 6 6 2 9 4 1 7 8 5 3 8 4 3 6 2 5 1 9 7 01.01. Variáveis: notou (verbo), aquele (pronome demonstrativo), jovem (adje- tivo), garoto (substantivo), o (artigo), primeiro (numeral), sua (pronome possessivo), fila (substantivo), estava (verbo), cansado (adjetivo). Invariáveis: Uau (interjeição), ninguém (pronome indefinido), mas (con- junção), de (preposição), bastante (advérbio). 01.02. c 01.03. Pele ( C) Ternura ( A ) Dor ( A ) Chinelo ( C ) Compaixão ( A ) Namoro ( A ) Pé ( C ) Corrida ( A ) Saudade ( A ) Anjo ( C ) Violino ( C ) Rebeldia ( A ) Caderno ( C ) Bebê ( C ) Beleza ( A ) 01.04. d 01.05. d 01.06. a) descoberta b) volta c) sobrevivência d) crescimento e) atualização f ) concessão g) matança h) recordação 01.07. a 01.08. d 01.09. a) No contexto da tira, a expressão “Que gata!” assume conotação positiva: a relação entre os quadrinhos da tira sugere que as representantes do gênero feminino (mulher, gata e barata) estão sendo elogiadas pelos respectivos representantes masculinos. b) O efeito de humor da tira decorre do emprego de uma mesma palavra em diferentes sentidos, em razão da diferença da classe gramatical: no primeiro quadrinho, “gata” é substantivo e se refere ao animal; já nos quadrinhos seguintes, a palavra é empregada como “adjetivo”, em frase exclamativa, com sentido figurado de atraente, bonita. No quadrinho em que a exclamação parte do gato, há um acréscimo a fazer: “Que gata!” pode também ser referência (por substantivo) à fêmea do gato, implicitamente destacando suas qualidades. 01.10. a 01.11. a) Destacam-se como pouco usuais em textos publicitários o substantivo “aquisição”, sinônimo de “compra”, e o advérbio “galhardamente”, sinô- nimo de “tranquilamente”. b) Em ordem direta, a oração tem a seguinte grafia: “A Mercedes- -Addelektra é a mais moderna e eficaz entre todas as machinas de contabilidade”. 01.12. e 01.13. d 01.14. b 01.15. e 01.16. d 01.17. c 01.18. e 01.19. a) Não, a palavra “bem” adquire sentidos diferentes e desempenha fun- ções distintas em cada um deles. No texto I, apresenta noção de muito, bastante, com função de advérbio ligado ao adjetivo “cuidados”. No II, é marcador linguístico de pausa antes de introdução da fala, com função de interjeição, equivalendo a então, olha, aí. Em III, é substantivo com função de vocativo. b) Empregando o discurso indireto, a frase apresentaria a seguinte confi- guração: Ela disse que queria explorar e experimentar diferentes partes da natureza, mas que não gostava do deserto, sentia muito pelas plan- tas! 01.20. A palavra Severino, na primeira ocorrência, pertence à classe dos subs- tantivos; na segunda ocorrência, a palavra passa a ser um adjetivo, carre- gando, na sua significação, toda a carga semântica associada à figura do retirante no poema. A expressão “morte severina” assume a ideia de morte difícil, dura, semelhante à vida do personagem e dos demais severinos. 13Português 1B Português 1B1BAula 02 Classes de palavras II Núcleo e satélites É preciso lembrar constantemente: antes de qual- quer análise, reconhecer as peças fundamentais é muito importante para que saibamos de que ponto partem as relações no enunciado. Por exemplo, numa frase como As grandes ideias nasceram frequentemente de projetos simples sabemos que há três elementos essenciais: • ideias > substantivo • nasceram > verbo • projetos > substantivo Esses são os núcleos da frase, porque correspondem aos substantivos e ao verbo elementares na constituição do sentido básico do enunciado. Note, agora, que há mais palavras a eles relacionados, girando em torno deles e especificando, alterando-lhes o sentido: as ideias grandes projetos simples nasceram frequentemente Adjetivo Como um dos periféricos do substantivo, o adjetivo corresponde à classe gramatical que qualifica o nome a que se refere. Pense:se o substantivo é a categoria central e tem variação, o periférico que o acompanha, o adjetivo, tam- bém sofrerá tal variação. Essa característica morfológica será muito importante na identificação precisa de um adjetivo quando relacionado a um nome. Por isso mesmo, o adjetivo é uma palavra variável. orgulho vão vãos pedidos esperança vã vãs ilusões É importante saber Não se esqueça, então: o adjetivo é sempre um elemento periférico do substantivo, concordando em gênero e número com o nome a que qualifica. Repare que a ordem do adjetivo em relação ao subs- tantivo pode alterar o sentido do sintagma a que eles pertencem. grande homem homem grande Em certos contextos, é possível que dois substantivos formem um sintagma e um deles se comporte, portanto, como adjetivo, qualificando o outro, tomado como nuclear. velho palhaço Note como, dependendo da leitura feita, a classifica- ção morfológica de cada um dos vocábulos será diferente. Por fim, nada impede, ainda, que palavras de outras classes gramaticais estejam adjetivando um nome. Isso é Brasil > substantivo como adjetivo Você parece nós > pronome como adjetivo João é dez > numeral como adjetivo Advérbio Num primeiro momento, é fácil identificar o papel do advérbio. O próprio nome indica tal papel: ad (próximo) vérbio. Quer dizer: se o adjetivo se relaciona ao nome, ao substantivo, o advérbio terá relação fundamental com o verbo. Substantivo adjetivo Verbo advérbio Se, por essa relação, o adjetivo imprime uma noção nova ao substantivo (o nome), o advérbio fará isso em relação ao verbo. Ou seja, do ponto de vista semântico, o advérbio é indicador não de uma qualidade, pois os verbos não designam qualidades, mas de uma circunstância, uma ideia de acréscimo à noção verbal exposta. Confira como os enunciados abaixo são diferentes: Estudar Estudar sempre Estudar muito não estudar Estudar tranquilamente Atenção! Não podemos nos esquecer de uma carac- terística a mais do advérbio, indicadora de um 14 Extensivo Terceirão leque maior na sua relação de coesão com outras classes gramaticais: além de modificar o sentido de um verbo, o advérbio também pode ser periférico de um adjetivo e de outro advérbio! Quer dizer adjetivo advérbio verbo advérbio Leia o enunciado a seguir: João chegou triste. Pode parecer que o termo grifado, sob o ponto de vista morfológico, seja um advérbio. Cuidado. No lugar de “João”, insira “eles” ou “nós”. Viu o que aconteceu? Houve variação. “Triste”, por- tanto, não é um advérbio modificador do verbo, mas um adjetivo relacionado ao nome. João chegou triste. Imagine, agora, a seguinte frase: João chegou muito triste. Na teia de relações entre as palavras, já vimos que: • “chegou” se relaciona a “João”; • “triste” se relaciona a “João”; E “muito”, estaria relacionado a que palavra? Você já deve ter percebido que a palavra “muito”, neste caso, está em coesão com “triste”, realçando-lhe, pela intensidade, o sentido. João chegou muito triste. substantivo verbo adjetivo João chegou muito triste. substantivo verbo advérbio adjetivo Algumas circunstâncias expressas pelo advérbio a) Tempo (hoje, agora, já, amanhã) b) Lugar (aqui, lá, cá,) c) Intensidade (muito, pouco, bastante, meio) d) Modo (bem, mal, depressa, terminados em –mente) e) Afirmação (sim, certamente, claramente, efetivamente) f ) Negação (não, tampouco, nunca) Locuções O valor de um adjetivo e de um advérbio pode ser “representado” sob outra forma de composição, as chamadas locuções. Para nosso interesse por ora, vamos tomar a locução como a combinação de mais de uma palavra, tendo como elemento inicial uma preposição. Assim, uma locução básica, por enquanto, teria esta formação: preposição + substantivo Ainda que possa parecer algo abstrato, você desco- brirá que vive em contato permanente com as locuções. Quando se diz cultura baiana já vimos que claramente “baiana” é um termo peri- férico ligado a “cultura”, certo? Trata-se de um adjetivo ligado ao substantivo nuclear. Se, porém, tivéssemos cultura da Bahia Estaríamos mudando a combinação dos elementos, ainda que mantivéssemos o sentido original. Como você percebeu no último caso, trata-se de uma locução. cultura da Bahia substantivo preposição substantivo Ora, como essa locução está no lugar exato do adjetivo, desempenhando o mesmo papel, uma vez que se relaciona ao nome “cultura”, dizemos que esta é uma locução adjetiva, porque substitui o adjetivo. Note, porém, que se a frase fosse Eles vieram da Bahia. verbo preposição substantivo a locução destacada estaria claramente ligada ao verbo. Ora, quem se liga ao verbo é um advérbio; logo, aqui temos uma locução adverbial, indicadora, como se vê, de lugar. Veja, então, que a correta identificação de uma locu- ção depende da coesão entre os termos: Caiu do ônibus no ponto de ônibus. locução adjetivalocução adverbial Advérbio ou adjunto adverbial? Quando se classifica uma expressão como advérbio ou locução adverbial, muitos estudantes levantam a dúvida: “Eu achava que era adjunto adverbial...” O que não se percebe, muitas vezes, é que realmente se trata de adjunto adverbial, mas também de um advér- bio ou de uma locução adverbial. A questão aqui é que a nomenclatura se refere a áreas diferentes de análise e classificação. Observe, então Todo jovem sofre muito na escola advérbio adjunto adverbial adjunto adverbial locução adverbial MORFOLOGIA SINTAXE Aula 02 15Português 1B Atenção! Escrevem com canetas verdes locução adverbial Como? Advérbio não é invariável? Sim, mas note que essa característica se refere ao advérbio, ou seja, a uma palavra que funciona como tal. No exemplo anterior, não se trata de advérbio, mas de uma locução adverbial, um sintagma com preposição + nome, como vimos há pouco. É natural que no interior da locução haja um termo variável, mas isso não importa, porque não altera a sua condição de pertencente a um conjunto ligado ao verbo, com valor adverbial – é isso o que conta! Se a locução se liga ao verbo, ela tem valor adverbial, assim sendo classificada. Viver alegremente advérbio Viver com alegria locução adverbial mas Sorriso com alegria locução adjetiva Entendeu o que ocorre? Quando classificamos uma palavra como “advérbio” ou “locução adverbial”, estamos pensando na Morfolo- gia; quando dizemos “adjunto adverbial”, estamos nos referindo à função assumida por aquelas peças – isso é a Sintaxe. Quer dizer, advérbio ou locução adverbial são “peças” que naturalmente sempre funcionam como adjuntos adverbiais. Testes Assimilação 02.01. Considere o texto a seguir. Lamentar aquilo que não temos é desperdiçar aquilo que já possuímos. Nesse sábio provérbio chinês, há dois advérbios. Identifique- -os e classifique-os. 02.02. Considere a frase e a locução a seguir: Frase: “O vendedor bendizia o movimento” Locução: “da rua” Considere agora o que se indica: [I] O vendedor [II] bendizia o movimento [III]. a) Identifique a classe gramatical da locução, se ela for colocada: • na posição I; • na posição II; • na posição II, com vírgulas; b) O que acontece na frase, se a locução for colocada, sem vírgula, na posição III? Explique. 02.03. Some as alternativas em que a palavra “meio” é advérbio: 01) Eva só comeu meio pêssego. 02) Eva foi encontrada meio nua. 04) Ela saiu meio triste, mas voltou meio alegre. 08) Há quem se valha de qualquer meio para conseguir seu objetivo. 16) Estacionaram no meio da rua. 32) Só havia um meio de encontrar a paz. 02.04. Marque A se a palavra em destaque tiver função adjetiva e B se tiver função adverbial. ( ) Disseram que eles votavam MUITO mal naquelas situações. ( ) SÓ pessoas crédulas aceitam certas coisas absurdas. ( ) Uma reação MEIO desanimada foi o que se obteve da- quelas crianças. ( ) CERTOS clientes agem CERTO quando cobram seus direitos. ( ) ( ) Eles gostam MUITOdo pai, que parece MEIO can- sado. ( ) ( ) Políticos honestos nunca agem SÓS. ( ) MEIO grupo de atletas foi punido, o que deixou toda a equipe MEIO chateada. ( ) ( ) Era um grupo POUCO suspeito aquele. 16 Extensivo Terceirão Aperfeiçoamento 02.05. (UNICAMP – SP) – (Bruno Fonseca. facebook.) Disponível em: <https://www.facebook.com/museumazzaropi/.> Acesso em: 31 ago 2017. Considerando os sentidos produzidos pela tirinha, é correto afirmar que o autor explora o fato de que palavras como “ontem”, “hoje” e “amanhã” a) mudam de sentido dependendo de quem fala. c) deslocam-se de um sentido concreto para um abstrato. b) adquirem sentido no contexto em que são enunciadas. d) evidenciam o sentido fixo dos advérbios de tempo. Instrução: Texto para a questão 02.06. Se o relógio da História marca tempos sinistros, o tempo construído pela arte abre-se para a poesia: o tempo do sonho e da fantasia arrebatou multidões no filme O mágico de Oz, estrelado por Judy Garland e eternizado pelo tema da canção Além do arco-íris. Aliás, a arte da música é, sempre, uma habitação especial do tempo: as notas combinam-se, ritmam e produzem melodias, adensando as horas com seu envolvimento. Péricles Alcântara 02.06. (PUCCAMP – SP) – Considere o parágrafo e o verbete extraído do Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. - aliás advérbio 1. de outro modo, de outra forma Ex.: sempre ajudou o filho, a. seria mau pai se não o fizesse 2. além disso Ex.: a., não era a primeira sujeira que ele fazia 3. emprega-se em seguida a uma palavra proferida ou escrita por equívoco; ou melhor, digo Ex.: estávamos em março, a., abril 4. seja dito de passagem; verdade seja dita; a propósito Ex.: não aceitou o emprego, que a. é muito cobiçado 5. no entanto, contudo Ex.: andar muito é cansativo, sem, a., deixar de ser saudável O sentido preciso com que a palavra aliás foi empregada no texto está indicado em a) 3. b) 2. c) 5. d) 4. e) 1. Aula 02 17Português 1B Instrução: O texto a seguir serve de base para as questões 02.07 e 02.08. GRITO Quadro que fundou o expressionismo nasceu de um ataque de pânico. Edvard Munch nasceu em 1863, mesmo ano em que O piquenique no bosque, de Édouard Manet, era exposto no Salão dos Rejeitados, cha- mando a atenção para um movimento que nem nome tinha ainda. 1Era o impressionismo, supe- rando séculos de pintura acadêmica. Os impres- sionistas deixaram o realismo para a fotografia e se focaram no que ela não podia mostrar: as 2sen- sações, a parte subjetiva do que se vê. 3Crescendo durante 4essa 5revolução, Munch – que, aliás, também seria 6fotógrafo – achava 7a lingua- gem dos impressionistas superficial e científica, dis- creta demais para expressar o que sentia. E ele sentia: Munch tinha uma história familiar trágica: 8perdeu a mãe e uma irmã na infância, teve outra irmã que pas- sou a vida em asilos psiquiátricos. 9Tornou-se artista sob forte oposição do pai, que morreria quando Mun- ch tinha 25 anos e o deixaria na pobreza. O artista sempre viveu na boemia, entre bebedeiras, brigas e romances passageiros, tornando-se amigo do filósofo niilista Hans Jæger, que acreditava que o suicídio era a forma máxima da libertação. 10Fruto de suas obsessões, 11O Grito não foi seu primeiro quadro, mas o que o tornaria céle- bre. 12A inspiração veio do que parece ter sido um ataque de pânico, que ele escreveu em seu diário, pouco mais de um ano antes do quadro: “Estava andando por um caminho com dois amigos – o sol estava se pondo – quando, de repente, o sol tornou-se vermelho como o sangue. Eu parei, sentindo-me exausto, e me encostei na cerca – ha- via sangue e línguas de fogo sobre o fiorde negro e a cidade. Meus amigos continuaram andando, e eu fiquei lá, tremendo de ansiedade – e 13senti um grito infinito atravessando a natureza”. 14Ali nasceria um novo movimento artístico. 15O Grito seria a pedra fundadora do expres- sionismo, a principal vanguarda alemã dos anos 1910 aos 1930. Aventuras na História 02.07. (UECE) – Observe o que se diz sobre o sintagma “O Grito”. I. Na referência 11, introduz o referente do quadro O grito. II. Esse sintagma é retomado indiretamente pelo sintagma A inspiração (referência 12). III. O advérbio Ali (referência 14) aponta para o sintagma O Grito (referência 15). Está correto o que se diz em a) I e III apenas. c) I, II e III. b) II e III apenas. d) I e II apenas. 02.08. (UECE) – Sobre o advérbio Ali (referência 14), é correto afirmar que indica a) um lugar distante da pessoa que fala. b) um lugar diferente do lugar da pessoa que fala. c) naquele ato, naquelas circunstâncias, naquela conjuntura. d) hora, aquele momento. 02.09. (FUVEST – SP) – Examine este cartaz, cuja finalidade é divulgar uma exposição de obras de Pablo Picasso. (Disponível em http: <//www.institutomieohtake.org.br>.) Nas expressões “Mão erudita” e “Olho selvagem”, que compõem o texto do anúncio, os adjetivos “erudita” e “selvagem” sugerem que as obras do referido artista conjugam, respectivamente, a) civilização e barbárie. b) requinte e despojamento. c) modernidade e primitivismo. d) liberdade e autoritarismo. e) tradição e transgressão. Instrução: Texto para a questão 02.10. (Disponível em: http: <//www.psyche.com.br/taxonomy/term/4.> Acesso em: 02/06/2017.) 02.10. (UNICAMP – SP) – No contexto deste grafite, as frases “menos presos políticos” e “mais políticos presos” expressam a) uma relação de contradição, uma vez que indicam sen- tidos opostos. b) uma relação de consequência, já que a diminuição de um grupo conduz ao aumento de outro. c) uma relação de contraste, pois reivindicam o aumento de um tipo de presos e a redução de outro. d) uma relação de complementaridade, porque remetem a subconjuntos de uma mesma categoria. 18 Extensivo Terceirão Aprofundamento Instrução: Os textos a seguir servem de base para a questão 02.11. TEXTO 1 Pneumotórax Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Tosse, tosse, tosse. Mandou chamar o médico: – Diga trinta e três. – Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . . – Respire. ........................................................................... – O senhor tem uma escavação no pulmão es- querdo e o pulmão direito infiltrado. – Então, doutor, não é possível tentar o pneumo- tórax? – Não. A única coisa a fazer é tocar um tango ar- gentino. Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 16. ed. Rio de Janeiro, Nova Frontei- ra. 2000. p. 128. TEXTO 2 © Sh ut te rs to ck /E SB P ro fe ss io na l (Disponível em: http: <//www.estacaosegura.com.br>.) 02.11. (UFJF – MG) – Relacione o emprego do advérbio “ainda” na peça publicitária acima ao tema do texto 1: Instrução: Texto para as questões 02.12 e 02.13. PARA SEMPRE JOVEM Recentemente, vi na televisão a propaganda de um jipe que saltava obstáculos como se fosse um cavalo de corrida. Já tinha visto esse comercial, mas comecei a prestar atenção na letra da música, soan- do forte e repetindo a estrofe de uma canção muito conhecida, “forever Young... I wanna live forever and Young...” (para sempre jovem... quero viver para sem- pre e jovem). 1Será que, realmente, 2queremos viver muito e, de preferência, para sempre jovens? (...) O crescimento da população idosa nos países desenvolvidos é uma bomba-relógio que já come- ça a implodir os sistemas previdenciários, des- preparados para amparar populações com uma média de vida em torno de 140 anos. A velhice se tornou uma epidemia incontrolável nos países desenvolvidos. Sustentar a população idosa so- brecarrega os jovens, cada vez em menor núme- ro, pois, nesses países, há também um declínio da natalidade. Será isso socialmente justo? Uma pessoa muito longeva consome uma quantidade total de alimentos muito maior do que as outras, o que contribui para esgotar mais rapi- damente os recursos finitos do planeta 3e agravar ainda mais os desequilíbrios sociais.Para que uns poucos possam viver muito, outros 4terão de pas- sar fome. Será que, em um futuro breve, teremos uma guerra de extermínio aos idosos, como na ficção do escritor argentino Bioy Casares, O diário da guerra do porco? Seria uma guerra justa? /.../ TEIXEIRA, João. Para sempre jovens. In: Revista Filosofia: ciência & vida. Ano VII, n. 92, março-2014, p. 54. 02.12. (EPCAR – MG) – Elementos de modalização são responsáveis por expressar intenções e pontos de vista do enunciador. Por intermédio deles, o enunciador inscreve no texto seus julgamentos e opiniões sobre o conteúdo, fornecendo ao interlocutor “pistas” de reconhecimento do efeito de sentido que pretende produzir. Observe os elementos de modalização destacados nos excertos e as respectivas análises. I. “... e agravar ainda mais os desequilíbrios sociais.” (ref. 3) – O advérbio destacado ratifica a ideia de que a situação que já é caótica vai piorar. II. “... terão de passar fome.” (ref. 4) – O verbo auxiliar utilizado ressalta a total falta de saída para os jovens. III. “Será que, realmente, queremos viver muito...” (ref. 1) – O advérbio utilizado reforça o questionamento sobre o desejo de viver muito, presente no senso comum. IV. “... queremos viver muito e, de preferência, para sempre jovens?” (ref. 2) – A locução adverbial sugere que a vida longa será também de qualidade. Apresentam afirmações corretas as alternativas a) I e II apenas. c) I, II e III apenas. b) III e IV apenas. d) I, II, III e IV. Seguro de vida: ainda não tem o seu? Clique aqui e solicite uma cotação. Aula 02 19Português 1B 02.13. (EPCAR – MG) – O emissor do texto apresenta um discurso parcial no qual se percebe uma visão bastante ne- gativa do crescimento da população idosa. Apenas um dos recursos abaixo NÃO foi utilizado para convencer o leitor de seu ponto de vista. Assinale-o. a) Hiperbolização da linguagem evidenciada na grande quantidade de advérbios de intensidade e no exagero de algumas afirmações. b) Metáforas impactantes e alarmistas como “epidemia incontrolável” e “bomba-relógio”. c) Argumentos de dados, baseados em provas concretas e/ ou pesquisas científicas. d) Uso do contraste, caracterizado pela presença de antíteses e pela oposição de ideias. 02.14. Determinados adjetivos mudam de sentido con- forme sejam colocados antes ou depois do substantivo a que se referem. É o caso da dupla grande homem/ homem grande, em que o adjetivo anteposto tem valor subjetivo e o adjetivo posposto apresenta valor objetivo. Considere os seguintes pares de frases e explique a diferença de sentido obtida com a inversão da ordem. I. O mau aluno compareceu à direção. O aluno mau compareceu à direção. II. José nada mais é do que um simples professor. José nada mais é do que um professor simples. III. O falso profeta lançava-se desvairado à multidão. O profeta falso lançava-se à multidão. IV. A mulher pobre vestia azul. A pobre mulher vestia azul. V. O brasileiro é um novo eleitor. O brasileiro é um eleitor novo. Instrução: Para responder à questão 02.15, leia o excerto do “Sermão da primeira dominga do Advento”, de Antônio Vieira (1608-1697), pregado na Capela Real em Lisboa no ano de 1650. Desçamos a exemplos mais públicos. Por uma omissão perde-se uma maré, por uma maré perde- -se uma viagem, por uma viagem perde-se uma armada, por uma armada perde-se um Estado: dai conta a Deus de uma Índia, dai conta a Deus de um Brasil, por uma omissão. Por uma omissão per- de-se um aviso, por um aviso perde-se uma oca- sião, por uma ocasião perde-se um negócio, por um negócio perde-se um reino: dai conta a Deus de tantas casas, dai conta a Deus de tantas vidas, dai conta a Deus de tantas fazendas1, dai conta a Deus de tantas honras, por uma omissão. Oh que arriscada salvação! Oh que arriscado ofício é o dos príncipes e o dos ministros! Está o príncipe, está o ministro divertido, sem fazer má obra, sem dizer má palavra, sem ter mau nem bom pensamento: e talvez naquela mesma hora, por culpa de uma omissão, está cometendo maiores danos, maiores estragos, maiores destruições, que todos os malfei- tores do mundo em muitos anos. O salteador na charneca com um tiro mata um homem; o príncipe e o ministro com uma omissão matam de um golpe uma monarquia. A omissão é o pecado que com mais facilidade se comete e com mais dificuldade se conhece; e o que facilmente se comete e difi- cultosamente se conhece, raramente se emenda. A omissão é um pecado que se faz não fazendo. [...] (Essencial, 2013. Adaptado.) 1fazenda: conjunto de bens, de haveres. 02.15. (UNESP – SP) – Em “Está o príncipe, está o ministro divertido, sem fazer má obra, sem dizer má palavra, sem ter mau nem bom pensamento”, o adjetivo destacado não está empregado na acepção corrente de “alegre”; o contexto, porém, permite recuperar a seguinte acepção: a) distraído. d) embriagado. b) debochado. e) malicioso. c) empolgado. Instrução: O texto a seguir serve de base para a questão 02.16. AO CREPÚSCULO, A MULHER Ao crepúsculo, a mulher bela estava quieta, e me detive a examinar sua cabeça com atenção e o extre- mado carinho de quem fixa uma flor. Sobre a haste do colo fino estava apenas trêmula: talvez a leve bri- sa do mar; talvez o estremecimento de seu próprio crepúsculo. Era tão linda assim, entardecendo, que me perguntei se já estávamos preparados, nós, os rudes homens destes tempos, para testemunhar a sua fugaz presença sobre a terra. Foram precisos mi- lênios de luta contra a animalidade, milênios de mi- lênios de sonho para se obter esse desenho delicado e firme. Depois os ombros são subitamente fortes, para suster os braços longos; mas os seios são pe- quenos, e o corpo esgalgo foge para a cintura breve; logo as ancas readquirem o direito de ser graves, e as coxas são longas, as pernas desse escorço de corça, os tornozelos de raça, os pés repetindo em outro rit- mo a exata melodia das mãos. 20 Extensivo Terceirão Ela e o mar entardeciam, mas, a um leve movi- mento que fez, seus olhos tomaram o brilho doce da adolescência, sua voz era um pouco rouca. Não teve filhos. Talvez pense na filha que não teve... A forma do vaso sagrado não se repetirá nestas gera- ções turbulentas e talvez desapareça para sempre no crepúsculo que avança. Que fizemos desse so- nho de deusa? De tudo o que lhe fizemos só lhe ficou o olhar triste, como diria o pobre Antônio, poeta português. O desejo de alguns a seguiu e a possuiu; outros ainda se erguerão como torvas chamas rubras, e virão crestá-la, eis ali um ho- mem que avança na eterna marcha banal. Contemplo-a... Não, Deus não tem facilidade para desenhar. Ele faz e refaz sem cessar Suas figu- ras, porque o erro e a desídia dos homens entorpe- cem Sua mão: de geração em geração, que longa paciência Ele não teve para juntar a essa linha do queixo essa orelha breve, para firmar bem a pol- pa da panturrilha. Sim, foi a própria mão divina em um momento difícil e feliz. Depois Ele disse: anda... E ela começou a andar entre os humanos. Agora está aqui entardecendo; a brisa em seus ca- belos pensa melancolias. As unhas são rubras; os cabelos também ela os pintou; é uma mulher de nosso tempo; mas neste momento, perto do mar, é menos uma pessoa que um sonho de onda, fanta- sia de luz entre nuvens, avideusa trêmula, evanes- cente e eterna. Mas para que despetalar palavras tolas sobre sua cabeça? Na verdade não há o que dizer; ape- nas olhar, olhar como quem reza, e depois, antes que a noite desça de uma vez, partir. Rubem Braga. A traição das elegantes. R.J.: Editora Sabiá, 1967, pp.61-63. 02.16. (FCM – MG) – O cronista faz alusão ao poeta portu- guês António Nobre (1867-1900), que escreveu os seguintes versos: “Ó grandes olhos outonais! Místicas luzes! Mais tristes do que o amor, solenes como as cru- zes!” O adjetivo “outonais” corresponde, na crônica, ao termo “crepúsculo” porque a) aborda, ironicamente, a transitoriedade das coisas.b) trata, metaforicamente, do envelhecimento da mulher. c) remete, liricamente, ao passado romântico das mulheres. d) recorre, hiperbolicamente, ao poder do tempo sobre as pessoas. Instrução: Texto para a questão 02.17. Agora me digam: como é que, com tio-avô modinheiro parente de Castro Alves, com quem notivagava na Bahia; pai curtidor de um sarau musical, tocando violão ele próprio e depositário de canções que nunca mais ouvi cantadas, como “O leve batel”, linda, lancinante, lúdica e que mais palavras haja em “l’s” líquidos e palatais, com versos atribuídos a Bilac; avó materna e mãe pianistas, dedilhando aquelas valsas an- tigas que doem como uma crise de angina no peito; dois tios seresteiros, como Henriquinho e tio Carlinhos, irmão de minha mãe, de dois metros de altura e um digitalismo espantosos, uma espécie de Canhoto (que também o era) da Gávea; como é que, com toda essa progênie, poderia eu deixar de ser também um composi- tor popular… Vinicius de Moraes, Samba falado: (crônicas musicais). Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2008. Adaptado. 02.17. (FGV – SP) – Ao exaltar a canção “O leve batel”, Vi- nícius de Moraes emprega adjetivos que exemplificam um tipo de recurso expressivo de natureza sonora que ocorre, de modo mais expressivo, nestes versos também de sua autoria: a) De repente do riso fez-se o pranto / Silencioso e branco como a bruma. b) De nada vale ao homem a pura compreensão de todas as coisas. c) A minha pátria não é florão, nem ostenta / Lábaro não; a minha pátria é desolação. d) Na melancolia de teus olhos / Eu sinto a noite se inclinar. e) Quero ir-me embora pra estrela / Que vi luzindo no céu. Instrução: O texto a seguir serve de base para a questão 02.18. TEXTO O correto uso do papel higiênico 4O título acima é meio enganoso, 5porque não posso considerar-me uma autoridade no uso de papel higiênico, nem o leitor encontrará aqui alguma dica imperdível sobre o assunto. Mas é que estive pensando nos tempos que vivemos e me ocorreu que, dentro em breve, por iniciativa do 6Executivo ou de algum legislador, podemos esperar que 7sejam 8baixadas normas para, em 9banheiros públicos ou domésticos, ter 10certeza de que estamos levando em conta não só o que é melhor para nós 11como para a coletividade e o ambiente. Por exemplo, 12imagino que a escolha da posição do rolo do papel higiênico pode ser regulamentada, depois que um estudo científico comprovar que, se a saída do papel for pelo lado de cima, 13haverá um desperdício geral de 3.28 por cento, com a consequência de que mais lixo será gerado e mais árvores 14serão derrubadas para fazer mais papel. E a maneira certa de pas- sar o papel higiênico também precisa ter suas re- gras, notadamente no caso das damas, 15segundo aprendi outro dia, num programa 16de tevê. Tudo simples, como em todas as 17medidas que agora vivem tomando, para nos proteger dos muitos perigos que nos rondam, inclusive nossos próprios Aula 02 21Português 1B 18hábitos e preferências pessoais. Nos banheiros 19públicos, como os de aeroportos e rodoviárias, instalarão 20câmeras de monitoramento, com apli- cação de 21multas imediatas aos infratores. Nos ba- nheiros domésticos, 22enquanto não passa no Con- gresso um projeto obrigando todo mundo a instalar uma câmera por banheiro, as 23recém-criadas Bri- gadas Sanitárias 24(milhares de novos empregos em todo o Brasil) 25farão uma 26fiscalização por 27esco- lha aleatória. Nos casos de reincidência em delitos como 28esfregada ilegal, colocação imprópria do rolo e usos não autorizados, tais como assoar o na- riz ou enrolar um pedacinho para limpar o ouvido, 29os culpados serão encaminhados para um curso de educação sanitária. Nova reincidência, aí, paciên- cia, só cadeia mesmo. Agora me 30contam que, 31não sei se em al- gum Estado ou no País todo, estão planejando proibir que os fabricantes de gulodices para crian- ças ofereçam brinquedinhos de brinde, porque 32isso estimula o consumo de várias substâncias pouco sadias e 33pode levar à obesidade, diabetes e muitos outros males. Justíssimo, mas vejo um defeito. 34Por que os 35brasileiros adultos ficam excluídos 36dessa proteção? O certo será, para quem, 37insensata e desorientadamente, quiser comprar e consumir alimentos industrializados, apresentar 38atestado médico do SUS, compro- vando que não se trata de diabético ou hipertenso e não tem taxas de colesterol altas. 39O mesmo aconteceria com restaurantes, botecos e similares. Depois de algum debate, em que alguns radicais terão proposto o Cardápio Único Nacional, a lei estabelecerá que, em todos os menus, 40constem, em letras vermelhas e destacadas, as necessárias advertências quanto a possíveis efeitos deletérios dos ingredientes, bem como 41fotos coloridas de gente passando mal, depois de exagerar em 42co- midas excessivamente calóricas ou bebidas in- digestas. O que nós fazemos nesse terreno é um absurdo e, 43se o Estado não nos tomar providên- cias, não sei onde vamos parar. Ainda é cedo para avaliar a 44chamada lei da palmada, mas tenho certeza de que, protegendo as nossas crianças, ela se tornará um exemplo para o mundo. Pelo que eu sei, se o pai der umas palmadas no filho, pode ser 45denunciado à po- lícia e até preso. 46Mas, antes disso, é intimado a fazer uma consulta ou tratamento psicológico. Se, ainda assim, persistir em seu comportamento delituoso, não só vai preso mesmo, como a crian- ça é entregue aos cuidados de uma instituição que cuidará dela exemplarmente, livre de um pai cruel e de uma mãe cúmplice. Pai na cadeia e mãe proibida de vê-la, educada por profissionais es- pecializados e dedicados, a criança crescerá para tornar-se um cidadão modelo. E a lei certamente se aperfeiçoará com a prática, tornando-se mais abrangente. Para citar uma circunstância em que o aperfeiçoamento é indispensável, lembremos que a tortura física, seja lá em que hedionda forma 47– chinelada, cascudo, beliscão, puxão de orelha, quiçá um piparote –, muitas vezes não é tão séria quanto a tortura psicológica. Que 48terríveis sensa- ções não terá a criança, ao ver o pai de cara amarrada ou irritado? E os pais discutindo e até brigando? O egoísmo dos pais, prejudicando a criança dessa ma- neira desumana, tem que ser coibido, nada de abor- recimentos ou brigas em casa, a criança não tem nada a ver com os problemas dos adultos, polícia neles. Sei que esta descrição do funcionamento da lei da palmada é exagerada, e o que inventei aí não deve ocorrer na prática. Mas é seu 49resultado lógico e faz parte do espírito 50desmiolado, arrogante, pre- tensioso, inconsequente, desrespeitoso, irrespon- sável e ignorante com que esse tipo de coisa vem prosperando entre nós, com gente estabelecendo regras para o que nos permitem ver nos balcões das farmácias, policiando o que dizemos em voz alta ou publicamos e podendo punir até uma risada que alguém considere hostil ou desrespeitosa para com alguma categoria social. 51Não parece estar longe o dia em que a maioria das piadas será clandestina e quem contar piadas vai virar uma espécie de cons- pirador, reunido com amigos pelos cantos e sus- peitando de estranhos. 52Temos que ser protegidos até da leitura desavisada de livros. 53Cada livro será acompanhado de um texto especial, uma espécie de bula, que dirá do que devemos gostar e do que de- vemos discordar e como o livro deverá ser comen- tado na perspectiva adequada, para não mencionar as ocasiões em que precisará ser reescrito, a fim de garantir o indispensável acesso de 54pessoas de vo- cabulário neandertaloide. 55Por enquanto, não bai- xaram normas para os relacionamentos 56sexuais, mas 57é prudente verificar se o que vocês andam aprontando está correto e não 58resultará 59na cas- sação de seus direitos de cama, 60precatem-se. (Fonte: Revista Consultor Jurídico, 19 de julho de 2014, 12h30. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2014-jul-19/joao-ubaldo-ribeiro-ironiza-normas- -legais-ultima-coluna. Acessoem: 05/11/2015) 02.18. (UEM – PR) – Assinale o que for correto quanto ao emprego dos elementos linguísticos no texto. 01) Nas expressões “brasileiros adultos” (referência 35) e “atestado médico” (referência 38), os vocábulos “adul- tos” e “médico” são apresentados como adjetivos. No entanto, segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), tanto o vocábulo “adultos” quanto o vocábulo “médico” podem ser apresentados como substantivos, em contexto específico, caso, nesse contexto, possam vir acompanhados por um artigo. 22 Extensivo Terceirão 02) Na referência 4, o trecho “O título acima é meio engano- so” apresenta o advérbio “meio”. Se tivéssemos o trecho “A informação acima é meia enganosa”, ocorreria a va- riação do advérbio “meio” para “meia”, pois este vocábulo deveria concordar com o núcleo do sujeito “informação” que é apresentado em variação de gênero feminino. 04) Na referência 16, a expressão “de tevê”, formada de uma preposição mais um substantivo, tem valor de adjeti- vo, por isso a expressão é uma locução adjetiva e, no contexto em que se encontra, pode ser substituída pelo vocábulo “televisivo” para concordar em gênero e número com o vocábulo “programa” que, no texto, a antecede. 08) O vocábulo “Mas” (referência 46) é classificado como advérbio de intensidade, por isso pode ser substituído por “mais”, sem que haja prejuízo semântico ao trecho no qual está inserido. 16) Os vocábulos “desmiolado, arrogante, pretensioso, in- consequente, desrespeitoso, irresponsável e ignorante” (referência 50) pertencem à classe de palavras denomi- nada advérbio (ou adverbial) e são classificados como de negação porque possuem sentido negativo e atri- buem tal sentido ao vocábulo ao qual se referem, qual seja: “resultado” (referência 49). Desafio Instrução: O texto a seguir serve de base para a questão 02.19. Ao oferecer-se para ajudar o cego, o homem que depois roubou o carro não tinha em mira, nesse mo- mento preciso, qualquer intenção malévola, muito pelo contrário, o que ele fez não foi mais que obede- cer àqueles sentimentos de generosidade e altruísmo que são, como toda a gente sabe, duas das melhores características do género humano, podendo ser en- contradas até em criminosos bem mais empederni- dos do que este, simples 1ladrãozeco de automóveis sem esperança de avanço na carreira, explorado pelos verdadeiros donos do negócio, que esses é que se vão aproveitando das necessidades de quem é pobre. (...) Foi só quando já estava perto da casa do cego que a ideia se lhe apresentou com toda a naturalidade (...). Os cépticos acerca da natureza humana, que são mui- tos e teimosos, vêm sustentando que se é certo que a ocasião nem sempre faz o ladrão, também é certo que o ajuda muito. 2Quanto a nós, permitir-nos-emos pensar que se o cego tivesse aceitado o segundo ofe- recimento do afinal falso samaritano, naquele derra- deiro instante em que a bondade ainda poderia ter prevalecido, referimo-nos o oferecimento de lhe ficar a fazer companhia enquanto a mulher não chegasse, quem sabe se o efeito da responsabilidade moral re- sultante da confiança assim outorgada não teria inibi- do a tentação criminosa e feito vir ao de cima o que de luminoso e nobre sempre será possível encontrar mesmo nas almas mais perdidas. JOSÉ SARAMAGO Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995 02.19. (UERJ) – Observe a mudança de posição do advérbio afinal nos enunciados a seguir: 1) Quanto a nós, permitir-nos-emos pensar que se o cego tivesse aceitado o segundo oferecimento do afinal falso samaritano, (ref. 2) 2) Quanto a nós, permitir-nos-emos pensar que se o cego tivesse aceitado afinal o segundo oferecimento do falso samaritano. Explique a diferença de sentido entre os enunciados, a partir da posição do advérbio. Justifique, ainda, a opção pela primeira construção, tendo em vista a sequência dos acontecimentos. Instrução: Texto para a questão 02.20. Benedict Anderson (1991) define a nação como uma comunidade política imaginada, porque há uma espécie de ficção no vínculo entre seus mem- bros, que, em sua maioria, nunca estabelecerão qualquer contato, mas cujo imaginário é de uma relação horizontal compartilhada. Há identifica- ção, mesmo sem laços pessoais. Anderson (1991) faz uma análise das origens dessa imaginação co- munitária e considera indiretamente a consolida- ção do Estado moderno o fato desencadeador do surgimento do imaginário nacional. [...] Apesar de ser apenas uma entre muitas possi- bilidades de se imaginar uma comunidade políti- ca, a nação se consolidou na História como se não fosse uma construção social, mas um elemento natural de vínculo entre os indivíduos. Essa soli- dez só foi possível porque o Estado-nação nasceu com um imaginário de eternidade, constante- mente reproduzido por discursos de identidade nacional que sustentam a dimensão imaginada da comunidade política (Balibar, 2004a). Natio era a deusa da origem na Roma Antiga, onde a palavra era usada para se referir a grupos unidos por laços culturais, tradições e costumes, mas sem organização política (Habermas, 1998). Aula 02 23Português 1B Gabarito 02.01. Os advérbios são: não (advérbio de negação) e já (advérbio de tempo). 02.02. a) • na posição I; advérbio (locução adverbial) de lugar • na posição II, sem vírgulas; adjetivo (locução adjetiva) • na posição II, com vírgulas; advérbio (locução adverbial) de lugar b) A frase fica ambígua, pois “da rua” pode estar relacionada a mo- vimento (funcionando como locução adjetiva) ou a bendizia (atuando como locução adverbial de lugar). 02.03. 06 (02 + 04) 02.04. 1) B 2) B 3) B 4) A – B 5) B – B 6) A 7) A – B 8) B 02.05. b 02.06. d 02.07. d 02.08. c 02.09. e 02.10. c 02.11. No texto 1, a última fala do doutor remete à condição terminal do doente, sendo o “tango argentino” a prescrição irônica para que este aproveite os últimos dias de vida que lhe restam. O emprego do advérbio “ainda”, na peça publicitária, revela o pressuposto de que, antes que seja tarde, é fundamental precaver-se contra doen- ças e acidentes fatais. 02.12. c 02.13. c 02.14 I. MAU aluno é um aluno que não se interessa, que não se dedica aos estudos. Aluno MAU é um aluno cruel, maldoso, perverso. II. SIMPLES professor é um mero professor (inferiorização). Profes- sor SIMPLES é um professor modesto, sem sofisticações, sem afetação. III. Em “FALSO profeta”, o adjetivo é empregado para se referir a um impostor, um farsante. Em “profeta FALSO”, o adjetivo remete a desleal, mentiroso. IV. Mulher POBRE é uma mulher com pouco dinheiro. POBRE mu- lher é uma mulher digna de pena, uma coitada. V. NOVO eleitor é um eleitor restaurado, renovado. Eleitor NOVO é um eleitor jovem, de pouca idade, com pouca experiência. 02.15. a 02.16. b 02.17. a 02.18. 05 (01 + 04) 02.19. O advérbio “afinal” apresenta grande mobilidade no primeiro enun- ciado. Ao se referir à expressão “falso samaritano”, reforça a ideia de que ele só se torna de fato um falso samaritano depois que efetiva o roubo. Já no segundo enunciado, o advérbio modifica a locução verbal “tivesse aceitado”, fazendo supor que só depois de muita in- sistência a personagem aceitou o oferecimento. 02.20. a) Supostamente b) Fica implícita a informação de que anteriormente a ideia de “na- ção” tinha-se referido a um grupo com origens culturais comuns. c) Segundo Habermas, a partir da Revolução Francesa, a nação, além de ter passado a ser a escora da soberania, também se tornou a base para a definição dos deveres e direitos dos indiví- duos do Estado: a cidadania. A nação, nesse sentido, é pré-política. Na era moderna, porém,o Estado territorial, de fron- teiras bem definidas e administração centrali- zada, tornou-se a estrutura política que dá for- ma a uma memória supostamente atemporal. Na medida em que nação e Estado se uniram como o principal modelo de organização políti- ca [...], o sentido de nação se ampliou.1Ela
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