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APOSTILA DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO - BALTAR - UNICAP

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO Elaborado pelos Novinhos do Direito com base nas aulas dos professores da UNICAP 
Disciplina: Internacional Público - B 11 de Fevereiro de 2019 Cód. Transcrição: 19 Aula 01 - 1º GQ INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO Cada indivíduo representa um sujeito de direito e eles têm autonomia da vontade. Eles são sujeitos que se relacionam entre si, através de relações que são reguladas através da lei, que há direitos e deveres recíprocos. Na matéria de Direito Internacional Público, o sujeito de direito não é um indivíduo ou uma pessoa, também não é uma pessoa jurídica como uma empresa, no nosso ramo, sujeito é o Estado Soberano, e sua relação com os outros. Relações que asseguram direitos e deveres recíprocos, reguladas por normas jurídicas. As relações entre estados não são reguladas através da lei, pois ela é uma fonte do direito doméstico, que é elaborada pelo poder legislativo de um país, e assim sendo editada, terá obrigatoriedade somente nesse território. Não há como o Congresso Nacional brasileiro, por exemplo, criar uma lei que regerá relações externas com os Estados Unidos. O Estado também é sujeito de direito, possui normas jurídicas e se violar uma norma, ele será cobrado a cumprir essa norma. Nesse ramo do direito a principal fonte não é a lei, mas sim os TRATADOS INTERNACIONAIS. Os tratados, não são criados domesticamente através do poder legislativo de um país, eles são criados coletivamente, através de NEGOCIAÇÕES e ACORDOS, entre dois estados. E uma vez que esse acordo é celebrado, o tratado ganha vigência e obrigatoriedade, dentro do território de todos os países que são partes do acordo. Ou seja, o tratado é produzido internacionalmente e também surte efeitos em vários territórios. Quando um tratado entra em vigência, ele terá aplicação em todos os países que fazem parte do tratado, pois ele tem aplicação internacional. Apesar de serem normas entre os países não é uma relação longínqua. Os tratados podem trazer direitos para indivíduos e podem se referir a qualquer matéria de direito, como direito ambiental, direitos humanos, comercial, direito de família, contratos civis. Podemos ter tratados que tratem de matéria processual, onde dois ou mais Estados criam regras específicas para um determinado tipo de ação. Pode haver tratados em direito penal, trabalhista, tributário, administrativo. Não é algo que beneficia só o Estado. Um tratado pode versar sobre absolutamente qualquer matéria. Há tratados que versam sobre instrumentos processuais. Podemos ter tratados em direito trabalhista, em direito penal, e uma vez que esse tratado é celebrado (realizado), ele tem valor de lei. O ordenamento brasileiro é formado pela CF, leis complementares, ordinárias, decretos legislativos, decretos presidenciais, medidas provisórias e os tratados. Uma 
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vez que o Brasil adere a um tratado, as regras contidas nele ganham o mesmo valor e obrigatoriamente que as leis. Um tratado pode ter um grande peso na vida profissional de alguém formado em Direito. Ex. Qual artigo da CLT que define um ato anti-sindical? Nenhum. É um tratado da OIT. Todos os tratados, dos quais o Brasil é parte, valem no nosso território com a mesma força da lei. Os tratados internacionais, integram o ordenamento jurídico, de todos os países que fazem parte do acordo, ou seja, esses tratados valem como lei. Os tratados valem como lei. Em todas as áreas do direito, pode haver tratados. Ex. Em pesquisa sobre direito do trabalho: Justa causa Indireta ou Justa causa do Empregador. Os tratados atuam com força de lei. Em qualquer área, pode haver um tratado internacional, que vai promover a resolução de um litígio. Cada teoria do direito internacional, tem relação muito íntima com a política internacional do seu tempo, especificamente, sobre os conflitos políticos desse tempo. A matéria será dividida em três partes: A primeira trata da história e teoria; estudaremos alguns autores clássicos de épocas diferentes, e os analisaremos dentro de seu próprio contexto histórico e de acordo com os acontecimentos que marcaram o direito internacional naquela época. Todas as teorias clássicas possuem relação íntima dos conflitos históricos daquela época. Ex. Ao longo do século XVII haviam muitas teorias que defendiam o Estado como ser absoluto e soberano. Hugo Grócio viveu em 1600 aproximadamente e defendia essa ideia, no que o rei era detentor de um poder absoluto e inquestionável. Um poder que só pode ser restrito pela sua própria vontade. Ele tirou essa ideia da forma com os reis se comportavam, pois era uma época marcada pela revolução das elites (nobres). O rei se tornou um governante, o que até então não era. A problemática era que a centralização do poder na figura do rei e a criação do Estado era algo que atentava contra a ordem jurídica da época, que era controlada pela Igreja Católica. A medida que os absolutistas tomavam o controle político, eles revogavam todo o ordenamento que existia antes e fora pela Igreja criado. Revogavam as leis e criavam um aparato inteiramente novo. Era um poder absoluto, infreável. Tirar do poder a Igreja significava enfrentar guerras e vencê-las. Ex. Manssini que viveu no século XIX e era militante da unificação da Itália, que era a marca da política da época. Era o processo de criação de Estados Europeus, como a Tchecoslováquia, Alemanha. Até mesmo Kelsen pode ser estudado dessa forma! Um ser considerado como preocupado apenas com a forma do Direito. Era utilizada uma pirâmide jurídica, onde havia uma hierarquia de normas, das menos importantes para as mais importantes, 
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no topo estaria a norma fundamental, que deveria dar coerência ao ordenamento, formar um sistema. A norma fundamental seria a Constituição. Na verdade para Kelsen era o Direito Internacional. Kelsen achava que o direito era um fenômeno mundial, e os ordenamentos dos países eram apenas uma parte que o compunham. Esses vários ordenamentos tinham coesão e se tornariam num sistema à medida que os ordenamentos nacionais deviam obediência aos tratados internacionais. A Constituição de um país estaria abaixo dos tratados a eles devendo obediência. Essas ideias foram publicadas em 1934. Nessa época acabava a primeira guerra mundial. Mussolini no poder na Itália, Hitler na Alemanha. A Teoria Pura do Direito era dirigida contra o nazismo, já que o nazismo buscava justificar juridicamente suas atitudes agressivas com base na soberania do Estado e no poder que a Constituição Alemã dava ao seu governante, juntamente com a supremacia étnica. Os tratados internacionais em vigor proibiam o que Hitler estava fazendo, no que aqui entra o formalismo de Kelsen. Ele não queria saber da ética por trás dos tratados (que por sinal a Alemanha condenava o Tratado de Versalhes), só queria saber se eram normas obrigatórias legisladas, no que descumpridos desencadeavam sanções. Essa obra conclamava a sociedade a sancionar a Alemanha nazista. Havia princípio pacifista, liberal por trás. Para Kelsen, o que está no topo da pirâmide, seria o direito internacional e não a constituição. Até mesmo a constituição de cada país, deve obediência ao direito internacional. Guerra fria, globalização. Termina a primeira parte do programa. 2ª Parte: Fontes do direito internacional, com foco nos tratados. A segunda parte será dedicada às fontes do direito internacional. O estudo se concentrará nos tratados, mas nesse momento não serão estudados os mesmos em espécie. O tratado da ONU, das nações unidas, por exemplo, serão estudados no 2º GQ. Aqui serão aspectos formais, como seu processo de criação, o que equivale ao processo legislativo dos tratados. Temas relativos à aplicação de um tratado. Como um país pode ingressar num tratado e apartir de que momento se aplica? O que acontece se um tratado colidir com outro? E se um tratado colidir com a lei brasileira? Se há um litígio de duas pessoas, e uma invoca seu direito o CC e outra uma norma de um tratado internacional em vigor, mas cada norma diz uma coisa diferente. Isso será abordado no assunto do 1º GQ. No 2º GQ, vamos falar sobre tratados em espécie, como o tratado da ONU, tratados de Direitos Humanos, tratado da OIT e outros tratados. No 2GQ estudaremos os sujeitos do direito internacional, que são três: os Estados (originários, fundacionais), falaremos do processo de criação e reconhecimento dos Estados e como ele passa a atuar na vida jurídica internacional. Falaremos do caso do reconhecimento do Estado Palestino, que ainda não foi plenamente reconhecido, no que poderemos problematizar a doutrina. Falaremos sobre cônsules, diplomatas, ministros das relações exteriores. O segundo sujeito são 
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as organizações internacionais, no que nosso foco será na mais importante e representativa em países membros e marco de competências mais amplo, que é a ONU. O Conselho de Segurança é o órgão mais importante das nações unidas, e é o único orgão que tem poderes para determinar quando o uso da força é lícito nas relações entre Estados. Não justo, lícito. Isso que se debate acerca da Venezuela. A possibilidade que ela sofra uma ação militar coordenada pelas Nações Unidas. Falaremos sobre as competências dele, como funciona internamente. Como um país faz para ingressar em um tratado? Vamos analisar como se aplica e quais os efeitos dos tratados. Analisar quando os tratados colidem entre si e quando um tratado colide com a lei doméstica, exemplo: quando um tratado colide com o código civil. Os Sujeitos do Direito Internacional são 3: 
� Estados 
� Organizações Internacionais 
� Individuo (ser humano) Vamos estudar o processo de reconhecimento dos estados. Diplomatas, cônsul e ministros de relações exteriores e os chefes de estado. Organizações internacionais, exemplo a ONU. A ONU é a organização internacional que possui a maior quantidade de países membros. Estados, organizações internacionais e o indivíduo. – Vamos estudar esses sujeitos. O indivíduo é um sujeito de direito, e em tese, para onde ele vai, ele leva consigo diversos direitos fundamentais. Por último o terceiro tipo de sujeito do direito internacional é o próprio ser humano, o indivíduo. A ideia é que todo indivíduo é portador de garantias fundamentais, não importa onde esteja. São garantias que protegem internacionalmente. Isso é uma doutrina, uma ideia, não uma realidade. Falaremos sobre o processo histórico de CRIAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS, que começa ao longo da segunda guerra mundial. Falaremos sobre o sistema de direitos humanos da ONU. 
• Caso notório no Brasil: No semestre passado a defesa de Lula entrou com o Comitê de Direitos Humanos da ONU, por conta de direitos políticos. O que não foi acatado. O Comitê faz parte da matéria, e falaremos como ele funciona. O caso Lula chamará a atenção de todos, independente do posicionamento quanto a ele. 
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Comitê dos direitos humanos da ONU. Lula entrou com uma ação no Comitê de Direitos Humanos da ONU, pedindo que fossem assegurados os seus direitos políticos, mas o TSE não acatou essa decisão. Sistema Interamericano de Direitos Humanos Nesse sistema, quem julga os casos é um tribunal e não um comitê. Então as suas decisões são sentenças, de caráter obrigatório. O sistema interamericano de direitos humanos, tem um grau de desenvolvimento institucional, muito acima dos comitês. Não vamos falar dos direitos humanos em espécie. Nosso foco será os aspetos processuais e procedimentais. Nessa disciplina, vamos aprender como acessa o sistema interamericano. É preciso saber como se acessa o sistema interamericano de direitos humanos. Bibliografia: - Quoc Dinh, existe exemplares desse livro na biblioteca. Ele não fala do sistema interamericano de direitos humanos. - Valério Mazzuoly. - Alberto do Amaral Junior. - Sidney Guerra. - Thiago Carvalho Borges. - Paulo Borba Casella. Texto Complementar na Xerox de Nilsinha. – História e teoria do direito internacional. Um dos materiais, é do Quoc Dinh. Korovin, autor do texto em espanhol. 
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Disciplina: Internacional Público - B 15 de Fevereiro de 2019 Cód. Transcrição: 16 Aula 02 - 1º GQ INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
• DENOMINAÇÃO Os conceitos introdutórios que geralmente são trazidos nos manuais se referem à própria denominação da nossa matéria, os autores dizem que ela foi chamada de várias formas diferentes ao longo da história. Muitos autores citam uma expressão em latim “jus gentium” como sendo a primeira terminologia da nossa denominação, só que na verdade essa é uma denominação contestada porque na realidade o jus gentium é mais um direito romano do que um direito internacional. Vocês viram que Roma era uma cidade-estado que se tornou um grande império conquistador dos povos. Há certa altura do desenvolvimento do império romano foram criados dois estatutos jurídicos, um deles era o princípio, que era um conjunto de leis que regiam a vida do cidadão. Já o jus gentium eram as normas que regiam a vida social dos povos governados por Roma. Então percebam que o jus gentium de certa forma tinha um caráter internacional na medida em que as leis se aplicam a vários povos, só que se a gente olha para o momento da criação do jus gentium e da sua fonte, temos que reconhecer que na verdade é uma fonte doméstica, foram leis criadas por Roma sozinha diante do seu cenário, sendo esta uma lei técnica. Além da particularidade, é que devido ao caráter imperialista de Roma, aplicava essas leis que ela própria criava sobre outros povos. Então os autores dizem que isso não era legitimamente internacional porque eram normas que não foram criadas internacionalmente, não foram criadas através de tratados entre Roma e esses outros povos, não foi feita através de um acordo como são as normas internacionais. Foram feitas através de uma imposição do Império Romano. Então dependendo do autor que vocês peguem podem encontrar o jus gentium como um exemplo de terminologia aplicada ao direito internacional ou vocês podem encontrar na crítica essa ideia. Uma expressão chamada “jus inter gentes”, essa expressão foi criada já na modernidade quando um sujeito chamado Francisco de Vitória que viveu entre o fim dos anos 1400 e o começo dos anos 1500, então ele estava vivo quando o Brasil foi descoberto. E digamos que vocês devem conhecer pelo menos um pouco da teoria de Francisco, lembram que vocês estudaram ainda na escola que quando os portugueses chegavam até o Brasil eles realizavam missas para catequisar os índios isso resultava no direito e especificamente no direito internacional. A teoria de Francisco de Vitória tinha uma conexão muito íntima, ela diz o seguinte: “Todos os povos são filhos de Deus sem distinção, até mesmo esses povos bárbaros da América, e se são todos filhos de Deus todos merecem a proteção do direito”. 
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Lembrando que naquela época a igreja controlava tudo, politica, religião, direito e estado. Até os povos bárbaros merecem proteção do direito, mas para que eles possam gozar desses direitos eles precisavam conhecê-los. Então para Francisco era necessário apresenta-los e catequizá-los, e a partir dai eles seriam merecedores da proteção do direito, ou seja, tudo era feito na melhor das intenções. O que osautores dizem é que a terminologia criada por Vitoria tinha a intenção especificamente de realçar a existência do direito que existe entre esses povos, o direito válido a todos esses povos. Que só poderia ser o direito de Deus, acima desses povos. A expressão “direito internacional” por sua vez só vai aparecer no fim do século XVIII na obra de um sujeito chamado Jeremias Bentham, como o livro dele foi traduzido para o francês algumas décadas depois, já no começo do século XIX foi na tradução francesa que se adicionou o adjetivo. O livro de Bentham foi publicado na França, porque naquela época o direito internacional não existia. Então na França acharam bem diferenciado e acrescentou esse adjetivo, nos países de língua latina foi assim que ele se tornou direito internacional público. Em países de língua inglesa esse nome não é utilizado, apenas “direito internacional” e todo mundo sabe que é do ”público” que está se referindo. No século XX lá para a década de 70 ainda apareceram autores querendo propor outros nomes, apareceu a expressão “direito transnacional”, “direito dos povos”, mas o que realmente ficou para nós foi essa expressão do século XVIII que se difundiu ao longo do século XIX “Direito Internacional” ou “Direito Internacional Público”. 
• DEFINIÇÃO Ao longo de muito tempo, especificamente desde o século XVII até o fim da Segunda Guerra Mundial essa matéria vem definindo como uma fonte, sendo que aqui nesse ramo do direito que regula as relações exteriores dos estados é o ramo do direito que regula o estado diante de outros estados, que regula as relações entre os estados. Percebam que essa definição ela usa como critério o sujeito do estado, é ele que age, é ele que se compromete, ele que tem suas relações regulares. Só que boa parte dos autores começaram a achar que essa fonte de direito não sobreviveria após a Segunda Guerra por causa dos desenvolvimentos que a nossa matéria acaba sofrendo. Dois deles foram fundamentais, surgiram as Organizações Internacionais, a partir de onde várias organizações foram criadas com ela, como uma referência. Essas organizações atuam na vida jurídica internacional com utopia e congruência, congruente próprio e elas também contraem direitos e deveres, elas também se relacionam internacionalmente com outras organizações e estados. Uma Organização Internacional pode firmar compromisso direito com outro estado, elas também são sujeito de direito, assim como atuam nas relações internacionais e tem sua conduta regulada pelo direito internacional. 
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Além disso, após a Segunda Guerra Mundial também surgiram os Direitos Humanos e isso teve uma importância grande porque o indivíduo também se tornou titular do direito internacional. Antes o indivíduo gozava da proteção jurídica doméstica, do direito local, do país onde ele se encontrava. Quando surgiram os Direitos Humanos ele passa a ser titular do direito estipulado pela lei de um país. Então é a partir desse momento que o indivíduo passa a ser portador de direitos, mesmo que ele transite as fronteiras de seu país, ou seja, ele também é um sujeito de direitos. Por isso que os autores disseram que essa antiga definição ficou suja, não dava mais para dizer que esse autor do direito regula as relações entre o estado, ele também regula as relações internacionais porque também estipula o selo de garantia para os indivíduos. Então não podemos mais usar como critério para definir essa matéria os seus sujeitos. A partir de então, os autores começaram a usar como critério o ambiente onde esse direito é aplicado, começaram a dizer “esse é o ramo do direito que rege a sociedade, ou que regula a ação dos autores desta sociedade.” 
• A SOCIEDADE INTERNACIONAL Os autores falam: “Assim como toda sociedade, a sociedade internacional também é formada por seres que se associam em prol de um objetivo comum, no entanto, os seres que se associam não são indivíduos de carne e osso, mas sim coletividades humanas politicamente organizadas”. O que seria isso? O Estado é uma coletividade humana politicamente organizada. Por que os autores usam essa palavra imensa? Porque eles querem deixar claro que o Estado não foi a primeira e nem a única forma de organização politicamente humana, que antes de haver o estados haviam os feudos, antes haver os feudos haviam as cidades-estados e impérios, e antes haviam disso haviam tribos. O que os autores querem dizer é que essa sociedade internacional se formou num momento remoto da pré-história humana. No qual as primeiras tribos passaram a se encontrar de modo regular, para fazer guerra, alianças e comércio. Desde o momento em que as primeiras tribos humanas se encontram para brigar por uma carcaça de comida que ficou, desde ali eles já tem uma relação internacional estabelecida, temos uma sociedade internacional e grupos humanos diferentes que se relacionam, esta sociedade apenas teria evoluído e se tornado numa sociedade de Estado. 
• DESCENTRALIZAÇÃO DA SOCIEDADE INTERNACIONAL Mas essa explicação também possui um problema, será que podemos falar da existência de uma única sociedade internacional ao longo de toda a história? Se falarmos que temos uma sociedade, temos relações, um encontro. Mas pensem assim, os gregos dominaram praticamente toda a Europa Ocidental e a Região do Mediterrâneo, eles tiveram que ter uma intensa vida internacional em muitas guerras. Então digamos, ali tínhamos uma sociedade internacional, só que os 
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gregos não desenvolveram tecnologia marítima para atravessar os oceanos e chegar a cruzá-los. No entanto, aqui também tinha muita vida, a nação tupinambá controlava praticamente todo o território nacional e para conseguir essa façanha ela também teve que se aliar, fazer guerras, fazer comércio, ela também viveu uma intensa vida internacional. Porém, era uma vida incomunicável, ninguém se conhecia, não se encontrava e nem se relacionava, não eram parte da mesma sociedade. Bem, imagine que isso daqui é uma avalanche certo?! Essa sociedade internacional, só que paralelamente existia outros povos que se relacionavam. Então será que não seria, portanto, mais justo, inclusive para a nossa própria história do povo colonial falar da existência não de uma única sociedade, mas sim da existência de várias sociedades regionais em que cada um vive a sua vida?! E que um dia, de acordo com o desenvolvimento histórico todas essas sociedades realmente se encontraram, integraram e se transformaram numa única sociedade, mas isso foi fruto de uma revolução histórica. E por que então a gente negligencia a nossa própria vida internacional?! Por que a história dos povos coloniais não faz parte da narrativa oficial?! O que acontece é que nossa matéria foi criada para atender interesses políticos europeus, ela foi formada de acordo com padrões europeus. A sociedade que de fato se expandiu foi essa, que de fato saiu ampliando o seu alcance geográfico que se deu através do regime colonial. Cada vez mais povos foram transformados em colônias e foi através dessa forma que a sociedade foi se encontrando, o encontro final de todos se dá no fim do século XIX, porque foi nesse os últimos territórios governados por povos originários, é nesse estímulo que o estado da África foi finalmente colonizado. Então é a partir do século XIX podemos dizer que temos uma única sociedade internacional. Muitos autores dizem que a principal característica dessa sociedade é o fato dela ser descentralizada, isso aparenta uma contradição ao direito romano, porque se as grandes maiorias dos povos ingressaram nessa sociedade não porque queriam, mas porque foram inseridos lá dentro, entraram não como sujeitos, mas como objetos. Aparentemente existia alguma força política que empurrou todo mundo no mesmo lugar, e,portanto, uma força política, digamos centralizadora. A questão é que quando os autores falam que é uma sociedade descentralizada, na verdade, eles não estão levando em conta a formação material dessa sociedade, como efetivamente isso se deu, quais forças políticas atuaram para isso. 
• DIFERENCIAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO O que os autores falam é a respeito de uma característica formal desta sociedade internacional, especificamente de uma característica formal que diferencia a sociedade internacional da sociedade nacional. Eles dizem: “A sociedade nacional é uma sociedade centralizada, é uma sociedade formada por indivíduos, mas a vida social ela é regida pela autoridade superior, o poder de estado. É o estado que elabora as leis que regem a vida dessas pessoas, o estado pode inclusive aplicar forçadamente se for 
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preciso, a sua lei. Então temos uma autoridade central, como é o poder do estado, podem regular a sociedade. Por isso nós teríamos uma sociedade centralizada.” Já a sociedade internacional é formada por estados e acima deles não tem ninguém, não há um poder central que nem na sociedade nacional. Não existe um poder executivo do mundo, não há um governo mundial, não há um poder legislativo que tem competência para criar leis obrigatórias para todos os países. Também não existe um poder judiciário mundial, nem um tribunal mundial, nenhum tem capacidade para criar todos os estatutos. E essa sociedade também não tem o poder de polícia, essa sociedade é formada por estados e são eles mesmos que regulam essa sociedade de forma descentralizada. São os próprios estados que criam as normas, são eles que aplicam, e fiscalizam. Afirmar que a sociedade internacional é descentralizada significa dizer que nela não há a figura de uma autoridade central como o estado, uma sociedade doméstica. Os sujeitos do direito são critérios clássicos para a gente diferenciar. Imaginem a situação: uma empresa localizada em Suape compra um maquinário de alta tecnologia de uma empresa alemã e contrata uma transportadora chinesa para buscar o maquinário na Alemanha e trazer. Esse contrato entre a empresa de Suape e a chinesa foi firmado em Nova York, onde as duas empresas tem sede, isso é uma típica situação de direito internacional privado. Então temos dois sujeitos privados, uma empresa em Suape e uma empresa Chinesa, a relação entre eles é também de direito privado no contrato de prestação de serviço de transporte. A única particularidade é que essa relação jurídica tem pontos de contato em vários países. Em primeiro lugar porque as partes do contrato são de países diferentes, uma do Brasil e outra da China. Segundo elemento internacional desse contrato: ele foi celebrado no exterior em um terceiro país, começando a execução na Alemanha e terminando no Brasil, então essa é uma relação jurídica que toca pelo menos em quatro países. Agora imaginem que o maquinário chegou danificado e a empresa local entra na justiça contra a transportadora chinesa para obter reparação. Então o juiz brasileiro vai ter o seguinte dilema: “Vou julgar o litígio com base em qual lei? A lei brasileira, chinesa, norte americana ou alemã?” O juiz achará a resposta na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Essa é uma lei que codifica saídas para vários tipos de situações similares a esta, pode ser em contrato, pode ser em sucessão, pode ser em qualquer outro tema. A fonte do direito internacional privado aqui é interna, é uma lei doméstica, uma lei brasileira. Então o direito internacional ele se refere ao caráter internacional da relação jurídica, mas o ramo do direito que regula isso é tipicamente interno, é a lei brasileira/chinesa/americana/alemã, cada país tem sua própria regra. Já o direito internacional público ele é mais um estudo dos componentes do que do estado e as consequências que isso traz. Nós falamos na aula passada que os 
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componentes do estado são formados sobretudo em relação aos tratados, que são acordos celebrados pelos países. Esses acordos são como a lei, tem força de lei para todos os países que são membros do acordo. O que nós estudamos são essencialmente esses acordos e as consequências que eles que eles trazem para os países. Por exemplo, vamos pegar um tratado de direitos humanos, é um tratado celebrado através da economia do país, quando o Brasil entra num acordo desses qual é o compromisso que ele assume? Quando a gente diz que o Brasil entrou em um tratado de direitos humanos ele se comprometeu a cumprir compatibilizando a ordem do estado brasileiro com o tratado. O Brasil compatibiliza revogando as leis contrárias, abandonando jurisprudências, reformulando procedimentos administrativos que eventualmente também afetem a dignidade. O compromisso é firmado pelo governo executivo, o chefe de estado porque ele é o porta voz, mas o compromisso recai sobre todo o estado e todo o ordenamento estatal, bem como todas as suas áreas de atuação. Então percebam no direito internacional público os compromissos entre estados repercutem diretamente no ordenamento. Para dá efeito a um tratado o estado faz isso através de sua ordem, leis, instituições, tribunais, etc. Por exemplo, quando o Brasil entra num acordo da OMC (Organização Mundial do Comércio), ele ratificou o tratado em 1994, uma das consequências mais imediatas foram: o Brasil teve que reduzir drasticamente o seu imposto de importação porque se comprometeu a fazer isso. Percebam que o compromisso internacional repercute diretamente nas leis, porque é através dela que as instituições estatais que o estado consegue dar cumprimento e dá efeito aos compromissos, adaptando a ordem estatal a determinações internacionais. Ou seja, não tem nada haver com direito internacional privado, vejam quem são os sujeitos aqui: os entes públicos, o estado, os entes governamentais. 
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Disciplina: Internacional Público - B 18 de Fevereiro de 2019 Cód. Transcrição: 25 Aula 03 - 1º GQ HISTÓRIA E TEORIA DO DIREITO INTERNACIONAL Breve Introdução ao Tema Quando estudamos história no direito internacional a primeira questão que se apresenta é quando começou, qual a sua origem exata. Dependendo do livro adotado, podem ser encontradas duas respostas: uns falam que o direito internacional surgiu junto com a sociedade internacional e com a sociedade humana, e que desde que tribos humanas se relacionam com outras já temos relações internacionais. Outro grupo de autores diz que o direito internacional foi criado na Modernidade, pois nela se criou o Estado Soberano. Fala-se em Estado Soberano enquanto organização política, porque há outras formas de organização de Estado. Aí que foi criado o direito internacional, pois ele representa os acordos entre os Estados. Foi na modernidade o direito internacional passou a ser estudado como teoria. Ainda assim, existem registros de Direito Internacional em períodos anteriores. 
• ANTIGUIDADE: Quase todos os manuais da matéria citam um tratado de 1982 A.C. firmado pelo império do Egito e o império Hitita, que ficou conhecido como tratado de pérola, que além de trazer uma aliança militar entre ambos os impérios, trazia regras muito parecidas com a extradição de hoje em dia. A ideia básica é que uma pessoa comete um crime num país, e foge para outro território, então o governo do país onde o crime foi praticado, pede formalmente ao governo do país em que ela se encontra que prenda a pessoa e a entregue, para que a pessoa possa ser julgada, processada e até condenada. O tratado da antiguidade dizia que se alguém fugisse dos egípcios e fosse para os hititas tinha que ser presae levada a eles. Era uma obrigação recíproca. No período grego ainda na Antiguidade se desenvolveram várias instituições jurídicas internacionais. Apesar de ser uma única civilização, os gregos eram politicamente fragmentados em várias cidades estados, cada uma delas autônomas em relação a outra, como Atenas, Esparta, etc. Essas cidades se relacionavam pelo direito internacional, e celebravam muitos tratados entre si, em matéria do comércio, para proteger o comerciante e suas mercadorias; formaram coalisões militares para enfrentar terceiros estados. Mesmo entre si essas cidades gregas brigavam, e buscavam instrumentos de direito internacional para tentar solucionar essas questões. Havia arbitragens internacionais, entre representantes de estados diferentes. Quando guerreavam, estabeleciam a paz ao determinar acordos de cessar fogo. Os gregos criaram o primeiro rudimento de organização internacional, da mesma forma como hoje é a ONU, formada por países, a dos gregos era uma organização formada por cidades-Estados. Eram chamadas de anfictionias, organizações com a finalidade de proteger e administrar santuários religiosos comuns. Os gregos praticaram intensamente o direito internacional e criaram várias instituições diferentes. Os romanos, ainda na Antiguidade, trouxeram um freio para o desenvolvimento do direito internacional, pois Roma quando se relacionava com outros povos geralmente era impondo seu poder de império sobre eles, os conquistando, não os olhava como sendo iguais, então buscava estabelecer seu próprio poder sobre eles, ainda que 
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deixasse para o povo conquistado algum grau de liberdade administrativa local. Os romanos criaram uma forma jurídica que refletia a desigualdade de poderio e o caráter imperialista, era a figura dos Tratados Entre Desiguais - acordos que Roma celebrava com povos tidos como mais fracos que ela - . Havia também a figura do Tratado Entre Iguais, mas foram muito raramente feitos por Roma, no geral Roma impunha seu império através do primeiro tipo de tratados. 
• IDADE MÉDIA A transição para a idade média se dá com o declínio do imérito romano, no ano 463 D.C., no século V. A forma conflituosa como isso se deu foi determinante para a criação da sociedade feudal, era um cenário conflituoso, Roma apresentava crise na produção de alimentos, o que levava as elites de roma a brigarem umas com as outras. As classes médias estavam inquietas; os escravos protagonizavam revoltas, cada vez mais violentas e frequentes, e além de todo esse caos, estava sujeita às invasões de povos bárbaros (ameaças externas). Isso deixou um cenário de destruição, cidades destruídas, plantações destruídas, ferramentas de trabalho, pessoas mortas, e até vários conhecimentos técnicos que os romanos tinham descoberto, se perderam (como o arado, o concreto romano - que até hoje ninguém sabe fazer como faziam). A humanidade teve que reinventar tudo isso. Para quem viveu tudo aquilo, passar para a idade média não foi uma evolução, mas uma regressão nas condições de vida. O cenário de destruição acabou levando a criação de sociedades muito fechadas que não dispunham de capacidade técnica produtiva, e nas quais faltavam braços para o trabalho; sociedades sob ameaça constante de invasões externas. Produziam o que precisavam para a subsistência, para o dia a dia de amanhã, como roupa e alimento. Não tinham desenvolvimento de transporte e comunicação, e eram isoladas (os feudos). Praticamente não se relacionavam entre si. Durante muito tempo o normal era que uma pessoa nascesse, crescesse e morresse em uma pequena vila de camponeses. A transição para a era feudal interrompeu as relações internacionais e o desenvolvimento da matéria. Isso vai mudando nos séculso XI e XII onde se retomam as relações internacionais, as negociações no comércio. A partir dali o direito internacional volta a cumprir um papel relevante. Uma das áreas onde é mais claramente perceptível o direito internacional é no direito de guerra, pois de tal forma foi tão influente que chegou até nós. Essa sub-área é chamada de direito humanitário, que é diferente de direitos humanos. Direitos humanos são liberdades fundamentais, já o direito humanitário é proteger as pessoas, a população, nos conflitos. A racionalidade do direito humanitário em vigor hoje é altamente influenciada pela racionalidade medieval. Atualmente, proíbe-se o uso de certas armas na guerra, armas consideradas cruéis e são ilegais numa guerra, como por exemplo, há um dispositivo que, ao explodir, não mata, mas mutila as pessoas. Por isso, se delimita quais armas são possíveis, e isso é uma ideia medieval. Se proibia armas que furavam armaduras, como o arco inglês. Atualmente, numa guerra, não é lícito atacar a população civil, como bairros onde tenham escolas, hospitais, bairros de moradia. Na idade média era proibido atacar idosos, mulheres, crianças e colheitas. Toda a possibilidade de demarcar o que é possível numa guerra vigente hoje tem uma influência medieval considerável. 
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O que existia de mais típico do direito internacional na idade média era o papel da igreja católica, pois ela representava uma super autoridade política, jurídica, mundial! Isso para o mundo ocidental. Nada se passava no mundo sem que a igreja tivesse poderes para interferir, um rei não era coroado sem a autorização do papa, nem se celebravam tratados sem a sanção papal. O papa podia declarar um tratado como nulo, podia sancionar um reino através da excomunhão no caso de descumprimento de compromissos internacionais, e naquela época ser expulso do mundo de Deus, tinha sérias repercussões no mundo dos homens e das leis. Era autoridade central das relações internacionais, podia até mesmo criar normas internacionais. Podia criar normas válidas no ocidente todo através dos Concílios de Deus, que até hoje é uma fonte do direito canônico, mas na época era fonte do direito internacional. 
• IDADE MODERNA: a) A paz de Vestfália e a formação do Estado Soberano A transição para a modernidade representou uma verdadeira revolução política e jurídica. Feita pela elite/nobres, que tirou da igreja a posição privilegiada que possuía. Na Europa Ocidental, naquele período, as fronteiras entre Estados não estavam delimitadas e não havia poder central capaz de governar uma massa territorial muito grande. Os reis ainda não eram governantes. O poder estava fragmentado nas mãos de pequenas autoridades, que governavam pequenas porções de terra, e que tinham autoridade local e poderes sobre os servos daquela região. Cada um tinha um título de nobreza diferente do outro (barão, duque, visconde, conselheiro), cada um com seu exército, e todos eles deviam obediência ao império romano germânico - forte braço da igreja - e a ela mesma (igreja católica). A revolução política e a formação do estado soberano subverteu essa estrutura política. Isso se deu por um processo longo, no fim do século XIV, se completando em meados do século XIX. A vida social nas pequenas localidades dependia do trabalho dos servos, pois eles plantavam e colhiam o que alimentava todas as classes sociais. Sendo que eles não possuíam título de propriedade privada sobre a terra, ela não os pertencia. Eram títulos de propriedade coletiva. Os camponeses de uma região tinham acesso a uma faixa de terra que permitia a todos plantar e colher, e com isso se pagava o tributo do senhor, o dízimo da igreja e sua subsistência. Isso é um título de propriedade da época, criado pela igreja, esse título de propriedade coletiva. Só que uma parte dos nobres passou a expropriar as terras comuns, tomando-as dos camponeses e os expulsando das terras, pois queriam usar as terras para outras finalidades, como pastar ovelhas, porqueestava surgindo a indústria da lã. Era a primeira indústria de todo o sistema capitalista mundial. E quem se envolvia nesse comércio, enricava. Esse comércio dava mais dinheiro do que os tributos arrecadados dos camponeses, dinheiro rápido. Boa parte da nobreza começou a abrir os olhos para isso e se lançar nesse mercado, principalmente nobres mais jovens. Queriam exportar a lã para o mercado internacional. 
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Isso tudo era um BOOM econômico, não apenas do comércio exterior, mas também do comércio interno. Porém essas não eram sociedades abertas ao comércio como hoje, que tudo se compra e se vende, bastando querer e poder. Naquela época o comércio era praticado em dias previamente escolhidos pela igreja para a abertura dos mercados e das feiras. A igreja chamava esses dias de Dias da Paz de Deus, pois para que os mercados pudessem funcionar era necessário um estado de paz, uma proteção dos comerciantes e suas mercadorias, era necessário um poder de polícia para protegê-los contra os saques que inevitavelmente aconteceriam. A história de Robin Hood é um aspecto romântico de ladrões de estrada, pois havia uma legião de miseráveis nesse crescimento econômico; eram os camponeses que formaram as primeiras periferias porque foram expropriados das terras. Isso nos recorda a greve da polícia militar de 2014 em Pernambuco, que causou um caos e saques generalizados quando o poder de polícia falhou. Até quem nunca havia furtado antes, furtou. Nem toda greve da PM gera algo assim, mas talvez o momento ajude. 2014 foi o primeiro ano do início da recessão brasileira, e o Brasil vinha de um crescimento de 2003 até 2014, que estimulava o crescimento, o consumismo, e mesmo na crise o governo deu créditos para que o mesmo continuasse. Essa crise afeta a todas as classes e também a moralidade. Eram estímulos a comprar tanto dos que podiam, quanto dos que não podiam. Os saques não foram de alimentos, foram de bens de consumo duráveis como televisões, aparelhos de som. Essa imagem pode ser transportada para a Europa Ocidental no período da modernidade. O poder de polícia asseguraria a paz que permitiria o livre desenvolvimento das atividades de comércio. Numa época desse BOOM, um dia de paz de deus era pouco. Era preciso mais, mais dois ou três. Para que o comércio pudesse se desenvolver, foi necessário um poder de polícia permanente, o que era um problema, pois confrontava a igreja, que não queria nada daquilo. Ela dizia que deveria ter preços justos e juros baixos. Não havia sido criada ainda a teoria da oferta e da demanda, mas os comerciantes não queriam regular os preços, queriam deixá-los flutuar. Para que as atividades comerciais pudessem prosseguir os nobres tinham que enfrentar oposições das vilas, dos campos e de todos os lugares. Sofriam oposições dos camponeses, da igreja, do império romano germânico, e dentro do feudo nobres que conspiravam contra o senhor por serem fieis à igreja. A forma de dar continuidade ao avanço das atividades comerciais era romper com as oposições. O império romano germânico era mais poderoso, abateria fácil. Eram necessárias alianças, que muitas vezes eram criadas por interesses puramente econômicos. As Igrejas escolhiam o dia, os senhores faziam segurança, tributavam os comerciantes, uma parte virava dízimo e outra parte ia para esses senhores. Porém surgiram pessoas que queriam não repassar o dinheiro para a igreja, e se fortaleciam para se preparar com o confronto com a igreja, pois tinham de pensar na sua própria segurança e saúde, pois a igreja iria cobrar. As alianças às vezes eram formadas com o toma lá dá cá, pois se houvesse aliança, se ofereciam cargos altos na corte. Às vezes também ocorriam até mesmo com corrupção. Outras vezes a aliança era imposta através de guerra, se o nobre quisesse se manter fiel a igreja ele seria atacado e conquistado, provavelmente. Nesse processo, rei articulava alianças então começava a ganhar poderes. Assim foram se formando as fronteiras dos Estados Europeus, através de um processo de aliança 
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entre nobres, e levaram à formação de um Estado, e de um poder central para toda a região. Tudo isso representava uma contestação ao poder da igreja. Um elemento disso era que em todos os países da Europa ocidental em que a centralização se deu, a igreja foi expropriada, e perdeu tudo, palácios, ouros, terras, e mais, nos lugares onde o estado se formou, o antigo ordenamento jurídico que existia até então foi abolido. Foram criadas novas sociedades, com novos ordenamentos jurídicos e formas de poder, questionando o poder da igreja diretamente. Os atritos entre os absolutistas e a igreja levaram a uma guerra muito séria, que foi a Guerra dos Trinta Anos, que se iniciou em 1618. Foi como uma primeira guerra mundial pelo seu poder de destruição. Essa guerra só veio a ser superada trezentos anos depois pela primeira guerra mundial de verdade. Nunca uma guerra havia contado com tantos países beligerantes e em tantos territórios. Era uma guerra Europeia, mas as potências europeias brigavam para tomar as colônias uma das outras. Durante essa guerra Pernambuco foi invadida pela Holanda. Os holandeses eram rivais de Portugal. Nessa época Portugal estava com a igreja. A guerra tinha dois lados: de um lado os absolutistas e do outro a igreja, junto com o império romano germânico e alguns aliados. Era uma guerra pelo poder, e a palavra utilizada era a soberania. Era isso que a igreja e os reis queriam. Cada um tinha uma retórica política para expressar suas demandas. A igreja dizia que toda a soberania pertence a Deus, que a transmitia para o papa (seu porta voz) e o papa distribui a soberania para os reis. Os reis diziam que nessa história não tem papa, que não precisavam dele para falar com deus. A soberania era dada diretamente a eles por deus, não precisavam de intermediários. Isso refletia a reforma protestante, que ocorrera cem anos antes. Os absolutistas derrotaram a igreja e venceram a guerra, e o término da guerra ficou conhecido como A Paz de Vestfália, foi nessa cidade alemã que os acordos foram assinados, em 1648. Como a igreja tinha sido derrotada, teve que reconhecer nos acordos que não tinha mais poderes de interferir nos assuntos internos e externos dos reis. Os tratados reconheciam a soberania dos Estados, e que eles eram livres para se relacionar entre si, diretamente, sem necessitarem da aprovação da igreja. A partir dali o direito internacional deixou de ser controlado pela igreja e passou a ser produzido diretamente pelas relações entre Estados, pelos compromissos que assumiam um diante do outro. Foi uma mudança tão profunda que está em vigor até hoje. Ainda vivemos numa sociedade internacional controlada por Estados Soberanos. b) O “direito da guerra e da paz”, de Hugo Grotius Hugo Grotius era um dos autores mais importantes da época, pois não apenas era um teórico, mas um homem prático, que atuou como conselheiro de absolutistas europeus, tendo trabalhado na Holanda, e publicou vários livros influentes. O livro acima, publicado em 1625, durante a guerra, no calor do momento foi um dos mais influentes. 
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Ele tinha pleno conhecimento do que se passava na época, e não apenas isso, mas assumiu um partido (um lado), o dos monarcas. Ele definia no livro a soberania da seguinte forma, dizia que era um direito de superioridade que pertencia ao rei, o rei era um ser mais elevado, um direito da natureza dado por Deus. Soberania aqui como objeto de poder. Ele citava o antigo testamento para reforçar seus argumentos. O argumento religioso era típico, que fazia com que a oposiçãotambém seguisse esse viés; Grotius baseado no antigo testamento tinha uma ideia que servia para uma coisa na sua teoria: a definição da soberania servia para que no livro ele fizesse uma classificação das guerras como lícitas e ilícitas. Há guerras lícitas, como um direito dado por deus. Quando eram guerras que contestavam o poder do soberano, eram ilícitas, quando eram para reafirmas Eram classificadas as guerras para ele em: públicas, privadas e mistas. A GUERRA MISTA era feita por autoridade pública e pessoas particulares que guerreavam entre si. Grotius dizia que se a guerra for feita por autoridade pública para fazer cumprir a decisão do soberano, então era lícita, pois afinal, é a vontade do soberano, e a autoridade pública é porta-voz do soberano, e se precisa se valer da força para validar o soberano, era uma guerra legal. Se, porém, pessoas privadas se sublevam contra a autoridade pública, contestando suas decisões, então era uma guerra ilegal, pois a vontade do soberano era a de um ser superior, que valia mais que a vontade dos súditos. Ainda que o rei governasse contra os interesse dos súditos, isso não os dava direito de se rebelarem, eles deveriam se conformar com sua vontade. A GUERRA PRIVADA não era na verdade uma guerra. Guerra na época era todo e qualquer confronto físico, ainda que fosse entre duas pessoas. Grotius dizia que essa guerra já não é mais lícita por conta da criação dos tribunais. Os tribunais eram uma novidade. A atividade jurisdicional é soberana do Estado. A figura dos tribunais e magistrados só surgiu depois que se passou a ter o Estado Soberano, e quando a autoridade pública sozinha era incapaz de lidar com os problemas. Essas figuras se dirigiam aos locais, e tinham batalhões de cavaleiros para executar as decisões de pronto. Era a necessidade do poder central de chegar a todos os lugares. Acabava a autocomposição. A autoridade pública lidaria até com as divergências entre indivíduos. A GUERRA PÚBLICA seria uma guerra feita entre dois governantes, no que o autor diz que nas escrituras sagradas não há nada que proíba essa tipo de guerra, mas para que ela possa produzir efeitos de direito é preciso que se cumpra com uma solenidade. É preciso que antes de ser feita, a guerra seja declarada, para que o outro saiba quem está atacando e possa se defender. Se essa solenidade é cumprida, no fim da guerra terão efeitos jurídicos, que seriam: o vencedor se investe no direito de se apossar dos bens do vencido, nos bens dos súditos também, e até mesmo do direito de governar os súditos do vencido. Quem vence a guerra conquista o outro com “tudo que tem”. As guerras da Europa, que eram muitas, generalizadas, eram as que levaram ao processo de formação do Estado. Era essa a guerra que Grotius queria legitimar. Grotius acaba tomando posição política sobre os fatos de sua época, criando uma teoria, que no fundo, era uma ideologia política. 
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Disciplina: Internacional Público - B 22 de Fevereiro de 2019 Cód. Transcrição: 46 Aula 04 - 1º GQ HISTÓRIA E TEORIA DO DIREITO INTERNACIONAL (Continuação) (3) IV. Idade Contemporânea a) Da Revolução Francesa ao Congresso de Viena Anteriormente foi abordada a Paz de Vestfália, que foi o período de ascensão da monarquia absolutista e que designou uma série de tratados que encerraram a Guerra dos Trinta Anos e também reconheceram oficialmente as Províncias Unidas. Esta aula abordará um evento que aconteceu mais de 100 anos depois da Paz de Vestfália e que marcou o início da queda do absolutismo. Naquela época, a ordem política e social feudal não estava muito viva e, excetuando a Inglaterra, toda a Europa era governada por monarquia absolutistas e o regime de propriedade era o feudal. O Regime feudal, nesse sentido, estava se tornando obsoleto. Os preços subiam e com o desenvolvimento econômico surgiam sempre novas mercadorias, as quais seriam consumidas pela nobreza, que gastava mais do que tinha renda – renda esta que advinha da exploração de servos. Ao mesmo tempo, o mundo do comércio e da manufatura estava ficando cada vez mais dinâmico. Quem trabalhava com o mercado internacional lucrava muito mais do que o mercado feudal levaria para obter. Os reis da Europa perceberam que a Inglaterra era a maior potência por seu comércio e manufatura, então todos passaram a imitá-la. As ciências passaram a ser aplicadas no processo produtivo; eram conhecidas a física, a química etc., o que ampliou muito a produtividade e os produtos. Isso trouxe uma grande autoconfiança, pois pensava-se que se a razão humana era capaz de criar todas essas riquezas, então poderia quebrar qualquer obstáculo. Era, portanto, um momento de crença no progresso, na racionalidade. Era o início do Iluminismo. 
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 Porém, a nova forma de pensar o mundo também começou a problematizar o ser humano, de forma que não dava para entender a ordem em que o ser humano vivia pois era uma ordem velhaca e feudal, principalmente para as novas classes que surgiam com o desenvolvimento da indústria. Surgia uma burguesia e uma classe média associada à ela, então não era possível entender por que motivo a sociedade era dividida entre nobres e não nobres. Não era possível entender por que razão um burguês inteligentíssimo e acumulador de riquezas e culto não tinha como se tornar nobre. Além disso, era difícil de entender a razão pela qual alguém nobre, que assim o nascia, ainda que desprezível e capaz de dilapidar o patrimônio de sua família, permanecia como nobre até o final da vida. Isso era um atrapalho para as novas classes sociais; era um atrapalho para o desenvolvimento desse novo mundo de riquezas. Isso travava o progresso e, portanto, era preciso libertar o ser humano dessa limitação e do tradicionalismo da igreja. Isso influenciou vários reis europeus, que mandaram criar programas de modernização cultural, demitiram os velhos democratas e contrataram jovens que formados em Universidades e que, portanto, tinham mente iluminista. Um governo esclarecido tinha que abolir esse vilão da servidão, o que era um problema pois significaria acabar com a nobreza, o que os reis não poderiam fazer, pois eram inseparáveis dos nobres. Abolir a servidão não era uma tarefa para os de cima, mas para os de baixo, e somente a Revolução Francesa conseguiu fazer isso. A Revolução Francesa foi a mais radical da época, mas não a única. Ela acabou com a ideia de que o rei é um ser supremo e que está acima de tudo. A França revolucionária substituiu essa ideia pela de que todo o poder emana do povo, da nação. Essa França que criou as ideias de liberdades individuais e de cidadania. Em sua Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, a ordem feudal foi subvertida. Falar em igualdade de todos, naquele contexto, significava abolir o privilégio dos nobres. b) A Libertação Nacional A revolução francesa foi vista como um fenômeno de importância internacional. Despertou uma grande simpatia ao redor da Europa, fazendo 
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com que muitos movimentos políticos nacionais passassem a existir, especialmente em países ainda colonizados, como Itália, Irlanda, Alemanha, que se inspiraram diretamente nela, e que usavam seu linguajar e símbolos. Muitos países europeus têm bandeiras parecidas com a França, como a Itália, a Bélgica, isso vem dessa época, desses movimentos nacionais influenciados pela revolução. Assim, esses países lutaram pela independência sob essa influência. A revolução não despertou apenassimpatias; despertou, na verdade, muito mais animosidades já que os reis da Europa a viram como ameaça, ainda mais porque ameaçava um espalhamento de revoluções. Os demais reis da Europa formaram uma coalizão com a Inglaterra e invadiram a França para recuperar a monarquia, no que primeiramente perderam. Porém, nesse tempo a França dava início à uma política externa expansionista. Só na época de Napoleão, entre 1698 e 1798, o mapa da Europa foi alterado mais de trinta vezes, isso pelo expansionismo napoleônico, o que nem Hitler e Mussolini conseguiram. Atualmente, existe ONU para garantir a paz no mundo. Na época, porém, a paz era resolvida pelo equilíbrio de forças ou a balança do poder. A ideia era de que nenhuma potência europeia poderia se tornar muito mais forte que as outras, pois, caso contrário, a nação mais forte as atacaria. No entanto, isso era uma regra válida apenas para relações entre países europeus. Se as potências europeias quisessem conquistar um território longínquo, isso seria lícito. Era, portanto, uma regra para manter um equilíbrio na Europa. Ninguém poderia ganhar só. No entanto, Napoleão não dividia nada com ninguém, o que fez a França ser vista como ameaça e culminou numa nova guerra, em que a França foi derrotada. Essa guerra foi encerrada em 1815 no Congresso de Viena. Nos manuais esse congresso é citado porque nele surgiram as primeiras regras escritas de diplomacia, tendo sido aprovada a liberdade de navegação nos rios europeus e a proibição do tráfico negreiro. Mas o que houve de mais relevante era seu objetivo político, que era o de conter a revolução francesa, restaurar a monarquia e impedir que movimentos inspirados nessa revolução pudessem prosperar – queriam abafar aspirações de movimentos internacionais – o que foi feito por um redesenho do mapa da Europa. Povos que clamavam por libertação tiveram seus territórios divididos e foram misturados a outros povos. Dessa forma, o congresso de Viena tentou silenciar os movimentos nacionais criados sob 
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influência francesa. Nisso o congresso teve um êxito muito efêmero, pois depois surgiram uma série de lutas contra as monarquias, especialmente nos demais países colonizados. Na década de 1820 houve a independência de toda a América latina. A revolução francesa teve influência nisso, primeiro porque Napoleão fragilizou Portugal e Espanha – no que o rei português fugiu para o Brasil na época. As elites coloniais formadas aqui sentiram que era o momento de se desgarrar para estabelecer relações com outros países. Em segundo lugar, a revolução contribuiu porque muitos movimentos de independência acreditavam que a França poderia ser um aliado externo. Somente no Brasil a independência foi negociada, no restante América Latina foi guerreada e conquistada. Na mesma época, a Grécia ficou independente da Turquia, depois a Bélgica da Holanda. E houve outras lutas reprimidas em vários países. Entre 1848 e 1870 houve a independência de italianos, alemães, tchecos, romenos, húngaros, dinamarqueses, entre outros. Durante cinquenta anos do século XIX, o fato que realmente marcou essa época foi uma sucessão de Lutas de libertação nacional, inspiradas de alguma forma pela revolução francesa, e que levou à independência de toda a América latina e de boa parte da Europa ocidental. c) A “nação como sujeito do direito internacional”, de Mancini Um autor muito importante desse período histórico é o legislador Mancini. Seu livro mais famoso se chama “Direito Internacional” e é uma coletânea de palestras que foram ministrada nas universidades de Roma e Turim, que foram feitas no calor dos acontecimentos. Diferente de todos os outros autores, ele, quando se apresenta, diz que não apenas é estudioso e professor, como também é militante da revolução italiana, que era a unificação e a independência da Itália, a revolução burguesa. Nesse sentido, ele constrói uma teoria que é uma tentativa de legitimar seu propósito político. Sua afirmação de que a nação é como sujeito do direito internacional é como a espinha dorsal. No direito internacional público, o sujeito é o Estado, o qual tem direitos, deveres e é regulado por normas internacionais. 
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 De acordo com Mancini, o sujeito do direito internacional não era o Estado, era a nação. Para ele, a nação, num conceito equivocado e romântico, era uma associação natural, uma obra da natureza, que começou com a família originalmente e atravessou um longo desenvolvimento histórico. Era uma família que se desprendeu pelas gerações, e as pessoas desenvolveram laços com a terra, e de acordo com a localidade adaptaram seu modo de vida, criaram laços subjetivos entre si. Enfim, criando uma vida cultural própria pela arte, pela religião, e um idioma próprios. A nação, portanto, seria uma comunidade humana que tem a mesma origem étnica, histórica e cultural. A grande prova da existência de uma nação seria que essa comunidade teria um idioma, e que as pessoas se sentiriam representadas pelos valores construídos. Porém, o que significa dizer que esse grupo homogêneo é o sujeito do direito internacional? Significa que essa nação tem direitos e deveres diante de outras nações e, ainda mais, que ela tem direito de se relacionar com outras nações; e ela que é soberana. Significa que a nação, como sujeito de direito internacional, tem direito de se determinar externamente e se autogovernar internamente, ou seja, a colonização é uma bitolação desse direito, na medida em que impede uma nação de se autogovernar e autodeterminar. No fundo, o que ele diz é que o regime colonial é ilegal! Mancini esperava que, uma vez que a Europa fosse liberta do absolutismo, as nações viveriam um prolongado período de paz, o que foi um grande engano. d) O imperialismo do século XIX e a universalização do direito internacional Entre 1870 e 1900, o mundo assistiu à uma nova corrida colonizadora, ao reengrandecimento do regime colonial. O colonialismo chegou no limite geográfico, deixaram de existir territórios governados por povos originários. Os últimos territórios estavam na África e foram governados nesse período histórico. Tão logo as nações europeias tornaram-se independentes, os governos estimularam o desenvolvimento da indústria, surgindo grandes corporações que dominaram os mercados domésticos, os quais ficaram pequenos para essas populações. Quem investisse nesses mercados internos iria perder dinheiro porque os mercados internos ficaram muito pequenos. Hoje isso pode parecer óbvio, mas a ideia foi de investir no exterior, o que era uma novidade. 
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 Até então, o mundo só conhecia a exportação de mercadorias prontas. Nessa época passou-se a ver a exportação de fábricas, o que foi a origem de empresas multinacionais. A economia se tornou algo realmente mundial, e as economias nacionais eram totalmente interdependentes. Isso era um período de BOOM econômico mundial, o problema é que não havia um direito internacional preparado para esse boom. Além disso, não havia sido inventada a liberdade de comércio entre países. O comércio internacional ainda era baseado na conquista, no imperialismo e no monopólio. Consequentemente, quando veio o boom econômico, essa foi a forma de praticar o comércio, a que já existia. Isso intensificou a corrida colonizadora, que deu muito resultado. Foi um período de impressionante crescimento econômico, no que o crescimentoda China é pequeno perto disso. Surgiu, nesse período, a indústria americana, russa, sueca, alemã, entre outras. Se esse boom levou as potências a se relacionarem com a periferia de forma mais violenta, nas relações mútuas entre as potências prevalecia a regra da civilidade. As potências europeias tentaram, então, criar regras para lidar com a nova situação através de tratados internacionais, no que se desenvolveram uma grande quantidade de tratados bilaterais de comércio e, junto com eles, foi criado um sistema multilateral de comércio. O sistema multilateral de comércio significou que a regra que prevalecia é a de que cada Estado Soberano seria livre para comprar e vender de quem quiser, e o que quiser. A liberdade de comércio então surgiu. Surgiram também grandes convenções internacionais, o que era uma grande novidade. Não era comum surgirem tratados com trinta ou quarenta países membros, o que passou a ser comum. Os tratados, antes dessa época, eram apenas bilaterias. Eram deveres somente diante desses países países signatários e de mais ninguém. O Brasil, depois da independência, tinha um tratado de amizade com Portugal e um de comércio com a Inglaterra, no que não tinha mais compromissos com mais ninguém. Nessa época surgiram os grandes tratados. Muitos tratados sobre navegação (Canal de Suez, do Panamá, do rio Danúbio), regime colonial (ata da conferência de Berlim, a qual estabeleceu condições de colonização da África). Os tratados trouxeram uma grande mudança na ordem jurídica internacional. 
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 Em um Tratado em que vários Estados-Nação são signatários, sendo, portanto, multilateral, todos os Estados-Nação estão conectados. O que se cria é uma teia de relações obrigacionistas, em que todos devem a todos. Isso fez com que o direito internacional passasse a conectar todos os Estados do mundo entre si. Nessa época, todos os Estados estavam interligados pelos tratados. Era a universalização do direito internacional, seguido pela universalização da economia mundial. Foi o período de maior desenvolvimento do Direito Internacional Público. e) A teoria da “autolimitação do Estado” de Jellinek Jellinek foi um positivista e um autor muito importante da época. Kelsen toma como ponto de partida o ponto de chegada de Jellinek. Jellinek escreveu “a teoria internacional do estado”, que foi publicada em 1999. Ele foi inovador, pois dizia que a soberania não era um poder absoluto. Grócio dizia que a soberania era um poder que pertencia ao rei; Manssini dizia que o poder pertencia à nação; e Jellinek dizia que o poder não era absoluto, e não o era porque existiam obrigações jurídicas internacionais, no que, diante delas, o Estado não era livre, não podia escolher se as cumpria ou não, pois se não as cumprisse seria penalizado. O Estado poderia ser livre, menos diante dos compromissos jurídicos internacionais, ou seja, as obrigações jurídicas limitam a soberania do Estado. As obrigações jurídicas internacionais surgem, para os Estados, por meio dos tratados, que são acordos, e ninguém é obrigado a aderi-los. Entram em acordos se quiserem. Então,um Estado é livre para escolher se entra ou não num tratado. Se não entrar, o tratado não produz efeitos. Mas se entra, se compromete com o tratado, e nessa matéria tem que agir de forma compatível com o tratado. Se a única coisa que limita um Estado são suas obrigações jurídicas, e elas nascem através da própria vontade do Estado, então não seria possível dizer que a soberania é um poder absoluto, mas sim que a soberania é o poder que o Estado tem de se autolimitar, de escolher quais compromissos jurídicos recairão sobre ele, e dessa forma restringirão sua liberdade. Jellinek defendia isso porque viveu na época da universalização. Na época anterior, em que o Brasil tinha acordos apenas com certos países, ele 
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seria livre diante de todo mundo. Mas quando surge toda uma teia de relações jurídicas internacionais e convenções, fica mais difícil ter essa liberdade já que agora ela é restringida por tratados internacionais. Assim, faz mais sentido dizer então que a soberania era limitada. 
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Disciplina: Internacional Público - B 25 de Fevereiro de 2019 Cód. Transcrição: 22 Aula 05 - 1º GQ HISTÓRIA E TEORIA DO DIREITO INTERNACIONAL — (Continuação) 
• IDADE CONTEMPORÂNEA: f. O direito internacional no período entre guerras Na última aula, foi falado sobre o fim do século XIX. O qual foi um período de BOOM econômico que foi acompanhado pelo crescimento e desenvolvimento do direito internacional. Houve um período de mudanças econômicas tão grande que satisfazia a todos, então, as grandes potências fizeram parcerias, o que facilitou a criação de diversos tratados internacionais. Quando começa o século XX, o cenário econômico muda completamente, entra-se em uma recessão. O clima de convergência vai embora, começando um período de atrito entre Estados que desemboca na primeira guerra mundial. Até isso acontecer, prevaleceu um clima de divergência e atritos, não era um momento propício para o direito internacional. As grandes inovações jurídicas desse século só surgem após a primeira guerra e em boa medida por causa dela. Foi uma experiência tão bárbara, que as potências que desejaram a guerra acabaram se arrependendo. Não foi bom para ninguém. Quando a guerra acabou, ela foi o primeiro assunto da agenda global: “O que poderia ser feito para que se pudesse ser evitada uma nova guerra???” Essa preocupação levou a criação da Liga das Nações ou Sociedade das Nações, que só durou até a segunda guerra, mas foi fundamental para a história do direito internacional, pois, inspirou a criação da ONU após a segunda guerra. A ONU seria uma liga com mais poderes, com mais legitimidade e adesão entre Estados. A liga, assim como a ONU, era uma organização internacional formada por Estados diferentes, que tinha a grande missão de manter a paz no mundo. Seu tratado constitutivo, um tratado internacional que a criou, o pacto da liga das nações, foi muito relevante, pois, foi o primeiro a proibir a força nas discussões internacionais. Até então, era permitido. Não é que havia um estado de selvageria. O recurso da força tinha seu momento, mas quando era um caso de usá-lo, todos consideravam que a violência era válida, que fazia parte do jogo. O primeiro tratado internacional a condenar o uso da força como algo regular foi esse. Previa um compromisso para os países membros da liga de que estariam abrindo mão do uso da força. Era como se a liga tentasse monopolizar o uso da força, pois seus países membros abriam mão da força individualmente, mas ela -a liga- poderia determinar quando uma ação militar era necessária à manutenção da paz. Uma segunda invenção da época criada pelo tratado de Versalhes, o qual impôs as condições de paz, foi uma nova condição territorial da Europa. O mapa foi 
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totalmente redesenhado em Versalhes. Quem perdeu a guerra foi a Alemanha e o império turco, já que foram Estados que perderam a guerra, perderam suas colônias. Uma parte das colônias se tornaram Estados independentes. Quem determinou quem iria ser dependente ou não, foram os vencedores da guerra. Por isso, houve um tremendo clamor por libertação nacional. Foi uma tônica do século XIX, mas no século XX ainda haviam países colonizados, muitos pela Alemanha na guerra. Umdos fatores que contribuíram para a primeira guerra foram esses clamores. Uma forma de suavizar esses clamores foi dar independência a alguns países, escolhidos pelos vencedores do conflito, sobretudo, Inglaterra e França. Seguiram a ideia de Mancini a França e a Inglaterra, a ideia de autodeterminação nacional. A ideia de que cada nação teria um estado próprio e se autogovernaria. Haviam povos diferentes lado a lado, com sua forma de ver a vida, danças, religiões. Para os vencedores da guerra em Versalhes, a ideia era que cada um desses povos deveria ter seu próprio governo e Estado, então as fronteiras deles deveriam coincidir com a ocupação efetiva do território, pois ela era natural, e a natureza que estabeleceu para essas nações. Só que, o grande problema, era que nessa época, os povos europeus ainda estavam misturados, especialmente em países ainda dependentes. Quando traçaram as linhas dessa forma, no interior dos países criados, haviam grupos étnicos que pertenciam a outras populações nacionais. Isso foi uma tônica para todos os territórios criados em Versalhes. Essas minorias sofriam muito, e tinham tratamentos jurídicos arbitrários. Não havia igualdade perante a lei, o que afetava qualquer esfera da vida civil, no que até mesmo a tributação poderia ser afetada pela religião adotada por alguém. Estavam todos sujeitos a um regime opressor e discriminatório. As minorias se rebelavam e causavam instabilidade política para esses Estados. Para os vencedores das guerras as rebeliões eram um problema. A forma de pacificá-las era acalmar as minorias, dando um mínimo do que elas querem. Asseguraram então alguns direitos fundamentais, como a igualdade perante a lei, liberdade, liberdade religiosa, de associação religiosa, cultural para falar seu idioma, cultural para educar seus filhos de acordo com a cultura tradicional, a vida. Liberdades básicas. Mas, como seriam asseguradas essas liberdades? Dependeria do governo, que poderia não querer. Todos os países criados em Versalhes, com minorias étnicas, foram pressionados a aceitar tratados internacionais que dispunham sobre esses direitos, que obrigavam esses governos a respeitar as garantias fundamentais de todos os indivíduos membros das minorias. O que se asseguravam eram direitos fundamentais, mas essa segurança jurídica criada por tratado, foi direcionada especificamente aos membros de minorias étnicas. Essa era a segunda maior inovação - o sistema de proteção das minorias étnicas e religiosas. Foi nesse momento que o termo minoria surgiu para designar uma relação de opressão, termo utilizado até hoje. Quando falamos que os negros são minoria, não é uma questão numérica, e sim uma questão de opressão, de um Estado racista; bem como falamos das mulheres, onde temos um Estado machista, um estado de opressão 
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a mulher. Minoria antes também se referia ao aspecto numérico, pois eram menores que a população total. Esse é o sistema mais próximo dos direitos humanos. Da mesma forma que a liga das nações inspirou a ONU esse sistema inspirou a criação dos direitos humanos, já que havia um tribunal internacional que julgava casos de violações dos tratados. Se um membro de minoria tivesse seus direitos violados poderia processar o governo judicialmente. O sistema da ONU não possui um tribunal. Era um sistema jurídico internacional. Uma parte dos territórios tomados da Alemanha e da Turquia se tornaram independentes, outra parte não. Uma parte que atravessava a África, o oriente médio, foi submetida ao sistema de mandatos. Essa grande extensão era dominada pela liga das nações de forma indireta, no que outorgaria mandatos para algumas potências, que governariam alguns territórios, e a liga iria fiscalizar. Na verdade, não houve fiscalização, e sim uma forma de retribuir os vitoriosos pela vitória, foi o prêmio. Quem se tornou potência, foram as potências vitoriosas na guerra. É aí que começa o regime colonial no oriente médio e norte da África. O Tratado de Versalhes, também trazia condições de paz muito duras para a Alemanha, pois foi considerada culpada pela guerra, no que deveria indenizar, reparar. O território alemão foi invadido e seu exército militado, marinha afundada. As reparações cobradas eram altíssimas e tomavam quase toda a receita do Estado Alemão. O valor devido ficou indeterminado por dois anos, onde toda a receita era tomada, sem que se dissesse o quanto devia. Quando disseram, descobriram que era um valor impagável. Era uma dívida cujas condições de pagamento eram tão duras, que seria eternizada. O que se queria era aproveitar a fragilidade da Alemanha para eliminá-la como rival, tornando-a um país de segundo escalão. Isso causou grande insatisfação, pois como um Estado funcionaria sem dinheiro? Como há empregos, saúde, segurança e educação? Não tinha como recuperar um Estado sem dinheiro, sem recursos. Muita gente acha que as condições de Versalhes eram tão duras que atiçaram uma insatisfação que favoreceu a subida de Hitler ao poder. A essa altura ele ainda era uma caricatura. Tivemos um evento internacional muito importante, um acontecimento divisor de águas, que foi a queda da bolsa de valores de Nova Iorque, e a depressão que começa em 1929, que foi um verdadeiro precipício econômico, no que a economia americana caiu cerca de 1/3. O índice de desemprego que foi atingido ao redor do mundo desenvolvido nem parecem vir do primeiro mundo. No ano de 1933, a taxa de desemprego chegou a 22% no Reino Unido, 23% na Bélgica, 24% na Suécia, 27% nos EUA, 29% na Áustria, 31% na Noruega, 32% na Dinamarca e 44% na Alemanha. Era uma crise social, além de econômica. Significava massas humanas necessitadas. O primeiro efeito que esses índices causaram, foi no direito internacional do comércio. Se antes as potências tinham livre comércio, sistema multilateral de 
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comércio e convergência, depois da crise ninguém queria saber disso, eram agora políticas protecionistas para salvar o próprio mercado. Medidas consideradas ilegais para os tratados de comércio vigentes. Praticamente todos os Estados desvalorizaram suas moedas de forma artificial. Se baixamos o valor do real em relação ao dólar, fica mais fácil para quem produz em real, converter, pois precisamos de menos dólares, então o preço de mercado cai. A China faz isso frequentemente. Os Estados Unidos fizeram isso em 1910. Muitos países elevaram os impostos de importação, para proibir produtos importados. Países mais fortes, exerciam monopólios em países menores, por acordos. Todo o protecionismo da década de 1930 representava um fator de tensão sobre a ordem comercial, especialmente os tratados de livre comércio, que foram violados de forma sistematizada pelas grandes potências. O principal efeito da crise não foi no comércio, foi na política. A crise criou uma situação social tão drástica, que alimentou muitas insatisfações populares no mundo. No começo, politicamente, isso foi favorável à esquerda e aos comunistas. A União Soviética atravessou a crise sem sofrer. Ela não tinha relações de comércio com o ocidente, então não sofreu nenhuma diferença. Já que não sofreu consequências, prometia pleno emprego. Então imagine para um jovem sem conseguir emprego e vendo todos os demais sem perspectiva. Muitos acharam que era necessário mudanças, e aderiram ao partido comunista. Mas o que mais cresceu foi a extrema direita, onde Hitler foi apenas um exemplo. Nessa época houve uma grande onda de direita, que foi um fenômeno que foi da América latina ao Japão. O que estamos vivendo no mundo é uma onda de ultradireita, que só se compara com esse momento. Obs: A atual ascensão dos partidos de ultradireita vivenciada atualmente, só pode ser comparada ao fenômeno ocorrido em 1930. A subida

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