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1 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
INTENSIVO I 
Renato Brasileiro 
Direito Processual Penal 
Aula 9 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
Tema: Ação Penal III 
 
10. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA (AÇÃO PENAL ACIDENTALMENTE PRIVADA/SUPLETIVA). 
 
Cuidado: a ação penal privada subsidiária da pública também pode ser chamada de ação penal acidentalmente privada 
ou ação penal supletiva. 
Essa ação penal está prevista na CF: 
 
CF/88, art. 5º: “(...) 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;” 
 
A ação penal privada subsidiária da pública funciona como instrumento para a fiscalização do princípio da obrigatoriedade. 
 
10.1. Cabimento 
 
O pressuposto para o ajuizamento da ação penal privada subsidiária da pública é a inércia do órgão ministerial. Trata-se 
de inércia total/absoluta. Exemplo: se o MP requisitou diligências ou promoveu o arquivamento, não cabe esta ação. 
 
Obs. 1: requisição de diligências procrastinatórias e inércia do MP 
 
 
2 
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Pode acontecer a inércia quando houver diligência procrastinatória irrelevante. Esse é o entendimento do STF em vários 
precedentes, entre eles o HC 74.276. 
 
E M E N T A: “HABEAS CORPUS” - AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA - AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PARA O 
SEU AJUIZAMENTO – ADOÇÃO DA TÉCNICA DA MOTIVAÇÃO “PER RELATIONEM” – LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL - 
PEDIDO DEFERIDO. - O ajuizamento da ação penal privada subsidiária da pública pressupõe a completa inércia do 
Ministério Público, que se abstém, no prazo legal, (a) de oferecer denúncia, ou (b) de requerer o arquivamento do 
inquérito policial ou das peças de informação, ou, ainda, (c) de requisitar novas (e indispensáveis) diligências 
investigatórias à autoridade policial. Precedentes. - O Supremo Tribunal Federal tem enfatizado que, arquivado o 
inquérito policial, por decisão judicial, a pedido do Ministério Público, não cabe a ação penal subsidiária. Precedentes. 
Doutrina. (HC 74276, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Primeira Turma, julgado em 03/09/1996, DJe-037 DIVULG 23-02-
2011 PUBLIC 24-02-2011 EMENT VOL-02470-01 PP-00081) 
 
Na ação penal privada subsidiária da pública, como a ação penal, em sua origem, é de natureza pública, isso significa que, 
por mais que surja, para o indivíduo, o direito de propor a queixa-crime subsidiária, o crime continuará sendo de ação 
penal pública. Assim sendo, o surgimento do direito de ação penal privada subsidiária da pública, em virtude da inércia 
do MP, não transforma a natureza da ação penal pública. É por esse motivo que não se aplica a esse tipo de ação as quatro 
causas extintivas da punibilidade (decadência, perdão do ofendido, renúncia e perempção), pois o crime continua sendo 
de ação penal pública. 
 
STF: “(...) A ação penal relativa aos crimes tipificados nos artigos 171 e 177 do Código Penal é pública incondicionada. A 
ação penal privada subsidiária da pública, prevista no artigo 29 do Código de Processo Penal, só tem cabimento quando 
há inércia do Ministério Público, o que não ocorreu no caso sob exame. Hipótese em que o parecer do Ministério Público, 
no sentido da rejeição da queixa-crime, por atipicidade, equivale, na verdade, à requisição de arquivamento do feito”. 
(STF, Pleno, Inq. 2.242 AgR/DF, Rel. Min. Eros Grau, j. 07/06/2006, DJ 25/08/2006). 
 
Necessidade de vítima determinada 
Só é possível exigir representação de um crime se este crime tiver vítima determinada. 
✓ A leitura do art.5º, LIX da CF pode dar a falsa impressão de que a ação penal privada subsidiária da pública é 
cabível em todo e qualquer crime de ação pública, já que a Constituição não faz nenhuma ressalva. Entretanto, 
para tal ação ser cabível, é preciso individualizar uma pessoa que possa oferecê-la. 
 
Questão: é cabível ação penal privada subsidiária da pública no crime de tráfico de drogas? Nesse caso, não há vítima 
determinada que possa oferecer a queixa-crime subsidiária, pois se trata de crime contra a saúde pública. 
 
➢ Exceções: 
a) Crimes contra as relações de consumo (Lei 8.078/90): 
 
 
3 
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Lei 8.078/90 (CDC). 
“Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste código, bem como a outros crimes e contravenções que 
envolvam relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do Ministério Público, os legitimados indicados no art. 
82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo 
legal.” 
 
“Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 
21.3.1995) 
(...) 
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, 
especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código; 
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa 
dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear.” 
 
b) Crimes falimentares (Lei 11.101/05). 
Lei 11.101/05. 
“Art. 184. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada. 
Parágrafo único. Decorrido o prazo a que se refere o art. 187, § 1º, sem que o representante do Ministério Público ofereça 
denúncia, qualquer credor habilitado ou o administrador judicial poderá oferecer ação penal privada subsidiária da 
pública, observado o prazo decadencial de 6 (seis) meses.” 
 
10.2. Prazo decadencial (decadência imprópria). 
Há decadência na ação penal privada subsidiária da pública. Como visto na aula passada, trata-se da decadência imprópria, 
pois ela não extingue a punibilidade. 
 
CPP, art. 38: “Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de 
representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do 
crime, ou, no caso do art. 291, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. 
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos 
dos arts. 24, parágrafo único, e 31.” 
 
 
 
1 CPP, art. 29: “Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo 
ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do 
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar 
a ação como parte principal.” 
 
 
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✓ Neste caso, o termo inicial para contagem do prazo decadencial se inicia quando se esgota o prazo do Ministério 
Público (inércia do MP). Assim sendo, à luz do art. 38 do CPP, a partir do décimo sexto dia de inércia do órgão 
ministerial, são contados 6 meses para a ocorrência da decadência. 
 
10.3. Poderes do MP na ação penal privada subsidiária da pública. 
 
CPP, art. 29: “Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo 
ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do 
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, 
retomar a ação como parte principal.” 
 
Poderes do MP: 
1º) Aditar a queixa-crime para acrescentar elementos essenciais e acidentais. Considerando que o crime continuará sendo 
de ação penal pública e, portanto, de titularidade do MP, pode haver inclusão de novos crimes, novos acusados, assim 
como para inclusão de elementos acidentais. 
2º) Repudiar significa descartar e, segundo alguns doutrinadores, o MP poderá repudiar a queixa-crime ainda que ela 
esteja em perfeitas condições. Porém, se o MP repudiar a queixa-crime, obrigatoriamente,ele deverá oferecer denúncia 
substitutiva. 
✓ Assim, pode-se conceituar denúncia substitutiva como a denúncia oferecida pelo MP para substituir uma queixa-
crime subsidiária repudiada. 
3º) A negligência do querelante, nos autos da ação penal privada subsidiária da pública, obriga o MP a retomá-la como 
parte principal, não induzindo à perempção. 
✓ Ação penal indireta ocorre quando o Ministério Público reassume o processo como parte principal. 
 
11. AÇÃO PENAL POPULAR 
 
A expressão “ação penal popular” traduz a ideia de ação penal que poderia ser ajuizada por qualquer pessoa. 
 
✓ Alguns doutrinadores apontam dois exemplos de ação penal popular: habeas corpus (art. 654, CPP2) e a faculdade 
de qualquer cidadão oferecer denúncia contra agentes políticos por crimes de responsabilidade. 
 
2 CPP, art. 654: “O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo 
Ministério Público. 
§ 1o A petição de habeas corpus conterá: a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação 
e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça; b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de 
simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor; c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, 
quando não souber ou não puder escrever, e a designação das respectivas residências.” 
 
 
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✓ No caso de crimes de responsabilidade de agentes políticos, qualquer cidadão pode oferecer denúncia. 
✓ Os dois exemplos dados são criticados pela doutrina, pois não se trata de ações penais condenatórias 
propriamente ditas. 
• O HC é ação que visa à proteção da liberdade de locomoção, não sendo, portanto, ação penal 
condenatória. 
• No caso da faculdade de qualquer cidadão denunciar agentes políticos por crimes de responsabilidade, a 
palavra “denúncia” não tem o sentido de peça acusatória, tal como as denúncias oferecidas pelo MP. 
Trata-se, portanto, de notitia criminis. Além disso, a expressão “crime de responsabilidade” é infração 
político-administrativa (não é crime). 
 
12. AÇÃO PENAL ADESIVA 
Alguns doutrinadores afirmam que a ação penal adesiva estaria presente quando o assistente da acusação se habilita nos 
processos em crimes de ação penal pública. 
 
13. AÇÃO DE PREVENÇÃO PENAL 
É ação ajuizada em face do inimputável do art. 26, caput, CP. 
 
Quando se oferece uma peça acusatória contra inimputável, pleiteando a aplicação de uma medida de segurança, tem-
se a ação de prevenção penal. 
 
CP, art. 26. “É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, 
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de 
acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental 
ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato 
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)” 
 
14. AÇÃO PENAL SECUNDÁRIA. 
Existe uma regra quanto à ação penal. A presença de determinadas condições tem o condão de alterar a espécie de ação 
penal. Nesses casos, fala-se em ação penal secundária. 
Exemplo: 
Crime de estelionato – regra: ação penal pública condicionada à representação. 
 
§ 2º Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de 
processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.” 
 
 
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Crime de estelionato contra maior de 70 anos ou incapaz: ação penal pública incondicionada. 
 
15. AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA. 
 
Em regra, a ação penal nos crimes contra a honra é ação penal privada. 
 
*Exceções: 
1ª) Injúria real (CP, art. 140, §2º) – Trata-se de ofensa à honra subjetiva de uma pessoa mediante vias de fato e/ou lesão 
corporal. 
 
CP, art. 140, §2º: “Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se 
considerem aviltantes: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.” 
 
Atenção: como dito, a injúria real pode ser praticada por vias de fato ou por lesão corporal. Se o crime de injúria real for 
praticado por vias de fato, a ação penal continuará sendo privada. Isso porque as vias de fato são absorvidas pelo crime 
de injúria real. 
Entretanto, se o crime for cometido por meio de lesão corporal leve, a ação penal será pública condicionada à 
representação. 
Por fim, a injúria real pode ser praticada por meio de lesão grave e de lesão gravíssima. Nestes casos, trata-se de ação 
penal pública incondicionada. 
 
2ª) Crime contra a honra do Presidente da República ou Chefe de Governo estrangeiro: nesse caso, a ação penal será 
pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça. 
 
3ª) Crimes militares contra a honra: a ação penal será pública incondicionada. 
 
4ª) Crimes eleitorais contra a honra (durante a propaganda eleitoral): a ação penal será pública incondicionada. 
 
Lei 4.737/65 (CE). 
“Art. 355. As infrações penais definidas neste Código são de ação pública.” 
 
5ª) Injúria racial: ocorre quando o agente atinge a honra subjetiva da vítima, utilizando elementos ligados a aspectos de 
raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. 
 
CP, art. 140, §3º: “Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a 
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) 
 
 
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Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)” 
 
✓ Antes da Lei 12.033/09, a injúria real era crime de ação penal privada. Após a Lei 12.033/09, a injúria racial passou 
a ser de ação penal pública condicionada à representação. 
 
CP, art. 145: “Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 
140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. 
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste 
Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso IIdo mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do art. 
140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009)” 
 
✓ Em relação ao texto do art. 145, CP, é necessário lembrar que o crime do art. 140, §3º é o crime de injúria racial. 
 
6ª) Crime contra a honra de servidor público em razão de suas funções: 
 
O art. 141, II do CP3 refere-se ao crime contra a honra de funcionário público em razão das funções. Assim sendo, pela 
leitura do art. 145, §único, CP, crime cometido contra a honra de servidor público em razão das funções depende de 
representação (ação penal pública condicionada à representação). 
 
Súmula 714 do STF: é concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à 
representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas 
funções. 
 
Observações: 
✓ Na Súmula 714, o STF afirmou que, em casos de crime cometido contra a honra de servidor público em razão das 
funções também é possível a ação privada. 
✓ A Súmula 714, STF, cita a legitimidade concorrente do ofendido e do MP. Legitimidade concorrente, entretanto, 
é termo que se refere à possibilidade de duas ou mais pessoas ingressarem em juízo concomitantemente. No 
caso, seria a possibilidade de o ofendido ingressar com queixa-crime e o MP oferecer denúncia. 
✓ Atenção: O STF, inclusive, após a edição da súmula citada, proferiu uma decisão importante no Inquérito n. 1.939.Nesse pronunciamento, o Tribunal entendeu que, se o funcionário público oferecer a representação, estará 
preclusa a possibilidade de oferecer queixa-crime. 
 
 
3 CP, art. 141, II: “As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: 
(...) 
 II - contra funcionário público, em razão de suas funções;” 
 
 
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STF: “(...) Ação penal: crime contra a honra do servidor público, propter officium: legitimação concorrente do MP, 
mediante representação do ofendido, ou deste, mediante queixa: se, no entanto, opta o ofendido pela representação 
ao MP, fica-lhe preclusa a ação penal privada: electa una via... II. Ação penal privada subsidiária: descabimento se, 
oferecida a representação pelo ofendido, o MP não se mantém inerte, mas requer diligências que reputa necessárias. III. 
Processo penal de competência originária do STF: irrecusabilidade do pedido de arquivamento formulado pelo 
Procurador-Geral da República, se fundado na falta de elementos informativos para a denúncia”. (STF, Pleno, Inq. 
1.939/BA, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 03/03/2004). 
 
✓ O professor chama atenção para o fato de que, ao contrário do que diz a Súmula 714 do STF, a legitimidade não 
é concorrente, mas sim alternativa. 
 
16. AÇÃO PENAL NOS CRIMES DE LESÃO LEVE PRATICADOS COM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A 
MULHER. 
O crime de lesão corporal leve passou a exigir representação por conta do advento do art. 88, Lei 9.099/954. 
Entretanto, se esse mesmo crime for praticado no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher, a ação 
penal é pública incondicionada, pois não se aplica a Lei 9.099/95. 
 
Lei 11.340/06. 
“Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, 
não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.” 
 
STF: “(...) AÇÃO PENAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER – LESÃO CORPORAL – NATUREZA. A ação penal 
relativa a lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada – considerações”. 
(STF, Pleno, ADI 4.424/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 09/02/2012). 
 
STF: “(...) VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – GÊNEROS MASCULINO E FEMININO – TRATAMENTO 
DIFERENCIADO. O artigo 1º da Lei nº 11.340/06 surge, sob o ângulo do tratamento diferenciado entre os gêneros – mulher 
e homem –, harmônica com a Constituição Federal, no que necessária a proteção ante as peculiaridades física e moral da 
mulher e a cultura brasileira. COMPETÊNCIA – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – JUIZADOS DE VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. O artigo 33 da Lei nº 11.340/06, no que revela a conveniência de criação 
dos juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher, não implica usurpação da competência normativa dos 
estados quanto à própria organização judiciária. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER – REGÊNCIA – 
LEI Nº 9.099/95 – AFASTAMENTO. O artigo 41 da Lei nº 11.340/06, a afastar, nos crimes de violência doméstica contra a 
mulher, a Lei nº 9.099/95, mostra-se em consonância com o disposto no § 8º do artigo 226 da Carta da República, a prever 
 
4 Lei 9.099/1995, art. 88: “Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a 
ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.” 
 
 
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a obrigatoriedade de o Estado adotar mecanismos que coíbam a violência no âmbito das relações familiares”. (STF, Pleno, 
ADC 19/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 09/02/2012). 
 
Súmula n. 536 do STJ: “A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos 
sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha” 
 
Súmula n. 542 do STJ: “A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica e familiar contra 
a mulher é pública incondicionada” 
 
Questão: E se a lesão corporal for culposa? No caso de crimes culposos, não há incidência da Lei Maria da Penha. Assim, 
esse crime seria de ação penal pública condicionada à representação, aplicando-se o art. 88 da Lei 9099/95. 
 
17. AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. 
O art. 225, CP, em sua redação original, trazia a previsão da ação penal privada para os crimes sexuais. O §1º do artigo 
trazia algumas exceções. 
 
CP (redação anterior à Lei n. 12.015/09) 
Art. 225. Nos crimes definidos nos capítulos anteriores, somente se procede mediante queixa. 
§1º - Procede-se, entretanto, mediante ação pública: 
I - se a vítima ou seus pais não podem prover às despesas do processo, sem privar-se de recursos indispensáveis à 
manutenção própria ou da família; 
II - se o crime é cometido com abuso do pátrio poder, ou da qualidade de padrasto, tutor ou curador. 
§ 2º - No caso do nº I do parágrafo anterior, a ação do Ministério Público depende de representação. 
 
Violência real: consiste no emprego de força sobre o corpo da vítima como forma de constrangimento. 
 
Súmula 608 do STF: no crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada. 
 
✓ O STF entendia que o crime de estupro cometido com violência real era crime complexo. 
✓ Crime complexo é o que resulta de duas ou mais figuras típicas. Exemplo: roubo (furto + lesão corporal ou ameaça 
ou constrangimento ilegal). 
✓ O estupro, entretanto, não é um bom exemplo de crime complexo, pois a conjunção carnal por si só não é crime. 
Ela só se torna crime quando cometida com violência. 
✓ Ao dizer que o crime de estupro era crime complexo, ele aplicou, in casu, o art. 101 do CP: 
 
CP. 
A ação penal no crime complexo 
 
 
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“Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem 
crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa 
do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)” 
 
Crime complexo é aquele que tem dois ou mais crimes. Se um destes crimes for de ação penal pública, vai haver uma 
extensão para o outro crime. 
 
O STF entendia que o estupro era crime complexo. Deste modo, por mais que ele fosse de ação penal privada, quando ele 
era cometido com violência real, havia a lesão leve. Assim sendo, como a lesão leve é crime de ação penal pública, a 
natureza pública contaminaria todo o crime. 
 
Em 2009, por conta da Lei 12.015, o art. 225 do CP foi alterado e a ação penal passou a ser pública condicionada à 
representação (em regra). 
 
CP, art. 225: “Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada 
à representação. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) 
anos ou pessoa vulnerável. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)” 
 
Há uma aparente antinomia entre a menção ao Capítulo II e a pessoa vulnerável. 
De acordo com o caput do art. 225, CP, crimes sexuais contra vulnerável dependem de representação. No entanto, o § 
único afirma que, se a vítima for vulnerável, a ação penal será pública incondicionada. 
 
Como resolver tal antinomia? A doutrina dizia que, diante da antinomia, era necessário adotar o critério que melhor 
protegesse a vítima. Assim sendo, a ação penal pública incondicionada deveria ser aplicada. 
 
De outro lado, o STJ (no HC 276.510, disponível neste link) dizia que era necessário analisar a incapacidade do vulnerável, 
pois esta poderia ser de duas espécies diversas: 
Se a incapacidade fosse permanente (exemplo: criança de 5 anos), a ação seria pública incondicionada. 
Se a incapacidade fosse temporária (exemplo: embriaguez), a ação seria pública condicionada à representação. 
 
https://scon.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?i=1&b=ACOR&livre=((%27HC%27.clap.+e+@num=%27276510%27)+ou+(%27HC%27+adj+%27276510%27.suce.))&thesaurus=JURIDICO&fr=veja11 
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Espécie de vulnerabilidade e natureza da ação penal pública; 
STJ: “(...) A própria doutrina reconhece a existência de certa confusão na previsão contida no art. 225, caput e parágrafo 
único, do Código Penal, o qual, ao mesmo tempo em que prevê ser a ação penal pública condicionada à representação a 
regra tanto para os crimes contra a liberdade sexual quanto para os crimes sexuais contra vulnerável, parece dispor que 
a ação penal do crime de estupro de vulnerável é sempre incondicionada. A interpretação que deve ser dada ao referido 
dispositivo legal é a de que, em relação à vítima possuidora de incapacidade permanente de oferecer resistência à prática 
dos atos libidinosos, a ação penal seria sempre incondicionada. Mas, em se tratando de pessoa incapaz de oferecer 
resistência apenas na ocasião da ocorrência dos atos libidinosos, a ação penal permanece condicionada à representação 
da vítima, da qual não pode ser retirada a escolha de evitar o strepitus judicii. Com este entendimento, afasta-se a 
interpretação no sentido de que qualquer crime de estupro de vulnerável seria de ação penal pública incondicionada, 
preservando-se o sentido da redação do caput do art. 225 do Código Penal. No caso em exame, observa-se que, embora 
a suposta vítima tenha sido considerada incapaz de oferecer resistência na ocasião da prática dos atos libidinosos, esta 
não é considerada pessoa vulnerável, a ponto de ensejar a modificação da ação penal. Ou seja, a vulnerabilidade pôde 
ser configurada apenas na ocasião da ocorrência do crime. Assim, a ação penal para o processamento do crime é pública 
condicionada à representação. Verificada a ausência de manifestação inequívoca da suposta vítima de ver processado o 
paciente pelo crime de estupro de vulnerável, deve ser reconhecida a ausência de condição de procedibilidade para o 
exercício da ação penal. Observado que o crime foi supostamente praticado em 30/1/2012, mostra-se necessário o 
reconhecimento da decadência do direito de representação, estando extinta a punibilidade do agente. Writ não 
conhecido. Concessão de ordem de habeas corpus de ofício, para anular a condenação e a ação penal proposta contra o 
paciente”. (STJ, 6ª Turma, HC 276.510/RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 11/11/2014, DJe 1º/12/2014). 
 
Ação penal no crime de estupro cometido com violência real após o advento da Lei n. 12.015/09 
 
STJ: “(...) Com a superveniência da Lei nº 12.015/2009, que deu nova redação ao artigo 225 do Código Penal, a ação penal 
nos delitos de estupro e de atentado violento ao pudor, ainda que praticados com violência real, passou a ser de natureza 
 
 
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pública condicionada à representação, exceto nas hipóteses em que a vítima for menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa 
vulnerável, em que a ação será pública incondicionada. Em atenção ao princípio da retroatividade da lei posterior mais 
benéfica, ex vi do disposto no art. 5º, inciso XL, da Constituição Federal, de rigor sua aplicação a casos como o presente. 
Com a anulação da ação penal, tem-se por reconhecida a decadência do direito de representação, e a extinção da 
punibilidade. (...)”. (STJ, 6ª Turma, RHC 39.538/RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 08/04/2014, DJe 
25/04/2014). Na mesma linha: STJ, 5ª Turma, REsp 1.227.746/RS, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 02/08/2011, Dje 17/08/2011. 
 
Informativo n. 892 do STF: A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, denegou a ordem e revogou a 
liminar anteriormente deferida em “habeas corpus” que postulava a extinção de processo criminal com base 
essencialmente na alegação de desconsideração do prazo decadencial do direito de representação em crime de atentado 
violento ao pudor. No caso, a denúncia do paciente foi realizada em 2012, quando já estava em vigor a Lei 12.015/2009, 
que alterou o disposto no art. 225 do Código Penal, e mais de cinco anos após a ocorrência do delito. A Turma asseverou 
que as instâncias ordinárias concluíram que o crime foi praticado mediante violência real. Incide, portanto, o Enunciado 
608 da Súmula do STF, mesmo após o advento da Lei 12.015/2009. Com efeito, rejeitou a alegação de decadência ao 
fundamento de que a ação penal é pública incondicionada, na linha do que decidido no HC 102.683/RS (DJe de 7.2.2011). 
(STF, 1ª Turma, HC 125.360/RJ, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 27/02/2018). 
 
Direito intertemporal: Lei 12.015/09 e necessidade de representação. 
 
STJ: “(...) Se a lei nova se apresenta mais favorável ao réu nos casos de estupro qualificado, o mesmo deve ocorrer com 
as hipóteses de violência real, isto é, para as ações penais públicas incondicionadas nos termos da Súmula 608/STF. Tais 
ações penais deveriam ser suspensas para que as vítimas manifestassem desejo de representar contra o réu. (...)”. (STJ, 
5ª Turma, REsp 1.227.746/RS, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 02/08/2011, Dje 17/08/2011). 
 
STJ: “(...) Com a superveniência da Lei nº 12.015/2009, que deu nova redação ao artigo 225 do Código Penal, a ação penal 
nos delitos de estupro e de atentado violento ao pudor, ainda que praticados com violência real, passou a ser de natureza 
pública condicionada à representação, exceto nas hipóteses em que a vítima for menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa 
vulnerável, em que a ação será pública incondicionada. Em atenção ao princípio da retroatividade da lei posterior mais 
benéfica, ex vi do disposto no art. 5º, inciso XL, da Constituição Federal, de rigor sua aplicação a casos como o presente. 
Tendo a ofendida se retratado da representação anteriormente apresentada, sem que tenha sido oferecida denúncia, 
deve ser restabelecida a decisão do Juízo de primeira instância que determinou o arquivamento do feito, por ausência de 
condição de procedibilidade da ação penal. Recurso especial improvido. Habeas corpus concedido de ofício para 
restabelecer a decisão do Juízo de primeira instância que determinou o arquivamento do inquérito policial em razão da 
retratação da representação pela ofendida”. (STJ, 6ª Turma, REsp 1.290.077/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 
j. 04/02/2014, DJe 31/03/2014). 
 
No ano de 2018, a Lei 13.718 alterou novamente o art. 225, CP. Agora, a ação penal é pública incondicionada. 
 
 
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CP, art. 225: “Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública 
incondicionada (Redação dada pela Lei nº 13.718/18) 
Parágrafo único. Revogado pela Lei n. 13.718/18.” 
 
Obs. 1: crimes definidos nos “Capítulos I e II Deste Título” 
 
Crimes definidos no Capítulo I (“Dos crimes contra a Liberdade Sexual”) do Título VI (“Dos crimes contra a dignidade 
sexual”): a) Art. 213. Estupro; b) Art. 215. Violação sexual mediante fraude; c) Art. 215-A. Importunação sexual; d) Art. 
216-A. Assédio sexual; 
Crimes definidos no Capítulo II (“Dos crimes sexuais contra vulnerável”) do Título VI (“Dos crimes contra a dignidade 
sexual”): a) Art. 217-A. Estupro de vulnerável; b) Art. 218. Corrupção de menores; c) Art. 218-A. Satisfação de lascívia 
mediante presença de criança ou adolescente; d) Art. 218-B. Favorecimento da prostituição ou de outra forma de 
exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável; e) Art. 218-C. Divulgação de cena de estupro ou de cena 
de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia; 
 
Obs. 2: nos demais capítulos do Título VI (“Dos crimes contra a dignidade sexual”) não há nenhum crime de ação penal 
privada, nem tampouco pública condicionada à representação. 
Assim sendo, hoje, de maneira objetiva, é possível dizer que todos os crimes contra a dignidade sexual são de ação penal 
pública incondicionada. 
 
CP 
Art. 100. A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. 
§1º A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendidoou de requisição do Ministro da Justiça. 
(...) 
 
Obs. 3: novalio legis in pejus 
Essa alteração legislativa é uma mudança em prejuízo do acusado e, por esse motivo, é necessário que o aluno fique muito 
atento à data do crime. 
 
18. PEÇA ACUSATÓRIA 
AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PRIVADA 
Denúncia Queixa-Crime 
 
 
 
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A denúncia é a peça acusatória oferecida pelo MP. A queixa-crime, por sua vez, é oferecida pelo ofendido ou seu 
representante legal. 
✓ Com a ação penal privada em andamento, o ofendido passa a ser chamado de querelante e o acusado passa a ser 
chamado de querelado. 
 
Questão: É possível haver um único processo com duas peças acusatórias (denúncia + queixa)? 
Sim. Isso pode ocorrer em caso de conexão ou de continência entre crimes de ação penal pública e de ação penal privada 
(simultaneus processos). 
 
✓ Em regra, a peça acusatória é oferecida por escrito. 
✓ Não há óbice, entretanto, que a apresentação seja feita oralmente (JECRIM). 
 
18.1. Requisitos da peça acusatória. 
Esses requisitos podem ser extraídos do art. 41, CPP. Além disso, há requisitos trazidos pela doutrina. 
 
CPP, art. 41. “A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação 
do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das 
testemunhas.” 
 
a) Exposição do fato delituoso: é a narrativa do delito. O professor destaca que, quanto mais simples e objetiva, melhor 
será tal exposição. 
 
Imputação: é a atribuição a alguém da prática de determinada infração penal, funcionando como o ato processual por 
meio do qual se formula a pretensão penal. 
 
Atenção: para o exercício da ampla defesa, é fundamental que o acusado tenha o conhecimento detalhado de todos os 
fatos delituosos que lhe são atribuídos. 
 
Roteiro da denúncia: 
O que aconteceu? 
Quando? 
Por quê? 
Como? 
Contra quem? 
 
➢ Elementos da peça acusatória (Antonio Scarance Fernandes): 
1) Essenciais: são aqueles necessários para identificar a conduta como fato típico. 
 
 
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São elementos obrigatórios e não podem deixar de constar da peça acusatória. 
Eventual vício nesses elementos essenciais é causa de nulidade absoluta. 
Obs.: não basta a mera reprodução do tipo penal. É necessário descrever quais fatos foram praticados pelo agente que, 
efetivamente, têm o condão de se subsumir à conduta delituosa. 
 
2) Acidentais (acessórios): são aqueles ligados a circunstâncias de tempo, lugar ou modus operandi. 
Se os elementos acidentais forem conhecidos, eles devem constar na peça acusatória, sob pena de nulidade relativa. 
 
É possível oferecer uma denúncia sem mencionar a data exata ou o local em que o crime teria sido praticado. Isso ocorre 
porque nem sempre é possível conhecer tais elementos. 
Exemplo: em uma casa de verão que fica vazia em grande parte do ano, ocorreu um furto. Neste caso, como não é possível 
saber a data exata do crime, o MP poderá dizer, por exemplo, que, em um período compreendido entre janeiro e julho 
de 2020, o agente ingressou na casa. 
Obs.: quando a data do fato não for específica, leva-se em consideração a data mais benéfica para fins de prescrição. 
Neste exemplo, considera-se o dia 01/01/2020 para o cálculo da prescrição da pretensão punitiva abstrata. 
 
Observações: 
1ª) Em se tratando de crimes culposos, não basta citar a modalidade da culpa. É necessário descrever a imprudência, a 
negligência ou a imperícia. 
2ª) Quando se trata de crime de ação penal pública, o aluno deve se atentar ao art. 385 do CPP. 
 
CPP, art. 385: “Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público 
tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.” 
 
O art. 385, CPP, cita que as agravantes podem ser reconhecidas de ofício pelo juiz. Entretanto, de acordo com a doutrina, 
o art. 385 do CPP viola o princípio da correlação entre acusação e a sentença. Para a jurisprudência, entretanto, o art. 
385, CPP, é constitucional. 
 
STF: “(...) As agravantes, ao contrário das qualificadoras, sequer precisam constar da denúncia para serem reconhecidas 
pelo Juiz. É suficiente, para que incidam no cálculo da pena, a existência nos autos de elementos que as identifiquem. No 
caso sob exame, consta na sentença que a paciente organizou a cooperação no crime, dirigindo a atividade criminosa. 
Ordem denegada”. (STF, 2ª Turma, HC 93.211/DF, j. 12/02/2008). 
 
3ª) Uma narrativa deficiente é chamada de criptoimputação pela doutrina. 
Nesse caso, há o reconhecimento da inépcia da peça acusatória. 
A inépcia é causa de rejeição (art. 395, I, CPP). De acordo com os tribunais superiores, a inépcia deve ser arguida até a 
sentença, sob pena de reclusão. 
 
 
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STJ: “(...) A denúncia é inepta, pois não descreveu qual a conduta praticada pelo paciente, que decorreria de negligência, 
imprudência ou perícia, a qual teria ocasionado a produção do resultado naturalístico. O fato de o paciente ter perdido o 
"controle da direção" e ter, em consequência, invadido a contramão, não é típico. A tipicidade, se houvesse, estaria na 
causa da perda do controle do veículo. Essa, entretanto, não é mencionada na peça acusatória”. (STJ, 6ª Turma, HC 
188.023/ES, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 1º/09/2011). 
 
b) Qualificação do acusado: 
Para instaurar um processo criminal contra alguém, é necessário qualificá-lo (nome, RG, CPF, data de nascimento, 
endereço, filiação etc.). 
 
Recusa do réu em fornecer sua identidade civil: tanto a CF/1988 como a Lei 12.037/09 dizem que o indivíduo que não se 
identifica civilmente pode ser submetido à identificação criminal. 
Esta identificação não está amparada pelo nemo tenetur se detegere, ou seja, não há direito de falsear a sua própria 
identidade. 
 
CPP, art. 313: “Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela 
Lei nº 12.403, de 2011). 
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou 
quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em 
liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (Incluído pela Lei nº 12.403, 
de 2011).” 
 
✓ No caso do termo sublinhado no art. 313, CPP, trata-se de condução coercitiva para fins de identificação. 
 
Pela letra do art. 41 do CPP, se o MP não tiver a qualificação do indivíduo, seria possível oferecer denúncia com base em 
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo. Entretanto, o professor afirma que, atualmente, é inviável usar essa 
possibilidade para qualificar o sujeito. 
 
Questão: E se, no curso do processo, descobrirmos que o agente usou identidade falsa? Neste caso, não é necessário 
anular o processo inteiro. Ver art. 259 do CPP: 
 
CPP, art. 259: “A impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não 
retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da 
 
 
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execução da sentença, se for descoberta a sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da 
validade dos atos precedentes. 
 
✓ Se não houver dúvida sobre a verdadeira identidade do indivíduo, é possível a retificação da identificação do 
indivíduo. 
 
c) Classificação do crime 
Para classificar um crime, é necessário que haja a indicação do diploma normativo, do tipo penal e, eventualmente, das 
agravantes, causas de aumento de pena, qualificadoras, privilégios etc. 
✓ Eventual equívoco quanto à classificação não é causa de rejeição da peça acusatória. Isso porque os artigos383 e 
384 do CPP preveem a correção da classificação e da imputação durante o processo. 
✓ Prevalece o entendimento de que, no processo penal, o acusado se defende dos fatos imputados e não do tipo 
penal. 
 
“Emendatio libelli”: 
CPP, art. 383: “O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição 
jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.719, 
de 2008).” 
 
“Mutatio libelli”: 
CPP, art. 384: “Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de 
prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público 
deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em 
crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. (Redação dada pela Lei nº 
11.719, de 2008).” 
 
d) Rol de testemunhas 
O rol de testemunhas só constará da peça acusatória se for necessário. 
 
➢ Testemunhas do juízo: 
CPP, art. 156: “A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada 
pela Lei nº 11.690, de 2008) 
(...) 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre 
ponto relevante. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)” 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11719.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11719.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11719.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11719.htm#art1
 
 
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*Há controvérsias quanto ao número de testemunhas no caso de procedimento comum sumaríssimo. Alguns acreditam 
que são 5 testemunhas. 
 
Obs.: prevalece o entendimento de que o número de testemunhas diz respeito a cada fato delituoso. 
Exemplo: o MP oferece denúncia dizendo que “A” assaltou uma padaria e, 30 minutos depois, assaltou um posto de 
gasolina. Trata-se de uma única denúncia com 2 fatos delituosos. Neste caso, serão 8 testemunhas para o roubo da padaria 
e 8 testemunhas para o roubo do posto de gasolina. 
 
STJ: “(...) O limite máximo de 8 (oito) testemunhas descrito no art. 401, do Código de Processo Penal, deve ser interpretado 
em consonância com a norma constitucional que garante a ampla defesa no processo penal (art. 5º, LV, da CF/88). Para 
cada fato delituoso imputado ao acusado, não só a defesa, mas também a acusação, poderá arrolar até 8 (oito) 
testemunhas, levando-se em conta o princípio da razoabilidade e proporcionalidade”. (STJ, 5ª Turma, HC 55.702/ES, Rel. 
Min. Honildo Amaral de Mello Castro, j. 05/10/2010). 
 
e) Razões de convicção 
Esse requisito não está no CPP, mas se encontra no art. 77, “f”, CPPM5. 
 
Uma das causas de rejeição da peça acusatória ocorre quando se verificar a falta de justa causa. Assim, é interessante 
descrever na peça acusatória as razões de convicção para que, posteriormente, a peça não seja rejeitada. 
 
f) Peça acusatória subscrita pelo Promotor ou pelo advogado do querelante 
 
➢ Procuração com poderes especiais 
 
5 CPPM, art. 77, “f”: “ A denúncia conterá: (...) 
f) as razões de convicção ou presunção da delinqüência;” 
 
 
 
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✓ A Defensoria Pública, em regra, não precisa de procuração. Entretanto, a doutrina e os tribunais dizem que, 
quando a lei exige poderes especiais, até mesmo o defensor público precisa de procuração. 
 
CPP, art. 44: “A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do 
mandato o nome do *querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de 
diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.” 
 
Na procuração, deve constar: 
• *Nome do querelado (no art. 44, onde está “querelante”, leia-se “querelado”); 
• Menção do fato criminoso. 
 
➢ Vícios da Procuração: 
 
CPP, art. 568: “A nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo tempo sanada, mediante 
ratificação dos atos processuais. “ 
 
18.2. Prazo para Oferecimento da Peça Acusatória. 
 
CPP, art. 46: “O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o 
órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No 
último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão 
do Ministério Público receber novamente os autos. 
§ 1º Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da 
data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação 
§ 2º O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber 
os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos 
demais termos do processo.” 
 
 
 
 
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Observação: 
Na hipótese de réu preso em crime de ação penal de iniciativa privada, não se pode admitir que o ofendido possa demorar 
6 meses para oferecer sua queixa-crime, sob pena de evidente constrangimento ilegal à liberdade de locomoção por 
excesso de prazo. Portanto, a doutrina faz uma analogia com a denúncia (5 dias preso), sendo possível concluir que se 
aplica à queixa-crime o mesmo prazo previsto para o oferecimento da denúncia de acusado preso: 5 dias. 
 
18.3. Questões Diversas 
➢ Denúncia genérica 
A denúncia genérica é muito comum em crimes societários. 
Antigamente, entendia-se que era possível oferecer denúncia, nesses crimes, de modo genérico. Atualmente, isso não é 
possível. 
 
STF: “(...) Nos crimes contra a ordem tributária a ação penal é pública. Quando se trata de crime societário, a denúncia 
não pode ser genérica. Ela deve estabelecer o vínculo do administrador ao ato ilícito que lhe está sendo imputado. É 
necessário que descreva, de forma direta e objetiva, a ação ou omissão da paciente. Do contrário, ofende os requisitos 
do CPP, art. 41 e os Tratados Internacionais sobre o tema. Igualmente, os princípios constitucionais da ampla defesa e do 
contraditório. Denúncia que imputa co-responsabilidade e não descreve a responsabilidade de cada agente, é inepta. O 
princípio da responsabilidade penal adotado pelo sistema jurídico brasileiro é o pessoal (subjetivo). A autorização 
pretoriana de denúncia genérica para os crimes de autoria coletiva não pode servir de escudo retórico para a não 
descrição mínima da participação de cada agente na conduta delitiva. Uma coisa é a desnecessidade de pormenorizar. 
Outra, é a ausência absoluta de vínculo do fato descrito com a pessoa do denunciado. Habeas deferido”. (STF, 2ª Turma, 
HC 80.549/SP, Rel. Min. Nelson Jobim, DJ 24/08/2001). 
 
AÇÃO CIVIL EX DELICTO 
Nessa matéria será analisada a relação entre um fato delituoso e a obrigação de reparar o dano. 
 
1. Noções Introdutórias. 
Por conta de uma mesma infração penal, cuja prática é atribuída a determinada pessoa, podem ser exercidas duas 
pretensões distintas: de um lado, a chamada pretensão punitiva, isto é, a pretensão do Estado em impor a pena cominada 
em lei; do outro lado, a pretensão à reparação do dano que a suposta infração penal possa ter causado à determinada 
pessoa. 
 
Código Civil 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, 
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
 
 
21 
www.g7juridico.com.br2. Sistemas atinentes à relação entre a ação civil ex delicto e o processo penal 
Questão: qual a relação que existe entre o processo penal e o processo civil? São quatro os sistemas que dispõem sobre 
o relacionamento entre a ação civil para reparação do dano e a ação penal: 
 
a) Sistema da confusão: na antiguidade, muito antes de o Estado trazer para si a solução dos conflitos intersubjetivos, 
cabia ao ofendido buscar a reparação do dano e a punição do autor do delito por meio da ação direta sobre o ofensor. 
Por meio deste sistema, a mesma ação era utilizada para a imposição da pena e para fins de ressarcimento do prejuízo 
causado pelo delito. 
 
b) Sistema da solidariedade: neste sistema, há uma cumulação obrigatória de ações distintas perante o juízo penal, uma 
de natureza penal, e outra cível, ambas exercidas no mesmo processo, ou seja, apesar de separadas as ações, 
obrigatoriamente são resolvidas em conjunto e no mesmo processo. 
 
✓ Por mais que o juiz tenha a possibilidade de fixar, desde já, valor líquido para a reparação do dano, ali não há ação 
cível. 
 
c) Sistema da livre escolha: caso o interessado queira promover a ação de reparação do dano na seara cível, poderá fazê-
lo. Porém, neste caso, face a influência que a sentença penal exerce sobre a civil, incumbe ao juiz cível determinar a 
paralisação do andamento do processo até a superveniência do julgamento definitivo da demanda penal, evitando-se, 
assim, decisões contraditórias. De todo modo, a critério do interessado, admite-se a cumulação das duas pretensões no 
processo penal, daí por que se fala em cumulação facultativa, e não obrigatória, como se dá no sistema da solidariedade; 
 
d) Sistema da independência: as duas ações podem ser propostas de maneira independente, uma no juízo cível, outra no 
âmbito penal. Isso porque, enquanto a ação cível versa sobre questão de direito privado, de natureza patrimonial, a outra 
versa sobre o interesse do Estado em sujeitar o suposto autor de uma infração penal ao cumprimento da pena cominada 
em lei. 
 
✓ No Brasil, o sistema adotado é o da independência. 
 
Quando a pessoa é vítima de crime que produz prejuízo, é possível propor uma ação no âmbito cível ou pode-se fazer 
uma execução “ex delicto”. Neste caso, tem-se uma ação de execução, a qual demanda o trânsito em julgado da sentença 
penal condenatória. 
 
CPP, art. 63: “Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o 
efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. 
 
 
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Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos 
termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código, sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente 
sofrido.” 
 
CPP, art. 64: “Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no 
juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil. 
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo 
daquela. 
 
CPP, art. 387: “O Juiz, ao proferir sentença condenatória: 
(...) 
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo 
ofendido (redação dada pela Lei n. 11.719/08); 
 
✓ No caso do art. 64, CPP, tem-se uma ação ordinária de conhecimento (e não uma ação de execução como a do 
art. 63 do CPP). 
✓ A execução civil ex delicto (art. 63, CPP) pode ser promovida apenas contra o condenado. 
✓ A ação civil ex delicto (art. 64, CPP), por sua vez, pode ser promovida contra o autor do delito e contra o 
responsável civil. 
 
3. Possibilidades alternativas e independentes para o ofendido buscar o ressarcimento do dano causado pelo delito 
3.1. Ação de execução ex delicto – (CPP, art. 63) 
3.2. Ação civil ex delicto - (CPP, art. 64)- Diante da lentidão do processo penal, esta parece ser a alternativa mais viável. 
 
4. Efeitos civis da absolvição penal. 
 
Questão: o cidadão foi absolvido no âmbito criminal. Diante disso, qual é o reflexo que isso produzirá no processo civil? 
Depende do fundamento da absolvição. 
 
CPP, art. 66: “Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver 
sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.” 
 
A depender do fundamento da absolvição, o acusado pode ser ou não exonerado da obrigação de reparar o dano. Se a 
inexistência ou a negativa de autoria tiverem sido decididas de maneira categórica no âmbito criminal, isso possuirá 
reflexos no âmbito cível. 
 
 
 
 
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CPP, art. 386: “O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: 
I - estar provada a inexistência do fato; (faz coisa julgada no cível) 
II - não haver prova da existência do fato; (não faz coisa julgada no cível) 
III - não constituir o fato infração penal; (não faz coisa julgada no cível) 
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; (faz coisa julgada no cível) 
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; (não faz coisa julgada no cível) 
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e §1º do art. 28, todos 
do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência;” 
 
Observações: 
Art. 386, I, CPP: se o juiz criminal reconheceu categoricamente que o fato não existiu, não é possível admitir que esse fato 
exista no cível. Essa decisão faz coisa julgada no cível. 
Art. 386, II, CPP: sempre que a decisão trabalha com grau de convencimento, não se trata de decisão categórica e, 
portanto, não faz coisa julgada no cível. 
Art. 386, III, CPP: Essa decisão não faz coisa julgada no cível. Pode ser que o fato não seja típico, mas nem por isso ele vai 
deixar de ser ilícito civil. 
Exemplo: dano culposo não constitui infração penal, mas é ilícito sob o ponto de vista cível. 
Art. 386, VI, CPP: trata das causas excludentes da ilicitude e de culpabilidade. Nestes casos, as hipóteses de absolvição 
devem ser analisadas separadamente: 
• Provada a existência de causa excludente da ilicitude real - Faz coisa julgada no cível, desde que o ofendido tenha 
dado causa à excludente. Entretanto, quando a excludente de ilicitude for provocada por terceiro, não é feita a 
coisa julgada no cível. 
• Provada a existência de causa excludente da ilicitude putativa e erro na execução - Não faz coisa julgada no cível. 
• Provada a existência de causa excludente da culpabilidade - Não faz coisa julgada no cível. 
• Fundada dúvida acerca de causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade - Não faz coisa julgada no cível. 
 
STJ: “(...) O STJ pacificou entendimento no sentido de que a absolvição na esfera criminal, por ausência de prova nos autos 
relativa ao fato de ter o acusado concorrido para a infração penal, não tem o condão de excluir a condenação 
administrativa. Recurso especial a que se nega provimento”. (STJ, 5ª Turma, REsp 1.028.436/SP, Rel. Min. Adilson Vieira 
Macabu, DJe 17/11/2011). 
 
STJ: “(...) CIVIL. DANO MORAL. LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA. A legítima defesa putativa supõe negligência na apreciação 
dos fatos, e por isso não exclui a responsabilidade civil pelos danos que dela decorram. Recurso especial conhecido e 
provido”. (STJ, 3ª Turma, REsp 513.891/RJ, Rel. Min. Ari Pargendler, j. 20/03/2007). 
 
 
 
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CPP, art. 386. (...) 
(...) 
“VII – não existir prova suficiente para a condenação” (não faz coisa julgada no cível) 
 
4.1. Efeitos civis de outras decisões. 
a) Sentença absolutória imprópria – Essa decisão não tem natureza condenatória (aplica medida de segurança) e, 
portanto, não produz efeitos civis.b) Sentença absolutória proferida pelo Júri - Essa decisão não faz coisa julgada no cível porque o júri não 
fundamenta a sua decisão. 
c) Arquivamento do inquérito policial - Essa decisão não faz coisa julgada no cível. 
d) Transação penal - Essa decisão não faz coisa julgada no cível. 
 
CPP, art. 67: “Não impedirão igualmente a propositura da ação civil: 
I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação; 
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade; 
III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.” 
 
Lei n. 9.099/95 
“Art. 76. (...) 
(...) 
§6º A imposição da sanção de que trata o §4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para 
os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo 
cível.” 
 
5. Obrigação de indenizar o dano causado pelo delito como efeito genérico da sentença condenatória. 
Para tornar certa a obrigação de indenizar o dano, é necessário o trânsito em julgado. 
 
CP, art. 91: “São efeitos da condenação: 
I – tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;” 
 
5.1. Legitimidade ativa. 
O ofendido, representante e seus sucessores têm legitimidade ativa para pleitear a indenização pelos danos sofridos. 
 
CPP, art. 68: “Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§1º e 2º), a execução da sentença 
condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público.” 
 
 
 
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Como o art. 68 do CPP fala que é o MP quem deve buscar a indenização, discutiu-se se este artigo seria constitucional. O 
STF entendeu que este artigo é dotado de constitucionalidade progressiva, ou seja, nas comarcas em que houver 
Defensoria Pública, o art. 68, CPP, será inconstitucional/não recepcionado. Entretanto, no caso de comarcas que não têm 
Defensoria Pública, o art. 68 permanece válido. 
 
STJ: “(...) O Ministério Público tem legitimidade para representação de hipossuficiente em ação civil de reparação por 
dano decorrente de conduta criminosa, nos expressos termos do art. 68 do CPP. O Supremo Tribunal Federal reconheceu 
a inconstitucionalidade progressiva do art. 68 do CPP, concluindo que 'enquanto não criada por lei, organizada – e, 
portanto, preenchidos os cargos próprios, na unidade da Federação – a Defensoria Pública, permanece em vigor o artigo 
68 do Código de Processo Penal, estando o Ministério Público legitimado para a ação de ressarcimento nele prevista' (RE 
nº 135.328-7/SP, rel. Min. Marco Aurélio, DJ 01/08/94). Evidenciando-se que a atuação do Parquet se deu, in casu, nos 
estreitos limites do art. 68 do CPP em momento anterior à instituição da Defensoria Pública no Estado de São Paulo 
(janeiro de 2006), revelam-se válidos todos os atos praticados pelo órgão ministerial na defesa dos interesses do 
hipossuficiente autor da demanda”. (STJ, 4ª Turma, REsp 219.815/SP, Rel. Min. Carlos Fernando Mathias, DJe 
24/11/2008). 
 
5.2. Legitimidade passiva. 
No caso de execução “ex delicto”, ela só pode ser proposta contra aquele que foi condenado pelo ilícito em questão. 
No caso de ação civil “ex delicto”, a ação pode ser proposta em face do autor do delito ou em face do responsável civil. 
 
CC/2002, art. 932: “São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; 
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, 
ou em razão dele; 
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de 
educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; 
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.” 
 
6. Quantificação do montante a ser indenizado ao ofendido. 
Antes da Lei 11.719/2008, a sentença condenatória reconhecia apenas o an debeatur (existência da dívida), ou seja, era 
necessário promover uma liquidação para apuração do quantum debeatur e, depois disso, seria possível promover uma 
liquidação por quantia certa. 
 
A partir da Lei 11.719/2008, o juiz, na própria sentença condenatória, pode fixar um valor mínimo de condenação. Assim, 
a sentença agora reconhece o “an debeatur” e o “quantum debeatur”. 
 
 
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Se o valor fixado for satisfatório para a vítima, o interessado já pode ingressar com a execução (não é necessária a fase de 
liquidação). Se, entretanto, o interessado/vítima não concordar com o valor, é possível a promoção de liquidação para a 
apuração do dano efetivamente sofrido. 
 
CPP, art. 387: “O Juiz, ao proferir sentença condenatória: 
(...) 
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo 
ofendido (redação dada pela Lei n. 11.719/08);” 
 
CPP, art. 63: “Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o 
efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. 
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos 
termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código, sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente 
sofrido (acrescentado pela Lei n. 11.719/08).” 
 
STJ: “(...) A regra do art. 387, inciso IV, do Código de Processo Penal, que dispõe sobre a fixação, na sentença condenatória, 
de valor mínimo para reparação civil dos danos causados ao ofendido, é norma híbrida, de direito processual e material, 
razão pela que não se aplica a delitos praticados antes da entrada em vigor da Lei n.º 11.719/2008, que deu nova redação 
ao dispositivo. Para que seja fixado na sentença o início da reparação civil, com base no art. 387, inciso IV, do Código de 
Processo Penal, deve haver pedido expresso do ofendido ou do Ministério Público e ser oportunizado o contraditório ao 
réu, sob pena de violação ao princípio da ampla defesa”. (STJ, 5ª Turma, REsp 1.193.083/RS, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 
20/08/2013). 
 
➢ (Des) necessidade de pedido expresso 
Muitos doutrinadores entendem que não há necessidade de pedido expresso de fixação de valor mínimo da indenização. 
Entretanto, prevalece na doutrina que há necessidade de pedido expresso, sob pena de violação ao contraditório. 
 
STJ: “(...) A regra do art. 387, inciso IV, do Código de Processo Penal, que dispõe sobre a fixação, na sentença condenatória, 
de valor mínimo para reparação civil dos danos causados ao ofendido, é norma híbrida, de direito processual e material, 
razão pela que não se aplica a delitos praticados antes da entrada em vigor da Lei n.º 11.719/2008, que deu nova redação 
ao dispositivo. Para que seja fixado na sentença o início da reparação civil, com base no art. 387, inciso IV, do Código de 
Processo Penal, deve haver pedido expresso do ofendido ou do Ministério Público e ser oportunizado o contraditório ao 
réu, sob pena de violação ao princípio da ampla defesa”. (STJ, 5ª Turma, REsp 1.193.083/RS, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 
20/08/2013). 
 
 
 
 
 
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➢ Natureza do dano cuja indenização mínima pode ser fixada na sentença condenatória. 
A lei processual penal não fala qual dano será objeto de fixação na sentença penal condenatória. Prevalece a tese de que 
qualquer espécie de dano pode ser objeto de fixação. 
 
Enunciado n. 16 do 1º Fórum Nacional dos Juízes Federais Criminais (FONACRIM): “O valor mínimo para reparação dos 
danos causados pelo crime pode abranger danos morais”. 
 
STJ: “(...) Considerando que a norma não limitou e nem regulamentou como será quantificado o valor mínimo para a 
indenizaçãoe considerando que a legislação penal sempre priorizou o ressarcimento da vítima em relação aos prejuízos 
sofridos, o juiz que se sentir apto, diante de um caso concreto, a quantificar, ao menos o mínimo, o valor do dano moral 
sofrido pela vítima, não poderá ser impedido de fazê-lo. Ao fixar o valor de indenização previsto no artigo 387, IV, do CPP, 
o juiz deverá fundamentar minimamente a opção, indicando o quantum que refere-se ao dano moral. 3. Recurso especial 
improvido”. (STJ, 6ª Turma, Resp 1.585.684/DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 09/08/2016). 
 
STJ: Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é possível a fixação de valor mínimo 
indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não 
especificada a quantia, e independentemente de instrução probatória. Cinge-se a controvérsia a definir a necessidade ou 
não de indicação de um montante mínimo pelo postulante, bem como a necessidade ou não da produção de prova, 
durante a instrução criminal, para a fixação, em sentença condenatória, da indenização por danos morais sofridos pela 
vítima de violência doméstica. Em relação à primeira questão, cumpre salientar que ambas as Turmas desta Corte Superior 
já firmaram o entendimento de que a imposição, na sentença condenatória, de indenização, a título de danos morais, 
para a vítima de violência doméstica, requer a dedução de um pedido específico, em respeito às garantias do contraditório 
e da ampla defesa. Entretanto, a Quinta Turma possui julgados no sentido de ser necessária a indicação do valor 
pretendido para a reparação do dano sofrido. Já a Sexta Turma considera que o juízo deve apenas arbitrar um valor 
mínimo, mediante a prudente ponderação das circunstâncias do caso concreto. Nesse sentido, a fim de uniformizar o 
entendimento, conclui-se que o pedido expresso por parte do Ministério Público ou da ofendida, na exordial acusatória, 
é, de fato, suficiente, ainda que desprovido de indicação do seu quantum, de sorte a permitir ao juízo sentenciante fixar 
o valor mínimo a título de reparação pelos danos morais, sem prejuízo, evidentemente, de que a pessoa interessada 
promova, no juízo cível, pedido complementar, onde, então, será necessário produzir prova para a demonstração do valor 
dos danos sofridos. Já em relação à segunda questão, é importante destacar que no âmbito da reparação dos danos 
morais, a Lei Maria da Penha, complementada pela reforma do Código de Processo Penal através da Lei n. 11.719/2008, 
passou a permitir que o juízo único – o criminal – possa decidir sobre um montante que, relacionado à dor, ao sofrimento, 
à humilhação da vítima, de difícil mensuração, deriva da própria prática criminosa experimentada. Assim, não há 
razoabilidade na exigência de instrução probatória acerca do dano psíquico, do grau de humilhação, da diminuição da 
autoestima, etc, se a própria conduta criminosa empregada pelo agressor já está imbuída de desonra, descrédito e 
menosprezo ao valor da mulher como pessoa e à sua própria dignidade. O que se há de exigir como prova, mediante o 
respeito às regras do devido processo penal – notadamente as que derivam dos princípios do contraditório e da ampla 
 
 
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defesa –, é a própria imputação criminosa – sob a regra, decorrente da presunção de inocência, de que o onus probandi é 
integralmente do órgão de acusação –, porque, uma vez demonstrada a agressão à mulher, os danos psíquicos dela 
resultantes são evidentes e nem têm mesmo como ser demonstrados. Diante desse quadro, a simples relevância de haver 
pedido expresso na denúncia, a fim de garantir o exercício do contraditório e da ampla defesa, é bastante para que o Juiz 
sentenciante, a partir dos elementos de prova que o levaram à condenação, fixe o valor mínimo a título de reparação dos 
danos morais causados pela infração perpetrada, não sendo exigível produção de prova específica para aferição da 
profundidade e/ou extensão do dano. O merecimento à indenização é ínsito à própria condição de vítima de violência 
doméstica e familiar. O dano, pois, é in re ipsa. (STJ, 3ª Seção, REsp 1.643.051/MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 
28/02/2018, DJe 08/03/2018).

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