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Lucineide Machado Pinheiro 1ª Ed. / Março / 2010 Impressão em São Paulo - SP Editora LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS LIBRAS I Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 Língua Brasileira de Sinais - Línguas I Coordenação Geral Nelson Boni Coordenação de Projetos Leandro Lousada Professora Responsável Lucineide Machado Pinheiro Coordenadora Pedagógica de Cursos EaD Profª. Me. Maria Rita Trombini Garcia Projeto Gráfico,Diagramação e Capa Glaucia Ferraro Revisão Ortográfica Nádia Fátima de Oliveira Marcela Aparecida de Oliveira 1º Edição: Setembro de 2013 Impressão em São Paulo/SP Copyright © EaD Know How 2013 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. P654L Pinheiro, Lucineide Machado. Língua brasileira de sinais: libras I / Lucineide Machado Pinheiro. – São Paulo : Know How, 2010. 179 p. : 21 cm. : il. Inclui bibliografia ISBN : 978-85-63092-34-2 1. Língua de sinais. 2. Libras. 3. Educação para surdos. 4. Legislação especifica. I. Título. II. Libras I. CDD – 419.03 Parabéns! Você está recebendo o livro-texto da discipli- na de LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS I, construído especialmente para este curso, baseado no seu perfil e nas necessidades da sua formação. A finalidade deste livro é disponibilizar aos alunos da EAD conceitos e exercícios referentes a Língua de Sinais Brasileira I. Estamos constantemente atualizando e melho- rando este material, e você pode nos auxiliar, encami- nhando sugestões e apontando melhorias, via monitor, tutor ou professor. Desde já agradecemos a sua ajuda. Lembre-se de que a sua passagem por esta disci- plina será também acompanhada pelo Sistema de Ensino EaD Know How, seja por correio postal, fax, telefone, e- -mail ou Ambiente Virtual de Aprendizagem. Entre sempre em contato conosco quando surgir alguma dúvida ou dificuldade. Participe dos bate-papos (chats) marcados e envie suas dúvidas pelo Tira-Dúvidas. Toda equipe está à disposição para atendê-lo(a). Seu desenvolvimento intelectual e profissional é o nosso maior objetivo. Acredite no seu sucesso e tenha bons momentos de estudo! Equipe EaD Know How Carta do Professor 01 | Língua e Linguagem 02 | Surdos e Ouvintes 03 | Língua de Sinais Brasileira - Libras 04 | Parâmetros da Língua de Sinais Brasileira - Libras 05 | Fundamentos Históricos da Educação dos Surdos 06 | Legislação Específica 07 09 31 45 71 101 123 7 Caríssimo (a), Na antiguidade, os surdos eram considerados seres castigados pelos deuses e viviam enclausurados. A surdez era entendida como uma patologia que deveria ser curada, como algo contagioso. Essas pessoas, não tinham direito a herança, a voto e nem mesmo a um sistema de comunicação. A história da educação dos surdos no Brasil re- lata que muitas lutas foram travadas, no sentido de pro- mover um novo olhar sobre as diferenças. Dessa forma, a surdez hoje não é mais considerada como uma doença a ser curada, como algo contagioso; os surdos, não são mais vistos como deficientes e sim como diferentes; pes- soas que possuem habilidades e talentos que podem ser desenvolvidas. Hoje em dia, essas habilidades e talentos têm sido expressos através da Língua de Sinais Brasileira – Libras, que foi considerada por muito tempo como uma linguagem e proibida de utilização nas escolas de surdos no começo do século XX. A Língua de Sinais Brasileira – Libras, oficiali- zada em 24 de março de 2002, representa uma das inú- meras conquistas dos surdos brasileiros. Convido você a conhecer o mundo dos surdos e sua fascinante Língua de Sinais Brasileira – Libras. Seja bem-vindo! Professora Lucineide Machado Pinheiro C ar ta d o P ro fe ss or 11 Desde os tempos mais remotos o homem procura registrar os fatos importantes da sua época, do seu tempo. As alternativas e os recursos para alcançar tal objetivo, no que diz respeito à transmissão e a recepção da mensagem, são inúmeros, como exemplo podemos: recursos físicos (fala, audição, visão) e instrumentos técnicos como o uso de sistemas convencionais de signos ou da própria palavra. O homem pré-histórico, mesmo antes da invenção da escrita, se utilizava de impressões feitas nas paredes das cavernas, as conhecidas pinturas rupestres, para registrar uma determinada informação. Porém, estas impressões ain- da não se caracterizavam como um sistema de escrita, em virtude de não existir uma organização social que padroni- zasse todas as representações gráficas. Um dos primeiros sistemas de escrita, foi criado pelos povos da Mesopotâmia, eles inventaram um tipo de es- crita feita em argila conhecida como cuneiforme. Em 5.000 a.C., os egípcios inventaram os ideogramas, que são conjun- tos de desenhos estilizados, e em 4.000 anos a.C. eles desen- volveram a escrita em papiros. Somente em 3.200 anos a.C. a escrita sagrada egípcia foi estabelecida através dos hie- róglifos. Estes documentos oficiais são úteis como fonte de registro histórico da cultura e história desses povos ao longo dos tempos, através deles podemos perceber que há muito tempo o homem demonstrava a necessidade de comunicação. Sobre a comunicação, SACKS (2007, p.22), afirma que: Ser deficiente na linguagem, para um ser humano, é uma das calamidades mais terríveis, porque é apenas por meio da língua que entramos plenamente em nosso estado e cultura humanos, que nos comunicamos livremente com nossos semelhantes, adquirimos e compartilhamos infor- mações. Dessa forma, podemos perceber que em todas as épocas sempre existiu a necessidade de interação social através da comunicação. Além dessa necessidade, há o fato da busca incessante em entender os processos comunicati- vos, principalmente no que concerne aos conceitos de lín- gua, linguagem e as características que as distinguem. Convido você para estudamos todos esses concei- tos que serão fundamentais para darmos sequência ao nosso curso. 13 Linguagem é comumente utilizada para designar toda e qualquer forma de comunicação, possuindo um sen- tido mais amplo, quer sejam sistemas naturais ou artificiais. Assim temos: | a. a linguagem dos animais, como por exemplo: os maca- cos quando estão à procura de alimento ou de acasalamento, emitem sons que caracterizam a sua solicitação específica, sendo assim considerada como uma linguagem natural. | b. a linguagem das máquinas e dos computadores, que emi- tem sinais sonoros ou visuais para transmitirem alguma in- formação, estes, são chamados de sistemas artificiais Pesquisas desenvolvidas sobre o comportamen- to das abelhas por Karl Von Frisch, foram analisados por Benveniste para explicar o funcionamento da comunicação animal. Para Benveniste apud Temóteo (2008), a comunica- ção das abelhas “não é linguagem, é um código de sinais”, porque esta é limitada, não permitindo criar ou decodificar realidades diferentes do seu habitat natural, resumindo a sua comunicação ao grupo no qual está inserida por não haver a reciprocidade necessária para a linguagem. Ele refuta a in- terpretação linguística behaviorista, demonstrando que a lin- guagem humana, diferentemente das linguagens das abelhas e outros animais, não pode ser simplesmente reduzida a um sistema de estímulo-resposta. De acordo com LOPES (2000, p.37-38), “a linguagem dos animais não é um produto cultu- ral, (...) é invariável; (...) composta de índices (isto é de um 1.1 Distinção entre Língua e Linguagem 14 dado físico ligado a outro dado físico por uma causalidade natural); (...) e não é articulada”. Por outro lado, a lingua- gem humana é natural, não é herdada como a linguagem das abelhas, mas o homem aprende a sua Língua e é dotado de cultura e da capacidade de expressar sentidos diferentes de acordo com as diferentes situações, ela se compõe de signos que nascem das convenções feitas pelos homens e, finalmen- te, a linguagem humana é articulada, ou seja,se deixa de- compor em elementos menores que sejam discriminadores de significado. De acordo com Kojima & Segala (2008, p.4), as Línguas são consideradas naturais quando: São próprias das comunidades inseridas, que as tem como meio espontâneo de comunicação. Podendo ser adquiridas, através do convívio so- cial, como primeira Língua (ou Língua Materna), por qualquer um de seus membros desde a mais tenra idade. Acompanhando o pensamento de Benveniste apud Temóteo (2008), no que diz respeito à caracterização da lin- guagem, ele afirma que esta “se reduz a elementos que se deixam combinar livremente seguindo regras definidas (...) – de onde nasce à variedade da linguagem humana, que é capacidade de dizer tudo” e caracteriza-se pela sua dupla articulação, ou seja, as diferentes formas pelas que Língua pode combinar os seus elementos formando novas palavras e significados. Para as Língua Orais é a “organização da lín- 15 gua em duas camadas – a camada dos sons que se combinam em uma segunda camada de unidades maiores – é conhecida como dualidade ou dupla articulação”. QUADROS & KAR- NOPP (2004, p.27). A linguagem humana faz parte da natureza do ho- mem e é através dela que o ser humano exprime seus pen- samentos assim como o animal expressa os impulsos. Para HALL, apud LYONS (1987, p.28), a linguagem é a maneira pela qual há uma interação através de canais orais – audi- tivos. Desta maneira, os grupos sociais que são formados, redefinem a linguagem através do uso de símbolos que deco- dificam a sua realidade e expressão à vontade do ser social. Ele afirma que “(...) a língua que é usada por determinada sociedade é parte da cultura daquela sociedade”. A opinião de HALL apesar de ser muito relevante, se limita às línguas orais, pois, para ele, a lingua(gem) só cabe aos humanos dotados de audição e oralidade, requisito inacessível às pessoas Surdas que não são capazes de ouvir e, consequentemente, não podem falar para se comunicar. Segundo Temóteo (2008), ao contrário do que mui- tas pessoas pensam os surdos não possuem má formação no aparelho fonador, o fato de não poderem ouvir não os torna aptos para reproduzir os sons da fala. O surdo pode falar, mas isso depende de quanto ele percebe auditivamente a fala e do quanto ele fala sobre a Língua Portuguesa. Diferente- mente das pessoas “ouvintes” os surdos possuem outro canal comunicativo para a transmissão e recepção da mensagem. “Língua de sinais e língua oral apresentam semelhanças e diferenças do ponto de vista operacional, mas a comunicação 16 em língua de sinais é tão eficaz quanto na língua oral.” AL- MEIDA (2000, p.02). Apesar de surdos e ouvintes terem línguas diferen- tes é possível que vivam em comunidade sem tantos atritos na comunicação, desde que haja um esforço mútuo de apro- ximação pelo conhecimento das duas línguas, tanto por parte dos ouvintes como dos Surdos. 1.2 Língua de Sinais Brasileira considerada como Língua Foi inicialmente através dos trabalhos do americano William Stokoe (1960), que as línguas de sinais começaram a ser analisadas e estudadas, recebendo o status de língua. Comparando a Língua de Sinais Americana (ASL) com a lín- gua inglesa, ele começou a observar que a ASL apresentava todos os requisitos e critérios exigidos para ser considerada como língua Stokoe observou que os sinais não eram imagens, mas símbolos complexos, com uma complexa estrutura inte- rior. Ele foi o primeiro, portanto, a procurar uma estrutura, a analisar os sinais, dissecá-los e a pesquisar suas partes cons- tituintes. (QUADROS & KARNOPP, 2004, p. 30) Em sua obra Sign Language Structure e Dictionary of ASL, William Stokoe, marca a história como uma fase de transição no que diz respeito à compreensão do que seria língua e linguagem. (QUADROS & KARNOPP, 2004).
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