Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1.Em 2019, o presidente da Bolívia, Evo Morales, e o vice-presidente, Álvaro García, que haviam sido reeleitos para o quarto mandato consecutivo, renunciaram aos cargos, após a OEA (Organização dos Estados Americanos) recomendar a realização de novas eleições, e após representantes das Forças Armadas do país terem os pressionado. O Congresso boliviano, então, elegeu a senadora Jeanine Áñez como presidenta interina, numa sessão legislativa que não obteve o quórum exigido pela Constituição do país. E, depois, sucedeu-se uma onda de protestos contrários à mudança política, que foram reprimidos de forma violenta. O Brasil foi o primeiro Estado a se manifestar afirmando o reconhecimento do governo Áñez, enquanto outros Estados, como a Venezuela, afirmaram não reconhecer o seu governo Marque VERDADEIRO ou FALSO. * O reconhecimento de Áñez como presidenta boliviana pelo Brasil foi ilegal, pois a sessão legislativa que a indicou não obteve o quórum constitucional. V ou F F: quando um Estado atravessa uma mudança de governo abrupta, inconstitucional, através de golpe ou de revolução, põe-se para o direito internacional a questão de saber se o novo governo, golpista ou revolucionário, é ou não legítimo- aqueles que reconhecem o novo governo tenderão a afirmar que a mudança governamental se deu em conformidade com a Constituição. A declaração de reconhecimento ou não-reconhecimento, em casos como esse, só é admissível após o esgotamento dos recursos internos do direito boliviano. V ou F F: o reconhecimento de governo é muito similar ao reconhecimento de Estado, pois também constitui um ato unilateral (depende apenas da vontade do Estado que reconhece) totalmente discricionário (praticado por motivações políticas). Além das afinidades políticas, há outro fator que, com o passar do tempo, pode levar ao reconhecimento do novo governo até mesmo por Estados que não o reconheciam: a efetividade do novo governo. Apesar da importância política, o reconhecimento ou o não- reconhecimento do governo interino da Bolívia não produziu efeitos de caráter jurídico. V ou F F: os efeitos do reconhecimento se limitam ao Estado reconhecido e aquele que o reconhece, ou ainda, aqueles que o reconhecem. O efeito precisamente é a possibilidade desses Estados travarem relações jurídicas entre si. E o Brasil foi o primeiro Estado a se manifestar afirmando o reconhecimento do governo Áñez Um requisito legal indispensável para o reconhecimento do governo de Añez foi o seu compromisso com a realização de novas eleições V ou F F ( não vi nada sobre) 2. Em 2019, a missão diplomática da Venezuela acreditada pelo Estado brasileiro teve a sua embaixada, situada em Brasília, invadida por apoiadores de Juan Guaidó, líder da oposição ao governo de Nicolás Maduro, e que se autoproclamou presidente do país. A missão diplomática venezuelana informou às autoridades policiais e governamentais do Brasil de forma imediata, pedindo- lhes proteção, mas elas não adotaram nenhuma medida para impedir a invasão nem para retirar os invasores da embaixada. No final, os invasores acabando sendo expulsos após embates físicos com grupos brasileiros que repudiaram a invasão Considerando as regras da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961, ratificada pelo Brasil, marque VERDADEIRO ou FALSO. 2.1 O não-reconhecimento do governo Nicolás Maduro pelo governo brasileiro isenta o Brasil da obrigação de assegurar a inviolabilidade da embaixada da Venezuela. F: como Estado signatário da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, o país estabelece a obrigação de proteger as sedes diplomáticas em qualquer circunstâncias. 2.2 Uma vez que a embaixada corresponde a território venezuelano, as autoridades brasileiras, de fato, não poderiam entrar no prédio para atender ao pedido de proteção da missão diplomática. F: é preciso proteção as sedes diplomáticas, além disso, de acordo com a convenção de Viena, as embaixadas foram criadas como uma garantia para que os diplomatas exerçam sua função. 2.3 Como a embaixada é território venezuelano, as autoridades brasileiras também não têm jurisdição para punir criminalmente os invasores. F: Considerando que haviam brasileiros durante a invasão, esses indivíduos seriam julgados conforme a lei brasileira. 2.4 Uma vez que o Brasil não reconhece Maduro como presidente da Venezuela, mas sim Guaidó, o governo brasileiro pode declarar não reconhecer os diplomatas indicados por Maduro, e, então, acreditar os representantes indicados por Guaidó. V 3. Após uma crise política ter levado a um conflito armado no Haiti, o presidente do país, Bertrand Aristide, se exilou enquanto o conflito se agravava. A ONU considerou que a situação representava uma ameaça à segurança e à paz internacional na região, e em Fevereiro de 2004 aprovou a Resolução n. 1529, que autorizou a criação de uma Força Multinacional Provisória, composta por forças militares de diversos países. Em Junho do mesmo ano, a ONU aprovou outra resolução (n. 1542), criando a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah). Esta missão, chefiada pelo Brasil, foi composta inicialmente por 1.622 policiais civis e 6.700 militares, e foi encarregada de prestar apoio ao governo provisório do país, garantindo a segurança e a estabilidade da ordem, e assegurando a realização de eleições Considerando os órgãos da ONU e suas atribuições, marque VERDADEIRO ou FALSO. * Como as resoluções se referem a um tema de interesse geral de um país do Terceiro Mundo, somente a Assembleia-Geral tem competência para emiti-las. F: as Resoluções daqui têm caráter de recomendação, não sendo obrigatórias. E diferente do que ocorre nas Resoluções do Conselho de Segurança, a maioria das Resoluções daqui não são dirigidas a um Estado em particular, mas a todos, tendo um caráter geral, impessoal, como essa Declaração do Milênio, pois o que se diz nela é que todos os Estados do mundo têm que enviar esforços para diminuir a pobreza, sendo uma regra geral. Se EUA, França, Reino Unido, Rússia ou China tivessem votado de forma contrária, essas resoluções seriam vetadas. V? As matérias em votação também podem ser consideradas relevantes ou pouco importantes, no sistema de votação da Assembléia; sendo considerada relevante, será preciso maioria de dois terços dos Estados presentes e votantes para que ela seja aprovada; se for matéria de baixa importância, basta maioria simples, isto é, maioria dos presentes e votantes. Para que a Missão fosse criada, primeiro o caso teve que ser analisado pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), e teve que ser comprovada a existência de graves violações de direitos humanos resultantes do conflito. F: é o único tribunal internacional que possui competência universal em razão de matéria, tendo poderes para julgar litígios referentes a quaisquer temas de direito internacional, Em casos como esse, a votação deve obter o quórum exigido para matérias consideradas relevantes. V; As matérias em votação também podem ser consideradas relevantes ou pouco importantes, no sistema de votação da Assembléia; sendo considerada relevante, será preciso maioria de dois terços dos Estados presentes e votantes para que ela seja aprovada; se for matéria de baixa importância, basta maioria simples, isto é, maioria dos presentes e votantes. 4. Diante da possibilidade de ter a sua candidatura à Presidência da República, nas eleições de 2018, cassada, o ex-presidente Lula apresentou uma reclamação contra o Estado do Brasil, perante o Comitê de Direitos Humanos, alegando que a sua condenação sem provas e a cassação da sua candidatura representariam uma violação do art. 25 doPacto Internacional de Direitos Civis e Políticos de 1966 (PIDCP), cuja redação diz: Art. 25. Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer das formas de discriminação mencionadas no artigo 2 e sem restrições infundadas: a) de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ou por meio de representantes livremente escolhidos; b) de votar e de ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que garantam a manifestação da vontade dos eleitores; c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país. Após receber a reclamação, o Comitê determinou, como medida de urgência, que todos os direitos políticos de Lula deveriam ser assegurados pelo Brasil de forma liminar, até que o mérito pudesse ser decidido. No entanto, dias depois, o TSE decidiu não dar efeito à decisão liminar do Comitê, e cassou a candidatura de Lula. Considerando que o Brasil ratificou e promulgou o PIDCP em 1992, e que ratificou o Protocolo Facultativo ao PIDCP de 1966, no ano de 2009, mas ainda não o promulgou, marque VERDADEIRO ou FALSO. * O fato de o Brasil não ter promulgado o Protocolo Facultativo é uma causa legítima de descumprimento de tratado, reconhecida pelo direito internacional. F: Em tese, com a retificação, o Br já se encontraria vinculado ao tratado, assumindo o compromisso internacional, mesmo o país adotando a promulgação como internalização desse tratado. O Protocolo Facultativo é o tratado que prevê a possibilidade de indivíduos apresentarem reclamações ao Comitê, alegando serem vítimas de violação de direitos humanos por um Estado-parte. v- Com a entrada em vigor, as vítimas de violações de direitos econômicos, sociais e culturais, como por exemplo, o direito à alimentação, à saúde, à habitação e à educação, que não encontram soluções em seus próprios países, agora dispõem de um mecanismo para apresentar suas queixas e denúncias em âmbito internacional ante o Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU. O Comitê não é um tribunal e as suas decisões não têm o caráter exigível, e exeqüível, típico das sentenças judiciais. V: Não se criou um tribunal, mas um órgão semi-judicial, e nele indivíduos podem processar um Estado, e há contraditório, instrução de provas, decisão, que não é sentença, e tem valor de recomendação, que são as observações conclusivas. Ainda isso tudo veio num tratado separado de valor facultativo. Como o Comitê não é um tribunal, descumprir esta decisão não constitui um ato ilícito. V: O comitê dá recomendações e o Estado não é obrigado a seguir, pois não é decisão judicial. 5. Entre os anos de 1972-1975, um grupo de jovens brasileiros aderiu à luta armada contra o governo militar, e criou uma guerrilha na região do Araguaia. A guerrilha foi alvo de investidas por parte das forças militares, e os jovens foram presos, torturados, assassinados, e os seus restos mortais foram ocultados. Em 1982, seus familiares deram início a uma ação judicial, nos tribunais brasileiros, visando a obter do governo informações sobre o paradeiro das vítimas e a recuperação dos seus corpos. Depois de mais de uma década, a ação ainda não havia sido julgada de modo definitivo. Diante da morosidade judicial, em 1995, duas organizações não-governamentais (Centro pela Justiça e o Direito Internacional e Human Rights Watch) apresentaram petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, acusando o Brasil de violar diversos direitos contidos no Pacto de San José: o direito ao reconhecimento da personalidade jurídica (art. 3), o direito à vida (art. 4), à integridade pessoal (art. 5), à liberdade pessoal (art. 7), a garantias judiciais (art. 8), à liberdade de pensamento e de expressão (art. 13) e direito à proteção judicial (art. 25). Marque VERDADEIRO ou FALSO. * 5.1 À luz do pré-requisito do esgotamento dos recursos internos, a petição será considerada admissível. V O direito de petição individual (ou coletivo, no caso dos direitos sociais) é previsto pelos respectivos protocolos facultativos. Todo indivíduo, grupo de indivíduos e ONGs podem apresentar reclamações que aleguem a violação do Pacto por algum Estado-parte; estas reclamações devem ser apresentadas à Comissão (art. 44), a Comissão realizará um exame de admissibilidade, baseado no preenchimento dos requisitos formais previstos no art. 46 do Pacto. Artigo 46 - Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessário: a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os princípios de Direito Internacional geralmente reconhecidos; b) que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva; c) que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de solução internacional; e d) que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que submeter a petição. No referido caso, embora não tenha esgotado todo os recursos internos, tem justificativa pela demora da justiça brasileira, logo será admitida 5.2 O exame de admissibilidade deverá ser feito pela Corte, caso o Estado reclamado não cumpra as medidas determinadas pelo relatório da Comissão. F ? Ao receber a reclamação, a Comissão realizará um exame de admissibilidade, baseado no preenchimento dos requisitos formais previstos no art. 46 do Pacto. Se a reclamação for considerada admissível pela Comissão, ela solicitará informações ao Estado reclamado, podendo também realizar investigações no seu território, e, ainda, buscará uma solução amistosa entre as partes (art. 48 do Pacto) Se não houver solução amistosa, a Comissão elaborará um relatório do caso, no qual podem ser formuladas recomendações ao Estado-reclamado, indicando medidas a serem tomadas para a solução do caso (art. 50) Se o Estado-reclamado não adotar as medidas recomendadas no prazo de 3 meses, a Comissão ou o Estado interessado (no caso do procedimento do art. 45) poderá submeter o caso à Corte (art. 51). 5.3 Para que a Comissão possa analisar esta denúncia, não é necessária a declaração de reconhecimento da sua competência por parte do Brasil. V: Artigo 62 - 1. Todo Estado-parte pode, no momento do depósito do seu instrumento de ratificação desta Convenção ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhece como obrigatória, de pleno direito e sem convenção especial, a competência da Corte em todos os casos relativos à interpretação ou aplicação desta Convenção. Todo indivíduo, grupo de indivíduos e ONGs podem apresentar reclamações que aleguem a violação do Pacto por algum Estado-parte; estas reclamações devem ser apresentadas à Comissão (art. 44). 5.4 Se o Brasil for condenado pela Corte, apenas os aspectos indenizatórios da sentença terão caráter jurídico obrigatório F: Artigo 67 - A sentença da Corte será definitiva e inapelável. Em caso de divergência sobre o sentido ou alcance da sentença, a Corte interpretá-la-á, a pedido de qualquer das partes, desde que o pedido seja apresentado dentro de noventa dias a partir da data da notificação da sentença. Todos os comandos da sentença são de cumprimento obrigatório pelo Estado condenado (art. 68, §1.º). Os aspectos indenizatórios da sentença são exeqüíveis, na medida em que eles têm valor de título executivo judicial na jurisdição interna dos Estados-partes do Pacto (art. 68, §2.º)
Compartilhar