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TERMODIN MICA APLICADA Alcantaro Corrêa Presidente da FIESC Sérgio Roberto Arruda Diretor Regional do SENAI/SC Antônio José Carradore Diretor de Educação e Tecnologia do SENAI/SC Marco Antônio Dociatti Diretor de Desenvolvimento Organizacional do SENAI/SC FIESC SENAI Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Regional de Santa Catarina �������� �� ��� �� ���� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � Florianópolis – 2004 Não pode ser reproduzido, por qualquer meio, sem autorização por escrito do SENAI DR/SC. Equipe Técnica: Organizadores: Rutácio de Oliveira da Costa Adagir Saggin Maurício Cappra Pauletti Wenilton Rubens de Souza Coordenação: Adriano Fernandes Cardoso Osvair Almeida Matos Roberto Rodrigues de Menezes Junior Produção Gráfica: César Augusto Lopes Júnior Capa: César Augusto Lopes Júnior Solicitação de Apostilas: Mat-didat@sc.senai.br S474t SENAI. SC. Termodinâmica Aplicada. Florianópolis: SENAI/SC, 2004. 75 p. 1. Termodinâmica Aplicada. I. Título. CDU: 621.9 Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Regional de Santa Catarina www.sc.senai.br Rodovia Admar Gonzaga, 2765 – Itacorubi. CEP 88034-001 - Florianópolis - SC Fone: (048) 231-4290 Fax: (048) 234-5222 SUMÁRIO Introdução Geral ............................................................................................................. 7 1 Estudo dos Gases ....................................................................................................... 8 1.1 Introdução ............................................................................................................. 8 1.2 Definições Gerais ................................................................................................. 8 1.3 Pressão................................................................................................................. 8 1.4 Mol, Número de Avogadro, Peso Atômico, Peso Molecular e Volume Molecular 9 1.5 Diagramas de Fase ............................................................................................ 10 1.6 Equações Do Gás Ideal ...................................................................................... 12 1.7 Transformações do Gás Ideal ............................................................................ 13 1.7.1 Transformação Isotérmica ou Lei de Boyle-Mariotte ................................... 13 1.7.2 Transformação Isocórica ou Lei de Gay-Lussac ......................................... 13 1.7.3 Transformação Isobárica ou Lei de Charles ................................................ 14 1.8 Misturas Gasosas ............................................................................................... 15 1.8.1 Lei de Dalton................................................................................................ 16 1.8.2 Lei de Amagat.............................................................................................. 16 2 As Leis da Termodinâmica ........................................................................................ 17 2.1 Definições Gerais ............................................................................................... 17 2.1.1 Sistemas, Propriedades, Estado e Processos............................................. 18 2.1.2 Trabalho....................................................................................................... 21 2.1.3 Calor ............................................................................................................ 24 2.1.4 Energia Interna ............................................................................................ 24 2.2 Primeira Lei da Termodinâmica .......................................................................... 25 2.3 Entalpia ............................................................................................................... 26 2.4 Calor Específico.................................................................................................. 27 2.5 Propriedades do Gás Ideal ................................................................................. 28 2.6 Desordem e Entropia .......................................................................................... 29 2.6.1 Variação da Entropia do Sistema ................................................................ 31 2.6.2 Variação Total da Entropia .......................................................................... 32 2.6.3 Aumento da Entropia ................................................................................... 32 2.6.4 Diagrama da Entropia .................................................................................. 33 2.6.5 O Processo Irreversível ............................................................................... 33 2.6.6 Irreversibilidade ........................................................................................... 34 2.7 Segunda Lei da Termodinâmica ......................................................................... 35 2.8 Principio da Degradação da Energia .................................................................. 36 3 Transformações Gasosas - Gás Ideal ....................................................................... 37 3.1 Introdução ........................................................................................................... 37 3.2 Transformação Isotérmica .................................................................................. 37 3.3 Transformação Isobárica .................................................................................... 39 3.4 Transformação Isocórica ou Isométrica.............................................................. 40 3.5 Transformação Adiabática .................................................................................. 41 3.6 Generalização das Transformação de um Gás Ideal ......................................... 44 4 Fluxo Permanente - Balanço Energético ................................................................... 46 4.1 Introdução ........................................................................................................... 46 4.2 Equação da Continuidade .................................................................................. 46 4.3 Balanço Energético............................................................................................. 47 4.4 Aplicações Industriais ......................................................................................... 50 4.5 Comportamento dos Líquidos............................................................................. 50 5 Transformação Ciclica Conversão de Calor em Trabalho ......................................... 52 5.1 Introdução ........................................................................................................... 52 5.2 Transformação Cíclica ........................................................................................ 52 5.3 Segunda Lei da Termodinâmica ......................................................................... 54 ���������� � 5 �� ������������������ 5.4 Máquina Térmica ................................................................................................ 55 5.5 Ciclo De Carnot .................................................................................................. 56 5.6 Ciclo do Motor Térmico de Combustão .............................................................. 59 5.7 Considerações Finais ......................................................................................... 60 6 Transferência De Calor..............................................................................................61 6.1 Condução (em gases líquidos e sólidos) ............................................................ 61 6.2 Resistência térmica à condução ......................................................................... 62 6.3 Condução através de uma placa composta ....................................................... 63 6.4 Convecção .......................................................................................................... 64 6.5 Radiação............................................................................................................. 64 Referências Bibliográficas ............................................................................................ 66 Anexos............................................................................. Erro! Indicador não definido. Anexo 1......................................................................................................................... 67 Glossário do Petróleo ............................................................................................... 67 ���������� � 6 �� ������������������ �������� � ��� �� � � A termodinâmica é a parte da Física que investiga os processos de transformação de energia e o comportamento dos sistemas nesses processos. É uma ciência regida por leis e princípios que utilizam um formalismo matemático, certamente necessário, mas que não deve esconder o senso físico dos fenômenos estudados. Neste contexto é que foi motivada a elaboração desta apostila, baseando-se na experiência didática de cursos de Termodinâmica realizados. Este compêndio tem como objetivo a revisão dos princípios, mesmo que de forma simplista, das leis da Termodinâmica, visando a compreensão dos fenômenos relati- vos à transformação de calor em trabalho e vice-versa. Objetiva-se também às aplica- ções práticas que cobrem diversos domínios, com ênfase naquelas envolvendo os gases, especificamente o gás natural. No Capítulo 1 são apresentados os conceitos básicos para a compreensão das Leis da Termodinâmica, objeto do Capítulo 2. No capítulo 3 são abordadas as transformações gasosas, enquanto o Capítulo 4 é dedicado ao estudo do fluxo permanente e ao balanço energético. O Capítulo 5 trata da conversão de calor em trabalho, onde os princípios das máqui- nas térmicas são revisados, objetivando ao leitor, compreensão das diversas aplica- ções práticas da Termodinâmica. No final desta apostila encontram-se anexos com características e propriedades do gás natural e do gás liquefeito do petróleo (GLP), além de um glossário de termos téc- nicos de petróleo, cujo objetivo é de estabelecer uma nomenclatura e difundir termos técnicos relacionados com a Termodinâmica Aplicada a Industria do Petróleo. ���������� � 7 �� ������������������ � ������ ��� � ���� � � � ��� ����������� � Neste capítulo é estudado o estado gasoso. A pressão, a temperatura e o volume dos gases ideais se relacionam por leis simples que podem ser interpretadas sob os pon- tos de vista microscópico e macroscópico. A análise do comportamento microscópico dos gases conduz à teoria cinética da matéria, onde os conceitos de pressão exercida por um gás, energia cinética, interna, etc., ajudam à compreensão dos principais fe- nômenos termodinâmicos. São apresentadas as características, conceitos, definições e principais relações, com enfoque termodinâmico, do gás ideal. ��� ���������� ��� ��� � A expansibilidade e a compressibilidade são as características mais notáveis dos ga- ses. Assim, o gás é definido como um fluido que sofre grandes variações de volume quando submetido a pressões relativamente pequenas e que tende a ocupar todo o espaço que lhe é oferecido. O gás ideal ou gás perfeito é um gás hipotético cujas moléculas não apresentam vo- lume próprio. O volume ocupado pelo gás correspondente ao volume dos espaços vazios entre suas moléculas, ou seja, o volume do recipiente que o contém. Outra ca- racterística do gás perfeito é a inexistência de forças de coesão (forças de Van der Waals) entre suas moléculas. Com isto, um gás ideal não sofre mudanças de fase, estando sempre na fase gasosa. Em certas condições, um gás real apresenta comportamento que se assemelha do previsto para um gás perfeito. Estas condições são tais que as moléculas do gás estão suficientemente afastadas para que as formas de Van der Waals sejam desprezíveis. Tais condições podem ser praticamente alcançadas por uma fase gasosa submetida a baixas pressões ou a temperaturas bastante elevadas. O estado de um gás é caracterizado pelos valores assumidos por três grandezas: vo- lume (V), pressão (P) e temperatura (T), que constituem as variáveis de estado. ��! "������� � Considerando-se uma fase gasosa no interior de um recipiente, as moléculas em mo- vimento desordenado, chocam-se constantemente contra as paredes do recipiente, exercendo esforços sobre as paredes. Tais esforços são repartidos uniformemente sobre a superfície das paredes do recipiente. Por definição, chama-se pressão (P) à soma das forças elementares (F) por unidade de superfície ou área (A). P = F (1.1) A ���������� � 8 �� ������������������ ��# $�%& �'(��� �� )�* ���& "��� �+(�,�& "��� $�%�,�% � � -�. %�(� $�%�,�% �� � As substâncias puras são formadas pela combinação de dois ou mais átomos da mesma espécie ou espécies diferentes. Por exemplo, dois átomos do elemento oxigê- nio (O) se combinam para formar uma molécula do gás oxigênio (02) existente no ar, enquanto três átomos de oxigênio se combinam para formar uma molécula do gás ozônio (03), também existente no ar. Caso três recipientes de mesmo volume, vazios, nas mesmas condições de pressão e temperatura, sejam preenchidos por átomos de O e moléculas de 02 e 03, observa-se que o recipiente contento 02 pesará duas vezes mais que o recipiente contendo O, enquanto o contendo 03 pesará três vazes mais que o contendo O. As variações ocor- ridas nos três pesos foram em decorrência de que cada uma das substâncias apresen- tava peso diferente. A molécula de 02 foi duas vezes mais pesada que do elemento O e a molécula do 03 foi duas vezes mais pesada que a do elemento O. Os estudos realizados pelo advogado e físico alemão Avogadro (1776-1856) concluiu que volumes iguais de diferentes gases sob as mesmas condições de pressão e tem- peratura contém o mesmo número de moléculas, conhecida como Lei de Avogadro. O termo mol é definido como sendo a quantidade de matéria que contém um número invariável de partículas (átomos, moléculas, elétrons ou íons). Esse número é o núme- ro de Avogadro e seu valor é 6,023. 1023. Portanto, o mol de um gás qualquer é o conjunto de 6,023. 1023 moléculas do mesmo. Um mol do gás oxigênio (02), um mol do gás hidrogênio (H2) e um mol no gás nitrogênio (N2) possuem, cada um, 6,023. 1023 moléculas, mas, evidentemente, com pesos moleculares diferentes, pois os ele- mentos oxigênio (O), hidrogênio (H) e nitrogênio (N) possuem massas atômicas dife- rentes. O peso atômico de um elemento é o número que expressa o resultado da comparação do peso deste elemento com o peso de um outro tomado como padrão. Assim é que o elemento carbono 12 foi escolhido como padrão, cujo peso atômico foi convencionado em exatamente 12. O peso molecular de uma substância é a soma dos pesos atômicos de cada elemento que constitui a molécula dessa substância. Salienta-se que os pesos atômicos dos elementos não são exatamente expressos em números redondos, exceto o carbono 12, pois é, convencionalmente, o padrão. A tabela 1.1 mostra os pesos atômicose pesos de alguns elementos químicos e gases desses elementos e a tabela 1.2 mostra os pesos moleculares de algumas substâncias orgânicas encontrados no petróleo. Tabela 1.1 - Pesos atômicos e moleculares de alguns elementos químicos e gases desses elementos Elemento Símbolo Peso Atômico Molécula Peso Molecular Argônio Ar 39,948 Ar 39,948 Carbono C 12,000 C 12,000 Cloro CI 35,453 C12 70,906I Hélio He 4,003 He 4,003 Hidrogênio H 1,008 H2 2,016 Nitrogênio N 14,007 N2 28,014 Oxigênio O 15,999 02 31,998 Enxofre S 32,064 S 32,064 ���������� � 9 �� ������������������ Tabela 1.2: Pesos moleculares de algumas substâncias orgânicas Substância Símbolo Peso Molecular Metano CH4 16,043 Etano C2H6 30,070 Propano C3H8 44,097 n Butano C4H10 58,124 i Butano C4H10 58,124 n Pentano C5H12 72,151 i Pentano C5H12 72,151 n Hexano C6H14 86,178 n Heptano C7H16 100,205 n Octano C8H18 114,232 A massa de um mol de moléculas em gramas, isto é, a massa de 6,023. 1023 molécu- las dessa substância, é denominada molécula-grama da substância e é representada por M. O número mols N contidos em uma certa massa m (em gramas) de uma certa substância pode ser obtido pela expressão seguinte: N = m (1.2) M Por exemplo, a molécula-grama do gás hidrogênio (H2) vale M=2 g. Então, na massa m = 6 g do gás hidrogênio há o seguinte número de mols: n = 6/2 = 3 mols. Denomina-se volume molecular de um gás ao volume ocupado por um mol desse gás. Experimentalmente, Avogadro chegou a conclusão que, sob condições-padrão de temperatura (0° C) e pressão (1 atm), um mol-grama de qualquer gás ocupa um volu- me de 22,4 litros. Igualmente um mol-libra de qualquer gás a 60°F e a 14,7 psia ocupa o volume de 379,4 pé3. ��/ �� *� ( � �� 0 ��� � A fase em que uma substância se encontra depende de suas condições de pressão e temperatura, podendo estar também num estado que corresponda ao equilíbrio entre duas fases ou mesmo entre as três fases (sólida, líquida e gasosa). Representando-se os diferentes estados da substância em um gráfico PT (pressão X temperatura), obte- remos o denominado diagrama de fases da substância. As Fig.1.1 e Fig.1.2 mostram o diagrama de fases para o dióxido de carbono (C02) e para a água (H2O). 1 sólido líquido T 5 2 T- Ponto triplo ou tríplice 1 - Curva de fusão 2 - Curva de vaporização 3 – Curva de sublimação vapor 1 3 -78 -56,6 Fig. 1.1: Diagrama de fases do C02 ���������� 10 �� ������������������ P(atm) líquido 760 4,58 sólido vapor T - Ponto triplo ou tríplice 1 - Curva de fusão 2 - Curva de vaporização 3 - Curva de sublimação 0.01 100 T(°C) Fig.1.2: Diagrama de fases da H2O No diagrama de fases, a curva que delimita as regiões correspondentes às fases sóli- da e líquida constitui a curva de fusão, figurativa dos estados de equilíbrio entre o sóli- do e o líquido. A curva que separa as regiões que correspondem às fases líquidas e de vapor é a curva de vaporização, cujos pontos representam os estados de equilíbrio entre o líquido e o vapor. A curva de sublimação, entre as regiões das fases sólidas e de vapor, figura os estados de equilíbrio entre essas duas fases. O estado representado pelo ponto comum às três curvas é denominado ponto triplo ou ponto tríplice e corresponde ao equilíbrio entre as três fases da substância. Um outro diagrama muito importante para a compreensão dos fenômenos termodinâ- micos é o diagrama PV (pressão X volume) de uma substância. A Fig.1.3 mostra um diagrama PV típico de uma substância pura, a uma determinada temperatura. P 4 SP 3 2 1 V Fig. 1.3: Diagrama PV de uma substância pura, a uma determinada temperatura. Partindo do ponto 1, onde a substância pura encontra-se na fase vapor, à medida que o volume diminui, a pressão exercida pelo vapor aumenta. Prosseguindo a redução do volume, notamos que, a partir do ponto 2, o vapor começa a se condensar. Durante a condensação do vapor, a pressão mantém-se constante (trecho 2 - 3), denominada pressão máxima de vapor P5. No estado simbolizado pelo ponto 3, só existe líquido no sistema. A partir daí, se o volume for diminuído (trecho 3 - 4), notamos serem neces- sárias grandes variações de pressão para produzir pequenas variações de volumétri- cas, devido à pouca compressibilidade dos líquidos. ���������� 11 �� ������������������ Denomina-se vapor saturante aquele que se encontra em presença de líquido (P=Ps) e de vapor seco àquele que não se encontra em presença de líquido (P<Ps). A influência da temperatura na pressão máxima de vapor foi estabelecida por An- drews, ao realizar compressões isotérmicas (a temperaturas constantes) em diferentes temperaturas, para uma mesma substância. Um diagrama PV típico para uma subs- tância pura é mostrado na Fig.1.4 para diversas isotermas. P Ponto crítico T5 T4 Curva de T3 saturação T2 T1 V Fig. 1.4: Diagrama PV de uma substância pura A curva obtida ligando-se as extremidades dos patamares onde coexistem as duas fases (líquido e vapor) é denominada curva de saturação. A maior valor possível para a pressão máxima de vapor de uma substância é a pressão crítica, correspondente à temperatura crítica. Este ponto denomina-se ponto crítico. Observa-se também que a pressão máxima de vapor de uma substância é depende somente da temperatura. Com isto, poderemos definir que gás ideal pode também ser definido como uma subs- tância na fase vapor numa temperatura superior à temperatura crítica, não se conden- sando por compressão à temperatura constante. ��1 �2� ���� �� �3� ��� %� � As variáveis de estado (P, V, T) estão relacionados com a quantidade de gás. O físico e engenheiro francês Clapeyron (1799-1864) estabeleceu que o quociente PV/T é dire- tamente proporcional ao número N de mols de um gás ideal, onde a constante de pro- porcionalidade R, denominada constante universal dos gases perfeitos, pois é igual para todos os gases, dependente apenas das unidades das variáveis (P, V, T). PV =NR T Se a pressão for em atmosferas (atm), o volume em litros (I) e a temperatura em kelvin (K), R = 0,082 ator I/mol.K. ���������� 12 �� ������������������ ��4 �� �����( ���� �� �3� ��� %� � Certa quantidade de gás sofre uma transformação de estado quando se modificam pelo menos duas variáveis de estado. 1.7.1 Transformação Isotérmica ou Lei de Boyle-Mariotte A transformação isotérmica é aquela que um certo gás passa de um estado 1 para um estado 2 mantendo constante a temperatura. A partir da equação (1.3), fazendo T constante, o produtoPV é constante. Portanto, a transformação que sofre um determi- nado número de mols N de gás ideal, à temperatura constante, passando do estado 1, com pressão P1 e volume Vi, para o estado 2, com pressão P2 e volume V2, obedece a lei seguinte conhecida com Lei de Boyle-Mariotte: P1V1 = P2V2 Se representarmos a pressão P em ordenadas e o volume V em abscissas, o gráfico da expressão (1.4) é uma hipérbole eqüilátera, denominada isoterma ou isotérmica (Fig. 1.5). Isoterma ou Isotérmica Fig. 1.5: Lei de Boyle-Mariotte 1.7.2 Transformação Isocórica ou Lei de Gay-Lussac A transformação isocórica é aquela que um certo gás passa de um estado 1 para um estado 2 mantendo constante o volume. A partir da equação (1.3), fazendo V constan- te, o quociente PIT é constante. Portanto, a transformação que sofre um determinado número de mols N de gás ideal, a volume constante, passando do estado 1, com pres- são P1 e temperatura T, para o estado 2, com pressão P2 e temperatura T2, obedece a lei seguinte conhecida com Lei de Gay-Lussac: P1 = P2 T1 T2 (1.5) ���������� 13 �� ������������������ Se representarmos a pressão P em ordenadas e a temperatura T em abscissas, o gráfico da expressão (1.6) é reta é denominada isocórica (Fig.1.6). P isocórica T Fig.1.6: Lei de Gay-Lussac 1.7.3 Transformação Isobárica ou Lei de Charles A transformação isobárica é aquela que um certo gás passa de um estado 1 para um estado 2 mantendo constante a pressão. A partir da equação (1.3), fazendo P constan- te, o quociente V/T é constante. Portanto, a transformação que sofre um determinado número de mols N de gás ideal, à pressão constante, passando do estado 1, com vo- lume V, e temperatura T, para o estado 2, com volume V2 e temperatura T2, obedece a lei seguinte conhecida com Lei de Charles: V1 = V2 T1 T2 (1.6) Se representarmos a pressão V em ordenadas e a temperatura T em abscissas, o gráfico da expressão (1.6) é uma reta é denominada isobárica (Fig.1.7). V Isobárica T Fig.1.7: Lei de Charles ���������� 14 �� ������������������ ��5 $����� � � ��� �� � Numa mistura de diferentes gases as moléculas de cada gás se distribuem no volume total do recipiente onde estão contidas e contribuem para a pressão total exercida pela mistura. A pressão total é igual à soma das pressões exercidas pelas moléculas de cada com- ponente da mistura. Este conceito é valido para misturas de gases ideais ou reais. Numa mistura de gases ideais, as moléculas de cada componente comportam-se in- dependentemente como se as outras não existissem. Define-se como pressão de um componente puro (P;), a pressão que os N; mols deste componente exerceriam se estivessem sozinhos ocupando todo o volume V do recipi- ente, na mesma temperatura T da mistura. Pi = NiRT (1.7) V Da mesma forma, define-se como volume de um componente puro (V;), o volume que ocuparia os N; mols deste componente se estivessem sozinhos submetidos à mesma pressão P e à mesma temperatura T da mistura. Vi = NiPT (1.8) P Outros dois conceitos devem ser lembrados - são os conceitos de propriedades parci- ais. Denomina-se pressão parcial de um componente na mistura, a pressão exercida pelos N; moles deste componente quando na mistura. A pressão parcial é dada pela expres- são: Pi = yi P (1.9) Onde y; representa a fração molar ou a participação molar do componente i na mistu- ra, dada por. Yi = NI (1.10) �nI De maneira análoga, denomina-se de volume parcial de um componente na mistura o volume ocupado pelos n; moles deste componente quando na mistura. O volume par- cial é dado pela expressão: Vi =yiV (1.11) Observa- se que a pressão de um componente puro sozinho não representa a verda- deira pressão exercida pelos N; mols deste componente quando sobre a influência dos outros componentes na mistura, exceto em casos especiais de misturas ideais com comportamento de gás perfeito. ���������� 15 �� ������������������ Da mesma forma, o volume de um componente puro sozinho não representa o volume ocupado pelos Ni mols deste componente quando na mistura, pois é evidente as molé- culas se distribuem uniformemente por todo o volume disponível. De forma análoga ao caso das pressões, volumes de componentes puros e volumes parciais não são necessariamente iguais, a menos que sejam as condições ideais. 1.8.1 Lei de Dalton A pressão total exercida por uma mistura ideal de gases é igual à soma das pressões de cada componente puro. P = P, +P2 +P3 +...= �Pi (1.12) 1.8.2 Lei de Amagat O volume total exercida por uma mistura ideal de gases é igual à soma dos volumes de cada componente puro. V = V, +V2+V3 +... = �V; (1.13) Observa- se que estas Leis só se verificam para misturas de gases com comportamen- to de gás ideal. Neste caso observa-se também que pressão e volume parcial é o mesmo que pressão e volume do componente puro. Assim teremos: Pi =Pi =yiP (1.14) Vi=Vi=yiV (1.15) Para misturas não ideais tem-se que o volume total e a pressão total da mistura não serão mais a soma dos volumes de cada componente puro nem a soma das pressões de cada componente puro. Assim teremos: P � � P1 (1.16) V �� Vi (1.17) ���������� 16 �� ������������������ � � ���� � ���$����6$�7 � � � � ��� ���������� ��� ��� � A Termodinâmica estuda as relações entre as quantidades de calor trocadas e os tra- balhos realizados num processo físico, envolvendo um corpo ou um sistema de corpos e o resto do Universo. Por exemplo, o gás contido num cilindro provido de êmbolo (Fig. 2.1), ao ser aquecido, age com uma força F sobre o êmbolo, deslocando-o. Assim, o sistema (gás) recebe calor (Q) do meio exterior e a força F aplicada pelo sistema (gás) realiza um trabalho W sobre o meio exterior. peso L peso F (força) gás W (trabalho)êmbolo F (força) gás Q (calor) Q (calor) Fig.2.1: O gás, ao receber calor do meio exterior realiza trabalho sobre ele Por condução, o calor se transfere de um corpo para outro ou entre partes de um cor- po, em conseqüência de choques moleculares. Quanto maior a temperatura, maiores as velocidades moleculares, mais freqüentes os choques, ocorrendo, então, transfe- rência de energia cinética para as moléculas de menor velocidade e, portanto, de me- nor temperatura. Podemos, então, considerar a temperatura uma propriedade que governa o sentido em que se propaga o calor. O trabalho, do mesmo modo que o calor, também se relaciona com transferência de energia. No entanto, o trabalho corresponde a trocas energéticas sem influência de diferenças de temperatura e nisso se distingue do calor. O trabalho é realizado por uma força F, considerando-se o sistema como um todo, independentemente do movi- mento de suas moléculas, sendo que, por isso, o trabalho não depende da temperatu- ra. Quando o sistema como um todo, produz um deslocamento ao agir com uma força sobre o meio exterior, o trabalho realizado é denominado trabalho externo. No exem- plo da Fig. 2.1, o gás, ao se expandir deslocando o êmbolo, realiza um trabalho exter- no sobre o meio que o envolve. O trabalho executado por uma parte do sistema sobre outra do mesmo sistema é chamado trabalho interno. Assim, as forças de interação entre as moléculas do gás realizam um trabalho interno. No estudo da Termodinâmica só consideramos o traba- lho externo, que chamaremos, de agora em diante, simplesmente de trabalho. ���������� 17 �� ������������������ 2.1.1 Sistemas, Propriedades, Estado e Processos Considera-se sistema uma massa definida da matéria sobre a qual a atenção e a ob- servação se centralizam. Esta massa considerada como sistema é distinta de todo o restante que é chamado de meio ambiente. O sistema pode também ser chamado de "massa de controle" ou “volume de controle’”. Quando a fronteira de um sistema não permite a transferência de matéria entre o sis- tema e o ambiente, o sistema é fechado e sua massa é constante. Uma propriedade do sistema significa uma característica ou atributo do sistema consi- derado. Uma propriedade é uma grandeza mensurável como: volume, pressão, tempe- ratura, energia, massa, etc. Com isto, propriedades são características da matéria. É comum dizer-se que a matéria tem massa, tem volume, tem energia, etc. Por outro lado, não é correto dizer-se que um sistema tem calor ou tem trabalho. Portanto, calor e trabalho não são propriedades da matéria, porém a matéria possui energia. As propriedades que dependem do tamanho ou extensão do sistema são chamadas extensivas como massa, volume e energia. As propriedades que não são dependentes do tamanho são chamadas intensivas como pressão, temperatura, etc. É comum uma propriedade extensiva como volume, energia, etc., tomar-se proprieda- de intensiva, quando se considera a propriedade específica, isto é, a propriedade por unidade de massa. Por exemplo, o volume específico é o volume por unidade de mas- sa, a energia específica é a energia por unidade de massa, etc. Se considerarmos duas quantidades de uma mesma substância em equilíbrio forman- do um único sistema, o volume e a energia desse sistema será a soma dos volumes e das energias das partes, porém a temperatura e a pressão do sistema serão as mes- mas que a temperatura e a pressão de cada parte. As condições a que está submetido um sistema determina para a mesmo uma posição de equilíbrio a qual denominamos de estado termodinâmico do sistema considerado. Um estado termodinâmico é caracterizado pelas suas propriedades tais como pressão, temperatura, energia, etc. As propriedades são conhecidas como grandezas de estado ou função de estado. As propriedades ou grandezas de estado são funções que dependem tão somente dos estados inicial e final do sistema, não importando o caminho seguido durante a evolu- ção do processo. Uma variação infinitesimal de uma propriedade é representada por dP, dE, dT, etc. A integração de diferenciais de funções de estado, resultará portanto em diferenças fini- tas entre dois valores destas grandezas. P2 �dP=AP=P2 –P1 (2.1) P1 Ou, E2 �dE = AE = E2 –E1 (2.2) E1 ���������� 18 �� ������������������ Note-se que trabalho e calor não são funções de estado, não são propriedades do sistema. A quantidade de calor ou trabalho transferido num processo depende do caminho se- guido pelo processo. Calor e trabalho são representados por áreas nos diagramas termodinâmicos. São conhecidos como funções de linha por causa da linha represen- tativa do processo ao passar do estado 1 para o estado 2. Uma transferência de uma quantidade infinitesimal de calor ou trabalho será represen- tada por dQ ou dW. Quando integradas essas diferenciais, resultarão em quantidades finitas, e não em diferenças finitas como as propriedades. �dQ= ou �dW=W (2.3) A palavra equilíbrio nos leva à idéia de condição estática ou ausência de modificação, ou ausência de qualquer tendência à modificação. Diz-se que um sistema está em equilíbrio quando num estado caracterizado por suas propriedades, estas proprieda- des permanecem as mesmas sem tendências a variações ou mudanças para outro estado. Desde que qualquer tendência à modificação é provocada por uma força impulsora, a ausência desta tendência indicará também a ausência da força impulsora. Existem vários tipos de força impulsora ou potencial que provocam as modificações. Por e- xemplo, forças mecânicas como pressão, provocam transferências de energia em for- ma de trabalho; diferenças de temperatura provocam transferência de energia sob a forma de calor. No equilíbrio, estas forças estão sempre compensadas e diz-se que o sistema tem potencial nulo, estando em equilíbrio mecânico ou equilíbrio térmico. Vejamos o exemplo de um sistema isolado composto de um cilindro e um pistão móvel separando duas diferentes quantidades de gases A e B (Fig. 2.2). As pressões em A e 3 são diferentes. Se considerarmos o pistão livre ele se deslocará sob a ação da força impulsora ou do potencial resultante da diferença entre as pressões A e B, tendendo para um novo estado em equilíbrio quando então as pressões se tomarão iguais, ces- sando qualquer modificação. Diremos então que os sistemas A e B estão em equilíbrio mecânico. A B B Êmbolo Fig.2.2: Sistema isolado composto de um cilindro e um pistão móvel separando duas diferentes quantidades de gases A e B Podemos assim definir termodinamicamente a pressão como sendo uma propriedade que dois sistemas terão em comum quando eles estiverem em equilíbrio mecânico. Admitamos agora o pistão fixo, e que haja transferência de energia entre os dois ga- ses sob a forma de calor. Quando a transferência de energia sob a forma de calor é possível, porém não ocorre, diz-se que os sistemas A e B estão em equilíbrio térmico, e que eles tem a mesma temperatura. Pode-se definir termodinamicamente temperatu- ra, como sendo uma propriedade que dois sistemas tem em comum quando estão em equilíbrio térmico. ���������� 19 �� ������������������ Poderíamos generalizar dizendo que para cada tipo de equilíbrio haverá sempre uma propriedade termodinâmica queos dois sistemas terão em comum. No equilíbrio ter- modinâmico os sistemas podem interagir livremente, porém não haverá transferência de massa ou energia. Processo é a seqüência de estados pelos quais passa um sistema considerado. Quando um processo pode ser realizado de tal forma que seja possível sua inversão, isto é, seu retomo ao estado inicial sem haver transformação no sistema ou no ambi- ente, diz-se processo reversível. São chamadas transformações reversíveis aquelas que podem se efetuar em ambos os sentidos, de modo que, na volta, o sistema retoma ao estado inicial, passando pe- los mesmos estados intermediários, sem que ocorram variações definitivas nos corpos que o rodeiam (meio ambiente). Geralmente, as transformações puramente mecânicas que se realizam sem atritos e sem que se produzam choques anelásticos são reversíveis. O processo reversível caracteriza-se por ser uma sucessão de estados de equilíbrio, isto é, a força geradora da transformação, força impulsora ou potencial é infinitesimal. No caso dos dois gases A e B (Fig. 2.2), o processo de transferência de trabalho me- cânico seria reversível se o potencial em cada instante fosse infinitesimal. Ou seja, PA- PB = dP. Poderíamos considerar que durante todo o processo houve uma sucessão de equilí- brios ou desequilíbrios infinitesimais, isto é, considerar uma sucessão de igualdades entre as pressões em A e em B. Da mesma forma poderemos estender o raciocínio para os processos com transferên- cia de calor. O processo será reversível se a força impulsora, no caso a diferença de temperatura, for infinitesimal dT. Os processos reversíveis requerem um tempo infinito para suas realizações. São, por- tanto processos imaginários, ideais ou inatingíveis. Os processos naturais são todos irreversíveis Num processo reversível de expansão do gás erre um pistão, o trabalho mecânico é máximo. Numa compressão reversível do gás, diz-se que o trabalho mecânico forneci- do ao gás é mínimo. Durante uma transformação, um gás não está em equilíbrio, pois suas diferentes par- tes não apresentam a mesma temperatura e a mesma pressão. Em conseqüência, as relações que apresentamos, como as leis dos gases, não são aplicáveis. No entanto, se a transformação for realizada lentamente, há uniformização de pressão e tempera- tura no sistema e no meio exterior. Nesse caso, em todo instante são válidas as rela- ções entre pressão, volume e temperatura. Tal transformação é dita quase-estática ou reversível, pois o processo poderá ser invertido e o gás voltar ao estado inicial, pas- sando pelos mesmos estados intermediários, sem que ocorram modificações no meio exterior. O modelo quase-estático aplica-se com grande precisão a muitos fenômenos. No en- tanto, há casos em que o modelo quase-estático não é aplicável. ���������� 20 �� ������������������ Uma transformação é dita irreversível quando sua inversa só puder se efetuar como parte de um processo mais complexo, envolvendo modificações nos corpos circundan- tes (meio ambiente). O processo irreversível de expansão de um gás não fornece trabalho máximo. Parte do trabalho potencial disponível, porém que não é fornecido como trabalho, é transfe- rido para o ambiente em forma de calor. Diz-se então que se perde energia ou traba- lho. Tal transformação ocorre devido ao atrito e turbulência que são as irreversibilida- des do processo. Devido aos atritos e turbulências, parte da energia que poderia ser fornecida como trabalho mecânico de expansão se transforma em energia interna ou se dissipa para o ambiente em forma de calor. Resumindo diremos: os processos ideais reversíveis não tem atrito nem turbulência Seu afastamento em relação ao equilíbrio é infinitesimal O potencial ou força impulso- ra tem grandeza infinitesimal. O tempo de realização do processo é infinito. 2.1.2 Trabalho Quando uma força F atua deslocando-se ao longo de uma distância L (Fig. 2.1), diz-se que esta força realiza um trabalho mecânico W. Este trabalho realizado é definido pela equação diferencial: dW = FdL (2.4) Considerando-se uma força constante, o trabalho será o produto desta força pelo seu deslocamento na direção da força. W = F x L (2.5) Onde a força exercida é igual ao produto da área A pela pressão P exercida sobre esta án3a. F = P x A (2.6) ���������� 21 �� ������������������ Em termodinâmica o tipo de trabalho mais importante é aquele devido à variação de volume de um gás. Considere um gás contido num cilindro cujo êmbolo pode se mo- vimentar livremente e sobre o qual há um peso de massa m (Fig. 2.3). Durante qual- quer transformação sofrida pelo gás, a pressão se mantém constante, pois não varia o peso colocado sobre o êmbolo. Sejam P a pressão, V, o volume e T, a temperatura do gás na situação inicial. Fornecendo calor Q ao sistema através de uma fonte térmica, o gás se expande, deslocando o êmbolo de uma distancia L. Na situação final, o volume do gás é V2 e a temperatura é T2, mantendo-se constate a pressão P. peso peso F (força) gás W (trabalho) êmbolo F (força) gás P1V1T1 Q(calor) P2V2T2 Q(calor) Fig.2.3 Trabalho de compressão ou de expansão em um cilindro O gás agiu com uma força F sobre o êmbolo, deslocando-o e realizando um trabalho W. sendo AV = VZ -V, a variação de volume ocorrida, o trabalho W realizado pelo gás sobre o meio exterior é dado por: W = P�V = P(V2–V1) (2.7) O trabalho é uma grandeza escalar e assume, no caso, o sinal da variação do volume AV, uma vez que a pressão é sempre positiva. Numa expansão, a variação de volume é positiva e, portanto, o trabalho realizado é positivo. Como o trabalho representa uma transferência de energia, o gás, ao se ex- pandir, está perdendo energia para o meio exterior, embora a esteja também receben- do, sob a forma de calor da fonte. Numa compressão, a variação de volume é negativa e, portanto, o trabalho realizado é negativo. Assim, quando um gás é comprimido, está recebendo energia do meio exte- rior. É usual dizer que na expansão o gás (sistema) realiza trabalho sobre o meio exterior e na compressão o meio exterior realiza trabalho sobre o gás (sistema). Generalizando, o trabalho infinitesimal (uma pequena transformação isobárica) de compressão ou expansão de um gás num cilindro (Fig.2.3) terá a expressão: dW = FdL = PA dV = PdV A (2.8) ���������� 22 �� ������������������ Onde o deslocamento do pistão corresponde à variação do volume do fluido dividida pela área do mesmo. dL = dV (2.9) A A soma dos vários trabalhos realizados numa transformação qualquer entre dois esta- dos do gás é a seguinte (integrando a expressão (2.8)): v2 W = � PdV (2.10) V1 Esse trabalho, em um diagrama PV para um processo reversível, é representado pela área sob a curva mostrada na figura 2.4. P 2P 2 Área= trabalho realizado 1 1P V2 V1 V Fig.2.4: Representação do trabalho em um diagrama PV para um processo reversível Na realidade esta expressão só é válida para processos reversíveis onde se considera que o sistema está em constante equilíbrio com o ambiente em qualquer ponto da sua trajetória. Isto é, a pressão do gás é igual à pressão resistente do ambiente. Nos pro- cessos reversíveis considera-se que a diferença entre a força motriz e a resistência é infinitesimal, caracterizando o equilíbrio, permitindo que de qualquer ponto da evolu- ção do processo, seja possível reverter-se ao estado anterior sem que seja necessário esforço adicional. Para os processos naturais ou processos irreversíveis, o trabalho mecânico é calcula- do através dos efeitos observados no ambiente tendo a seguinte equação geral, onde PA é a pressão do ambiente responsável pelo trabalho realizado ou recebido pelo sis- tema. V2 W = �P�dV (2.11) V1 Portanto, a expressão (2.10) é um caso particular da expressão (2.11) onde a pressão do gás PA = P e só representa o trabalho para processos reversíveis, o que equivale a dizer que o trabalho que aparece no ambiente só pode ser avaliado a partir da pressão do sistema quando o processo for reversível. De uma maneira geral o trabalho é calculado pelos efeitos que provoca no ambiente. Nos processos reversíveis o tempo requerido é infinito, sendo, portanto um processo ideal, logo inatingível. ���������� 23 �� ������������������ No caso da compressão reversível, diz-se que o processo exige a menor quantidade de trabalho, sendo que na expansão reversível o sistema fornece o máximo de traba- lho. • Compressão (trabalho requerido): Wmin=-�PdV (2.12) • Expansão (trabalho fornecido): Wmáx=+�PdV (2.13) Uma expansão irreversível não fornece o trabalho máximo, sendo que uma parte do trabalho potencialmente disponível se perde, isto é, se transforma em calor devido ao atrito e turbulência do gás, transferindo-se ao ambiente. 2.1.3 Calor Devemos distinguir primeiramente calor de temperatura. Façamos uma comparação com os líquidos. Ninguém confunde quantidade de água com nível d'água. Pode-se ter um nível de líquido muito alto com pouco líquido, como ter muito líquido com baixo nível no recipiente, dependendo do volume deste. O mesmo acontece com o calor. A temperatura indica apenas o nível térmico do corpo, podendo ter este maior ou menor energia interna. Quando aquecemos a água, dizemos que foi fornecido calor ao líquido e a temperatu- ra do mesmo se eleva como se o nível de água quando se coloca mais no recipiente. Dois corpos podem ter a mesma temperatura e energias diferentes. Por exemplo, vo- lumes diferentes de água à mesma temperatura inicial ferverão a 100°C, porém o mai- or volume necessita de mais energia para ferver. Portanto, tem maior energia armaze- nada. A temperatura de um corpo representa o seu nível térmico, determinando a direção do movimento do calor. O calor se transfere entre corpos com níveis diferentes de tempe- ratura e do de maior temperatura para o de menor temperatura. Portanto, calor é e- nergia térmica em trânsito entre corpos de diferentes temperaturas. A unidade em que é medida a quantidade de calor trocada pelos corpos é a unidade de energia. No SI (Sistema Internacional), a unidade de calor é o joule (J). Entretanto, a unidade mais usada no Brasil é a caloria (cal), definida como a quantidade de calor necessária para elevar de grau celcius a temperatura de um grama de água. No sis- tema inglês a quantidade de calor é medida em BTU (British Thennal Unit), definida como a quantidade de calor necessária para elevar de um grau fahrenheit a tempera- tura de Lima libra de água. As principais relações são as seguintes: 1 cal = 4,186 J; 1 kcal = 1000 cal; 1 BTU = 252 cal e 1 cal/g = 1,8 BTU/Ib. 2.1.4 Energia Interna A energia total de um sistema é composta de duas parcelas: a energia externa e a energia interna. A energia externa do sistema é devida às relações que ele guarda com o meio exterior (energia cinética e energia potencial). A energia interna E do sistema relaciona-se com as condições intrínsecas. Num gás, corresponde às parcelas: energia térmica, que se associa ao movimento de agitação térmica das moléculas; energia potencial de configuração, associada às forças inter- nas conservativas; energias cinéticas atômico-moleculares, ligadas à rotação das mo- léculas, às vibrações intramoleculares e aos movimentos intra-atômicos das partículas elementares. ���������� 24 �� ������������������ Não se mede diretamente a energia interna de um sistema. No entanto, é importante conhecer a variação da energia interna AE do sistema durante um processo termodi- nâmico. Para gases ideais monoatômicos, essa variação é determinada somente pela variação da energia cinética AE, de translação das moléculas que constituem o siste- ma, expressa pela relação seguinte e experimentalmente obtido por Joule: �E=�Ec =Ec –Ec = 2NR(T2 –T1) (2.14) 2 1 Há processos em que a energia interna varia e a temperatura permanece constante. É o que ocorre nas mudanças de estado de agregação (fusão, liquefação, evaporação e condensação). O calor necessário para que ocorra a mudança de estado denomina-se calor latente. Por exemplo, a energia recebida durante o processo de fusão aumenta a energia interna do sistema. Com isto, uma substância no estado líquido tem maior energia interna que a mesma substância no estado sólido, apesar de durante a fusão não ter ocorrido variação de temperatura. Entretanto, nas transformações gasosas, a variação de energia interna é sempre a- companhada de variação de temperatura. Para o caso do exemplo da Fig. 2.3 de uma transformação isobárica de um gás, o sistema (gás) recebeu a quantidade de calor Q, realizou o trabalho W, com uma variação de temperatura AT = T2 - TI, uma variação de energia cinética das moléculas do gás e, portanto, uma variação da energia interna. A energia interna de uma dada quantidade de um gás perfeito é função exclusiva de sua temperatura. Esta conclusão constitui a Lei de Joule para gases perfeitos. ��� "��(��� ��� � ���(����8(�, � � Num processo termodinâmico sofrido por um gás, há dois tipos de trocas energéticas com o meio exterior: o calor trocado Q e o trabalho realizado W. Sob o ponto de vista termodinâmico, o calor e o trabalho são sempre energia em trân- sito, não se permitindo dizer que o trabalho ou calor se armazena em um sistema. A energia só se armazena sob as formas cinética, potencial ou interna. Na sua forma mais generalizada, o primeiro princípio da termodinâmica pode ser as- sim representado: � (Energia do sistema) + � (Energia do ambiente) = 0 (2.15) No sistema ocorrem transformações de energia sob diversas formas como energia interna �E, potencial �EP e cinética �EC. Além destas formas, ocorrem também perdas de energia no sistema, devido às turbulências e/ou fricções, simbolizadas por �E. No ambiente consideramos que a s transformações de energia ocorrem sob as formas de calor Q e trabalho W. Os balanços energéticos podem ser escritos nas formas seguin- tes: � (Energia do sistema) = �E + �Ec + �E p +�E f (2.16) � (Energia do ambiente) = ±Q ± W (2.17) ���������� 25 �� ������������������ Convencionando-se como positivo o calor cedido ao sistema e o trabalho positivo a- quele transferido do sistema para o ambiente, a expressão geral do primeiro princípioda termodinâmica é a seguinte: �E+�Ec +�Ep +�Ef =Q - W (2.18) O enunciado do primeiro princípio da termodinâmica é o seguinte: A variação total de energia de um sistema é dada pela diferença entre a quantidade de calor trocado com o meio exterior e o trabalho realizado no processo termodinâmico. Na maioria das aplicações do primeiro princípio, considera-se o sistema fechado, ou seja, só existe variação de energia interna, transformando a expressão (2.18) na -seguinte: �E = Q - W (2.19) Ou, na forma infinitesimal: dE = dQ - dW (2.20) A Primeira Lei da Termodinâmica é uma reafirmação do princípio da conservação da energia e, embora tenha sido estabelecida tomando-se como ponto de partida a trans- formação de um gás, é válida para qualquer processo natural que envolva trocas e- nergéticas. ��! ��� %9� � � Uma das mais importantes funções de estado da termodinâmica é a função entalpia H, matematicamente relacionada com a energia interna E, a pressão absoluta do sistema P e o volume do sistema V, é expressa pela relação: H=E+PV (2.21) Pela definição da expressão (2.21), a entalpia é expressa em unidade de energia. Normalmente é expressa em cal ou BTU. Algumas vezes são expressas por unidade de massa ou por mol da substância. Sob a forma infinitesimal, a expressão (2.21) pode ser escrita como: dH = dE + d(PV) (2.22) A expressão (2.22) pode ser transformada na relação seguinte, aplicando a regra da cadeia para o produto PV e utilizando as expressões (2.20) e (2.8): dH = dQ - dW+ PdV + VdP = dQ + VdP (2.23) Integrando a expressão (2.23) resulta na expressão: �H = Q + �Vdp (2.24) Para casos particulares de transformações à pressão constante, a expressão da en- talpia pode ser escrita sob as formas (2.25) ou (2.26) onde QP representa o calor à pressão constante. dH = dQp (2.25) �H = Qp (2.26) ���������� 26 �� ������������������ ��# 7 %�� ��9�,:��,�� � A relação entre o calor infinitesimal transferido dQ e a variação de temperatura dT so- frida por uma substância de massa m, número de mols N e molécula-grama M, pode ser escrita sob a forma: dQ = mcdT = NMcdT = NCdT (2.27) Onde a constante de proporcionalidade c, característica da substância, válida para a faixa infinitesimal de temperatura dT, é denominada de calor específico da substância. A constante C = Mc é denominada calor específico molar. As unidades mais usuais de calor específico são cal/KgºC ou BTU/IbºF. Para a água, teremos cágua = 1 cal/KgºC = 1 BTU/Ib°F. Como visto anteriormente, o calor não é uma função de estado e, portanto, a quanti- dade de calor para resultar numa variação de temperatura depende do caminho se- guido pelo sistema. Portanto, em Termodinâmica são usualmente definidos dois tipos de calor específico, dependendo do tipo de transformação ocorrida: calor específico molar à pressão constante (Cp) e calor específico molar a volume constante (CV). Para o processo isométrico ou a volume constante, teremos: dQv = NCvdT (2.28) Como na transformação a volume constante o trabalho W = 0, então, a partir do Pri- meiro Princípio da Termodinâmica (2.20), teremos: dE=dQv =NCvdT (2.29) Ou, integrando a expressão (2.29): �E = Qv = NCv�T (2.30) Mostrando que a variação da energia interna é igual ao calor transferido a volume constante. Analogamente para o processo isobárico ou a pressão constante, teremos: dQp =NCpdT (2.31) Como na transformação à pressão constante há variação de volume e, portanto o tra- balho não é nulo, então, a partir do Primeiro Princípio da Termodinâmica (2.20), tere- mos: dE = dQp - dW = NCpdT - PdV (2.32) Ou ainda: dQp = dE + PdV = dH (2.33) Ou, integrando a expressão (2.33): �H = Qp = NCpeT (2.34) ���������� 27 �� ������������������ Mostrando que a variação da entalpia do sistema é igual ao calor transferido a pressão constante. Na realidade o calor específico não é uma constante; aumenta em geral com o aumen- to da temperatura. Na literatura são encontradas relações de como variam o CP com a temperatura. Para gás perfeito e a baixas pressões, a expressão seguinte é utilizada, onde a, b e c são constantes características para cada tipo de gás, normalmente tabe- ladas, e obtidas de resultados experimentais. Cp=aT2+bT+c (2.35) A partir das expressões (2.22), (2.29) e (2.33), obtém-se que: dQp = dQv +PdV = dQv + dW (2.36) Integrando a expressão (2.36), resulta: Qp=Qv+�PdV=Qv+W (2.37) Ou ainda que o trabalho W pode ser expresso por-. W =Qp -Qv =NCP�T -NCv�T (2.38) O que mestra que Cp é sempre maior que CV Isto se deve ao fato de que, a volume constante, não há trabalho realizado. Logo, todo o calor cedido ao sistema é para a- quece-lo, na forma de aumento da sua energia interna. Já à pressão constante, deve- mos fornecer um calor maior para aquecer o sistema e realizar ainda o trabalho de variação de volume do mesmo. ��/ "��9���� ��� �� �3� ��� %� � Como visto anteriormente no capítulo 1, a expressão geral para um gás ideal (1.3) relaciona as variáveis pressões P, volume V e temperatura T com o número de mols N e a constante universal dos gases perfeitos R pela expressão seguinte: PV = NR. T Através da sua experiência, Joule demonstrou que a energia interna de um gás ideal independe da pressão e do volume, mas unicamente da sua temperatura isto pela expressão (2.14), temos �E = 3NR�T. 2 Como a energia interna é função unicamente da temperatura e é uma propriedade do sistema e, portanto, uma função de ponto, poderemos calcular o valor da variação da energia interna de um gás ideal, independentemente do tipo de processo que provoca a transformação e do caminho seguido pelo processo, a partir da expressão (2.30) mostrada a seguir. �E =E2 -E1= Qv = NCv�T (2.39) Além disto, conforme as expressões (2.33), para um processo isobárico ou a pressão constante, teremos: dH=dQp=NCpdT (2.40) ���������� 28 �� ������������������ Porém, a entalpia dH, dada pela expressão (2.22), pode ser escrita utilizando a ex- pressão (1.3) dos gases perfeitos: dH = dE+d(PV) = NCvdT + NRdT(2.41) Comparando as expressões (2.40) e (2.41), teremos a relação seguinte, válida para os gases perfeitos: Cp = CV +R (2.42) Ou ainda: Cp - CV = R (2.43) A relação entre a variação da entalpia (2.34) e a variação da energia interna (2.30), resulta: �H = Cp = K (2.44) �E Cv O valor de K é denominado expoente de Poisson e será utilizado nas transformações sofridas pelos gases no capítulo 3. ��1 �������( � �����9� � � Coloquemos, num recipiente, cem esferas vermelhas na parte de baixo e cem esferas azuis sobre elas. Fechando o recipiente e agitando-o, as esferas irão se misturar. Se- ria possível voltarmos à situação inicial, com todas as esferas vermelhas embaixo e todas as azuis em cima? Pela lei das probabilidades, não é impossível, mas é um e- vento de baixíssima probabilidade, isto é, altamente improvável. Talvez tivéssemos de agitar o recipiente durante milhões de anos sem conseguir o desejado. Tomemos agora um baralho em que todas as cartas estejam ordenadas por naipes e por valores. Ao embaralharmos as cartas, essas irão se misturar e se distribuir ao aca- so. Será possível que, após um grande número de embaralhamentos, as cartas voltem a se ordenar? Impossível não é, mas é altamente improvável. Os fenômenos naturais são irreversíveis exatamente por se realizarem sempre no sen- tido dos estados mais prováveis. Por isso mesmo, nos processos naturais, há sempre passagem espontânea de um estado ordenado para um estado desordenado. À medi- da que o Universo evolui, a desordem aumenta. Se ligarmos dois recipientes, um com hidrogênio e ouro com oxigênio, os gases irão se misturar espontaneamente, ocorrendo uma distribuição mais ou menos uniforme dos dois gases nos recipientes. É altamente improvável, embora não impossível, que, sem a ação de nenhum agente externo, os gases se separem novamente, voltando à ordem inicial. A degradação natural da energia também é uma evolução para a desordem. As ener- gias ordenadas (mecânica, elétrica, química) tendem a se converter na energia desor- denada de agitação térmica. Portanto, em todos os fenômenos naturais, a tendência é uma evolução para o estado de maior desordem. ���������� 29 �� ������������������ Ao conceito estatístico de desordem Clausius associou o conceito matemático de en- tropia. Assim, a entropia é uma propriedade intrínseca dos sistemas, caracterizada pelo fato de seu valor aumentar quando aumenta a desordem nos processos naturais. Portanto, as transformações naturais sempre levam a um aumento na entropia do Uni- verso. A variação de entropia pode ser entendida como a medida da ineficiência da energia do sistema em sua evolução natural. Realmente, sabemos que o sistema evolui no sentido de diminuir a possibilidade de se conseguir energia útil ou trabalho dele. Quando ocorre uma transformação natural, outras formas de energia se convertem em calor. Portanto, aumentou a ineficácia da energia total do sistema e aumentou a entro- pia do mesmo. Assim, podemos dizer que a quantidade de calor Q que se desenvolve no sistema é uma medida parcial de seu aumento de entropia. Quando um sistema é levado do estado (1) para o estado (2), a diferença entre o calor cedido ao sistema e o trabalho realizado pelo sistema (Q - W será sempre a mesma, independentemente do caminho percorrido, se A, B ou C (Fig.2.5). Este fato, como já vimos, deu origem à função termodinâmica energia interna que depende apenas do estado inicial e final do sistema. É, portanto, uma função de estado, base para o pri- meiro princípio da termodinâmica. 2 A B C 1 Fig. 2.5: Passagem de um sistema do estado 1 ao estado 2 por diferentes caminhos percorri- dos (A, B ou C) A quantidade de calor trocada num determinado processo depende do caminho per- corrido no desenvolvimento do processo. Entretanto, se o calor for dividido pela tem- peratura T na qual a transferência de calor ocorre, a soma destes valores para qual- quer ciclo é também independente do caminho percorrido para processos reversíveis (a energia interna não exige processo reversível. Isto também deu origem a outra fun- ção da termodinâmica, função de estado, conhecida como entropia S, que deu origem ao segundo princípio da termodinâmica. A variação da entropia é definida pela expres- são seguinte, válida para uma quantidade de calor reversível QR: �S = �dQr (2.45) T Embora o calor fornecido para se ir de 1 a 2 seja diferente seguindo-se o caminho A em vez de B ou em vez de C, pode-se demonstrar que se em cada ponto da trajetória A ou B ou C dividirmos o calor dQ pela temperatura naqueles pontos, e somarmos estas razões, obteremos o mesmo valor para qualquer trajetória reversível entre os pontos 1 e 2. �S = �dQr= constante (2.46) T ���������� 30 �� ������������������ A variação da entropia portanto, independe do caminho percorrido. Para se determinar a variação da entropia AS de um processo irreversível, temos que imaginar o processo seguindo o caminho reversível e calcular a integral f dQr . Este valor será igual à variação da entropia do sistema para um processo irreversível visto que sendo a entropia independentemente da trajetória, só depende dos estados inicial e final do sistema. Note-se que a integral �dQl de um processo irreversível, não representa a AS T para esse processo, porque AS será sempre �dQTr . Portanto, para se calcular T a variação da entropia de um sistema, faz-se sempre pelo caminho reversível. Na for- ma infinitesimal, a expressão da entropia é escrita da maneira seguinte: dS = dQr (2.47) T 2.6.1 Variação da Entropia do Sistema Analisemos a expansão de um gás em um cilindro ideal. Esta expansão poderá ser realizada seguindo-se vários caminhos que ligam o ponto 1 ao ponto 2, representando os estados 1 e 2, mostrados no diagrama PV da Fig. 2.6. P 2P 2 isoterma I R 1 1P V2 V1 V Fig. 2.6: Passagem de um gás do estado 1 ao estado 2 por caminho reversível R (isotérmico reversível) e por outro irreversível (I) Consideremos dois caminhos de passagem do gás do estado 1 ao estado 2: um re- versível R (isotérmico reversível) e por outro irreversível (I). A variação de entropia é dada pela expressão seguinte: �dS=�S= �dQr = S2 –S1 (2.48) T Nota-se que o único caminho reversível é a transformação isotérmica. Portanto, qual- quer outro caminho (processo irreversível), terá área sob a curva, representando o trabalho realizado, maior que o trabalho do processo reversível. Consequentemente, esta curva estará, obrigatoriamente acima da curva de processo reversível. ���������� 31 �� ������������������ A variação da entropia pode ser considerada envolvendo todo calor que entra em con- sideração no processo, isto é, o calor extemo QE trocado com o ambiente mais o calor interno Q, devido ao atrito e turbulência que são as irreversibilidades do processo, mostrados na expressão seguinte: dS = dQr = dQE + dQll (2.49)T T T Como o valor de Q1 não é de fácil determinação, recorre-se para o cálculo da variação da entropia, a um processo reversível entre os mesmos dois estados, onde o valor de Q, é nulo (sem atrito ou turbulência), então todo calor que entra em jogo no processo reduz-se ao QE, calor externo do ambiente, facilmente determinável. dS= dQr = dQE + dQll (2.50) T T T Se o processo for adiabático e reversível (isentrópico), teremos dS = 0, pois sendo adiabático Qe = 0 e sendo reversível QI = 0. 2.6.2 Variação Total da Entropia Anteriormente havíamos analisado a variação da entropia apenas para sistemas isola- dos (�SS). Analisemos agora a variação da entropia no meio ambiente (�SA) e a varia- ção global ou total da entropia (AS-, ), considerando a evolução conjunta entre o sis- tema e o ambiente. Com isto a variação total da entrópia é dada pela expressão: �ST = �SS + �SA � 0 (2.51) • Para processos globalmente reversíveis: AST =0 • Para processos globalmente irreversíveis: AST � 0 2.6.3 Aumento da Entropia Todos os processos naturais são globalmente irreversíveis e são acompanhados de um aumento da entropia que é interpretado como a degradação da energia ou perda de oportunidade de transformar calor em trabalho. ���������� 32 �� ������������������ 2.6.4 Diagrama da Entropia Para processos reversíveis, a área sob a curva do diagrama TS (Fig. 2.7) expressa o calor trocado reversivelmente na evolução QR, pois: QR=�TDS (2.52) P 2P 2 Área = trabalho realizado 1 1P V2 V1 V Fig. 2.7: Diagrama de entropia e representação do calor trocado reversivelmente no processo (QR) 2.6.5 O Processo Irreversível Analisemos o processo apresentado na Fig. 2.8, representando uma expansão Adia- bática do gás ao passar do estado 1 com volume V, para o estado 2 de volume VZ. Tal expansão poderá ser considerada reversível se imaginarmos um pistão ideal adiabáti- co (perfeitamente isolado, ou seja Q = 0), sem atrito, seguindo o caminho 1 - 2. Na realidade todos es processos naturais existentes no universo são irreversíveis, apre- sentando uma perda de energia chamada de energia de fricção Er. Observe-se que o trabalho de expansão fornecido pelo sistema (gás) ao ambiente será menor se o processo for irreversível, isto é, se houver atrito. O caminho seguido será 1 - 2' e neste caso menos energia interna E é transformada em trabalho externo. Fig. 2.8: Expansão adiabática de um gás ���������� 33 �� ������������������ No processo irreversível 1-2', mais energia interna permanece no sistema e, por isso, sua pressão P2 é maior que a pressão final P2 que teria se fosse reversível e, conse- quentemente, a temperatura final do gás T2 será maior que T2 . A irreversibilidade é interpretada pelo aumento da entropia �ST > 0. Nos diagramas PV e TS as linhas interrompidas representam caminhos irreversíveis onde se pode interpretar que as áreas sob estas linhas sejam, respectivamente, traba- lho e calor. Somente nos processos reversíveis, o trabalho e o calor são calculados pelas integrais �PdV e �TdS que são exatamente as áreas representadas nos respectivos diagramas. Diz-se que o trabalho será o máximo fornecido pelo sistema quando houver a expan- são ideal reversível do gás. Wmáx = �PdV (expansão) (2.53) Diz-se que o trabalho será o mínimo requerido pelo sistema quando houver compres- são ideal reversível do gás. Wmín =�PdV (compressão) (2.54) O mesmo raciocínio prevalecerá para o calor, ou seja: Wrev = � PdV (2.55) Wrev = Wirrev ± F (2.56) Qrev = Qirrev ± Et (2.57) Onde E, é a energia dissipada em forma de calor (fricção e/ou turbulência). 2.6.6 Irreversibilidade Como sabemos do segundo princípio, nos processos globalmente irreversíveis, a vari- ação total da entropia é positiva. Há sempre um aumento da entropia significando tra- balho não realizado. Este aumento na entropia é considerado como uma deteriorização energética interpre- tada como uma perda ou redução na oportunidade de se produzir trabalho (não é uma perda de energia). O aumento na entropia total significa a redução na capacidade de se executar trabalho entre o sistema e o ambiente num processo irreversível. Esta oportunidade perdida é impropriamente chamada de trabalho perdido e pode ser estimado pela expressão Wp=TA�ST (2.58) Onde TA representa a temperatura ambiente. ���������� 34 �� ������������������ Imaginemos que aproveitando-se o calor da água quente numa máquina térmica, o transformássemos em trabalho mecânico pela transferência de calor da fonte quente para a fonte fria. Imaginemos agora que se misture as massa de água quente e fria. Haverá também transferência de calor da fonte quente para a fria sem contudo haver trabalho. Per- de-se esta oportunidade em se conseguir trabalho útil pela transformação do calor, numa perda irreparável. Assim, quando a entropia aumenta, diz-se que a energia se toma menos disponível. Este é o verdadeiro significado da irreversibilidade. ��4 ��*��� ��� � ���(����8(�, � � Em todas as transformações naturais, as conversões energéticas são tais que a ener- gia total permanece constante, de acordo com o princípio da conservação da energia. A Primeira Lei da Termodinâmica é uma reafirmação desse princípio, porém não prevê a possibilidade de se realizar uma dada transformação. Há muitos eventos que satis- fazem a Primeira Lei da Termodinâmica, mas são impossíveis, ou melhor, sua ocor- rência é altamente improvável. Por exemplo, um pêndulo, oscilando, pára ao fim de algum tempo em virtude dos cho- ques com as moléculas do ar e outros atritos. A energia "organizada" do pêndulo se converte em energia térmica. A Primeira Lei da Termodinâmica não invalida a trans- formação recíproca, em que as moléculas se organizam e empurram o pêndulo, fa- zendo-o recuperar a energia inicial. No entanto, a probabilidade de ocorrência de tal evento é muito baixa. Um outro exemplo é o do calor que passa espontaneamente de um corpo de maior temperatura para outro de menor temperatura. No entanto, a passagem contrária é altamente improvável, razão pela qual consideramos que não ocorre. Nota-se, portanto, que o comportamento da Natureza é assimétrico. A lei que rege tal comportamento é a Segunda Lei da Termodinâmica. Ela apresenta um caráter estatís- tico, estabelecendo que sistemas evoluem espontaneamente, segundo um sentido preferencial, tendendo para um estado de equilíbrio. De acordo com a Segunda Lei da Termodinâmica, nas transformações naturais, a e- nergia se "degrada" de uma forma organizada para uma forma desordenada chamada energia térmica, como no exemplo do pêndulo. Ainda conforme essa lei, a energia térmica circula de regiões mais quentes para regiões mais frias. A transferência preferencial de calor do corpo quente para o corpo frio levou Clausius a enunciar a Segunda Lei do seguinte modo: O calor não passa espontaneamente de um corpo para outro de temperatura mais alta. Sendo o calor uma forma inferior
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