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1
Aula 
01 1D
Português
Teoria literária
 Texto literário
O que nos permite considerar um texto escrito como 
literário é o fato de o autor fazer através dele uma criativa 
manifestação artística de sua sensibilidade, utilizando a 
palavra escrita. O texto assim elaborado transpõe fron-
teiras geográficas e temporais: muitas obras de autores 
estrangeiros, escritas há muito tempo, abordam temas 
que, por serem universais e eternos, são ainda atuais.
A comunicação e a expressão de um texto literário 
advêm dos mais variados artifícios e técnicas: 
 • escrever em verso ou prosa; 
 • empregar linguagem figurada; 
 • não só traduzir, mas também recriar ou relativizar a 
realidade;
 • provocar no leitor sentimentos como estranhamen-
to, surpresa, ambiguidade, divertimento e outros; 
 • despertar no público a consciência crítica. 
Os autores tem um estilo próprio que é inspirado 
pela época em que viveram e pelas experiências que 
vivenciaram. A isto chamamos de estilo individual.
Quando variados autores vivenciaram suas expe-
riências pessoais sob a influência dos acontecimentos 
de uma mesma época, dizemos que as características 
que seus textos apresentam em comum constituem um 
estilo de época ou uma escola literária.
Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo-Natura-
lismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo e 
Modernismo foram os principais movimentos literários 
surgidos no Brasil a partir do Descobrimento.
 Gêneros ou modos 
literários
Uma obra literária, dependendo dos elementos 
semânticos, formais e estilísticos que apresentem, pode 
ser incluída num dos três gêneros básicos.
Gênero épico-narrativo: inclui os textos que narram 
histórias, têm personagens, ação, enredo. É o modo literário 
que normalmente apresenta uma história inventada como 
se fosse real, ou uma história real reinventada, em que as 
personagens agem, reagem e interagem em determinado 
espaço (lugar) e tempo. Gênero épico, a palavra narrada.
Tipos de narrativas
A EPOPEIA é a história contada em versos. Narra a 
História, as aventuras e conquistas de um povo ou de um 
herói (Os Lusíadas, O Uraguai, Caramuru, Ilíada...). 
O ROMANCE é chamada de a longa narrativa. É o 
texto mais complexo e mais rico, pois pode apresentar:
 • grande variedade de espaços e lugares;
 • personagens com características diversificadas;
 • intersecção com outros gêneros literários;
 • diversas histórias que se interligam de uma forma ou 
de outra.
O CONTO é uma narrativa curta, que geralmente 
vem com poucos personagens, apresenta pouca diver-
sificação de temas, espaços e tempos e tem um núcleo 
central de ação.
A CRÔNICA é um relato simples, curto, de cunho 
pessoal, em que o autor comenta, interpreta e emite 
opiniões a respeito de fatos ou assuntos que estão na 
ordem do dia. Originalmente eram textos publicados 
em jornal. Passou a ser objeto de publicação porque faz 
a junção da reportagem com a literatura.
Gênero lírico: modo de expressão em que, na maio-
ria dos autores, predominam os aspectos subjetivos, as 
emoções, os íntimos e profundos sentimentos humanos. 
Lirismo é poesia, poesia é emoção, elevação mental e 
espiritual, mergulho na sublimidade da beleza. Gênero 
lírico, a palavra cantada ou recitada.
Gênero dramático: compõe-se de textos escritos para 
serem representados em público. Neste modo próprio para 
o teatro, destacam-se os diálogos (discurso direto), os mo-
nólogos e gestos, as encenações e as rubricas (orientações 
do autor). A tragédia, a comédia e o drama são os tipos 
básicos de peças teatrais, que podem apresentar variações 
e entrelaçamentos. Gênero dramático, a palavra encenada.
2 Extensivo Terceirão
 Elementos estilísticos e 
formais 
1. Do gênero lírico
SONETO DE FIDELIDADE
Vinícius de Morais
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
1. Cada linha do poema chama-se verso, cada conjunto 
de versos é uma estrofe. 
2. A primeira e a segunda estrofes são quartetos 
(formadas por quatro versos cada); as duas últimas 
estrofes, de três versos cada, são tercetos.
3. A coincidência ou semelhança de sons no final dos 
versos são as rimas (atento/pensamento – tanto/
encanto). Os versos sem rima são chamados versos 
brancos.
4. Um poema como este acima, formado por dois 
quartetos e dois tercetos, é conhecido como soneto.
5. Métrica é o número de sílabas poéticas de cada 
verso. Para chegar a esse número conta-se até a úl-
tima sílaba tônica e unem-se os sons das vogais que 
terminam uma palavra e iniciam a seguinte (De-tu-
-doao-meu-a-mor-se-rei-a-TEN-to / An-tes-e-com-
-tal-ze-loe-sem-pree-TAN-to). O poema portanto é 
composto por versos com dez sílabas métricas ou 
decassílabos. Versos de um poema, em que não é 
usada a métrica, são chamados de versos livres.
6. É importante não confundir: autor ou poeta é quem 
escreve o poema; eu poético é o personagem que 
fala dentro do poema e que não coincide sempre 
com o poeta.
2. Do gênero épico
Apelo
Amanhã faz um mês que a Senhora está lon-
ge de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, 
não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na 
conversa de esquina. Não foi ausência por uma 
semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa 
por engano, a imagem de relance no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite primeira vez co-
alhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a 
pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou 
debaixo da escada. Toda a casa era um corredor 
deserto, e até o canário ficou mudo. Para não dar 
parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os ami-
gos. Uma hora da noite eles se iam eu ficava só, 
sem o perdão da sua presença a todas as aflições 
do dia, como a última luz na varanda.
E comecei a sentir falta das pequenas brigas 
por causa do tempero da salada – o meu jeito de 
querer bem. Acaso é saudade, Senhora? As suas 
violetas , na janela, não lhes poupei água  e elas 
murcham. Não tenho botão na camisa, calço a 
meia furada. Que fim levou o saca-rolhas? Ne-
nhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com 
os outros: bocas raivosas mastigando.
Venha para casa, Senhora, por favor. 
[TREVISAN. Dalton. De “II - Os Mistérios de Curitiba”, in Os Desastres 
do Amor. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1968]
1. Enredo, intriga, trama, ação são os termos que 
designam o desenrolar dos acontecimentos em uma 
história. O enredo de um romance pode desenrolar-
-se em torno de um ou mais conflitos ou situações 
de tensão. O texto mostra a evolução do sentimento 
de solidão e carência que vai-se agravando com o 
passar dos dias de ausência da dona de casa.
2. Personagens são os indivíduos (pessoas, animais, 
objetos, entidades) que participam da evolução dos 
acontecimentos narrados. Há personagens que são 
protagonistas (heróis ou anti-heróis), antagonistas 
(os que se opõem aos protagonistas) e os que fazem 
figuração, os secundários. No texto, o protagonista 
anônimo é o marido abandonado pela esposa. É um 
personagem plano.
O personagem plano caracteriza-se pela previsibi-
lidade, simplicidade e pouca profundidade psicológica 
(como os personagens típicos e caricaturais).
O personagem redondo ou esférico é imprevisível, 
misterioso, complexo, diferente das pessoas comuns.
3. Tempo é o “quando” acontecem, aconteceram ou 
acontecerão os fatos narrados. O tempo pode ou não 
coincidir com a época em que o livro é escrito. Pode ter 
curta ou longa duração. Pode ser cronológico quando 
transcorre em ordem linear de início, meio e fim, com 
Aula 01
3Português 1D
marcação explícita ou implícita de datas ou de fatos 
históricos. Dizemosque o tempo é psicológico quan-
do acompanha o fluxo da consciência e da memória, 
sem preocupação com a sequência temporal ou 
lógica. Flash back ou retrospectiva consiste no recuo 
no tempo que o narrador faz para trazer ao presente 
lembranças ou acontecimentos passados.
4. Espaço é o “onde” real, irreal, imaginário ou virtual em 
que ocorrem as ações. Ao falar em ambiente decaden-
te, luxuoso, paranoico, religioso, urbano ou outro, o 
narrador está unindo os conceitos de tempo e espaço.
5. Foco narrativo ou ponto de vista é a posição ou 
perspectiva do narrador em relação ao que é narrado.
Foco narrativo ou ponto de vista interno é a pers-
pectiva do narrador que também é personagem. Por isso 
sua narração é feita em primeira pessoa, como no texto 
acima de Dalton Trevisan. O narrador-personagem narra 
como se estivesse vivendo os fatos naquele instante, por 
isso não conhece ou finge não conhecer os detalhes da 
história, nem o íntimo das personagens.
Foco narrativo ou ponto de vista externo é o 
que apresenta um narrador observador que utiliza 
a terceira pessoa verbal para contar sua história. Este 
narrador pode apenas relatar o que está vendo ou pode 
apresentar-se como um narrador onisciente, que já 
conhece todos os detalhes do enredo e, inclusive, os 
pensamentos, ideias e sentimentos das personagens.
3. Do gênero dramático
Ato III
QUADRO II
[...]
TIÃO (irrita-se cada vez mais. Uma irritação 
desesperada) – Mariinha, não adiantava nada!... 
Eu tive... eu tive...
MARIA – Medo, medo, medo...
TIÃO (num grande desabafo) – Medo, está 
bem, Maria, medo!... Eu tive medo sempre!... A 
história do cinema é mentira! Eu disse porque 
eu quero sê alguma coisa, eu preciso sê alguma 
coisa!... Não queria ficá aqui sempre, tá me en-
tendendo? Tá me entendendo? A greve me metia 
medo. Um medo diferente! Não medo da greve! 
Medo de sê operário! Medo de não saí nunca mais 
daqui! Fazê greve é sê mais operário ainda!...
MARIA – Não, não... Eu não saio daqui!
TIÃO – (num desabafo total) - Minha Miss Le-
opoldina, eu quero bem!... Eu queria que a gente 
fosse que nem nos filmes!... Que tu risse sempre! 
Que sempre a gente pudesse andar no parque! Eu 
tenho medo que tu tenha de sê que nem todas 
que tão aí!... Se matando de trabalhá em cima de 
um tanque!... Eu quero minha Miss Leopoldina... 
Eu te quero bem! Eu quero bem a todo mundo!... 
Eu não sou um safado!... Mas para de chorá! 
Se você quisé eu grito pra todo mundo... que eu 
sou um safado! (Gritando para a rua) Eu sou um 
safado!... Eu traí... Porque tenho medo... Porque 
eu quero bem! Porque eu quero que ela sorria no 
parque pra mim! Porque eu quero viver! E viver 
não é isso que se faz aqui!
MARIA – Tião!...
TIÃO – Mariinha, minha dengosa (Atira-se so-
bre ela. Abraçam-se.) E agora, Maria, o que vou 
fazer?
MARIA – Não posso deixá o morro... Deixan-
do o morro, o parque também ia ser diferente! Tá 
tudo errado!... Reconhece!
TIÃO – Não posso ficá, Maria...Não posso 
ficá!...
MARIA (para de chorar. Enxuga as lágrimas) 
– Então, vai embora... Eu fico. Eu fico com Ota-
vinho... Crescendo aqui ele não vai tê medo... E 
quando tu acreditá na gente... por favor... volta! 
(Sai.)
TIÃO – Maria, espera!... (Correndo, segue Ma-
ria. Pausa.)
OTÁVIO (entrando) – Já acabou?
ROMANA –Vai falá com ele, Otávio... Vai!
OTÁVIO – Enxergando melhó a vida, ele volta. 
(Retorna ao quarto).
[...]
(Gianfrancesco Guarnieri – Eles não usam black-tie)
1. No teatro clássico a Tragédia, de conteúdo sério, 
tinha como hoje, o objetivo de inspirar terror e 
compaixão para purificar os sentimentos dos es-
pectadores. As encenações apresentavam a virtude 
superando as mais terríveis tragédias e infortúnios, 
e o crime sendo atingido pelos castigos implacáveis 
do destino inexorável. Diferentemente da tragédia 
atual, a clássica seguia a regra das três unidades: de 
tempo (a história toda se desenrolava num período 
de 24 horas); de ação (só um assunto centralizava 
as atenções); de lugar (não havia mudança do local 
das ações).
2. A Comédia teve origem nas festas dionisíacas, quan-
do se misturavam instantes de tristeza com outros 
de alegria desenfreada. Sua finalidade é fazer rir uti-
lizando contradições e contrastes. Modernamente, a 
comédia incorpora inúmeras outras roupagens.
3. Foi o Romantismo que difundiu o Drama, espécie 
literária em que se fundem os elementos da tragédia 
e da comédia, como acontece na vida que é uma 
oscilação intermitente de prazeres e dores. O texto 
acima é um bom exemplo de teatro dramático.
4 Extensivo Terceirão
4. No teatro, a narração normalmente é feita indiretamente pelos personagens que, através dos diálogos ou monó-
logos, dos gestos, das emoções levam o público a conhecer e entender o enredo.
5. As rubricas são as informações e instruções passadas pelo autor a respeito do cenário, figurino, iluminação, 
sonoplastia e dos personagens com seus tipos, ações e reações. Elas aparecem normalmente escritas em itálico 
e entre parênteses), como na última linha do texto (Retorna ao quarto). As rubricas podem ou não ser seguidas à 
risca pelo diretor e pelos atores.
Testes
Assimilação
01.01. (UFU – MG) – Assinale a afirmativa INCORRETA. 
a) Enquanto a linguagem do historiador, do cientista se 
define como denotativa, a linguagem do autor literário 
se define como conotativa. 
b) A obra literária não permite aos leitores gerar várias ideias 
e interpretações, pois trabalha a linguagem de forma 
exclusivamente objetiva. 
c) A literatura não existe fora de um contexto social, já que 
cada autor tem uma vivência social.
d) A linguagem poética é constituída por uma estrutura 
complexa, pois acrescenta ao discurso linguístico um 
significado novo, surpreendente. 
e) Para o entendimento de um texto literário, é necessário o 
conhecimento do código linguístico e de uma pluralidade 
de códigos: retóricos, míticos, culturais, que se encontram 
na base da estrutura artístico-ideológica do texto. 
01.02. (FAAP – SP) – Texto 
AS POMBAS
(Raimundo Correia)
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais, de novo, elas, serenas
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam
E eles aos corações não voltam mais...
Pobre é a rima que se processa entre palavras da mesma 
classe gramatical, tal qual 
a) despertada / madrugada 
b) dezenas / apenas 
c) nortada / revoada 
d) serenas / penas 
e) pombais / mais 
01.03. Com relação aos gêneros literários, é INCORRETO 
afirmar que, no gênero 
a) lírico, o artista retrata criticamente a realidade. 
b) épico, o autor se apega à objetividade e à impessoalidade. 
c) lírico, a tendência do escritor é revelar as emoções que o 
mundo causou nele. 
d) dramático, há ausência de narrador, apresentando-se um 
conflito através do discurso direto.
e) narrativo, podem-se fundir todos os gêneros literários. 
01.04. Texto
Os gatos
Fialho de Almeida
Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, e 
fez o crítico à semelhança do gato. Ao crítico deu 
ele, como ao gato, a graça ondulosa e o assopro, 
o ronrom e a garra, a língua espinhosa. Fê-lo ner-
voso e ágil, refletido e preguiçoso; artista até ao 
requinte, sarcástico até a tortura, e para os amigos 
bom rapaz, desconfiado para os indiferentes, e 
terrível com agressores e adversários... .
Desde que o nosso tempo englobou os homens 
em três categorias de brutos, o burro, o cão e o 
gato – isto é, o animal de trabalho, o animal de 
ataque, e o animal de humor e fantasia – por que 
não escolheremos nós o travestir do último? É o 
que se quadra mais ao nosso tipo, e aquele que 
melhor nos livrará da escravidão do asno, e das 
dentadas famintasdo cachorro.
Razão por que nos acharás aqui, leitor, miando um 
pouco, arranhando sempre e não temendo nunca.
Predomina neste texto a
a) narração 
d) forma epistolar 
b) descrição 
e) poesia 
c) dissertação 
Aula 01
5Português 1D
01.07. Numere os fragmentos de texto de acordo com os 
seguintes gêneros literários:
1. Lírico; 2. Satírico; 3. Épico.
( ) “Quem por ti de amor desmaia,
Nesta praia geme e chora:
Vem, Pastora, por piedade
A saudade consolar.
Não recreiam sempre os montes
Co’as delícias de Amalteia;
Vem, ó Glaura, a ruiva areia,
Rio e fontes animar.” 
(Silva Alvarenga)
( ) “A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um bem frequentado olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça, e ao terreiro.” 
(Gregório de Matos)
( ) “Nesta triste masmorra,
de um semivivo corpo sepultura,
inda, Marília, adoro
a tua formosura.
Amor na minha ideia te retrata;
busca, extremoso, que eu assim resista
à dor imensa que me cerca e mata.» 
(Tomás Antônio Gonzaga)
( ) “Este lugar delicioso e triste,
Cansada de viver, tinha escolhido
Para morrer, a mísera Lindoia.
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva e nas mimosas flores;
Tinha a face na mão e a mão no tronco
De um fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto
Descobrem que se enrola em seu corpo
Verde serpente...” 
(Basílio da Gama)
A sequência correta encontrada é:
a) 1, 2, 3, 3 b) 1, 2, 1, 3 c) 2, 1, 3, 1. 
d) 3, 2, 3, 1. e) 2, 3, 3, 2 
Aperfeiçoamento
01.05. (UERJ) – Observe atentamente os dois trechos trans-
critos a seguir.
1. “... o objetivo da poesia (e da arte literária em 
geral) não é o real concreto, o verdadeiro, aquilo 
que de fato aconteceu, mas sim o verossímil, o 
que pode acontecer, considerado na sua universa-
lidade.” (SILVA,Vítor M. de A. “Teoria de Litera-
tura”. Coimbra: Almedina, 1982.)
2. Verossímil. 1. Semelhante à verdade; que parece 
verdadeiro. 2. Que não repugna à verdade, provável.
(FERREIRA. A. B. de Holanda, “Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa”. 
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.)
A partir da leitura de ambos os fragmentos, pode-se deduzir 
que a obra literária tem por objetivo 
a) construir uma aparência de realidade para expressar 
dado sentido. 
b) anular a realidade concreta para superar contradições 
aparentes. 
c) opor-se ao real para afirmar a imaginação criadora. 
d) buscar uma parcela representativa do real para contestar 
sua validade. 
e) despertar no leitor uma consciência social crítica. 
01.06. (UERJ) – Texto
“Comenta-se, um pouco rápido demais, que a 
predileção que os leitores sentimos por um ou 
outro personagem vem da facilidade com que nos 
identificamos com eles. Esta formulação exige al-
gumas pontuações: não é que nos identifiquemos 
com o personagem, mas sim que este nos identi-
fica, nos aclara e define frente a nós mesmos; algo 
em nós se identifica com essa individualidade 
imaginária, algo contraditório com outras ‘iden-
tificações semelhantes’, algo que de outro modo 
apenas em sonhos haveria logrado estatuto de 
natureza. A paixão pela literatura é também uma 
maneira de reconhecer que cada um somos mui-
tos, e que dessa raiz, oposta ao senso comum em 
que vivemos, brota o prazer literário.”
(Traduzido de SAVATER, Fernando. “Criaturas del aire”. Barcelona: Ediciones 
Destino,1989.)
Este texto trata de um conceito importante na teoria da 
literatura: o conceito de catarse. De acordo com o autor, 
pode-se definir catarse como o processo que afeta o leitor 
no sentido de
a) valorizar o imaginário. 
b) superar o senso comum. 
c) construir a personalidade. 
d) mudar a maneira de pensar.
e) liberar emoções reprimidas. 
6 Extensivo Terceirão
01.08. (CFTMG) – O fragmento abaixo pertence ao gênero dramático.
“MICROFONE – Buzina de automóvel. Rumor de derrapagem violenta.
Som de vidraças partidas. Silêncio. Assistência. Silêncio.
VOZ DE ALAÍDE (microfone) – Clessi... Clessi...
(Luz em resistência no plano da alucinação. 3 mesas, 3 mulheres escandalosamente pintadas, com vestidos berrantes 
e compridos. Decotes. Duas delas dançam ao som de uma vitrola invisível, dando uma vaga sugestão lésbica. Alaíde, 
uma jovem senhora, vestida com sobriedade e bom gosto, aparece no centro da cena. Vestido cinzento e uma bolsa 
vermelha.)
ALAÍDE (nervosa) – Quero falar com Madame Clessi! Ela está?
(Fala à 1ª. mulher que, numa das três mesas, faz “paciência”. A mulher não responde.)
ALAÍDE (com angústia) – Madame Clessi está – pode-me dizer?
ALAÍDE (com ar ingênuo) – Não responde! (com doçura) Não quer responder?
(Silêncio da outra.)”
RODRIGUES, Nelson. Teatro completo I. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. p. 109.
Nesse gênero literário, o narrador é 
a) onisciente. 
b) personagem.
c) observador. 
d) inexistente. 
e) interferente 
01.09. Associe os gêneros literários às suas respectivas características.
1 – Gênero lírico
2 – Gênero épico
3 – Gênero dramático
( ) Exteriorização dos valores e sentimentos coletivos
( ) Representação de fatos com presença física de atores
( ) Manifestação de sentimentos pessoais predominando, 
assim, a função emotiva
A sequência correta, de cima para baixo, é 
a) 3 – 2 – 1 b) 1 – 2 – 3 c) 2 – 1 – 3 d) 1 – 3 – 2 e) 2 – 3 – 1 
01.10. (UEM – PR) – Assinale o que for correto sobre teoria e estrutura da narrativa. 
01) Os acontecimentos narrados no texto narrativo devem sempre obedecer à ordem sequencial e cronológica. O narrador 
não tem a liberdade de inverter as ações em outra ordem que não a causal, porque isso poderia comprometer a com-
preensão do leitor. 
02) No texto literário, o narrador não é o autor, mas sim um papel por este inventado. O autor tem existência física e histórica, 
enquanto o narrador é uma personagem de ficção. Ainda que se trate de um texto narrado em primeira pessoa, autor e 
narrador não são idênticos. 
04) O romance se define como um tipo de texto cujo conteúdo é sempre uma história de amor profundo. O par amoroso 
luta com todas as suas forças para se manter unido. O amor frágil e passageiro é conteúdo da novela e do conto, textos 
voltados para a superficialidade das relações afetivas. 
08) O foco narrativo é o ângulo de visão adotado pelo narrador para apresentar fatos e/ou experiências psicológicas e se 
apresenta principalmente em primeira ou em terceira pessoa. Quando o foco narrativo está em primeira pessoa, há 
uma visão subjetiva e parcial. É o caso, por exemplo, de Dom Casmurro, de Machado de Assis. Quando está em terceira 
pessoa, há uma visão externa, assumida por um observador “de fora”. É o caso, por exemplo, de Clara dos Anjos, de Lima 
Barreto. 
16) O conteúdo do texto lírico é incompatível com a narratividade, uma vez que está centrado no universo psíquico do 
“eu” e, nesse sentido, põe em evidência a consciência fragmentada e caótica, impossível de ser expressa na narrativa. A 
desarticulação textual e a falta de logicidade do discurso lírico fazem com que ele apresente menos possibilidades de 
sentido do que o texto narrativo. 
Aula 01
7Português 1D
Aprofundamento
01.11. A sátira é um exemplo do gênero 
a) dramático. 
c) lírico. 
e) didático. 
b) narrativo. 
d) épico. 
01.12. (UEM – PR) – 
A palavra serve para comunicar e interagir. E tam-
bém para criar literatura, isto é, criar arte, provo-
car emoções, produzir efeitos estéticos.
(Português: linguagens: volume 1: ensino médio / William Roberto Cereja, 
Thereza Cochar Magalhães. – 5.ed. – São Paulo: Atal, 2005. p. 27.)
A partir da definição anterior, pode-se afirmar que a lingua-
gem literária 
a) pressupõe objetividade e clareza diante da sua função 
utilitária. 
b) não permite que haja dupla interpretação a respeito do 
assunto tratado. 
c) é organizada de modo que a plurissignificação esteja 
presente no texto. 
d) tempor objetivo esclarecer acerca de um assunto rela-
cionado à realidade. 
e) tem como principal objetivo proporcionar entretenimento. 
01.13. (ESPCEX – SP) – Leia o trecho a seguir e responda.
“O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que 
não seja: que situado sertão é por os campos-gerais 
a fora a dentro, eles dizem, fim de rumo, terras al-
tas, demais do Urucuia. Toleima. Para os de Corin-
to e do Curvelo, então, o aqui não é dito sertão? 
Ah, que tem maior! Lugar sertão se divulga: é onde 
os pastos carecem de fechos; onde um pode torar 
dez, quinze léguas, sem topar com casa de mora-
dor; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arreda-
do do arrocho de autoridade. O Urucuia vem dos 
montões oestes. Mas, hoje, que na beira dele, tudo 
dá – fazendões de fazendas, almargem de vargens 
de bom render, as vazantes; culturas que vão de 
mata em mata, madeiras de grossura, até ainda vir-
gens dessas lá há. Os gerais correm em volta. Es-
ses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que 
quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão 
de opiniães... O sertão está em toda parte.”
Quanto ao trecho, é correto afirmar que 
a) não há ponto de vista do narrador, que apenas relata as 
impressões alheias. 
b) apresenta alguns neologismos, como “toleima”, “almar-
gem”, “opiniães” e “oestes”. 
c) não há abordagem universal, a passagem constitui apenas 
uma descrição do sertão. 
d) o trecho transpõe os limites do regional, alcançando a 
dimensão universal. 
e) transparece todo misticismo sertanejo, baseado apenas 
nos dois extremos: o bem e o mal. 
01.14. (UEL – PR) – Leia a crônica abaixo e responda à(s) 
questão(ões) a seguir.
O desaparecido
Tarde fria, e então eu me sinto um daqueles velhos 
poetas de antigamente que sentiam frio na alma 
quando a tarde estava fria, e então eu sinto uma 
saudade muito grande, uma saudade de noivo, e 
penso em ti devagar, bem devagar, com um bem-
-querer tão certo e limpo, tão fundo e bom que 
parece que estou te embalando dentro de mim.
Ah, que vontade de escrever bobagens bem mei-
gas, bobagens para todo mundo me achar ridícu-
lo e talvez alguém pensar que na verdade estou 
aproveitando uma crônica muito antiga num dia 
sem assunto, uma crônica de rapaz; e, entretanto, 
eu hoje não me sinto rapaz, apenas um menino, 
com o amor teimoso de um menino, o amor bur-
ro e comprido de um menino lírico. Olho-me ao 
espelho e percebo que estou envelhecendo rápida 
e definitivamente; com esses cabelos brancos pa-
rece que não vou morrer, apenas minha imagem 
vai-se apagando, vou ficando menos nítido, estou 
parecendo um desses clichês sempre feitos com 
fotografias antigas que os jornais publicam de um 
desaparecido que a família procura em vão.
Sim, eu sou um desaparecido cuja esmaecida, 
inútil foto se publica num canto de uma página 
interior de jornal, eu sou o irreconhecível, irre-
cuperável desaparecido que não aparecerá mais 
nunca, mas só tu sabes que em alguma distante 
esquina de uma não lembrada cidade estará de pé 
um homem perplexo, pensando em ti, pensando 
teimosamente, docemente em ti, meu amor. 
(BRAGA, R. 200 crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: Record, 2013. p. 465.) 
Leia, a seguir, o trecho presente no início do segundo pará-
grafo da crônica.
Ah, que vontade de escrever bobagens bem meigas, 
bobagens para todo mundo me achar ridículo [...]
A respeito desse trecho, considere as afirmativas a seguir.
I. O trecho representa a ruptura entre a crônica e o mundo 
através do aprofundamento na vida interior.
II. O trecho contesta a viabilidade de uma crônica com 
marcas líricas consideradas como tolices.
III. O trecho ressalta a crônica como veículo da expressão do 
sentimento de desajuste entre o indivíduo e o mundo 
ao seu redor. 
IV. A iniciativa metalinguística aponta a liberdade e a varieda-
de de vertentes da crônica que pode se valer de recursos 
narrativos e líricos.
Assinale a alternativa correta. 
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. 
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. 
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 
8 Extensivo Terceirão
01.15. (UNESP – SP) – Leia o trecho do conto “Pai contra 
mãe”, de Machado de Assis (1839-1908), para responder 
à(s) questão(ões).
A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, 
como terá sucedido a outras instituições sociais. 
Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a 
certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, ou-
tro o ferro ao pé; havia também a máscara de fo-
lha de flandres. A máscara fazia perder o vício da 
embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. 
Tinha só três buracos, dois para ver, um para res-
pirar, e era fechada atrás da cabeça por um cade-
ado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de 
furtar, porque geralmente era dos vinténs do se-
nhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí 
ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a 
honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas 
a ordem social e humana nem sempre se alcança 
sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funilei-
ros as tinham penduradas, à venda, na porta das 
lojas. Mas não cuidemos de máscaras.
O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fu-
jões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste 
grossa também, à direita ou à esquerda, até ao 
alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, 
naturalmente, mas era menos castigo que sinal. 
Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, 
mostrava um reincidente, e com pouco era pe-
gado.
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. 
Eram muitos, e nem todos gostavam da escravi-
dão. Sucedia ocasionalmente apanharem panca-
da, e nem todos gostavam de apanhar pancada. 
Grande parte era apenas repreendida; havia al-
guém de casa que servia de padrinho, e o mesmo 
dono não era mau; além disso, o sentimento da 
propriedade moderava a ação, porque dinheiro 
também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos 
houve, ainda que raros, em que o escravo de con-
trabando, apenas comprado no Valongo, deitava 
a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que 
seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pe-
diam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam 
ganhá-lo fora, quitandando.
Quem perdia um escravo por fuga dava algum di-
nheiro a quem lho levasse. Punha anúncios nas 
folhas públicas, com os sinais do fugido, o nome, 
a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por 
onde andava e a quantia de gratificação. Quando 
não vinha a quantia, vinha promessa: “gratificar-
-se-á generosamente” – ou “receberá uma boa gra-
tificação”. Muita vez o anúncio trazia em cima ou 
ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, 
correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. 
Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem 
o acoitasse.
Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do 
tempo. Não seria nobre, mas por ser instrumento 
da força com que se mantêm a lei e a proprieda-
de, trazia esta outra nobreza implícita das ações 
reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício 
por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade 
de uma achega, a inaptidão para outros trabalhos, 
o acaso, e alguma vez o gosto de servir também, 
ainda que por outra via, davam o impulso ao ho-
mem que se sentia bastante rijo para pôr ordem 
à desordem.
(Contos: uma antologia, 1998.)
Embora não participe da ação, o narrador intromete-se de 
forma explícita na narrativa em: 
a) “Há meio século, os escravos fugiam com frequência.” 
(3º. parágrafo) 
b) “O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões.” 
(2º. parágrafo) 
c) “A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escra-
vos, por lhes tapar a boca.” (1º. parágrafo) 
d) “Mas não cuidemos de máscaras.” (1º. parágrafo) 
e) “Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão.” (3º. 
parágrafo) 
01.16. (CFTM) – Sobre os gêneros literários, afirma-se:
I. O gênero dramático abrange textos que tematizam o 
sofrimento e a aflição da condição humana.
II. Textos pertencentesao gênero lírico privilegiam a expres-
são subjetiva de estados interiores.
III. O gênero épico compreende textos sobre acontecimen-
tos grandiosos protagonizados por heróis.
IV. Em literatura, o romance e a novela são formas narrativas 
pertencentes ao gênero dramático.
Estão corretas apenas as afirmativas 
a) I, II e III. 
b) I e IV. 
c) II, III e IV. 
d) III e IV. 
e) II e III. 
01.17. (UEM – PR) – Assinale o que for correto sobre o 
gênero lírico. 
01) O gênero lírico, em comparação com o gênero épico 
ou narrativo, mostra-se marcado por um filtro subjetivo 
que favorece a expressão individual, bem como a in-
tensificação de sentimentos e emoções. 
02) Embora marcado por grande liberdade temática, o 
gênero lírico é bastante rigoroso no tocante às formas 
fixas, de modo que se manifesta apenas em sonetos, 
odes, elegias, contos e novelas. 
04) Em contraste com a presença de um narrador no gê-
nero épico, na lírica nota-se a presença de um eu lírico, 
que tanto permite a expressão de um mundo interior 
quanto serve de filtro para a realidade externa. 
Aula 01
9Português 1D
08) Uma das principais subdivisões do gênero lírico encon-
tra-se no par “comédia” e “tragédia” que, presente desde 
as primeiras manifestações do gênero, deu origem, já 
no fim do século XVIII, à “tragicomédia”, com a utiliza-
ção de versos livres e brancos. 
16) Recursos formais como a rima, a métrica e o ritmo, em-
bora possam ser verificados em outros gêneros literá-
rios, encontram-se especialmente ligados ao gênero lí-
rico, favorecendo sua sonoridade e sua expressividade. 
01.18. A crônica é um gênero, digamos, aberto. Dentro 
dessa rubrica cabem vários conceitos. As quatro opções 
abaixo apresentam características de crônica, menos uma. 
Assinale essa opção. 
a) Pequeno texto polêmico escrito para uma coluna de 
periódico, assinada, com notícias e comentários sobre 
cultura e política. 
b) Conjunto de notícias e críticas a respeito de fatos da atu-
alidade, de cunho memorialista ou confessional. 
c) Texto literário breve que espelha fatos ou elementos do 
cotidiano, sobre os quais o enunciador reflete e opina. 
d) Breve narrativa literária de trama quase sempre pouco 
definida e sobre motivos extraídos do cotidiano imediato.
e) Narrativa breve, com poucos personagens e que se inicia 
com o conflito já próximo de seu desfecho. 
Desafio
01.19. (UECE) – Texto 
Pedro Américo, pintor brasileiro nascido na Paraíba, foi um 
grande cultivador da arte acadêmica. Viveu sob a proteção de 
D. Pedro II, que lhe financiou cursos na Europa. O Imperador 
Brasileiro foi um verdadeiro Mecenas (indivíduo rico que protege 
artistas, homens de letras ou de ciências, proporcionando-lhes 
recursos financeiros para que possam dedicar-se, sem preocu-
pações outras, às artes e às ciências). Foi por encomenda de D. 
Pedro II que ele pintou, em 1888, o quadro que homenageia D. 
Pedro I, pelo ato de proclamar a independência política do Brasil. 
A pintura recebeu o nome de Independência ou Morte, sendo 
mais conhecida, no entanto, como O Grito do Ipiranga. É um 
quadro que todo estudante brasileiro reconhece.
O GRITO
Um tranquilo riacho suburbano, 
Uma choupana embaixo de um coqueiro, 
Uma junta de bois e um carreteiro: 
Eis o pano de fundo e, contra o pano, 
Figurantes – cavalos e cavaleiros, 
Ressaltando o motivo soberano, 
A quem foi reservado o meio plano 
Onde avulta solene e sobranceiro. 
Complete-se a figura mentalmente 
Com o grito famoso, postergando 
Qualquer simbologia irreverente. 
Nem se indague do artista, casto obreiro, 
Fiel ao mecenato e ao seu comando, 
Quem o povo, se os bois, se o carreteiro. 
PAES, José Paulo. Poesia Completa. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. P. 105. 
Os poemas podem variar no número de sílabas métricas. Os 
versos que têm de 1 a 12 sílabas recebem nomes diferentes. 
A partir de 13 sílabas, deixam de receber nomes específicos. 
Em relação ao poema O Grito é correto afirmar que 
a) foi feito com versos de 5 sílabas métricas chamados 
pentassílabos ou redondilhas menores. 
b) apresenta versos de 7 sílabas métricas, a medida ou o 
metro das quadras e da poesia popular de maneira geral 
como ocorre em cantigas de roda e desafios. 
c) tem versos de 8 sílabas métricas, denominados octossíla-
bos, usados nas baladas (composições poéticas populares 
antigas, acompanhadas ou não de música). 
d) foi estruturado em versos de 10 sílabas métricas, decassí-
labos, que são versos longos, de difícil feitura, adequados 
aos poemas heroicos e épicos. 
01.20. (UNICAMP – SP) – 
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“Acho que só devemos ler a espécie de livros que 
nos ferem e trespassam. Um livro tem que ser 
como um machado para quebrar o mar de gelo 
do bom senso e do senso comum.” 
(Adaptado de “Franz Kafka, carta a Oscar Pollak, 1904.” Disponível em https://
laboratoriode sensibilidades.wordpress.com. Acessado em 28/05/2018.) 
10 Extensivo Terceirão
Assinale o excerto que confirma os dois textos anteriores. 
a) A leitura é, fundamentalmente, processo político. Aqueles 
que formam leitores – professores, bibliotecários – desem-
penham um papel político. (Marisa Lajolo, A formação do 
leitor no Brasil. São Paulo: Ática, 1996, p. 28.) 
b) Pelo que sabemos, quando há um esforço real de igua-
litarização, há aumento sensível do hábito de leitura, e 
portanto difusão crescente das obras. (Antonio Candido, 
Vários escritos. São Paulo: Duas cidades, 2004, p.187.) 
c) Ler é abrir janelas, construir pontes que ligam o que somos 
com o que tantos outros imaginaram, pensaram, escreve-
ram; ler é fazer-nos expandidos. (Gilberto Gil, Discurso no 
lançamento do Ano Ibero-Americano da Leitura, 2004.) 
d) A leitura é uma forma servil de sonhar. Se tenho de sonhar, 
por que não sonhar os meus próprios sonhos? (Fernando 
Pessoa, Páginas íntimas e de Auto-Interpretação. São 
Paulo: Ática, 1966, p. 23.) 
Gabarito
01.01. b
01.02. c
01.03. a 
01.04. b
01.05. a
01.06. e
01.07. b
01.08. d) Trata-se de um tipo de texto próprio para ser representado, o que pressupõe recurso à linguagem gestual, à sonoplastia e à luminotécnica. 
Normalmente, não apresenta narrador, como se afirma em [d]. 
01.09. e) O gênero lírico privilegia a manifestação de sentimentos pessoais, o dramático representa fatos com presença de atores e o épico busca a ex-
teriorização de valores e sentimentos coletivos. “Últimos cantos” de Gonçalves Dias, “Morte e vida Severina ” de João Cabral de Melo Neto e “O 
Uraguai” de Basílio da Gama ilustram, respectivamente, essas caracterizações. 
01.10. 10 (02 + 08) – São incorretas as proposições [01], [04] e [16], pois: [01] – no texto narrativo, as ações podem ser estruturadas cronologicamente ou 
acompanharem o fluxo psicológico do narrador, o que nem sempre obedece a um ordenamento causal; [04] – além de nem sempre apresentarem 
temática amorosa, uma das características que diferencia o conto do romance é, grosso modo, a estrutura da narrativa: ação curta com poucos 
personagens ou várias ações que se entrecruzam entre vários personagens, respectivamente, enquanto novela é uma forma intermediária entre 
conto e romance; [16] o texto lírico não rejeita a narratividade, pois apesar de centrado no eu lírico pode relatar fatos de forma compreensível e 
lógica de que é exemplo o poema “I-Juca Pirama”, de Gonçalves Dias.
01.11. c 
01.12. c) O texto literário não possui função utilitária. Trata-se de um texto mais artístico, de função estética, muitas vezes, subjetivo, dando margem a 
diferentes interpretações por parte dos leitores. 
01.13. d) Guimarães Rosa, um dos principais representantes do regionalismo brasileiro do Terceiro Tempo do Modernismo, desenvolve temáticas de di-
mensão universal, como o do excerto do enunciado em que o narrador descreve o sertão numa linguagem quase mística ou filosófica. Trata-se 
do início da narrativa apresentada como um imensomonólogo em que Riobaldo conta os casos que viveu, ao mesmo tempo que vai tecendo 
reflexões sobre os mistérios da condição humana. Assim, é correta a opção [d]. 
01.14. c) As proposições I e II são falsas, pois I, no início do segundo parágrafo, o narrador confessa que gostaria de transmitir ao mundo as sensações que 
o dominam (“Ah, que vontade de escrever bobagens bem meigas, bobagens para todo mundo me achar ridículo”), o que contraria a ideia de 
ruptura total entre a crônica e o mundo; II nada sugere que as marcas líricas inviabilizem uma crônica, mesmo sendo entendidas como tolices 
pelo leitor. Como as demais são verdadeiras, é correta a opção [c]. 
01.15. d) O sujeito desinencial da oração transcrita em [d] na primeira pessoa do plural- “cuidemos (nós)”- permite deduzir que o narrador se intromete de 
forma explícita na narrativa. 
01.16. a
01.17. 21 (01 + 04 + 16). [02] O gênero lírico pode manifestar-se na poesia, de maneira geral, não há o rigor apontado na afirmativa. Além disso, contos e 
novelas pertencem ao gênero narrativo. [08] Uma das principais subdivisões do gênero dramático encontra-se no par “comédia” e “tragédia”. 
01.18. e
01.19. d) O poema O Grito de José Paulo Paes é constituído de versos decassílabos, adequados aos poemas heroicos e épicos como se afirma em [d]. 
Exemplo de escansão: Um-tran-qui-lo-ri-a-cho-su-bur-ba (no)/ U-ma-chou-pa-naem-bai-xo- deum-co-quei (ro) 
01.20. c) A mensagem da imagem que constitui o primeiro texto explora, humoristicamente, a plurissignificação da expressão “abrir a cabeça”: no sentido 
literal de golpear com instrumento cortante ou, no sentido conotativo, de proporcionar abertura a novas ideias, não se prendendo a velhos 
conceitos. Desta forma, a leitura de livros de qualidade, como a obra de Machado de Assis, seria a melhor opção para a transformação positiva do 
indivíduo, o que também é reafirmado no segmento da carta de Kafka a Oscar Pollak: “Um livro tem que ser como um machado para quebrar o mar 
de gelo do bom senso e do senso comum”. A frase de Gilberto Gil, transcrita em [C], confirma o mesmo conceito sobre a característica essencial a 
uma obra com grande valor literário: permitir “abrir janelas” e “construir pontes” entre o que já foi escrito e o que apresenta de novidade ao leitor. 
11Português 1D
Português
1B1DAula 02
Literatura colonial
 Quinhentismo
Mais do que literatura brasileira, os textos escritos nes-
se período (1501-1600) devem ser chamados de literatura 
sobre o Brasil. São valiosos documentos históricos que 
serviram de fonte de pesquisa e inspiração para os futuros 
intelectuais. Esses textos são essencialmente informações 
sobre a nova terra descoberta, como a carta de Pero Vaz 
de Caminha, diários e registros de viagens, o teatro de An-
chieta e os escritos do Padre Manuel da Nóbrega. Observe 
um trecho da Carta do achamento, de Caminha.
“...esta gente é boa e de boa simplicidade e gravar-se-
-á, neles, ligeiramente, qualquer cunho que lhes queiram 
dar. E logo lhes deu Nosso Senhor bons corpos e bons 
rostos como a bons homens. Eles não lavram nem criam; 
nem há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem 
galinha; nem nenhuma outra alimária que costumada seja 
ao viver dos homens; nem comem senão desse inhame 
(mandioca) que aqui há muito; e dessas sementes e frutos 
que a terra e as árvores de si lançam. E, com tudo isso, 
andam tais, tão rijos e tão nédios, que o não somos nós 
tanto, com quanto trigo e legumes comemos. Enquanto 
ali andaram, este dia, sempre dançaram ao som de um 
tamborim nosso e bailaram com os nossos, de maneira 
que são muito mais nossos amigos que nós seus.”
 Barroco
Nos séculos XV e XVI (1601 – 1768), a mentalidade 
mais liberal da filosofia pagã, proposta pelo Renas-
cimento, que cultuava o corpo e o prazer, entrou em 
choque com os rígidos princípios cristãos da ascese, da 
penitência e da fuga dos prazeres da carne. 
Para combater o “paganismo” que estava invadindo 
seus domínios, a Igreja contrarreformista prega uma reli-
gião que incute o medo do castigo divino, a insegurança 
quanto à salvação eterna, o terror das torturas infernais, 
a imagem de um Deus cruel e vingativo. O homem da 
época se sente inseguro, temeroso, em dúvida.
É então que, no século XVII surge, nas artes plásticas 
e na literatura, o movimento Barroco, intérprete dos 
anseios desse homem seiscentista, solicitado simulta-
neamente por ideais pagãos e cristãos, em conflito. 
As características do BARROCO decorrem de sua 
condição de intérprete dos anseios do homem seiscen-
tista solicitado por ideais em conflito.
 • Fusionismo: tentativa de conciliar e incorporar 
contrários, daí o emprego marcante das figuras de 
oposição como antíteses e paradoxos (luz-treva; 
espírito-matéria).
 • Religiosidade: sentimento do exílio desta vida, do 
desengano do mundo, terror do inferno, ânsias do 
céu, frustração, sentimento trágico da existência.
 • Rebuscamento: linguagem pomposa e exagerada, 
gosto pela grandiosidade, excesso de detalhes, uso 
abusivo de figuras de linguagem.
 • Sensorialismo: busca do efeito sugestivo de fortes 
impressões sensoriais para impressionar a vista, o 
ouvido, o tato, o olfato e o palato.
GREGÓRIO DE MATOS GUERRA
Poeta baiano nasceu em 1636. De família rica, 
viveu dos 14 ao 45 anos em Portugal, onde estudou e 
se formou em Direito. Voltou ao Brasil e passou a viver 
desregradamente, debochando de todo mundo. Viveu 
um ano exilado em Angola, morrendo um ano após seu 
retorno da África, em Recife, aos sessenta anos. 
Deixou uma obra irregular, dividida em três temáti-
cas.
I. Poesia sacra e filosófica, composta dentro dos 
limites impostos pela contrarreforma.
Como autor barroco, não poderia faltar em sua obra 
a poesia religiosa. Essa temática abrange um amplo 
conjunto, desde os poemas circunstanciais em come-
moração a festas de santos até os poemas de contrição e 
de reflexão moral. Observe.
12 Extensivo Terceirão
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta piedade me despido, 
Porque quanto mais tenho delinquido, 
Vós tenho a perdoar mais empenhado. 
Se basta a vos irar tanto um pecado, 
A abrandar-vos sobeja um só gemido, 
Que a mesma culpa, que vos há ofendido, 
Vos tem para o perdão lisonjeado. 
Se uma ovelha perdida, e já cobrada, 
Glória tal e prazer tão repentino 
vos deu, como afirmais na Sacra História: 
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada 
Cobrai-a; e não queirais, Pastor divino, 
Perder na vossa ovelha a vossa glória
Esse soneto de contrição é um dos mais conhecidos 
poemas de Gregório e segue o modelo conceptista de 
Quevedo.
II. Poesia lírico-amorosa abrange um amplo leque 
temático. Às vezes é a mais pura idealização do amor: 
Quem a primeira vez chegou a ver-vos,
Nise, e logo se pôs a contemplar-vos,
Bem merece morrer por conversar-vos 
E não poder viver sem merecer-vos.
Outras vezes é uma requintada exploração da psi-
cologia amorosa, como, por exemplo, na expressão da 
timidez do amante, temeroso do desprezo da amada:
Largo em sentir, em respirar sucinto, 
Peno e calo, tão fino e tão atento, 
Que fazendo disfarce do tormento, 
Mostro que o não padeço e sei que o sinto. 
Chega também, frequentemente, a um realismo 
irônico, quase cínico, como nos seguintes versos em que 
busca definir o amor:
Isto, que o Amor se chama, 
este, que vidas enterra, 
este, que alvedrios prostra,
este, que em palácios entra:
[.......................................] 
este, que o ouro despreza, 
faz liberal o avarento, 
é assunto dos poetas: 
[.......................................] 
Arre lá com tal amor! 
isto é amor? é quimera, 
que faz de um homem prudente 
converter-se logo em besta. 
Segundo historiadores, o poeta teve uma paixão 
não correspondida pela filha de um senhor de engenho, 
D. Ângela de Sousa Paredes Rabelo e organizou um ciclo 
dos poemas que seriam expressão desse caso amoroso. 
Entre eles estão alguns dos mais belos da obra de Gre-
gório de Matos. O soneto a seguir é o sétimo poema do 
ciclo “Ângela”:Anjo no nome, Angélica na cara.
Isso é ser flor, e Anjo juntamente, 
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
em quem, senão em vós se uniformara? 
Quem veria uma flor, que a não cortara 
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente, 
Que por seu Deus o não idolatrara? 
Se como Anjo sois dos meus altares, 
Fôreis o meu custódio, e minha guarda, 
Livrara eu de diabólicos azares. 
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda, 
Posto que os Anjos nunca dão pesares, 
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
Observe que o nome da amada sugere as duas ima-
gens em torno das quais se organiza toda a expressão 
poética.
III. Poesia satírica: O “Boca do Inferno”, como foi cha-
mado, não perdoava ninguém: ricos e pobres, negros, 
brancos e mulatos, padres, freiras, autoridades civis e 
religiosas, amigos e inimigos, todos, enfim, eram objeto 
de sua “lira maldizente”.
O governador Câmara Coutinho, por exemplo, foi 
assim retratado:
Nariz de embono
com tal sacada,
que entra na escada 
duas horas primeiro 
que seu dono.”
Contudo, o melhor de sua sátira não é esse tipo de 
zombaria, engraçada e maldosa, mas a crítica de cunho 
geral aos vícios da sociedade. Sua vasta galeria de tipos 
humanos contribui para construir sua maior e principal 
personagem – a cidade da Bahia:
Aula 02
13Português 1D
Senhora Dona Bahia,
nobre e opulenta cidade, 
madrasta dos naturais, 
e dos estrangeiros madre.
Terra que não aparece
neste mapa universal 
com outra; ou são ruins todas,
ou ela somente é má. 
Mas nem sempre o poeta é rancoroso com sua 
cidade. No famoso soneto “Triste Bahia”, já musicado por 
Caetano Veloso, Gregório identifica-se com ela, ao com-
parar a situação de decadência em que ambos vivem. 
O poema abandona o tom de zombaria das sátiras para 
tornar-se um quase lamento:
Triste Bahia! ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado! 
Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mim abundante.
Depreende-se desse texto que as sátiras de Gregório 
de Matos desagradavam a muita gente. Por isso ele 
defende seu direito de escrevê-las.
Aos vícios
Eu sou aquele, que os passados anos
cantei na minha lira maldizente 
torpezas do Brasil, vícios e enganos. 
[.......................................................]
De que pode servir calar quem cala? 
Nunca se há de falar o que se sente! 
Sempre se há de sentir, o que se fala? 
Qual homem pode haver tão paciente, 
Que vendo o triste estado da Bahia, 
Não chore, não suspire e não lamente? 
[..........................................................] 
Se souberas falar, também falaras, 
Também satirizaras, se souberas, 
E se foras Poeta, poetizaras. 
A ignorância dos homens destas eras 
Sisudos faz ser uns, outros prudentes, 
Que a mudez canoniza bestas feras. 
Há bons, por não poder ser insolente, 
Outros há comedidos de medrosos, 
Não mordem outros não, por não ter dentes. 
Quantos há que os telhados têm vidrosos, 
E deixam de atirar sua pedrada 
De sua mesma telha receosos. 
Uma só natureza nos foi dada: 
Não criou Deus os naturais diversos,
Um só Adão formou, e esse de nada. 
Todos somos ruins, todos perversos, 
Só nos distingue o vício e a virtude, 
De que uns são comensais outros adversos. 
Quem maior a tiver, do que eu ter pude, 
Esse só me censure, esse me note, 
calem-se os mais, chitom, e haja saúde. 
IV. Poesia burlesca é a poesia mais circunstancial 
de Gregório de Matos. De modo sempre galhofeiro, o 
poeta registra em versos pequenos acontecimentos da 
vida cotidiana da cidade e dos engenhos. Alguém já 
disse que a poesia burlesca é a crônica do viver baiano 
seiscentista.
A maior parte desses poemas burlescos foi escrita 
na última fase da vida do poeta, período de decadência 
pessoal e profissional. O doutor deixara de advogar e 
perambulava pelos engenhos do Recôncavo levando 
sua viola de cabaça, frequentando festas de amigos 
e namorando as mulatas, muitas delas prostitutas. 
Compostos em tom brincalhão, esses textos podem 
frequentemente tornar-se obscenos. Daí, o ‘populismo’ 
chulo que irrompe às vezes e, longe de significar uma 
atitude aristocrática, nada mais é que válvula de escape 
para velhas obsessões sexuais ou arma para ferir os 
poderosos invejados. Acompanhe:
Décimas
Quita, como vos achais 
com esta troca tão rica? 
eu vos troco por Anica, 
vós por Nico me deixais: 
vós de mim não vos queixais, 
eu, Quita, de vós me queixo, 
e pondo a cousa em seu eixo, 
a mim com razão me tem, 
pois me deixais por ninguém,
e eu por Arnica vos deixo. 
Vós por um Dom Patarata 
trocais um Doutor em Leis, 
e eu troco, como sabeis, 
uma por outra Mulata: 
vós fostes comigo ingrata 
com a grosseira ingratidão, 
eu não fui ingrato não, 
e quem troca odre por odre, 
um deles há de ser podre, 
14 Extensivo Terceirão
e eu sou na troca odre são. 
Eu com Anica querida 
me remexo como posso, 
vós c’o Patarata vosso 
estareis bem remexida: 
nesta desigual partida 
leve o diabo o enganado, 
porque eu acho no trocado, 
que me vim a melhorar
mas na Moça por soldar, 
que vós no Moço soldado 
Se bem vos não vai na troca 
pela antiga benquerença, 
que farei logo a destroca: 
porém se Amor vos provoca 
a dar-me outros novos zelos, 
hemos de lançar os pelos 
ao ar por seguridade, 
e eu sei, que a vossa amizade 
há de custar-me os cabelos.
Soneto bem conhecido
A cada canto um grande conselheiro 
Que nos quer governar cabana e vinha, 
Não sabem governar sua cozinha, 
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um frequentado olheiro, 
Que a vida do vizinho, e da vizinha, 
Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha 
Para a levar à Praça, e ao Terreiro. 
Muitos mulatos desavergonhados, 
Trazidos pelos pés os homens nobres, 
Posta nas palmas toda a picardia. 
Estupendas usuras nos mercados, 
Todos, os que não furtam, muito pobres, 
e eis aqui a cidade da Bahia 
Apesar de ter feito linda poesia sacra e lírica, foi como 
poeta satírico que o “Boca do Inferno” se destacou. Em 
seus sonetos (2 quartetos e 2 tercetos), oitavas (estrofes 
de 8 versos), décimas (estrofes de 10 versos) e poemas de 
diversas formas, Gregório de Matos não perdoa ninguém, 
rico ou pobre, homem ou mulher, inimigo ou não. Assim, 
o poeta “abrasileirou” a linguagem inserindo em suas poe-
sias palavras nativas e palavrões chulos, usando sempre o 
estilo barroco de mostrar uma visão de mundo conflituosa.
PADRE ANTÔNIO VIEIRA
Pe. Antônio Vieira (1608–1697) pode considerar-se 
com toda a razão um autor tanto português como bra-
sileiro não devido apenas ao fato de nascer em Lisboa 
e de ter morrido na Bahia. Vieira tem o que dizer tanto 
aos brasileiros como aos portugueses. Mas não só isso. A 
obra vieiriana pode ser destinada aos habitantes de todo 
o mundo. Não se dirige apenas ao homem barroco, mas 
também ao homem dos nossos dias, pregando nos temas 
que continuam a ser atuais. Para caracterizar Pe. Antônio 
Vieira como o escritor e pregador excelente e também 
como homem extraordinário, citamos as palavras de 
Hernâni Cidade : “…a vivacidade permanente de uma in-
teligência ao mesmo tempo lúcida e engenhosa, de uma 
imaginação dotada de todos os recursos para comover, 
encantar, fazer sorrir, de uma sensibilidade permeável 
a toda a radiação da beleza das coisas e das palavras e 
capaz de captar e transmitir pelo modo mais sugestivo e 
aliciante, e teremos uma imagem de qual seria a sedução 
deste mago da palavra!…”
Antônio Vieira é considerado o maior pregador da 
Língua Portuguesa, o “príncipe dos pregadores”. Foi um 
ferrenho defensor do catolicismo e da expansão territorial 
portuguesa. Embora muitos de seus sermões apresentem 
verdadeira pérolas de sabedoria, e seu vocabulário seja 
rico e abundante, nota-se com evidente clareza a fami-
gerada idolatria católica pelos seus “santos” e o eterno 
preconceito contra os protestantes. Isso, aliás, explicado 
pelo próprio contexto histórico no qual ele estava inse-
rido, uma vez que ele não estava tão distante assim da 
Reforma Protestante de Martinho Lutero. Além de insigne 
orador, Vieira foiconselheiro real e diplomata de D. João 
IV, missionário, alcunhado pelos índios “Payassu” (O Padre 
Grande) e, sobretudo, autor dos famosos sermões.
Vieira é autor de aproximadamente 200 sermões e é 
considerado o maior orador sacro de Portugal. Na época 
dele o sermão possibilitava que a palavra do pregador fa-
lasse para todas as camadas sociais. E os sermões de Vieira 
abrangem não só a temática teológica, mas também as 
questões da moralidade, da filosofia e da política.
Como missionário e grande defensor dos índios 
aparece Vieira, sobretudo no famoso Sermão de Santo 
Antônio aos peixes. Também no Sermão da Sexagési-
ma do ano de 1655 encontramos o tema da defesa dos 
direitos humanos dos índios.
 Arcadismo
As tendências estéticas do ARCADISMO figuram-se 
como a busca do natural e do simples, a adoção de es-
quemas rítmicos mais graciosos, de um estilo mais me-
lífluo, musicalmente fácil e ajustado a temas bucólicos 
(ligados à vida no campo).
Aula 02
15Português 1D
Torno a ver-vos, ó montes; o destino
aqui me torna a pôr nestes oiteiros; 
onde um tempo os gabões deixei grosseiros 
pelo traje da Corte rico e fino.
...
Se o bem desta choupana pode tanto, 
que chega a ter mais apreço e mais valia, 
que da Cidade o lisonjeiro encanto;
Aqui descanse a louca fantasia;
e o que te agora se tornava em pranto, 
se converta em afetos de alegria.
03. Texto
Quem vê girar a serpe da irmã no casto seio,
Pasma, e de ira e temor ao mesmo tempo cheio
Resolve, espera, teme, vacila, gela e cora,
Consulta seu amor e o seu dever ignora.
Voa a farpada seta da mão, que não se engana;
Mas ai, que já não vives, ó mísera indiana!
Nestes versos de Silva Alvarenga, poeta árcade e 
ilustrado, faz-se alusão ao episódio da obra O Uraguai, 
de Basílio da Gama, em que a heroína Lindoia morre. 
04. A poesia árcade de Tomás Antônio Gonzaga, embora 
ainda presa ao padrão estético europeu do século 
XVIII, já manifesta aspectos nativos, expressando de-
talhes significativos do contexto histórico-geográfico 
brasileiro, como está exemplificado em: 
Tu não verás, Marília, cem cativos 
tirarem o cascalho e a rica terra, 
ou dos cercos dos rios caudalosos, 
ou da minada serra.
05. A imagem mítica de uma natureza harmônica, capaz 
de inspirar o desejo do equilíbrio racional e da vida 
simples, constitui uma espécie de paradigma da po-
esia neoclássica, como se pode perceber nos versos:
Pois que viva eu em paz, em calma pura,
Abrandando a paixão nestes ribeiros,
Aspirando dos álamos a brandura,
Ouvindo ao vento os cantos mais inteiros.
Em nome do equilíbrio e do bom gosto, o Arcadismo 
adota um estilo de pensamento voltado para o racional, 
o claro, o regular, o verossímil. (Alfredo Bosi)
O Arcadismo brasileiro:
a) tem suas fontes nos antigos grandes autores gregos 
e latinos, dos quais imita os motivos e as formas; 
b) legou-nos poemas de feição épica como Caramuru 
(de Frei José da Santa Rita Durão) e O Uraguai (de 
Basílio da Gama) no qual se reconhece qualidade 
mais destacada em relação ao primeiro; 
c) inspirou a produção dos versos de Marília de Dirceu, 
obra que celebrizou Tomás Antônio Gonzaga, e que 
destaca a originalidade de estilo e de tratamento 
local dos temas pelo autor;
d) apresentou uma corrente de conotação ideológica, 
envolvida com as questões sociais de seu tempo, com 
a crítica aos abusos de poder da Coroa Portuguesa, 
como em Cartas chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga.
Análise de textos
01. Tomás Antônio Gonzaga, poeta árcade, conheceu 
Maria Doroteia Joaquina de Seixas, por volta de 1782. 
A partir dessa época, essa jovem amada aparece em 
suas Liras com o pseudônimo de Marília. O texto a 
seguir foi tirado da Lira I, parte 1.
Os teus olhos espalham luz divina,
a quem a luz do sol em vão se atreve;
papoila ou rosa delicada e fina
e cobre as faces que são da cor da neve.
Os teus lindos cabelos são uns fios d’ouro;
teu lindo corpo bálsamos vapora.
Ah! não, não fez o Céu, gentil Pastora,
para glória de Amor igual Tesouro.
 Graças, Marília bela,
 Graças à minha estrela!
Percebe-se, no fragmento, um tom de sensualidade, 
marcado pelo uso de expressões que se referem a 
sensações visuais, táteis e olfativas. A figura da mulher 
é apresentada em partes: olhos, face, cabelos e corpo, 
em um processo de composição que associa expressões 
denotativas a expressões conotativas. 
02. O poema a seguir, de Cláudio Manuel da Costa, 
manifesta o conflito do poeta, homem nativista pro-
vinciano, ligado à terra natal, cuja formação superior 
deu-se na metrópole.
16 Extensivo Terceirão
06. 
Que havemos de esperar, Marília bela?
que vão passando os florescentes dias? 
as glórias que vêm tarde, já vêm frias, 
e pode enfim mudar-se a nossa estrela.
– A mesma formosura 
 é dote que só goza a mocidade: rugam-se as 
faces, o cabelo alveja 
mal chega a longa idade.
A constatação da passagem do tempo leva o poeta 
a defender a mentalidade do carpe diem – aproveitar a 
vida enquanto há tempo.
07. Bucolismo
– Pastores que levais ao monte o gado, / vede lá 
como andais por essa serra. / que para dar contá-
gio a toda a terra, / basta ver-se o meu rosto ma-
goado.
08. Críticas do governo
– Passam, prezado amigo, de quinhentos / os 
presos que se ajuntam na cadeia. / uns dormem 
encolhidos sobre a terra, / mal cobertos dos tra-
pos, que molharam / de dia, no trabalho. 
Testes
Assimilação
02.01. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.
O movimento literário denominado Barroco tem no padre Antônio Vieira uma 
de suas grandes expressões. Em sua vasta obra, incluem-se em que 
aborda temas , e . 
a) sermões satíricos historiográficos religiosos
b) sermões sociais políticos religiosos
c) poemas religiosos satíricos místicos
d) cartas amorosas historiográficos sociais
e) epístolas políticos amorosos místicos
02.02. (UPF – RS) – O poeta baiano Gregório de Matos, também chamado de 
Boca do Inferno, produziu uma obra que explora temas contrastantes. Assinale a 
alternativa que não apresenta uma vertente temática de sua obra.
a) o satanismo; 
c) o lirismo amoroso; 
e) a sátira aos costumes.
b) a religiosidade;
d) o erotismo; 
02.03. (UCSal – BA) – Os versos abaixo pertencem ao poeta Gregório de Matos.
Que falta nessa cidade? – Verdade
Que mais por sua desonra? – Honra 
Falta mais que se lhe ponha? – Vergonha
O demo a viver se exponha
Por mais que a fama se exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Assinale a alternativa em que se apontam, corretamente, características da arte 
do poeta, presentes nesses versos.
a) Alegoria religiosa: dramatização dos vícios, fortes antíteses e pensamento 
paradoxal.
b) Lírica irônica: excesso de metáforas, de inversões sintáticas e de antíteses.
c) Sátira de costumes: excesso de 
metáforas, simetrias sintáticas e 
sentimento de melancolia.
d) Poesia encomiástica: exaltação de 
virtudes próprias, condenação dos 
vícios alheios e dedicatória a um 
poderoso.
e) Sátira moralizante: jogo verbal, 
simetrias sintáticas e sonoridade 
expressiva.
02.04. (UFV – MG) – Todos os frag-
mentos abaixo representam, pela 
linguagem ou pela temática, o movi-
mento árcade brasileiro, exceto:
a) A mesma formosura / é dote que 
só goza a mocidade: / rugam-se as 
faces, o cabelo alveja / mal chega a 
longa idade.
b) Pastores que levais ao monte o 
gado, / vede lá como andais por 
essa serra. / que para dar contágio 
a toda a terra, / basta ver-se o meu 
rosto magoado.
c) Passam, prezado amigo, de qui-
nhentos / os presos que se ajuntam 
na cadeia. / uns dormem encolhi-
dos sobre a terra, / mal cobertos 
dos trapos, que molharam / de dia, 
no trabalho.
d) Que havemos de esperar, Marília 
bela? / que vão passando os flo-
rescentes dias? /as glórias que vêm 
tarde, já vêm frias, / e pode enfim 
mudar-se a nossa estrela.
e) Oh! Que saudades que eu tenho 
/ da aurora da minha vida, / da 
minha infância querida / que os 
anos não trazem mais.
Aula 02
17Português 1D
Aperfeiçoamento
02.05. (PUCCAMP – SP)– A imagem mítica de uma natureza 
harmônica, capaz de inspirar o desejo do equilíbrio racional 
e da vida simples, constitui uma espécie de paradigma da 
poesia neoclássica, tal como se pode perceber nestes versos:
a) O Demo a viver se exponha
 Por mais que a fama a exalta,
 Numa cidade onde falta
 Verdade, honra, vergonha.
b) O vocábulo puro, em que me amparo,
 Esquiva-se a meu jugo; e raro canto.
 Que a palavra da boca é sempre inútil
 Se o sopro não lhe vem do coração.
c) Pois que viva eu em paz, em calma pura,
 Abrandando a paixão nestes ribeiros,
 Aspirando dos álamos a brandura,
 Ouvindo ao vento os cantos mais inteiros.
d) A morte é limpa.
 Cruel mas limpa.
 Com seus aventais de linho
 – Fâmula – esfrega as vidraças.
 Tem punhos ágeis e esponjas.
e) O poema é uma pedra no abismo.
 O eco do poema desloca os perfis.
 Para bem das águas e das almas
 Assassinemos o poeta.
02.06. Texto
(...) Se o rio levantando me causava, 
Levando a sementeira, prejuízo, 
Eu alegre ficava, apenas via 
Na tua breve boca um ar de riso. 
Tudo agora perdi; nem tenho o gosto 
De ver-te ao menos compassivo o rosto. 
Propunha-me dormir no teu regaço 
As quentes horas da comprida sesta,
Escrever teus louvores nos olmeiros, 
Toucar-te de papoilas na floresta. 
Julgou o justo céu que não convinha 
Que a tanto grau subisse a glória minha. 
Tomás Antônio gonzaga, Marília de Dirceu. 
Nesse fragmento, o eu lírico revela sofrimento físico e moral; há 
a predominância de um tom trágico, de desalento, de revolta 
e de amargura. Nele, o poeta manifesta características como 
a) o sentimentalismo e a subjetividade.
b) a impessoalidade e o sentimentalismo. 
c) a indiferença e a dúvida. 
d) o sentimentalismo e a objetividade. 
e) a esperança e a objetividade. 
02.07. Texto
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pre-
gadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da ter-
ra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. 
O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando 
a terra se vê tão corrupta como está a nossa, haven-
do tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou 
qual pode ser a causa desta corrupção? (...) Ou é 
porque o sal não salga, e os pregadores se pregam 
a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa 
salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, ser-
vem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? (...)” 
Pe. Antônio Vieira. Sermão de Santo Antônio
O jesuíta, Pe. Antônio Vieira, pregou o Sermão de Santo An-
tônio em 1654, em São Luís do Maranhão. Acerca do estilo 
e do contexto histórico em que a obra de Padre Vieira se 
desenvolve, analise as afirmativas a seguir.
1. A prosa de Vieira é marcada pelo “jogo de ideias”, processo 
argumentativo caracterizado pelo raciocínio lógico (con-
ceptismo), um dos traços da linguagem literária do Barroco. 
2. Ao atribuir a Cristo a analogia entre o sal e os pregadores, 
Vieira intensifica seu poder de persuasão com um forte 
argumento de autoridade. 
3. O teor do texto evidencia que o pregador tem intenções 
essencialmente espirituais, desprovidas de qualquer 
caráter ideológico ou político. 
4. É fato que Vieira usou o púlpito para denunciar a crueldade 
do colonialismo português e sua violência contra índios 
e negros. 
Estão corretas 
a) 1 e 3, apenas. 
d) 2 e 3, apenas. 
b) 1 e 4, apenas. 
e) 1, 2, 3 e 4. 
c) 1, 2 e 4, apenas. 
02.08. (UNIOESTE – PR) – Autor de versos líricos, sacros e 
satíricos, Gregório de Matos Guerra refletiu um tema comum 
da poesia universal: o tema do carpe diem (aproveita a vida). 
Assinale a alternativa onde este tema aparece.
a) Oh não aguardes, que a madura idade
 te converte esta flor, essa beleza,
 em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.
b) Não se sabendo parte deste todo,
 um braço que lhe acharam sendo parte,
 nos diz as partes todas deste todo.
c) Esta razão me obriga a confiar,
 Que, por mais que peguei, neste conflito
 Espero em vosso amor de me salvar.
d) Arrependido estou de coração,
 de coração vos busco, dai-me abraços,
 abraços, que me rendem vossa luz. 
e) Pois alto! Vá descendo onde jazia,
 Verá quanto melhor se lhe acomoda
 Ser homem embaixo do que burro em cima.
18 Extensivo Terceirão
02.09. A literatura do início colonial brasileiro caracteriza-
-se por ser:
a) uma literatura que se restringe a mera cópia da produção 
literária europeia;
b) uma manifestação do espírito brasileiro voltado para a 
valorização das grandes descobertas;
c) um conjunto de obras caracterizadas por acentuado 
lirismo;
d) uma fase cujas obras se destinaram principalmente a 
tornar conhecida a nova terra;
e) uma série de composições épicas apresentadas em prosa 
e em verso.
02.10. Texto
AOS AFETOS E LÁGRIMAS DERRAMADAS 
NA AUSÊNCIA DA DAMA A QUEM QUERIA 
BEM
Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:
Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal em chamas derretido.
Se és fogo como passas brandamente, 
Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!
Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.
Considere as afirmativas sobre o soneto de Gregório de 
Matos Guerra:
I. Exemplifica a estética barroca e, dentro dela, o cultismo 
(malabarismo com as palavras).
II. O caráter paradoxal do amor, ou seja, a oposição sensuali-
dade/refreamento, é desenvolvido através de impressões 
sensoriais.
III. A estrutura paralelística sustenta o jogo de imagens 
característico da retórica barroca.
É certo concluir que:
a) apenas a I está correta; 
b) apenas a II está correta; 
c) apenas a III está correta.
d) apenas a I e a III estão corretas; 
e) a I, a II e a III estão corretas.
02.11. (MACK – SP) – A poesia árcade de Tomás Antônio 
Gonzaga, embora ainda presa ao padrão estético europeu 
do século XVIII, já manifesta aspectos nativos, expressando 
detalhes significativos do contexto histórico-geográfico 
brasileiro.
Esse registro poético da vida colonial está exemplificado em:
a) Apenas, Doroteu, o nosso chefe / as rédeas manejou do 
seu governo, / fingir nos intentou que tinha uma alma / 
amante da virtude.
b) Enquanto pasta alegre o manso gado, / minha bela Marília, 
nos sentemos / à sombra deste cedro levantado.
c) Tu não verás, Marília, cem cativos / tirarem o cascalho e 
a rica terra, / ou dos cercos dos rios caudalosos, / ou da 
minada serra.
d) Num sítio ameno, / cheio de rosas, / de brancos lírios, / 
murtas viçosas, / dos seus ovelhinhas tiro o leite, / e mais 
as finas lãs, de que me visto.
02.12. (UFRGS) – Sobre a poesia de Gregório de Matos 
Guerra é correto afirmar que:
a) privilegia os cenários bucólicos percorridos por pastores e 
ninfas examinados de uma perspectiva satírica e irônica.
b) expõe em sintaxe complexa e com metáforas antité-
ticas os dilemas do amor e do espírito no quadro da 
Contrarreforma.
c) expõe em sintaxe simples o caráter sereno e amoroso de 
um pastor que corteja sua amada com promessas de vida 
amena e burocrática.
d) privilegia o cenário urbano para denunciar as arbitrarieda-
des da Inquisição e o racismo dos portugueses instalados 
na colônia.
e) privilegia os cenários palacianos em que ocorrem intrigas 
e conspirações envolvendo nobres burocratas, monges 
e prostitutas.
02.13. (USF – SP) – Texto
Aduladores
Santo Agostinho, doutor em toda esta matéria 
primaz, com doutrina tirada da escola de Davi, 
ensina que há dois gêneros de inimigos, uns que 
perseguem, outros que adulam; mas que mais se 
há de temer a língua do adulador, que as mãos 
do perseguidor.(...) A mão do perseguidor arma-
-se com a espada, com a lança, com a seta, com 
o veneno, e com todos os outros instrumentos 
de ferir e matar, que a fúria e violência do fogo 
acrescentou à dureza do ferro; e contudo diz o 
maior doutor da Igreja, que mais se há de temer a 
língua desarmada do adulador que todas as armas 
do perseguidore do inimigo.
(...) 
As palavras brandas do adulador são redes que 
ele arma para tomar nelas o mesmo adulado. 
(...) Uns autores comparam estes aduladores ao 
camaleão, que não tendo cor certa nem própria, 
Aula 02
19Português 1D
se reveste e pinta de todas as cores, quaisquer que 
sejam, as do objeto vizinho. Outros os comparam 
à sombra que não tem outra ação, figura ou mo-
vimento que a do corpo interposto à luz, do qual 
nunca se aparta, e sempre e para qualquer parte 
o segue. Outros os comparam ao espelho, retrato 
natural e recíproco de quem nele se vê porque 
se lhe pondes os olhos, olha para vós; se rides, 
ri; se chorais, chora; lágrimas porém sem dor e 
riso sem alegria, que não fora o espelho adulador, 
assim não fora. Mas como o camaleão, a sombra e 
o espelho, tudo são assistentes mudos, a compa-
ração de santo Agostinho é a mais própria e seme-
lhante de todas; porque os comparou ao eco. (...) 
Biante, um dos sete sábios da Grécia, perguntado 
qual era o animal mais venenoso, respondeu que, 
dos bravos o tirano, dos mansos o adulador. Em 
chamar veneno a adulação, acertou-lhe o nome; 
mas em distinguir o tirano do adulador, não disse 
bem: porque, “como acabamos de demonstrar”, 
todo adulador é tirano.
VIEIRA, Antônio, Sermão da primeira sexta-feira, 1644.
De acordo com o texto,
a) O adulado gosta de estimular a atitude do adulador.
b) O inimigo mais temido, para Santo Agostinho, é aquele 
que ataca com armas.
c) A comparação do bajulador com o espelho equivale a 
considerar aquele cultor da própria imagem.
d) A imagem do adulador-sombra conota fidelidade e 
proteção.
e) A comparação mais adequada é de Santo Agostinho, pois 
ressalva a subserviência explícita do adulador. 
02.14. No texto, aparece 
a) A linguagem cultista.
b) O uso intensivo de hipérboles.
c) O pensamento marcado pela religiosidade.
d) A retórica aprimorada e respaldada no jogo de conceitos.
e) O uso de símbolos conotando a fugacidade das coisas.
02.15. Leia atentamente o texto. 
Ora suposto que somos pó, e não pode deixar de 
ser, pois Deus o disse, perguntar-me-eis, e com 
muita razão, em que nos distinguimos logo, os 
vivos dos mortos? Os mortos são pó, nós também 
somos pó; em que nos distinguimos uns dos ou-
tros? Distinguimo-nos os vivos dos mortos, assim 
como se distingue o pó do pó. Os vivos são pó 
levantado, os mortos são pó caído; os vivos são 
pó que anda, os mortos são pó que jaz: Hic jacet.
Estão essas praças no verão cobertas de pó: 
dá um pé de vento, levanta-se o pó no ar e 
que faz? O que fazem os vivos, e muito vivos. 
Não aquieta o pó, nem pode estar quedo; anda, 
corre, voa; entra por esta rua, sai por aquela; já vai 
adiante, já torna atrás, tudo enche, tudo cobre, tudo 
envolve, tudo perturba, tudo toma, tudo cega, tudo 
penetra; em tudo e por tudo se mete, sem aquietar 
nem sossegar um momento, enquanto o vento dura. 
Acalmou o vento: cai o pó, e onde o vento parou, ali 
fica; ou dentro de casa, ou na rua, ou em cima de 
um telhado, ou no mar, ou no rio, ou no monte, ou 
na campanha. Não é assim? Assim é.
E que pó, e que vento é este? O pó somos nós: Quia 
pulvis es; o vento é a nossa vida: Quia ventus est 
vita mea. Deu o vento, levantou-se o pó; parou o 
vento, caiu. Deu o vento, eis o pó levantado; estes 
são os vivos. Parou o vento, eis o pó caído; estes são 
os mortos. Os vivos pó, os mortos pó; os vivos pó 
levantado; os mortos pó caído; os vivos pó com ven-
to, e por isso vãos; os mortos pó sem vento, e por 
isso sem vaidade. Esta é a distinção, e não há outra.”
(Sermão da Quarta-Feira de Cinzas)
Avalie as afirmativas.
1. O excesso de repetições e de exemplos, no intuito de deta-
lhar a argumentação para melhor firmar a ideia, caracteriza 
o conceptismo barroco. 
2. Uma das qualidades poéticas do texto está no ritmo e na 
simetria que o autor obtém com o uso das repetições, o 
que confere musicalidade à prosa e colabora para atrair o 
receptor.
3. Pó é metáfora para «matéria» e «pessoas»; «vento» é me-
tonímia para «vida». 
4. Ao lembrar que os vivos e os mortos são pó, Vieira faz um 
discurso teocêntrico: quer dizer que a vida pertence a Deus, 
condenando assim o materialismo e a vaidade antropocên-
trica. 
5. No segundo parágrafo, o autor confere ao pó a autonomia 
de seu movimento, metaforizando desse modo a capaci-
dade da razão humana.
Estão corretas.
a) 1, 3 e 4.
b) 1, 2 e 3.
c) 2, 3, 4 e 5.
d) 2 e 3.
e) 1, 3 e 5.
02.16. (UFPR) – Leia atentamente o poema: 
SONETO
Carregado de mim ando no mundo, 
E o grande peso embarga-me as passadas, 
Que como ando por vias desusadas, 
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.
20 Extensivo Terceirão
O remédio será seguir o imundo 
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas, 
Que as bestas andam juntas mais ousadas, 
Do que anda o engenho mais profundo. 
Não é fácil viver entre os insanos, 
Erra, quem presumir que sabe tudo, 
Se o atalho não soube dos seus danos. 
O prudente varão há de ser mudo, 
Que é melhor neste mundo, mar de enganos, 
Ser louco c’os demais, que só, sisudo. 
(WISNIK, J. M. “Prefácio”. Poemas escolhidos de Gregório de Matos. 
São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.23).
A poesia satírica de Gregório de Matos emprega modelos 
e procedimentos variados. José Miguel Wisnik indica que 
ela pode ser entendida como “uma luta cômica entre duas 
sociedades, uma normal e outra absurda”. 
Com base nisso, é correto dizer que este soneto
a) apresenta a imagem de um “mundo às avessas”, em que a 
maioria aceita a sociedade absurda como se fosse a ideal. 
b) desenha a sociedade ideal e utópica, que deverá ser 
alcançada no futuro. 
c) explora a dualidade conflituosa entre corpo e espírito e 
associa a vertente satírica à sacro-religiosa. 
d) apresenta um sujeito poético “sisudo e só”, o que retira do 
soneto o tom cômico que caracteriza a sátira. 
e) apresenta a crítica aberta e racional como solução para o 
estado insano do mundo.
02.17. (FIC – PR) – O poema abaixo foi escrito por Gregório 
de Matos Guerra, no século XVII.
AO GOVERNADOR ANTÃO DE SOUSA DE 
MENESES
CHAMADO VULGARMENTE O “BRAÇO DE 
PRATA”
Sor Antão de Sousa de Meneses,
Quem sobe a alto lugar, que não merece,
Homem sobe, asno vai, burro parece,
Que o subir é desgraça muitas vezes.
A fortunilha, autora de entremezes,
Transpõe em burro o herói que indigno cresce;
Desanda a roda, e logo o homem desce,
Que é discreta a fortuna em seus reveses.
Homem sei eu que foi Vossenhoria
Quando o pisava da fortuna a roda;
Burro foi ao subir tão alto clima.
Pois, vá descendo do alto onde jazia,
Verá quanto melhor se lhe acomoda
Ser homem em baixo que burro em cima.
Assinale a alternativa incorreta a respeito do poema acima.
a) A forma do poema – soneto em decassílabos, vinculado a 
uma tradição clássica de temas sublimes – contrasta com 
o conteúdo de cunho satírico, vazado numa linguagem 
mais coloquial. É um contraste compreensível no âmbito 
do Barroco.
b) Na primeira estrofe, o poeta utiliza metáforas para des-
qualificar aquele que assume alta posição de mando (no 
caso, no governo) sem atributos e credenciais para tal.
c) A segunda estrofe desenvolve a mesma tese da primeira: 
um homem só é digno se assume um lugar adequado a 
sua natureza; a pretensão à posição superior por meio 
de cobiça e bravata configurará a inépcia, a imoralidade, 
a corrupção.
d) A “roda da fortuna” é metonímia para o destino da vida. E 
quando apela para que o governador desça de onde jazia, 
o poeta sugere que o político deve estar entre o povo para 
atender a suas necessidades e demandas.
e) A mensagem do poema se encaixa perfeitamente no 
quadro político atual, sugerindo que, em termos morais 
e políticos, o Brasil não mudou muito.
02.18. (UFPR) – Considerando a poesia de Gregório de Ma-
tos e o momento literário em que sua obra se insere, avalie 
as seguintes afirmativas: 
1. Apresentando a luta do homem no embate entre a carne 
e o espírito, a terra e o céu, o presente e a eternidade, os 
poemas religiosos do autor correspondem à sensibilidade 
da

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