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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 TRANSTORNO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL: DEFINIÇÃO, CAUSAS E DIAGNÓSTICO ................................................................... 4 2.1 Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) ...................... 5 3 OS CONCEITOS DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA E DE SURDEZ ................ 8 4 DEFICIÊNCIA AUDITIVA ............................................................................ 9 5 ESTRUTURA E INCLUSÃO ESCOLAR PARA DEFICIENTE AUDITIVO. 10 5.1 Desafios ............................................................................................. 12 6 DEFICIÊNCIA AUDITIVA .......................................................................... 14 6.1 Parcialmente surdo (com deficiência auditiva – DA) .......................... 15 7 SURDOS ................................................................................................... 16 8 OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS ..................................... 18 8.1 A raiz dos desafios na educação de surdos é histórica ...................... 18 8.2 Quais são os atuais desafios na educação de surdos no Brasil? ....... 20 8.3 Compreendendo o atendimento educacional especializado e a sala de recursos 20 8.4 O atendimento educacional especializado e os alunos com deficiência auditiva 21 9 PROFESSORES, O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA ESCRITA (LPE) E OS ALUNOS SURDOS .......................................................................................... 24 10 LEGISLAÇÃO ........................................................................................ 26 11 POLÍTICA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA ............................................... 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 34 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 TRANSTORNO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL: DEFINIÇÃO, CAUSAS E DIAGNÓSTICO O Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) ocorre quando o indivíduo tem dificuldade em compreender as informações apresentadas, mesmo que tenha o aparelho auditivo dentro da normalidade. Steiner acrescenta que a inabilidade pode ser resultante de dano da capacidade biológica congênita do sujeito e/ou falta de experiência no espaço acústico. Para Pereira, Navas e Santos (2002), os TPAC são conhecidos como perdas auditivas funcionais, que envolvem núcleos cocleares e as vias auditivas do SNC ou córtex cerebral, ocorrendo a incapacidade de focar, discriminar, reconhecer ou compreender informações por meio da audição. De igual forma, os mecanismos auditivos que podem ser comprometidos com as alterações nas habilidades auditivas são a localização sonora e laterização, discriminação auditiva; reconhecimento de padrões auditivos; aspectos temporais da audição, entre outros. Verifica-se que ao serem rompidas esta ou outras etapas, o distúrbio é gerado, sendo associado a dificuldades em linguagem de ordem superior, aprendizagem e funções de comunicação (ASHA, 2005). Em geral as causas desse distúrbio, alteração ou perturbação são desconhecidas, pois englobam vários fatores que dificultam o diagnóstico, levando a outras dificuldades de aprendizagem que estão associadas às mesmas causas. As causas mais comuns são as intercorrências durante a gestação ou após o nascimento, as otites médias crônicas, neuromaturação do sistema auditivo entre outros (NUNES, 2015). Stampa (2015) destaca que é necessário prevenir qualquer possibilidade de perda auditiva periférica. Um dos motivos desta causa é quando a otite se manifestas em evidências dos sintomas comumente observados e as providências médicas não são tomadas imediatamente, causando prejuízos importantes no desenvolvimento da audição. Crianças que foram diagnosticadas com otite média nos primeiros anos de vida, têm chance de aumentar os danos referentes ao desenvolvimento das habilidades auditivas. Evidencia-se a importância da realização da avaliação audiológica, infantil para crianças em idade escolar e prevenir essas alterações nesta estrutura (orelha) que é fundamental para a aprendizagem da leitura e escrita. 5 O profissional da saúde ou educação deve solicitar o encaminhamento ao médico otorrinolaringologista, para a prática desta avaliação (PEREIRA, 2014). O exame do PAC permite avaliar funcionalidade do sistema auditivo central, como as habilidades envolvidas na detecção, discriminação, reconhecimento, localização, compreensão, memória e atenção seletiva dos estímulos sonoros. Esse teste avalia as vias do sistema nervoso auditivo desde sua entrada no tronco encefálico até sua chegada no córtex auditivo central e conexões inter-hemisféricas, permitindo determinar se há ou não a presença de uma disfunção, qualificar o tipo da dificuldade e direcionar as condutas e o processo terapêutico (PEREIRA, 2014). As principais queixas que estão presentes em pessoas com alterações no PAC são “[...] ouço, mas não entendo. Meu filho só ouve quando quer. É desatento. Fala errado. Vai mal na escola” (PEREIRA, NAVAS e SANTOS, 2002, p. 82). Além de ser acompanhadas por manifestações comportamentais, dificuldades de compreensão em ambientes com acústicas ruins, dificuldade de compreender palavras com duplo sentido, dificuldade de memorizar regras da língua presente na linguagem expressiva, dificuldade de compreender o que lê. Dessa forma, o indivíduo quando diagnosticado, precisa ser encaminhado ao fonoaudiólogo, profissional devidamente habilitado para esse transtorno, para realizar a reabilitação auditiva, com o objetivo de trabalharas habilidades auditivas que se encontram alteradas. Contudo, se esse transtorno estiver vinculado a outras dificuldades, além dessa reabilitação é fundamental outros profissionais estarem envolvidos neste processo (PEREIRA, 2014). 2.1 Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) Diagnosticar o TPAC não é tarefa fácil, por se assemelhar a outras dificuldades de aprendizado. Todavia, uma queixa comum é a capacidade de ouvir os sons sem, contudo, entender o que foi dito. Isso ocorre devido a audição periférica ter capturado o som, como audição normal, mas não ter processado a informação, função da audição central. Outra alteração é a dificuldade em ouvir e interpretar em ambientes ruidosos, dificultando a comunicação diária (PEREIRA, 2014). Também, tendem a apresentar manifestações comportamentais, como isolamento, distração, agitação, devido às frustrações escolares, interferindo nas 6 adaptações sociais. Importante lembrar que dependendo da habilidade auditiva comprometida, os sintomas poderão ser diferenciados entre os indivíduos. Na linguagem expressiva podem ocorrer alterações no som da fala, dificuldades empronúncias que envolvem as estruturas gramaticais. Na escrita apresentam trocas de letras com sons parecidos entre surdos e sonoros, como p/b, t/d, f/v, k/g, s/g e na leitura, dificuldade de compreensão (STAMPA, 2015). Cabe ressaltar que esses sinais não são exclusivos do TPAC. Com isso, são diversos caminhos percorridos até chegar ao diagnóstico. O primeiro exame é a audiometria, que avalia a capacidade para apreender os diferentes sons da fala, mas não é suficiente para descobrir o transtorno, pois não avalia o processamento de informações. Em seguida, o indivíduo é encaminhado para fazer o imitanciometria, com a finalidade de avaliar o funcionamento da orelha média, membrana timpânica, ossículos. O objetivo destas avaliações é determinar a presença ou ausência de habilidades auditivas prejudicadas, fornecer dados sobre o processamento de informações, oportunizando sua reabilitação (PEREIRA, 2014). A avaliação do PAC é feita a partir dos sete anos. Todavia, nesta idade o diagnóstico não é conclusivo para TPAC, mas sim para imaturidade, porque essas habilidades continuam em desenvolvimento. Assim, deve - se considerar a idade do avaliado (NUNES, 2015). Todavia, a prevenção é necessária, pois a criança que está em sala na condição de escuta inadequada, perderá o conteúdo e na escola uma coisa depende da outra, se o indivíduo não aprender fazer conta de adição, não conseguirá prosseguir com sua aprendizagem nas quatro operações. Se o indivíduo for diagnosticado somente com o TPAC não é necessária medicação, somente estimulação nas habilidades auditivas alteradas. Contudo, se estiver associada com dislexia ou déficit de atenção, a equipe multidisciplinar que vai definir qual o encaminhamento adequado a seguir (PEREIRA, 2014). Em virtude dessas considerações, o profissional da psicopedagogia deve conhecer e entender o funcionamento do processamento auditivo, pois na organização do Sistema Nervoso Central outros processamentos de informação realizada no córtex, como o visual, cognitivo, de memória, atencional e de linguagem, utilizam algumas vias auditivas. Com isso, conhecer a neurociência favorecerá a 7 compreensão em relação ao funcionamento dos estímulos cerebrais, das funções corticais superiores envolvidas no processo de aprendizagem (PEREIRA, 2014). É importante compreender que a dificuldade de aprender não é uma situação isolada, e muitas vezes é necessário uma avaliação e um diagnóstico apropriado. Assim, o TPAC está associado e observado em outras dificuldades como desvio fonológico, dificuldade de aprendizagem; distúrbio ou transtorno de aprendizagem, como dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia; transtorno de déficit de atenção e hiperatividade; distúrbio específico de linguagem (PEREIRA, 2014). A intervenção deve iniciar o mais rápido possível para explorar a plasticidade neural e a reorganização cerebral, elevando ao máximo os resultados e diminuindo as dificuldades funcionais. Todavia, todas elas precisam ser desenvolvidas no consultório, na sala de aula e também em casa, para garantir o desenvolvimento das habilidades aprendidas. Na escola, devido aos ruídos ambientais, todos devem estar atento para que indivíduo não perca muitas informações. A criança deve se sentar próxima à professora, longe de portas e janelas. À medida que for melhorando, aumentar gradativamente a distância. Importante articular bem as palavras, aumentando a intensidade da voz, sem gritar, falar frases curtas, devagar, com entonação vocal (ALMEIDA, ROCHA e SCHETTINI, 2011). Em última análise, os estudos referentes ao PAC, juntamente com a medicina e neurociência vêm progredindo, pois, as novas aquisições favorecem àqueles que apresentam dificuldades na área da linguagem, comunicação e escrita. Contudo, os estudos devem persistir em relação a essa alteração e assim estará favorecendo o diagnóstico precoce. Portanto, é importante ser realizada o trabalho por equipe multidisciplinar, pois ao mesmo tempo o indivíduo com TPAC e outras comorbidades, precisa de atendimento psicopedagógico, psicológico, fonoaudiólogo, entre outros. Sendo realizado o trabalho de forma integrada com a família e a escola, a fim de obter sucesso nos resultados (PEREIRA, 2014). 8 3 OS CONCEITOS DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA E DE SURDEZ Fonte: blog.handtalk.me Os conceitos de deficiência auditiva e de surdez algumas vezes são entendidos como similares e outras vezes como antagônicos. A privação auditiva varia em pelo menos quatro graus diferentes, dependendo da classificação adotada. Começando por uma perda leve de audição em torno de 15 a 30 decibéis, o que significa que o indivíduo com essa perda não ouve sons dessa intensidade, porém pode ouvir quase tudo, inclusive todos os sons de fala que variam entre 50 e 70 decibéis; passa por uma perda moderada (entre 31 e 60 decibéis), uma perda severa (entre 61 e 90 decibéis) e chega ao que chamamos de perda profunda, aquela em que o indivíduo só ouve sons acima de 90 decibéis, o que o impede de ouvir os sons de fala que, como descrito acima, figuram em uma faixa de 50 a 70 decibéis (CARNEIRO, 2013). Diante de tamanha variação, a colocação de indivíduos com perdas de audição variadas em um mesmo patamar parece-me bastante simplista. Ao tratar desta problemática de forma global, tenho usado o termo deficiência auditiva/surdez com o intuito de considerar as especificidades de cada caso. O posicionamento diante da conceituação se faz necessário no sentido do entendimento da abordagem educacional a ser seguida. Um indivíduo com perda de audição leve ou moderada pode se beneficiar com o uso de um dispositivo de amplificação sonora, acompanhamento fonoaudiólogo durante o período de desenvolvimento e estruturação da linguagem oral e um trabalho de apoio educacional especializado, se necessário, durante sua escolarização, 9 podendo assim apresentar um desenvolvimento linguístico oral e global pleno (CARNEIRO, 2013). Diferentemente, um indivíduo com uma perda severa ou profunda de audição que o impede de desenvolver de forma plena a linguagem oral, mesmo com o uso de recursos tecnológicos e os apoios necessários, necessita de uma outra abordagem educacional, que o perceba não como um indivíduo que apresenta uma pequena diminuição auditiva, mas como um indivíduo diferente, surdo, que terá seu desenvolvimento linguístico e global pautado em um outro modelo. 4 DEFICIÊNCIA AUDITIVA Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com A função auditiva é um importante elemento de interação entre a criança e o meio. Considerando os estudos desenvolvidos por Piaget, desde os primeiros dias de vida o bebê já apresenta um grande interesse pelos sons. A partir da segunda semana de vida, já é possível observar uma parada no choro, por alguns instantes, a fim de escutar um som emitido junto a sua orelha. Durante o segundo mês, já se pode falar de adaptação adquirida, pois o som ouvido provoca uma parada, mesmo que pouco duradoura, da ação em curso e uma busca propriamente dita. Ao estudarmos simultaneamente a fonação e a audição, percebe-se que o ouvido e a voz estão ligados para a criança, pois não só a criança ouvinte regula, antes de tudo, a sua própria fonação pelos efeitos acústicos de que se apercebe, mas também a voz de outra pessoa age diretamente sobre emissão da a sua (CARNEIRO, 2013). 10 A partir do terceiro mês, podemos considerar uma coordenação entre a visão e a audição, que é logo de início uma relação de compreensão (reconhecimento de significações). Com relação à coordenação entre a audição e a fonação é ainda mais simples, pois toda fonação se faz logo acompanhar de uma percepção auditiva e por ela se rege. Por outro lado, acontece também o processo inverso sendo, por exemplo, o gemido deoutrem que alimenta o da criança. Dessa forma, os esquemas da fonação e da audição se assimilam reciprocamente. As crianças com deficiência auditiva podem se beneficiar do uso de aparelhos de amplificação sonora, pois possuem um resíduo auditivo tal que amplificado lhes dão informações auditivas bastante próximas daquelas de pessoas ouvintes. Dessa forma, sua escolarização deverá transcorrer naturalmente, porém com a atenção necessária para sua especificidade. 5 ESTRUTURA E INCLUSÃO ESCOLAR PARA DEFICIENTE AUDITIVO Fonte: cronicasdasurdez.com Ao matricular um filho deficiente auditivo na escola, os pais devem informar a mesma sobre a deficiência de seu filho, passar todas as informações necessárias em relação ao uso de aparelho de amplificação sonora individual (caso o aluno faça uso), em relação a terapias individuais que o aluno frequente (por exemplo, de fonoaudiologia), além de se colocarem a disposição para todo o acompanhamento escolar do filho. 11 Muitas vezes, porém, o processo pode ser inverso, sendo a deficiência auditiva percebida somente na escola em virtude de dificuldades encontradas pelo aluno. Nesse caso a escola deve notificar a família e sugerir uma avaliação audiológica para um diagnóstico preciso e as possíveis intervenções a serem feitas (CARNEIRO, 2013). Uma vez constatada a deficiência auditiva, a escola deverá organizar o ambiente de forma que a inclusão desse aluno seja garantida. O conceito de inclusão aqui apresentado está em consonância com a definição apresentada nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, que diz: o conceito de escola inclusiva implica uma nova postura da escola comum, que propõe no projeto pedagógico – no currículo, na metodologia de ensino, na avaliação e na atitude dos educadores – ações que favoreçam a interação social e sua opção por práticas heterogêneas. A escola capacita seus professores, prepara-se, organiza-se e adapta- se para oferecer educação de qualidade para todos, inclusive para os educandos que apresentem necessidades especiais. Inclusão, portanto, não significa simplesmente matricular todos os educandos com necessidades educacionais especiais na classe comum, ignorando suas necessidades específicas, mas significa dar ao professor e à escola o suporte necessário à sua ação pedagógica (CARNEIRO, 2013). Essa escola inclusiva está em processo de formação. Historicamente, nossa sociedade excluiu os alunos com deficiência do convívio da sala de aula comum, entendendo que sua aprendizagem se daria de forma mais adequada em ambientes restritos e adaptados. Temos a comprovação também histórica, que tal prática não resultou em modelos ideais de ensino e aprendizagem para tal clientela. Diante dessa constatação e de uma transformação gradual, a sociedade tem caminhado para busca de uma política de aceitação e reconhecimento das diferenças, de forma que no âmbito educacional esta política se traduz em uma escola de qualidade para todos. A escola inclusiva para o aluno deficiente auditivo se faz com a formação continuada de sua equipe escolar, da gestão aos serviços de apoio, garantindo assim conhecimento sobre a área e as especificidades de sua clientela. O professor tem um papel importante, como todos os outros elementos da equipe, necessitando de um acompanhamento especializado para fazer as adaptações necessárias em sua rotina de trabalho de forma a atender as necessidades educacionais especiais de seus 12 alunos deficientes auditivos, que a priori, pouco se diferenciam das necessidades dos demais alunos (CARNEIRO, 2013). O aluno com deficiência auditiva usuário de aparelho de amplificação sonora deve ter algumas necessidades especiais atendidas como: sentar-se próximo ao professor; ter um ambiente de sala de aula silencioso; ter colegas de classe informados sobre suas necessidades; ter abertura para expor dúvidas (quaisquer que sejam elas); ter direitos e deveres como todos os outros alunos; participar de todas as atividades etc. 5.1 Desafios Cada vez mais a inclusão vem sido mencionado pela sociedade, porém, ainda é vivenciada muita desigualdade social, seja ela associada à parte social como em programas de saúde, lazer e também na parte da educação. Um típico caso de desigualdade social é entre os mais favorecidos e os nem tanto em questões financeiras, sendo que quando um menos favorecido tenta se enquadrar no “mundo” de pessoas mais ricas, acabam sendo exemplos nítidos de exclusão social, como no caso, por exemplo, onde os países mais favorecidos tentam banir a entrada de estrangeiros menos favorecidos. Na questão educacional pode ser mencionado como exemplo a entrada de algum aluno menos favorecido em uma escola particular, onde provavelmente haverá a exclusão social em determinados momentos ou infelizmente em quase todo o tempo (RODRIGUES, 2006). Segundo Rodrigues (2006, p.301) “o conceito de inclusão está relacionado antes de mais nada com não ser excluído – isto é, com a capacidade de pertencer ou de se relacionar com uma comunidade”. Quando falado de inclusão em uma comunidade, esta é esperada que aconteça em uma comunidade do bem, próspera, com intenções positivas que seja politicamente correta para uma pessoa se integrar. O conceito de inclusão no âmbito específico da educação implica, antes de mais, rejeitar, por princípio, a exclusão (presencial ou acadêmica) de qualquer aluno da comunidade escolar. Para isso, a escola que pretende seguir uma política de educação inclusiva (EI) desenvolve políticas, culturas e práticas que valorizam a contribuição ativa de cada aluno para a formação de um conhecimento construído e partilhado –e, desta forma, atinge a qualidade acadêmica e sociocultural sem discriminação (RODRIGUES, 2006, p. 301). 13 Segundo Rodrigues (2006, p. 303) “Inclusão, a nosso ver, não é uma evolução da integração”. Pois, segundo o autor, na escola integrativa os alunos eram classificados em “deficientes” e “normais”, sendo que a lógica curricular, conteúdos e valores eram diferentes para os grupos, também o aluno “deficiente” não era considerado realmente como um membro da escola, pois se o seu aproveitamento ou comportamento não fossem satisfatórios, poderiam deixar de fazer parte daquela escola, retornando assim à escola especial. O autor ainda diz que a educação inclusiva é totalmente diferente da escola tradicional, pois esta tem o propósito de promover uma escola para todos, dando um total direito de todos poderem participar da mesma, analisando que todos os alunos possuem uma diferença e cada um possui uma pedagogia de ensino diferente para se obter um pleno desenvolvimento educativo, ou seja, todos são favorecidos e tratados igualmente. Segundo Ferreira (2006, p.87) “O discurso da integração e a pirâmide de serviços indicavam que 90% ou mais dos alunos considerados excepcionais deveriam ir para as classes comuns”. O autor ainda relata que nos últimos anos, na educação especial, houve uma grande demanda de matrículas, porém, a área é carecida em várias questões sendo algumas delas a falta de docentes capacitados, recursos orçamentários e instalações adequadas. Fonte: veja.abril.com.br Pensando na inclusão, é importante também abordar sobre a questão da formação dos professores. De acordo com Freitas (2006, p. 168) “a formação do professor para a educação geral muito pouco tem contribuído para a educação desses 14 alunos”. Ou seja, no termo “desses alunos”, diz respeito aos alunos que possuem necessidades especiais educacionais e, a formação que os professores recebem não está sendo o bastante para poder trabalhar com esse público de alunos. Também, o educador, sendo ele da classe comum ou especial, não deve se ater somente a sua formação acadêmica, para que haja mais competência no seu trabalho, é de extrema importância que participem de projetoseducativos e em movimentos profissionalizantes. Segundo Freitas, muitas vezes com base na sua própria vivência escolar ou até em alguns cursos de formação, o professor forma um pensamento padrão sobre o aluno, não percebendo a diversidade entre os vários alunos existentes, o que ocasiona nesses educadores que iniciam a profissão um período de tempo mais demorado para perceber e desfazer a ideia de que os alunos não são padrões. Romper com essas representações, discutir as questões relativas à função social da escola e à importância de seu trabalho, considerar a diversidade e a heterogeneidade dos alunos e a complexidade da prática pedagógica são dimensões essenciais a serem garantidas na formação do professor (FREITAS, 2006, p. 170) Sendo assim, o papel do professor diante dos alunos deve ser de compromisso com a aprendizagem, deixando de lado todas as diferenças que existem entre seus alunos, pois, tais desigualdades não podem se tornar motivos que possam levar a um ato de exclusão ou desigualdade (FREITAS, 2006). 6 DEFICIÊNCIA AUDITIVA Fonte: institutoitard.com.br 15 Segundo Alves (2012), a audição é de extrema importância no desenvolvimento tanto social como individual de todos os indivíduos como um ser. É através do sentido da audição que se torna possível desenvolver a própria identidade através da interação com o mundo, pois, é através do sistema auditivo que as informações são coletadas, portanto, ele é o responsável no reconhecimento e identificação de sons presentes no ambiente, auxiliando no desenvolvimento da comunicação oral e também da linguagem. Pela área da saúde e, tradicionalmente, pela área educacional, o indivíduo com surdez pode ser considerado: 6.1 Parcialmente surdo (com deficiência auditiva – DA) a) Pessoa com surdez leve – indivíduo que apresenta perda auditiva de até quarenta decibéis. Essa perda impede que o indivíduo perceba igualmente todos os fonemas das palavras. Além disso, a voz fraca ou distante não é ouvida. Em geral, esse indivíduo é considerado desatento, solicitando, frequentemente, a repetição daquilo que lhe falam. Essa perda auditiva não impede a aquisição normal da língua oral, mas poderá ser a causa de algum problema articulatório na leitura e/ou na escrita. b) Pessoa com surdez moderada – indivíduo que apresenta perda auditiva entre quarenta e setenta decibéis. Esses limites se encontram no nível da percepção da palavra, sendo necessária uma voz de certa intensidade para que seja convenientemente percebida. É frequente o atraso de linguagem e as alterações articulatórias, havendo, em alguns casos, maiores problemas linguísticos. Esse indivíduo tem maior dificuldade de discriminação auditiva em ambientes ruidosos. Em geral, ele identifica as palavras mais significativas, tendo dificuldade em compreender certos termos de relação e/ou formas gramaticais complexas. Sua compreensão verbal está intimamente ligada à sua aptidão para a percepção visual. 16 7 SURDOS Fonte: i.pinimg.com a) Pessoa com surdez severa – indivíduo que apresenta perda auditiva entre setenta e noventa decibéis. Este tipo de perda vai permitir que ele identifique alguns ruídos familiares e poderá perceber apenas a voz forte, podendo chegar até aos quatro ou cinco anos sem aprender a falar. Se a família estiver bem orientada pela área da saúde e da educação, a criança poderá chegar a adquirir linguagem oral. A compreensão verbal vai depender, em grande parte, de sua aptidão para utilizar a percepção visual e para observar o contexto das situações. b) Pessoa com surdez profunda – indivíduo que apresenta perda auditiva superior a noventa decibéis. A gravidade dessa perda é tal que o priva das informações auditivas necessárias para perceber e identificar a voz humana, impedindo-o de adquirir a língua oral. As perturbações da função auditiva estão ligadas tanto à estrutura acústica quanto à identificação simbólica da linguagem. Um bebê que nasce surdo balbucia como um de audição normal, mas suas emissões começam a desaparecer à medida que não tem acesso à estimulação auditiva externa, fator de máxima importância para a aquisição da linguagem oral. Assim, tampouco adquire a fala como instrumento de comunicação, uma vez que, não a percebendo, não se interessa por ela e, não tendo retorno auditivo, não possui modelo para dirigir suas emissões. 17 Esse indivíduo geralmente utiliza uma linguagem gestual, e poderá ter pleno desenvolvimento linguístico. Pela área da saúde e, tradicionalmente, pela área educacional, o indivíduo com surdez pode ser considerado: Surdez leve/moderada: assim considerada quando a perda auditiva ocorre entre 40 e 70 decibéis em ambos os ouvidos e dificulta, mas não impede, a pessoa de se expressar oralmente, bem como de perceber a voz humana com ou sema utilização de uma prótese auditiva. Surdez severa/profunda: assim considerada quando a perda auditiva ocorre acima de 70 decibéis, o que vai impedir a pessoa de entender, com ou sem aparelho auditivo, a voz humana, bem como de adquirir naturalmente o código da língua oral (fala). Sistema auditivo: Fonte: Google (2017) 18 8 OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS Mais de 9 milhões de brasileiros declararam ter deficiência auditiva ao IBGE no Censo Demográfico realizado em 2010. Destes, 2,1 milhões (21%) afirmaram ter deficiência auditiva severa, sendo 344,2 mil surdos e 1,7 milhão com grande dificuldade em ouvir. Em 2015, a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) informou que apenas 80 mil pessoas com algum nível de surdez trabalhavam com carteira assinada. Antes de ser um problema apenas do mercado, a baixa contratação de surdos e deficientes auditivos têm a sua raiz no acesso à educação básica e superior. 8.1 A raiz dos desafios na educação de surdos é histórica No Brasil, em 2002, a Lei 10.436 oficializou a Língua Brasileira de Sinais e instituiu a presença de um tradutor ou intérprete de línguas em diversos espaços. Quatorze anos depois, mesmo com a legislação, ainda existem vários déficits no cumprimento do que foi estabelecido. No entanto, é preciso lembrar que já foi ainda pior. As pessoas surdas foram recorrentemente excluídas do convívio social durante séculos. A atitude partia da ideia de que sem a linguagem oral não era desenvolvido o pensamento, ou seja, quem não escuta não fala e quem não fala não pensa. Sendo assim, eram privados da educação básica. A ideia se estendia a questão religiosa, para Igreja Católica os surdos não podiam se salvar por não conseguirem confessar seus pecados. Mulheres e homens com surdez não podiam receber herança familiar ou se casar. Só no século XVII que as primeiras escolas de surdos surgiram na Europa, mudando parcialmente o contexto. No Brasil, ainda demorou mais um tempo. O Imperial Instituto de Surdos Mudos, hoje, Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), foi fundado em 1857 no Rio de Janeiro. Ao longo da jornada educacional de surdos, três correntes metodológicas ou filosóficas se destacam, são elas: o oralismo, a comunicação total e o bilinguismo (NASCIMENTO, 2018). Oralismo 19 O oralismo é um modelo clínico que parte do pressuposto que a surdez é uma deficiência que deve ser minimizada pelo estímulo auditivo, o equivalente a reabilitar para a “normalidade”. Defendido no Congresso Internacional de Educação de Surdos em Milão, Itália, em 1880, o método propunha desenvolver a fala em pessoas surdas. O congresso contou com a presença de muitos ouvintes (não-surdos). Segundo Anderson Douglas, professor da pós-graduação em Educação Inclusiva da UNINASSAU, a partir desse evento foi adotado o oralismo como forma de ensino para surdos. Contudo, a linguagem de sinais, que já estava em desenvolvimento antes disso, foi proibida emescolas de alguns países. Uma das primeiras medidas implementadas foi obrigar que os alunos sentassem sobre as próprias mãos durante a aula. O método oralista foi aplicado por mais de cem anos e resultou em vários surdos analfabetos marcados pela violência simbólica e institucional (NASCIMENTO, 2018). Comunicação Total Quando o oralismo se mostrou ineficiente, foi adotado o modelo de comunicação total. O método consistia em usar qualquer que fosse a forma para resgatar a comunicação de pessoas surdas. Eram usadas as mímicas, os gestos, a linguagem de sinais e a leitura labial. Esse método não era contraposto ao oralismo, mas utilizado de forma complementar. A comunicação total também não foi suficientemente efetiva, uma vez que fazia uso da oralidade junto aos demais tipos de comunicação de forma simultânea. Como a fala e a linguagem de sinais eram línguas distintas, o uso combinado das duas dificultava o processo de aprendizagem (NASCIMENTO, 2018). Bilinguismo Contraposto aos dois métodos apresentados anteriormente, o bilinguismo promove o aprendizado através de duas línguas: a língua portuguesa (escrita) e linguagem brasileira de sinais (Libras). O canal visual é extremamente valorizado na educação de surdos por esse método, dando ênfase a Libras como língua que possui características próprias. O professor Anderson pontua que “o bilinguismo vem com grande força nesses nossos últimos dias. O problema é que, muitas vezes até por 20 uma questão dos pais não aceitarem o seu filho enquanto surdo, eles tentam colocá- lo para aprender a falar”. 8.2 Quais são os atuais desafios na educação de surdos no Brasil? Como dito anteriormente, mesmo sendo estabelecido por lei a presença de intérpretes de Libras em diferentes espaços, essa não é a realidade encontrada. Segundo Anderson Douglas, em alguns municípios na Zona da Mata Norte de Pernambuco não existe sequer um tradutor. Devido a quantidade de pessoas surdas e deficientes auditivos no Brasil, muitos são os alunos, mas poucos são os professores que realmente estão preparados para atuar com eles (NASCIMENTO, 2018). A Lei 5.626 de 2005 institui o ensino de Libras para os cursos de formação de professores, sejam eles de nível superior, médio ou de magistério. Algumas instituições ainda não disponibilizam a disciplina. Além de toda essa problemática, mestres e doutores com surdez defendem que o ensino de pessoas surdas deve ser feito por professores surdos. Professores surdos entendem os entraves, os obstáculos e como é que eles podem de fato criar mecanismos para poder tratar determinados assuntos específicos que professores ouvintes terão mais dificuldade em trabalhar. Entretanto, a quantidade de docentes surdos com nível superior ainda é baixa devido aos problemas de acesso à educação fundamental e de nível médio. Um dos caminhos para trabalhar a raiz desse problema é o da educação escolar inclusiva (NASCIMENTO, 2018). 8.3 Compreendendo o atendimento educacional especializado e a sala de recursos A Lei de Diretrizes e Bases 9394 de 1996 dispõe sobre o atendimento educacional especializado: Art. 4º, III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. Art. 58, § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela da educação especial. Eugênia Augusta Gonzaga Fávero (2011, p. 19) nos diz que o atendimento educacional especializado vem sendo visto e executado de duas maneiras, bastante distintas: A primeira baseia- se na organização de escolas separadas, chamadas de especiais ou especializadas, 21 voltadas apenas para pessoas com deficiência, que às vezes substituem totalmente a escola comum. A segunda maneira de executar o ensino especializado é a que vem sendo bastante propagada pelos que defendem a inclusão escolar, ou seja, a frequência a um mesmo ambiente por alunos com ou sem deficiência, dentre outras características. Evidenciamos que o atendimento educacional especializado (AEE) objetivado em nosso trabalho é a segunda maneira colocada por Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, onde todos os alunos independentemente de suas limitações ou diferenças dividiriam o mesmo espaço e também as mesmas experiências de aprendizagem, sendo o AEE realizado como apoio educacional, garantindo assim o direito de acesso à educação à todos, lembrando ainda que o processo inclusivo é favorável não apenas para os alunos com deficiência, mas para a formação humana do aluno. Para a implementação do Decreto nº 6.571/2008, a Resolução CNE/CEB nº 4/2009, no art. 1º, estabelece que os sistemas de ensino devem matricular os alunos público alvo da educação especial nas classes comuns do ensino regular e no atendimento educacional especializado, ofertado em salas de recursos multifuncionais ou centros de atendimento educacional especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos (RIBEIRO et al, 2011). De acordo com essas diretrizes, no art. 5º, o AEE é realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou de outra escola, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns. A elaboração e execução do Plano de AEE são de competência dos professores que atuam nas salas de recursos multifuncionais em articulação com os demais professores do ensino comum, com a participação da família e em interface com os demais serviços setoriais, conforme disposto no art. 9º. O art. 10º nos fala que - salas de recursos multifuncionais: espaço físico, mobiliário, materiais didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade e equipamentos específicos para que ocorra o Atendimento Educacional Especializado (RIBEIRO et al, 2011). 8.4 O atendimento educacional especializado e os alunos com deficiência auditiva O processo de ensino aprendizagem da criança com deficiência auditiva é diferenciado e está muito ligada a comunicação escolhida pelos pais que determina 22 assim a tendência educacional a ser utilizada. Quanto as tendências subjacentes à educação das pessoas com surdez Mirlene Ferreira Macedo Damázio (2007) nos diz que existem três tendências: a oralista, a comunicação total e a abordagem por meio do bilinguismo. As escolas comuns ou especiais, visam à capacitação da pessoa com surdez para que possa utilizar a língua da comunidade ouvinte na modalidade oral, como única possibilidade linguística, de modo que seja possível o uso da voz e da leitura labial, tanto na vida social, como na escola. A comunicação total considera as características da pessoa com surdez utilizando todo e qualquer recurso possível para a comunicação, a fim de potencializar as interações sociais, considerando as áreas cognitivas, linguísticas e afetivas dos alunos. A abordagem educacional por meio do bilinguismo visa capacitar a pessoa com surdez para a utilização de duas línguas no cotidiano escolar e na vida social, quais sejam: a Língua de Sinais e a língua da comunidade ouvinte. (DAMÁZIO, 2007, p. 19). O oralismo e a comunicação total negam a utilização da língua de sinais, negando também a identidade, a cultura surda, bem como a língua que é natural do surdo, numa tentativa de homogeneização dos alunos, essas tendências educacionais tem falhado legitimando o fracasso escolar. Em respeito a identidade surda e a sua cultura, bem como ser a possibilidade de mais sucesso escolar por parte do aluno, o bilinguismo tem sido a modalidade mais utilizada para o ensino de pessoas com deficiência auditiva. No que diz respeito à inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, Luísa de Marillac Xavier dos Passos Pantoja e Maria Teresa Égler Mantoan nos dizem: (...) A escola deve providenciar um instrutorde LIBRAS (de preferência surdo) para os alunos que ainda não aprenderam a língua e cujos pais tenham optado pelo seu uso. Obedecendo aos princípios inclusivos, a aprendizagem da LIBRAS deve acontecer preferencialmente na sala de aula desse aluno e oferecida a todos os demais colegas e ao professor, para que se possa haver comunicação entre todos. (FÁVERO, PANTOJA & MANTOAN, 2007, p. 39) Para que ocorra a aprendizagem da libras para o aluno que os pais optaram pela utilização da mesma é necessário que todos os alunos, professores e funcionários da escola aprendam libras pois a inclusão não ocorre apenas em sala de aula, mas desde a recepção no portão da escola, para que o aluno se sinta pertencente aquela unidade de ensino. Não é apenas a utilização da libras que garantirá o processo de ensino aprendizagem significativo, é necessário haver uma 23 escola preparada para estimular esse aluno em suas capacidades e em todos os sentidos. Quanto ao instrutor de libras ser preferencialmente surdo é por uma questão de aproximação da cultura e da identidade surda por parte do aluno e também por ele ser nato nesta língua. O trabalho pedagógico realizado pelo atendimento educacional especializado é dividido em três momentos como explica Mirlene Ferreira Macedo Damázio (2007): Momento do atendimento educacional especializado em libras na escola comum, em que todos os conhecimentos dos diferentes conteúdos curriculares, são explicados nessa língua por um professor, sendo o mesmo preferencialmente surdo. Este trabalho é realizado todos os dias, e destina-se a pessoa com surdez. Momento do atendimento educacional especializado para o ensino de libras na escola comum, no qual os alunos com surdez terão aula de LIBRAS, favorecendo o conhecimento e a aquisição principalmente de termos científicos. Este trabalho é realizado pelo professor e / ou instrutor de LIBRAS (preferencialmente surdo), de acordo com o estágio de desenvolvimento da Língua de Sinais em que o aluno se encontra. Momento do atendimento educacional especializado para o ensino da língua portuguesa, no qual são trabalhadas as especificidades dessa língua para pessoas com surdez, á parte das aulas da turma comum, por uma professora de língua portuguesa, graduada nesta área preferencialmente. O atendimento deve ser planejado a partir do diagnóstico do conhecimento que o aluno tem a respeito da língua portuguesa. (DAMÁZIO, 2007, p. 35). O trabalho pedagógico neste contexto depende de um trabalho conjunto de diversos profissionais como o professor da classe regular, o instrutor de libras, o intérprete que atua em sala de aula regular e o professor de língua portuguesa em um período adicional de horas para que o atendimento ocorra e ocorra o processo de ensino aprendizagem. Viabilizar turmas ou escolas comuns abertas a alunos surdos e ouvintes, onde as línguas de instrução sejam a língua portuguesa e libras. É necessário que um professor de português e o professor de atendimento educacional especializado em libras trabalhem em parceria com o professor de sala de aula, para que o aprendizado do português escrito e de libras por esses alunos sejam contextualizados. Esses aprendizados devem acontecer em ambientes específicos para alunos surdos, constituindo um atendimento educacional especializado. (FÁVERO, PANTOJA & MANTOAN, 2007, p. 39). 24 Um ambiente favorável para o ensino aprendizagem de uma criança com deficiência auditiva é um ambiente bilíngue, onde o companheirismo e a contribuição devem ser de todos que direta ou indiretamente atuam com este aluno. Os recursos e materiais, principalmente os visuais, devem estar presentes neste ambiente (RIBEIRO et al, 2011). 9 PROFESSORES, O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA ESCRITA (LPE) E OS ALUNOS SURDOS Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com A situação linguística dos sujeitos surdos brasileiros precisa ser levada em consideração. As crianças surdas são, em sua maioria, filhas de pais ouvintes que nunca tiveram contato com a língua de sinais (MOURA, 2013). Por este motivo, ressalta-se que a Libras não pode ser apontada como “língua materna dos surdos brasileiros”, pelo menos não no sentido de como aquela que se aprende com a família (COX, 2004). Considerar a Libras como L1 também não é inteiramente possível no sentido de “ordem de aquisição”, pois, como apontado por Quadros, a maioria dos alunos surdos terá contato com a Libras apenas no ambiente escolar ou em outros espaços na relação com pares surdos usuários dessa língua. A partir da perspectiva do bilinguismo para educação de surdos, é que se aponta a necessidade do ensino da língua portuguesa como L2 para alunos surdos. Com a obrigatoriedade legal de uso da LPE por esses sujeitos (BRASIL, 2002), há uma demanda crescente de estratégias para esse ensino. 25 Essa obrigatoriedade legislativa provoca mudanças de atitudes e práticas desenvolvidas pelas instituições da sociedade, entre elas a escola, que talvez seja a que sofre impacto mais aparente dessas “novas” demandas sociais. Referente à inclusão escolar de alunos surdos, é relevante compreender a visão que os professores têm da criança surda, da sua participação nas atividades escolares e as formas específicas de ensino (LACERDA; LODI, 2014), assim como a relação com os demais atores do contexto escolar (BETTI; CAMPOS, 2016). Os professores estabelecem relações de diversas ordens durante sua atuação no processo de ensino-aprendizagem. Uma das formas de compreender essas relações (e será abordada aqui) é a proposta por Charlot, que se refere as relações que o professor estabelece com o saber, e são definidas como: relações com o mundo, consigo mesmo e com o outro, onde cada professor as estabelece de uma forma particular. A partir dessa perspectiva, a relação com o saber é definida como “uma forma da relação com o mundo”. Por se dar de forma diferente para cada um, é permeada e movida pelos desejos dos sujeitos, com histórias particulares que constituem a singularidade desses e as suas formas de dar sentido ao mundo que se relacionam. No caso dos professores que atuam com ensino de LPE para alunos surdos, pode-se entender a relação com o mundo como uma relação com um local onde os alunos e esses professores estão presentes, assim como saberes escolares e os demais agentes presentes nesse ambiente. Entre os saberes que serão mobilizados estão os que foram abordados na sua formação, como as noções teóricas a respeito da LPE, uma vez que: [...] de alguma forma, o professor que teve acesso, durante sua formação acadêmica, a informações teóricas sobre essas noções, acaba por atualizá- las ou mobilizá-las, em sala de aula [...]. No entanto, em sua atuação efetiva, o professor necessita mobilizar outros conhecimentos como aqueles previstos pelo livro didático que esteja sendo utilizado na escola. O resultado é que, em sua prática, o professor produz adaptações, e a noção teórica (como a de texto), tal como formulada inicialmente pela Linguística, é transformada ou (re) construída, juntamente com outros saberes ou conteúdos, para atender às necessidades da situação de sala de aula. Assim, o professor constrói, em sua prática, conceitos, que já não são mais exatamente aqueles previstos pela teoria linguística e/ou por obras de divulgação, mas são objetos próprios da situação de ensino (RAFAEL, 2001, p. 158). A busca pela compreensão dos sujeitos surdos a partir de uma visão propositiva é algo que deve integrar as discussões e reflexões acerca desses sujeitos 26 no processo de formação de professores. Essa é uma das abordagens que pode favorecer a mudança na dimensão social das relações dos professores com os alunos surdos e com o ensino de LPE para esses sujeitos. Isso nos leva a observar essas questões de forma mais ampla, sendo necessário refletir sobre as políticas educacionaise suas formas de desenvolvimento, como também sobre a formação oferecida aos professores para enfrentar os desafios contemporâneos das salas de aula na educação básica (SILVA; ALMEIDA; GATTI, 2016). Possibilitar o contato com a questão do ensino para alunos com deficiência e da educação especial é um aspecto que precisa ser discutido a respeito dos currículos de formação de professores. Vale salientar que a discussão da deficiência e da inclusão durante a formação tem reflexo na atuação docente. “Mais do que ensinar, monitorar ou criticar, o que importa numa relação de aprendizagem são as crenças, os objetivos e as intenções que circulam por todos os participantes do processo” (COELHO, 2012, p. 133). Neste sentido, o professor precisa se reconhecer enquanto agente no processo de ensino aprendizagem dos alunos, apresentando objetivos e intenções que favoreçam a efetivação desse processo para todos os alunos, dentre eles, os alunos surdos. Dessa forma, se essas questões forem abordadas na formação, as expectativas dos professores podem ser voltadas para a possibilidade ou “educabilidade” dos alunos surdos, influenciando o seu posicionamento frente ao ensino de LPE para eles. Esse posicionamento é refletido por meio das relações que os professores estabelecem com eles mesmos, com o ensino de LPE para alunos surdos, e com os alunos surdos. A atuação docente desses professores pode ser organizada de forma que favoreça a efetivação do processo de ensino-aprendizagem desses alunos. 10 LEGISLAÇÃO Na sequência será descrito na íntegra sobre os decretos aprovados no ministério da educação sobre a educação especial, a qual envolve a lei de integração da pessoa portadora de deficiência e a lei sobre a língua brasileira de sinais. 1.4.1 Lei de integração da pessoa portadora de deficiência 27 De acordo com o ministério da Educação, há o decreto nº 3.298, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1999, regulamenta a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras providências. Art. 1º A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência compreende o conjunto de orientações normativas que objetiva assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência. Art. 2º Cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público assegurar à pessoa portadora de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à previdência social, à assistência social, ao transporte, à edificação pública, à habitação, à cultura, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. Art. 3º Para os efeitos deste Decreto, considera-se: I -deficiência -toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; II -deficiência permanente -aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; III -incapacidade -uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. Art. 4º É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias: I - Deficiência física -alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de 28 membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; II - Deficiência auditiva -perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, variando de graus e níveis na forma seguinte: Fonte: image/jpeg a) de 25 a 40 decibéis (db) -surdez leve; b) de 41 a 55 db -surdez moderada; c) de 56 a 70 db -surdez acentuada; d) de 71 a 90 db -surdez severa; e) acima de 91 db -surdez profunda; e f) anacusia; III - Deficiência visual -acuidade visual igual ou menor que 20/200 no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º (tabela de Snellen), ou ocorrência simultânea de ambas as situações; IV -deficiência mental -funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: a) comunicação; b) cuidado pessoal; c) habilidades sociais; d) utilização da comunidade; 29 e) saúde e segurança; f) habilidades acadêmicas; g) lazer; h) trabalho; V -deficiência múltipla -associação de duas ou mais deficiências. Art. 5º A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, em consonância com o Programa Nacional de Direitos Humanos, obedecerá aos seguintes princípios; I -desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da sociedade civil, de modo a assegurar a plena integração da pessoa portadora de deficiência no contexto socioeconômico e cultural; II -estabelecimento de mecanismos e instrumentos legais e operacionais que assegurem às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciam o seu bem-estar pessoal, social e econômico; e III -respeito às pessoas portadoras de deficiência, que devem receber igualdade de oportunidades na sociedade por reconhecimento dos direitos que lhes são assegurados, sem privilégios ou paternalismos. Art. 6º São diretrizes da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência: I -estabelecer mecanismos que acelerem e favoreçam a inclusão social da pessoa portadora de deficiência; II -adotar estratégias de articulação com órgãos e entidades públicos e privados, bem assim com organismos internacionais e estrangeiros para a implantação desta Política; III -incluir a pessoa portadora de deficiência, respeitadas as suas peculiaridades, em todas as iniciativas governamentais relacionadas à educação, à saúde, ao trabalho, à edificação pública, à previdência social, à assistência social, ao transporte, à habitação, à cultura, ao esporte e ao lazer; IV -viabilizar a participação da pessoa portadora de deficiência em todas as fases de implementação dessa Política, por intermédio de suas entidades representativas; 30 V -ampliar as alternativas de inserção econômica da pessoa portadora de deficiência, proporcionando a ela qualificação profissional e incorporação no mercado de trabalho; e VI -garantir o efetivo atendimento das necessidades da pessoa portadora de deficiência, sem o cunho assistencialista. Art. 7º São objetivos da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência: I -o acesso, o ingresso e a permanência da pessoa portadora de deficiência em todos os serviços oferecidos à comunidade; II -integração das ações dos órgãos e das entidades públicos e privados nas áreas de saúde, educação, trabalho, transporte, assistência social, edificação pública, previdência social, habitação, cultura, desporto e lazer, visando à prevenção das deficiências, à eliminação de suas múltiplas causas e à inclusãosocial; III -desenvolvimento de programas setoriais destinados ao atendimento das necessidades especiais da pessoa portadora de deficiência; IV -formação de recursos humanos para atendimento da pessoa portadora de deficiência; e V -garantia da efetividade dos programas de prevenção, de atendimento especializado e de inclusão social. 11 POLÍTICA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Fonte: concursoprofessores.com.br 31 A educação inclusiva compõe um paradigma educacional baseado na concepção de direitos humanos, da valorização do ser humano onde prevalece à ideia de equidade, sem nenhum tipo de preconceito. A inclusão escolar, como declara (BUDEL GC; MEIER M, 2012), implica em fazer com que a criança com deficiência se sinta como sendo uma parte do meio em que está inserida. Sendo assim, todos, sem exceção, participam do processo de aprendizagem e das atividades educacionais propostas, contando com o apoio da escola, da equipe multidisciplinar, professores, família e comunidade. Segundo (MARQUES R, 2001 apud DESSEN, POLONIA, 2007, p. 6), afirma que a função da escola no século XXI tem como objetivo precípuo o de estimular o potencial do aluno, levando em consideração as diferenças socioculturais em prol da aquisição do seu conhecimento e desenvolvimento global. Logo, depende das transformações das práticas e das políticas vigentes na escola e nos sistemas de ensino. Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU, 1948. Os direitos humanos nascem da necessidade sociais e individuais inerentes a dignidade humana. A diferenciação funcional permite, mediante a especificação de problemas sociais e códigos da comunicação voltados para sua solução da situação pre existente. Com isso a sociedade ganha a liberdade de praticar seus direitos em todas as esferas sem preconceitos e violação de seus direitos. O conceito de política no contexto educacional é monitorado e controlado pelo sistema. É dada a escola uma autonomia que na verdade ela não tem. Há um domínio por parte dos órgãos interessado sem controlar a educação. Para (CARVALHO JD, 2016, p. 01). “A análise das políticas públicas traz importantes contribuições para a compreensão do funcionamento das instituições políticas e de como estas lidam com as complexidades da realidade social na atualidade”. Dessa forma, a política pública voltada para a inclusão só se torna sólida e sustentável com ações consecutivas pautadas a cada uma das seguintes dimensões: políticas públicas, gestão escolar, estratégias pedagógicas, famílias e parcerias. Porém, falta, nesse contexto, esse envolvimento. Quando nos referimos às políticas públicas educacionais, é fundamental considerar o papel do Estado, nesse processo. A educação inclusiva demanda e envolve a ação direta de diferentes atores e esferas sociais que se relacionam de modo interdependente, numa perspectiva de rede, “[...]compreender a surdez como diferença significar e conhecer politicamente essa diferença”. Quando se trata de 32 políticas públicas, estamos nos referindo ao conjunto de leis, diretrizes, onde abrange as instâncias legislativa, executiva e judiciária buscando concretizar o direito à educação inclusiva em um determinado país ou território. Assim, ao analisarmos as políticas públicas vigentes na atualidade a esse respeito, no Brasil estão estabelecidos a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (2008) Site externo e o Plano Nacional de Educação (2014) Site externo, além da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996). Site externo. Essa legislação, originária de diferentes órgãos, estabelece as diretrizes que cada educador deve conhecer. Em relação à gestão escolar, se refere às diversas etapas de planejamento e desenvolvimento das atividades de direção de uma instituição de ensino. Abrange a construção dos projetos político-pedagógicos, a elaboração dos planos de ação, a gestão dos processos internos da instituição e de suas relações com a comunidade. Esse conhecimento ajuda e muito nesse processo de inclusão, segundo (LUCK H, 2006) é preciso diante de uma gestão democrática implementar programas educativos com diretrizes democráticas, para contribuir de forma que priorize coletivamente todos as soluções de acordo com a problemática que cada ser apresente. Já as estratégias pedagógicas são as ações voltadas para o ensino regular com abrangência e ações voltadas ao ensino e aprendizagem de todos incluindo também o processo avaliativo. É fundamental, sempre que possível, avaliar se essas estratégias estão dando certo ou não, podendo mudá-la a qualquer momento. O importante é que se atinja o objetivo desejado que é o processo de aprendizagem, (HOFFMANN J,2014) presa por uma avaliação mediadora e observacionista, para ela o processo avaliativo deve acontecer de forma continua, na medida que o aluno vai desenvolvendo suas habilidades, o professor deverá estar atento para tal evolução de cada situação. Para a autora esse processo deve iniciar logo nos primeiros anos de escolaridade e deve perpassar por toda trajetória escolar percorrido pelo aluno. Quanto ao envolvimento da família dos educandos com a escola, é de suma importância esse elo família e escola. São duas instituições que proporcionam o desenvolvimento essencial das crianças com deficiências para sua trajetória de vida e para sua constituição enquanto indivíduos autônomos. De acordo com (REGO T C, 2003 apud DESSEN, POLONIA, 2007, p. 5), “é nesse espaço físico, 33 psicológico, social e cultural que os indivíduos processam o seu desenvolvimento global, mediante as atividades programadas e realizadas em sala de aula e fora dela”. Dessa forma, ambas precisam uma da outra tanto para o planejamento escolar, discutindo dificuldades e potencialidades, quanto para o desenvolvimento das atividades escolares e análise das relações estabelecidas. É fundamental romper com os preconceitos existentes e entender as potencialidades e capacidades existentes em cada indivíduo. E daí, procurar trabalhar e preparar esses indivíduos para o exercício laboral e para ser cidadã (o). Os princípios não são negociáveis. As atitudes sim, podem ser mudadas. Esse é o desafio. Os desafios aparecem nas relações entre pessoas diferentes convivendo no espaço comum. Fazer a escola para todos é aceitar o desafio de reinventar cotidianamente o mundo em que vivemos, Soares em sua frase que leva a reflexão do mecanismo de defesa do indivíduo diz que: “[...] leva à ferida identitária que não cicatriza” (SOARES E G, 2008, p. 13). O que Soares nos traz nessa frase é a certeza que é impossível esconder ou tirar algo que é seu, o que precisa é o respeito e a tolerância para que viva em uma sociedade sem enfrentamento de preconceitos. 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Z. L. de M.; ROCHA, T.C. de M.; SCHETTINI, R. C. Distúrbio do processamento auditivo: o que é? Orientações aos pais e professores. 2ª ed. Ribeirão Preto, SP: Book Toy, 2011. ALVES, E. R. Caracterizando a surdez: fundamentação para intervenções no espaço escolar. Revista Lugares de Educação, Paraíba, v. 2, n. 2, p. 75-92, Jul.-Dez. 2012. ARVALHO J D. Políticas públicas e inclusão social no Brasil: um olhar sobre a educação superior. Revista Jus Navigandi. Publicado em jun. de 2016. 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