Ideologia Guareschi slides

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IDEOLOGIA
PEDRO A. GUARESCHI 
PROF. DR. SÉRGIO LUIZ RIBEIRO
CURSO DE PSICOLOGIA – UNIP BAURU
◦ Ideologia não era mencionada em Psicologia Social por autores que
pretendiam transformá-la em uma disciplina individualizante e
experimental.
◦ A Psicologia Social norte-americana descartou totalmente a
dimensão social e crítica da Psicologia Social.
◦ Esta dimensão crítica surgiu a partir de 1930 com os teóricos da
Escola de Frankfurt, que tinha o nome de “Crítica da Ideologia”.
◦ A partir de 1970 este conceito e a teorias da ideologia se fizeram
mais presentes, na Europa e América Latina – como tema de
estudos e pesquisas.
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◦ É um dos conceitos mais complexos e sujeito a equívocos no campo das
ciências sociais.
◦ Este nome surgiu a mais de um século, mas esta ideia já estava presente
desde que se começou a pensar a vida social, com outros nomes, como
nas cultura gregas e romanas.
◦ A partir dos séculos XV e XVI foram feitos estudos mais aprofundados –
como o de Machiavel em “O Príncipe” que discute o uso da força e da
fraude para se conseguir o poder.
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◦ A crescente importância da ideologia – cada vez mais nossa sociedade
tornam-se imaterial, sustentada na comunicação verbal e simbólica.
◦ Existem várias definições e enfoques para ideologia.
◦ Propõe apresentar alguns deles apontando semelhanças, diferenças e
sobreposições.
◦ Primeiro traçando uma linha horizontal: ideologia como conceito positivo
ou negativo.
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Dimensão positiva
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Dimensão negativa
- Sentido positivo ou neutro: Ideologia: cosmovisão, conjunto de valores,
ideais, ideias, filosofias de pessoa ou grupo. Todas as pessoas ou grupos
possuem assim sua ideologia.
Exemplos:
- Tracy (1803): ideologia é o estudo das ideias, que são uma emanação do
cérebro.
- Lenin (1969) e Lukács (1971): ideologia são as ideias de um grupo
revolucionário.
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- Mannheim (1954): tudo o que pensamos é ideológico, é impossível não se
deixar contaminar pela situação social na qual se vive. É conhecimento,
todo conhecimento é condicionado, bem como a ideologia.
◦ Sentido negativo ou crítico: Ideologia são ideias distorcidas, enganadoras,
mistificadoras, meias-mentiras. Obscurecem a realidade e enganam as
pessoas. Apresenta-se como algo abstrato, ilusório ou errôneo e
expressando interesses dominantes e sustentando relações de dominação.
Exemplo:
- três concepções de Marx: 1) ideias puras como autônomas e eficazes sem
ligação com a realidade (1989). 2) ideias da classe dominante (1989). 3)
sistema de representações que serve para sustentar relações de
dominação (1968).
- Mannhein (1954): as ideias dominantes de um grupo sobre o outro.
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◦ Segunda linha vertical: ideologia como algo materializado (concreto) ou
como dinâmica (prática).
Material Dinâmica
Concreta Prática
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◦ Ideologia como algo materializado - está corporificada na própria ideia,
forma simbólica ou concretizada em um instituição: escola, família,
empresa.
Exemplos:
- concepção de Marx (1989): ideologia como sendo as ideias da classe
dominante.
- Althusser (1972): ideologia como os aparelhos ideológicos de estado –
instituições criadas no desenrolar da história, frutos da tensão que se dão
nas relações entre as pessoas: família, igreja, meios de comunicação social.
A ideologia está materializada nestas instituições.
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◦ Ideologia como modo e estratégia, como uma prática, uma maneira
como as formas simbólicas servem para criar e manter relações socias.
Exemplo:
- Therborn (1980) – função da ideologia como produção, reprodução e
transformação das experiências vitais, na construção de subjetividades. A
ideologia constitui os seres humanos como sujeitos.
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◦ Na junção dos dois eixos anteriores teremos quatro campos que servem
para identificar e relacionar as quatro grandes concepções de ideologia:
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(positivo e concreto) (positivo e prática)
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(negativa e concreto) (negativa e prática)
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◦ Como exemplo no quadrante 2 temos ideologia como algo concreto e
positivo – como a visão de Therborn e outros.
◦ No 4 temos ideologia como uma prática, mas não qualquer prática –
aquela que serve para criar ou manter relações assimétricas, desiguais e
injustas, como define Thompson (1995).
◦ Segundo Guareschi este é o autor que melhor trata a problemática da
ideologia.
◦ Tomar ideologia neste sentido negativo e crítico é bem mais interessante
do que simplesmente utilizá-lo como sendo um conjunto de ideias.
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◦ Visões e ideias todos temos, o importante é saber se essas ideias falsas,
enganadoras podem trazer prejuízos aos outros.
◦ É mais honesto tomar ideologia como uma prática, pois se a tomamos
como materializada em alguma instituição ou ideia é arriscado, pois
podemos afirmar automaticamente que esta é negativa.
◦ O que mostra se uma ideia ou instituição possui uma dimensão negativa é
a maneira como é empregada, sua função, se serve ou não para criar e
manter relações de dominação.
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◦ Esta visão de ideologia de Thompson é baseada em Marx (1968): sistema
de representações que servem para sustentar relações existentes de
dominação, por meio da orientação das pessoas para o passado ou para
imagens que desviem da busca da mudança social.
◦ Esta concepção se afasta de ideias abstratas filosóficas ou teóricas,
concentrando-se nossa atenção na maneira como formas simbólicas são
usadas e transformadas em contextos sociais específicos.
◦ Estudar ideologia neste sentido é estudar as maneiras como o sentido
serve para estabelecer e sustentar relações de dominação.
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◦ Implicações derivadas desta concepção:
1) Ideologia como uma concepção crítica
- Difere da neutra – ideologia seria um fenômeno da vida social , podendo
servir para revolução, restauração, reforma.
- Na crítica possui um sentido negativo, um fenômeno ideológico é
enganador, ilusório ou parcial.
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2) Sentido e formas simbólicas
- Amplos espectro de ações, falas, imagens, textos produzidos pelas
pessoas e reconhecidos como contendo significado.
- Estes servem para sustentar relações de dominação.
3) Conceito de dominação
- Poder e capacidade de produzir algo, específica de cada prática.
- Relação quando determinada pessoa expropria o poder (capacidade)
de outro ou quando relações estabelecidas de poder são assimétricas.
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4) Modos e estratégias como o sentido pode servir para estabelecer e
sustentar relações de dominação.
- Exemplo:
Mãe descobre que sua filha está namorando vários rapazes. “Minha
filha, isto não é natural! Isto nunca foi assim!”. As mulheres tibetanas
possuem vários maridos e árabes várias mulheres.
A estratégia usada aqui é a naturalização ou eternalização, que
consiste em tirar dos fenômenos seu caráter histórico, relativo e transformá-
los em eternos, imutáveis e naturais.
- Além destes modos temos a rotulação, estigmatização e estereótipos, que
propiciam relações de dominação e de relações assimétricas de poder,
com prejuízo de diversas pessoas ou grupos.
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5) Valorização das formas simbólicas
◦ As formas simbólicas possuem diversas características e carregam consigo
diferentes particularidades de cada sujeito em cada campo de interação.
◦ Em cada circunstâncias as formas simbólicas podem ser valorizadas de
diferentes maneiras.
◦ Quando conectada as posições que determinada pessoa ocupa dentro
de um campo de interação, podemos identificar diferentes graus de
poder que são atribuídos a diversos atores.
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◦ Uma pessoa ocupando uma posição dominante - pode usar estratégias
de valorização simbólica, como a distinção (uso de vestimentas
diferenciadas), de menosprezo, de condescendência e assim por diante.
◦ Os que estão em posição intermediária podem empregar estratégias de
moderação (valorização dos bens à sua disposição), pretensão (fingindo
ser o que não é e buscando se assemelhar aos dominantes) ou
desvalorização (depreciando as produções dos dominantes).
◦ Quem ocupa uma posição subordinada pode empregar estratégias de
praticidade (valoriza as coisas práticas e baratas), resignação respeitosa
(aceita sua posição como aceitável) ou de rejeição (não aceita e
ridiculariza o que é produzido pelos dominantes).
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Referência
GUARESCHI, P. A. Ideologia. In: STREY, M. N. et al. Psicologia social
contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2013, p. 89-103.
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